28. levantamento do estado da arte
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Projeto
Tecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
So Paulo2007
HabitaomaisSustentvel
Documento
Levantamento do estado da arte:Consumo de materiais
2.5documento
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Projeto
Tecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
So Paulo2007
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Imprima somente se for necessrio.
Utilize papel reciclado.
Levantamento do estado da arte:Consumo de materiais
AutoresUbiraci Espinelli Lemes de Souza, Dr.
Davidson Figueiredo Deana
Documento 2.5Documento
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ProjetoTecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
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Instituies executoras
Instituies parceiras
Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
SINDUSCON
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CoordenaoProf. Dr. Vanderley M. John
POLI / USP Escola Politcnica da Universidade de So Paulo
PesquisadoresProf. Dr. Alex K. AbikoMsc. Clarice Menezes DeganiProf. Dr. Francisco F. CardosoProf. Dr. Orestes M. GonalvesProf. Dr. Racine T. A. PradoProf. Dr. Ubiraci E. L. de SouzaProf. Dr. Vahan AgopyanProf. Dr. Vanderley M. John
BolsistasAirton Meneses de Barros FilhoCristina Yukari KawakitaDaniel Pinho de OliveiraDavidson Figueiredo DeanaJos Antnio R. de LimaMsc. Vanessa M. TaborianskiViviane Miranda Arajo
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
PesquisadoresProf. Dra. Marina S. O. IlhaProf. Dra. Vanessa Gomes da Silva
Bolsistas
Erica ArizonoLas YwashimaMarcia Barreto Ibiapina
UFG Universidade Federal de Gois
PesquisadoraProf. Dra. Lcia Helena de Oliveira
BolsistaRicardo Prado Abreu Reis
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
PesquisadorProf. Dr. Roberto Lamberts
BolsistaMaria Andrea Triana
UFU Universidade Federal de Uberlndia
PesquisadorProf. Dr. Laerte Bernardes Arruda
BolsistaGabriela Salum
Msc.
Larissa Oliveira Arantes
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Sumrio
1. Introduo ............................................................................................................ 7
2. Conceitos fundamentais ........................................................................................ 72.1 O consumo de materiais e os diferentes momentos de um empreendimento de
construo civil ........................................................................................................ 8
2.1.1 Concepo ................................................................................................. 8
2.1.2 Produo ................................................................................................... 9
2.1.3 Utilizao ................................................................................................. 10
2.2 As perdas enquanto parte do consumo dos materiais ........................................ 10
2.3 Gesto do consumo de materiais no empreendimento ....................................... 11
3. Caracterizao e anlise crtica das prticas existentes no mercado nacional ........... 17
3.1 Perdas vigentes .............................................................................................. 18
3.2 Consumos vigentes ........................................................................................ 19
3.3 A gesto do consumo de materiais relacionada aos subsistemas e processos
construtivos envolvidos .......................................................................................... 22
3.4 O estudo do consumo de materiais na etapa de concepo Projeto Habitao
1.0 (ABCP) ............................................................................................................. 243.5 Mtodos de gesto .......................................................................................... 26
3.5.1 Gesconmat ............................................................................................... 26
3.5.2 Gesto de resduos Experincia do Sinduscon-SP .................................... 27
3.5.3 Smartwaste .............................................................................................. 29
3.5.4Checklistde gesto de resduos ................................................................. 30
3.6 Polticas pblicas e normalizao brasileira ...................................................... 30
3.6.1 Comit de Meio Ambiente .......................................................................... 30
3.6.2 Normas tcnicas ....................................................................................... 31
3.6.3 Legislao e polticas pblicas ................................................................... 31
3.6.4 Outros manuais .................................... .................................................... 32
4. Metodologias de avaliao ................................................................................... 32
4.1 Building Research Establishment Environmental Assessment Method
BREEAM ................................................................................................................ 324.2 EcoHomes The environmental rating for homes ............................................... 32
4.3 Leadership In Energy And Environmental Design (LEEDTM) ............................... 33
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4.4 Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency
(CASBEE) .............................................................................................................. 34
4.5 Certification NF Btiments Tertiaires Dmarche HQE. Bureau et Enseignement
(HQE) ..................................................................................................................... 35
4.6 Cer tification Habitat & Environnement ............................................................. 35
4.7 Green Building Challenge (GBC) ................................................................... 36
4.8 Green Star - Office (GBCA) ............................................................................ 37
4.9 O que os mtodos existentes avaliam ........................................................... 38
5. Consideraes finais .......................................................................................... 39
Referncias bibliogrficas ...................................................................................... 42
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Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Levantamento do estado da arte: Consumo de materiais
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, Davidson Figueiredo Deana
1. Introduo
O consumo de recursos fsicos (a saber, materiais, mo-de-obra e equipamentos),
extremamente relevante e tem sido tema de vrios estudos em diferentes partes do
mundo, especialmente sob o aspecto dos resduos gerados.
Sabe-se que os recursos financeiros aplicados apenas em materiais representam
aproximadamente 50% do custo da obra. No entanto, alm dos recursos financeiros, a
construo de habitaes no Brasil envolve o consumo de grandes quantidades destes
recursos do nosso planeta, haja vista que 1 metro quadrado de construo utiliza,
grosseiramente, uma tonelada de materiais. Este nmero, em termos da Construocomo um todo, pode ultrapassar 200 milhes de toneladas por ano.
Segundo SOUZA (2005), a Indstria da Construo Civil consome de 100 a 200 vezes mais material
que a Indstria Automobilstica. A cadeia produtiva da Construo responsvel pelo consumo de
14% a 50% dos recursos naturais extrados no planeta. No Japo responde por 50% dos materiais
circulantes na economia e, nos Estados Unidos da Amrica (EUA), relaciona-se a 75% dos
materiais.
Outro exemplo dessa expressividade encontra-se na extrao de madeira e agregados, em que a
Construo responsvel pelo consumo de 2/3 da madeira natural extrada e, somente no Brasil, responsvel pelo consumo de 220 milhes de toneladas de agregados naturais por ano (JOHN,
homepage PCC).
Portanto, diante de sua influncia na macroeconomia e de seus impactos em termos social e
ambiental, estudar o consumo de materiais de construo, bem como sua gesto adequada no
empreendimento, de suma importncia para que seja alcanado o patamar da sustentabilidade do
subsetor.
Este documento se dedica discusso da gesto do consumo de materiais na Construo.
Inicialmente, so apresentadas as bases conceituais para a discusso do consumo e das perdas
inerentes a ele. Em seqncia, o item 3 traz as principais informaes referentes a tecnologiasassociadas e gesto do consumo. As polticas pblicas e a legislao tambm so apresentadas e
discutidas no item 3, sendo seguido pelo item 4 que discute as metodologias existentes para
avaliao de desempenho ambiental na construo sob o ponto de vista da gesto dos materiais.
Finalmente, no item 5 so feitas consideraes sobre o estado da arte apresentado neste documento.
2. Conceitos fundamentais
Antes de definir o que propriamente a gesto, e gesto eficaz, do consumo de materiais noscanteiros de obras, este tpico examina seus conceitos bsicos, como o consumo de materiais nas
vrias etapas do empreendimento e as perdas como parte desse consumo. Posteriormente,
mostrada a gesto do consumo de materiais como subsdio na busca da sustentabilidade na
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Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Construo Civil. O consumo unitrio, relacionado a cada fase ou servio, apresentado como
ferramenta para gesto.
2.1 O consumo de materiais e os diferentes momentos de um empreendi-
mento de construo civil
Ao se falar em consumo de material na Construo normalmente vem mente a imagem de uma
operao de produo, como, por exemplo, a execuo de um revestimento de argamassa, onde um
pedreiro vai lanando o material sobre a base e constituindo tal revestimento. No entanto, h que se
perceber que outras fases do empreendimento podem significar locais de consumo ou causas para
se ter maiores ou menores consumos de tais insumos. Portanto, para se entender melhor os nveis
de consumo vigentes e as razes para que tais patamares sejam alcanados, primeiramente
necessrio compreender quais as etapas de um empreendimento e a relao das mesmas com o
consumo.Simplificadamente, um empreendimento pode ser considerado como contemplando trs
grandes etapas (Figura 1): a da concepo, onde, alm de uma srie de outras decises,
definem-se: o produto que ser executado; a da produo, onde tal produto constitudo;
e a da utilizao, onde o produto usado e mantido/reparado at o final de sua vida til.
2.1.1 Concepo
No que se refere etapa de concepo, embora no haja consumo propriamente dito de material
no que se refere ao produto (j que, neste momento, o produto est ainda no nvel das idias), existe
uma influncia grande quanto definio do futuro consumo de materiais por metro quadrado de
obra a ser produzida. Assim que (vide Figura 2), maiores ou menores compacidades de um andar
tipo podem influenciar a quantidade de revestimento de fachada por unidade de rea construda,tendo-se reflexos quanto demanda por argamassa para tal servio.
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CONCEPO PRODUO USO/MANUTENOFigura 1- Etapas do empreendimento e oconsumo de materiais
Figura 2 - Mesmo possuindo a mesmarea construda (A1 = A2), o projetocom conformao mais alongada incorreem maior rea de fachada (pois opermetro maior: P2 > P1), implicandoem maior extenso a ser revestidaexternamente.
L
L
2 L
0,5 L
A1 = L x L = LP1 = 4L
A2 = 2L x 0,5L = L = A1P2 = 5 L > P1
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Decises quanto forma da estrutura (vide Figura 3 quanto existncia ou no de rebaixos na
varanda) podem influenciar a quantidade de argamassa para compor um contrapiso que leve
obedincia dos desnveis finais pretendidos pelo arquiteto para os pisos de um apartamento. A
concepo tambm pode ser influenciadora de maiores eficincias (como se ver adiante) no
consumo de materiais nas etapas seguintes do empreendimento; assim que a falta de uma postura
modular, para a conjugao dos componentes para gerar um elemento de construo, favorecem a
quebra de peas ao serem cortadas para a adequao geomtrica.
2.1.2 Produo
Quanto etapa de produo, nesta que todo o material que ir constituir o produto concebido demandado. Cabe notar (e, acreditam os autores, nesta fase que se tem maior cincia sobre isto),
que a esta fase que se associam as reclamaes quanto a se ter gasto mais material que o esperado
e onde surgem problemas com resduos gerados etc. Erros durante a produo podem ser, por
exemplo, responsveis por aumentar o consumo para alm do j determinado pelo projeto; a Figura
4 ilustra o efeito de um erro no nivelamento da laje de concreto, que ocasionou o aumento da
espessura mdia do contrapiso de um pavimento, induzindo demanda maior de argamassa para
sua execuo.
Esta etapa, alm de associada ao maior ou menor consumo de materiais dentro do seu momento,pode ser associvel a possveis maiores consumos na etapa seguinte do empreendimento (assim
que, um servio executado fora da conformidade com a prescrio e as boas prticas, pode ser
motivo para maiores intervenes durante o uso da obra entregue).
Varanda (caso B)Varanda (caso A)
Figura 3 - Apesar de, ao final, o resultadoarquitetnico ser equivalente, o rebaixoda laje no caso B) levar a um consumode argamassa para contrapiso menor porunidade de rea construda.
Figura 4 Consumo de material acimado estimado em projeto, por falhas deexecuo erro de nivelamento queocasionou o aumento da espessura docontrapiso.
emn.e > emn. Defeitos no nivelamento
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emn. emn.emn. e > emn.
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2.1.3 Utilizao
No que se relaciona utilizao, diversos motivos podem fazer com que haja um consumo de
materiais no desprezvel. Em primeiro lugar h que se lembrar que os diversos produtos (a pelcula
de pintura, o revestimento cermico de piso, etc.) que constituem o produto maior (por exemplo, o
edifcio de apartamentos) possuem certa vida til. Atividades de manuteno e recuperao podemdemandar o consumo de materiais. Por exemplo (Figura 5), uma falha detectada no contrapiso
executado, diagnosticada aps a entrega da obra, demandou a necessidade de que fosse refeito um
trecho do mesmo.
Mais do que isto, algumas vezes, embora o produto ainda cumpra com os requisitos de utilizao
inicialmente previstos decide-se, por outras razes, elimin-lo (total ou parcialmente), substitu-lo
ou adicionar um novo elemento, implicando em consumo adicional de materiais, efeito conhecido
como obsolescncia funcional. Exemplo disso a deciso pela repintura de um ambiente tendo
como objetivo apenas a mudana da cor, ou a troca de um revestimento cermico em bom estado
com o intuito de atender a um novo padro esttico valorizado pelos usurios.
2.2 As perdas enquanto parte do consumo dos materiais
O consumo de materiais refere-se quantidade total de material demandada (para o empreendimen-
to como um todo ou para determinada etapa do mesmo). As perdas, por sua vez, esto inseridas no
montante de insumos utilizados e representam tudo o que foi utilizado mas que estaria acima do
realmente necessrio . Dessa forma, assim como o consumo, nota-se que as perdas podem se
relacionar s etapas do empreendimento (concepo, produo e utilizao).
Analiticamente, pode-se dizer que a quantidade de materiais realmente necessria, que serindicada por QMR, equivalente quantidade de materiais teoricamente necessria (QMT)
adicionada das perdas (consumo acima do necessrio), ou seja:
Portanto, uma clara definio do que seja a quantidade teoricamente necessria de materiais
fundamental para a estimativa da perda, dentro do conceito de que esta seria toda a quantidade de
material acima da necessria. E, expressando-se as perdas em termos percentuais, tem-se que:
Figura 5 Interferncia ocasionando aretirada e reposio de material.
QMR = QMT + PERDAS (0.1)
(0.2)
QMR - QMTQMT
PERDA (%) = X 100
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Materialretirado
Materialreposto e > emn.
emn.
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onde:
perda(%) = perda expressa percentualmente,
QMR = quantidade de material realmente necessria,
QMT = quantidade de material teoricamente necessria.
Com base na perda percentual, pode-se reexpressar o consumo realmente, como indicado a seguir:
Mas ainda resta uma dvida: qual seria a quantidade necessria?
Como resposta pode-se dizer que se deve estabelecer uma referncia formal para balizar a definio
de perdas. Diferentes referenciais so possveis (e tm balizado diferentes discusses sobre perdas
de materiais na Construo). So indicadores que podem auxiliar as tomadas de deciso na etapa de
concepo ou mesmo apresentarem-se como referenciais durante o monitoramento da etapa deproduo. Eis algumas possibilidades para tais referenciais:
?nmeros mdios do setor;
?nmeros mnimos do setor;
?normas tcnicas;
?metas da empresa;
?indicadores de oramento.
No que se refere s perdas no mbito da produo, uma vez definido o projeto (concepo), esteseria a referncia a ser buscada no processo de produo e, portanto, haveria perda caso as
atividades de produo levassem a uma necessidade de materiais superior quela calculada com
base nas prescries do projeto. Assim, pode-se conceituar perda na produo da seguinte
maneira:
Na medida em que h consumo de materiais na utilizao, seria possvel definir um referencial de
consumo de perda nula para tal etapa e, portanto, calcular tambm eventuais perdas. Por exemplo,
toda vez que se pintar um ambiente em intervalo de tempo inferior ao previsto inicialmente, ter-se-
um consumo ao longo do tempo maior que o inicialmente previsto e, portanto, haver perda de
material coerentemente com a definio aqui adotada.
2.3 Gesto do consumo de materiais no empreendimento
A gesto do consumo de materiais no empreendimento transcende a relao comercial entre
fornecedor e consumidor. Para entender sua abrangncia, necessrio entender a gesto da
Perda na produo toda quantidade de material consumida alm da
quantidade teoricamente necessria, que aquela indicada no projeto e seus
memoriais, ou demais prescries do executor, para o produto sendo
executado.
QMR = QMT * ( 1 + PERDAS % ) (0.3)
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produo, bem como do empreendimento.
Segundo CARDOSO (1998), sintetizando as principais linhas do pensamento administrativo, a
gesto da produo envolve uma pluralidade de aes, cuja natureza pode ser de quantificao,
com a organizao das atividades no tempo, previso, ocupao; de organizao, identificando as
competncias necessrias para a realizao das atividades que tm que ser desenvolvidas ao longo
do processo, com a previso das respectivas interfaces dessas atividades; de conduo, queimplica a fixao e perseguio de objetivos e transmisso de informaes; de controle, que exige a
criao e a observncia de indicadores para garantir a obteno dos resultados perseguidos e
corrigir desvios que possam ocorrer.
Entende-se empreendimento como se tratando de um agrupamento temporrio de competncias,
que tem por objetivo desenvolver um projeto, da forma mais interessante para cada agente, e sua
gesto ocorre desde a concepo at a fase de entrega da obra (eventualmente atuando na fase de
uso e manuteno), atendendo s exigncias tcnicas, arquitetnicas, econmicas e normativas
(HENRY, 1994).
Assim, a Gesto do Consumo de Materiais no Empreendimento pode ser definida como as
aes relacionadas ao uso apropriado dos insumos desde a concepo, passando pela produo e
chegando at a utilizao de um empreendimento. Abrange o estabelecimento de referenciais para
sua adequada quantificao durante a concepo, a organizao das atividades desenvolvidas ao
longo do processo visando otimizao no trato dos recursos na produo e uso, o exerccio do
controle contnuo para perseguio das metas e correo dos desvios (perdas), atendendo
essencialmente s exigncias tcnicas, econmicas e normativas.
Considerando de forma prtica, envolve a definio dos materiais, consideraes quanto
construtibilidade, modularidade, escolha do fornecedor, compra, expedio, recebimento,
estocagem, utilizao, cuidados, ps-processamento etc., alm da prpria avaliao e atuao
sobre as perdas.
A gesto do consumo de materiais pode atuar sobre cada etapa do empreendimento, na medida em
que, como j comentado, e conforme exemplificado na Figura 6, decises do gestor e aes
relativas aos materiais podem ocorrer em vrios momentos.
Como se pode observar na Figura 6, a gesto do consumo de materiais na concepo relacionada
s atividades que influenciam o consumo nas duas etapas consecutivas. J o consumo efetivo, pela
utilizao dos insumos, torna-se evidente na produo e na utilizao. Assim, pode-se assumir que
o consumo de materiais global no empreendimento dado por:
Definio dasquantidades de
material a compor oproduto
Utilizao dosrecursos para compor
o produto
Consumo de materialpara providenciar o
reparo / manutenodo produto
CONCEPO PRODUO USO/MANUTENOFigura 6 - Discusses relativas aoconsumo de materiais nas diferentesetapas do empreendimento.
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Para uma anlise do consumo de materiais durante a utilizao, ou uso e manuteno, os autores
observaram a falta de dados existentes para balizar a gesto desta etapa. Seria interessante um
aprofundamento do estudo, analisando parte esta etapa com suas particularidades. Como base
conceitual para tal estudo, poderia ser utilizado o prprio conhecimento sobre a produo, que ser
citado a seguir.
Para a gesto do consumo, a etapa mais expressiva a produo, sendo essa a etapa em que ocorre a
maior incidncia de utilizao dos recursos para compor o produto. Sob um aspecto mais amplo,
partindo da viso do empreendimento, a produo se divide nas fases mostradas na Figura 7.
Para uma gesto mais aplicada a cada fase da produo, comum expressar o consumo em termos
da unidade de rea construda, como m de concreto por m construdo, ou tambm em unidade de
servio executado, como litros de argamassa por m de alvenaria, kg de ao por m de estrutura eassim por diante.
Os conceitos de consumo total e unitrio so associveis, sob a tica da quantidade de servio
executada. Pode-se afirmar que o consumo total expresso pelo consumo unitrio multiplicado pela
quantidade de servio a ser executada. Assim, tem-se que:
Definindo-se que:
conclui-se que:
onde:
QMR = quantidade de material realmente necessria,QS = quantidade de sadas (ou servios) executada,
CUM = Consumo unitrio de materiais
QMRglobal = QMRprod + QMRtil (0.4)
Transpote
ProcessamentoIntermedirio
Processamentofinal
Recebimento Estocagem Aplicao
USO/MANUTENOCONCEPO PRODUO
Figura 7 Fases da etapa de produo.
QMR = QS x (QMR/QS) (0.5)
QMR/QS = CUM (0.6)
QMR = CUM x QS (0.7)
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Surge, assim, um conceito que pode ser um poderoso subsdio para a gesto do consumo de
materiais:
A viso apresentada para o consumo de materiais nas etapas do empreendimento (equao 1.4)
igualmente vlida para o conceito de consumo unitrio, ou seja:
Da mesma forma utilizada para as quantidades de material demandadas, quando se definiram as
quantidades real e teoricamente necessria, utilizam-se os termos: consumo unitrio de material
real (CUM) e consumo unitrio de material teoricamente necessrio ou de referncia (CUMRef).
Dessa forma, tem-se que:
ou
Na gesto do consumo de materiais, relacionando o consumo unitrio e as perdas, enquanto o
consumo unitrio mede o desempenho ocorrido quanto ao consumo de materiais teoricamente
definido pelo projeto, o indicador de perdas avalia a discrepncia do desempenho real com relao a
um desempenho de referncia (considerado de perda nula).
H uma srie de vantagens que justificam a adoo do CUM como caminho para a discusso dos
materiais. Em primeiro lugar, h que se frisar que perdas reduzidas no significam menor consumo
e, se o objetivo gastar-se menos material, o interessante ter baixo CUM e no somente perdas
baixas.
Cabe ainda salientar que, para o caso dos indicadores de perdas, os mesmos podem ser calculadospara as diferentes fases do empreendimento (concepo, produo e uso/manuteno) e que, para
o caso da produo, tem-se o projeto / especificao como referncia de perda nula.
No caso do consumo unitrio ser usado como ferramenta para gesto do consumo de materiais, o
prprio projeto est includo no maior ou menor valor calculado para o indicador. O projeto e a
especificao dos materiais/componentes (concepo) podem, ainda, favorecer ou no a gerao
de perdas.
A gesto do consumo de materiais no empreendimento deve considerar, alm das fases em que
pode haver maior ou menor utilizao de recursos, a natureza das perdas originadas em cada uma
das fases e sua origem. Dessa maneira, segundo sua natureza, as perdas no canteiro de obras podemser definidas de trs formas, conforme ilustra a Figura 8.
O furto ou extravio costuma ser pouco significativo em obras de porte maior. Existe um controle
Consumo unitrio de materiais (CUM) a quantidade de material necessria
para se produzir uma unidade de produto resultante do servio em que ele est
sendo utilizado.
CUM = CUMprod + CUMutiliz (0.8)
CUM = CUMRef *( 1 + PERDAS %) (0.9)
CUM = ( CUMRef + PERDAS )prod + ( CUMRef + PERDAS )utiliz (0.10)
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maior sobre materiais de baixo peso e alto custo unitrio. Alm do furto propriamente dito, h os
casos de divergncia entre a entrega de material contratada e a realizada.
O entulho, ou lixo que sai da obra, pode ser gerado nos vrios servios e com diferentes materiais
que compem a obra, podendo, por exemplo, significar quantidades no desprezveis de entulho
nos casos de gesso, argamassa, madeira serrada etc. Diz respeito aos chamados RCD Resduosslidos de construo e demolio, que causam hoje em dia grandes impactos por sua gesto
inadequada e so tema das principais legislaes ambientais relacionadas Construo Civil.
A perda incorporada, ou lixo que fica na obra, embora menos perceptvel visualmente que a perda
por entulho, muitas vezes tem representado o tipo de perda mais significativa na Construo.
Atividades de baixo grau de industrializao, como algumas moldagens in loco, levam a quantida-
des superiores s teoricamente necessrias devido a ineficincias do processo utilizado. Por
exemplo, isso ocorre com uma laje nivelada apenas com guias de madeira e sarrafeada, que pode ter
em mdia 1 centmetro a mais do que o especificado.
Como se tem notado, dados os conceitos estabelecidos at aqui, o consumo de materiais (incluin-do-se a perda inerente a ele) ocorre nas vrias etapas e fases do empreendimento. Sendo feita uma
avaliao global e analisando-se sob o ponto de vista das fases de incidncia, pode-se representar
visualmente o consumo de materiais conforme ilustrado na Figura 9.
$ENTULHO FURTO INCORPORADAFigura 8 Classificao das perdassegundo sua natureza
Material que fica
Material total demandadoGasto adicional
USO /MANUTENO
PROJETO
QMT Entulho
Furto
QMR
ReparoRe-execuo
Incorporada
Figura 9 Consumo de materiais eperdas em cada fase do empreendimento:a) representao grfica; b) tabelaexplicativa (na prxima pgina)
a)
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b)QMT PROJETO
QMT + PERDAS Gasto Rr$) com materiais na
QMT + INCORPORADA + ENTULHO +FURTO
Consumo de materiais demandado
QMT + INCORPORADA + ENTULHO Material que chega obra
QMT + INCORPORADA Material que fica na obra
ENTULHO Resduo
REPARO / RE-EXECUO Uso / manuteno
Figura 9 continuao
A partir dessa classificao, com a definio anterior (equao 0.11) de consumo de materiais
(QMR), pode-se ter uma viso mais ampla do consumo (ilustrada na Figura 10), ao se considerarque:
ou seja
Pela anlise realizada at aqui, possvel notar que a gesto do empreendimento, enquanto ao de
quantificao, organizao, conduo e controle, deve considerar atitudes relacionadas ao uso dos
recursos e, mais do que isso, implementar a efetiva gesto do consumo de materiais.
QMR = QMT + PER DAS + QM uso. (0.11)
QMR = QMT + (INCORPORADA + ENTULHO + FURTO) +Troca/reposio+ adio( (
Figura 10 Viso abrangente doconsumo de materiais e sua forma deincidncia no empreendimento.
O projetoespecifica isto
O uso
demanda isto
A obra paga por isto
A obra recebe isto
A obra abrange isto
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16Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Entende-se que tornar efetiva a gesto do consumo de materiais consolidar as aes ligadas ao
uso apropriado dos insumos, estabelecer referenciais que balizem a concepo e a produo, e a
atuao sobre cada fator gerador de consumo nas etapas do empreendimento.
Vale lembrar que o consumo ocorre e torna-se visvel na produo e na utilizao, mas o projeto
merece ateno enquanto principal fonte indutora do consumo. Assim, a gesto eficaz do
consumo de materiais pode atuar individualmente em cada etapa do empreendimento e suas
respectivas fases, sob a tica da melhoria contnua e como ferramenta para se atingir o resultado
almejado em termos de vrios aspectos e, especialmente, da sustentabilidade do empreendi-
mento.
3. Caracterizao e anlise crtica das prticas existentes no
mercado nacional
Dentro de uma viso tecnolgica, a anlise do consumo de materiais teve maior avano com os
estudos de SKOYLES (1976, 1978, 1987), a partir da dcada de 60 no Reino Unido, e que
serviram de base para os principais trabalhos realizados no Brasil e no exterior. Mais recente-
mente, outros estudos sobre perdas foram realizados, como os da Hong Kong Polytechnic
(1993), ENSHASSI (1996) e McDONALD e SMITHERS (1998), estes mais focados na questo
das perdas por entulho, ou o resduo slido. (PALIARI, 1999)
No Brasil, PINTO em 1989 apresentou indicadores para as perdas de materiais em um edifcio.
PICCHI (1993) realizou estudos envolvendo a anlise e estimativa das perdas financeiras na
construo de edificaes. SOILBELMAN (1993), com um nmero um pouco maior de casos
estudados, refora a importncia do estudo de perdas ao afirmar que empresas precisam desenvol-
ver e implementar formas de controle de materiais em obra e intervir em seu processo. A partir de
1998 foi desenvolvido um projeto de pesquisa com o tema Alternativas para a reduo de
desperdcio de materiais em canteiros de obra, articulado pelo ITQC e fomentado pela FINEP, no
mbito da linha de pesquisa Habitare.
Contudo, nacional e internacionalmente, outros artigos sobre o tema tm sido publicados, porm
so cada vez mais voltados gesto especificamente dos resduos, desviando-se da questo da
perda como um todo e do consumo de materiais. Abordagens em trabalhos relativas ao consumo, de
forma explcita, so difceis de serem encontradas; a maioria dos trabalhos com essa abordagem
tem sua origem no Departamento de Construo Civil da Escola Politcnica da Universidade de SoPaulo (PCC - EPUSP). Em relao ao consumo unitrio, h manuais de oramento que do diretrizes
e possibilitam estimativas do consumo global. Estudos paramtricos, como apresentado no texto
que segue, tambm so fontes de referncia. Em suma, as abordagens atuais restringem-se a
perdas, mais ainda a perdas por entulho, justificadas pela visibilidade do impacto causado.
Estudos e informaes vigentes de perdas e consumos so mencionados nos itens seguintes,
mostrando um panorama nacional e internacional do uso de recursos fsicos pelo subsetor da
Construo Civil. Algumas tecnologias desenvolvidas referentes ao consumo dos materiais e sua
gesto no mercado nacional tambm so mencionadas. Evidencia-se, aqui, a necessidade e a
importncia de se avanar no estudo do uso dos recursos fsicos em todas as etapas do empreendi-mento, considerando a busca pela maior eficincia refletida na melhoria do processo, uma das
principais preocupaes da empresa moderna.
HabitaomaisSustentvel
17Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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8/4/2019 28. Levantamento Do Estado Da Arte
18/43
3.1 Perdas vigentes
No cenrio internacional e nacional, vrios diagnsticos sobre o assunto perdas fsicas tm sido
registrados. A partir das estatsticas relativas aos indicadores de perdas de materiais e componen-
tes, observa-se uma evoluo qualitativa dos dados, inclusive a mudana de mdia para o uso da
mediana como referencial de avaliao, alm dos valores mximos e mnimos. O uso do valormediano representa a maioria dos dados coletados, e no apenas a mdia de valores que podem ser
contaminados por ocorrncias extremas. Assim, a mediana d uma viso mais clara do centro do
universo observado. A Tabela 1 apresenta resultados relativos aos principais estudos de indicadores
de perdas de materiais em processos construtivos.
No Brasil, o trabalho de PINTO (1989) foi pioneiro no incentivo do uso de indicadores para avaliao
de perdas nos canteiros. A partir de seu estudos tem-se observado vrios cenrios de perdas fsicas
nada desprezveis.
Por exemplo, tem-se constatado que a perda mdia de materiais nos processos construtivos
est em torno de 25% e o percentual da perda de materiais, removidos como entulho, pode ser
significativa em relao perda total.
Os resultados apresentados at aqui so relativos etapa de produo. H ainda poucos estudos
sobre perdas na fase de uso e manuteno. Um dos trabalhos que buscou estabelecer o perfil das
no conformidades (ou defeitos) das edificaes em So Paulo, realizado pelo SECOVI-SP (1998),
prope alguns nmeros que ainda so mais ligados ao nmero de incidncias do que ao consumo
ou s perdas geradas propriamente ditas.
O estudo apresentou como principal grupo de defeitos os de origem hidrulica, causando comoefeito secundrio trincas e fissuras em paredes. Segundo a avaliao apresentada, em termos de
recursos financeiros, esses representam os mais expressivos. Em geral, os defeitos gerados geram
um nus estimado em 2,87% do custo da obra.
MATERIAIS/COMPONENTES
TCPO 10(1996)
SKOYLES(1976)
PINTO(1989)
SOIBELMAN(1993)
FINEP/SENAI/PCC(1998)
Mdia Mdia Mdia Mdia Mediana Mn. Mx.
Concreto usinado 2 5 1 13 9 9 2 23
Ao 15 5 26 19 10 11 4 16
Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 17 13 3 48
Emboo ou massa nica interno
0 - - - 104 102 8 234
Emboo ou massa nica
externo
0 - - - 67 53 -11 164
Contrapiso 0 - - - 79 42 8 288
Placas cermicas 5 a 10 3 - - 16 14 2 50
Gesso - - - - 45 30 -14 120
Tabela 1 Balano geral de perdas demateriais em processos construtivosconforme pesquisa nacional em 12Estados e pesquisas anteriores (perdaspercentuais)
HabitaomaisSustentvel
18Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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8/4/2019 28. Levantamento Do Estado Da Arte
19/43
Dentre os vrios trabalhos desenvolvidos, nacional e internacionalmente, algumas consideraes
podem ser feitas (SOUZA, 2005):
a) As perdas fsicas encontradas nos diversos trabalhos, sob as vrias naturezas, so bastante
relevantes;
b) H uma variao expressiva das perdas, de uma obra para outra, abrindo um grande intervalo deresultados;
c) Os materiais bsicos, especialmente os que so processados em obra, registram os maiores
valores de perdas;
d) Os materiais aplicados na estrutura apresentam valores menores de perdas quando compara-
dos aos revestimentos efeito justificado talvez por falhas nos subsistemas anteriores e que so
corrigidas no revestimento;
e) A execuo dos revestimentos registra grandes perdas de argamassa;
f) Os sistemas prediais, ao contrrio do suposto anteriormente, so marcados por perdas nodesprezveis;
g) A deteco das perdas no nvel dos servios permite uma gesto mais eficaz do que se avaliada
ao nvel da obra.
3.2 Consumos vigentes
Diante da avaliao das perdas apresentada, assim como da expressividade do volume de resduos
(entulho) gerado, foram criadas ferramentas com o objetivo de formular um modelo para quantifica-
o de servios, custos e consumo de materiais e mo-de-obra de edificaes residenciais para
serem utilizados na fase de investimentos. H modelos paramtricos, como os desenvolvidos por
FORMOSO (1986), HEINECK (1986), SOLANO (1995), ARAJO (1997), OTERO (2000),
PARISOTTO (2004) e mesmo os manuais de oramentao.
Sejam os modelos paramtricos ou os manuais de oramentao, verifica-se a nfase no CUMReal
para a anlise de custos de um empreendimento. Na realidade, a influncia destes indicadores pode
ir alm de uma prospeco de custos, podendo subsidiar a escolha de processos e tecnologias.
Logicamente, tais avaliaes so estimativas, sendo to mais precisas quanto maior o nmero de
informaes disponveis (GRAA E GONALVES, 1978, CITADO POR PARISOTTO, 2004).
PARISOTTO (2004) faz uma comparao entre estudos de trs autores para a quantificao de
instalaes e estruturas, transcrita na Tabela 2.
Nos comparativos apresentados (Tabela 3), podem-se observar algumas variaes expressivas
entre um modelo e outro. Para haver uma coerncia na avaliao de um empreendimento,
necessrio ter em mos o maior nmero de informaes para se escolher o melhor modelo para ser
utilizado em cada situao, em termos de contedo e contexto.
Ainda assim, tanto os modelos de estimativas como os manuais de oramentao so considerados
compatveis com as incertezas presentes na etapa de desenvolvimento de projetos e no ambiente da
Construo.H outras fontes que permitem estabelecer consumos vigentes globais, no mais em termos de
empreendimento, mas agora sob a tica do subsetor.
HabitaomaisSustentvel
19Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Otero (2000) Solano (2003) NORIE (1995)
N pontos gua fria / rea real total
N pontos gua fria / n banheiros
Comprimento tubulao gua fria / n de pontos
Comprimento tubulao gua fria / rea real total
Comprimento tubulao gua fria / n banheiros
N pontos esgoto / rea real total
N pontos esgoto / n banheiros
N pontos gua pluvial / rea pavto tipo
N pontos gua pluvial / n banheiros
Comprimento tubulao sanitria / rea real total
Comprimento tubulao sanitria / n banheiros
N pontos eltricos / rea real total
Comprimento fiao eltrica / rea real total
Comprimento dos eletrodutos/ n de pontos
N pontos telefnicos / rea real total
Comprimento fiao telefnica / rea real total
Peso ao / rea real total
rea frmas/ rea real total
Volume concreto / rea real total
Y=-314,4+0,10441xART
Y=-71,59+5,1687xNB
Y=-737,4+0,36333xART
Y=9,0631+5,1030xNB
Y=-227,2+0,10281xART
Y=9,0631+5,1030xNB
Y=7,2272+0,11706xATP
Y=36,366+0,52471xNB
Y=397,50+0,49762xART
Y=931,23+26,340xNB
Y=-756,8+0,36124xART
Y=4.949,2+4,5028xART
Y=-68,32+0,03275xART
Y=1.292,9+0,05972xART
Y=14,883+0,01101xART
Y=-1831+1,9620xART
Y=72,289+0,14333xART
0,08pontos/m
6,08m/ponto
0,49m/m
0,05pontos/m
0,36pontos/m
5,35m/m
1,92 m/ponto
14,30kg/m
1,73m/m
0,17m/m
4,61m/ponto
3,13 m/ponto
11,10kg/m
1,58m/m
0,13m/m
Tabela 2 - Equaes e autores paraquantificao das instalaes e estrutura(PARISOTTO, 2004)
Tabela 3 - Comparativo entre as equaespara quantificao da estrutura(PARISOTTO, 2004).
Autor
Solano (2003)
Oliveira (1995)
Arajo (1997)
Concreto
0,172kg/m
0,170kg/m
0,368kg/m
Ao
14,287m/m
13,840m/m
33,288m/m
Formas
1,749m/m
1,940m/m
0,141m/m
HabitaomaisSustentvel
20Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Embora represente apenas uma parte do consumo, o levantamento de resduos slidos por metro
quadrado construdo pode ser relacionado ao consumo unitrio imaginando-se que quanto maior a
incidncia de resduos, pior a gesto do consumo. Ter-se nmeros de resduos separadamente por
tipo de material aprimora a informao relativa aos consumos (mas ainda uma coisa no sinnimo
da outra), principalmente para o caso de materiais onde a parte predominante da perda ocorre por
gerao de entulho. A Figura 11 apresenta dados do Reino Unido da composio dos resduosslidos, tambm chamados de RCD.
Segundo PINTO (1999), houve uma elevao significativa do consumo de materiais em outros
pases, percebida pelo aumento dos resduos slidos. Dados disponveis para o Japo indicam que,
entre 1980 e 1985, a gerao de RCD cresceu 90%, contra um crescimento de 7% na gerao dos
outros resduos industriais e de 21% na economia como um todo; no perodo de 1985 a 1990 a
gerao de RCD cresceu outros 45%, ocorrendo, no entanto, uma reduo de 23% na massa de
resduos gerada por unidade de capital investido.
Em pesquisas realizadas junto aos coletores de RCD, so as reformas e ampliaes (que incluem1
construo de novos espaos e demolio de antigos) responsveis por aproximadamente 52%
das remoes efetivadas (PINTO, 1999). Conclui-se, portanto, que esse tipo de atividade, longe deser insignificante, um dos maiores geradores de consumo de materiais e, especificamente, de
RCD em reas urbanas, sendo desenvolvida quase sempre de maneira informal e, pela diversidade
dos servios executados, dificilmente pode ser mensurada em rea construda.
No entanto, para avaliar a evoluo do consumo geral de recursos fsicos na Construo Civil,
usualmente se toma por base o consumo de cimento como indicador. A Figura 12 apresenta a
evoluo do consumo de cimento por habitante e o crescimento populacional do Brasil.
COMPOSIO RESDUOS (% em peso)
25,9
13,8
11,5
10,2
7,1 8,6
7,5
3,2 4
9,6
0
5
10
15
20
25
30
EMBALAGENS
MADEIRA
ARGAMASSAS
CONCRETO
INERTES
CERMICA
ISOLANTES
PLSTICO
METAL
DIVERSOS
%d
eresduosd
oReinoUnido
componentes
Figura 11 Composio dos RCD noReino Unido (HURLEY, 2001)
1Mdia resultante de entrevistas com 102 coletores ou empresas coletoras em 07 municpios.
HabitaomaisSustentvel
21Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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A evoluo dos ndices de consumo do cimento, principalmente entre os anos de 1995 a 2000, e
sua leve queda nos anos subseqentes indica, dadas as caractersticas da construo brasileira, que
o consumo de outros materiais bsicos (areia, pedra britada, componentes de vedao, madeira e
ao) tambm aumentou em tal perodo. Raciocnio anlogo mostra que no houve aumento depois
disto.
A partir das informaes de perdas e consumos vigentes, consolida-se a idia da gesto do
consumo de materiais como ferramenta importante para se alcanar a sustentabilidade nos
empreendimentos do subsetor da Construo, atuando na fonte geradora, no momento deincidncia do consumo dos recursos fsicos e permitindo que a quantidade de materiais desneces-
sria represente parcela cada vez menor no conjunto de recursos empregados.
3.3 A gesto do consumo de materiais relacionada aos subsistemas e
processos construtivos envolvidos
Sob a abordagem tecnolgica, a gesto do consumo de materiais pode ser aplicada dentro de cada
subsistema que compe um edifcio. Ser dada nfase estrutura, vedao e ao revestimento, na
medida em que aproximadamente 80% da massa do edifcio concentra-se nesses subsistemas
(LICHTENSTEIN, 1987). A Tabela 4 apresenta uma viso geral dos subsistemas e os servios,
materiais e processos envolvidos.
Dentro de um canteiro de obras, os materiais so recebidos e inspecionados, armazenados,
processados e, por fim, aplicados, sendo que h a movimentao entre cada etapa citada.
Entendendo-se como processo todas as etapas relacionadas ao fluxo dos materiais, define-se como
fluxograma dos processos todas as etapas de um servio em estudo, assim como o relacionamento
entre elas (SOUZA, 1999).
EVOLUO DO CONSUMO APARENTE DE CIMENTO NO BRASIL
130
135
140
145
150
155160
165
170
175
91 92 93 94 95 96 97 98 9920
00
2001
2002
2003
2004
Ano
milhesdeHabitantes
0
50
100
150
200
250
300
Ton/hab
Populao
ndice SNIC Ton/Hab
Figura 12 - Evoluo do consumo decimento por habitante e o crescimentopopulacional do Brasil
Tabela 4 (prxima pgina) - Tabela deservios, materiais relativos a cada etapado fluxograma dos processos
HabitaomaisSustentvel
22Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Subsistema Servio Material
Fluxograma dos processos
Recebimento EstoqueProcessointermedirio
Processofinal
Movimentao
Estrutura deConcretoArmado
Frmas Madeira
Chapas de
madeiracompensada
Sob lona;pilhas
Servio de
carpintaria -corte
Montagem ManualElevador
Painis pr-fabricados demadeira ouao; entregaemcaminhes
Sob lona;pilhas classificadospor tipo depea
Montagem Elevador
Armadura Ao
Vergalhes PilhasDobraCorte
Colocao nafrma
ManualElevadorGrua
Pr-cortado DobraColocao nafrma
ManualElevadorGrua
Pr-dobradoColocao nafrma
ManualElevadorGrua
Concretagem
Cimento EnsacadoGranel
PilhasSilos Mistura Lanamento
JericaElevador
Agregados Granel Baias
Concreto CaminhesBetoneira
Lanamento
BombaGiricaElevadorGrua
Vedaesverticais
Alvenaria
Blocos SoltosPaletizados
PilhasPallets
CarrinhosGrua
CimentoEnsacadoGranel
PilhasSilos
Dosagem / prdosagem emistura
Aplicao PadiolaGiricaElevador
Cal Ensacado Pilhas
Areia Granel Baias
ArgamassaEnsacadoGranel
PilhasSilos
Mistura Aplicao
RevestimentoInterno deparedes
Chapisco
Emboo
Cimento EnsacadoGranel
PilhasSilos
Pr dosagem(argamassaintermediria) /Dosagem emistura Aplicao
PadiolaGiricaElevador
Cal Ensacado Pilhas
Revestimentoexterno -fachada
Areia Granel Baias
Cermica Embalado PilhasDosagem emistura
ArgamassaEnsacadoGranel
PilhasSilos
Mistura AplicaoRevestimento vedaeshorizontais
Contrapiso
Gesso Ensacado Pilhas
HabitaomaisSustentvel
23Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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24/43
A Tabela 4, portanto, apresenta uma viso analtica dos processos envolvidos para cada servio, bem
como dos materiais envolvidos e de caractersticas associveis a cada etapa a ser vencida. Tais
informaes podem ser teis para se discutir a vigncia ou no de condies mais favorveis
minimizao das perdas na produo, ou, sob outro ponto de vista, dos momentos/condies que
devem analisados com a finalidade de buscar condies favorveis reduo das perdas.
3.4 O estudo do consumo de materiais na etapa de concepo Projeto
Habitao 1.0 (ABCP)
Conforme comentado anteriormente, embora no haja consumo de materiais durante o projeto, a
concepo do produto final define o consumo teoricamente necessrio que ocorrer na etapa de
produo. Dentro deste contexto, pode ser bastante interessante analisar os projetos em termos do
consumo prescrito pelo mesmo. Normalmente, tal anlise composta pelo levantamento inicial da
quantidade de um determinado subsistema (ou parte) do edifcio por unidade de rea construda; tal
valor ento multiplicado pela quantidade de material /componente necessrio teoricamente para
se compor a unidade do produto. A equao a seguir ilustra tal raciocnio:
Onde:
QMT = quantidade de materiais teoricamente necessria;
QS = quantidade de servio a ser executada;
CUMref = consumo unitrio de materiais, obtido a partir de um valor de referncia.
Entender as razes que levam a um aumento da frao QS/m algo anlogo a entender os fatores
que levam a maiores ou menores perdas na produo. Assim que, conhecendo-se os fatores que
influenciam QS/m podem-se definir diretrizes de projeto que induzam a reduo do consumo de
materiais.
Portanto, tem-se detectado um princpio de anlise, em trabalhos acadmicos e profissionais,
relativa ao entendimento da variao do indicador QS/m. Um exemplo tpico de informao usada
no mercado da Construo diz respeito comparao de valores de laje mdia, isto , da
espessura equivalente, em centmetros, do consumo de concreto relativo ao metro quadrado de umandar tipo de edifcio; por exemplo, uma laje mdia de 20 cm equivaleria a um consumo teorica-
mente necessrio de 0,20m de concreto por m de rea em planta.
O mesmo raciocnio foi detectado em trabalho recente desenvolvido para a anlise de diferentes
tipologias arquitetnicas para casas. Na medida em que vrias propostas delayouts para habitaes
de interesse social tm sido propostas, buscando especialmente o menor custo de implantao,
mostra-se a seguir o raciocnio seguido para a apropriao (e posterior uso na anlise das diferentes
propostas) do valor de rea de alvenaria por m construdo como ferramenta para a avaliao da
sustentabilidade na etapa de concepo.
Como exemplo deste clculo, ser utilizado o modelo bsico de casa proposto pela AssociaoBrasileira de Cimento Portland (ABCP) no projeto conhecido como Habitao 1.0, apresentado na
Figura 13.
QMT/m = QS/m * CUMref (0.12)
HabitaomaisSustentvel
24Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Figura 13 Projeto Casa Isolada -Habitao 1.0: a) perspectiva; b) plantabaixa
Tendo como base o projeto arquitetnico, ser feita uma breve anlise da quantidade de paredes em
relao rea de piso e de como tal indicador (diretamente associvel ao futuro consumo de
materiais, blocos e argamassa de assentamento) pode ser afetado por algumas caractersticas do
projeto (tais como a quantidade relativa de paredes internas e externas).
A Tabela 5 rene as informaes levantadas e aponta que a tipologia proposta leva a uma quantidade
unitria de paredes internas menor que a relativa s paredes externas.
Abordagem semelhante aplicada a duas outras tipologias mostrou uma quantidade unitria deparedes respectivamente de 0,83 m/m e 1,01 m/m . Portanto, no que se refere ao CUM depiso ref
blocos, para uma das alternativas propostas seria menor e para outra seria maior em comparao
tipologia aqui mostrada.
piso
a)
.14 2.41 .14 3.21 .14
.1
4
3
.0
1
.1
4
3
.8
1
.1
4
.1
4
3
.0
1
.1
4
1
.2
1
.1
4
1
.9
1
.1
4
6.04
7.
2
4
7.44
8.
6
5
.7
0
1
.2
6
.70 .70
1
.8
1
.81
.1
4
1
.0
6
.143.16
.14
3.36
.14 2.26
8,52m2QUARTO
2,73m2BANHO
COZINHA4,96m2
SALA11,02m2
QUARTO7,25m2
P0
2
P0
2
P01
P0
3
J02
J01
J0
2
J0
3
A A
2.46.14
.5
5
C
IRC
U
L.
PROJEO LAJE
b)
HabitaomaisSustentvel
25Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Tabela 5 - Fatores de projetoinfluenciadores do consumo de materiais(m)
Figura 14 Programa GESCONMAT
3.5 Mtodos de gesto
3.5.1 Gesconmat
O Programa Gesconmat (Gesto do Consumo de Materiais nos Canteiros de Obras) est relacionado
a uma pesquisa, apoiada pela Finep, e executada sob a coordenao do PCC-USP e com a parceria
da Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal de Gois (UFG), com a
participao e apoio do Sindicato da Indstria da Construo Civil do Estado de So Paulo (Sindus-con-SP), onde se est desenvolvendo um sistema de gesto do consumo de materiais visando
reduo dos consumos desnecessrios devidos a ineficincias na produo.
O mtodo de implementao nas empresas envolve (vide Figura 14) trs grandes etapas, denomina-
das: base conceitual; avaliao; e consolidao. Na primeira delas, o objetivo transmitir
conhecimentos bsicos sobre o tema para os gestores das empresas participantes; na segunda,
Processamento finalDiscusses com agentes da cadeia produtiva
Manual das empresas
Treinamento inicial
BASECONCEITUAL
AVALIAO
CONSOLIDAO
Orientao paraimplementao
ColetaProcessamento
Avaliao dosresultados
1 Etapa
Orientao paraimplementao
ColetaProcessamento
Avaliao dosresultados
3 Etapa
Orientao paraimplementao
ColetaProcessamento
Avaliao dosresultados
2 Etapa
Sensibilizao
HabitaomaisSustentvel
26Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
Fator estudado Fator /mde piso
Apiso 42,33
A -paredesl quida
total 92,74 2,19
externas 58,64 1,39
internas 34,10 0,81
Comprimentodas paredes (m)
total 41,82 0,99
externas 26,14 0,62
internas 15,68 0,37
Acaracterstica
(A / A )liq liqisoladas 5,60
-
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atravs de trs ciclos de atuao nas obras, se implementam a coleta de indicadores de per-
das/consumo e a postura de interveno visando a reduo das ineficincias detectadas e se busca o
desenvolvimento de um sistema de gesto que perpetue a preocupao com a reduo das perdas. A
ltima etapa diz respeito a um balano final dos resultados obtidos e definio de planejamentos
para a atuao futura.
A Figura 15 ilustra um estudo de caso, dentre dezenas que foram feitos ao longo do primeiro ano dapesquisa, onde os sucessivos ciclos de diagnstico e interveno levaram a redues significativas
das perdas vigentes.
3.5.2 Gesto de resduos Experincia do Sinduscon-SP
Sob coordenao do COMASP Comit de Meio Ambiente, Segurana e Produtividade do
SindusconSP, em carter experimental, foi desenvolvido um programa para a implantao de uma
metodologia para gesto de resduos com 11 construtoras. A implantao dessa metodologia foi
iniciada pelo grupo-piloto de construtoras em janeiro de 2003 e concluda em agosto de 2004.
A exemplo dos Sistemas de Gesto da Qualidade aplicados por grande parte das construtoras, o
Programa de Gesto Ambiental de Resduos em Canteiro de Obras um mtodo que parte igualmen-
te do desenvolvimento de um planejamento. Do planejamento, o passo seguinte a tomada de
aes prticas a implantao, concentrando o foco na informao, no treinamento e na capacita-
o das pessoas envolvidas. Faz-se, ento, o acompanhamento da evoluo do processo por meio
de relatrios ou checklists. Finalmente, as avaliaes efetuadas redirecionam a tomada de aes
corretivas e retroalimentam o sistema de gesto. Os objetivos do programa compreendem:
a) Organizao do canteiro de obras e segregao dos resduos para:
?
reduzir desperdcios;?permitir a reutilizao ou reciclagem;
?destinao compromissada.
Figura 15 - GESCONMAT intervenesna execuo da infra-estrutura abordandoas perdas de concreto usinado: a)redues sucessivas das perdas; b) fotosda execuo do servio.
Setor Perda (%)
1 23,2
2 14,0
4 11,5
a) b)
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27Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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b) Atendimento aos requisitos ambientais e legislativos, agindo preventivamente, buscando
solues adequadas ao nosso setor e assumindo atitude pr-ativa para promover aspectos
positivos.
As construtoras participantes do grupo-piloto conseguiram, no experimento, facilmente incorporar
aos procedimentos operacionais os novos conceitos ambientais da metodologia como buscar a
reduo de desperdcios, eliminando-os quando possvel, promover a segregao dos materiais
para reutilizao no prprio canteiro, encaminhar os resduos para reciclagem ou dar destinao
compromissada para as reas licenciadas com a utilizao de transportadores (caambeiros)
credenciados. A Figura 16 ilustra algumas imagens de obra submetida ao programa.
Para um projeto experimental, o Programa de Gesto Ambiental de Resduos em Canteiros de Obras
foi considerado bastante favorvel (ver Figura 17), conforme mostrado por pesquisa que umaempresa especializada independente aplicou nas construtoras participantes do grupo-piloto,
abordando um universo amplo de pessoas envolvidas. A pesquisa constatou, no grupo entrevistado,
um alto grau de sensibilizao, conscientizao e interesse pelo assunto. Percebeu-se uma
expressiva reduo de resduos gerados, embora a quantificao nos canteiros no estivesse ainda
sistematizada.
Concluiu-se, enfim, que a implantao do programa proporcionou uma interessante reduo dos
custos operacionais das obras, ao contrrio do que alguns previam. Foi verificado aperfeioamento
da logstica da obra, mudana de cultura entre as equipes de produo, com funcionrios e
fornecedores valorizando mais a empresa.
Figura 16 - Metodologia Segregaodos resduos (SINDUSCON-SP, 2004)
Figura 17 - Resultados do Programa opinies positivas quanto a diferentesimpactos do programa
Base: total da amostra
7%
11%
41%
41%
46%
64%Organizao da obra
Conscientizao ambiental
Reduo de custos
Melhora na administrao dos resduos
Adequao legislao
Melhora a imagem da construtora
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28Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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3.5.3 Smartwaste
Em termos de desenvolvimento sustentvel, a indstria da Construo na Europa est passando por
uma transformao com relao gesto e minimizao de perdas de materiais. Em essncia, as
perdas que recebem maior ateno so aquelas relativas ao entulho nos canteiros de obras.
Em determinados pases, algumas ferramentas para auditoria tm sido criadas. O BRE (BuildingResearch Establishment), aps auditorias em canteiros no Reino Unido, aplicou em algumas
construes um sistema de gesto de resduos conhecido como SmartWaste (Figura 18), em sua
forma mais simplificada, o SmartStart, desenvolvido pelo prprio instituto. Este sistema consiste
essencialmente em um Software, com base na internet, que disponibiliza um campo de informaes
interativas e dispositivos geradores de grficos e relatrios. Este sistema foi apresentado por James
W. Hurley, Senior Consultant, BRE, no artigoHow to SMARTWasteTM the Construction Industry.
A ferramenta contempla a fonte, tipo, quantidade, causa, custo e proporo do resduo global
gerado, bem como sua identificao por grupo de resduos ou grupo de materiais. A inteno
principal subsidiar a definio de estratgias para gesto dos resduos slidos produzidos, e queso monitorados atravs de indicadores de desempenho ambiental e planos de ao desenvolvidos.
Nesta ferramenta, para cada grupo de resduos, foram criados indicadores denominados EPI's
Environmental Performance Indicator. Como exemplo, tem-se:
Embalagens
?EPI = 2,26 m/100m2;
Madeira
?EPI=1,54 m/100m2
Concreto?EPI = 1,41 m/100m2
Contudo, de acordo com HURLEY (2001), em geral a mdia para construo encontrada foi de 10,58
m/100m.
O objetivo do BRE, na aplicao do Smartwasteem diversos canteiros, est em:
a) gerarbenchmarks mais detalhados para diferentes tipos e dimenses de canteiros (construo,
demolio, reformas e produo de manufaturados); criao de um banco de dados nacional;
b) estabelecer estratgias de gesto de resduos, monitoradas atravs dos indicadores de desempe-
nho e planos de ao.
A verso mais completa do Software inclui certas ferramentas de avaliao, tais como:
?caracterizao do resduo (fonte, tipo e quantidade);
Figura 18 - Sistema de gesto de
resduos SMARTWaste - BRE
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29Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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?causas e custos;
?gerao de resduos ao longo do tempo;
?gerao de resduos por servio;
?EPI's m resduo gerado a cada 100 m;
?avaliao de produtos residuais chave.
Em sua verso mais simplificada, conhecida como Smartstart verso para iniciar o processo de
avaliao da gesto de resduos nos canteiros so gerados valores tais como seus EPI's por
canteiro (identificando perdas), comparativos com valores obtidos em outros projetos e mdia
nacional. Seus relatrios ainda permitem o monitoramento da reduo na gerao de resduos e
identifica medidas tomadas para recuperao do produto residual
Entre os aspectos mais interessantes, destacam-se:
?abordagem dos resduos como produtos;
?aplicao em pr-auditorias para atividades de demolio, permitindo planejamento da gesto
dos resduos;
?oportunidade para identificar o potencial de economia em custos;
?oportunidade para o desenvolvimento de mercado para estes produtos.
A proposta do sistema Smartwaste estar constantemente em desenvolvimento, tendo suas bases
de informao aferidas e atualizadas conforme mais e mais usurios o aplicam em seus empreendi-
mentos. Futuramente, espera-se que o sistema possa identificar com segurana as fontes principais
geradoras de resduos em cada empreendimento e as formas de atuao para minimiz-lo,
indicando constantemente o cumprimento ou no das metas estabelecidas.
3.5.4 Checklistde gesto de resduos
A idia de desenvolver-se um checklistpara avaliao da existncia ou no de condies consideradas
satisfatrias prtica comum em vrias propostas acadmicas, em diversos assuntos. No que diz respeito
ao consumo de materiais, encontram-se atualmente em desenvolvimento, no PCC-USP e na Universidade
Federal da Bahia (UFBA), pesquisas de iniciao cientfica visando proposio de checklist para
avaliao da gesto de resduos nas obras de construo de edifcios. Devidamente adaptadas, tais listas
de verificao poderiam ser usadas para anlise da gesto do consumo de uma maneira mais ampla.
A pesquisa em andamento tambm propor uma estrutura de banco de dados de boas prticas quanto gesto de resduos, compilando as aes mais interessantes encontradas nos estudos de caso que sero
realizados.
3.6 Polticas pblicas e normalizao brasileira
3.6.1 Comit de Meio Ambiente
Formado por empresas associadas, o Comit de Meio Ambiente do SindusCon-SP constitui um
frum permanente para debater questes ambientais fundamentais para o desenvolvimento ecapacitao das empresas, apontar as necessidades inerentes aos assuntos, identificar problemas
relevantes e encaminhar solues.
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30Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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Os objetivos para a criao do COMASP envolvem:
?Busca de parcerias com entidades e fabricantes da cadeia produtiva para desenvolver a cultura da
gesto ambiental nas empresas de construo;
?Desenvolvimento de programas voltados ao Desenvolvimento Sustentvel na Construo Civil;
?Busca pelo equacionamento da gesto dos resduos de construo priorizando a no gerao, oreso, a segregao, a correta destinao e a reciclagem;
?Participao na elaborao de polticas ambientais, incluindo leis, decretos e resolues
ambientais que envolvam a cadeia produtiva da Construo Civil.
3.6.2 Normas tcnicas
O COMASP participa nas comisses CE: 0213005 e CE: 0213006 da ABNT responsveis pela
elaborao das normas necessrias para a implantao de atividades / tecnologias em decorrncia
da gesto dos resduos da Construo Civil.
Como resultado dos trabalhos foram elaboradas as seguintes normas:
?Resduos da Construo Civil e resduos volumosos - reas de transbordo e triagem - Diretrizes
para projeto, implantao e operao NBR 15112:2004
?Resduos slidos da Construo Civil e resduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto,
implantao e operao NBR 15113:2004
?Resduos slidos da Construo Civil - reas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantao e
operao NBR 15114:2004
?Agregados reciclados de resduos slidos da Construo Civil - Execuo de camadas de
pavimentao Procedimentos NBR 15115:2004
?Agregados reciclados de resduos slidos da Construo Civil Utilizao em pavimentao e
preparo de concreto sem funo estrutural Requisitos NBR 15116:2004
Tais normas tm balizado as aes do poder pblico especialmente em relao aos planos
municipais para destinao correta dos resduos, conforme estabelecido pela Resoluo n do
CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), em 2002, que ser comentada no prximo item.
3.6.3 Legislao e polticas pblicas
A questo da gesto do RCD tem mobilizado o agente pblico em iniciativas que organizem e
procurem at minimizar sua gerao. Dentre as polticas pblicas vigentes, pode-se mencionar:
a) PBPQ-H Programa Brasileiro da Produtividade e Qualidade do Habitat. O Ministrio das Cidades
tem atuado no fomento da normalizao tcnica para a questo do resduo slido atravs do
Programa.
b) Secretaria de Estado do Meio Ambiente SP Resoluo SMA n 41, de 17 de outubro de 2002
c) PROJETO DE LEI ESTADUAL n 367, DE 2005, que Prope a criao de uma Poltica Estadual de
Resduos Slidos em So Paulo.
No ano de 2002 o CONAMA editou a Resoluo n 307 onde estabeleceu diretrizes, critrios e
procedimentos para a gesto dos resduos da Construo Civil, atribuindo responsabilidades a
agentes da cadeia produtiva e municpios. Essa resoluo estipulava que o construtor era respons-
vel pela triagem em canteiro dos resduos slidos l gerados e pelo transporte destes s reas
especficas.
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31Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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A Resoluo classifica os RCD nas seguintes categorias:
?Classe A alvenaria, concreto, argamassas e solos. Destinao: reutilizao ou reciclagem com
uso na forma de agregados, alm da disposio final em aterros licenciados.
?Classe B madeira, metal, plstico e papel. Destinao: reutilizao, reciclagem ou armazena-
mento temporrio.?Classe C produtos sem tecnologia disponvel para recuperao (gesso, por exemplo).
Destinao: conforme norma tcnica especfica.
?Classe D resduos perigosos (tintas, leos, solventes etc.), conforme NBR 10004:2004
(Resduos Slidos Classificao). Destinao: conforme norma tcnica especfica.
3.6.4 Outros manuais
Para orientao, tanto aos agentes envolvidos na gesto e na operao dos RCD, bem como aos
possveis proponentes de financiamento para empreendimentos, foi disponibilizado um Kit pela
Caixa Econmica Federal (CAIXA) contendo dois manuais, sendo:?Volume 1 Manual de Orientao Como Implantar um Sistema de Manejo e Gesto de Resduos
da Construo Civil nos Municpios.
?Volume 2 Manual de Orientao Procedimentos para a Solicitao de Financiamento.
Estes manuais esto disponveis no site da CAIXA (http://www.caixa.gov.br).
4. Metodologias de avaliao
Para a maior parte das metodologias de avaliao de desempenho ambiental de
edifcios, o acompanhamento do consumo de materiais no analisado ou
analisado apenas superficialmente, sendo apenas avaliadas a natureza dos
materiais empregados e as perdas por entulho ou resduos.
Os itens seguintes analisam o tema Consumo de materiais no contexto das metodologias
selecionadas por este projeto.
4.1 Building Research Establishment Environmental Assessment Method
BREEAM
Dentro da estrutura de avaliao do BREEAM 98 (BALDWIN et al., 1998), o uso de materiais exerce
um peso relativo de 9,8%. Contudo, o escopo est nas implicaes ambientais da seleo dos
materiais e eventuais destinaes, e no no uso dos recursos propriamente ditos.
4.2 EcoHomes The environmental rating for homes
Dentro do mbito dos materiais, este sistema avalia o uso de recursos naturais. O conceito de
avaliao se d quanto natureza ou origem dos materiais e os impactos ambientais gerados por sua
utilizao.
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Materiais regionais/locais - at 2 pontos
?Utilizao de pelos 20% de materiais fabricados na regio, dentro de um raio de 500 milhas.
?Ponto adicional para 50% dos materiais fabricados na regio serem totalmente extrados dentro do
raio de 500 milhas.
Materiais rapidamente renovveis - 1 ponto
?Aplicao de ao menos 5% do total com materiais oriundos de fontes naturais rapidamente
renovveis.
Uso de madeira certificada
?Em todo o volume de madeira aplicada, utilizao de 50%, no mnimo, de madeira certificada
segundo oForest Stewardship Council's Principles and Criteria.
H ainda uma outra categoria, denominada Inovao e processo de projeto (com peso de 7%),
que pode receber at 5 pontos. Essa categoria procura, de forma discreta, induzir a uma atuao no
projeto para um empreendimento mais otimizado em termos de uso de recursos. Envolve asseguintes discusses:
1. Inovao (estratgias de projeto e uso de tecnologias), que pode receber at 04 pontos;
2. Envolvimento de profissional habilitado pelo LEED, recebendo at 01 ponto.
A estrutura do LEED permite que apenas os quesitos para os quais pretende obter a certificao
sejam avaliados. Isto significa que somente os aspectos de projeto, por exemplo, podem ser
avaliados (no se considerando aspectos controlados pelos executores ou planejadores), sem que o
resultado final seja afetado.
Ao apresentar um enfoque mais abrangente sobre a questo do uso dos materiais, o LEED preocupa-se com a origem do material empregado e a gesto dos resduos slidos. No mencionada
qualquer preocupao quanto aos fatores geradores do consumo ou avaliao de aes para a
otimizao do uso de insumos.
4.4 Comprehensive Assessment System for Building Environmental
Efficiency (CASBEE) 2002
Pode-se dizer que o CASBEE no seria uma, mas quatro ferramentas de avaliao, sendo cada uma
delas direcionada a usurios especficos, que podem avaliar o projeto ou edifcio existente emestgios especficos de seu ciclo de vida. mais voltada avaliao de edifcios de escritrios,
escolares e multiresidenciais e no contempla residncias unifamiliares.
Tal como os demais sistemas, o escopo ambiental mantido, abrangendo o uso de recursos naturais
e impactos ambientais.
As categorias de avaliao para o uso de materiais so as seguintes (considera os insumos bsicos
como materiais de baixo impacto ambiental, em oposio poluio da gua ou do ar, que seriam
considerados de grande impacto):
d) Materiais reciclados?eficincia no reso de materiais na estrutura
?eficincia no de materiais no estruturaisreso
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34Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais
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e) Madeira para florestas sustentveis
f) Materiais de baixo risco sade
g) R da estrutura existente
h) R de materiais e componentes.
Envolve a natureza dos materiais empregados.
No se aplica ao consumo e perdas de materiais.
4.5 Certification NF Btiments Tertiaires Dmarche HQE. Bureau et
Enseignement (HQE) - CSTB
A metodologia de avaliao francesa engloba a escolha dos produtos (natureza e impacto) e
processos escolhidos. No que envolve os materiais, o alvo 2 - Choix integre des produits, systemes
et procedes de construction [Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos] a
interao entre processo e produto dentro do sistema e a influncia interativa no processo de escolha
de cada um. Alm disso, segundo a metodologia, a escolha dos produtos integra, influencia ou
influenciada por todos os demais alvos.
Apesar de iniciar a avaliao antes mesmo da etapa de concepo, em termos de materiais esta
certificao restringe-se escolha dos produtos que sero utilizados.
A natureza e as caractersticas dos materiais, dentro da perspectiva de maior desempenho e menor
impacto ambiental, seja na sua produo ou na sua utilizao, so os pontos mais relevantes.
Quanto gesto dos processos, identifica-se uma postura que induz a uma gesto do consumo demateriais na etapa de concepo. H uma preocupao pela escolha de um processo que utilize
mias recursos locais, que seja mais durvel e que se adapte ao mximo s necessidades dos
usurios, minimizando interferncias ou, sempre que ocorrerem, que sejam facilitadas por
processos que permitam montagem e desmontagem. Ainda assim no h instrumentos que
permitam ou incentivem a avaliao do consumo dos materiais, bem como sua gesto nas demais
etapas.
4.6 Certification Habitat & EnvironnementDentre os sete temas, um especificamente trata da escolha dos materiais Choix des Materiaux
(CM). Ele estabelece uma indicao de conformidade ambiental (CM1) que procura identificar o
nvel de impacto ambiental causado pelos materiais de construo em seu ciclo de vida. Tambm
relaciona a escolha de materiais em cada subsistema de acordo com seu impacto ambiental.
Outros critrios de avaliao deste tema so a utilizao de materiais renovveis (CM2) e de
materiais reciclados (CM3).
A certificao da CERQUAL,Habitat et Environnement, no apresenta posturas voltadas gesto do
consumo. Tem-se apenas a escolha dos materiais como abordagem. No so discutidas questes
de consumo maior ou menor, ou tratamento das perdas geradas no processo.
eso
eso
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4.7 Green Building Challenge (GBC)
Para realizar comparao internacional de edifcios, o GBC utiliza indicadores de sustentabilidade
ambiental. At a verso GBTool 2K (2000), que constitudo por uma srie de planilhas em formato
MS ExcellTM , eram utilizados quatro indicadores: consumo anual de energia, consumo anual de
gua, consumo (rea) de solo, emisso anual de GHG, no se mencionando o consumo de materiaisou os resduos slidos gerados. Na verso 2002, dos doze indicadores que foram testados, dois
foram includos para contemplar algum aspecto relativo aos materiais, o ESI-11 e o ESI-12 (Quadro
1), sendo eles:
Os indicadores ESI-11 e ESI-12 foram incorporados para abranger a questo de materiais emprega-
dos. Entendem-se por materiais reutilizados aqueles provenientes de resduos reciclados ou
retirados e transformados no prprio canteiro, quando disponveis. Fica evidente que a avaliao
proposta limita-se reutilizao e a origem dos materiais, focando de certa forma os resduos, mas
no interferindo na quantidade, consumo ou a diminuio propriamente das perdas e consumos.
4.7.1 Estrutura e pontuao
Seis categorias so avaliadas na GBTool. Aqui so mencionadas apenas as duas que tratam doaspecto dos recursos fsicos, que so:
Categoria de uso de recursos energia, gua, solo e materiais - representando 20% do peso na
avaliao geral, e
Cargas ambientais tratando das emisses, efluentes e resduos slidos com 25% do peso
total.
Em cada categoria h fatores de ponderao, em que a pontuao atribuda segundo uma escala de
graduao de desempenho que vai de -2 a +5. O zero da escala corresponde ao desempenho de
referncia (benchmark)
Dentre os fatores de ponderao utilizados no GBTool, apenas dois so relacionados ao uso dos
materiais, sendo eles:
R4 - Reuso da estrutura existente ou materiais do local da obra, com 3 critrios:
R4.1 Permanncia da estrutura existente;
R4.2 Reuso dos materiais e componentes de estrutura existente;
R4.3 Reuso dos materiais retirados em outro local, fora da obra.
R5 Quantidade e qualidade dos materiais de procedncia externa ao canteiro de obras,
abrangendo os atributos ambientais em 3 critrios:
R5.1 Uso de materiais recuperados de fontes externas obra;
R5.2 Contedo reciclado dos materiais provenientes de fontes externas obra;
Quadro 1 Indicadores GBTool 2002 -Materiais
Indicadores de sustentabilidade ambiental utilizados pela GBTool v 1.81 (2002)(os valores so normalizados por rea construda)
ESI-11 Massa total de materiais reutilizados empregados no projeto, vindos do prprioterreno ou de fontes externas, kg.
ESI-12 Massa total de novos materiais (no reutilizados) empregados no projeto, vindos defontes externas, kg.
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R5.3 Uso de produtos de madeira que so certificados ou possuem alguma qualificao
equivalente.
Benchmarkspara materiais
Como metodologia de avaliao, o GBTool estabelece alguns benchmarks que servem de parmetro
para a pontuao. Extraindo aqueles relacionados aos materiais, tem-se:?A proporo da estrutura que normalmente poderia ser utilizada como parte do novo edifcio. O
valor atribudo mnimo de 25% da rea de piso do novo edifcio.
?A proporo de materiais utilizados no edifcio, que normalmente poderiam ser reaproveitados de
outras fontes, com patamar de 5% em massa.
?O contedo reciclvel dos materiais utilizados no edifcio, que normalmente seria obtido de fontes
externas: 5% em massa.
Fazendo uma breve anlise do GBC com foco nos materiais, ainda que englobando aspectos do uso
de recursos, a gesto propriamente dita do consumo de materiais no est presente, uma vez que ofoco encontra-se na destinao e reso dos resduos do canteiro de obras, ou uma indicao de uma
gesto de resduos.
4.8 Green Star - Office (GBCA)
Implementado pelo The Green Building Council of Australia GBCA, o Green Star Office um
sistema de pontuao para avaliao dos atributos ambientais na concepo, produo e utilizao
(desempenho) das edificaes de uso comercial. Sua concepo fundamentada nos sistemas de
certificao BREEAM e no LEED, expostos anteriormente. Quatro categorias so aplicadas: Design,As Built, Existing Building e Interiors.
Dada sua origem, esta ferramenta carrega os principais atributos dos sistemas de origem. Procura
dar subsdios para avaliao de iniciativas ambientalmente adequadas (e potenciais impactos
ambientais de um edifcio existente) em qualquer fase do empreendimento. Avalia o uso de
materiais de forma diferenciada em cada categoria:
Design Separao do resduo reciclvel, reutilizao de materiais de acabamento existente,
reutilizao da estrutura, reduo de perdas em processos de readequao dos escritrios,
utilizao de material reciclvel no concreto, utilizao de ao reciclado, minimizao de materiais
em PVC e uso de madeira sustentvel (certificadas ambientalmente).
As Built Separao do resduo reciclvel, reutilizao de materiais de acabamento existente,
reutilizao da estrutura, reduo de perdas em processos de readequao dos escritrios,
utilizao de material reciclvel no concreto, utilizao de ao reciclado, minimizao de materiais
em PVC e uso de madeira sustentvel (certificadas ambientalmente).
Existing Building Separao do resduo reciclvel
Interiors utilizao de mobilirio e acabamentos com baixo impacto ambiental (por seus
materiais constituintes ou em sua utilizao).
O Green Star, de forma similar a outras metodologias de avaliao, segue a tendncia de avaliao danatureza dos materiais, no apresentando parmetros para a minimizao do consumo propriamente
dito.
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4.9 O que os mtodos existentes avaliam
De acordo com os estudos comparativos das metodologias de avaliao
existentes realizadas por SILVA (2003), o quesito de uso de recursos fsicos
exerce uma influncia de 9,79% a 21,05% na ponderao final.
No entanto, os mtodos so voltados mais natureza dos materiais e reduo ou destinao dos
resduos e abordam raramente itens como auxlio a projeto, mas ainda assim no em termos
especficos de consumo de materiais. As Tabelas 6 e 7 sintetizam os itens avaliados referentes
gesto de materiais e o peso relativo pontuao geral para cada sistema.
Sistema de Avaliao Foco relacionado ao uso dos materiais
BREEAM
no uso de asbestos (8) + atender a Green Guide Specifications (32) + madeira certificada (16)+ reso edifcio (16) +uso agregado reciclado (8) + informao sobre presena de materiaisperigosos (8) + espao dedicado armazenagem e coleta de reciclveis (8) + poltica dereciclagem (8)
LEEDTM reso edifcio (3) + materiais (2) + contedo reciclado (2) + materiais locais (2) + erapidamente renovveis (1) + madeira certificada (1) + gesto RCD (2)
reso
GBTool (ponderado)
reso resomaterial vindos off site (1,3%) + madeira certificada (1,3%) + materiais com contedo reciclvel(1,3%) + efluentes lquidos (gua residual sanitria) 1,25%) + manuseio adequado de materiaisperigosos resultantes de RCD (1,25%) + gesto de resduos slidos (2,5%)
edifcio (1,6%) + envio de materiais existentes para reciclagem off site (1,4%) + de
CASBEE (ponderado) Materiais ambientalmente saudveis (30/220*0,85*0,3)
HQE - CSTB Escolha dos materiais que sero empregados, segundo suas caractersticas, dentro da perspectivade maior desempenho e menor impacto ambiental, seja na sua produo ou na sua utilizao
HetE - CERQUALEscolha dos materiais procura identificar o nvel de impacto ambiental causado pelos materiaisem seu ciclo de vida. Relaciona a escolha de materiais em cada subsistema.
Green Star - Office(GBCA)
Subsdios para avaliao de iniciativas ambientalmente adequadas (e potenciais impactosambientais de um edifcio existente) em qualquer fase do empreendimento. Incentiva ou avaliainiciativas quanto reutilizao de materiais, uso de materiais reciclados e uso reduzido deprodutos agressivos ao ambiente.
BREEAM LEEDTM GBTool CASBEE
104/1062(9,79%)
13/69(18,84%)
30/220(12%)
7,65 (pond)(21,05%)
Tabela 6 A gesto de materiais e asmetodologias de avaliao existentes(SILVA, 2003)
Tabela 7- Pontuao dos itens demateriais relativa ao total geral em cada
mtodo de avaliao
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5. Consideraes finais
Ao longo deste documento ressaltou-se que o consumo de materiais na Construo, especialmente
quando comparado com o que acontece nos outros subsetores produtivos, extremamente elevado.
Comentou-se tambm que tal consumo ocorre, ou sofre influncia, de aspectos associados s
diferentes fases do empreendimento de Construo, quais sejam: a concepo, a produo da obrae o uso/manuteno.
Entende-se por consumo de materiais a soma de uma parcela teoricamente necessria e de uma
parcela associvel ineficincia no processo, denominada perda. Como alternativa discusso
das perdas, a avaliao da eficincia no uso dos materiais pode ser medida atravs do consumo
unitrio, que a quantidade de material empregada por unidade de produto executado. Esse
indicador uma ferramenta importante para gesto dos recursos fsicos no canteiro.
A gesto do consumo de materiais no canteiro implica num conjunto de aes e posturas
visando ao aumento da eficincia no uso de tais insumos. A reduo do consumo unitrio
e das perdas normalmente meta importante a ser perseguida pelo gestor. As ineficinci-
as a serem combatidas podem gerar perdas de diferentes naturezas (material desneces-
sariamente incorporado, entulho ou furto) e que podem acontecer em diferentes
momentos do empreendimento, em diferentes servios e com materiais distintos.
O incremento de sustentabilidade baseado em uma gesto do consumo eficaz tem sido buscado
atravs da aplicao uma srie de conhecimentos disponveis ou em desenvolvimento atualmente.
Tais iniciativas