a famÍlia do portador de esclerose mÚltipla e sua …

56
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A FAMÍLIA DO PORTADOR DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E SUA FORMA DE ADAPTAÇÃO LARISSA ANDIARA DEMARCH Itajaí, (SC) 2009

Upload: others

Post on 30-Nov-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA

A FAMÍLIA DO PORTADOR DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E SUA FORMA DE

ADAPTAÇÃO

LARISSA ANDIARA DEMARCH

Itajaí, (SC) 2009

LARISSA ANDIARA DEMARCH

A FAMÍLIA DO PORTADOR DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E SUA FORMA DE ADAPTAÇÃO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Profª Msc. Maria Celina Ribeiro Lenzi.

Itajaí SC, 2009

Dedico este trabalho aos meus pais,

Odair e Arlete, que com amor e

compreensão, sempre me deram forças

para seguir em frente e alcançar meus

objetivos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças nas horas incertas e pela segurança de que não estive sozinha.

Aos meus pais, Odair e Arlete, que são meu porto seguro e exemplo de vida, sempre me apoiando nas minhas decisões.

À minha orientadora, Maria Celina Ribeiro Lenzi, por acreditar em mim e com muita paciência e dedicação fez este trabalho tornar-se possível.

Às professoras da banca, Márcia Oliveira e Josiane Prado, pela atenção, colaboração e contribuições feitas a este trabalho.

À Margarete, presidente da Associação Catarinense de Esclerose Múltipla, por toda a ajuda oferecida, e a todos os participantes da pesquisa pela disponibilidade e

paciência.

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................7

LISTA DE QUADROS.............................................................................................8

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................9

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................11

2.1 Doenças Crônicas...........................................................................................11

2.2 Esclerose Múltipla...........................................................................................12

2.3 Família.............................................................................................................16

3. METODOLOGIA...............................................................................................18

3.1 Delineamento da pesquisa..............................................................................18

3.2 Participantes....................................................................................................18

3.3 Instrumentos....................................................................................................19

3.4 Procedimentos para a coleta de dados...........................................................19

3.5 Procedimento para a análise dos dados.........................................................20

3.6 Procedimentos éticos......................................................................................21

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................22

4.1 Conhecimento.................................................................................................23

4.2 Dinâmica familiar antes do diagnóstico...........................................................28

4.3 Dinâmica familiar após o diagnóstico .............................................................29

4.3.1 Fatores que alteram a dinâmica familiar......................................................30

4.3.2 Fatores contribuintes na adaptação.............................................................34

4.3.3 Fatores prejudiciais para a adaptação.........................................................38

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................43

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................48

7. APÊNDICES......................................................................................................54

7.1 Apêndice A......................................................................................................54

7.2 Apêndice B......................................................................................................55

7.3 Apêndice C......................................................................................................56

7

A FAMÍLIA DO PORTADOR DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E SUA FORMA DE ADAPTAÇÃO.

Orientador: Maria Celina Ribeiro Lenzi Defesa: Novembro, 2009 Resumo: A Esclerose Múltipla é uma doença crônica que afeta o SNC (Sistema Nervoso Central) em adultos jovens, que resulta em uma série de sintomas motores e sensitivos, manifestados por surtos. Logo no início do diagnóstico da doença o portador de Esclerose Múltipla se depara com muitas incertezas e ameaças de perdas. A literatura aponta a presença de sentimentos de culpa, raiva e uma dificuldade grande de aceitação deste diagnóstico. O papel da família como suporte de ajuda é fundamental para a recuperação do paciente, no entanto, quando um elemento da família adoece, ficam afetadas a dinâmica e as relações familiares, a mesma, também passa a conviver com a incerteza do futuro do paciente, gerando medo e ansiedade. Para compreender estas questões, esta pesquisa é de cunho qualitativo e tem por objetivo verificar a forma como a família do portador de Esclerose Múltipla se organiza em torno da doença. Para tanto, foi feita uma entrevista semi-estruturada com 05 participantes pertencentes a famílias de pessoas portadoras de Esclerose Múltipla residentes na região do Vale do Itajaí. Os dados foram analisados através da analise de conteúdo proposto por Bardin (1977). Os resultados apontaram que os participantes buscaram de alguma forma fazer seu enfrentamento por meio de informação, conhecimento e de adaptações necessárias de acordo com cada família. Palavras-chave: Esclerose Múltipla; Família; Adaptação Área de Conhecimento (Conforme CNOq- por extenso): 7.07.00.00-1- PSICOLOGIA Sub-Area de Concentração (CNPq): 7.07.03.01-9 – NEUROLOGIA, ELETROFIA E COMPORTAMENTO Membros da banca PROFª MSC Márcia Aparecida Miranda de Oliveira Professor convidado

PROFª MSC Josiane Aparecida Ferrari de Almeida Prado Professor convidado

PROFª MSC Maria Celina Ribeiro Lenzi Professor Orientador

8

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01. Caracterização dos pacientes.....................................................18 QUADRO 02. Caracterização dos portadores da doença................................19 QUADRO 03. Classificação das categorias......................................................22

9

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento científico e tecnológico tem possibilitado o diagnóstico

precoce das doenças, o que permite muitas vezes o controle de sua evolução e

cura. Porém, mesmo com esses avanços, algumas doenças, especialmente as

crônicas, promovem grandes alterações na vida de uma pessoa.

Entende-se por doença crônica toda aquela condição clínica cuja evolução se

processa a longo prazo, com ou sem tratamento, podendo ter vários padrões de

manifestação, acometimento e evolução. O Suplemento de Saúde da PNAD 2003

estimou que 29,9% da população brasileira eram portadores de alguma doença

crônica, como diabetes, reumatismo, hipertensão, câncer, tuberculose, cardiopatias

e problemas de coluna, entre outros. Por sexo, os percentuais foram: mulheres

33,9% e homens 25.7% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA – IBGE, 2003).

As doenças crônicas apresentam como peculiaridades marcantes, a duração e

o risco de complicações, o que exige esquema de controle e cuidados permanentes,

em função das possíveis sequelas.

Observa-se que a doença crônica gera uma série de limitações, retrições,

incapacidades ao paciente tanto físicas, sociais, quanto uma série de conflitos

emocionais, ansiedade, agústia e medo.

Entre as doenças crônicas encontramos a Esclerose Múltipla (EM) que é uma

doença neurológica, de causa ainda desconhecida e sem cura. Apresenta maior

incidência em mulheres e indivíduos da raça branca, é uma afecção do adulto jovem

onde sua incidência se situa entre as idades de 20 a 45 anos (MELARAGNO FILHO,

1992).

O autor acima citado afirma que este tipo de patologia leva a uma destruição

da bainha de mielina que recobre e isola as fibras nervosas do sistema nervoso

central (estruturas do cérebro). A doença causa uma piora do estado geral do

paciente, levando-o à varias limitações físicas e alguns aspectos psicológicos como

por exemplo, o estresse, a ansiedade e a depressão.

A prevalência da doença varia conforme a região geográfica considerada, de

menos de 1/100.000 a mais de 100/100.000 habitantes, aumentando conforme

distancia-se do Equador nos dois hemisférios. No Brasil, onde as características

10

epidemiológicas são semelhantes às encontradas internacionalmente, há registro de

casos na cidade de São Paulo indicando a prevalência de 15/100.000 habitantes.

(FURTADO; TAVARES, 2005).

Dentro desta problemática encontra-se a família, que na grande maioria da

vezes, tem por função compartilhar e resolver problemas de seus membros, apoiar

e ajudar em situações de necessidade tanto materiais quanto emocionais, promover

e manter a saúde. Como a doença é inesperada, pode acontecer desorganização no

meio familiar, podendo passar por diversos estados emocionais, como: medo,

ansiedade e angústia, porém com seu modo particular, a maioria das familias

mobilizam-se para manter seu funcionamento e buscam criar uma nova estrutura

para conviver com a doença e as implicações dela decorrente.

Diante do exposto, surge a necessidade de conhecer a forma como a família se

organiza e faz o seu enfrentamento diante do diagnóstico de Esclerosse Múltipla de

um de seus familiares.

Para a compreensão da análise dos dados, buscou-se na literatura científica

vigentes questões relacionadas à doença crônica, Esclerose Múltipla, neurologia,

família, enfrentamento, adaptação, psicologia hospitalar, sustentado pelos autores:

Angerami-Camon, Almeida, Martins, Melaragno Filho, Haase, Kalb, entre outros.

A relevância desta pesquisa se dá em função de ser uma temática ainda pouco

investigada na área da Psicologia, desta forma, pretendeu-se trazer à tona novos

subsídios para que se instrumentalize os profissionais da saúde que estejam

diretamente envolvidos com esta clientela.

11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A seguir serão abordados alguns conceitos teóricos que permitirão entender

melhor o desenvolvimento do presente trabalho: o primeiro tópico refere-se à

definição e alguns dados importantes sobre as doenças crônicas; o segundo tópico

aborda questões relacionadas à Esclerose Múltipla e suas implicações e o último

tópico aborda temas sobre a dinâmica familiar e sua forma de adaptação frente à

doença.

2.1 Doenças Crônicas

Ide e Chaves (1992 apud MARTINS; FRANCA; KIMURA, 1996) comentam

que desde a Antiguidade já eram identificadas algumas doenças crônicas, sendo

assim elas não resultam exclusivamente do processo de industrialização. Porém,

ressaltam como fato novo, o grande crescimento das doenças crônicas no Brasil nas

últimas quatro décadas e no mundo inteiro nos últimos 100 anos, com a aceleração

do desenvolvimento industrial e urbano.

De acordo com Lessa (1998, p.29) “Doença não-infecciosa, crônicas não-

transmissíveis ou crônico-degenerativas são terminologias usadas para definir

grupos de patologias caracterizados pela ausência de microorganismos no modelo

epidemiológico, pela não-transmissibilidade, pelo longo curso clínico e pela

irreversibilidade”.

A principal característica da doença crônica é a duração, ela é definida como

de longa duração, ou seja, uma condição que dura mais de três meses em um ano

ou que necessite de um período de hospitalização por mais de um mês (VIEIRA;

LIMA, 2002).

De acordo com Valle e Angerami-Camon (2001), o curso das doenças

crônicas assume essencialmente três formas gerais: progressiva, constante e

reincidente/episódica.

Uma doença progressiva é por definição, continuamente ou geralmente

sintomática e progride em severidade (por exemplo: o câncer). Uma doença de

curso constante é aquela em que, tipicamente, ocorre um evento inicial, após o qual

12

o curso biológico se estabiliza. (exemplo: derrame). O terceiro tipo é caracterizado

como reincidente ou episódico, o aspecto característico deste curso de doença é a

alternação de períodos estáveis de duração variada, caracterizados por um baixo

nível ou ausência de sintomas, com períodos de exacerbação (exemplo: estágios

iniciais da Esclerose Múltipla).

Embora seja passível de controle, o acúmulo de eventos e as restrições

impostas pelo tratamento podem levar a uma drástica alteração no estilo de vida das

pessoas (MARTINS; FRANCA; KIMURA, 1996).

Na doença crônica as ações para manterem a mesma sob controle trazem

limitações para o doente, assim como para aqueles familiares que se envolvem com

o problema. Isto porque o tratamento para a doença crônica é contínuo e

permanente, e por esta razão, é questionado por alguns quanto a seus benefícios, já

que estes nem sempre são visíveis (ELSEN; MARCON; SILVA, 2004).

As doenças crônicas podem ser estáveis ou progressivas. Em casos estáveis

e leves, é possível uma vida quase normal com aparelhos de suporte ou outros

aparelhos de reabilitação. Contudo, nas doenças que causam déficits severos, o

manejo é dirigido para maximizar a função remanescente. Nas doenças

progressivas, o tratamento é ajustado à fase e à gravidade da patologia (SAMUELS,

1992).

Nas doenças crônicas não se tem à perspectiva de recuperação, resta então

à pessoa que foi acometida pela doença o esforço para se adaptar a vida, ou seja,

se reestruturar quase que por completo para poder assim viver, na medida do

possível, com qualidade apesar das limitações e perdas impostas pela enfermidade

(ANGERAMI-CAMON et al, 1996).

2.2 Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica caracterizada

pela desmielinização no sistema nervoso central, o que resulta em uma série de

sintomas motores e sensitivos, manifestados por surtos (JUNIOR, PIGNATARO,

FUZARO, TILBERY, 2005).

A desmielinização refere-se à destruição da mielina, um material gorduroso e

proteináceo que circunda determinadas fibras nervosas no cérebro e na medula

13

espinhal, ela resulta em comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos

(ALMEIDA, 2007).

Acredita-se ser uma doença autoimune, na qual o próprio sistema

imunológico do organismo ataca um tecido ou órgão normal, na EM o ataque

imunológico dirige-se contra a mielina do Sistema Nervoso Central (SNC) (KALB,

2000).

A EM acomete mais freqüentemente adultos jovens com idade entre 20 e 40

anos, é quase duas vezes mais freqüente no sexo feminino e em indivíduos de cor

branca do que em hispânicos ou negros, sendo relativamente rara entre os asiáticos.

É mais comum em áreas de clima temperado e pouco comum nos trópicos (KALB,

2000).

Caracteriza-se na maioria dos casos pelo aparecimento de sintomas de

disfunção do SNC, os quais se instalam no prazo de algumas horas ou dias. Os

sintomas novos e a maioria das recaídas podem ocorrer uma ou mais vezes no ano,

porém, alguns paciente apresentam apenas uma única recaída ou poucas durante

toda a vida (WEINER; GOETZ; BUCKUP, 2003).

Em pacientes jovens observam-se, muitas vezes, elevada freqüência e

gravidade dos ataques no inicio da doença, mas estes se extinguem ás vezes mais

tarde. A recuperação após as exacerbações leva em geral alguns dias ou semanas

e, ocasionalmente, vários meses. Os sinais neurológicos podem desaparecer por

completo quando a exacerbação regride, porém, um exame meticuloso geralmente

consegue descobrir algumas seqüelas (WEINER; GOETZ; BUCKUP, 2003).

Até o momento, não se sabe ao certo o que causa EM, acredita-se, porém,

que certos fatores transmitidos hereditariamente podem favorecer o surgimento da

doença, ou, ao contrário, proteger o indivíduo contra ela. Embora reconhecida e

descrita há mais de 160 anos, só existem hipóteses das causas até o momento.

Dentre elas destacam-se os estudos dirigidos tanto à parte imunológica quanto à

incidência de vírus (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA,

2007).

O Brasil é considerado um país de baixa prevalência da EM, existindo,

contudo, regiões que apresentam média incidência, como demonstram estudos em

cidades como São Paulo e Belo Horizonte. Acredita-se que essa diferença entre as

diversas regiões do Brasil ocorre pelo fato da diversidade genética e do índice de

miscigenação (GRZESIUK, 2006).

14

O diagnóstico é realizado através de uma anamnese detalhada em conjunto

com os resultados da tomografia computadorizada, ressonância magnética do

encéfalo e da análise do líquido cefalorraquidiano, exames importantes para a

localização anatômica da lesão e dos procedimentos terapêuticos a serem

realizados (ZEIGELBOIM, 2006). Foram reconhecidos quatro tipos principais de

cursos clínicos da EM, o tipo surto-remissão, que é caracterizado por surtos que

duram dias, até semanas e, em seguida desaparecem. Indivíduos com esse tipo de

EM apresentam como sintomas, surtos de dormência ou formigamento em várias

partes do corpo, ou visão embaçada. O tipo progressiva-primária, que é

caracterizada por progressão de comprometimento desde seu aparecimento,

apresentando melhoras temporárias. O tipo progressiva-secundária, que

manifesta-se como surto-remissiva e mais tarde torna-se progressiva. Não se pode

prever em quais casos a doença se manterá surto-remissiva, e em quais poderá no

futuro se tornar progressiva-secundária. Por esta razão é difícil dar um prognóstico

preciso. E o tipo progressiva-recorrente, que mostra a progressão clara de

incapacidade desde a manifestação da doença, mas com recorrência distinta e

aguda, que poderá ou não apresentar alguma recuperação após um episódio agudo

(KALB, 2000).

Em cada indivíduo a EM se manifesta com diferentes sintomas, que variam

em cada caso. Os sintomas mais comuns incluem, em ordem de freqüência, paresia

(disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros), perda visual,

perda sensitiva, descoordenação, fadiga, distúrbios vesicais, incontinência e

disfunção sexual, neuralgia e distúrbios emocionais (WILTERDINK; DEVINSKY;

FELDMANN, 2001).

A heterogeneidade das manifestações é uma característica peculiar da

doença, alguns pacientes permanecem sem comprometimentos importantes durante

anos. Por outro lado, outras pessoas apresentam déficits cognitivos, motores e

comprometimento psicossocial já nos primeiros anos de evolução da EM (LIMA;

HAASE; LANA-PEIXOTO, 2008).

De acordo com os autores supracitados, diversos fatores têm sido apontados

com o intuito de explicar a amplitude desta variação: a duração e a idade de início

da doença, a forma clínica da EM, e o número de lesões observadas em

procedimentos de neuro-imagem.

15

O estresse é um dos aspectos psicológicos nas pessoas que têm EM

manifesta, ele pode aumentar a freqüência e a intensidade dos sintomas. A

ansiedade também é um sintoma que permeia grande parte das diferentes fases por

que passa o portador da doença, seja a da busca de um diagnóstico preciso, seja a

das confrontações diárias com o desconhecido, incluindo a forma como vai lidar com

a própria doença. É comum também o portador da doença passar por diferentes

fases de negação, isolamento, raiva e culpa, quando há uma exacerbação dos

sintomas, surgem sentimentos de perdas iminentes, que podem afetar sua

identidade corporal e sua auto-imagem, assim ele entra em depressão

(MELARAGNO FILHO, 1992).

A falta de resposta afetiva, ou a resposta emocional inadequada diante da

afecção, tanto pode ser sinal de negação da doença ou de depressão bem como

uma manifestação sutil da doença do sistema nervoso (WEINER; GOETZ; BUCKUP,

2003). Em relação ao tratamento aplicado à EM, ainda não se é capaz de prevenir a

ocorrência da doença, não há cura e ainda não foi descoberto o meio de restaurar a

mielina danificada ou as funções perdidas, mas o enfoque principal do tratamento é

o controle dos sintomas (ALMEIDA, 2007).

O calor e o esforço físico exagerado são capazes de agravar os sintomas,

podendo inclusive causar exacerbações agudas, por esse motivo é indicado o uso

do ar-condicionado e de um ambiente protegido contra o calor (WEINER; GOETZ;

BUCKUP, 2003).

A EM não é uma doença contagiosa, não é suscetível de prevenção e não

existe cura, no entanto, muito pode ser feito para ajudar as pessoas portadoras de

EM a serem independentes e a terem uma vida confortável e produtiva

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2007).

Pesquisas recentes demonstraram que a redução da expectativa de vida é

discreta nos casos de EM, representando no máximo uma diferença de 7 anos para

os pacientes jovens, quando comparados com os que não possuem EM, esta

diferença é menor ainda para os pacientes de mais idade (WEINER; GOETZ;

BUCKUP, 2003).

16

2.3 Família

O conceito de família tem mudado significativamente com o passar dos anos.

Na Idade Antiga, a família era vista como um conjunto de criados, escravos, pessoas

com o mesmo ancestral, que viviam sob o mesmo teto, incluindo a casa em sua

totalidade, os animais e até as terras (HOUAISS, 2001).

Em uma visão mais atualizada, Ferreira (1993), define família como as

pessoas aparentadas e com o mesmo sangue que vivem, em geral, na mesma casa.

Aos poucos a família ganhou uma conotação que enfatizava mais os vínculos

afetivos entre seus membros e as constantes mudanças em suas relações.

A família é entendida como sendo um sistema social que proporciona aos

seus membros a construção de uma identidade pessoal, social, oportunizando-lhes,

também, um ambiente propício ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social

(MACEDO; MARTINS, 2004)

A família constitui um grupo com dinâmicas de relação muito diversificadas,

cujo funcionamento muda em decorrência de qualquer alteração que venha a

ocorrer em um de seus membros ou grupo como um todo (SILVA; DESSEN, 2001).

Além das crises e conflitos naturais do próprio ciclo de vida, algumas famílias

ainda enfrentam outras adversidades, como a doença (MARCON, 2005).

Via de regra, a família responsabiliza-se por apoiar seus membros, quando

acometidos por uma doença. Dal Sasso (1994 apud ELSEN; MARCON; SILVA,

2004) entre outras considerações, ressalta o papel da família como suporte de

ajuda, e que contribui para a recuperação do paciente.

Quando um elemento da família adoece, ficam afetadas a estrutura e as

relações familiares, principalmente quando o diagnóstico é doença crônica. Frente a

esse diagnóstico, a família passa a conviver com a incerteza do futuro do paciente, o

que gera medo e ansiedade (ELSEN; MARCON; SILVA, 2004).

Assim como o paciente, a família tentará buscar formas adaptativas para se

reorganizar frente á doença, e criar uma situação temporária de reequilíbrio com o

objetivo de superar a crise.

Para estas adaptações a literatura tem tratado como formas de

enfrentamento. De acordo com Gimenes e Fávero (2000, p.120), a “Natureza do

enfrentamento como um processo nos permite dizer que um mesmo individuo pode

apresentar diferentes Estratégias de Enfrentamento diante de um contexto

17

particular”. Por essa razão, o Enfrentamento é também considerado contextual, ou

seja, cada paciente enfrenta as circunstâncias da doença respeitando fatores

pessoais, exigências situacionais, bem como, os recursos que essa pessoa dispõe.

Essa plasticidade, característica do enfrentamento, e que permite ao ser humano a

imensa capacidade de lidar com situações adversas.

Sendo assim, a família tem um importante papel em todo o processo de

relação do paciente com sua doença e tratamento. Considerá-la como um aliado

poderoso na difícil tarefa de acompanhar um paciente crônico é de grande

importância para a equipe de saúde. Não se pode esquecer que é essa família que

irá conviver com o paciente e sua doença, irá compartilhar com ele as perdas e

limitações que ela impõe, lhe dará apoio e conforto nas horas difíceis de

enfrentamento da dor e da angústia (ANGERAMI-CAMON et al, 1996).

Segundo Kubler Ross (1989 apud ANGERAMI-CAMON et al, 1996), o

paciente e a família ao tomarem conhecimento da gravidade da doença podem

passar por cinco estágios emocionais, geralmente ocorrendo nessa ordem, o

primeiro é o estágio de negação, onde o paciente, não raro, procurará outros

médicos para fazer novos exames com a esperança de que o primeiro diagnóstico

esteja errado, ou então abandonará o tratamento, agindo como se a doença não

existisse. O segundo estágio é o de raiva, revolta, ressentimento e inveja, surge

então a pergunta: Por que Eu? O terceiro estágio, o da barganha, nota-se que

muitos pacientes buscam outras maneiras de barganhar como, por exemplo,

tratamentos alternativos, alimentação natural, cirurgias espirituais, etc. O quarto

estágio é o da depressão, que é bastante conhecido entre os profissionais que

tratam de pacientes crônicos. E o quinto estágio é o de aceitação, onde o paciente

contemplará seu fim próximo com uma tranqüila expectativa.

18

3. METODOLOGIA

3.1 Delineamento da pesquisa Para a realização desta pesquisa, o enfoque escolhido é de base qualitativa,

pois se preocupa em responder questões particulares. De acordo com Minayo

(1999) a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores, atitudes, o que corresponde a um espaço mais

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos á operacionalização de variáveis.

3.2 Participantes Foram 05 participantes pertencentes à famílias de pessoas com Esclerose

Múltipla, com idade entre 20 e 70 anos, residentes na região do Vale do Itajaí, que

possuem parentesco em 1º grau, independente de sexo e nível sócio econômico

cultural, e que convivam com a doença há mais de 01 ano.

A amostra se deu por conveniência, isto é, os participantes foram convidados a

participar de acordo com o número estipulado para este estudo. Para fazer parte da

pesquisa, os participantes consentiram seu envolvimento através do esclarecimento

das condições e mediante assinatura de um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APENDICE C)

Quadro 1: Caracterização dos participantes

ENTREVISTADO E1 E2 E3 E4 E5

Sexo F M M F F Idade 30 22 42 67 51 Parentesco Sobrinha Filho Esposo Mãe Esposa Estado Civil Casada Solteiro Casado Viúva Casada Situação Profissional

Assist. Administrativa

Não trabalha Consultor de Vendas

Aposentada Aposentada

Formação Profissional

Ciência da Computação

Estud./ Comérc. Exterior

Estud./ Direito Ensino Fundamental

Sistemas

19

Quadro 2: Caracterização dos portadores da doença

Portador P1 P2 P3 P4 P5

Sexo Feminino Maculino Feminino Feminino Masculino Idade 46 61 39 45 58 Estado civil Casada Casado Casada Solteira Casado Situaçâo profissional

Aposentada Aposentado Graduando direito

Aposentada Auditor fiscal de receitas estaduais

Formação profissional

Formada em economia e administração

Relações públicas (incompleta) e administração (imcompleta)

Formada em direito

Tempo de diagnóstico

18 anos 6 anos 17 anos 17 anos 6 anos

Tipo de tratamento

Cortisona (injeção)

Pretendia fazer a hemoterapia

Interferon (injeção)

Imuran Epife 44 e interferon (injeção)

3.3 Instrumentos

Os instrumentos que foram utilizados são uma ficha de identificação (Apêndice A)

e uma entrevista semi-estruturada com questões relacionadas à temática a ser

investigada (Apêndice B).

De acordo com Rizzini et al. (1999), a entrevista semi-dirigida ou semi-

estruturada é aplicada a partir de um pequeno número de perguntas, para facilitar a

sistematização e codificação. Algumas questões são pré determinadas, muitas

questões podem ser formuladas durante a entrevista e as irrelevantes são

abandonadas.

3.4 Procedimento para a coleta de dados

Primeiramente foi feito um contato com a ACAEM - Associação Catarinense

de Apoio aos Portadores Esclerose Múltipla, situada no município de Itajaí, para

identificar as famílias que tinham uma pessoa portadora de Esclerose Múltipla.

Em seguida foi feito o contato com algumas famílias para apresentar a

proposta da pesquisa e saber a disponibilidade e interesse dos participantes. Uma

vez contatados, foi marcado dia, local e hora da entrevista. As entrevistas a princípio

20

seriam feitas na Clínica Escola de Psicologia da UNIVALI, porém como não houve

disponibilidade dos participantes para se deslocar até este local, foi marcado a

entrevista na casa do participante, sempre preservando o sigilo e a privacidade no

momento da entrevista.

Antes de realizar a entrevista, foi entregue o termo de consentimento livre e

esclarecido ao participante, para que ficasse ciente dos objetivos da pesquisa em

questão. (Apêndice C). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas

sob autorização dos depoentes.

Os resultados serão divulgados a cada candidato através de um relatório.

3.5 Procedimentos para a análise dos dados

A análise dos dados coletados em entrevista, foi realizada pela técnica da

análise de conteúdo. Bardin (1979) apud Richardson (1999, p.223) conceitua que

“é um conjunto de técnicas de analise das comunicações visando obter, através de

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,

indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferir conhecimentos relativos às

condições de produção/percepção (variáveis inferidas) dessas mensagens“.

De acordo com Minayo (1999) a palavra categoria em geral, se refere a um

conceito que abrange elementos ou aspectos com características comuns ou que se

relacionam entre si. Neste sentido trabalhar com elas significa agrupar elementos,

idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso.

Laville e Dionne (1999, p.215) escrevem ainda que “o principio da análise de

conteúdo consiste em demonstrar a estrutura e os elementos de um conteúdo para

estabelecer suas diferentes características e extrair significações.”

No entanto, Minayo (1999) separa uma análise de conteúdos nas seguintes fases:

a pré-análise, a exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e a

interpretação.

A pré-análise é uma etapa em que se organiza o material a ser analisado e faz-se a

leitura do material coletado. Na exploração do material busca-se a definição de

trechos significativos e categorias. No tratamento dos resultados desvenda-se o

conteúdo subjacente ao que esta sendo manifesto, onde, volta-se principalmente

21

para ideologias, tendências e outras determinações características dos fenômenos

que estamos analisando.

3.6 Procedimentos éticos

Esta pesquisa esta foi orientada pelas resoluções nº 196/96 de 10 de outubro

de 1996 do CNS (Conselho Nacional de Saúde), da resolução nº 016/200 de 20 de

dezembro de 2000 do CFP (Conselho Federal de Psicologia) e dentro das normas

do Conselho de Ética e Pesquisa, procurando respeitar os seguintes itens:

• Assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte de

cada participante da pesquisa antes de iniciar a coleta dos dados;

• Respeito aos valores sociais, morais, culturais, religiosos e éticos dos

entrevistados;

• Acesso livre dos participantes á suas informações, assim como aos

resultados obtidos;

• Respeito em relação á recusa do participante para ser entrevistado;

• Manter o anonimato dos sujeitos entrevistados

22

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Após a realização das entrevistas e a análise profunda dos dados colhidos

nas entrevistas, foi construído um sistema de categorias a fim de possibilitar um

melhor entendimento do tema em questão. Estas categorias foram resultado dos

fatores em comum surgidos nos relatos e englobam os pontos principais deste. Para

sua compreensão estão justificadas através de bases teóricas do respectivo

assunto. São elas:

Quadro 3: Caracterização das categorias

CATEGORIA SUBCATEGORIAS DEFINIÇÃO DA CATEGORIA

4.1Conhecimento

É definida pelo conhecimento que os familiares possuem sobre Doença Crônica e Esclerose Múltipla.

4.2Dinâmica familiar antes do diagnóstico

Esta categoria mostra como era a dinâmica familiar antes do diagnóstico da doença.

4.3.1 Fatores que alteram a dinâmica familiar

Fatores resultantes da doença e que por conseqüência alteram a dinâmica familiar.

4.3.2 Fatores contribuintes na adaptação

Fatores observados pelos familiares que contribuíram na adaptação da doença.

4.3Dinâmica familiar após o diagnóstico

4.3.3 Fatores prejudiciais para a adaptação

Fatores apontados como prejudiciais para a adaptação da doença

23

4.1 Conhecimento

Esta categoria refere-se ao tipo de conhecimento que o familiar tem sobre

Doença Crônica e Esclerose Múltipla.

De acordo com Rabaglio (2001), o conhecimento é o saber, adquiridos no

decorrer da vida, como conhecimentos técnicos, escolaridade, cursos,

especializações, entre outros. Dentro desta perspectiva, conhecer é inteirar-se de

determinado assunto, apropriar-se de suas variantes para que se possa ter maior

controle do curso de uma situação específica.

Sendo assim, a família demonstra necessidade de conhecimento prévio da

doença, de seus sintomas e efeitos. De acordo com Elsen, Marcon e Silva (2004), a

comunicação aberta com a família ajuda na compreensão e aceitação da doença,

auxilia na elaboração dos sentimentos complexos que surgem em decorrência da

patologia. Sabe-se que a doença possui representações de ordem simbólica, moral,

social e psicológica para o doente e sua família, não significa apenas um conjunto

de sintomas.

Quando há pouca informação a respeito da doença e seu tratamento, a família

demonstra ansiedade e medo. Contudo, quando as informações são passadas

corretamente, suas estratégias, ansiedade e medo são minimizados (RODRIGUES;

CAMARGO, 2003).

Portanto, para um melhor enfrentamento por parte do portador e da família, faz-

se necessária a busca de conhecimento sobre a doença, para saber as limitações

que a mesma trás, as formas de tratamento, bem como as adaptações necessárias

a serem feitas dentro desta nova configuração familiar.

Diante dos relatos dos entrevistados, percebeu-se que todos possuem algum tipo

de conhecimento sobre a EM, alguns têm um conhecimento mais científico e outros

possuem um conhecimento mais baseado no senso comum, porém todos buscaram

informações para um melhor conhecimento a respeito da doença.

Cabe aqui ressaltar os conceitos de Doença Crônica e Esclerose Múltipla.

Define-se por doença crônica, um estado patológico que apresente uma ou mais das

seguintes características: que seja permanente, que deixe incapacidade residual,

que produza alterações patológicas não reversíveis, que requeira reabilitação ou que

necessite períodos longos de observação, controle e cuidados (ANGERAMI-CAMON

et al, 1996).

24

Entre as doenças crônicas encontramos a Esclerose Múltipla (EM) que é uma

doença neurológica e afeta o Sistema Nervoso Central (SNC). Resulta em sinais e

sintomas neurológicos que, após os surtos, poderão deixar seqüelas, conforme a

localização da lesão (PAVAN, et al, 2007).

Nas falas abaixo, percebe-se o conhecimento científico que os familiares do

portador da doença possuem sobre a Esclerose Múltipla:

“[...] a Esclerose Múltipla é uma doença neurológica crônica, que atinge o sistema nervoso central da pessoa, existem 4 tipos da doença, a primária, a secundária, a remitente remissiva (que é o caso da minha tia), e a benigna [...]” E1

“[...] a Esclerose Múltipla é uma inflamação no sistema nervoso central e começa atingindo alguns membros do corpo [...]” E2

“[...] É uma degeneração dos nervos, é como se fosse uma corrente elétrica que tem várias interrupções, então onde tem as interrupções os nervos é que vão atrofiando, conforme vai passando os anos a pessoa vai ficando cada vez mais debilitada [...]” E5

Em contrapartida, encontramos nas falas de alguns dos entrevistados

informações que sugerem pouco conhecimento científico, ficando ancorado muito

mais no senso comum.

“[...] todo mundo pensa que Esclerose é uma coisa de louco né, a gente ficava com essas idéias inicial de Esclerose, mas não tem nada a ver [...]”E3

“[...] em algum lugar do neurônio tem uma capinha que se chama mielina, ela endureceu, na M. endureceu no cérebro e na coluna e ai ela pensa assim vou andar, mas não anda, vou levantar a mão, mas não levanta, então é esse o conhecimento que eu tenho e sei que é uma doença incurável [...]” E4

25

De posse destes dados, cabe uma reflexão acerca da qualidade de

informação e orientação da equipe de saúde que é repassada aos familiares diante

do diagnóstico e tratamento da doença. Desta forma, pode-se inferir que a falta de

informação está relacionada à forma de comunicação entre os envolvidos. De

acordo com Straub; Costa (2005) as informações trocadas durante a consulta

costumam ser essenciais para formular diagnósticos e decidir o rumo do tratamento.

A comunicação eficaz garante que a doença seja compreendida pelo paciente e

seus familiares, e as informações e instruções do tratamento sejam recebidas e

seguidas de forma precisa

A decisão de contar o diagnóstico deve levar em conta que o paciente necessita

de um "nome" para sua doença, porém, quando o médico define um diagnóstico,

deve pesar suas conseqüências, pois se trata de uma pessoa que está sofrendo. O

modo como o diagnóstico é contado é o mais importante, explicações e apoio

contínuo são elementos essenciais nesta decisão (NASSAR JUNIOR, 2005). No

momento de contar o diagnóstico é de fundamental importância para o médico e

para o paciente a presença da família, devido ao maior entendimento que esta pode

ter da situação e ao apoio emocional que pode lhe dar.

Elsen, Marcon e Silva (2005), demonstram que ao conhecer o diagnóstico da

doença, a família sofre profundo abalo na sua estrutura emocional, ela sente-se

insegura, aterrorizada, e há profundo estresse em todos os seus integrantes. Os

sentimentos provocados pelo diagnóstico causam desequilíbrio na organização

familiar como podemos perceber no seguinte relato:

“[...] ela correu em diversos médicos e daí nos fomos no Dr E. e ele disse que ela tinha Esclerose Múltipla e ai começou a confusão e Meu Deus o desespero, ninguém sabia o que era, ninguém acreditava, ninguém queria acreditar, e chora daqui e chora dali e ela tadinha naquele rolo todo [...]” E4

Dentro desta perspectiva Kubler-Ross (1987) informa que após o conhecimento

do diagnóstico, alguns dos membros da família podem não acreditar que seja

26

verdade, pode ser que neguem o fato de que haja tal doença na família ou comecem

a procurar vários médicos na esperança de ouvir que houve erro no diagnóstico

De acordo com a mesma autora, a negação é uma das fases que o paciente e a

família podem passar, eles não acreditam no diagnóstico, pensam que está

equivocado, podendo até abandonar o tratamento e passam a agir como se a

doença não existisse, ignorando-a. No início de uma doença crônica, é comum a

necessidade do estágio de negação, sendo que tal necessidade pode ir e vir de

acordo com a evolução da relação com a doença e elaboração desta. Geralmente, a

negação é uma defesa temporária, podendo ser substituída por uma aceitação

parcial.

Porém com base nos relatos abaixo, percebe-se que alguns dos entrevistados

não passaram pela fase de negação, foram buscar mais informações por meio de

pesquisa na literatura vigente, na Internet e através de consulta com médicos

especializados:

“[...] a principio a gente não tinha muito conhecimento sobre a doença, tanto é que demorou um ano pra ser diagnosticada [...] fomos em vários médicos, fizeram operações por que acharam que era o túnel do carpo daí operaram, acharam que era hanseníase também, aí fizeram vários exames com o meu pai, dai fomos para São Paulo, numa clinica e lá foi diagnosticado que ele tinha Esclerose Múltipla [...] então a partir daí a gente começou a pesquisar e a estudar mais sobre a doença e aprender [...]” E2 “[...] o meu conhecimento, na verdade eu comecei a descobrir depois que minha esposa teve a doença, daí você começa a se inteirar, pesquisar, estudar tudo o que aparece em revista, notícia, televisão, internet, você acaba sabendo o que é [...]” E3

“[...] no começo a gente não sabia realmente o que era, daí vem pra casa pesquisa na internet, fala com um fala com outro, depois a gente participou de alguns encontros que tem uma vez por ano aqui em Itajaí dos portadores de Esclerose Múltipla e ai a gente foi cada vez conhecendo mais [...]” E5

27

Para finalizar esta categoria buscamos aprofundar o entendimento sobre a

internet como novo meio de comunicação. Sabe-se que a Internet está se tornando

um importante veículo de comunicação no que se refere ao cuidado da saúde. De

acordo com Straub; Costa (2005), com aproximadamente 7 milhões de usuários em

1996, o número de pessoas que usa a internet regularmente em busca de

informações sobre a saúde subiu para 25 milhões em 1999, e atingiu 37 milhões em

maio de 2000. Pesquisas com usuários indicam que a maioria acredita que a internet

os tornou melhores consumidores de informações relevantes para a saúde.

Alguns autores defendem a internet como meio para a divulgação de

informações relativas à saúde, propiciando ao indivíduo uma maior iniciativa em

termos de auto-cuidado. Tal possibilidade beneficiaria, particularmente, indivíduos

com doenças estigmatizadas, como depressão e doenças sexualmente

transmissíveis, que por intermédio do anonimato e privacidade, podem obter

informações sobre seus sintomas, motivando-os a buscar tratamento médico

(SOUZA; MARINHO; GUILAM, 2008).

Porém, como afirma Cassiani (2003), embora a Internet seja rica em recursos

educacionais que podem gerar aprendizagem, a rede não é um canal de conteúdo

cuidadosamente controlado, ao contrário, caracteriza-se pela diversidade com

materiais de boa qualidade e de qualidade duvidosa.

As informações encontradas em sites e grupos de discussão, principalmente

aqueles destinados a discutir doenças, é a principal responsável pela promoção da

automedicação na internet. Muitas vezes, informações como indicação e posologia

estão disponíveis, permitindo que um indivíduo inicie um tratamento sem uma prévia

consulta ao médico e o correto diagnóstico. Inúmeras conseqüências podem ocorrer

aos indivíduos que usam a internet como meio de informação, sem os devidos

cuidados, danos à saúde, efeitos adversos, agravamento de doenças e falsas

esperanças ou ansiedade em relação ao prognóstico da doença e compra

desnecessária de medicamentos (SOUZA; MARINHO; GUILAM, 2008).

Em relação a esta categoria, pode-se perceber que todos os entrevistados

possuem algum tipo de conhecimento sobre EM, sendo ele cientifico ou baseado no

senso comum e que foi obtido através de alguns recursos, como consulta à médicos

especializados, leitura de materiais informativos, pesquisa na internet, etc. O

conhecimento da doença faz-se necessário para melhor enfrentamento, como já foi

citado.

28

4.2 Dinâmica familiar antes do diagnóstico.

Esta categoria diz respeito à dinâmica familiar antes da doença ser

diagnosticada.

Dentro de uma perspectiva sistêmica, o homem é percebido como um ser

inserido em sistemas, sendo que o primeiro e o principal é a família. Esta situa e

legitima o individuo no seu espaço social, constituindo-se na matriz da sua

identidade pessoal (CERVENY; BERTHOUD, 1997).

Cerveny e Berthoud (2002) citam Andolfi (1984, p.17), ao referir que “(...) a

família é um sistema ativo em constante transformação, ou seja, um organismo

complexo que se altera com o passar do tempo para assegurar a continuidade e o

crescimento psiocossocial de seus membros componentes”.

Entende-se assim, por dinâmica familiar, a forma de funcionamento da família,

abrangendo motivos que viabiliza esse funcionamento e relações hierárquicas. A

análise da dinâmica familiar compreende o ideal da família, os papéis familiares, as

relações hierárquicas e o processo emocional de transição (CERVENY;

BERTHOUD, 1997).

Para Elsen; Marcon e Silva (2004), a família saudável é a que se constitui a

partir de laços afetivos, expressos por gestos de carinho e de amor, sendo capaz de

manifestar sentimentos de dúvidas, dividir conhecimentos, crenças e valores.

Com base nesta sustentação teórica buscamos analisar os dados encontrados

que referem à dinâmica familiar antes do diagnóstico da doença e encontramos

indivíduos em harmonia no seu convívio familiar. Indicam em suas falas a existência

de uma rede de apoio que vivencia situações de bom relacionamento e afetividade

entre seus membros.

“[...] bem de família, sempre bem unidos nossa família, todos os fins de semana praticamente juntos [...] E1” “[...] bem normal , com um bom relacionamento [...]” E2 “[...] o nosso relacionamento sempre foi bom, foi normal, uma família normal, carinho, amor, vivendo tranqüilo [...]” E3

29

Elsen, Marcon e Silva (2004) afirmam que a percepção da vida familiar anterior à

doença é assinalada no relato das famílias sobre as atividades cotidianas e suas

relações. Revela-se uma família saudável, aquela que vive sem maiores problemas,

além dos próprios do dia-a-dia. A família é considerada saudável quando possui

organização, tem auto-estima positiva e seus membros relacionam-se como família

ao enfrentar o seu cotidiano:

“[...] inclusive a gente saia com ela pra passear mesmo pra “night”, pra tudo bem normal [...]” E1 “[...] olha, a gente sempre viveu normal [...]” E3” “[...] antes a gente tinha uma vida normal, com toda a dificuldade que uma família tem, mas era normal [...] E4” “[...] era bem normal [...]“ E5

As famílias, ao relacionar saúde e a doença com a convivência familiar,

afirmam que enfrentar as questões da vida cotidiana, compartilhar as relações, as

atribuições e tarefas e ter uma comunhão de valores fundamentais para o convívio

dos membros, conduzem à saúde da família (ELSEN; MARCON; SILVA, 2004).

Em relação a esta categoria, pode-se perceber que todos os entrevistados

relataram ter uma vida normal antes do diagnóstico da doença, convivendo em

família, expressando gestos de amor e carinho.

4.3 Dinâmica familiar após o diagnóstico

Esta categoria refere-se à dinâmica familiar após o diagnóstico da doença.

Busca compreender as alterações e adaptações necessárias frente à nova

configuração familiar. Aponta dados para os fatores que alteram a dinâmica familiar

(subcategoria 4.3.1); fatores contribuíram para a adaptação da doença (subcategoria

4.3.2) e os fatores que prejudicaram a adaptação da doença (subcategoria 4.3.3).

De acordo com Angerami-Camon et al. (1996), a família representa para a

maioria das pessoas um esteio de suma importância tanto no que diz respeito à

estruturação de seus vínculos afetivos quanto nos referenciais de apoio e

30

segurança. No entanto, Wernet e Ângelo (2003), argumentam que todo e qualquer

evento estressante interfere e altera o funcionamento da família, que acaba sempre

buscando uma forma de reestruturação e rearranjo, para continuar visando seus

princípios e ideais

Afirma-se então que a família é a rede de suporte mais próxima do ser

humano, por isso, cuidar da saúde de seus membros sempre foi uma prática comum

na família, podendo ser uma de suas principais funções. Ainda dentro desta

perspectiva, Elsen, Marcon e Silva (2004), informam que a família é um sistema de

saúde para seus membros, sistema este que faz parte um modelo explicativo de

saúde-doença, ou seja, um conjunto de valores, crenças, conhecimentos e práticas

que guiam as ações da família na promoção da saúde de seus membros, na

prevenção e no tratamento da doença

Quando uma família se vê privada de um de seus componentes, privação

essa imposta por alguma doença, esta se desequilibra, pois perde (temporária ou

definitivamente) um dos seus pontos de referência e sustentação. Essa crise que se

instala passa a provocar grande mobilização no sistema familiar, e este, assim como

o paciente, tentará buscar formas adaptativas para se reorganizar frente à crise

(ANGERAMI-CAMON et al, 1996). Desta forma, as doenças crônicas resultam em

várias limitações, restrições, incapacidade ao paciente, exigindo certos cuidados por

parte da família.

Elsen, Marcon e Silva (2004), informam que as famílias, ao relacionar saúde e

a doença com a convivência familiar, afirmam que enfrentar as questões da vida

cotidiana, compartilhar as relações, as atribuições e tarefas e ter uma comunhão de

valores fundamentais para o convívio dos membros, conduzem à saúde da família.

Por outro lado, a doença surge como um mal-estar, como geradora de sofrimento e

desajustes nas relações e na construção de valores na família

Quando há um diagnóstico de uma enfermidade crônica, isso significa que o

paciente deve submeter-se a uma série de limitações e de sacrifícios, que incluem

troca de hábitos de vida, reajustes econômicos, sociais, etc. Angerami-Camon

(1996) sustenta que o paciente, juntamente com a família terá que fazer uma série

de adaptações em seu estilo de vida, que vai implicar uma série de situações

problemáticas

31

Subcategoria 4.3.1: Fatores que alteram a dinâmica familiar

Esta subcategoria irá tratar dos fatores resultantes da doença e que por

conseqüência alteram a dinâmica familiar.

A EM é uma doença que assume características de agravamento seguidas

por períodos de melhoria, embora as deficiências costumam acumular-se, de modo

que muitos pacientes manifestam um quadro de incapacidade progressiva.

Clinicamente, a EM manifesta-se por uma variedade de sintomas, ocorrência de

surtos e remissões de duração e intensidade variáveis.

Weiner, Goetz e Buckup (2003) alertam que a manifestação precoce de

sintomas sensitivos é umas das características da EM, mas a manifestação clínica

inicial geralmente é a queixa de não ser capaz de caminhar pela rua sem tropeçar

nas irregularidades do pavimento, ou então, que uma das pernas ou ambas parecem

pesadas e insensíveis. Os sinais objetivos de diminuição da força muscular variam

consideravelmente, podendo ser muito acentuados em alguns casos. Existem por

outro lado, pacientes que se queixam de distúrbios sensitivos e de mal-estar

Com base no que foi exposto encontramos nas falas dos entrevistados uma

reorganização familiar na busca de adaptação ao novo sistema de vida, estas

adaptações vão desde os aspectos físicos, aos emocionais e sociais.

Os sintomas da EM de acordo com Almeida (2007), podem incluir perda da

visão, visão dupla, rigidez, fraqueza, falta de equilíbrio, dormência, dor, problemas

no controle da bexiga e intestinos, fadiga, mudanças emocionais e

comprometimento intelectual. Não é raro que as primeiras manifestações da doença

não sejam reconhecidas, porque os sintomas que iniciam o quadro são muito

variáveis. O tipo e número de sintomas variam de um indivíduo para outro

dependendo do local no sistema nervoso central onde ocorre dano à bainha de

mielina. Estes fatores solicitam uma adaptação na dinâmica familiar, é o que

podemos constatar nas falas a seguir:

“[...] meu pai começou a perder a sensibilidade das mãos, começou a ter dificuldade de andar, de falar, perdeu um pouco de memória e isso acontece gradativamente [...]” E2

32

“[..] Nela atacou um pouco a visão direita e antes ela ia no banheiro de 15 em 15 dias, por que tranca tudo, mas hoje ela usa fraldão quando tem muita incontinência urinária e eu passo cateter nela, o médico pediu quatro vezes por dia[...]”E4

A retenção da urina, a micção imperiosa e a incontinência por transbordamento

são freqüentes na EM e constituem, às vezes, a primeira manifestação da doença.

Os sintomas urinários são mais freqüentes nas mulheres (WEINER; GOETZ;

BUCKUP, 2003).

Na EM, a eliminação e a excreção de urina pode ser alterada das seguintes

formas: Dificuldade de armazenamento, a bexiga se enche rapidamente, e envia

mensagens para a medula espinhal, porém devido à desmielinização, é incapaz de

encaminhar a mensagem ao cérebro, com resultado a eliminação da urina torna-se

uma resposta reflexa aos sinais da medula espinhal. Dificuldade de esvaziamento

ocorre quando há desmielinização na área de eliminação reflexa da medula

espinhal, mesmo que a bexiga se encha com grande quantidade de urina, a medula

é incapaz de enviar as mensagens ao cérebro, a conseqüência é a ausência da

eliminação da urina. A disfunção combinada, resulta da combinação da dificuldade

de armazenamento com a dificuldade de esvaziamento, em decorrência da falta de

coordenação entre grupos de músculos (KALB, 2000).

Weiner, Goetz e Buckup (2003), apontam para outro sintoma comum na EM, são

as manifestações motoras, que costumam ser descritas pelos pacientes como

sensação de peso, fraqueza muscular, rigidez, anomalias da marcha, falta de

resposta de uma parte do corpo aos comandos motores, ou simplesmente como

dormência. Frente a isto, pode-se notar nas falas a seguir as limitações referentes à

dificuldade na coordenação motora para a escrita e na locomoção.

“[...] antes ele andava bem, depois eu percebi alguma coisa, mas achava que era problema no joelho, e ai de lá pra cá ele já anda bem manco, com dificuldade, ele tem um pouco de dor nas costas, essa dor que ele tem é por que como ele manca muito de um lado só então aquele lado força muito a coluna [...]” E5

33

“[...] Na M. atacou a letra, ela tinha a letra maravilhosa, agora é só um garrancho bem feio [...] ela usa cadeira de rodas agora, ela toma banho na cadeira, nós já arrumamos uma cadeira daquela pra tomar banho e ir no banheiro, ela tem uma cadeira que sai da cama dela, por que ela não tem força pra sair, foi até o meu filho que fez, comprou a cadeira e adaptou um tampo de bacio e ela passa se arrastando pra cima da cadeira e ali ela faz as necessidades dela e eu é que limpo tudo [...]” E4

“[...] É muito difícil hoje em dia pra ele ir a um banco e fazer compras, ele até vai e se diverte com a cadeira de rodas que tem no supermercado, mas cada vez pra ele sair de casa é muito complicado por que agora ele usa o andador [...]”E2

De acordo com Kalb (2000), o médico ou o fisioterapeuta poderá recomendar

o uso de um andador se o paciente necessitar de maior estabilidade, a fim de

manter o equilíbrio e evitar quedas de conseqüências desastrosas, um andador

também exige menos energia.

Nas diferentes formas de EM Levy e Oliveira (2004) descrevem outro sintoma

freqüente que é a fadiga exacerbada por calor ou exercícios Podemos perceber isto

na fala abaixo:

“[...] Uma coisa que modificou é que ele tem dificuldade pra caminhar, a gente caminhava na praia e agora não da mais, ele não consegue mais caminhar assim, por exemplo, três ou quatro quarteirões ele cansa, tem uma fadiga muito grande causada pela Esclerose [...]”E5

Kalb (2000), complementa que a fadiga induzida por exercício pode ocorrer

em um braço ou perna após movimentos repetitivos, após caminhar alguma

distância, por exemplo, poderá sentir fraqueza em uma das pernas, este tipo de

fadiga é causado por um bloqueio temporário no nervo, e o melhor tratamento é

interromper a caminhada pelo tempo necessário, permitindo assim que o nervo volte

a transmitir impulsos normalmente

Ainda não se sabe ao certo o que causa a EM, porém sabe-se que grandes

eventos da vida podem agravar a doença. Weiner, Goetz e Buckup (2003) afirmam

34

que o estresse de qualquer tipo é capaz de agravar as manifestações da doença de

forma transitória e é acompanhado, eventualmente, de exacerbação. Por este fato, o

repouso físico e emocional sempre fez parte do tratamento da EM, pois costuma

melhorar a sintomatologia.

De acordo com o exposto, podemos perceber na fala abaixo a preocupação

do entrevistado na questão de prevenir o agravamento da doença:

“[...] O que a gente como família faz, em função dela é não deixá-la estressada, não deixar nervosa, tentar fazer as coisas com calma, paciência, cuidado [..] detalhes assim, você pensa o que falar, deixar ela mais tranqüila, pra que ela não faça muito esforço, que não fique estressada, que viva bem tranqüila, pra que não haja nada que acarrete o surto as crises.” E3

Para finalizar encontramos nas falas dos entrevistados dados que indicam a

construção de uma nova dinâmica familiar. Um evento inesperado, neste caso a

doença crônica, altera de forma significativa os papéis familiares. Solicita recursos

imediatos de seus integrantes para construir uma nova forma de funcionamento. È a

garantia de manter o equilíbrio do grupo para que o mesmo possa superar a crise

“[...] eu tive que começar a tomar conta das coisas, por exemplo, coisas que ele fazia eu tive que começar a fazer, sair pagar contas, fazer banco, fazer essas coisas de homem, por que eu era o homem da casa no lugar dele, eu tive que assumir [...]” E2

Subcategoria 4.3.2: Fatores contribuintes na adaptação

Esta subcategoria abrange questões relacionadas aos fatores que contribuíram

para uma melhor adaptação frente à doença.

35

Elsen, Marcon e Silva (2004), asseguram que as doenças crônicas apresentam

como peculiaridades marcantes, a duração e o risco de complicações, o que exige

um rigoroso esquema de controle e cuidados permanentes, em função das possíveis

seqüelas que podem provocar incapacidades funcionais, colocando em evidência o

papel da família e, mais especificamente, o do cuidador familiar, no que diz respeito

às suas responsabilidades na condução do cuidado doméstico

Da mesma forma Marcon (2005), argumenta que o papel do cuidador familiar é

exacerbado em situações marcadas pela presença de doenças, hospitalizações e

mesmo diante de sinais e queixas de mal estar ou dor. Por essa razão, na área da

saúde, a família tem sido apontada, como a primeira e a mais constante unidade de

saúde para seus membros

Pode-se então entender com base no que Elsen, Marcon e Silva (2004)

defendem, que a partir da facticidade da doença, a família organiza-se, procura

compreender e interpretar o modo de existir do ser doente, e busca alternativas para

articular-se com o mundo. O enfrentamento da doença leva a família a

redimensionar sua vida para conviver com a doença e as implicações dela

decorrente.

As famílias que têm um de seus membros com problemas crônicos de saúde

sentem, juntamente com ele, toda a problemática que envolve a questão. Simonetti

(2008) comenta que ambos têm desafios ligados ao desempenho de novos papéis

como trabalhar com as perdas de atividades sociais, financeiras e de suas

capacidades físicas

A natureza crônica e progressivamente incapacitante de muitas enfermidades

neurológicas, tais como a EM, constitui um desafio para a reabilitação do paciente.

(HAASE, 2005).

Marcon (2005), acrescenta que o cuidado familial tem grande importância nas

condições de saúde da família, as quais têm assumido uma parcela cada vez maior

de responsabilidade no cuidado à saúde de seus membros, arcando com a

continuidade do cuidado até a completa recuperação do familiar ou, quando esta

não é possível, com a condição crônica da doença e suas conseqüentes seqüelas

De acordo com o relato abaixo podemos perceber que o apoio da família é um fator

que contribui para a adaptação frente à doença:

36

“[...] A família é o fator fundamental né, quanto mais apoio a família do portador pode dar pro portador, melhor o portador vai se sentir, vai se adaptar a doença, vai conseguir melhorar as condições de vida [...] O bem estar do portador também, por que vários portadores tem dificuldade de se locomover, então dependem totalmente da família né, pra buscar remédio, pra fazer tudo[...]” E1

Schnaider, Silva e Pereira (2009) asseguram que o cuidador familiar, geralmente

reside na mesma casa e incumbe-se de prestar a ajuda necessária ao exercício das

atividades diárias do paciente, como higiene pessoal, medicação de rotina,

acompanhamento aos serviços de saúde e a outros serviços requeridos, como

bancos ou farmácias

As famílias que convivem com uma situação crônica de doença continuam com

as mesmas funções desempenhadas por outras famílias, porém é acrescentada

mais uma atribuição, o cuidar na doença. Isso as leva a uma condição de maior

fragilidade em vários aspectos, comprometendo sua atuação como unidade familiar,

assim como o seu próprio viver.

Apesar da difícil tarefa de cuidar de um familiar com doença crônica, isto pode

gerar também sentimentos positivos, como a satisfação. Fonseca, Penna e Soares

(2008), assinalam que esse sentimento surge dos significados atribuídos pelo

cuidador aos vários aspectos da situação, desde o sentimento de estar cumprindo

um dever moral ou de estar retribuindo cuidados recebidos no passado Como

podemos constatar na fala abaixo:

“[...] a gente se apega mais, fica até mais carinhoso, fica com aquela preocupação de saber quando da o surto, que conseqüências vai ter, o que afetou, o que deixou de afetar, vai voltar ao normal não vai, quanto tempo, fica essa preocupação, a gente fica mais solidário, é bom [...]” E3

Simonetti (2008), evidencia que indivíduos que convivem com pessoas que

necessitam de constantes cuidados de saúde podem demonstrar os mais diversos

sentimentos que permeiam este processo, desde cansaço, estresse, exaustão, mas

também, bem-estar, afeição e ternura.

37

A aceitação e a adaptação de uma doença crônica como a EM não é fácil,

devido ao curso clínico da doença ser, na maioria das vezes, variável e incerto.

Assim, Almeida (2007) comenta que o paciente pode estar convivendo bem com a

EM até que um surto mais forte mude seu quadro sintomático e, conseqüentemente,

exija maior ajuste à sua nova condição física e às perdas decorrentes: econômicas,

familiares, profissionais, sociais e psicológicas como a auto-estima, auto-imagem,

autoconfiança, liberdade De acordo com o relato abaixo, um fator que o entrevistado

percebe que ajuda na adaptação da doença é o fato de aceitá-la:

“[...] eu acho que o importante é aceitar bem a doença, é uma coisa que está aí, que a gente vai ter que enfrentar não dá pra fugir, tem que pensar nisso com paciência e encarar, não tem muito que fazer [...] a aceitação mesmo, tem que aceitar e é como eu te falei como a evolução é bem lenta no caso dele, a gente vai se adaptando né, isso ajuda [...]” E5

Aceitação para Ferreira (1993) é consentir em receber o diagnóstico e concordar

com a situação. Da mesma forma que Caliri (1998) sustenta que a aceitação da

doença torna-se mais fácil quando o paciente se compara com outros pacientes em

piores situações ou quando minimizam as conseqüências do tratamento. Aceitar a

doença não significa deixar de lutar ou resignar- se diante dos fatos, mas procurar

amenizar o sofrimento e a dor que estão presentes.

Ainda de acordo com Angerami-Camon et al (1996), ser um doente crônico é

lutar contra suas incapacidades que tendem a aumentar. O doente crônico tem de

aceitar o fato de que nunca se curará e que sua condição tende a piorar à medida

que a doença progride.

Outro fator que contribui para a adaptação da doença na família é a forma

positiva de lidar com a mesma. Kalb (2000) comenta que a EM afeta as pessoas em

muitas formas diferentes, o paciente pode ver-se lamentando uma ou outra perda na

maior parte do tempo, porém à medida que enfrenta os desafios diários da vida com

EM, aprende modos alternativos de fazer as coisas, começará a identificar forças e

talentos que não possuía antes. Para algumas pessoas, o aspecto mais importante

38

para enfrentar a doença é o senso de humor, para outras as crenças religiosas, isso

faz com que a adaptação frente à doença aconteça mais facilmente. Como podemos

verificar na fala abaixo:

“[...] Uma coisa muito bacana que dá vontade de ajudar é a força de vontade que o meu pai tem [...] ele ta sempre fazendo brincadeirinha e sorrindo e ele enfrenta numa boa, ele até dá risada da doença dele [...] isso contribui muito por que ele nos anima, se ele ficasse deitado na cama só reclamando, isso nos deixaria pra baixo, não daria vontade de ajudá-lo, mas tu vê ele tem vontade de fazer tudo [...]” E2

Ao analisar as palavras de Kalb (2000), compreendemos que a adaptação a

EM é tanto complexa quanto lenta, muitos fatores podem influenciar o modo como a

pessoa enfrenta a doença, inclusive o próprio curso desta, a personalidade e o estilo

de enfrentamento de problemas, disponibilidade de apoio social e recursos

financeiros. Um fator importante que influencia na adaptação, é a avaliação que o

paciente faz dele mesmo, as pessoas que se vêem como ineficientes e incapazes

terão um processo de adaptação diferente daquelas pessoas que se acham

eficientes e capazes de administrar essa situação .

Subcategoria 4.3.3: Fatores prejudiciais na adaptação

Esta subcategoria refere-se às questões relacionadas aos fatores que

prejudicaram na adaptação frente à doença.

Martins, Franca e Kimura (1996), demonstram que a doença crônica pode

começar como uma condição aguda, aparentemente insignificante e que se prolonga

através de episódios de exacerbação e remissão. Embora seja passível de controle,

o acúmulo de eventos e as restrições impostas pelo tratamento podem levar a uma

alteração no estilo de vida das pessoas

Ao referir-se a situação de uma doença crônica, Valle e Angerami-Camon (2001)

alertam que a forma e a extensão em que uma doença crônica pode afetar a vida de

uma pessoa dependem de vários fatores, como as características da enfermidade, a

39

intensidade, o grau de limitação associado à mesma, o funcionamento emocional

anterior à doença, a psicodinâmica da família e a rede de apoio social e financeiro,

essas implicações sobre o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das

pessoas diferem dependendo da idade em que se instalou e das limitações da

enfermidade.

Desta forma, Almeida (2007) acrescenta que por ser a EM uma doença

crônica incapacitante, exige sempre algum nível de adaptação por parte do portador

e daqueles com quem convive. Dependendo da gravidade do quadro, o portador e a

família podem não ter outro opção a não ser adequar-se, de alguma forma, às

condições impostas pela doença Um outro fator relacionado à doença crônica que

exige adaptação é a questão financeira, pois de acordo com Angerami-Camon

(1996), as perdas de emprego e da estabilidade econômica ocorrem num grande

número de pacientes crônicos, em conseqüência de suas limitações, que

determinarão a alteração na dinâmica social familiar, pois a doença impõe limites

nas relações vinculares do indivíduo. Foi observado em uma das entrevistas o

comprometimento na questão financeira da família, de acordo com o seguinte relato:

“[...] O mais difícil foi por que sempre foi meu pai que trabalhou, e ai de repente ele parou de poder trabalhar e teve que se aposentar por invalidez, então nosso padrão de vida caiu três vezes o que era [...] isso prejudica muito, por que tu tá acostumado com um padrão de vida e de repente baixa de uma forma e é difícil tu se adaptar a um padrão de vida bem mais baixo, um padrão de vida mais alto é muito mais fácil de tu se adaptar, mas baixar é muito complicado, teve vários problemas até começar a ter que reorganizar, ver recursos [...]” E2

Elsen, Marcon e Silva (2004) asseguram que a vivência de problemas

financeiros em pacientes crônicos demonstra a dificuldade que estas famílias têm de

prover suas necessidades básicas, o que é bastante exacerbado quando a ela se

soma redução nos rendimentos decorrentes tanto do impedimento no

desenvolvimento de atividades laborais por parte do individuo doente, quanto pela

necessidade de compra de medicamentos de uso contínuo ou mesmo temporário.

40

Outro fator que prejudica a adaptação é a qualidade de vida dos cuidadores,

pois como Marques (1997) anuncia, a freqüente rotina vivida pelos familiares, estes

habitualmente esquecem que estão vivos e também precisam de cuidados, vindo a

negligenciar sua própria saúde, vida social e seu bem estar físico. Isso geralmente

ocorre pela falta de tempo, cansaço, sentimento de culpa ou a impossibilidade de

deixar o paciente sozinho.

Schnaider, Silva e Pereira (2009) complementam que a necessidade de

prestar os cuidados e a tensão provocada por essa tarefa pode fazer com que os

cuidadores se tornem pacientes em potencial, pois muitas vezes eles se esquecem

de cuidar de si próprios, da própria saúde, para prestar atendimento aos pacientes.

Não raro se observa o adoecimento do cuidador durante o exercício do seu papel.

Como podemos observar no relato a seguir:

“[...] eu passei muito mal da coluna, por que minha coluna tem escoliose né, então ela me dizia: “mãe você tem problema de coluna, daqui a pouco em vez de uma na cadeira de rodas vai ter duas” e eu disse que não tinha problema [...] vou fazer 68 anos e já estamos nessa luta á 18 anos, mas não tem outra coisa pra fazer, tem que viver assim com o que tem, pra mim é só a coluna que prejudica pra ajudar ela [...]” E4

De acordo com Cerqueira e Oliveira (2002 apud FONSECA; PENNA;

SOARES, 2008) cuidadores podem ter mais problemas de saúde que pessoas da

mesma idade que não são cuidadoras. Os problemas na saúde dos cuidadores

podem ser conseqüência do despreparo técnico para prestação dos cuidados, o que

predispõe a sobrecarga de músculos e articulações, além do alto envolvimento nos

cuidados do paciente, o que leva os cuidadores a não prestarem atenção às suas

próprias necessidades pessoais.

Como já foi informado a EM apresenta-se em quatro tipos principais de cursos

clínicos que vai do leve ao severo. Em cada indivíduo a EM se manifesta com

diferentes sintomas, que variam em cada caso. No caso em que a EM é menos

grave a dinâmica familiar e sua adaptação são praticamente inabaladas como

observamos a seguir:

41

“[..] No caso dela não tem nada que prejudica, se ela tivesse alguma seqüela sim né, teria que mudar tudo, teria que mudar a residência, fazer adaptações de rampa, se ela usasse cadeira de rodas, mas no caso dela não tem nada ainda por que ela tem o tipo mais leve, tem poucas lesões, quem olha pra ela não diz que ela tem Esclerose Múltipla, então ela é uma pessoa normal, ela faz tudo, ela viaja, ela faz exercício, ela trabalha, continua fazendo as mesmas coisas de antes [...]” E1 “[...] Não, de maneira nenhuma, se você olhar para ela, não vai perceber que ela tem EM se não ninguém falar [...] não tem nada assim em especial, tipo uma cadeira, um movimento, um lugar que tem que desviar ou uma coisa assim que tem que fazer especial não, tudo normal, nada que prejudica [...]” E3

No entanto, mesmo não sofrendo aparentemente alteração na dinâmica

familiar, nos dados investigados encontramos falas que indicam acomodação

temporária que está diretamente relacionado ao bem estar físico do membro

portador.

“[...] por enquanto não precisou mudar nada assim (espaço físico), mas a gente sabe que as chances são muito grandes, mas a gente tem conversado bastante, um apóia o outro, eu dou bastante apoio pra ele, mas a gente está bem preparado se um dia tiver que ir pra uma cadeira de roda que é o que normalmente acontece né, a maioria a gente sabe que pode acontecer e ta preparado pra isso [..] mas por enquanto não tem nada que prejudique [...]” E5

Para finalizar, assegurado por Kalb (2000), a adaptação ocorre quando as

pessoas fazem as mudanças necessárias em suas vidas. A doença pode concentrar

muita atenção e esforço na época do diagnóstico e durante as exacerbações

subseqüentes, mas ao estabilizar, as pessoas começam a prestar menos atenção à

doença e mais à tarefa de viver.

Com base nos dados obtidos e compreendidos pela literatura vigente,

42

podemos concluir com esta categoria que a EM geralmente vem acompanhada de

uma situação de crise e solicita a reorganização da dinâmica familiar para suplantar

tal evento. Pois de acordo com Sakurada (2005) um doente em casa muda

completamente a dinâmica da família, principalmente se esta família não está bem

estruturada e harmoniosa, há a tendência das relações piorarem.

43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Esclerose Múltipla é uma doença crônica progressiva e incapacitante que exige

sempre algum nível de adaptação por parte do portador e daqueles com quem

convive, ou seja, dependendo da gravidade do quadro, o portador e sua família

podem não ter outra opção a não ser adequar-se de alguma forma às condições

impostas pela doença.

Chiattone (1996) argumenta, que a família por ser um sistema de relações

fechado e interdependente, podem ser descritos três níveis de reação frente à

doença mais comumente observados:

No primeiro caso, que é o mais freqüente, o sistema mobiliza-se na intenção de

resgatar seu estado anterior. O impacto frente ao diagnostico é substituído por uma

ação no sentido de buscar a recuperação do paciente e reintegrá-lo a seu lugar e

papeis no sistema.

No segundo caso, o sistema paralisa-se frente ao impacto da crise, ou seja, a

família entra num processo de imobilidade, semelhante à reação emocional ao

estado de choque. Esta mobilidade é proporcional ao grau de importância que o

paciente possuía na determinação do equilíbrio da estrutura do sistema.

E no terceiro caso, o sistema identifica benefícios com a crise e se mobiliza para

mantê-la. Neste caso, a família pode identificar benefícios na mudança que foi

gerada no sistema partir da doença. Essa função tem por objetivo manter o equilíbrio

do sistema, de tal forma que este desloca e/ou projeta para o eleito todas as

patologias das relações, outorgando assim, ao emergente patológico a função de

“lata de lixo” dos distúrbios (sobretudo afetivos) deste.

Para tanto, a presente pesquisa de cunho exploratório qualitativo teve como

objetivo conhecer o modo como a família do portador de EM se organiza em

decorrência da doença. A partir dos dados coletados, foi possível gerar três

categorias que contribuíram para o alcance dos objetivos propostos: conhecimento,

dinâmica familiar antes do diagnóstico da doença e dinâmica familiar após o

diagnóstico, dentro desta última categoria foram geradas três subcategorias: fatores

que alteram a dinâmica familiar; fatores que contribuíram na adaptação da doença e

fatores que prejudicaram esta adaptação.

O grupo de entrevistados foi escolhido por conveniência. A amostra foi

caracterizada por sujeitos de classe média alta, com predominância do sexo

44

feminino. De acordo com os familiares, quanto á classificação da doença encontra-

se dois portadores com o curso remitente/recorrente que é a forma mais leve da

doença e três com o curso progressivo, que é a forma mais grave. Essa variável foi

de grande importância na conclusão dos dados, pois aponta para indicadores com

influências significativas na adaptação dos familiares, uma vez que as conseqüência

da doença e suas limitações estão diretamente relacionadas a sua classificação.

De acordo com a categoria conhecimento, conclui-se que todos os entrevistados

buscaram obter alguma forma de esclarecimento após o diagnóstico da doença em

diferentes fontes de informação. Esta busca deu-se por meio da literatura científica,

baseada no senso comum e fontes pesquisadas na internet. Sendo assim, três

familiares apresentaram conhecimento de cunho científico e dois possuem

conhecimento baseado no senso comum.

Vale ressaltar que o avanço da sociedade contemporânea contribuiu de forma

significativa para a globalização das informações, pois conforme os relatos dos

entrevistados, os próprios buscaram informações através dos meios de

comunicação e de pesquisa na internet.

Destaca-se aqui a falta de informação dada pela equipe de saúde, pois conforme

as entrevistas, apenas dois participantes obtiveram informações com o médico, os

demais foram através de busca espontânea. Este fato contraria o que a literatura

tem sugerido quanto ao papel do médico na responsabilidade de passar informações

para um diagnóstico esclarecedor. Solicita assim, por parte da equipe de saúde um

tratamento participativo e integrado, que ofereça suporte e subsídio para o

enfrentamento da doença.

Desta forma, os entrevistados em questão demonstraram a necessidade de fazer

adaptação por meio da informação seja científica ou ancorada no senso comum.

Como já foi citado, a busca pelo conhecimento é de suma importância, pois contribui

para um melhor enfrentamento por parte do portador e da família, minimizando sua

ansiedade diante do desconhecimento dos sintomas e das seqüelas que a doença

pode causar.

Por ser uma doença ainda relativamente desconhecida pela sociedade os mitos e

tabus não foram encontrados. As representações em torno de uma doença vão

sendo construídas ao longo dos tempos, e esta construção pode vir carregada de

pré-conceitos que muitas vezes dificultam o entendimento de determinada patologia

e por conseqüência interferem na adaptação das pessoas diretamente envolvidas.

45

Reafirma-se mais uma vez que a família é a fonte de apoio e matriz de

desenvolvimento do ser humano, ela representa um esteio de suma importância

tanto na estruturação de vínculos afetivos quanto nos referenciais de segurança.

A partir do momento em que é investigada a dinâmica familiar dos entrevistados,

todos afirmaram a normalidade e a falta de intercorrência. Nenhuma das famílias

vivia um processo de crise e, portanto seguiam sua rotina diária de uma forma

saudável, que se constitui a partir de laços afetivos, expressos por gestos de carinho

e compartilhamento familiar.

Porém, confirma-se que todo movimento de um sistema é rompido diante de uma

crise, neste caso a doença crônica. O bem estar desses indivíduos sofre um abalo,

isso faz com que seus membros desenvolvam algumas ações com o intuito de aliviar

sua crise.

Diante deste evento a família se desequilibra, pois perde um dos seus pontos de

sustentação, provocando grande mobilização no sistema familiar, e assim, tentará

junto com o paciente buscar formas adaptativas para se reorganizar frente à crise.

Nas falas encontradas todos buscaram estratégias imediatas para o

enfrentamento, cabe ressaltar que por ser uma doença que possui intensidades e

manifestações diferentes, a forma de enfrentamento foi diferente para cada família,

alguns tiveram que fazer poucas adaptações, enquanto em outras famílias, as

adaptações foram mais intensas e mais sofridas.

De acordo com os relatos dos entrevistados, o aspecto físico foi o que mais sofreu

modificações, relatando prejuízos na coordenação motora, na visão, no controle do

esfíncter entre outros. Algumas adaptações foram feitas, como cadeira de rodas,

andador e utilização de fraldas. Outro tipo de modificação que apareceu foi à

mudança de papéis, onde por incapacidade do pai de poder cumprir as

responsabilidades da casa, o filho teve que assumir este papel e passou a ser o

responsável pelas atividades que era do pai, como por exemplo, ir ao banco pagar

contas.

Outra modificação encontrada foi a reorganização dos vínculos familiares onde

um entrevistado relata que procura agir com calma, para não deixar sua esposa

nervosa para não desencadear o surto.

Parece que por ser uma doença que, aparece em primeiro plano, prejuízos físicos

(mesmo difíceis para serem resolvidos), sugere-se uma maior facilidade de

adaptação em contrapartida aos doentes afetados emocionalmente.

46

Dentro desta adaptação, foram investigados quais fatores contribuíram. O fator

mais importante é a aceitação da doença, que de acordo com Kubler Ross (1987) é

um dos estágios emocionais que o paciente e a família ao tomarem conhecimento

da doença podem passar. Este dado apareceu nas respostas de dois entrevistados.

Outro fator citado, foi o apoio familiar dado ao portador, não apresentando

sentimento de pena, mas sim de solidariedade para seguirem em frente.

Conclui-se assim, que há certa tendência em ligar a doença a aspectos negativos,

sendo o de sofrimento o mais comum, porém nestes casos, mesmo diante do

cansaço e do estresse de cuidar de um familiar com uma doença crônica, o que

predominou foi a aceitação e o positivismo, nenhum dos entrevistados apresentou

desesperança diante dos obstáculos enfrentados, mas sim buscaram formas de se

adaptar diante de cada situação vivenciada.

Buscou-se investigar também, quais fatores prejudicaram a adaptação da doença.

Um fator importante de interferência é quando a estrutura financeira é abalada, isto

acaba prejudicando a dinâmica familiar como um todo. De acordo com um dos

entrevistados, este fator fez com que o padrão de vida da família caísse, causando

prejuízo na sua reestruturação.

O cuidador do doente crônico também necessita ser avaliado, diante do

diagnóstico este indivíduo tem a tendência em passar a viver exageradamente a

doença do seu familiar, esquecendo-se de si próprio, de seus cuidados necessários.

Esta situação poderá acarretar a perda de qualidade de vida até em alguns casos no

adoecimento deste indivíduo. Porém, dentro de certos limites é possível manter o

bem estar e continuar se desenvolvendo pessoalmente, respeitando seus projetos

de vida.

Vale ressaltar que por ser esta uma doença ainda pouco conhecida e com um

baixo índice de ocorrência, teve-se dificuldades de encontrar os sujeitos para a

pesquisa, no entanto, quando contatados não encontrou-se resistência por parte dos

mesmos.

Ao findar esta pesquisa, constata-se que seus objetivos foram alcançados. Os

dados obtidos através do presente estudo permitiram conhecer a forma como

algumas famílias se organizam em decorrência da doença.

Sugere-se a partir de então novas pesquisas na referida temática que contemple:

- A percepção da equipe de saúde diante do diagnóstico e tratamento da

47

Esclerose Múltipla;

- A forma de adaptação do portador de Esclerose múltipla no ambiente de

trabalho;

- Comparar a forma de enfrentamento de pacientes e familiares em diferentes

doenças crônicas.

48

6. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L.H.R.B. et al . Ensinando e aprendendo com portadores de Esclerose Múltipla: relato de experiência. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 60, n. 4, ago. 2007 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000400020&lng=pt&nrm=iso>. acessos em18 set. 2009.

ANGERAMI-CAMON, V.A (organizador); CHIATTONE, H.B.C et al. E a Psicologia entrou no hospital. São Paulo: Pioneira, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA. Esclerose Múltipla. Disponível em http://www.abem.org.br/versao/pt/esclerose/o_que_e.asp. Acesso maio/2009. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa. Ed. 70, 1977. CALIRI, M.H.L.; ALMEIDA, A. M.; SILVA, C.A. Câncer de mama: a experiência de um grupo de mulheres. Rev. Bras. de Cancerol, v. 44, n. 3, p. 239-247.1998.

CASSIANI, S.B.et al . Desenvolvimento de um curso on-line sobre o tema administração de medicamentos. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 37, n. 3, set. 2003 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342003000300006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em21 set. 2009.

CERVENY, C.M.O; BERTHOUD, C.M.E. Família e o ciclo vital: nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. CERVENY, C.M.O; BERTHOUD, C.M.E. Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. ELSEN, I.; MARCON, S.S.; SILVA, M.R.S. O viver em familia e sua interface com a saúde e a doença. 2.ed. rev. e ampl. Maringa: Universidade Estadual de Maringá, 2004.

49

FERREIRA, A.B.H. Minidicionário da Língua Portuguesa. 3ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1993.

FONSECA, N.R.; PENNA, A.F.G.; SOARES, M.P.G.. Ser cuidador familiar: um estudo sobre as conseqüências de assumir este papel. Physis, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312008000400007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em18 set. 2009.

FURTADO, O. L. P. C; TAVARES, M. C. G. C. F. Esclerose Múltipla e Exercício Físico. ACTA FISIATR 2005; 12(3): 100-106. GIMENES, M.G.G; FÁVERO, M.E (org). A mulher e o câncer. SP: Pioneira, 2000. GRZESIUK, A.K.. Características clínicas e epidemiológicas de 20 pacientes portadores de esclerose múltipla acompanhados em Cuiabá - Mato Grosso. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 64, n. 3a, set. 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2006000400022&lng=pt&nrm=iso>. acessos em24 set. 2009. HAASE, V.G. et al . Desenvolvimento bem-sucedido com esclerose múltipla: um ensaio em psicologia positiva. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 10, n. 2, ago. 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2005000200017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 set. 2009.

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=370&id_pagina=1.

JUNIOR, A.P.N. et al. Questões éticas na Esclerose Múltipla sob o ponto de vista de médicos e pacientes. Arq Neuropsiquiatr 2005; 63(1):133-139.

50

KALB, R.C. Esclerose Múltipla: perguntas e respostas. São Paulo: Atlas, 2000. KUBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. 3a ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 1987. LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: ARTMED, 1999. LESSA, I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis. Rio de Janeiro: ABRASCO, 1998. LEVY, J.A.; OLIVEIRA, A.S.B.. Reabilitação em doenças neurológicas: guia terapêutico prático. São Paulo: Atheneu, 2004. LIMA, E.P.; HAASE, V.G.; LANA-PEIXOTO, M.A.. Heterogeneidade neuropsicológica na esclerose múlipla. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 21, n. 1, 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722008000100013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em24 set. 2009.

MACEDO, B.C; MARTINS, L.A.R. Visão de mães sobre o processo educativo dos filhos com Síndrome de Down. Educar, Curitiba, n. 23, p. 143-159, 2004. Editora UFPR. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewFile/2157/1809. Acessos em 19 set. 2009. MARCON, S.S. et al . Vivência e reflexões de um grupo de estudos junto às famílias que enfrentam a situação crônica de saúde. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 14, n. spe, 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072005000500015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em18 set. 2009.

MARQUES, P. R. B. Demência tipo Alzheimer: diagnóstico, tratamento e aspectos sociais. Recife: Gráfica Caxangá, 1997.

MARTINS, L.M.; FRANCA, A.P.D.; KIMURA, M. Qualidade de vida de pessoas com doença crônica. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 4, n. 3, dez. 1996 . Disponível em

51

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691996000300002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em18 set. 2009.

MELARAGNO FILHO, R. Esclerose múltipla: manual para pacientes e suas famílias. São Paulo: ABEM, 1992. MINAYO, M.C.de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1999. NASSAR JUNIOR, A.P. et al . Questões éticas na esclerose múltipla sob o ponto de vista de médicos e pacientes. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 63, n. 1, mar. 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2005000100024&lng=pt&nrm=iso>. acessos em18 set. 2009.

PAVAN, K. et al . Reabilitação vestibular em pacientes com esclerose múltipla remitente-recorrente. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 65, n. 2A, jun. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2007000200027&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 27 ago. 2009.

RABAGLIO, M.O. Seleção por competências. 2. ed. São Paulo: Educator, 2001. RICHARDSON, R.J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. RIZZINI, I; CASTRO, M.B; SARTOR, C.S.D. Pesquisando: guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: USU Editora Universitária, 1999. RODRIGUES, Karla Emilia; CAMARGO, Beatriz de. Diagnóstico precoce do câncer infantil: responsabilidade de todos. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 49, n. 1, Jan. 2003 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302003000100030&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 12 Out. 2009. SAKURADA, C. Sob cuidados médicos ao lado da família, 2005 In: Jornal da USP. Disponível em:

52

<HTTP://www.usp.br/jorusp/arquivo/2005/jusp721/pag0405.htm. Acessado em: 28/09/2008. SAMUELS, M. A. Manual de neurologia: diagnostico e tratamento. 4.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1992. SCHNAIDER, T.B.; SILVA, J.V.; PEREIRA, M.A.R. Cuidador familiar de paciente com afecção neurológica. Saude soc., São Paulo, v. 18, n. 2, jun. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902009000200011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 set. 2009.

SILVA, N.L.P.; DESSEN, M.A. Deficiência mental e família: implicações para o desenvolvimento da criança. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 17, n. 2, ago. 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722001000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 nov. 2009.

SIMONETTI, J.P.; FERREIRA, J.C. Estratégias de coping desenvolvidas por cuidadores de idosos portadores de doença crônica. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 1, mar. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342008000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 set. 2009.

SOUZA, J.F.R.; MARINHO, C.L.C.; GUILAM, M.C.R. Consumo de medicamentos e internet: análise crítica de uma comunidade virtual. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 54, n. 3, June 2008 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302008000300015&lng=en&nrm=iso>. access on 21 Sept. 2009.

STRAUB, R.O; COSTA, R.C.. Psicologia da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005.

VALLE, E.R.M.; ANGERAMI-CAMON, V.A.. Psicossomática e a psicologia da dor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. VIEIRA M.A, LIMA R.A.G. Crianças e adolescentes com doença crônica: convivendo com mudanças. Rev Latino-am Enfermagem 2002 julho-agosto; 10(4):552-60.

53

WEINER, W.J; GOETZ, C.G; BUCKUP, H.T. Neurologia para o não-especialista: fundamentos básicos da neurologia contemporânea. 4. ed. Sao Paulo: Santos, 2003. WERNET, M; ANGELO, M. Mobilizando-se para a família: dando um novo sentido à família e ao cuidador. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v.37 n.1, p.19-25, 2003. WILTERDINK, J.L; DEVINSKY, O.; FELDMANN, E. Manual do residente em neurologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. ZEIGELBOIM. B.S. Avaliação Vestibulococlear em pacientes portadores de Esclerose Múltipla Remitente-recorrente: Estudo Preliminar. Arq. Int.Otorrinolaringol./Intl.Arch. Otorhinolaryngol., 2006.

54

7. APENDICES Apêndice A

DADOS E IDENTIFICAÇÃO DO FAMILIAR ENTREVISTADO

NOME (iniciais):

SEXO:

IDADE:

GRAU DE PARENTESCO:

ESTADO CIVIL:

SITUACAO PROFISSIONAL:

FORMACAO PROFISSINAL:

DADOS E IDENTIFICAÇÃO DO PORTADOR DA DOENÇA

NOME (iniciais):

SEXO:

IDADE:

ESTADO CIVIL:

SITUACAO PROFISSIONAL:

FORMACAO PROFISSINAL:

TEMPO DO DIAGNOSTICO DA DOENCA:

TIPO DE TRATAMENTO

55

Apêndice B

1- Qual o conhecimento que você possui sobre Esclerose Múltipla?

2- Como era a dinâmica familiar antes do diagnóstico?

3- O que modificou na dinâmica familiar após o diagnóstico?

4- Como está a dinâmica familiar atualmente?

5- Existem fatores que contribuem para a adaptação da família em

função da doença?

6- Existem fatores que prejudicam a adaptação da família em função

da doença?

56

Apêndice C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO APRESENTAÇÃO

Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa cujo objetivo é conhecer a forma como o familiar do portador de Esclerose Múltipla se organiza em torno da doença. Sua tarefa consistirá na participação em uma entrevista. Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) A entrevista será gravada para depois ser transcrita, sendo que seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, garantindo o seu anonimato;

b) Os resultados dessa pesquisa serão utilizados somente com finalidade acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porem, como explicados no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) Não há respostas certas ou erradas, o que importa é sua opinião;

d) A aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;

e) Você não terá direito a remuneração pois sua participação, é voluntária;

f) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata;

g) Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.

h) Ao final da pesquisa os dados serão devolvidos por meio de um relatório

i) Esta pesquisa pretende contribuir para um melhor entendimento e instrumentação dos familiares. Pesquisador responsável: Maria Celina Ribeiro Lenzi. E-mail: [email protected] Telefone: 3341 7688 Curso de psicologia da Universidade do Vale do Itajaí –CCS R. Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 401.

--------------------------------------------Corte Aqui------------------------------------------------ Eu,____________________________________________________ Idade:_____ anos, Sexo:_________________________Telefone para contato:______________________ Endereço:______________________________________________________________Foi esclarecido sobre o trabalho intitulado: A família do portador de Esclerose Múltipla e sua forma de adaptação, da autoria de Larissa Andiara Demarch, que esta sob a orientação da professora Maria Celina Ribeiro Lenzi.