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    Brincando de ser cientista: Um a forma ldica devivenciar o mtodo cientfico

    ARTICLE MARCH 2013

    READS

    9

    1 AUTHOR:

    Micaias Rodrigues

    Universidade Federal do Piau

    21PUBLICATIONS 0CITATIONS

    SEE PROFILE

    All in-text references underlined in blueare linked to publications on ResearchGate,

    letting you access and read them immediately.

    Available from: Micaias Rodrigues

    Retrieved on: 10 March 2016

    https://www.researchgate.net/profile/Micaias_Rodrigues?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_4https://www.researchgate.net/profile/Micaias_Rodrigues?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_5https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_1https://www.researchgate.net/profile/Micaias_Rodrigues?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_7https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_do_Piaui?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_6https://www.researchgate.net/profile/Micaias_Rodrigues?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_5https://www.researchgate.net/profile/Micaias_Rodrigues?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_4https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_1https://www.researchgate.net/publication/281639896_Brincando_de_ser_cientista_Um_a_forma_ludica_de_vivenciar_o_metodo_cientifico?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_3https://www.researchgate.net/publication/281639896_Brincando_de_ser_cientista_Um_a_forma_ludica_de_vivenciar_o_metodo_cientifico?enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA%3D%3D&el=1_x_2
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    Brincando de ser cientista: Uma forma ldica de

    vivenciar o mtodo cientfico

    Micaas Andrade RodriguesDepartamento de Mtodos e Tcnicas de EnsinoCentro de Cincias da EducaoUniversidade Federal do Piau. Campus Universitrio Ministro Petrnio Portella

    - Bairro Ininga - Teresina

    PI. CEP: 64049-550, Brasil.

    E-mail: [email protected]

    (Received 22 August 2012, accepted 5 January 2013)

    ResumoEste artigo aborda uma forma ldica de se trabalhar o mtodo cientfico utilizando-se para isto apenas caixas de papeloe alguns objetos para colocar em seus interiores. A atividade foi realizada em uma turma de Metodologia do Ensino deFsica com18 alunos do curso de Licenciatura em Fsica da Universidade Federal do Piau e, atravs da mesma,

    pudemos discutir sobre como era e como desenvolvida a Cincia e fazer os alunos vivenciar algo simples de serreproduzido nas escolas de educao bsica para gerar um maior interesse dos alunos pela Cincia, bem como parademonstrar que qualquer pessoa pode ser cientista. Para isto precisa-se apenas fazer Cincia, que , simplesmente,

    utilizar-se do mtodo cientfico.

    Palavras-chave:ensino de Cincias, ensino de Fsica, mtodo cientfico, atividade ldica.

    AbstractThis article discusses a playful way to work using the scientific method to this just cardboard boxes and some objects to

    put in their interiors. The activity was held in a classroom Teaching Methodology of Physical com18 students of

    Degree in Physics from the Federal University of Piau and, through it, we discuss what it was like and how it isdeveloped and Science students to experience something simple be reproduced in basic education schools to generategreater interest of students for science, as well as to show that anyone can be a scientist. For this you need only do

    science, that is, simply, to use the scientific method.

    Keywords:Science teaching, Physics teaching, scientific method, playful activity.

    PACS:01.30.1a, 01.40.-d, 01.40.eg, 01.40.ek ISSN 1870-9095

    I. INTRODUO

    Ningum discute a importncia da Cincia para a

    sociedade. Alm de propiciar avanos tecnolgicos, a

    Cincia tambm pode ser atrativa simplesmente pelacuriosidade inata dos seres humanos. E isto no de agora:

    j no sculo XIX os experimentos de Faraday (1791-1867)

    eram aguardados ansiosamente pelos seus espectadores [1,2]. Atualmente existem inmeros canais de televiso, tanto

    nas emissoras abertas quanto nas de assinatura que tm em

    sua programao programas com apelos cientficos.A Cincia passou a ser muito mais valorizada na dcada

    de 1960, poca de guerra fria, perodo da corridaarmamentista e tambm da corrida espacial em que,

    especialmente as maiores potncias da poca, os Estados

    Unidos e a Unio Sovitica, passaram a investir muito naformao de novos cientistas e isto no se dava apenas nas

    universidades: iniciava bem cedo, j na escola bsica, em

    turma de crianas.No Brasil no foi diferente. Nos anos 60 quando, de

    fato, assiste-se a criao de contexto para efetiva realizao

    do ensino de Cincias em escolas nacionais. Em plena

    guerra fria, os Estados Unidos, para vencer a batalha

    espacial contra a Unio Sovitica, criam um movimento

    que contou com a participao das sociedades cientficas,das Universidades e de acadmicos renomados. Este

    movimento tinha por objetivo estimular jovens talentos para

    seguirem a carreira cientfica [3]. Os projetos foramidentificados mundialmente por suas siglas e abrangiam as

    reas de Fsica -Physical Science Study Committee(PSSC),

    de Biologia -Biological Science Curriculum Study(BSCS),

    de Qumica - Chemical Bond Approach (CBA) e deMatemticaScience Mathematics Study Group (SMSG).

    Esses projetos foram trazidos para o Brasil via IBECC e

    propunham centralizar o ensino na experimentao [4].

    Em1961, promulgada no Brasil a Lei 4.024 [5] queamplia bastante as Cincias no currculo escolar, tornando-a

    obrigatria desde o 1 ano do curso ginasial, atual sexto ano

    do ensino fundamental. Houve um aumento de carga

    horria nas disciplinas de Fsica, Qumica e Biologia, j nocolegial (hoje ensino mdio).

    https://www.researchgate.net/publication/262552555_Reformas_e_realidade_O_caso_do_ensino_das_ciencias?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==https://www.researchgate.net/publication/250991165_Experimentacao_no_ensino_medio_de_quimica_a_necessaria_busca_da_conscienica_etico-ambiental_no_uso_e_descarte_de_produtos_quimicos_-_um_estudo_de_caso?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==https://www.researchgate.net/publication/250991165_Experimentacao_no_ensino_medio_de_quimica_a_necessaria_busca_da_conscienica_etico-ambiental_no_uso_e_descarte_de_produtos_quimicos_-_um_estudo_de_caso?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==https://www.researchgate.net/publication/250991165_Experimentacao_no_ensino_medio_de_quimica_a_necessaria_busca_da_conscienica_etico-ambiental_no_uso_e_descarte_de_produtos_quimicos_-_um_estudo_de_caso?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==https://www.researchgate.net/publication/250991165_Experimentacao_no_ensino_medio_de_quimica_a_necessaria_busca_da_conscienica_etico-ambiental_no_uso_e_descarte_de_produtos_quimicos_-_um_estudo_de_caso?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==https://www.researchgate.net/publication/262552555_Reformas_e_realidade_O_caso_do_ensino_das_ciencias?el=1_x_8&enrichId=rgreq-3b2c7ab9-315b-4852-bc71-f032edeadf4a&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTYzOTg5NjtBUzoyNzIyMDI4OTMzNjExNzNAMTQ0MTkwOTYzNTMwMA==
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    Em 1971, com a lei 5.692 [6], o ento nvel primrio e

    ginasial passou a pertencer a um nico nvel de ensino, oensino de primeiro grau, com oito anos de durao, e com

    obrigatoriedade de incluso da disciplina de Cincias desde

    a primeira srie, dobrando sua temporalidade de quatro para

    oito anos. J as disciplinas cientficas especializadascontinuaram distribudas nos ltimos trs anos, agora

    denominados ensino de segundo grau. Porm, com a

    promulgao desta lei houve um verdadeiro retrocesso, pois

    tornou o ensino mais profissionalizante, dando-lhe umcarter mais mecnico e menos reflexivo, fazendo com que

    os estudantes apenas reproduzissem frmulas e decorassem

    definies e vissem a Cincia como algo esttico. Em 2006,com a Lei 11.274 [7], que modificou a atual Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDBEN [8],

    houve o acrscimo de mais uma srie ao ensinofundamental, passando a ser de nove anos e, o qual desde o

    seu primeiro ano conta com a disciplina Cincias.

    Desta forma, fica evidenciada a importncia que a

    Cincia tem no nosso mundo atual, havendo inclusive

    avaliaes internacionais, com destaque para oProgramme

    for International Student Assessment (PISA) e o Trends inInternational Mathmatics and Science Study (TIMSS) que,

    com ciclos trienal ou quadrienal, respectivamente, avaliam

    mais de 50 (cinquenta) pases cada e tambm avaliaesnacionais, como o Enem [9]. Assim, surgiu a preocupao

    de explicitar para os alunos dos diversos nveis de ensino1

    como se faz a Cincia e quem que faz a Cincia, masantes de tratarmos disto falemos um pouco sobre o mtodo

    cientfico.

    II. UM POUCO DE HISTRIA...

    Na antiguidade clssica, poca dos metafsicos, tambm

    chamados de filsofos da natureza, tais como Aristcles,conhecido como Plato (427348 a.C.) e Aristteles (384

    322 a.C.), as explicaes dadas aos fenmenos que ocorrem

    ao nosso redor, ao funcionamento do Universo de modo

    geral, eram realizadas por meio da razo, tendo-se por basea teoria dos quatro elementos (terra, gua, fogo e ar), os

    quais constituam toda e qualquer substncia [2, 10].

    Aristteles elaborou explicaes metafsicas sobre

    alguns problemas da fsica, tais como a gravidade (quantomais pesado for um corpo, mais rapidamente ele voltar ao

    seu lugar natural, sendo, portanto, mais grave), os

    movimentos de corpos terrestres, os quais permaneceromovimentando-se enquanto houver o mpeto e dos corpos

    celestes (a terra era o centro do Universo e os demais

    corpos celestes orbitam ao seu redor) [2]. Estas explicaes

    foram aceitas durante dois mil anos, at momento em queGalileu Galilei (1564-1642) passou a realizar experimentos

    para verificar a veracidade destas explicaes, e percebeu

    que estas explicaes estavam equivocadas. Isto lhe trouxe

    1- tanto na educao bsica, quanto no ensino tcnico, tecnolgico

    e superior, as disciplinas cientficas fazem parte da gradecurricular.

    problemas com a Igreja e, para no acabar na fogueira

    como Giordano Bruno (1548 - 1600), que tambm afirmouque a Terra no era o centro do Universo e que ela gira em

    torno do Sol, ele negou a sua descoberta e viveu o resto de

    sua vida em priso domiciliar [2, 10].

    Galileu, juntamente com Ren Descartes (1596-1650)so considerados os pais da cincia moderna, experimental

    e universal, a qual baseada em fatos empricos

    observveis e comprovveis e no apenas em explicaes

    filosficas. Este mtodo revolucionou as descobertascientficas, desde ento, pois tornou este conhecimento [12,

    p. 18-20] racional, objetivo, factual, transcendente aos

    fatos, analtico, claro e preciso, comunicvel, verificvel,dependente de explicao metdica, sistemtico,

    acumulativo, falvel, geral, explicativo, preditivo, aberto e

    til.De uma forma bem simples, no mtodo cientfico, ao

    menos nas cincias exatas, se algo verificado em algum

    lugar, em outro local, sobre as mesmas condies tambm o

    ser, desta forma, as explicaes sobre os diversos

    fenmenos que ocorrem na natureza tornaram-se mais

    concretas e o conhecimento pode avanar muito mais.

    III. A ATIVIDADE E OS SEUS RESULTADOS

    Tendo em vista que os alunos deste a infncia j tem

    contato com a disciplina cincias e a forma como oconhecimento cientfico construdo, bem como atravs da

    experincia docente, tanto no ensino bsico, quanto notcnico e no superior e na ps-graduao, pudemos

    perceber que a Cincia ainda considerada difcil, feita por

    gnios (ou loucos!) e distante do dia-a-dia dos alunos,

    segundo eles prprios. Ento, surgiu a ideia de desmitific-la, de demonstrar para os alunos como a cincia produzida

    e desenvolvida e que os prprios alunos podem ser

    cientistas.

    Para isto, em uma turma de Metodologia do Ensino deFsica com 18 alunos, do curso de Licenciatura em Fsica

    da Universidade Federal do Piau, utilizando-se apenas

    caixas de papelo de diferentes tamanhos e alguns objetos

    para colocar em seus interiores, foi desenvolvida umaatividade extremamente simples, barata e bem interessante,

    que consiste em apresentar aos alunos diferentes caixas de

    papelo com objetos desconhecidos em seu interior e fazercom que estes, em grupos, que no nosso caso foram de 6

    alunos cada, descubram que objetos existem dentro dascaixas, sem abri-las. A quantidade de caixas depende da

    quantidade de alunos que se tem na turma. O nmero ideal

    de alunos por grupo de cerca de cinco alunos.

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    Brincando de ser cientista: Uma forma ldica de vivenciar o mtodo cientfico

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    FIGURA 1. Caixas apresentadas aos alunos e seus respectivosobjetos. Figura A Caixa grande e martelo; Figura B CaixaPequena e dois corretivos para caneta; Figura C Caixa Mdia eesponja.

    A atividade ocorre, em um primeiro momento, aps os

    grupos estarem definidos e separados, apenas com a

    apresentao das caixas, sem o manuseio das mesmas pelos

    alunos. Neste momento pedimos para os grupos sugerirem

    os objetos que esto no interior de cada caixa, apenasolhando-as e registramos as suas respostas, tal como

    encontramos na Tabela I, abaixo. Neste momento feito

    um paralelo com o que ocorria na poca de Plato eAristteles, quando a Cincia era racional e baseada em

    sensaes e explicaes filosficas.

    TABELA I.Respostas dadas pelos alunos antes de manusearemas caixas.

    Caixapequena

    Caixa Mdia Caixagrande

    Grupo 1 Borracha

    escolar

    Apagador para

    quadro

    Livro

    Grupo 2 Bssola Apagador paraquadro

    Livro

    Grupo 3 Borrachaescolar

    Apagador paraquadro

    Estojo

    Podemos observar que, em sua maioria, os objetos citados

    pelos alunos fazem parte do ambiente acadmico-escolar e

    tambm como algumas respostas se repetem. Este fatotambm ocorrer no terceiro momento, que veremos e

    comentaremos um pouco mais frente.

    Aps este primeiro momento, passamos para a segunda

    etapa da atividade, na qual as caixas so distribudas para osgrupos, de forma que cada grupo fique com uma caixa. Os

    integrantes do grupo podem manusear a caixa2 e, atravs

    dos seus sentidos, tais como o tato (peso da caixa com o

    objeto, o tipo de movimento que o objeto realiza em seuinterior desliza, rola etc) e a audio (barulho que o

    objeto faz ao ser chacoalhado se tem um som seco ou

    amortecido, indicando se o objeto duro ou macio etc.).

    Com isto, normalmente as primeiras sugestes dadasapenas ao observar as caixas so refutadas.

    Neste segundo momento pede-se que cada grupo

    apresente apenas uma resposta, ocorrendo, desta forma,uma discusso cientfica, na qual um integrante do grupo

    levanta uma hiptese, que, aps as defesas do seu

    argumento, so testadas pelos demais integrantes, querepresenta a comunidade cientfica, que poder aceit-la ou

    recus-la. Caso recuse, uma nova hiptese ser lanada e

    estes passos sero novamente realizados, de forma que, ao

    final deste momento, o grupo (ou pelo menos a sua maioria)

    apresente apenas uma sugesto de objeto no interior da

    caixa. A sugesto dada por cada um dos grupos foinovamente anotada.

    No terceiro momento, as caixas vo para outros grupos

    e cada grupo, da mesma forma, deu novamente uma nicasugesto de objeto no interior das mesmas, de forma que,

    ao final, cada grupo tenha manuseado cada uma das caixas

    e tenha sugerido um objeto no interior de cada uma delas.Todas as respostas foram anotadas e encontram-se

    compiladas na Tabela II, abaixo.

    TABELA II.Respostas dadas pelos alunos aps manusearem ascaixas.

    Caixapequena

    Caixa Mdia Caixa grande

    Grupo 1 Duas pedras Pedao de isopor MarteloGrupo 2 Trs bolas de

    gudePedao depapelo

    Guarda-chuva

    Grupo 3 Duasborrachasescolares

    Pedao de isopor Grampeador

    Observamos, com base na Tabela II, acima, que as

    respostas dadas pelos grupos foram, quase que na sua

    totalidade, discrepantes das sugestes dadas no primeiromomento. Isto se deve ao fato de poder investigar com mais

    profundidade os contedos das caixas. Neste momento osalunos deixaram de sugerir apenas objetos comuns ao meio

    acadmico-cientfico, ampliando, assim, as possibilidadesde respostas. Verificamos ainda que bem comum que as

    respostas dadas por grupos que manusearam a caixa

    anteriormente influenciem as respostas de grupos que

    manuseiem a caixa em um momento posterior. Na Cincia

    2 - interessante que a caixa esteja bem fechada com fitas

    adesivas, de forma que os alunos no abram-na antes de realizartodos os passos previstos para a atividade.

    B C

    A

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    Micaas Andrade Rodrigues

    Lat. Am. J. Phys. Educ. Vol. 7, No. 1, March 2013 82 http://www.lajpe.org

    isto tambm ocorre, como, por exemplo, no caso de Henry

    Becquerel (1852-1908) que, ao observar os efeitos daradioatividade, explicou o fato tendo se por base os raios X,

    que estavam sendo extremamente investigados naquele

    momento, e no criando uma nova explicao [13].

    Por fim, as caixas so recolhidas e as sugestes dadaspor cada grupo sero investigadas: por que vocs acham

    que tem este objeto dentro desta caixa? O objeto leve ou

    pesado? Pequeno ou grande? etc., de forma a

    compreendermos melhor as sugestes e expor aos demaisgrupos os motivos da escolha feita por eles. Aps esta breve

    investigao as caixas foram aberta, relevando os dois

    corretivos escolares, na caixa pequena; a esponja, na caixamdia; e o martelo, na caixa grande. Na nossa atividade,

    apenas um dos grupos acertou um nico objetos e os

    demais erraram todos, porm, as explicaes dadas pelosgrupos mostraram que estes utilizaram-se bem dos seus

    sentidos (que era a nica coisa que lhes estava disponvel!)

    e, de forma geral, evoluram bastante em suas respostas, em

    relao s respostas dadas quando apenas olhavam as

    caixas, sem manuse-las.

    IV. CONCLUSES

    Com esta atividade simples, pudemos desmitificar um

    pouco a Cincia e oferecer aos licenciandos em fsica uma

    viso geral do desenvolvimento da mesma, alm de

    apresentar-lhes uma forma simples e ldica de introduzir o

    conhecimento cientfico aos seus futuros alunos da

    educao bsica. A atividade serve para mostrar que,muitas vezes, as sensaes e os achismos so falsos, tal

    como ocorre na experincia proposta pelo filsofo John

    Locke (1623-1704), na qual separamos trs recipientes e

    um deles colocamos gua gelada, em outro gua morna e noterceiro gua na temperatura ambiente, colocando uma das

    mos mergulhada no recipiente com gua morna e a outramo no recipiente com gua gelada e espera algum tempo.

    Em seguida, retira ambas as mos ao mesmo tempo dos

    recipientes e coloca-as juntas sem se tocarem uma na outra

    no recipiente com gua temperatura ambiente e a mo queestava no recipiente com gua morna achar a gua gelada

    e a outra mo, que estava na gua gelada, ter a sensao

    que a gua est morna [14].

    Embora a atividade tenha sido realizada comlicenciandos, ela pode ser realizada da mesma forma na

    educao bsica. Dependendo do nvel ou srie que a

    atividade for realizada, outros assuntos, tal como a alegoriada caverna de Plato [15], na qual apenas as sombras eram

    vistas e no os seus objetos gerados, e as pessoas que

    estavam no interior da caverna supunham os objetos que as

    geravam, sem nunca poderem ter certeza. Na nossaatividade, antes de abrirmos as caixas e investigarmos

    plenamente os objetos contidos em seus interiores, era isto

    tambm o que ocorria!

    Esperamos que, com este breve relato, tenhamosoferecido uma pequena contribuio para a melhoria do

    ensino, especialmente na educao bsica, e tambm

    desmistificado o fato de que o cientista louco ou que fazer

    cincia muito difcil, pois, se cientista aquele que faz aCincia, ento, ao utilizarmos o mtodo cientfico em sala

    de aula, transformamos todos os alunos (e ns professores

    tambm!) em cientistas!

    REFERNCIAS[1] Royal Society of London, Obituary notices of fellows

    deceased. Proceedings of the Royal Society of London1868-1869 (London, 1869). Disponvel em:

    http://rspl.royalsocietypublishing.org/content/17/i.full.pdf.

    Acesso em: 21/08/2012.

    [2] Pires, A. S. T., Evoluo das ideias da Fsica, 2 Ed.(Livraria da Fsica, So Paulo, 2008).

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