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    A umbanda e as coisas: cosmologia e materialidade na experiência religiosa1

    Gustavo Ruiz Chiesa (PPGSA/UFRJ)

    Resumo: O objetivo do presente trabaho ! "o#preender o "onjunto de pr$ti"as rituais desenvovidasna u#banda% o uso das ervas (tidas "o#o i#portantes &ontes de ener'ia) para &ins itr'i"os outeraputi"os% banhos de des"arre'o e i#peza% as o&erendas endere*adas +s entidades espirituais% entreoutras pr$ti"as, Con&or#e vere#os% a u#banda in"entiva e de&ende a #anipua*-o dos ee#entos e das"oisas #ateriais "ontidas na natureza justa#ente por.ue s-o &ontes de ener'ia e poderes i#ateriais .uedeve# ser utiizados% se'undo o pensa#ento nativo% "o# a ni"a &inaidade de &azer o be#, no"ontato "o# a #ateriaidade .ue o ho#e# e0pressar$ a sua espirituaidade% #ais do .ue isso% ! atrav!sdo #undo #ateria .ue o envove .ue o ser hu#ano re&etir$ sobre a sua pr1pria e0istn"ia e atribuir$

    u# sentido +s "oisas e aos seres en"ontrados na sua e0perin"ia,Palavras-chave: u#banda% "os#oo'ia% #ateriaidade,

    Abstract: 2he ai# o& this stud3 is to understand the set o& ritua pra"ti"es deveoped in U#banda% theuse o& herbs (ta4en as i#portant sour"es o& ener'3) &or itur'i"a or therapeuti" purposes% bathin' o& 5dis"har'e6 and 5"eanin'6% the o&&erin' addressed to spiritua entities% a#on' other pra"ti"es, As 7esha see% U#banda en"oura'es and supports the #anipuation o& ee#ents and #ateria thin's e0istentin nature pre"ise3  be"ause the3 are sour"es o& ener'3 and intan'ibe po7ers that shoud be used%a""ordin' to the native thou'ht% 7ith the on3 purpose o& doin' 'ood, 8t is the "onta"t 7ith the#ateriait3 that the hu#an bein' 7i e0press their spirituait3% #ore than that% it is throu'h the

    #ateria 7ord that surrounds the individua 7i re&e"t on their o7n e0isten"e and 7i 'ive a#eanin' to thin's and bein's en"ountered in his e0perien"e.

    Keywords: U#banda% "os#oo'3% #ateriait3,

    O pensamento cosmolgico da umbanda

    9e in"io ! i#portante ressatar .ue as &or#ua*;es te1ri"as e "os#o1'i"as

    apresentadas a se'uir s-o e0e#pi&i"a*;es dos 5#odeos "ons"ientes nativos6 eaborados e

    nor#atizados peos #!diuns do 2e#po

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     para pensar outras pr$ti"as rei'iosas .ue apresenta# "ara"tersti"as estruturais se#ehantes

    ao objeto de pes.uisa e# .uest-o,

    se das &or#ua*;es da

    9outrina as% Pai ?ado a&ir#a .ue esses .uatro

    ee#entos s-o #odua*;es de u#a ener'ia ou &uido pri#ordia% "ontido e# todos os seres e

    "oisas% deno#inado 5&uido "1s#i"o universa6, Desse sentido% a assi# "ha#ada u#banda

    ini"i$ti"a ou esot!ri"a a"redita .ue esses .uatro ee#entos ou 5&or*as sutis6 s-o "o#andados

     por espritos superiores .ue atua# por #eio do &uido "1s#i"o universa% reaizando o

    trabaho "onstante de "riar% #anter e trans&or#ar a dinE#i"a evoutiva do paneta 2erra,

    8n"orporando e ressi'ni&i"ando as de&ini*;es utiizadas no "ando#b! e e# outras rei'i;es de

    #atriz a&ri"ana% na u#banda% esses espritos superiores ser-o "ha#ados de 5ori0$s6 e se

    dividir-o e# 5sete raios sa'rados6% "ada u# dees o"upando u#a 5vibrat1ria6 ou 5inha6

    espe"&i"a e atuando e# deter#inada $rea ou &un*-o da vida e do paneta,

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    As paavras pro&eridas peo sa"erdote diri'ente Pai ?ado% apresentadas a se'uir%

    sintetiza# o pape dese#penhado por "ada ori0$ dentro do pensa#ento "os#o1'i"o da

    u#banda% "on&or#e prati"ada no Cruzeiro da =uz,

    Os ori0$s "utuados pea U#banda s-o os Senhores do Cos#o% os A'entes 9ivinosou

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    "ria#os no be# .ue e0iste e# n1s% "o#o "entehas divinas, Os "a#inhos deObaua3 no LI Raio s-o os "a#inhos da "ura &si"a% "o#o i#peza do #a% e da"ura espiritua% despertando>nos% peo Car#a% ei de "ausa e e&eito% para a 'randereaidade de nossa essn"ia% .ue ! a bus"a e o en"ontro do 9ivino,

    se de u#a e0i'n"ia de orde# "o#u# ao pensa#ento hu#ano  

    u#a siste#atiza*-o% ordena*-o e estrutura*-o dos dados sensveis% ou seja% 5u# a'rupa#entode "oisas e seres .ue introduz u# prin"pio de orde# no universo6 (=?8>S2RAUSS% HMML%

     p, B) respons$ve por produzir u#a re&e0-o 5'oba6 e 5inte'ra6 sobre o #undo e todas as

    "oisas "ontidas nee,

     Dessa "os#oo'ia% o #undo e as "oisas #ateriais s-o entendidos "o#o i#portantes

    instru#entos de as"ens-o ao pano espiritua desde .ue s$bia e "orreta#ente utiizados peos

    seres hu#anos .ue habita# o pano &si"o denso, Contudo% Pai ?ado e os de#ais #!diuns da

    "asa adota# u#a atitude u# tanto parado0a "o# rea*-o ao uso das i#a'ens e de#ais "oisas

    #ateriais, Ao #es#o te#po e# .ue os #!diuns re"onhe"e# e# ter#os pr$ti"os a

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    i#portEn"ia da #ateriaidade para a"esso a i#ateriaidade% ees ta#b!# a rejeita#% sobretudo

    e# ter#os dis"ursivos% justa#ente por in"orporare# as "rti"as .ue o espiritis#o 4arde"ista

    &az +s rei'i;es .ue 5depende#6 e utiiza# objetos e outras "oisas #ateriais e# suas pr$ti"as

    rituais .uando na verdade% se'undo os adeptos dessa 5doutrina6% o "ontato "o# a

    espirituaidade se resu#iria si#pes#ente ao nve #enta e psi"o1'i"o@, 9e todo #odo% a

    u#banda% ao #enos "on&or#e prati"ada no terreiro .ue tenho pes.uisado% in"entiva e de&ende

    a #anipua*-o dos ee#entos e das "oisas #ateriais "ontidas na natureza justa#ente por.ue

    eas s-o &ontes de ener'ia% de poderes i#ateriais% .ue deve# ser utiizados "o# a ni"a

    &inaidade de &azer o be#,

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    ("o# suas &rutas% &ores et",), A i#portEn"ia deste #ovi#ento est$ no &ato de .ue nas posturas

    e dan*as rituasti"as rei'iosas dos #!diuns $ocorre o desprendimento de suas energias

    magn"ticas, +ue serão manipuladas, -unto com as energias espirituais, para a limpe!a do

    ambiente e para o uso dos guias e mentores em seus trabalhos de aconselhamento, limpe!a e

    cura)' Das dan*as reaizadas n-o h$ espa*o para "riatividade dos #!diuns, Ao "ontr$rio% a

     pri#eira "oisa ensinada aos ini"iantes ! .ue estes deve# se#pre se espehar% ou #ehor% i#itar 

    os 'estos e #ovi#entos reaizados peos #e#bros da hierar.uia rei'iosa, 9os trs

    #ovi#entos des"ritos% este ti#o est$ rea"ionado% portanto% a todo universo #ateria

     presente na rituasti"a e na "os#oo'ia da u#banda, D-o s1 as "oisas% #as ta#b!# os "orpos

    assu#e# o "ar$ter de objetos e instru#entos sa'rados &unda#entais para 'arantir a

    "o#uni"a*-o "o# o pano espiritua assi# "o#o a e0istn"ia% a "ontinuidade e a e&i"$"ia do pr1prio ritua,

    A dan*a e o "anto a!# de atuare# ener'eti"a#ente no a#biente% tornando>o

    5sa'rado6% ta#b!# visa# asse'urar o "o#pro#eti#ento do #!diu# "o# o terreiro ao .ua

     perten"e e e0pressar sua &! rei'iosa, Dos ter#os de 9anie ier (B)% pode#os dizer .ue

    a dan*a e o "anto s-o i#portantes e0press;es #ateriais da i#ateriaidade, O autor su'ere .ue

    a i#portEn"ia da #ateriaidade est$ justa#ente no "utivo siste#$ti"o da i#ateriaidade% a'o

    "erta#ente presente e "o#u# a toda pr$ti"a rei'iosa, Do Cruzeiro da =uz% atrav!s dos assi#

    "ha#ados #ovi#entos tEntri"o% #Entri"o e 3Entri"o% os #!diuns ouva#% a'rade"e# e

    invo"a# a espirituaidade% visando o a"esso ao pano i#ateria e o "onse.uente

    a#adure"i#ento espiritua, Portanto% a #ateriaidade do ritua ! justi&i"ada e# &un*-o do

     poder i#ateria presente no #undo #ateria .ue te# seu poder e0presso por inter#!dio desses

    trs #ovi#entos,

    O 5abass$6 (o"a sa'rado onde o"orre propria#ente o ritua) ta#b!# ! #ar"ado por 

    esses trs ee#entos, Do #o#ento e# .ue "o#e*a a 'ira% os #!diuns v-o at! o "on'$ (atar) e

    5bate# "abe*a6% ou seja% reveren"ia# o s#boo #aior do #ovi#ento tEntri"o% pois nee est$

    "on"entrado todo o "a#po ener'!ti"o rituasti"o de u# terreiro de u#banda, A &un*-o

     pri#eira do "on'$ ! despender ener'ias .ue "onduza# + eeva*-o da #ente% + pre"e% +

    "on"entra*-o% + bus"a da espirituaidade, 5A se'unda &un*-o do "on'$ ! ser u# ee#ento

    "ondensador e ao #es#o te#po e#issor de ener'ias, 2odas as ener'ias espirituais

    #anipuadas peos 'uias passa# peo "on'$, Co#o se &osse u# 'rande trans&or#ador6 (Pai

    ?ado)' 

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    ee#entos #ateriais% $'ua% se#entes% razes% pedras% #etais .ue% juntos% a'e# sobre o

    a#biente e as pessoas% produzindo u#a vibra*-o ener'!ti"a, Pode>se dizer .ue esse ! o nve

    5presenta"iona6% na #edida e# .ue os raios sa'rados e suas &or*as sutis est-o presentes e

    "ondensados na.uees ee#entos,

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    Os ee#entos presentes na natureza ($'ua e sais #inerais% por e0e#po) ta#b!# est-o

     presentes no or'anis#o hu#ano #as e# u#a dosa'e# espe"&i"a, A!# disso% trans#uta*;es

    ener'!ti"as o"orre# no nosso "orpo "onstante#ente atrav!s das nossas "!uas% do nosso

    san'ue e dos nossos neurKnios: $o seu coração está batendo, voc/ nem está pensando +ue

    está batendo' 0iste a#, o +u/1 2ma transmutação de energia atrav"s do fluido el"trico''')

    (Pai ?ado),

    As "oisas t# propriedades &si"as di&erentes e a"iona#% portanto% ener'ias de

    vibrat1rias ou raios di&erentes, O vaor ou poder en"ontrado nas "oisas n-o ! atribudo

    arbitraria#ente peos ho#ens% #as ! visto "o#o u# poder i#anente da "oisa .ue deve ser 

    a"ionado peos ho#ens e aproveitado e# bene&"io pr1prio, O #ehor e0e#po disso ! a

    utiiza*-o de ervas nos trabahos #a'sti"os da u#banda% "on&or#e prati"ada no Cruzeiro da

    =uz% visando trs &inaidades espe"&i"as: banho% terapia e itur'ia,

    O invent$rio "onstrudo a partir das e0peri#enta*;es dos 5an"estrais6 "assi&i"ou%

    ordenou e dividiu u#a i#ensa .uantidade de ervas de a"ordo "o# a &or*a suti pri#$ria de

    "ada u#a deas% be# "o#o o respe"tivo raio sa'rado .ue re'e a sua vibrat1ria (ver tabea H),

    Cada esp!"ie de erva possui deter#inada "on"entra*-o de &or*a suti e pode ser ti para &ins

    teraputi"os ("o#bate a en&er#idades ps.ui"as e/ou &si"as) ou itr'i"os (ritua e #a'ia)Q

    u#as s-o boas para banhos de des"ar'a ener'!ti"a% outras s-o teis para prote*-o et", Dota>se

    .ue por #eio das .uaidades sensveis (o 'osto% o "heiro% a aparn"ia% a te0tura do ve'eta% o

    tipo de "aue% a rea*-o provo"ada no ho#e#) u#a orde# abstrata &oi produzida (a partir das

    suas "ara"tersti"as% as ervas s-o a'rupadas de a"ordo "o# as vibrat1rias dos sete raios

    sa'rados),

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    raio de O0ossi, A ista ! on'a% ri"a e# detahes% #as "erta#ente n-o ! in&inita% pois est$

    i#itada e "ontroada pea e0perin"ia no sentido .ue esta e0er"e u# "ontroe sobre o

    #undo no #o#ento e# .ue o ordena e o "assi&i"a,

     Con&or#e dito a"i#a% as &inaidades s-o trs e "ertas ervas serve# apenas para u#a

    ou duas deas, As ervas nutre# o or'anis#o hu#ano "o# as &or*as sutis ne"ess$rias + sua

    dupa e0istn"ia% en.uanto "orpo e esprito% 'arantindo o seu e.uibrio &si"o e #enta, S-o

    indi"adas nos trata#entos espirituais e ta#b!# aos #!diuns .ue% nos dias de atividade no

    terreiro (.uintas e s$bados)% deve to#ar u# 5banho ustra6, Os banhos deve# ser &eitos "o#

    ervas &res"as (pre&eren"ia#ente "ohidas ao nas"er do so% #o#ento e# .ue as &or*as sutis

    est-o #ais "on"entradas) e s-o divididos e# .uatro tipos ou &inaidades: de des"ar'a% teis

     para i#par o "a#po et!ri"o (astra)% deve# ser to#ados do pes"o*o para bai0o dada a

    "on"entra*-o eevada de &or*a suti 'nea (.ue e# "ontato "o# o "ha"ra "oron$rio pode a&etar 

    e.uibrio ener'!ti"o do indivduo% por isso% dize# os #!diuns% .uanto #ais 5ervas 'neas6

    "oo"adas% #ais 5&orte6 ser$ o banho de des"arre'o)Q banhos de de&esa% &eitos para "riar u#a

     prote*-o et!ri"a (te#por$ria) e# torno da aura da pessoaQ ustrais% banhos vitaizantes .ue

    serve# para a"a#ar% ener'izar e revitaizar as &un*;es ps.ui"asQ e os ini"i$ti"os% obvia#ente

    indi"ados para a.uees .ue pretende# entrar para a 5"orrente6 (isto !% parti"ipar "o#o

    #!diu# e&etivo da "asa)% s-o &eitos "o# as ervas re&erentes aos ori0$s .ue re'e# a sua

    en"arna*-o de deter#inada pessoa, 9urante todo o pro"esso do banho% desde a &ervura da

    $'ua e a "oo"a*-o das ervas (depois .ue a $'ua entrou e# estado de ebui*-o) at! o banho

     propria#ente dito% a #entaiza*-o e a siste#atiza*-o (ou seja% a se.un"ia dos ee#entos e o

    #odo "o#o ! reaizado o banho) s-o &unda#entais para a e&i"$"ia ritua, ais u#a vez a

    atua*-o ("orreta) do ho#e# ! de"isiva para asse'urar a trans#uta*-o ener'!ti"a dos

    ee#entos "ontidos nas ervas e a "onse.uente ener'iza*-o dos "ha"ras ("entros de &or*a% de

    "ir"ua*-o ener'!ti"a e de en"ontro entre os panos &si"o e espiritua) do indivduo .ue to#ouo banho, A terapia% por sua vez% ! &eita atrav!s de "h$s e% assi# "o#o os banhos% deve ser 

    se#pre re"o#endada peos 'uias espirituais (pois% se'undo os #!diuns% s1 o 'uia te# a

    "apa"idade de ohar a 5aura6 da pessoa), Por &i#% te#os o uso itr'i"o% ou seja% ervas .ue s-o

    utiizadas para a i#peza do a#biente atrav!s da de&u#a*-o% e# &estividades rituais% na

    5&or#a*-o de ponto6% no 5a#ass6 (ini"ia*-o) e .ue deve ser reaizado por pessoas preparadas

    "o#o% por e0e#po% o o'- (prin"ipa au0iiar dos "utos% respons$ve pea orde# e dis"ipina

    da "asa) ou o babaori0$ (sa"erdote>"he&e da institui*-o),

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    Outro i#portante ee#ento #a'sti"o .ue "o#p;e o universo ritua u#bandista ! a

    5o&erenda6 "o# bebidas% "o#idas% &ohas% &ores% reaizada% no Cruzeiro da =uz% apenas nos

    dias de &esta de a'u# ori0$ (evento aberto ao pbi"o) e nas ini"ia*;es dos #!diuns (evento

    &e"hado destinado so#ente aos #e#bros da "asa), Sendo assi#% e# u#a &esta de O'u#% por 

    e0e#po% reaizada no dia B@ de abri (ou e# a'u#a data pr10i#a)% deve# estar presentes na

    o&erenda ee#entos .ue "ontenha# &or*a suti 'nea ("on&or#e tabea H): dend% .uiabo%

     berinjea% no intuito .ue a ener'ia "ontida nesses ai#entos seja trans#utada e bene&i"ie

    a.uee .ue o&ere"eu, Do entanto% para a o&erenda surtir esse e&eito ben!&i"o o 5o&ertante6 deve

    reaizar os trs #ovi#entos #a'sti"os% ou seja% a!# da o&erenda propria#ente dita (a

    "o#ida% por e0e#po% .ue deve estar nas #-os dee) .ue "orresponde ao #ovi#ento 3Entri"o%

    ee deve se "on"entrar e entrar pre"e% a'indo o #ovi#ento tEntri"o% e ta#b!# deve ouvar aoori0$ O'u# pre&eren"ia#ente atrav!s da sauda*-o 5pata "ori O'u#6, Dos ter#os de auss

    T ubert (B% p, @>@)% 5trata>se de e&etuar u# ato rei'ioso "o# u# pensa#ento

    rei'ioso: a atitude interna deve "orresponder + atitude e0terna, (,,,) o sa"ri&"io e0i'e o "redo%

    o ato i#pi"a a &!6, A jun*-o desses trs ee#entos produzir$ a #a'ia% isto !% a ener'ia "ontida

    na.uea o&erenda se desprender$ e# dire*-o ao "a#po astra e ser$ #anipuada peos

    #ensa'eiros espirituais da vibrat1ria de O'u#, @H),

    A!# de dar ee deve a'rade"er% "o# respeito e a#or% por todo be# .ue o ori0$ te# &eito e

    "ontinuar$ &azendo por ee, A "ontrapartida ou o se'undo prop1sito% j$ des"rito a"i#a% ! atrans#uta*-o de ener'ia e# bene&"io da.uee .ue o&erta, A trans#uta*-o apare"e a.ui "o#o

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    e0press-o de u# 5e.uivaente i#ateria6 da pr$ti"a #ateria .ue he "on&ere poder (8==BL) de#onstrou .ue durante o pro"esso de tro"a (vita +

    so"iedade)% pessoas% senti#entos e "oisas se #istura#% atuaiza# e dina#iza# n-o s1 rea*;esso"iais% #as ta#b!# rea*;es "os#o1'i"as,

    A a'n"ia dos objetos o"orre no #o#ento e# .ue as aian*as s-o estabee"idas (entre

    seres de u# #es#o ou de outro pano)% #as esses vn"uos so"iais e espirituais depende# dos

    objetos% da #ateriaidade% para sere# "riados e &ortae"idos, Co#o a&ir#a Pai ?ado% $somos

    humanos, vivemos no mundo das formas, " necessário +ue as formas nos sugestionem,

    causem uma mudança interna a partir da eterioridade), O ho#e# depende da #ateriaidade

     para viver% para dar sentido + sua pr1pria e0istn"ia e% prin"ipa#ente% para ter a"esso +i#ateriaidade,

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    "i'arros% "harutos e "a"hi#bos utiizados peas entidades% entre outras "oisas% s-o separados e

     preparados de u#a #aneira espe"ia visando% "o# isso% poten"iaizar o "ontato entre os dois

    #undos (&si"o e espiritua), 9e te#pos e# te#pos todos esses objetos deve# ser 

    reener'izados peas entidades espirituais ou peos #e#bros da "asa .ue perten"e# +

    hierar.uia #edini"a (o pai>de>santo% os pais e #-es pe.uenas% as e4!dis e os o'-s), Os o"ais

    onde &i"a# esses objetos ta#b!# deve# ser "uidadosa#ente preparados peos o'-s .ue%

     junta#ente "o# o pai>de>santo% s-o os ni"os .ue possue# 5ivre a"esso6 a .ua.uer 

    a#biente da "asa,

    ais u#a vez% ! i#portante dizer .ue todos esses objetos n-o representa# ou apenas

    si#boiza# u#a di#ens-o espiritua% #as s-o de &ato #ani&esta*;es #ateriais desta outra

    di#ens-o, Ou seja% na vis-o dos #e#bros do Cruzeiro da =uz% as 'uias penduradas no

     pes"o*o n-o s1 representa#% atrav!s das "ores% as entidades .ue prote'e# e trabaha# "o# o

    #!diu#% #as ta#b!# ! 5es"udo6 respons$ve por e#itir ener'ias .ue prote'e# o #!diu# no

    #o#ento e# .ue este trabaha nu#a 'ira, As i#a'ens de santos para "u#prire# a &inaidade

    de trans#itir e "ondensar ener'ias de a"ordo "o# a vibrat1ria de "ada ori0$ pri#eira#ente

     pre"isa# ser 5"onsa'radas6,

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    o"aizados na entrada e nos &undos do terreiro, Os #!diuns &i"a# 5iberados6 para "onversar 

    e "u#pri#entar os de#ais #e#bros da "asa so#ente ap1s essa sauda*-o +s i#a'ens e ao

    "on'$ (prin"ipa "entro de ener'ia do terreiro),

    !onsidera"#es $inais

    8nspirados e# ier (B) pode#os dizer .ue n1s% seres hu#anos% inventa#os a

    rei'i-o para entrar e# "ontato "o# o sa'rado% ao #es#o te#po e# .ue so#os envovidos e

    a&etados por ee assi# .ue a rei'i-o &oi inventada, A per"ep*-o do sa'rado sur'e na

    e0perin"ia, Co#o de#onstrou =!vi>Strauss (HMML)% ou antes% 9ur4hei# T auss (HMH)% a

    "assi&i"a*-o das "oisas apreendidas na e0perin"ia sensve &orne"e o "ontedo si#b1i"orespons$ve por dividir todas as "oisas do #undo% u'ares ou #es#o perodos de te#po% e#

    sa'radas ou pro&anas, Do entanto% no "aso da u#banda% essa di"oto#ia pare"e n-o &azer #uito

    sentido tendo e# vista .ue todas as "oisas do #undo s-o poten"ia#ente sa'radas% ou seja%

     possue# u#a essn"ia sa'rada dentro deas .ue pre"isa ser ativada peo ho#e#, 9ur4hei#

    (B@% p, BBH>BB) ar'u#enta .ue entre os povos austraianos duas !po"as ou perodos

    distintos do ano s-o "ara#ente per"ebidos, U#a &ase 5pro&ana6% da vida "otidiana% e# .ue a

     popua*-o se en"ontra dispersa e# pe.uenos 'rupos% e u# perodo 5sa'rado6 onde a popua*-o se "ondensa e# pontos deter#inados e reaiza# asse#beias e "eri#Knias

    rei'iosas, O autor a&ir#a .ue essa a'o#era*-o ! &unda#enta para esti#uar ou e0"itar os

    indivduos resutando nu# intenso pro"esso de e0ata*-o e e&erves"n"ia .ue utrapassa os

    i#ites da vida ordin$ria, auss T ubert (B) "ha#a# a aten*-o para a de#ar"a*-o% nos

    rituais de sa"ri&"io% de "ertos espa*os e #o#entos espe"&i"os "o#o perten"entes ao do#nio

    do sa'rado e outros de&inidos "o#o pro&anos, 9e &ato% esses ee#entos est-o presentes na

    u#banda% por e0e#po% no 5abass$6% o"a sa'rado onde o"orre a 'ira (sess-o #edini"a) e

    "on"entra os #!diuns do terreiro no #o#ento e# .ue "o#e*a a sess-o, Contudo% #ais do .ue

    u#a divis-o ntida e poarizada entre sa'rado e pro&ano% o .ue se &az presente ! u#a esp!"ie

    de 5'rada*-o6 do sa'rado .ue perpassa todas as "oisas% seres% #o#entos e a#bientes do

    #undo% estruturada &unda#enta#ente a partir de u#a 5per"ep*-o sa'rada6 das "oisas

    #ateriais% da vida #ateria% ou seja% u# 5olhar o mundo com outros olhos, outras lentes'''6

    (Pai ?ado), O ho#e#% portanto% ao "riar a rei'i-o% "ria ta#b!# u#a nova per"ep*-o

    (sa'rada) do a#biente% das "oisas e do pr1prio ser hu#ano, ?ae dizer% o ini"iado nesta

    rei'i-o

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    "o#e*a a per"eber o vaor inesti#$ve da natureza .ue o "er"a: os rios% a #ata% as pedreiras% as aves% o #ar% o so% a ua% as estreas% as tuas% as pra*as% os jardins,,, <v ta#b!# o se#ehante se# dis"ri#ina*;es ne# pre"on"eitos de ra*a% "or ou posi*-o so"ia, 2udo isso &az parte da ini"ia*-o u#bandista (OO=UW% BM% p,BB),

     Do pensa#ento "os#o1'i"o da u#banda o universo est$ e# "onstante #ovi#ento%

    e0pans-o e trans&or#a*-o, Dovos ee#entos est-o sendo per#anente#ente 'erados a partir da

    trans&or#a*-o e trans#uta*-o ener'!ti"a,

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     Re$erências bibliogr%$icas:

    9URXH@L,

     YYYYYYYYYYYYY, 5O .ue ! i"ono"ashZ Ou% h$ u# #undo a!# das 'uerras de i#a'e#Z6,orizontes Antropo1'i"os, Ano H% n, BM, Porto Ae're: B, HHH>H,

    =?8>S2RAUSS% Caude, 5A "in"ia do "on"reto6, 8n: O Pensa#ento Seva'e#, Ca#pinas:Papirus% HMML,

     YYYYYYYYYYYYY, [8ntrodu*-o + obra de ar"e auss[, 8n: AUSS, So"ioo'ia eAntropoo'ia, S-o Pauo: Cosa" Dai&3% B@,

    AUSS% ar"e, 5 "adernos de U#banda, S-o Pauo: se aos estudos de rei'i;es e &ioso&ias orientais% sobretudo o budis#o e o hindus#o,

    @ Do entanto% apesar do dis"urso .ue pro"ura rejeitar a #ateriaidade no a#biente rei'ioso% a doutrina espritata#b!# &az uso de "ertos objetos e# suas pr$ti"as rituais "o#o% por e0e#po% a psi"o'ra&ia% a psi"opi"to'ra&iaou #es#o a &uidi&i"a*-o da $'ua (ritua tpi"o nos "entros espritas espahados peo pas),

     9ize# os #!diuns .ue as entidades na u#banda% "abo"os% preto>vehos% "rian*as e e0us% ta#b!# traze#"onsi'o os trs ee#entos ou #ovi#entos, O ee#ento tEntri"o% na pr1pria presen*a da entidade na #ente do

    #!diu#, O #Entri"o% pois toda entidade e#ite u# so#% u# brado% u# 5'esto sonoro6% deno#inado 5i$6,Fina#ente% o ee#ento 3Entri"o ! a postura espe"&i"a .ue "ada entidade reaiza,

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     O diri'ente espiritua do Cruzeiro da =uz% o Cabo"o ?entania de Aruanda ('uia/#entor espiritua de Pai?ado)% por u#a .uest-o de "ons"in"ia a#bienta e respeito e"o1'i"o% proibiu a pr$ti"a de o&erenda &ora dote#po devido aos restos de #ateriais inor'Eni"os% utensios do#!sti"os% .ue se#pre s-o dei0ados na #ata ouno #ar,

    V Ao &ina da 'ira% os objetos .ue &ora# utiizados durante o ritua deve# ser re"ohidos separada#ente e"oo"ados e# sa"os p$sti"os espe"&i"os destinados e0"usiva#ente para o .ue os #e#bros da "asa deno#ina#5i0o itr'i"o6, O abass$ ta#b!# deve ser i#po "o# utensios de i#peza espe"iais% ou seja% vassouras

     previa#ente i#antadas% 'uardadas e# o"ais separados% .ue n-o 5"onta#ina#6 esse a#biente sa'rado "o#i#purezas trazidas de &ora,

    L Para estes% in"usive% ! servida u#a 0"ara de "a&!% "oo"ada peo o'-% be# e# &rente +s duas i#a'ens% assi#.ue ee "he'a ao terreiro, 8#a'ens .ue representa#% pois s-o 5s#boos6 das entidades% e presenti&i"a#% pois aener'ia% o 5a0!6% dessas #es#as entidades ta#b!# est$ presente nessas i#a'ens,