1980-sismosaçores

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Rua das Mercês, 8 9000-420 – Funchal Telef (+351291)214970 Fax (+351291)223002 Email: [email protected] [email protected] http://www.madeira-edu.pt/ceha/ VIEIRA, Alberto (1980): "Apontamentos para o estudo das crises sísmicas nos Açores", in Memória da Água Viva- Revista Açoriana de Cultura , Lisboa, GICA, nº 6., pp.7-25, COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: VIEIRA, Alberto (1980): "Apontamentos para o estudo das crises sísmicas nos Açores", in Memória da Água Viva- Revista Açoriana de Cultura, Lisboa, GICA, nº 6., pp.7-25, Funchal, CEHA- Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1980- sismosaçores.pdf, data da visita: / / RECOMENDAÇÕES O utilizador pode usar os livros digitais aqui apresentados como fonte das suas próprias obras, usando a norma de referência acima apresentada, assumindo as responsabilidades inerentes ao rigoroso respeito pelas normas do Direito de Autor. O utilizador obriga-se, ainda, a cumprir escrupulosamente a legislação aplicável, nomeadamente, em matéria de criminalidade informática, de direitos de propriedade intelectual e de direitos de propriedade industrial, sendo exclusivamente responsável pela infracção aos comandos aplicáveis.

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Email:[email protected] [email protected] http://www.madeira-edu.pt/ceha/ VIEIRA, Alberto(1980): "Apontamentos para o estudo das crises sísmicas nos Açores", in MemóriadaÁguaViva-RevistaAçorianadeCultura,Lisboa,GICA, nº6.,pp.7-25,Funchal,CEHA- Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1980- sismosaçores.pdf,datadavisita:// inMemóriadaÁguaViva-RevistaAçorianade Cultura,Lisboa,GICA,nº6.,pp.7-25, i'evista açoriana de cultura ~. ' I

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Page 1: 1980-sismosaçores

Rua das Mercês, 89000-420 – FunchalTelef (+351291)214970Fax (+351291)223002

Email: [email protected]@madeira-edu.pt

http://www.madeira-edu.pt/ceha/

VIEIRA, Alberto (1980):"Apontamentos para o estudo das crises sísmicas

nos Açores",

in Memória da Água Viva- Revista Açoriana deCultura, Lisboa, GICA, nº 6., pp.7-25,

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO:

VIEIRA, Alberto (1980): "Apontamentos para o estudo das crises sísmicas nos Açores", inMemória da Água Viva- Revista Açoriana de Cultura, Lisboa, GICA, nº 6., pp.7-25, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1980-sismosaçores.pdf, data da visita: / /

RECOMENDAÇÕESO utilizador pode usar os livros digitais aqui apresentados como fonte das suas próprias obras,usando a norma de referência acima apresentada, assumindo as responsabilidades inerentes ao

rigoroso respeito pelas normas do Direito de Autor. O utilizador obriga-se, ainda, a cumprirescrupulosamente a legislação aplicável, nomeadamente, em matéria de criminalidade informática,de direitos de propriedade intelectual e de direitos de propriedade industrial, sendo exclusivamente

responsável pela infracção aos comandos aplicáveis.

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i'evista açoriana de cultura ~. '

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APONTAMENTOS PARA O ESTUDO

DAS CRISES 5ÍS,.ICAS NOS AÇORES A. VIEIRA

Em teM"'Q onde 08 teM"amOtos são tão cont~nu08, e tão hoppendos; em teM"'a onde os montes sao vivos e comem e s~ sustentam das SUGS própriao entra­nnas; e estao Zançando de si os in.Jêndios a JOioe; em terra onde o fogo é mais poderoso que '-- mes­mo mal' oceano e levanta no meio dele ilh.as e des­faz ilhas; em terra onde povoações inteiras em um momento se vinam arruinadas e subvertidas que tema mais a pl"Opósito que o de Jonas: Adhu~ qua­draginta dies et Ninive subvertur.

Pe. António Vieira, Sermão proferido na Ilha de S. Miguel

~o momento presente é pritante a relevância dada pelos "mass-lIle­dia" aOs :fenómenos do quotidiano e da na tureza, que surgem ou não isolados, e tocam a sensib ilj dade e a procura do lei.tor ou ouvinte rotineiro, viciado pelas maib ~O

f'isticadas técnicas de "marketing ll•

O sismo do dia 1 de Janeiro, nos Açores, deu aZO a uma grande! exploração noticiosa, durante c er ca de um mês, em parte segundo -os moldes que atrás enunciámos. Ao mesmo tempo que alertava as autoridades para um candente pro­blema do processo histórico aço­riano, que ainda hoje aguarda so­lução.

Importante neste estudo será Sem dúvida a caracterização his­tórica da tópica sismológica, ten do em conta , rundamentalmente, a­Sua evolução diacrónica, e a Sua valoraçao na compreensão da tra­dição histórica açoriana.

A sismologia histórica, aSSU­me neste caso uma ~nção primor­dial na compreensão do passadO e presente açoriano. Uma vez que a constância das crises sismicas na história açoriana teve e tem uma influência no modo de ser e pensar açoriano, materializada no ritual reli gioso, como muito bem demonstra a Etnografia.

A religiosidade açoriana, co­rno veremos, materializada num ritual tradicionalista, situa-se dentro da influência da tópica

sismológica , e é um dado l..mportan te para a Sua compreensão no que­toca à reacção humana a tais :fenó menos da natureza. Pondo à dispo= sição da historiograf'ia contempo­rânea dados mujtos importantes pa ra a História das Mentalidades. -

Os sismos como uma constante da Hist6ria Açoriana, tê~ concer­teza uma palavra a dizer, quando estudados e confrontados diacr6ni camente . Estudados nas suaS f'lu-­tuações cíclicas , darão concerte­za alguns elementos capazes duma previsão ainda que muito incerta.

Mas enquanto as autoridades in 5ulares permanecerem perplexas e­inactivas face às crises sísmicas: são "os cinco séculos de hist6ria rr

que se esvanecem, são elevadoS pre juízos materiais, são milhares de­peSSOaS ,t--rrorizadas e sem lar ...

l' UlONOLOGIA DOS SISHOS E. SUA INCIDtNCIA IllSTÓRIC'A

Nas parcaS dimensões debte tra ha~ho torna- se dif'íel1 uma enun-­ciação sistemática e exaUStiva til Lodos os sismOb que a té hoje ass~ laram a regiao tios Açores, uma vez e sendo estes uma constante do processo hist6rico insulano se torna difícil quanti­f'icar num espaço limitado.Deste modo optamos por uma enunciação o mais swnária possível, pondo em destaque aqueles que pelas suas dimensões catastróficas se evide~

CE A :=.-::=

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ciam. Sismos e vulcões surgem aSSO­

ciados em todos os documentos e narrativas, uma vez que 56 em pIe no século XX aparecem os campos -da Sismologia e Vulcanologia dis­sociados. Como por norma todo o vulcão é precedido por uma crise sísmica prolongada às vezes para além deste, foi opinião corrente o associar os sismos aoS vulcões. No entanto parece-nos que nos te~

pas que decorrem, conhecidos que são os avanços em ambos os ramos científicos, se torna mais l6gica a diferenciação dos sismos dos vulcões.

Partindo da sua origem vamos distinguir os sismos de origem vulcânica, que se prendem directa men t.e com os f'en6menos vl.ücâniCos, e os de origem ~ecc6nica.

Como iremos verificar são mais frequentes os sismos de origem ce ctónica que são também aqueles que causam maiores rl~nn~. (1)

A - Os fenómenos yuicân~cos e os sismos de origem vulcânica.

~ por demais conhecida a oriFem vulcânica das ilhas que compõem o arquipélago dos Açores, embora desde longa data se mantenha ace­sa pOlémica . Mas a paisagem açori­ana, bem comos os relatos histó­ricos dão conta da permanência dos fen6menos vulcânicos . Sendo alguns ainda presente~, como a erupção dos Capelinhas em 1957.

As caldeiras, a bagacina ( .• . ) caracteri:l.am a paisagem açoriana e denunciam a sua origem vulcâni­ca.

Esuldos recentes da estrutura do território insular dão conta desse racto apontando re~iões de rormação recente e antiga.As pri meiras ainda mantêm latente uma­actividade vulcânica como é o ca 50 de S. Mip,uel (Sete Cidades),­Terceira, Faial (Capelinhos).As segundas por seu turno , dão con­ta duma estrutura geolócica anti ga, donde a ~raca possibilidade­de qualquer ~en6meno vulcânico. Havendo inclusiva ilhas de que não se tem noticia de qualquer fenómeno desde a Sua ocupação(séc . XV) até aos tempos que decorrem -- Santa Maria , Graciosa, Flores, e Corvo . Podemos juntar a estas aI gumas zonaS de diferentes ilhas -

CUJa .formação é an tica -- par te orien tal de S . Higuel f da Tercei­ra, de S. Jorge e do Faial.

Saliente-se que as zonas mais antigas da ilha de S. Miguel, TaL ceira, S. Jorge e FaLaI são aque­las em que os sismos 5urgem (':Qm maior vio~ência.Exceptuando-se aS ilhas do Corvo, Floree, San ta l-l!!­ria e Graciosa onde não há notí­cia de qua~quer sismo I."ujo ep1..('E:: tro se ~ocalizasse numa delas. Apenas se sente aí 05 sismos ma violentos das ilhas circunvi:L.inh lS .

Para o COrvo apenas temos not~ cia das repercussões do sismo d( 1755. O mesmo sucedendo para aS Flores, a que se deve jWltar o de 1810 e de 1911. Na Graciosa ternos os de 1817 t 1867 e í'inaJ.me,! te o de 1980. Santa Maria em ra­zão da sua proximidade de S.r-1i­~el, sente aS repercussõe~ dos s i smas mais violen tos des ta, ma~

com reduzida intensidade.Já Fru­ctuoso se apercebera no século XVI, pois em "Saudades da Terra' dá conta que não existiam abalos na ilha em razão de estar assen­t:e em "rocha firme" , apenaS se sentiam aí os abalos das olltras ilhas, principalmente de S. ~li­

~elt como foi o caso de 1577. \ 2) •

Em o livro IV, Gaspar Fruc tuo 50 chama a atenção para os fenó= menos vulcânicos associado~ às crises sísmicas em S . Miguel des de remota idade: " ... ueon t.eceral desta maneira quasi todos os Ler ramotos desta ilha antes de ser­achada, que foram tan tos quan tOS os picos della, como eles estaO dando testemunho com a s bOcaS qU(

tem abertas." (J)

com que se depararam o!:; por tUfru!: ses no século XV para <l ot'upaçao e colonização das ilha~, foi ~em dúvida as diversas crupçõe~ vul­cânicas e vuicões ae tivo~ lue a­tingiram entre 1444 e 1 /14'" propo: ções relevantes. (4). rert:amen te­o atraso da ocupação de territó­rio que só se veri...ficou em meado~ do sécu~o XV t deve estar reInei!!. nado com este facto.

Mas o vu~cão não é s6 lava e e~se espectáculo infernal associ~ do pelas populações aO inrerno; a ele se prendem crise5 sísmi -as prolongadas que o antecedem.De ~~ modo que a popul.ação em momen t, ~

CEIiA ~,...:.":,'~::::.:

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de crises 5i5m~cas prolongadas teme sempre um vulcão.

José Agostinho repor~ando-se aos sismos de orieem vulcânica dá conta do seguinte : "Eles sen­tem-se geralmen~e alguns dias an~es da erupção , continuos e vio lentos. As vezes parece que o 5010 está em permanente tre~idação.

Mas a sua violência está quase sempre localizada nas vizinhança~ imediatas do local onde vem a dar-se a erupção . • , " (5)

1562/Set . /21 - EruP9ão na vila de S. Roque no Pico (6)

156) - Erupção na Pico do Sapateiro na R1beira Grande (S . Mib~el ) que se prolongou pelos mese~ de Julho e Agosto .Fructuoso deixou-nos um relato espectacular desse ren6meno dando conta dos graves dano::;; . (7)

15ó4/Fev./10 - Erupção no Pico das Berlenga~ em S . Mjguel (8)

1580/Mai ./l - Erupção na Fajâ de E5~evâo da S~lve~ra (5 . Jorge). Mantendo- se o vulcão activo duran te 4 meses . Conjuntamente com a -crise sísmica que o antecedeu pro vocou elevadOS prejuízos a ava- -liar pela perda de 4 . 000 cabeças de gado e 500 pipas de v~nho.(9)

l6)O/Set . /2()) - Erupção no vale das Furnas em S. Miguel , antece­dida por uma crise sísmica violen ta, causando grandes danos nas -povoações circunvizinhas (Ribeira Grande, Povoaçào e Ponta Garça) . Um documento existente na Biblio­teca Pública de Evora dá conta desses prejuízos : rt Morreram n ~ eb

te dilúvio 195 pessoas;avalia- se­a perda em gado, terras, colmeias, pa~te1, trigo, cazas e vinhas, que estavam fei~as em quinhentos mi 1 cruzadOS." (10 )

1652/0u 1,../ .lu \ l.<!} - l:..ruP'iC:lv áO

Pico João Ramo~ em S . Mi ,";'Ue 1 , caU sando danos em San ta Cruz e na -vila da Lagoa. (11) lÓ72/Abr . /l2 - 24 - Erupçào nO Fai al, entre a Praia do Norte e do Capelo . Foram elevadOS os danOS materiaib ai causados que cria­ram grandes preocupações às autE: ridades camarárias que em carta dirigida aO monarca em 1672 dão conta do sucedido e solicitam da parte deste medidas urgentes, e~ tre aS quais a permissão para o embarque de locaispar a o Brasil.

9

~o en~anto s6 em 4 de Abril u~ 1675 houve autorização, indo en­l,.aO cinquenta casais para o Grão -Pará, mais cinquenta em l677.(1~)

1760/61 - Erupção na ilha Tercei­ra en~re o Pico Gordo e a Serra de San tn Bárbara: IIPelo ano de 1760 a Furna (do Enxorre) cess ou ue rumar, e esta cessação foi o prelúdio da catá~trofe.Começaram fj-randes terramo ~os em 22 de :Sov., e conti nuaram com muita rrequên­eia at' 14 de A~ri1 de 17bl,em que a terra tremeu mais que nunca; e assim continuou com pequeno:::. ln tervalos até o dia 17 do me:-;rrtO -mez, em que 'Pela manhã arreben tOU ~ fogo por detrás dos Picos Gordo~, co m estrondos subterrâneos ~eme­lltan tes a descarga de ar tilhar.la" . ( l'l )

,.\ ]Jart;ir de en tão outras erupçõeb e ~ ef"u iram: S. Higuel ( 1810) t Pico,

S. ~orce , Terceira e Graciosa. Ainda de i'resca mem6ria é a eru­pcuo do::> Capelinho~ que provoco'l uma cr1s e sísmica intensa, cheg~ cio a avent.ar-:::-e a possibilidade ,le evacuar a populaçãO da ilha. Tendo causado danos em edif{cio~. Sentiram-se, então, cerca de bOO abalos que não ultrapassaram o erau 6 da escala de ~tercalli.( 14)

TI - 05 sismos de or1gem cecLó­~.

Os sismos de origem vulcân.lca, e~ bOra prolongados são de e1'e i tOS reduzidos, sendo poucos O~ cal,.a~­

tróficos .1olais perit':osa ::.e aprese.!:! ta a erupcão das lavas e das cin­ZaS . O vuícàO fUlmina a população i.mpingindo-.lhe um terror infernal pondo de parte os abalos slsmicos de intensidade reduzida.

O~ !.dsmo!:' de or1f,em tec r6nl.Ca, e~!les "I im sâo o~ cau"'adores le 'Tave~ prejuízos humano~ e mate­riais . Os mal ~ tem1dos da popula­çfio t emhora nuo S3 j hn d is t lllY,Uir no aspec ~o do conhe(' imen to tJn::> dos outros .

[.~timanJ-se em cerca de Ol.to .... entenas os 81.::'1II0S de orte:elll te­c t6n Lea que a~solaralH a ~'eGiào eu tre os de i'raca e t'Tande in ter ::;iJade, ~endo pos~{vel e,.;~imar -uma peri.Odici.dade para a ~ua de­rl n grarão ;entre 30 a 50 ano~ para os <.le fraca e média in tenS idade , e de 100 anos para os de ~orte in tens idade .

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Atendendo à sua vastidão, nào temos opor~idade de nos re~eri~ mo s a todos em pormenor, pOr isso ficamos por um breve apontamento daqueles que consideramos mais importantes em razão dos danos materiais e h umano s .

1522/ Out. /22 - Violento t erramoto em Vila Franca (S . Miguel) que pr~ vocou o escorregamento de ~erras

do Pico da Cruz, s oterrando gran­de parte da vila e destruindo a quase totalidade do casario . A ho­ra tardia da noite em que se deu foi motivo para el.evada mOrtanda­de calculada em cerca de 5000. O mesmo sentiu-se em toda a i lha e specialmente em Ponta Garça , ~gua do Pau , Ribeira Chã, Ponta Delgada , Lagoa, Ribeira Grande e Nordes te. (15)

Saliente-se que à altura,Vila Franca era capital da donataria da ilha , local onde residia o do­na~ário com todo o seu séquito . Rui Gonça~ves da Câmara viu parte da Sua família morrer, apenaS fi ­cando o filho mais novo, Manuel da Câmara e sua espoSa D.Filipa Coutinho .

Foram elevados os danos mate­riais em toda a ilha , ao mesmo tempo que foi prejudicial para aS intenções do donatário que se viu na possibilidade de ficar com a capitania despovoada, uma vez que a maioria da população pretendia regressar aO reino.Por isso o do­natário tentou apaziguar o deses ­pero da popu~ação proibindo o lu­to e oferecendo-lhes diversões (jogo de canas) .

No re1a~o de Fructuoso podemo s verificar tal e a importância que tal fen6meno assumiu no quoti diano da prática religiosa da po­pu1ação.

1b14/ Abr . , Hai./19- 24 - Traze ndo ainda fresca a memória da opressão castelhana aquando da ocupação da ilha, os terceirenses sentem a d~ reza duma crise sísmica entre 19 de Abril e 24 de Haia, a1 tura, em que a~inge o auge . Os seus efe1tos fize ram-se sentir em toda a ilha, mas de modo especial na Vila da Praia . (16)

Vários são os relatos exis-cen­tes que dão con ta do fac to . De s t~ que para a carta do licenciado Juan de Tavares, presbítero , a Gas ­par Lopes, mercador de Setúbal , que na altura se encontrava em Sevi~ha .

Refere ter sido o sismo do dia 24 de Maio violento de modo que des­truiu tudo em toda a ilha. Dá con­ta de 167 mortes e da destruição dos ten~los e dos mosteiro s da i ­lha, apenas se salvando o Mostel ro de S . Francisco da Praia . Refere ainda a destruição de 19 ermictas . Quanto às fortificações dá conta da Sua total destruiçã.o: "Las vi­das e yhaziendas que cuesta som inumerables . Desde el castillo de Santa Catha~ina hasta el hacho quan tos :fuer'tes havia cayerorn por ti erra por que a la fuerça de ~a ira divina irritada de nueS~Tas culpas no ay cousa expuenable, ni f"orta~eza qu i no sea derribada". (17 )

A . Silveira dá conta do file:=.­mo referindo que o sismo de 19 de Abril destruiu todas as caSaS das Fon tinllas, Nossa Senhora à a Pena e das igrejas e de Sto. António, enquanto o de 24 de Maio provocou elevadOS danos na zona da Praia. Reportando- se a S.Sebastiáo dá co~ ta do ::> eguin te : II em villa de S . Sebasl.ião tambem cahiram muitas cazas , ~oi tão horrendo o terramE ~o de ~4 de Maio que os animais dos campos o sentiram, e se ater­rorizaram correndo huns para o~ outros, ~azendo ajuntamentos, beE rando com as c abeças no ar? couza que me~e mais espanto" (18.1

O alferes Francisco de Seg·ura em poema dedicado a Baltasar de Moureal dá conta do terramoto de 24 de Maia : "Tantos sucessos se vieronj en es te caso in:felice , Ique no ay plumi"' que los cuen te ,I ni 1enf"ua que 10 Pub1ique . jCiento y sessenta pers~ nas/murieron, caSO terrible/~l.n outros tantos ymas/que manco~ e coxos viven .•. j /

Bien noS muestra aqueste c~~o/a vivir con vigilancia/ )' no orfen­der a1 gran Dias/que tan ueyeras nos ama ••• / /

Pueda ser que aques ta een lei aya s~ do castigada/por no aver~e arrepe tido ,/Y por no 1 impiar das almas., ?-las sea por 10 que f'uera/ no que-d6 quinta ni casa/tierra de pan ni de pas to/ quel terrerno to no ac.!! ba/. No quedó l.Ul arbol ,;n piei tri~ cheas , ni casamentos,{n~ de gana-do cu~rall que todo a ~uelo no. vava./ Los cinco fUerte~ que av~a/ toclos a orilla deI EVn-1a na.r:a de.i'e.t._

der la iSla/se anegan y deSbara.~ ~~

CEHA :.:.-= • .':.' ~=:

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tan . /En seys .iecuas oe con 'torno no qued6 ni aun W1a mata/en pie, e1 castigo terrible/que a~emori­za e espanta , /~1il e seyscentos vezinos/perdieron hazienda y ca sas,/y los que ayer rueron ricos/ oy vemos no tienen nada . /Cierto que deve t ener- se/de todos mui grande lastima,/assi por lo que perdieron/ como por lo que aOra passam . /Que no se 1'0 que aya mais mal, en esta vida larga ,/que ser pobre el que fUe rico , /y mas se el comer le falta." (l~) lb'-iO- Para além de ser c.. ano da esperança, altura da libertação à subjucação rio domínio rilipino que demoruu na i lha mais algum Lempo, é tamLém considerado o ano do~ terramot.o~ em razão do~ muito!"õ !Si~mo~ que ue~Le ano devastaram ri. ilha lilá~ qtle no entan"to não atin.'"i.ram r,Tande5 proporções no que re~pejta a nanas . 1~41/Jun. /15 - Outro .ismo ~""o­lou a ilha Terceira, desta vez de vastando toda a zona da vila da -Praia da Vitória (Fonte Bastardo , Fontinhas, Lajes , Vi1a ~ova , Vila da Praia e S . Sebastiào.Seeundo Féli' Jo::,é da CuSta \ _v cairam para c ima de !.lua. s mLI.. casas , 1'1.­eando malS de mil pessoas sem lar, sendo assim elevados os danos ma­teriais . ~a acção da reconstrução destaca- ~e o con ~ibuto do então governador do distrito de Angra do Heroísmo José Sil~a Rjbejro, qt e r.eve por $:-,0 direi to ~ "Ir.-! mo ""r.le!1 ro t";n \'ila da Praia, mandado eri ir em )] de ezembro de 1871 POr i.,iciatlva do lispo ) . João ~~ ria Pereira do \maral. -

'-a ohra de reconstruçào da \'1 -la da Praia pa~tou - se 77 : ~q2tb57 rt> •

lti4~ ' <hlt . ,Nov . 1U-4 - Cri~e sismi ra r rolun "aua mi ilha de ..::; . Niguel que a::;~woi u proporções ca tas tT6f'1 cas na Vnr:l:ea, r::llld e~árla, Gine"tc<--, ou seja eSl'5enclalmente ~oda a parte norte da l~ha. 0:::- danos atinl~jram a Soma de 8~: -16l~800 r~.

O terern- .. e verl'''lcadu f a " -rOras oreais -lOS dias - ~ 1'" j(.

O' e·t-ro deu azo a q' e o'" â. imo:-> e :ocal tados ria pop'llação n UlIe'1 tA. ".seül ao 'rle~rno t empo q'..le o::; mR :-. rpruero 50.s a~l.te,"i.am ma t1O'"a er. pçao "0 -

"os tl mava !.-'"Iceder em rrl :Jes cle""l ",o ta na r"reza. (~O -

Vários textos ria época lIãu COIl -

11

ta ao Sucedl.oo e pe.la !'1ua impor lá.!.. eia para o mesmo e outros a~pec'tot­

rocados neste estudo vamos re~eren ciar al~s excerto~. -

A Junta de par6quia da Candelá­ria em missiva dirigida ao bispo de AnPra refere a desolação da po pu~ação ao me smo tempo que solici ta da parte do seu c e1'e supremo­na regiào que atenda à cariclade evanf""élica : "E~tes seus f'ilhos em r'hri 5 to e5 tão sem morada~ 111a5 "­

todos; dormem pelos mnttosjfU 10-- lhes o animo e as f'orcas para lu. vrar u ma terra qt.le delJa.l xo dos pé!" se lhes fende, e lhes rUf"e COnti ­nuas ameaças; padecem jÁ ii. fome e o f'rio , e horrorisam- 5e de encarar o fUturo . ( ..• )a verdadeira rari0~­de, ainda mesmo quando não ~em, a-

ha sempre que dar( ••• ) \ esmola para os verdadeiros prelado~ como V. xa , nào se arranca nem ::>e soLl,

c i ta, cahe por si como o f'ruc to maduro da arvore boa no regaço do necessitado ." (21)

:-Ias a caridade hip6cri ta dt) bi~ po Dom Frei Estevão i'icou- se por -um alerta às populaçôps da ilha, dando conl.a do .fen6meno como um S lnal ou cas tif'"o di vi rlO . Em vez de esmo~as ordenou que se rize~$em preces colectivas durante 'trê~ dias consecutivos, ?""ecomendando: "Adoremos, e respeitemos o:;; alHor~ sos avisos do Pae Cele~tl.al, cO -vertamo- nos já para e11e de I,odo o coração. Principierno~ e"'la. 0_­

sa I.;onversão pt:"blicant!l te Ollre. ­~ando que tememos os :--eus J ~ízos , Ro ?Uemos-lhe, 5ubndssos , flue pe­Iletre bem o nos~o corA 'â~ tio seu ";;;'ln"to ;<J,mor I e ternos,

u - le a ~raça da a {ue arf-3.~ te, se f"OT j(,

ara em lon ~ P 116 dos terrE)motoS . nv f! e f m V\r to em par ul!

l' \ ,'f.-\ (; r e E"l -a 0 ,

'1 e 1.0 . , ~

om e 1 ] 1 '0, "';lÍpl.l. 'a, c II 1,) ,., IÍ- -

,.prl<.:6rdia, na 1'lTllle ur' 13. !e que havemo::> de S~r de fi R. , hal) P!: 1 a i terce~;::,ào de sua 5 t,...; l'IIH

1. I e de torlo SH" ela ortl eles te , que 1a~ pt"e, (': . /. C ~

ce peni"tencia va!:lO~ LIVO lr . " t· .. ú povo lama lUC omer I P'

11ere~(>- lh~.s ora ('.es e pr""ces . \­ardarn 11:1 flIl.i.a r~ la rnultlpll i!:­

aO dns pãc~ e o~ pt! l'

) a..r"t;1.rulist<.1. 10 "rO""re "1 I"

elense" dando conta do far tO em notícia riesenvol\~ida, ref'ere o te-

Page 8: 1980-sismosaçores

12

mor de wn novo vulcão, dando ao mesmo tempo conta dos danos do se­~inte modo: "AJ.gumas perdas de vi das humrulas, e consideráveis estra gos em casas , muros de quintas , e­grejas, e outras construções foram o resultado do violento abalo . Vil­las e freguesias ruraes todas 50-freram : para a parte norte da ilha foi contudo maior a ruina . " (23)

Para A.T . de Macedo o impor~ante 'lâo é o es tudo e divuleação cien­tí:ri ea do fen6meno , maS sim O modo como acudir à situação calamitosa: "O pobre que vê sem teg'Úrio der ro­cada ou que o encara ruinoso, de nada lhe serve saber os diversos movimentos conhecidos das convul­sões da terra , e o seu grau de vi­olência -- de nada lhe serve saber ~e as condiçõe~ ~ão produzidas por causas exteriores, ou se ~ào resu1 tacto, o que é mais provável, de -certaS f'orça~ que operam no inte ­rior do lobo; o pobre o que dese ja, ou que quer é que se lhe e:-. ten da a mão compedida, é que 5e lhe -enxu;ue o pran"to arrancado pela ctesrlita . " (2-4)

Face à acção da comissão de so­corros criada pelo Governo Civil a ~O de ~ovembro de 1848 (25) , dá con ta de alb~as reflexões per ti ­nentes tendo em conta a pOl í tica que os serviços de apoio traçam em momentos desta índole : " ... Seria muito a prop6sito, que , com o tem­po, se pedissem relações das pes ­soas mais habilitadas para serem contempladas pela sua :falta de meio~, e pelas perdas que tiveram, perda~ que devem ser cuidadosamen­te calculadas , a :fim de que, naS distribuirões das esmolas, se pro­I eda com a r,laior justiça . Estamos

o! ve.,(· idos com Bonnim que a dis ­Ir 1rão cios socorrOS p~hlicos replllL .... a em dOl S prinC'1pio!-' hem evi tCI te~:o primeiro não conceder so­corro :-,clJão ao:" 'lue d ~ elle tem ne­cebsidade, po_n"e rt 'nl1tra f'orma es casseialll de ~ocorrer aq\.lj;l.les a quem verdade iramente assi~ te direito, e vai dotar- se a ociosidade e t0dos O~ vícios flue acompanham; o ser,undo, nao menoS importante, appli-car o 6nero de socorrO~ q\le ma JS cunvêm a 1:al , ou a tal 1 nd 1. víduo, em ta 1 ou tal po­si~ão.!I (26)

,já em pleno século XX rles taqlle- se os sismos de 1 0 .26,­lf'lbJ, 107J respectivamente no

Pal.a.l, no Pico e S. Jor e e, no Faial e Pico.Em todo~ os lados houve danos materiais elevados e al~mas perdas hu manas . Sendo ainda de fresca­memória as suas repercussões no quotidiano insular.

A lista dos sismos como pudemos verif'icar não :-;e :fi­ca s6 por este breve número, é muito vasta, ma~ num t:raba lho des ta índole não importa dar conta dessa relação alar ~ada, importante é sim oco';:; fronto de realidades e expe= riências tendo em conta a com preensão da t6pica si6mol6~i­ca no r:oo tex to fll.!:' tóri ("o a-­çoriano. Para quê e:sse ellWI­

ciado simples dos sismo~ que apenas sacia 11 "lIriO"'ilda'ie do leit.or comtuu? 'ia eltU\Jtll

aC'onselhamos o lei tor m&'1- c!. t~siasta a consul tar a re~p-­nha apresentada por Porfírio Bessone em o "Dicionário era nal6rico dos Açore~" (~7) -

E a exaustiva resenha do­C'umental e informativa dada por Ernes to do Canto no .\r­clllva dos Açores (~8) ;mai~ dados podem ~er consultados no livro de Luis \nt6nio de AraÚjO (~f)) e liO de \Iurelra Nenu onr; a (JO)

A <,008u1 ta do~ 'Tár o. que preparámo::; para eluc1dar este estudo dão conLa do ele vado m~lmero de ~ismos ser' ti= dos na ref"riâo I de que demo aleumas referências dos ma1S catastr6ricos. O eráfico I dá-nos conta do tolal ~eral do~ sismos. Saliente-se que o seu númerO aumenta I:OII! o decorrer dos sécu~os, aprescll tando-:-;e o século XX ('om ma1= Or número. I ma :=t.nálJsc "'1" plista L10 me:--mo levarUl PU! cerLo a afirmar que O!; .,. J srnofl aumentam em razão "hrec ta do-­anos. que decorrem e lar la'll- e cada ve'L. mais uma ratdlllaJc. \a realidade liÃO ~e passa 11_ ~im, pois o aUnlpnto prn T·c-;..~i

vo do re~isto des le:-- de"\-e-:".~ :-'lnl ã capacidade do homC'1I em p(ld~.r ref istar todo (> ql1alfl'ler ~ "l'Imo ,te "Tantle 011 fraca i' ten~idade ,tt.ravé do'" ~1~m6-rafos lns talado~ na rC~J.ao . 110 f:' re "ta- ~e torto e qual.quer Si:Slllr, 0'­

~éculos passados o ~eu re~is~o p~~~ le'" ia por a1t!1.U1S ano~ na mem6ri "'I ~

CEIiA ~,"'=":':~=':

Page 9: 1980-sismosaçores

110

ao

GRÁFICO I - 1UfAL DE SISM)S POR ILHAS 70

(até ao séc. XIX)

séc. XVI ..... séc . XVII -'-'-'­séc. XVIII ---­séc . XIX --

60

50

30

20

10

conheC1mento popular, ou registado, quando havia razão para tal, em doeu mentos oficiais relacionados com o vi ver quotidiano e da administração 10= cal.

A divulgação generalizada dos meio s de informação e da imprensa deu azo a que muitos fen6menos esquecidos pe-

3.50

300

2.50

, , , ,

13

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S.M . T. F p S .l s .... · FL C.

la trad1ção popular se mantl.Ve.ssel l . Saliente- se que o períod.o que d co.!

re en tre 1931 a 1950 reejstaram- ~ 405 sismo s t qua se tan tos como o~ 0 -

nhecidos até então (cerca de 443) Além disso o total até aO século xx fi c a- se por 1 4J t enquanto 56 o sé'ulo XX regista 561 .

L C

RÃFICO II - 1UfAL DE !:>lS/-lA:> t'U~ lu , 5

(no séc. XX)

1900/30 1931/51

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14 ~uanto as 11has em parC1Cu.ar no­

ta- se numas a predominância dos sis­mos ao longo da hist6ria, como S. Mi ­guel Terceira e Faial, enquanto nou­tras o seu número é reduzido {caso da Graciosa} S. Jor ge e Flores), ou qua­se nulo \caso de Santa Maria e Corvo).

O gr'fico III dá conta do seu re­gisto por meses sendo evidente a maior dominância de sismos no período en tre Abril e Junho e Outubro e Fevereiro (no que toca especialmente ao século XX). O que póe em destaque a hip6tes e da influência do movimento de trans­laçção da terra que certamente se fi ca por enquanto no campo meramente hipotético, requerendo comprovação científica (31)

2' CO~10 EXPLICAR OS SISMOS ?

A dominância dos fen6menos sísmicos surge como marca indelével nos do cu­mentos e narrativas hist6rico- insul.a­naS. Através dos mesmos tomamos conh~ cimento da sua existência e danos ma­teriais, bem como, da expl.icação te­merária que o homem de então encontra va para tais ~en6menos , que durante -muito tempo não pertenciam ao domínio do intelegível .

De Gaspar Fructuoso a Vitorino Ne­més io é palpitante a vivência e do­minância dos sismos no modo de ser açoriano. Quer Fructuoso, quer Nemé­sio vivem-nos como homens e poetas. Enquanto Fructuoso procura naS "Sau­dades da Terra" dar-nos a s audade a­marga e cruel. dos sismos que até à altura em que escreveu a obra teve memória ou viveu, Nemésio recorda coO! certa vivacidade os momentos mais pa! pitantes duma das crises sísmicas da Vil.a da PTaia da Vit6ria que presen­ciou quanao criaJlly& , em o con t;0

IIMiseric6rdia". (J2) O relato de Fructuoso torna-se

impoTtante, não 56 pelo pormeno­r is ado da narrativa hist6rica e retrato vivo da angústia ancestral. das populações , como também pela tentativa de explicação que ten­ta esboçar para o fen6meno, de mo do que em tal s eja salvaguardada­a sua condição de padre . Assim a explicação que dá OScila entre a dimensão religiosa dum castigo divino a uma vida desregrada dos fiéis e a ciência antiga, basean do-se neste último caso em Ari s =

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16 1. 12

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GAAFlaJ III - IVIAL Ué 51::,1>"", I'\JI{ ~1bSl i

séc. XV! séc. XVII Sec. XVIII ..... Sec. XIX +++++ séc. xx -'-'-'-

TOTAL -

t6te~es e Mes~re Aleixo Vanhegas (33)

~os es tudos que I'ez na T1ni ver sidade de Salamanca, onde e ba­chare~ou em Artes e Teo~ogia, e mai.s tarde a tingiu o grau de dOI . tor, b em co mo a sua cur~a perma­nência no Colégio dos Je.suÍ- ta::. e 1

BraF,'ança t teve oportl.Ul i dade de e t rar em contacto com o pen.5amenf antic-o e a revolução ciellt.IJica do ~éculo XVII.

Da constatação empírica elo f'e nómeno , Fruc tuoso parte para wna explicação do mesmo prof'urauuo 5 n tetizar o sentimento religloso c n a explicação paeã.

1\a An tiguidade o homem po::; to perante os vários f'en6meno.s da na tureza que para ele .... e apre::;en Lavam superiores e fora da~ S.la5 capacidades humanas, pruClu'ava uma explicação no domínio mito16· {'"ico .

Os terramotos para 01:> anti~os

eram explicados como o resu1tado do movimento de t~andes animai:::> ~~ mi to16gicos que habi tavam aS pr ~

C~ ~,...::.":,' ~::::.:

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f'Undezas da Terra, ou um aviso dos antepassados ou ainda, a demonstra çlo do descontentamento da divi~ dades face à c ondu ta dos Homens. Ressalve-se, no entanto os :f'i~ós~ tos pré-socráticos.

A explicação de Aristóteles su­planta estas, uma vez que procura uma comprovação de acordo com a s suas c oncepçôes rilosó:ficas e a­vanços cientf~ico.s da época. Dan­do conta de dois t~po.s de terramo tos referindo a acção do s espfri~ tos, ventos e deflagração, que Fructuoso resume do seguinte modo: " .•• Como diz Aristóteles no se­gundo livro dos Metheoros, hã duas maneiras de terremotos, uma que .se chama tremor, quando se move a terra para os lados com grande es pírito ou vento, que es tá debaixõ das cavernas del.l..a, o aua~ S P rha.­ma ~emor, o qual acontece pou­cas vezes porque poucas vezes se junta muito espírito, ou vento, que is to c ause. Outra maneira de tremor ha debai­xo para cima, porque se requer muito princípiO e muita exalação congregada debaixo da segunda cos­ta da terra para que a faça arre-ben tar, "

Fructuoso partindo daí para a explicação do terramoto de 1522 em Vila Franca do Campo, dá conta que a maioria dos tremores sen ti­dos na i~ de S. Miguel se devem ao segundo tipo dado por Arist6te­les, misturando depois a explicação fantasiosa com a empírica:

- 12 O terramoto c omo consequên­cia do deslocamento e compressão dos espíritos, ventos: II ••• sacudida c om algum espíri to ou vento, que não cabendo nas c a­vernaS da terra, andava buscando lugar de um lado para outro, faze~ do tremer a s terras para os lados, e não tendo tanta força para sair ou fazer ~ugar e boca por onde sabisse, fez sacudir a terra do monte que estava sobre Villa Fran­ca e o da Ponta da Garça e o das Furnas, e o da Maia, ..• n

29 O terramoto originado peia eru­pção: "Ainda que o arrebentar de terra, que então aconteceu, foi causado não de exalaç~es, nem espírito ou vento, senão de minerais de sali­tre, e enxofre, que crescendo mui­to debaixo da terra, se acendeo_t

pode ser, que assoprada de algumas exalações de vento; e como rogo de

bombarda de1~ou p ara C1ma ~oda ~ terra , e arvoredo que sobre si em um mon te tinha ••. " 3' Ou massas de ar subterrâneas comprimidas procurandO resfolegar: liMas e8 te terramo to de Villa Fran­ca não foi c ausado por fogo, senão por ar encerrado nas concavidades da terra, que buscando respiração por onde resfolegar, lidando e pr~ curando ter porta sem o abrir, por não ser em muita quantidade, sacu­dio a c odea da terra do monte, ... " 4!Ou aumento de ar, incapaz para se conter no espaço" subterrâneo: "Bem podia ser este tremor causa­do, por se c onverter aiguma agea , ou humor nas cavidades, e opacid~

de~ da terra, com proporção de culpa, em dez tantos de ar, e não c abendo no mesmo 10gar, fazer tr~ mer a terra, e dar grandes golpes para os lados, buscando parte pa­ra s ahir, e sem o fazer sacudio a terra dos ~ados desta ilha nos 1~ gares que tenho contado." 5~ A explicação de Mestre ~eixo Vanhegas: nA causa dos ventos e do tremor de terra declara maravilhosamente o Mestre Aleixo Vanhegas no seu li­vro natural aoS trinta e dois ca­pítu~os , dizendo que a D~eira de animal resrolega e arrota a terra, quer dizer que os espíri tos que estavam encerrado s nas conca~da­

des da terra, como não poderam e~ ~ar em pequeno logar, buscaram s~

ida c omo busca o arroto que não c abe no corpo do animal. Assim os ventos são unS arrotos que faz a terra ... Algumas vezes este arroto que faz a terra, esta tão enc errado nas c avernas da mesma terra. que não pode sabir facilmente: e como a quentura do sol penetra allnll'l8. c o. sa do corpo da ~erra, resolva as humidades das concavidades, e como n ão cabem junta s com aS exa~ações em um logar, não sabe remissamente como os ordinarios espíritos, ou refolegos, de que se fazem os ven­tos ; mas como d emas iado a pres6ur~

mentO não se dão espaço nem vagar e querem sahir a tropel, da manei­ra que sabe o espírito do corpo do homem; de maneira que podemos di­zer que os ventos são uns ordiná­rios arrotos e o tremor o espíri­to que faz a Terra. ( .•. ) Des ta mesma maneira diremos que espirra a terra o demasiado, que o calor do s01 gerou em suas conca~dades .

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16 e, aSs1m como o homem, da um, dois, treB e quatro e mais tremores quan do espirraje, ma~ he de notar que­se estes espirros não sabem dire­ctamente para a ~ace da terra se­não para os lados (porque muitas vezes andam de concavidade em con­cavidade os vapores expessos das menores em as maiores) então se diz propriamente tremor de terra, mas se não acharem concavidades aOS lados para se estenderem, e a~argarem senão directamente, sah­i~o a face da terra, este tal es­pirro se diz terramoto ou evolução, ou empuxão, com que a terra se al­ça tão alta, que se tira de uma parte, e por grande espaço notave! mente vae pelo ar a vista dos 0-

~os e se passa a outra: por onde acontecem ~azerem-Be montes e va­.letl v.~de nilo os havia; cerrarem­-se umas fontes e abrirem-se ou­tras; ~ndirem-se povos e quebr~ rem-se as rochas de pedra viva, e mudarem seus caminhos os rios; e enco1her-ee por uma parte o mar e alargar-se por outra; e outras cousas semelhantes a estas."

- 6° O terremoto como resultado das condiç~es atm08~éricas a ge~ grá:ficas :

"05 tremores e terremotos soem acontecer quasi ordinariamente nas costas do mar, e nas ilhas, pela abundancia do humor que o c~ lor do sol soe resolver em vapor. Nas partes aeccae que estão longe do mar, poucas vezes acontece tr~ mer a terra; maS se precedessem a 3 ou 4 annos de eecca, que se quebrasse e se :fendesse a terra, e apoz ellee succedessem outros tantos de agua, e apoz alles se succedessem grandes calmas, logo 8e seguiriam tremores e terremo­tos. "

Saliente-se que, quer Fructuo­BO quer Aristóteles, distinguem os sismos de origem vulcânica dos de origem tect6nica, no entanto 08 seus conhecimentos empíricos nlo eram su:fecientes para os dis­tinguir como dois :fen6menos di:fe­rente s na sua origem e evolução. Hoje em dia mercê dos avanços da sismologia e da vulcanologia em ligação c om os conhecimentos geo­l6gicos apresentam-se como campos independentes da ciência.

Mas o terremoto para Fructuoso não era s6 um simples :fenómeno i­soladO da natureza. Era acima de tudo um meio de que o Deus todo

m~sericordioso se 6erv~a para ca~ tigar o estado de desregramento dos seus ~iéis e a~ertá-lo~ para outros ca~tigo8 maiores que podi­am advir com o JuIzo Fina~. Sodo­ma e Gomorra 1á estavam bem paten tas para o cri.stão menos Avisado-;­menos milenaristn. (34)

Todavia, eSSa constante ameaça (adiada) do ~im do mundo que paira na mente mi1enaris~a pode-se tor­nar num desejo quanno C+',esmo esti ver pre~arado. O Deus não é tão vinga ti vo como parece. A sua mis~ ric6rdia 6 um ponto 1mportante a ter em conta, deste modo deu ao Homem a possibi1idade de antever o seu castigo por meio do si.nais: "Nas todavia como quem el!! tende um pouco a pras o a in~en3a miseric6~ dia de Deos ordenou, que aOti ter~ motos precede5~e 81rnaes que são -­se o mar se 1evanLa sem vento, se as aves andam atordoadas por terra, se a agua dos sahe turva, e final­mente precede um ostrondo C tom do ar, como no se~l1ndo terremo to que contarei, se ouvio d' antes um estrondo pelo mar, como aves que vão voando, e batendo asas; e noa homenS precede vagado da cabeça e debelitação dos membros; para se quer com estes signaes 58 prevej~ e 1hes pese dum mal pas~ado, e e­mendem o porvir. II (3')

O Deus do sác.XVI era todo mi­tiericordioso, e como ta1 dava aO homem a possibilidade de antever os terremotos.

Sê-10-á no séc.XX? E o avanço tecnol6gico para que

serve? Mantám-se actuai s nS pa1avras

de Fructuoeo: "Estes perigos t como os raios, os ventos e 05 trovões, noS dando brados que ve1emos que não sabemos o dia nem a hora, em que os hão-de chamar. Ainda com aS tes perigos e 0\.1 troa mui t.os, que cercam ao homem, não falta quem S8 deite a dormi.r muito descuidado, como fizeram 08 de Vi1la Franca aquella ooi te do tremor, '--lue f'ize­ra eenAo houvera perigo na vida, 8 morreram todo8 os homene morte 8egura, provavelmente .e pode cu~ dar. que amaram a Daoe co~ amor marcenario, e não foram bons de vontade até 08 signaes anteceden­tes , e preparações, que aS mortes naturae8 soem preceder?" (3S)

Contrpondo à ciência e aOS co­nhecimentos do séc.XVI , temos nos tempos que decorrem os avanços (~

CEfrA :.::=,.':':~=.r.

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51.SmO.loe1a e l.1.cano.loC"l.a, ql1e no:-. dão urna explicação satis.fatória do ren6meno . ~oste campo, especi­ficamen le no que concerne ao!'" \Ç2 res temos os os tudos de José ~ o~

tinho , FrederICO Hachado c Victo~ Hurro For jaz (16) .

Com algun~ uado~ e norões de 5ismolo~iFl ronrll1im05 et"ot"a parte de modo a que o lel.. 'tor não .t'ique aper,ado às deduções ranta5io~as e as tenha por verda deiras ,

"A ismo!oPlft é o ramo da eo­física que e s t1.lda o~ movimento s bruscot; na tl.lraj ~ da c ['o os t.a terre:"; tre com o olJ jee t j vo final de i 11 - ­

vestip:ar a estrut.ura do .... 10bo lt ()7J Esta constitulu-~e como, iêncla no séc . XIX, d1'\ndo o~ sellS maio­res avanços na pri meira me tade do nosso século .

Em Portupal es ta ~ure:ill destie muito cedo lIlat.eriallzada noS di­versos süsmóprafos que se lnS ta­laram pelo pais "fora. Sendo OP de des tacar a UIS calação em .l')O~ do~

sism6,"Y'af'os de Ponca DeI :ada e da Horta (s6 runciollou ano e meio), surr,indo mais tarde o de AUl{ra do Heroísmo.

A sismolo~ia aplicaria surge como consequência do terremoto de 1906 em S . Frallcisco , wna vez que foi a partir de en tão que se come çou a ap L iear o mê todo do calculo das estruturas na con::Jtrução urba n!sti ca . -

A ori ,~em do~ sismo::J prende-se com a fracturação da c rOSta e man to terre~tre~, ao enrueamento das camadas , felldilhações, explosões, deflaeração de careas explosivas, bombas at6micas, temporais oceâ­nicos, desmoronamen tos l!' 111 terrã­neo' . .. (Jt\)

De~te mocio o~ slsmos, cOnf'Orme a Sua orll~em, podem ~er dl\!idirto~ em vulcânico~ e tectónico~. ("\9)

A maior parte rios sismo:" que até hOje .. e deram nos Açores são de ori~em tec tÓIlJ ca e devem- se a acidentes tect6tllcO~, ai eXiStell­tes, revelados por f'rac t.ura!:l qtlE! ~e encaminham para a zona or'lrlen­lal de S.Mip:uel . O acidente tect6 nico mais impor tan te do A tlãnt icõ norte é o dorso (Ridpe) , que vai desde a .fossa marinha a Horoes te das Formir,as aO Corvo passando por S.Mi~\lel, Terceira , Graciosa; as:;() ciado a várias .fossas submarinas -e vulcões, Ligando-se a esta rra~ tura temos outras de menores di ­menSõ0 !'t· ,' tI'lA Q'le acompanha a ilha

17

de S . Jorfe lI: . /SE . ) , outra. ql1e a­bran 'e o Faial e Pico (E,/Sc .), (" outras mat~ reduzidaS II/e JJart.em das Sete ('.: ~-dp~. Uln)

;O -A REI Ir !()SI11ADl:: ArORl \\ \

F'ACL AU:> ~ISW)S

O ~i""'lI(J e (, vult'õc.- ~! " er orno lInla ro tal' te 1ft [ln él em • lietoriR ftcOt'lftl tis , d(o UI tJ Jeixaram tr;"I'o~ llldelév,,",ll!'

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do fier , ITIAterializado 'Itro,? Sua proj',uldR reJ 1 1 n..-.. dnde .

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f'rcell e ontllllla a (~Xell'er ru." 1 rl,êlll'ia '1\ i L(, forte nO na.IIJo du

er e pell:-.a. ;' .... OT'lanO, 'e tal mo­I I lIle "a HI'" tór' a do~ -\çOI'e!'i ilHO

podf"o faze! - file !lelll a presellçl d~t!-

,.. e e'llf'nt> "lue lem JJi .. tll i'I 1 ... 1ft mAJOI Olltrl JlIJçao -- t 1-

J'f! fi , \ ,'ela \J. 1 alie ~l~ tu P(o­rt U apHIA-~e 1'1f\~F> llllelr·a,.~ te

eLa, purqllP ,el(,I tleln. tld~cell

nrn ~ln e "'e fle::>envo1veu dI erl d fi e I f\ ." ('11 1

\ reli lHO l1e 1111 modo era1 a , la como modo de viria, O! epçao­!lu f1lUIHlo e riencia c'-pJ i(E\doru de ludo .... o 1'eJlómello", Ja lal rez~l,

e.j'aizamlo a!"l:=.im toda Ima menta­l, dade . Des i e modo a i ,lcrpre ln ­',',lO clerical jo~ fellómeno-!i \'io-l~ 1 tOS da na tllre7.a I! rloml Inl' te lO ... \çOt~e!'l, tendo anlrl. (' t J f'lll ', ­

meu Lal Ila rcac-çno OH porl a Q( aOS ei~rrlO!'3 C vulcões .

i: COl1rra~Lan(e a icleln Jlal'~f' ­C'a e enamc:.orad ü de Peu err. pel'íodos

p rle ~calmia e ~ IIOção e' mplacável t' '\ iolenlo ". mOI." :t Iam I t OSO"5 , ("III llle aJ'f-nu te

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lo ritllal I'ell -io:-;o, por ve/e e­\.<lcerhano, ft\t'e a um arollteClfJtC'­tu mal'cante t~ pavoro:.--o !lll:: P'~(:! tH. a'lsa a jtleut;idade e \'i"~lICliJ hl\-

fIIaoa~ (r omo 1\.<; te/llpe~ tade"', i­!l(O~, 'LC'Õe ... , pe.>:ot.es, ~e'-aS . et ),

01110 t.al , O homem sente-~e ill~c t\­

ro (Ie ~i pr6prio I rna~ e""urfJ fifi

Ilrovidênc ia divina. \ reli iosidade açoriana é no

el tanto mui to pertinente, una vc/ 11 e man têm cer taS manif'es t.aoyóet;

(, Itl1ai~ tradicionais f\lIr6noma~ e

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111

re.Laçao a hlerarqUl..& reli l.Oba,que nos ~ur~em como uma caracteritoci ­ca da mesma . Destacando- ::;e ueste caSo o culto ao Espirito Santo e a!-' súpl i ("as públicas (42) .

O culto do EspIri to Santo li "a­- se de modo e::;pecial aos 7randes flap,elos (fomes , pestes , erupçOe~ vulcânicas , terramotos) que af'l:t ­~em o território insulano, de tal modo fIue "nào há not!cia de a ha1cI ",{slIlico "ia lento ou de erutJção vul rânica Que não venha acompanhada­da menção de preces , de VOtos e promessas colectivas que se f'iLe­ram, muitas das quais perduram em nossos dias!' (4) . Ele 6 ao me BOlO

t.empo mi lagro:.o e vinga tivo (para O~ nào cumpridores do::; VOtOS e prollle:::;sas) (44).

Trazido na :::;ef"Ul1d a metade do :;;éculo X\' para o~ Açores pelo s pOr cu (':'Ue ses , o cul tO do Espiri to San":" lO I te\"e O sen Plaior incremen LO a partir do terramoto de 15~2 em Vi­la Franca (4')).

Em 167:! a Câmara da ;ior ta , f'a ­ce a uma erupção vul.cânica, ternen­cio e1'ei to !:i ca ta!:. t:r6f'icos, tlecidill­- se por uma promes::;a ao Bspíri tO :::ianto . HandhJloo relebrar lodos 05 anOs mis!:ia e ['es ta aO Espiri tO Sal to. Sendo mais tarde sewulada pe-­la Câmara Jo Pico (171~) . ('I(,) .

A persistência da me::;ma f'esea lias aldeias açorianas de"'e-~e à per~istência rio::; f'en6rnenos V11Icâ­nicos e sísmicos na reRüio. A!:isim, nào há mem6ria de erupção ou ::;i~­mo vill.ento em que este nao f'o~se invocado e em que não se lhe pres­tas:se culto especial . Quando re­bentava o f'o~o e a l.ava escorria na cratera do vulcão , levavam as coroa~ do Esplrito Santo ao local e aí fazia.m votos".(47) Tal acon­teceu em 1761 com a erupção na s Serra rle Sa.n ta Oárbara (Terceira),

elll ql1~ se loolocou a coroa do Esp{ ­ri to Sún la do Ou tej ro num estra­do de madeira no sopti da montanJla evitando (7) a~::;jm a de~trlliçâo ' de alguma~ povoações. O fIIesmo su­cedeu em caso~ ~emelhante::-, no Faia] t Pico e S. Jor~e.~esta ~l­tima, race à erupção de 1808,em que a coroa do império d ú Vila nas Velas evi tau (1) maiores da-

1105(48). Outra particularidade da reli ­

{"iosidade açoriana é sem (ilívida a elevação e :res tas do Senhor San to Cri~~ot particularmente em S . Mi-

!leI . A It ~tOI I:t l l~, e 'I(JnIU

e "'e \'enera\A , (Hl\(o fv li t E~

f'IO'rança dns f'relrds !AI'IS5a~ em Palita lIelrarl<1, é-IIO:-> lad I 'J(II I, rei \go~tinho de \1011tAlverflt-' ('(I) ,li ­ando-a ao ~ismo de 11)<") enl \ 11Ft.

}- rflllca . "O 1II1("aelen~e enrOI! t 1 A. 118 de­

,oção à. imap,'em do ~aJlto E!"Ipiri t.o I S111te ... e espe('{f'ica e- fi (·q]rninâll l-ia mÁ'\imn on "IlIn rel1 no ~"fjj la-

ie so1rl.ntf>t' r' e 'pr"'~ 1 f:mur f~ pOllril e~pera 13..le 11ra"F.l"':--r~r l'I !'OlA t'ondiçao }lIma"o-~o("lal"{')Ol . \ vivênCIa nas 1e tns lo -'i-tlllo E~ p'rllO ::t til! '"e (I

"1 III" , 11111::1 I'I~

t!1 mÁ xl r O P.1!1

lhA. iria I 1111-

11ft JlP. 0:-- ... ~r'ltJ (' V r'\e "\0

e' ta I l , 1'\ ~ 1 Je\ I -t e'"'pallo­-se POI rod {I a ro qulppla I, el1-

LI! o recllr:'>o 11ft J1r'plIla (')eo;; ,l1a" upl ,'l~ UI) t J te ~f) orl t;!1I-

do-~e B ele ,"\!"I ['OPII1Ft (le 1, (11m 1errpirR, na r e r!ll fi. e 1 I' .. ], orlll~ ".,(-> 1'1:' Inl &f)

no riia I] de 11\ ... to pm li

... war.-em rio Sen}lor ~a t 5 t "'l.

~liser1,..6rdia. () !lIe 1110 e "1.11 () Piro P em S. Tor""e (')1).

11m do ft.:-ipe( l()!i n"9]'" R.t·"l.r~ 1 e­

rístico~ da reli 1o:;:ld~de a )Joia ­rtA tie ílHlole pOplJ \ ar E"ITI fa.('e (los ..,. ... mo~ p ,"1dcóe~tá sem -:'~lda a~

romarl a~ 11lar~~I!IA 1 5 tt ,",r ,lO 1 §!';ôe!'

de ro roçOU'"!. \~ PT'llllPilft'S t"IVf'ram

'ripem no tf'rrall1l'1to le ],'!", I'le le~trllill VilA. l-'rall'8 t' 'jutivEt­ram-~e na pré.i fi 1110tl1 anil "l

!,\,pllla\A.o de toda:1 '-h"i. t a ar-a.ndo-~e à:-o 011 era e cI

I 10"'0, A sua :JrÁ tlca df",r@_ A ~(' (0;:\0 do fr~de r]Qminif'al ti e"'p', It101-Frei J\lorl.<';O de 1"Olerlo \l"!til 1tl'-ra exortaI! fi. popu]aca H li

oll'-irruir urna ~rmida ,.. Ro~ri.rio . " fez laml,ém o ri

r 1. 10 re a-

'!Or um ,"o ro R todQ~ df' r P. e .. -ra cat-tf\ do Hosár I o el1l pr r .. forltll as 1j11arras-t°f;j 1 rA.", di "'-aloem I1ma fIIl~Sa que AU eu II\'(

fo de 1j\le Jlá conlrat'1.a en

tb",quelFl 'lUAr I J.-1"el 'ft Ir lndo Ati procis OA ri de lIladru ':8rla, o q e

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t E' -.... "'mprej ma ... Ip po I () t, pAr"te, por al l1111A Ilt>S ta~ raz6es, já ,.. ICI-a~ ('AdA Ano dp !lA

11hn"( ')",.

111 t a I-< ho =lrnlll,I'f\7Cn ­AO todA Fl

Como fiO ta FTllC IUO"O, I P.l iodo qlle derorre entre l-I .! P. 1l)HI foi mui.to ('atAsrr6fi o e pjv"do d{' r"-r1Ipr,-Oe,", t! I I t;!;,tloree de tP. .. ·..-

CE A =-::=:

Page 15: 1980-sismosaçores

cacandú- se o ano de ~56J em que o,desespero das populações atin ­g~u o s~u a~pe com manifesta çõ e s proceSS10na~s e d e pen itência i ­n1nterrupta s pelos t emplos maria­nas de toda a ilha . No tempo em 9ue escrevia aS Sa ud ade s d a Terra (1586- 1590) vivia- se um Período de acalmia , jus tif'icando - se assim a atenuação e transformação de tal numa prece anual colectiva q que se manteve até à ae t..ualidade .

Ainda hoje O~ romeiros , duran­te a semana da Quaresma , percor­rem os cerca de 92 templos d a i ­lha de culto mariano com preces colectivas ao longo do percur so e no~ templos . Estes detêm uma determinada orgânica de p-rupo , des tacando - se o mestre , o guia e 0-

procurador das allllA.s . Das orações cantadas merece destaque a plan­gente Ave- Maria dos romeiros (5J) o

Toda~ estas mani~estações reli eio~as de indole popular e outra; q~e não referenciamos têm , como v~mos, orieem na constância do~ f'en6mello~ sísmicos e V'\.llcânicos e são a expressão mais caual da mentalidade e rel igiosidade do po­vo açoriano o

110 abalo sísmico provoc a no homem e at~ nos animais uma im­pre~são de incerte za e dúv ida um • sobressalto constante q u e deixa pr ofundos sulcos no s eu mo ral"­(54) 0 A :azão d e t al deve- se , ~ e­e:undo CU11he r mp. Humbold t , não à permanência da i mag e m d a catástr o fe , mas sim "à pe r d a da nOSs a co;; fiança inata na esta bi l idad e do -solo . Desde a nOSSa inrância ha­bituámo- nos ao contra s t e e ntre a mobilidade da áe;ua e a imObilida­de da terra . Há um pod er d e sconhe cido até então que se r evela de -r epen te; a calma da natureza era apenas uma ilusão e sentimo- nos violen tamen te arreme SS a dos para o CaOS da::. "forças des t r u ti vas . En­tão, cada ru{do , cada sopro de vento, excita. a nossa atenção . des conf'iamo:-:; ~obretudo do chão o~de­pomos O ~ pés . O::. ani mais ,princi pal mente os porcos e os cãe s , expe-­r imentam ip,ual angústia , .. '! (53) o

Ao as tudar- se um dia a me n ta ­lidade e a relie10sidade do povo açori~no deverá t e r - se em co n ta a tópica sismológica .

A açorianida d e a existir e a derinir- se não ficará pelo mero a specto autonomis ta (e a u tó c ton e ) de limitando- se do c o n texto naeiE

19

naI , mas !lJ..ffi IJela j..Jl'VCUJ"8 ...to:, e ­lemenLos ~arar ler{stieo::; oriri ­nados por um dJ. ferente evoluir do proceH::;O llJ~t6rico local . Aí terá um lur:ar de des taque a constante ~l:':.'1mo16, ica .

O mar move-se, a terra tr e me -- onde enCOtltrar a estabilida­de? o • •

Na relif'iào, na éoism(llo~ia a ­plicaàt'<

11 - n )\ f'(II<(,;.\ DA TEMA

A F'OHÇ'\ 11ft CE !\1'E "

Será a al'l '\'ldade sl!::imica lima ratal1rlad~ lia VIda açoriana?

~sta e outr~B questões que podem sur Ir, dada a impor tânci.a que a~Sl1ll1eOl, ,no podem 5er me­nosprezadal"'o

Ponelo de parte loda a expIil°-ª ção arieLt{fi"Fl rio fellómeno , o seu vi s i 011A. ri S/IIO l1ilenar is ta, len taremo:-- demolis t rru que os :j 1-rllOs I1RO :--ão l l1HO fatalidade do IUO tl rtiano <lf"orinJ1o o Sê - lo- ão se

aS a\lt.orirlíl"e~ não comarem medi­das l'apa;(e~ deu trO duma polí tica sismol6C'ir'a através duma preven­ção das rri~es ~ísmiras e da cons trução anti-:'dHrnica. -

O homem 6 :i ncapaz de re ter ou pôr cobro aOS si~mo5 , maS tem a possibilidade de minorar os seus efeitos por meio duma constr ução 8nti - sf:-'>mica. e 'Ima pos~ibiJida­de de os prever. ~este aSpecto merecem rle:j taClue o::> es cudos de al~s estudiosos açorianos , que me rcê de razões de vária ordem nunca ti v'-eram lima ap I i cação p r á ­tica o

t funçao da ...;,i:;'1II010 j la apli ­cada o e~'llld() do "''110 para ullla "on5~t"['I p.nte Iplimi ta(,'ào da~ á ­reas sísmi{'él~, onde se t,.orne ne rec:;sária lima prevençâo.Ao rnesmõ tempo e~:--.e traloFllho paS::.a por 2

ma ('on~" 1 ~IlC ta II L:F\çao ua::> (Jvpll­

lações t!~s árcil s a!}rfln jrlas , pon­dn- :,\" perante n perl ~o que cor­rem e a.s pO~:-'lhlJidA..cte.!S que a e,!!. t;.enharia,dls p Õe para as minorar lj6) . PO.lS ('orno afirma Cappell e t­ti , ti os eu '~rlhel.r()s, (~OIlS truto­res e arquitectios , desde que o queirar.1 , têm poder para elimina r os terramotos da lista das cala­midades humanas" (57).

O ReF,111amento Geral das Edi -

Page 16: 1980-sismosaçores

20

~icaçõe~ UroanaS no ar~ico 1J4 diz: uNas zonas 5ujei tas a s ismo s vio~en tos deverão s er :rixadas CO~

dições res tritivaS especiais para as edi:f'icações, ajustadas à máxi­ma violência provável dos abalos e incidindo especialmente sobre a altura máx i ma permitida para

as edi:ficações, a estrutura des­tes e a conti t"ltição dos seuS ele­mentos, aS sobrecar g a s adicionaiS que se devem considerar , os valo­res dos coeficientes adicionais que se devem considerar, os va­lores dos coe:ficiente s de segu­rança, e a continuidade e homo­geneidade dos terrenos da I'unda­ção " (58) .

Até quando esperaremos pela sua aplicação generalizada?

~o campo da delimi tação das ZOnas sísmicas dos Açores, ~ão importantes os estudo5 de ,José Ae;o::; tinho , em ,eral , e em jJar t 1-

cul.ar para a Ilha Terce ira (50) , de F. Machado para o Faial e Pl­co (60} e de A. ~endoça Dia::; pa­ra S . Miguel (61) .

Pela importância que assume, transcrevemos aqlli as conclusões de José Agostinho quanto às zona'" sísmicas , es'perando que o GAR não aS ponha de parte no plano de re­construção que ora esboçou .

Zonas de r i::;co sismico noS A­çores por orcem dec res c en t e:

"a) zona::; sujeita s a sísmos de oriv,em tect6nica de grand e in­tensidade (grande em relação ao que se passa nos Açores, diminu­ta ou moderada pelo menoS em re­lação aOS grandes sismo s mund i ­ais) :

- parte oriental da Tercei­ra (re~ião da Praia-Laje$­Vila ~ova) : -metade orJ.enta~ ,Ja ilha de S. Jorge (zona da Ca-lheta);

- parte oriental da ilha do Faial (cidade da Horta e povoações dos arredores até à Ribeirinha e tialão);

1,) zonas sujej tas a aualos f;{smicos violentos mas de área reduzida em cada caso , devidos pOI ventura a ajustamentos na es tru­rura rlos vulcões em decadência:

- parte central da Tercei­Ta, incluindo a cidade de Angra;

- Graciosa lespec~almente Luz e Praia , isto " a zo­na em vol ta da Caldeira) .

c) zona sujeita a aba~os de origem fora da ilha maS que a tin­

em certa violência dentro da i ­lha:

- Santa Haria (em toda a ilha) .

d) zona s sujeitas a paroxis ­mos denunciadores de actividade latente nos \~lcõ e s ainda activos do arqnipéla{"O:

toda a ilha de S . Mi e ue1 le~pecialmente a área das Set e ('idades e arredores) <'001 excepçào da parte ori ­en t.al ref'erida na alínea a)

- a perLe ocident.al da Ter­cei ra, em volta do vu~cão de SalltÕ't Bárbara ; - a par~e ocidenta~ de S . .Jor -e, especi.almente a re­r,-ião das VeLas e Urzelina ; - TOd&. a área d a ilha do Pico excepto a zona orien­tal (P;edad e) ; - a parte ocidental d o Faial (Capelo e Praia do Norte até aoS Cedros) .

e) ilhas onde não parece ne­c- essário adoptar rnedLdas anti- s{~ mJ.ca::; :

_ FloreR e Corvo. 11 (62)

Quanto à p reVi sibilidade dos s~smo s pouco temos a referenciar , Jlna vez que os avanços , até ao

fIIomento , ne:"l::.e campo são ainda prec~r~ a~ . No entanto. SA lientA­mos o estudo de r . Mac hado , AlguJl:' A:;'pec tOS soare .!'!: Si:.mi cid ade ~ Açores t e a sua conc lusão : "Pre­ver ~ j smo::> em de terminado s anos, OLl ffie:imO em determinados mese s , é

um ere i LO elluivale lt te a prever ,(un tempO 110 verão e mal I tempo 110

i nverrlo" (63) .

I' . :;:' .: ,\Ullla próxima 01'r, I "ldc

teremos oca~ião de traLar a relação dos sismos com a degradação do pa­Lrim6nj o art::í::" tico-cul tural aço­riano . tí I;eremo~ oportunidade de verificar que nem 56 aOS sismos 5e deve essa degradação , nem um sismo das proporções deste ( 1980) é capaz de destruir " 5 séculos ~~ hist6ria" . ~

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'/lbm.,rl/I'" r' IJI,,. /1111 'rltlllfllIl" /I /n 'I'" lU .. ru/,! ,i,. ... ,/ "t" ,11/ Ilh .. " ," .. fi '1"'f"'"'1I .1111" 11.\ I Ir.-. ,/".w " brlll// fi 11.\.\/1'''/11111 <I.' 1'111< ,i"" IIlIwllm" , UI' drrrlJnu/"

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l., ,'"11",, 11""/'''''' lU r~/UI. 11"1,, ",I", 1/ rrll~- ~ ,".111 .•.

notas .,

(1) Jos~ A~ostinoo, ~I p.89

(2) Dest.e modo nao hã razao para a a[ rmaç}. dE! José AgostinhCl : "Santa Maria te~ gozddo lambem fama d~ nao so r~r )alos de terra, ~mbora a expe rlen­tia recent~ tenha demonstrado qUl os ala violentos abalo~ que se dão em S . \figu!!l, sào também ali s~nti os €"i int~nsidade." (op . cit ., p.89)

O) Cap. 72, X', b, Vol. I, pp. 3.8-3)

(4) Vlde Joaquin Cândido Abranch~s. Album lcaelense , Ponta Delgada ,1869. r descabida de fundamento a posi~~~ Jose Hermano Saraiva ao pretender aiirmar qu~ a origem do Monte Hrasil SI! d~ve a uma ~rupção que ai se deu quando do r~conhecimento da Ilha r~rc~ird . pois , segundo F. José Costa , a sua origem ~ muito posterior e d~v~-s~ simplesmente ao facto de o dito sí­tio ser pertença de Estêvão Silveira qu~ fizera (ar tuna no Brasil para com pra-lo. Saliente-se, no entanto, que já em lj07 a ca rta de Valentim Fe r nan de~ referencia o nome o brassill. -

21

Page 18: 1980-sismosaçores

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(5) Idem, lbldem, p . 91.

(6) N9 6, VaJ. t , pp.360- 1.67

(7) Livro IV, cap. 84 , n~ b, vol . l, pp. 458-465; cap . 87 ~ 89, nQ 6, vol. II , pp. 65-93 e 172-165-.-

(8) Gaspar Fructuoso, ibidem. r.ap. 89, nQ 6 , vol. II, p.86

(9) G\spar Fructuoso, ibidem, cap. 34, n'. b, vol . tI, pp . 188-190 ; e ai nda o jornal "Jorgense", n9 21 , de 15 de Agosto de 1872 . in ibidem , pp.190- l 92

(10) Cito in ~~ 6, vol. II. pp. 536-541

(II) N9 6, vai. III , pp. 340- 344

(12) ~ç b, vaI . III, pp. 344- 351 e 426-434; \ide carta pp. 350- 351 e SüU defe­rimento no vol. I, pp . j27-S47

(lJ) ~9 6, '01. IV, pp.362-365

(14) N9 lO, pp . b2- !65; ~ Ilídio SarrJ Ira. "O Vule1v do~ Captdinhos " ln An to-logia ria Terra Portugu~sa - Açar-..: Ll boa, lQ6~. pp. '1!.-219

(15) .. 9 ~, vol I , pp. , 0-27;

( lf;) ~, pp.27 -28) • 181-)h6

(l7) t\":' 6, V(ll. lI, p.279

(lti ) ~? 6, \101 • I , pp . 260-282

(19) lbidem. pp. 381-366

(20) N9 6. VO L. J, pp.462-480

(21) ~Q 6, vol. V, pp . 462-463

(22) ibidem, pp. ,+1)-4'0

;;'ji!, . , .. (~3) ... bidem, pp . 465-468

(24 ) ibidem, OP. 469-474

(25) Vide alvara da criaçao da COffilSSnO ln lbidem, pp . 477-478

(2b) ibidem, p .... ,:..

(2 7) Ediçao de 19J~. pp. 322-339

(2S, vide 0$ volumes I a XII

(29) N. ,

(10) ~~_ ..

(jl) Vide neste aso o estudo de F . .... i1cn~l!o. ~9 12

o:!) .Q. Paço do Nilhafre, Coimbra, 1924. pp. l.ll-16b

(33) SauLlades ~T~, li\' . I\' • PU!) L .luO in N9 b. vol. I. pp. j", ... ~;2

(34) o ~ilenarismo ê uma seita religiosa que surge com grande ev idência no culo X na ~ristandade ocidental, anunciando o fim do mundo para o ano \'eicula uma visão aterrorizadora do fim do mundo .

se­mil.

Page 19: 1980-sismosaçores

OSI Saudad4;s da r~rr3. 1 LV . IV, publicld in :';V 6 , voI. I , pp. '\ .. 5-JS.:

1)6) O levanta.menuJ blblio&rãfico dL!:> .studos cit:'nlÍticob en qtll.:~ldO poul:.'m ser vi tos em ~atãlogo5 feitos nos S~ .oces estudos:

• J . S. Brasao FélrinhlJ ," Lista Bibll.ogratica" in ~últ![lrr. oa tJrdt.:m do:; Enge­nh(dros, valo IV , ~h ... móri3 nQ 110 , Lisboil 19;5

• Anolôçoes de JanO Afonso in ~9 12. pp. 9l-102

(37) "Si rl

1 gi'9 t;:

1 Por J di" in Bolellr 08 0rd~m

sboa 195,

38) r. M,1rh.ldn, ~...!.Q. pp.21-2i.

(39) ld~f\ I ib i :ien,

(40) JOSto Agust in~1 , \\:,..! Pi) • 1

<>, ngen I

(41) C r el·O CIl COSld."Rtdigi~)sidaol:: o Povv Aç<JrLano acra cs dO st'IJ fI.)lc1ore" 1."' l VI" a 1 Serana de ESlUd 5..t)nl~. Ponta a.l la;! , 19b':' , p . 75 testa opini:w. embora-ui tl hl 1. aSi!. gu.lndll bl; .1. 1 s.lda (·spclha o qUl pret-el1dl'mos at ll"mar.)

(4 ) vide Anu",aç . dI.: JUdO Alonso. n .. dl' Carreir 18 ':OSt3 "~s FÍ!st~ U ~. vaI. XIJ!. 197 . pp. 'l-Cõ. ...

pp. lJ~-lO)i c~

SP:Cll' Sdnll~ 'tl'

pcci 11 tI o:'studo A ~Mt'S" Ln lnsula-

(43) Luís Ribeiro. ~(I 15. p. 2~

([.'" Multos desst!s i lagres SilO dauus pt,r Fn l Agostinho c ~ont Atvt!rn\: na~

Crónicas da Provinda de ~. Joao Evangt!.lsta dC's Açores, PontOJ (j._lgaoJ3, 1960/2, 3 vaIs .

(4\) Vide Frederico Lopes."~emória sobrt' as Festas do Espirita Terceira. dos Açores " in Boletim do Instituto Histórico ~, vol. 1\ ,1957, pp. 94-163

San t o na Ilha da Ilha Tercei ----

(46) Para o estudo do mesmo sobre o Fai3 Vl 'Iarc~lino Lima, .\nais do Municí-..e....!.E. da Horta . Famalicão, 19~O. pp . .:.ts -,0 (sobr~ a~ restas do7s pirito 5.10tO) t' pp. 648-659 (sobre os SlSClOS); para:) Pico, "idto: Gabei, J d ' AI ­meiaa . tastos Açor~anos . p. ~0

(47) - R' b' 'o 15 '9 L~lG 1 elro, _,_, ___ , p.~

(48) ~ot -se que Bt) Luermos ~sta IflrmdçaO dadt! ã ..inha de p~nsam.:-nto em l.:ilU:;il. Dl \t'e~cidadç de ta~.

\4q) Op. C1L

('O) \.~{'tan( J~ld,j3o Serpa. ~~I 16. p. S4

• !'I\' 1-;, fi. l"! (Vidt! " ass nt .... pp. 102-10

mOl

Jd a s da T 'reir •

rru,(Livro .I\') Ponl 0(· rC'fl1.3 r I .IS q u:\ re sma is n

XV, 195ó, pp. 9 -98

cnas pretendt!mQs '!!dnlel d iídeli ­lodl' al~um prett'ndt!Olos r.h tt.'IHJo:'r a

oe.

9.2b, p. 1.4,

S. '11 'Ito' I .. .ll. PI'I 1:.rnt·sto

11 lnsuLII1<1 , vol.

-)) \lí.uc anot.açot=s de .JUdO I-\tonso . N(.' ..!...:.' pp. IOl-lfJ~

-4) i. Ri)ciro, ~, p. 2'

')~) b.i.defTt. p. 25

(,6) \:Ç" j, p . J2

()7) Ibidem, p.l

23

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\ ,)8) Ibidem . p . j ; F . Machado , NQ lO , taz r~ferencia ao k.egui.amenco .1~ ~egu­rança das Cons truções co~os sismos in Diário do Governo , 1958,de­cre t a nQ 41 . 658 e o Regulamento de Solicitaçao em~dificios e Pontes. Di ário do Governo , de 1961 • Decreto N9 44.041 .

(59 )

(60) N9 12

lol) N9 8

(62) 1'19 2

(63, . 18

POl'menop de wn desenhO do artista holandês De 81"Uy, do final do séc. XVl,repre­sentando as consequências dum tremor de terra ocorrido em S. ~guel nessa epoea.

(Reproàuzido in"Açol'BS""n9 10055, Jan/80)

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• N9 ) - "S i smo l ogia. Bn\€ in Açor ean • AnjO!;

nOIj es para os nao 10i lldos" reroístn4., 19t1-t

• SQ 4 "Tectón i ca . SI srole i " . çor,",~ ln ~ r 11

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rupsol!s d o Lisboa, 18

ade, vulcanismo das llla", AI,\g"a ao Ht'roísmo. ,9j

d li (rc \J

nL cllÍl,)S na

5 819

i \ h.is

os A-

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hav Id~ no mundo_. _ , s e t , 1

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<:Ibr ... -4-

Serpa, Caetano Valad ão : _ N9 16 - A 2cnte dos Açore~, Lisboa lr;78

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