2.-guillermo_orozco. o telespectador diante da televisão

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  Vo lume 5 - Nº 1 - 1º se m. 2005 Comunicação: teorias e metodologias Guillermo Orozco Gómez 2 Universidade de Guadalajara – México [email protected] O telespectador frente à televisão. Uma exploração do processo de recepção televisiv a 1 T he audience before the screen. Exploring the process of TV reception. Resumo O objetivo destas páginas é realizar uma exploração do longo, complexo e muitas vezes contraditório processo de recepção televisiva, apontando alguns elementos e relações fundamentais que permitam descrever um terreno de múltiplas mediações  particulares, que tem constituído meu objeto de estudo durante vários anos e, a partir dos quais, tenho delimitado grande  parte da conceitu ação do processo de recepç ão televisiva que aqu i se discute.  Palavras-chave: recepção, mediação, televisão e audiência.  Abstract This text aims at exploring the wide, complex and many times contradictory process of TV reception, pointing out some fundamental elements and relations, which allow us to describe an area of multiple specic mediations that have constituted my subject of study  for seve ral y ears , fro m wh ich I ha ve b een ren ing most of t he c once ptu aliz atio n of the rece pti on p roce ss h erei n di scu ssed .  Key words: reception, mediation, television, audience. Resumem El objeto de estas páginas es realizar uma exploración del largo, complejo y muchas veces contradictório proceso de recepción televisiva, apuntaland o algunos elementos y relaciones fundamentales que permitam describir um terreno de múltiples mediaci ones particulares, que han constituído mi objeto de estúdio durante vários años y a partir de los cuales he ido anando gran parte de la conceptuación del proceso de recepción tele visiva que se discute aquí.  Palabras clave: recepción, mediación, televisión y audiência. 1  O artigo La audi encia frent e a la pa ntall a. Una e xpora cion d el pro ceso d e rec epcio n tele visiv a foi publicado na revista  Dia-l ogos de la comun icaci ón, da Federação Latinoamericana de Faculdades de Comunicação Social – FELAFACS. O autor autorizou a tradução e publicação em português. Tradução: Talita Borelli Gomes Teixeira, Gabriela Aurazo Watson e Carmen S. Aurazo de Watson. Revisão técnica: Antón Castro Míguez.  2  O autor i ntegra o Observatório Ibero-americano de Ficção Televisiva – OBITEL –, grupo de pesquisa que r eúne prossionais de nove países para o estudo da produção, circulação e consumo da cção televisiva. Em novembro de 2005 os pesquisadores do OBITEL apresentaram suas pesquisas no Seminário T elenovela: Pesquisa e Produção, organizado pelo NPTN – Núcleo de Pesquisa de Telenovela – da ECA-USP, sob a coordenação de Maria Immacolata Vassallo de Lopes.

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  Volume 5 - Nº 1 - 1º sem. 2005

Comunicação: teorias e metodologias

Guillermo Orozco Gómez2

Universidade de Guadalajara – Mé[email protected] 

O telespectador frente à televisão.Uma exploração do processo

de recepção televisiva1

The audience before the screen.Exploring the process of TV reception.

Resumo

O objetivo destas páginas é realizar uma exploração do longo, complexo e muitas vezes contraditório processo de recepçãotelevisiva, apontando alguns elementos e relações fundamentais que permitam descrever um terreno de múltiplas mediações particulares, que tem constituído meu objeto de estudo durante vários anos e, a partir dos quais, tenho delimitado grande parte da conceituação do processo de recepção televisiva que aqui se discute.

 Palavras-chave: recepção, mediação, televisão e audiência.

 Abstract

This text aims at exploring the wide, complex and many times contradictory process of TV reception, pointing out some fundamental elements and relations, which allow us to describe an area of multiple specific mediations that have constituted my subject of study  for several years, from which I have been refining most of the conceptualization of the reception process herein discussed.

 Key words: reception, mediation, television, audience.

Resumem

El objeto de estas páginas es realizar uma exploración del largo, complejo y muchas veces contradictório proceso derecepción televisiva, apuntalando algunos elementos y relaciones fundamentales que permitam describir um terreno demúltiples mediaciones particulares, que han constituído mi objeto de estúdio durante vários años y a partir de los cualeshe ido afinando gran parte de la conceptuación del proceso de recepción televisiva que se discute aquí.

 Palabras clave: recepción, mediación, televisión y audiência.

1 O artigo La audiencia frente a la pantalla. Una exporacion del proceso de recepcion televisiva foi publicado na revista Dia-logos de la comunicación, da Federação Latinoamericana de Faculdades de Comunicação Social – FELAFACS. O autor autorizou a tradução e publicação em português. Tradução: Talita Borelli Gomes Teixeira, Gabriela Aurazo Watson e CarmenS. Aurazo de Watson. Revisão técnica: Antón Castro Míguez.2

O autor integra o Observatório Ibero-americano de Ficção Televisiva – OBITEL –, grupo de pesquisa que reúne profissionaisde nove países para o estudo da produção, circulação e consumo da ficção televisiva. Em novembro de 2005 os pesquisadoresdo OBITEL apresentaram suas pesquisas no Seminário Telenovela: Pesquisa e Produção, organizado pelo NPTN – Núcleo dePesquisa de Telenovela – da ECA-USP, sob a coordenação de Maria Immacolata Vassallo de Lopes.

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O telespectador frente à televisão

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3 Jesús Martín-Barbero. De los medios a las media-ciones: comunicación, cultura y hegemonía; JesúsMartín-Barbero. “Matrices culturales de la teleno-vela”. In: Revista Culturas Contemporáneas; JorgeGonzaléz. “Los frentes culturales: culturas, mapas,

 poderes y luchas por las definiciones legítimas de lossentidos sociales de la vida”. In:  Revista CulturasContemporáneas.4 Klaus Bhrun Jensen. “Qualitative audience research:towards an integrative approach to reception”. In:Critical Studies in Mass Comunication; GuillermoOrozco. “La mediación en juego: TV cultura y audien-

cia”. In: Cuadernos de Comunicación y Sociedad .5 Para ampliar o espectro das diferentes correntesteórico-metodológicas do estudo sobre os telespecta-dores, recomenda-se o trabalho de Jensen e Rosengren(1990) “Five Traditions in Search of the Audience” e o de Curran (1990) “The New Revisionism in MassCommunication Research: A Reappraisal”, ambos pu-blicados no número especial do  European Journal of Communication: Communications Research in Europe:the State of the Art .

6 Guillermo Orozco. “El niño como televidente no nace, sehace”. In: Guillermo Orozco; Mercedes Charles. Educación

 para la recepción: hacia una lectura crítica de los medios.

exploração do longo, complexo e muitasvezes contraditório processo de recepçãotelevisiva, apontando alguns elementos erelações fundamentais que permitam des-crever um terreno de múltiplas mediações

particulares, que tem constituído meuobjeto de estudo durante vários anos e, apartir dos quais, tenho delimitado grandeparte da conceituação do processo de re-cepção televisiva que aqui se discute.

 A constituição dopúblico telespectador

Assumir o telespectador como sujeito– e não só como objeto – frente à TV su-

põe, em primeiro lugar, entendê-lo comoum ente em situação e, portanto, condi-cionado individual e coletivamente, que“se vai constituindo” como tal de muitasmaneiras e se vai também diferenciandocomo resultado da sua particular intera-ção com a TV e, sobretudo, das diferentesmediações que entram em jogo no processode recepção. É nesse sentido que o públicoda TV não nasce, mas se faz6. O reconhe-cimento de que não há uma só maneira de

nquanto a preocupação científica esocial com relação à influência datelevisão sobre o telespectador tem

sido constante desde sua inserção na so-

ciedade ao redor dos anos 50, as perguntasque surgiram a partir dessa questão têmsido muito diversas, conformando camposdiferentes de estudo.

Durante várias décadas, uma perguntapredominante entre os pesquisadores dacomunicação tem sido: O que a TV faz como telespectador? Essa pergunta, formuladadentro do modelo “Efeitos dos Meios”,procurou precisamente indagar sobre osefeitos da TV, tanto para potencializar os

negativos, (ex. área de tec-nologia educativa) comopara desmascarar seu im-pacto negativo (pesquisa/abordagem crítica).

 O que faz o telespec-tador com a TV? tem sidoa pergunta que prevalecena pesquisa inspirada nomodelo de “Usos e Grati-

ficações” e, mais recente-mente, em estudos dentroda corrente latino-ameri-cana de “Uso Social” dosmeios3. Quase sempre,

tanto a primeira pergunta como esta últimarepresentam duas faces da mesma moeda.

Quando a pergunta se converte em: Comose realiza a interação entre TV e telespec-tador? , o que se coloca em jogo é o próprioprocesso da recepção televisiva e junto a ele, e

a partir daí, a TV e o telespectador. O “enfoqueintegral da audiência”4 que retoma aspectosdos modelos anteriores, e também de outrascorrentes teóricas como a dos “Estudos Cul-turais” e a da “Análise de Textos”, é a pers-pectiva dentro da qual se esboça a perguntaque serve de ponto de partida para as análisesda recepção na pesquisa sobre a TV.5

Dentro dessa perspectiva integral, oobjetivo destas páginas é realizar uma

E

Definindo a perspectiva

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  Volume 5 - Nº 1 - 1º sem. 2005

Guillermo Orozco Gómez

7 Guillermo Orozco; Mercedes Charles. Op. cit.8 Guillermo Orozco. Televisión y produción de signifi-cados.

10 Stuart Hall. Culture, society and the media.

se “fazer telespectadores” é precisamenteo que originou “batalhas televisivas” paraconquistar audiência, mas ao mesmo tem-po é também o que permite pensar em suaeducação crítica para a recepção7.

 A televisão frente aotelespectador

A própria TV tem uma influênciaimportante na constituição particular dotelespectador. Para entender essa influên-cia, tem-se que partir do fato de que a TVé ao mesmo tempo um meio técnico deprodução e transmissão de informação euma instituição social produtora de sig-

nificados, definida historicamente comotal e condicionada política, econômicae culturalmente. Essa dualidade da TVconfere à mesma um caráter especial e adistingue de outras instituições sociais,ao mesmo tempo em que lhe dá certosrecursos para aumentar seu poder le-gitimador em relação ao telespectador.A diferença de enfoques empiristas emque o que importa é a TV como meio, noenfoque integral da recepção a dimensãodupla da TV se assume como um todoinseparável na interação com o públicotelespectador.

 A Mediação Videotecnológica

A TV como meio técnico de informaçãopossui um alto grau de representaciona-lismo, produto de suas possibilidades

eletrônicas para apropriação e transmis-são dos seus conteúdos. Essa qualidadede representação, além de permitir uma“reprodução” da realidade de maneirafidedigna, permite ao meio televisivo“provocar” uma série de reações na suaaudiência, algumas de caráter estritamenteracional, mas outras fundamentalmenteemotivas. No entanto, o tipo de provo-cação depende, em última instância, domanejo que os produtores e as emissoras

fazem da representação, mais do que orepresentacionalismo em si mesmo. É aquionde a institucionalidade televisiva temum papel determinante8.

De acordo com Raymond Williams, é

possível afirmar que as qualidades e re-cursos técnicos da TV estão culturalmentedeterminados, pelo qual, mais que qua-lidades meramente técnicas, são formasculturais a partir das quais se realizamassociações e “efeitos” específicos na lin-guagem televisiva, tendo como resultadoum discurso eletrônico particular.

A linguagem televisiva, audiovisualem sua essência, tem a característica deser fundamentalmente denotativa. Seu

alto grau de denotação (vs. conotação)permite que o código utilizado na suaestruturação dificilmente seja percebidopelo telespectador. Como assegura Hall10,o código da linguagem televisiva, ao con-trário dos códigos de outras linguagens,por exemplo, o escrito, possui uma basematerial muito universalizada, na qual os“vestígios” da sua particular codificaçãoparecem diluir-se. Não obstante – enfatizaHall – toda linguagem, por mais naturalque pareça, incorpora um código que éproduto de um critério e de uma orientaçãodeterminados.

A denotação permite que a linguagemtelevisiva possua, por sua vez, um altograu de veracidade. A TV, portanto, nãotem somente a capacidade técnica de re-presentar o acontecer social, mas tambémde fazê-lo verossímil, verdadeiro para ostelespectadores. E é precisamente essa

combinação de possibilidades técnicas domeio televisivo que permite naturalizarseu discurso “ante os próprios olhos” dopúblico telespectador. Outros meios deinformação e outras instituições sociaispara alcançar a naturalização dos seus

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O telespectador frente à televisão

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11 Robert White. “Mass Comunication and Culture:Transition to a New Paradigm”. In:  Jornal of Comu-

 nication.12 Molina González. “Ser periodista en Televisa: unaencrucijada de valores noticiosos”. In: Revista Umbral 

 XXI .13 Armand Mattelart; M. Matterlart.  Pensar sobre los

 medios; Mabel Piccini. “Lectura y escuela: entre lasmemorias tradicionales y las memorias electrónicas. In:Seminário Consumo Cultural en México.14 Enrique Sánchez Ruíz. “Televisión y representaciones

 políticas de escolares tapatíos”. In: Cuadernos de Comu- nicación y Sociedad .15 John Fiske. Television Culture.

discursos têm de recorrer a outros tiposde referentes. À TV basta colocar seu te-lespectador em frente à tela, para colocá-lo(aparentemente) frente à realidade.

Igual a outras instituições sociais, a

TV tem outros recursos para aumentarseu poder de legitimação frente ao públicotelespectador, tais como a “produção” denotícias e o “apelo emotivo”.

A TV produz notícias, não tanto no sen-tido de que as inventa, fazendo um determi-nado tipo de associações que não existiam,de fatos que realmente aconteceram, massim no sentido de que na manufatura dasnotícias intervém uma série de elementostécnicos, ideológicos e profissionais de todos

os envolvidos no processo de produção. Atéo suposto profissionalismona elaboração de repor-tagens está condicionadopor uma “maneira particu-lar” de entender o trabalhojornalístico11. Aquilo que“é notícia” e a forma decaptá-la e transmiti-la aotelespectador, assim comoas decisões sobre o horáriode sua transmissão, defi-nem-se, em grande parte,de acordo com os objetivosda instituição televisiva e asua particular cosmovisão e

compreensão do que é relevante, e não só deacordo com os sujeitos e objetos envolvidosno fato noticioso12.

A apelação emotiva é um recurso tele-visivo resultante da combinação de suas

possibilidades técnicas de imediatismo, deprovisão de imagens e de ênfase discursi-va que permitem à TV fazer associaçõesaudiovisuais que não obedecem a umalógica tradicional de narração oral ouescrita, mas que conduzem a outros tiposde padrões, de acordo com o que algunsteóricos da comunicação denominariamde “racionalidade eletrônica”13.

Não obstante, os recursos e as carac-terísticas tecnológicas próprias do meio

televisivo e a sua particular definiçãosocial como instituição, sua influênciano telespectador, mesmo que crescente eimportante, não é única, nem totalizadora.Em parte, porque toda tecnologia sempre

dá lugar à criatividade de quem a utiliza14

.Em parte, também, porque o conteúdo daprogramação é polissêmico e pode serpercebido e interpretado pelo telespecta-dor de diversas maneiras15. Justamente oparadoxo da TV consiste em que quantomais polissêmica (ou menos monossê-mica), mais popular entre os diferentessegmentos da audiência, mas ao mesmotempo, menos contundente para impor seusignificado dominante. Este existe, mas

não há garantia de que seja o significado(re)produzido pelo telespectador.

A influência da TV tampouco é única,devido ao fato de a TV como instituiçãosocial não estar só. Ela coexiste ao lado deoutras instituições, como a família, a esco-la, o sindicato, a igreja, o partido político,os movimentos sociais etc., com os quaiscompete na tentativa de fazer valer suassignificações e predominar na socializaçãodos telespectadores.

A relatividade da TV na constituiçãodo seu público telespectador em uma de-terminada forma (igual à relatividade dainfluência em outras instituições sociais)está no feito de que o telespectador nãoé um mero recipiente que absorve tudoque é oferecido na tela. Não é, tampouco,um ente impermeável ou capaz, em todo

O conteúdo da

 programação é

 polissêmico

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  Volume 5 - Nº 1 - 1º sem. 2005

Guillermo Orozco Gómez

16 Henry A. Giroux. Ideology, culture and the processof schooling.17  Guillermo Orozco. Comercial television and children’s education in México: The interaction of so-cializing institutions in the production of learning.18 Daniel Anderson; Jennings Bryant. Children’saudience understanding of television.19 Klaus Bhrun Jensen. “Qualitative audience research:towards a interative approach to reception.” In: Criti-cal Studies in Mass Comunication.20 Hilary Putnam. Reason, truth and history .21 Noam Chomsky. Language and responsability .22 L. S. Vygtosky. Mind in Society. The development of 

 higher psychological processes.23 Jean Piaget. Teorias del lenguaje/ teorias del apren-

dizaje: el debate entre Piaget y Chomsky .24 L. Kohlberg. “A cognitive-developmental analisysof children’s sex role concepts and attitudes”. In: E. E.Maccoby. Development of Sex Differences.25 Howard Gardner. The theory of multiple intelligencies.

26 Howard Gardner. Op. cit.27 D. Morley. “Family Television: cultural power and domestic

leisure”. In: Second Internacional TV Studies Conference.

momento, de tomar distância crítica daprogramação; por ser telespectador, nãoperde totalmente suas capacidades, porexemplo, de crítica ou resistência16.

O telespectador frenteà programação

No processo de recepção, o telespec-tador não assume necessariamente umpapel de receptor passivo. A atividade dotelespectador se leva a cabo de maneirasdistintas. Mentalmente, os telespectadoresfrente à televisão se vêm partícipes de umaseqüência interativa que implica diversosgraus de envolvimento e processamento do

conteúdo televisivo. Essa seqüência come-ça com a atenção, passa pela compreensão,seleção, valoração do que foi percebido, seuarmazenamento e integração com informa-ções anteriores, e finalmente se realiza umaapropriação e produção de sentido17.

A seqüência pode também se realizarde maneiras e ritmos diferentes. Às vezes aseleção ou compreensão do que se vê na telasão esforços mentais que definem o cursoposterior da interação do telespectador coma TV18. Às vezes, a rapidez de apresentaçãoda informação que ocorre na programaçãoacelera o ritmo da sua percepção e podediminuir a possibilidade de distanciar-se doque é percebido. No entanto, o mais impor-tante não é tanto a atividade mental com aqual começa a seqüência ou o ritmo em quese realiza o processamento da informação,mas o fato de que as distintas atividadesque formam a seqüência não implicam num

mero processamento mecânico da informa-ção (como alguns teóricos dos processoscognitivos têm sustentado, como Collins,1983), e sim que compreendem um processofundamentalmente sócio-cultural 19.

A razão principal é que a seqüência deatividades mentais conduz a uma série deassociaçõesde conteúdo – neste caso, entrea informação transmitida na tela e, portanto,externas ao sujeito – e a informação previa-mente assimilada na mente do telespectador.

A audiência não enfrenta uma tela vazia deidéias, emoções, história e expectativas.

Filósofos do conhecimento, comoPutnam20, lingüistas como Chomsky21 eoutros cientistas sociais, como Vygotsky22,

sustentam – diferentemente de Piaget23

eoutros pioneiros do desenvolvimento cog-nitivo, como Kohlberg24 – que o processodo conhecimento é estimulado não só peloque geneticamente o sujeito é capaz deconhecer, mas também por aquilo que seconsidera relevante de ser conhecido doponto de vista sociocultural. A relevân-cia, por definição, não é uma qualidadeintrínseca ao processo mental mecânicodo conhecer. Nesta mesma direção, os tra-

 balhos de Gardner 25, sugerem que o mesmodesenvolvimento da capacidade cognitivaestá culturalmente determinado e podevariar de cultura para cultura.

Em sua teoria das “Inteligênciasmúltiplas”, Gardner26 mostra como emcrianças de distintas faixas etárias se de-senvolvem mais algumas habilidades ousensibilidades que outras, dependendoda ênfase cultural proporcionada duranteseu desenvolvimento e fortalecimento.Do mesmo modo, Morley27, com base em

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O telespectador frente à televisão

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nário social e em momento determinado.Deste modo, os scripts prescrevem parao atuante formas “adequadas”, cultural-mente aceitas para a interação dele comos outros.

Os scripts são, então, seqüências rele-vantes para a sobrevivência cultural quese aprendem na própria interação social32.Sua aquisição começa desde muito cedo,idade em que o bebê interage com os queo rodeiam, e continua ao longo da vida.Não requer um ensino explícito para asua aprendizagem, embora, em certassituações que requerem uma instruçãodeterminada. Um script pode ser apren-dido por meio da observação de atuações

específicas dos outros, ou de atuações pró-prias33. Na medida em que os guias podemse reproduzir a partir da mera observaçãodos mesmos, permitem ao atuante saber oquê fazer em situações sociais novas.

Os scripts têm uma esfera de signi- ficação, de onde adquirem um sentidopara interações determinadas. Assim, arelevância da seqüência não está dada naprópria seqüência implicada no guia, masem um consenso cultural ou institucionaldo que se considera apropriado fazer emuma situação concreta.

28 A mediação cognoscitiva se refere aqui ao pro-cesso de conhecimento dos telespectadores em suainteração com a programação e não ao processo deapropriação dos fatos sociais realizados pelos meiosmassivos de informação, como na teorização daMediação Social desenvolvida por Martín Serrano,1987.29 Sandra Bem.“Gender Schema Theory and ItsImplications for Child Development; Raising Gender-Aschematic Children in a Gender Schematic Society”.In: Jornal of women in culture and society .30 D. Morley. “Family Television: Cultural Power and Domestic Leisure”. In: Second Internacional TV StudiesConference.

31 K. Durkin. Television, sex roles and children.32 E. J. H. Flavell; Katherine Nelson; Lee Ross. “Social cognition in a script framework”. In: Social cognitivedevelopment. Frontiers and possible futures.33 Robert P. Abelson. “Script processing in attitude forma-tion and decision making”. In: John S. Carroll; John W. Pay-ne. Cognition and social behavior ; C. M. Sterner. Scripts

 people live. Transactional analysis of life scripts.

uma ampla pesquisa da audiência infan-til na Inglaterra, afirma que as criançasrealizam uma assimilação seletiva daprogramação, ao invés de assimilar tudoo que poderiam, de acordo com o nível de

desenvolvimento.

 A mediação cognitiva

Apesar de o público telespectador serativo, ele não está isento de mediações queprovêm das suas próprias capacidades,história e condicionamentos genéticose culturais específicos. A mediação cog-nitiva28 foi teorizada como “Esquemasmentais” na Psicologia do Conhecimento29,

ou como “Repertórios”, nos Estudos Cul-turais30. Numa perspectivaintegral da recepção, é pos-sível tematizar esse tipo demediação como scripts.

A noção de script  foivinculada ao público daTV pela primeira vez nostrabalhos de Durkin31, cujoobjetivo foi estudar a ge-ração de estereótipos nascrianças telespectadoras.Durkin define o script  como uma representaçãomental ordenada de umaseqüência de eventos, diri-

gida à obtenção de uma ou várias metas.Diferentemente dos esquemas mentais,

que enfatizam o processamento informati-vo e a estrutura mental que o permite, oudos repertórios que sublinham o conteúdo

e a relevância cultural do que a audiênciaprocessa mentalmente, os scripts se focamna atuação dos sujeitos. Atuação aqui sediferencia de conduta, na medida em queesta é mais uma reação, e não necessaria-mente implica uma reflexão do sujeitoque a realiza. A atuação, opondo-se a isto,contém a consciência do atuante.

Um script  define seqüências especí-ficas para a ação e para o discurso, parao que se tem que fazer e dizer em um ce-

 As crianças

 realizam uma

 assimilação seletiva

da programação

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Guillermo Orozco Gómez

A atenção fixa no que acontece na tela nãoé uma condição nem permanente – apesarda tendência a estar atentos à TV sejamaior entre crianças pequenas, sobretu-do quando vêem uma programação com

muito movimento36

– nem necessária paraa posterior compreensão e assimilação. Porsua vez, a distração que implica a realiza-ção de outras atividades enquanto se “vêTV”, constitui um permanente desafio àrecepção televisiva37.

A solidão ou companhia do telespec-tador enquanto assiste à TV, constituitambém uma mediação situacional. Acompanhia pode implicar a possibilida-de de uma apropriação mais comentada

da programação e, eventualmente, umapossibilidade de tomar maior distan-ciamento do que é transmitido na tela.Quando se vê a TV sem companhia, nãose tem acesso imediato à “opinião dooutro” sobre o que se está vendo, o queno caso de crianças pequenas, pode serdeterminante para a interação das mes-mas com a TV.

Os limites físicos do espaço onde sevê a TV também constituem um tipo demediação situacional, na medida em queo espaço que a televisão ocupa possibilitacertos tipos de interação direta e impedeoutros. Por exemplo, quando a televisãoestá no centro da única ou principal habi-tação da casa, caso comum entre criançasde toda América Latina. A criança nãopode, então, ‘escapar da tela’, mesmo quenem sempre preste atenção. A TV, nessescasos, permanece e, de alguma maneira

acompanha, toda a atividade cotidiana dacriança em seu lar.

34 J. Meyrowitz.   Non sense of place: The impact of electronic media on social behavior .35 Guillermo Orozco. “Televisón y Educación: una relación

 polémica”. In:  El desafio educativo en México.36Aimee Dorr. Television and children. A special medium

 for a special audience.37 Guillermo Orozco. “Cultura y televisión: de las comunida-des de referencia a la producción de sentido en el processo

de recepción. In: Consumo Cultural en México.

Por exemplo, os guias envolvidos naorganização de um programa de TV ad-quirem um significado na própria tramado programa e, finalmente, na do gênerotelevisivo de que se trate. Em outros ce-

nários sociais, os guias adquirem suassignificações nas orientações específicasdas instituições envolvidas, sejam essas afamília, a escola ou qualquer outra. O queé apropriado no meio familiar, talvez não oseja no escolar ou em um programa de TV,depende da situação de que se trate.

 A Mediação Situacional

A situação para a qual um guia é apro-

priado tem especial importância para seentender a mediação do público espec-tador, tanto proveniente da TV, como deoutros elementos a sua volta. Por exemplo,devido às possibilidades técnicas da lin-guagem televisiva, as situações nas quaisse desenvolvem os guias não requerem,necessariamente, uma concretude espacialou temporal. Nesse sentido, a TV “cria”situações inexistentes, que não obstantese apresentam verdadeiras frente aos olhosdo telespectador. Os guias que conduzemestas situações, então, são verdadeirossomente a partir da TV, não da realidade34.Isso é, talvez, uma primeira forma de en-tender a mediação situacional, apesar denão ser a única maneira para tal. Os guias,ao depender de situações sociais em queadquirem sua relevância para o atuante asituação em que esses são observados, omesmo ato de ver TV também tem impor-

tância para a sua apropriação por parte dotelespectador.O telespectador frente à televisão não

está só mentalmente, mas também fisica-mente ativa, não obstante que a tela, àsvezes, consiga literalmente “absorver” pormomentos ou até um tempo muito curto,a atenção do telespectador. As crianças,por exemplo, enquanto assistem à TV,estão simultaneamente envolvidas ematividades como comer, ler, falar, jogar35.

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O telespectador frente à televisão

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processo de recepção vai sendo mediadotanto pelas novas situações, como pelosagentes e instituições envolvidos.

 A Mediação Institucional

O público da TV não é apenas isso, senão muitas coisas mais, simultaneamente.Por exemplo, as crianças, ao serem teles-pectadores, não deixam de ser filhos defamília, alunos de uma escola, membrosde um grupo de amigos e vizinhos deuma cultura determinada. Sua condiçãode telespectador não elimina o fato depertencerem a outras instituições sociais,nem a possibilidade de que assumam ou-

tros papéis e interajam em outros cenários,que não sejam aqueles em que vêem à TV(mesmo que a TV trate de monopolizar edirigir cada vez mais sua atuação socialem uma forma determinada).

Um primeiro cenário no qual se trans-corre o processo de recepção é o lar, ondequase sempre se vê TV e, portanto, se iniciauma interação direta com a tela. A famíliaconstitui uma mediação institucional parao telespectador e, muito especialmente– mesmo que não unicamente – para o pú- blico infantil. Em primeiro lugar, a famíliaé o grupo natural para ver TV. Nesse senti-do, constitui uma primeira “comunidade”de apropriação do conteúdo televisivo. Édentro dessa comunidade que se dá uma“negociação” entre o telespectador e a tela,e entre os diferentes membros da famíliaem relação à TV. Como sugere Morley41,existe “uma política do lar” ( politics of 

38Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la familia y la escuela en la recepción televisiva de los niños.39 Klaus Bhrun Jensen. “Qualitative audience research:towards an integrative approach to reception” In: Cri-tical Studies in Mass Comunication.

40 Guillermo Orozco. Comercial television in children’seducation in México: The interaction of socialing ins-titutions in the production of learning; M. E. Hermosilla;Valério Fuenzalida. Visiones y emociones del televidente.Molina González. Op. cit.41 D. Morley. “Family Television: cultural power and domesticleisure”. In: Second Internacional TV Studies Conference.

O telespectador alémda tela

Não fosse o bastante a importância dasituação e do simples fato de estar frente àtela, o processo de recepção televisiva nãoestá circunscrito a esse lapso de tempo.A interação entre o telespectador e a TVcomeça antes de ligar a televisão e nãotermina uma vez que esta está desligada.A razão é que a própria decisão sobre queprograma ver ou a que horas sentar-seem frente à TV não são atos isolados detelespectadores individuais, mas que res-pondem à “padrões” para se ver TV, quesão por sua vez, “práticas” para passar o

tempo livre, realizadas diferente e siste-maticamente por segmentos do públicotelespectador38. De acordocom Jensen39, é possívelargumentar que a interaçãoentre um telespectadore a programação, podeser fisicamente uma açãoindividualizada, mas suasignificação é predominan-temente social, na medida

em que cada membro daaudiência é participante deuma cultura determinada eestá sujeito a uma série demediações.

Assim mesmo, constatou-se em váriaspesquisas40, que ao desligar a televisão, otelespectador não conclui sua interaçãocom a programação. Esse é o caso que acon-tece com a maioria das crianças – mas nãoexclusivamente com elas – que “levam” àssalas de aula ou aos jogos com os amigos,o que viram no dia anterior na TV. Emsua interação com as demais crianças naescola ou no bairro, se dão uma ou váriasre-apropriações e se re-produz o sentidodo que foi visto na TV. Dessa maneira, oprocesso de recepção “sai do lugar” emque está a televisão e “circula” em outroscenários, em que seguem atuando os te-lespectadores. Em todos esses cenários, o

 A família constitui uma

 mediação institucional 

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the living room), que enquadra os hábi-tos televisivos e o tipo de comunicaçãofamiliar, dentro daquela que se inscreve aapropriação da programação por parte dotelespectador.

No caso do telespectador infantil, aescola constitui outra “comunidade deapropriação”, onde se leva a cabo umasérie de interações com o conteúdo tele-visivo. O ambiente escolar, a atitude doprofessor frente à TV, o clima pedagógicoque impera na sala de aula, a organizaçãoescolar, são elementos que incidem adelimitação do tipo de intercâmbio queos alunos realizam, tanto dentro da aula,como nos espaços para o jogo.

Pesquisas recentes mostram como,durante o tempo de aula, os alunos fazemcomentários sobre o que viram na TV, ecomo também durante os jogos “re-criam”os personagens televisivos, apropriando-se segundo condicionamentos de classee sexo42.

Mas a família e a escola constituemuma mediação institucional também nosentido de que têm suas próprias “esferasde significação”, produto, por sua vez, daparticular historicidade e institucionali-dade, das quais outorgam relevância aosguias dos membros da audiência, e legiti-mam sua atuação nos cenários sociais.

A cosmovisão familiar constitui umconjunto de tradições, valores, informaçãoe atitudes, que tratam de infundir em todosos membros da família, para manter a coe-são do grupo e garantir sua reprodução.A escola, como instituição de educação

formal, em geral envolve uma série deconhecimentos e orientações, sancionadassocialmente, como adequadas para serformalmente ensinadas às gerações jovense assim facilitar a reprodução cultural e aformação de cidadãos funcionais ao Estadoe à sociedade civil.

Por ser um participante ativo nessasinstituições, o telespectador está sujeito àinfluência e acaba sendo objeto de diversosrecursos de legitimação – que freqüente-

mente entram em concorrência com osda TV – desde a “apelação” à autoridademoral e acadêmica, até a utilização derecursos “disciplinadores”, empregadospara reforçar a socialização desde a escola

e a família.

 A Mediação deReferência

No processo de recepção e, em parti-cular, nas interações específicas que rea-liza o telespectador com algum programatelevisivo, entram em jogo uma série dereferentes, que se constituem como me-diação. A própria cosmovisão familiar ou

a orientação da educação são, certamente,referentes importantes para a atuação deuma pessoa quando não está no cenáriofamiliar ou no escolar.

Os referentes culturais do públicotelespectador, no entanto, não são circuns-critos aos referentes de seus cenários maiscomuns. O ser homem ou mulher, o gêneroconstitui uma mediação de referência im-portante na interação com a TV. Distintosestudos têm mostrado como o sexo dotelespectador incide desde seus gostostelevisivos e o horário para ver TV, até aforma de apropriação do que é visto43.

A etnia a que pertence o telespectadoré outra mediação, já que delimita certasênfases no desenvolvimento de destrezase capacidades, que por sua vez influenciamnos gostos, maneiras de ver TV e formas deprocessar e dar sentido à programação44.

A idade também é uma mediação de

referência importante, sobretudo nos esta-dos da infância e adolescência, já que essestelespectadores são os que mais vêem TV,

42 Sarah Corona. TV y juego infantil un encuentro cer-cano; Guillermo Orozco. “La mediación en juego: TV,cultura y audiencia”. In: Cuadernos de Comunicación

 y Sociedad .43 Guillermo Orozco. “No hay una sola manera de hacer televidentes”. In: Revista Culturas Contemporáneas.

44 P. S. Matanabe. “Subcultural experience and televisionviewing”. In: Second International TV Studies Conference.

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Aimee Dorr. Op. cit.; Michael Brake. Comparative youth culture. The sociology of youth culture and  youth subculture.46 Mercedes Charles. Nacionalismo, educación y me-dios de comunicación; Enrique Sánchez Ruíz. Op. cit.47 M. Piccini; Néstor García Canclini. Culturas de la ciu-dad de México: símbolos colectivos y usos del espacio

 y urbano; Mabel Piccini. Op. cit.48 Guillermo Orozco. “No hay una sola manera de hacer televidentes”. In: Revista Culturas Contemporáneas.

49 Guillermo Orozco. “Cultura y televisión: de las comuni-dades de referencia a la producción de sentido en el procesode recepción”. In: Consumo cultural en México.

e que não mantêm muito em comum comrelação às suas respectivas “esferas de sig-nificação”. A mediação videotecnológica,portanto, não é necessariamente a maispredominante sempre. De fato, qualquer

uma das outras instituições sociais, sobcertas condições, podem ser predominan-tes na socialização do telespectador48.

A produção de sentido que o telespec-tador realiza depende, então, da combina-ção particular de mediações em seu pro-cesso de recepção; combinação que, porsua vez, depende dos componentes e re-cursos de legitimação, por meio dos quaisse realizam cada uma das mediações49. As“comunidades de apropriação” do conte-

údo televisivo não são necessariamenteas de “interpretação”, onde se produz osentido. A comunidade interpretativa dopúblico telespectador, que é onde esseadquire identidade como tal, é resultantede um determinado jogo de mediações. Aprodução de sentido que o telespectadorrealiza é, por conseguinte, uma interroga-ção aberta para investigação.

O pesquisador frenteao telespectador

Com base na discussão anterior, umdos maiores desafios para a análise darecepção, consiste precisamente em poderabordar a mediação em jogo para dife-rentes públicos telespectadores, e fazê-lode uma maneira que se possa intervir etransformar . Isso porque, em uma situação

e porque a idade põe limites específicosao tipo de interação que se inicia com atela. Desde o fato de que até (ou por voltade) os 5 anos, as crianças não distinguementre ficção e “realidade”, até o fato de

que a TV converte-se em referente cons-tante da interação social de uma audiênciaadolescente45.

A origem social ou geográfica – e àsvezes, mais o lugar atual de residência – sãotambém mediações de referência do teles-pectador, na medida em que contribuemsignificativamente para conformar, de certamaneira, sua interação com a tela. O extratosocial delimita desde a quantidade de tele-visões no lar e as possibilidades de acesso

a outras atividades culturais da audiência,até os gostos sobre a pro-gramação46. Dessa maneira,o lugar de residência, o“território”, facilita ou im-pede a interação variada dotelespectador com diversasatividades culturais e meiosde informação47.

Das mediaçõesà produçãode sentido noprocesso derecepção

Os distintos tipos de mediação en-tram em jogo na interação com a TV econformam os públicos telespectadoresespecíficos no processo de recepção. Àsvezes, um tipo de mediação ou uma com-

 binação delas predomina. Às vezes algu-mas mediações se reforçam mutuamente,por exemplo, quando escola e famíliatêm muito em comum e participam deobjetivos educativos similares, ou quandoTV e família compartilham percepções demundo e aspirações sociais.

Outras vezes, algumas mediações seneutralizam, devido ao fato de provêemde instituições sociais muito diferentes,

 Algumas mediações se

 reforçam mutuamente

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de modo indireto, já que as mediaçõesde referência geralmente ficam fora docontrole de atuação dos mesmos. Porexemplo, ao descobrir que crianças deuma cidade grande, como a Cidade do

México, cada dia assistem mais à TVporque o espaço urbano e o extrato sócio-econômico dificultam na diversificaçãodas opções culturais e de entretenimento,o melhor que se pode fazer é recomendara elaboração de uma política pública queeventualmenta aumente essas possibili-dades e permita às crianças um acessocultural mais diversificado.

Outra maneira de abordar o processode recepção que é mais frutífera, se o

que é mais importante seria encontrarestratégias para modificá-lo, são as ins-tituições sociais envolvidas no processode recepção. Principalmente a famíliae a escola tal como “comunidades deapropriação” da programação da TV. Aquiseria importante averiguar a maneira comque distintos recursos de legitimação econdições contextuais e da situação decada instituição se inter-relacionam noprocesso de recepção televisiva pelotelespectador.

 Alguns focos deatenção

Em diferentes estudos de recepção, oselementos seguintes têm demonstrado serimportantes componentes da mediaçãofamiliar no processo da TV: o modelo decomunicação familiar 53; o método disci-

50 Guillermo Orozco. Television y producción designificados.51Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la familia

 y la escuela en la recepción televisiva de los niños.52 Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la familia

 y la escuela en la recepción televisiva de los niños.53 J. R. Brown; O. Linne. “The family as a mediator of televiosion’s effects.” In: Children and television; JamesLull. “How families select televisión programs. A massobservational study”. In: Journal of Broadcasting; James

Lull. World families watch television.

como a que acontece na América Latina,na qual a TV fica fora do controle sociale cada dia se acelera mais a privatizaçãodos sistemas de comunicação nacionais, oestudo da recepção televisiva é relevante,

na medida em que se consiga conhecimen-to útil para sua própria transformação50.Transformação essa que é uma tentativapara envolver o próprio telespectador emuma democratização da TV, que finalmen-te é uma democratização da cultura51.

 As premissas

Três premissas básicas orientam aanálise da recepção televisiva. Primeira,

que a recepção é interação; segunda, queessa interação está necessariamente me-diada de múltiplas maneiras e terceira,que essa interação não está circunscrita ao momento de estar vendo a tela. O ob-jeto de estudo, por conseguinte, serão asdiversas mediações ao “longo e amplo”processo de recepção.

Enfoques possíveis

Como não bastasse haver tantos pontosde partida para iniciar esse tipo de análisecomo mediação, não são todas as possibili-dades que facilitam por igual a formulaçãode estratégias de intervenção ou educação

 para a recepção52. A possibilidade de seobter um conhecimento que permite aopesquisador – mas sobretudo às própriaspessoas da pesquisa – imaginar alternati-vas, deveria ser um critério importante na

decisão do tipo de análise a realizar.É possível começar com as mediaçõesde referência (idade, sexo, classe social,origem, etnia ou lugar de residência) e

  buscar de que maneira essas se inter-re-lacionam mutuamente, e qual é o pesoespecífico dentro do processo de recepção.O tipo de conhecimento que se obtémcom esta ênfase permite entender melhoro processo de recepção de telespectadoresespecíficos, mas permite intervir somente

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elementos mencionados anteriormente),se comparam como “público a público”e não de telespectador para telespecta-dor. Assume-se que os telespectadoresindividuais interagem com a TV como

membros de um público. As categorias quepermitem captar as mediações de referên-cia (idade, sexo, posição socioeconômica,etc) são as que servem, a princípio, parademarcar os públicos telespectadores. Porexemplo, a idade define por si mesma âm- bitos de telespectadores que se distinguemde outros. Se por acaso se combinam comoutros elementos, é possível fazer demar-cações mais específicas, mais detalhadas.O último critério para inclusão das cate-

gorias provém tanto do interesse particulardo investigador como da conformaçãosóciocultural do possível universo detelespectadores a serem estudados.

Mais que dados estatísticos que con-figurem tendências, o importante com ainvestigação do telespectador na sua inte-ração com a TV, é descobrir os processos

54 Felipe Korzeny et al. “Control de los padres sobre

los niños que ven televisión”. In: La Ventana elec-trónica; TV y comunicación.55 J. R. Brown; O. Linne. Op. cit.56 Guillermo Orozco. “No hay una sola manera dehacer televidentes”. In:  Revista Culturas Contem-

 poráneas.57  Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la

 familia y la escuela en la recepción televisiva de los niños.58 Guillermo Orozco. Commercial television and children’s education in México: The interaction of so-cializing institutions in the productions of learning.59 Valério Fuenzalida. Televisión: padres y hijos.60 Guillermo Orozco. Commercial television and 

children’s education in México: The interaction of so-cializing institutions in the productions of learning.61Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la familia

 y la escuela en la recepción televisiva de los niños.62Guillermo Orozco. Prácticas de mediación de la familia

 y la escuela en la recepción televisiva de los niños.63 P. Willis. Learning to labour. How working class chil-dren get working class jobs; Henry A. Giroux. Op. cit.64 D. Lusted; P. Drumond. TV and schooling; GuillermoOrozco. Prácticas de mediación de la familia y la escuelaen la recepción televisiva de los niños.65 Guillermo Orozco. “Televisión y Educación: una relación

 polémica”. In: El desafio educativo en México.

 plinador no lar54; a orientação social dafamília55; a percepção dos adultos do seupróprio papel como mediadores da TV dascrianças56; a teoria educativa das mães57; ostatus que goza a TV no lar58 e os hábitos 

televisivos dos adultos59

.Com relação à mediação escolar, oselementos que podem ser postulados comocomponentes importantes da mediaçãosão: o método pedagógico60; a tarefa dei-xada pelos professores para o tempo livredas crianças61; o uso sistemático do livrode texto e a discussão na sala de aulade temas e programas vistos na TV62; aforma predominante de sugestionamento (imposição, negociação, convencimento)63;

a legitimidade educativa da TV frente aosprofessores64 e a auto-percepção do docen-te com relação ao rol mediador frente à TVque vêem seus alunos65.

Ênfase comparativa

Além de todos os elementos anteriores,é necessário apurar os diferentes scripts eas suas respectivas esferas de significação.Essa averiguação constitui um tipo particu-lar de análise de conteúdo, que permite aoinvestigador contemplar a investigação dasmediações com as definições particularesda TV e das demais instituições sociais.

Os scripts como categoria de análise,devem captar seqüências de ações usuaisentre o público telespectador estudado. Dealguma maneira devem refletir sua atuaçãopredominante em diversos cenários sociais.Uma vez que alguns scripts predominantes

tenham sido captados, servem de acelera-dor em cada uma das instituições sociaisem jogo. Por exemplo, aos pais e professo-res, se pede sancionar os scripts. Dessa ma-neira se obtém as distintas “significações”,por meio das quais se busca a socializaçãodo telespectador. Essas significações sãoas que se comparam entre si, para que seconheça o equilíbrio da mediação.

Tanto os scripts como suas significa-ções (igual ao que ocorre com os demais

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de recepção e as “práticas” de mediaçãodos quais são objeto. Para isso, basta ter“comparações suficientes” e passar porcima dos casos individuais. Quanto maisos públicos telespectadores possam se

diferenciar, mais rica fica sua comparaçãoe mais fina sua distinção, com relação aosprocessos de recepção televisiva.

Pela emancipação dostelespectadores

Para concluir a discussão anterior, quero brevemente me referir ao último “sentido”de analisar o processo de recepção televisi-va: a emancipação dos telespectadores.

Essa emancipação adquire relevânciaespecial na época atual, na qual em parte,estamos presenciando uma crescente priva-tização da cultura e, em última instância, do“que é público”. E por outras, estamos sendotestemunhas de um salto rápido da culturaoral (lógica do relato) até a cultura eletrônica(lógica mercantil), sem haver assumido e re-criado cabalmente a estrutura escrita (lógicado argumento).

A TV exerce uma opção, não maisdiversificada, mas sim polifacética (demuitas faces) na vida cotidiana, ao deixarde ser somente isso: TV, e servir tambémcomo uma tela para videogames e para os

processadores de palavras.A TV cada vez mais se constitui em umparâmetro do público, ao captar e proporo que é relevante nesse âmbito, que nosultrapassa no espaço e no tempo, masque paradoxalmente, nos posiciona noaqui e no agora, ao ser mostrado na tela eintroduzido em nossa própria casa, ondeinvade os espaços de intimidade.

O telespectador amplifica, cada vezmais, ainda que não necessariamente diver-

sifique, seu “enlace” com a tela, enquanto di-minui seu envolvimento com outros meiosde informação, com outras manifestaçõesculturais e com outras expressões sociais.Tudo isso não é gratuito, nem tampoucoconduz a processos diretos ou interaçõestransparentes. Fazendo com que sejam mais“populares, comuns” para entendê-los éuma tarefa constante, e certamente essa foia intenção ao escrever essas páginas.

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