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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Carlos Stênio Nascimento Boneares Cibelli Caroline de Oliveira Kamila Dantas Martins Márcia Póvoa Barbosa Rufino Robson Andrade Dias A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO Governador Valadares 2008

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ENFERMAGEM

Carlos Stênio Nascimento Boneares

Cibelli Caroline de Oliveira

Kamila Dantas Martins

Márcia Póvoa Barbosa Rufino

Robson Andrade Dias

A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO

Governador Valadares

2008

Page 2: A import ncia da assist ncia de enfermagem na … · ABSTRACT Hemotransfusion is the introduction of total blood and its components inside the circulatorary system of a person, by

CARLOS STÊNIO NASCIMENTO BONEARES

CIBELLI CAROLINE DE OLIVEIRA

KAMILA DANTAS MARTINS

MÁRCIA PÓVOA BARBOSA RUFINO

ROBSON ANDRADE DIAS

A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO

Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce.

Orientadora: Profª. Tatiana Heidi Oliveira

Governador Valadares

2008

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CARLOS STÊNIO NASCIMENTO BONEARES

CIBELLI CAROLINE DE OLIVEIRA

KAMILA DANTAS MARTINS

MÁRCIA PÓVOA BARBOSA RUFINO

ROBSON ANDRADE DIAS

A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, ____ de ___________ de____.

Banca Examinadora:

______________________________________ Profª. Tatiana Heidi Oliveira – Orientadora

Universidade Vale do Rio Doce

______________________________________ Profª: Andréia Eliane Silva Barbosa

Universidade Vale do Rio Doce

______________________________________ Profª: Denise Cardoso Dias

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedicamos a Deus, em quem confiamos.

À nossa família, pela compreensão dos

sacrifícios do convívio impostos pela

execução do trabalho, pois sempre nos

fortalecia com o seu carinho e energia.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda vida, por nos sustentar em todos os aspectos e por nos dar a

graça de seu Amor.

À professora Tatiana Heidi Oliveira, pela orientação segura e competente no

desenvolvimento desta pesquisa.

Aos nossos pais, que mesmo distantes contribuíram para a realização do curso, com

incentivos, palavras de conforto e orações.

Às professoras Andréia Eliane Silva Barbosa e Denise Cardoso Dias, por terem

gentilmente aceito participar da banca examinadora.

A todos os mestres do curso de enfermagem, por terem nos ensinado a arte de

cuidar.

A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho,

nossa eterna e imensa gratidão, nesta vitória que se fez nossa.

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“Qualquer que seja sua extensão,

pequena ou grande; qualquer que seja o

meio em que atue, centros importantes,

pequenas cidades, povos rurais;

quaisquer que sejam, enfim, as

circunstâncias, na paz como na guerra,

uma organização de transfusão de

sangue não admite improvisos”.

Gosset, P. E. Weill-Paris 1937

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RESUMO

Hemotransfusão é a introdução de sangue total e/ou seus componentes dentro do sistema circulatório de um cliente, por via endovenosa, com finalidade terapêutica. A utilização do sangue humano em transfusões tem sido realizada desde inícios do século XIX; no entanto, o conhecimento acerca dos antígenos de cada grupo sangüíneo e seus correspondentes anticorpos, pré-requisitos para uma transfusão segura, só ficou disponível por volta de 1900. Entre os motivos para a realização de uma transfusão sangüínea, podemos citar o aumento da capacidade de transporte de oxigênio, a restauração do volume sangüíneo, a correção de distúrbios da coagulação sangüínea ou o aumento da imunidade do organismo. A hemotransfusão não é uma prática isenta de riscos, é um procedimento complexo que envolve o conhecimento específico por parte da equipe responsável por essa prática, exigindo profissionais habilitados para seu desempenho, cabendo ao médico decidir quando transfundir, e à equipe de enfermagem o acompanhamento de todo processo transfusional. Trata-se de uma revisão bibliográfica, que teve como objetivo demonstrar a importância da assistência de enfermagem antes, durante e após a terapia transfusional. Sabendo que a enfermagem é por tradição, uma ciência voltada para proporcionar e promover a saúde e o bem-estar do ser humano, e por ser o profissional da área de saúde que está mais próximo ao paciente, deve zelar pela qualidade da assistência prestada ao mesmo, livre de imperícia, negligência ou imprudência. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi alcançado após referências de diversos autores, evidenciou-se a importância da assistência de enfermagem prestada ao cliente frente a uma hemotransfusão.

Palavras-chave: Sangue. Transfusão Sangüínea. Enfermagem.

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ABSTRACT

Hemotransfusion is the introduction of total blood and its components inside the circulatorary system of a person, by way of intravenous, with a therapeutic purpose. The use of the human blood in transfusions has been carried out through the beginning of the nineteenth century; and meanwhile, the knowledge concerning antigens of each blood type and its corresponding antibodies. A prerequisite for secure transfusion was only available around 1900. It entered reasons for the accomplishment of blood transfusion; we can see the increase of oxygen and capacity through the transport, and restoration of the bloods volume, the correction of disturbances of the bloods coagulation or the increase of immunity of the cells. The hemotransfusion is not one practise exempt of risks, its a complex procedure that involves the knowledge of specialist, a team of professionals understanding their responsibility when to decide to use the transfusion, and the team of nursing in the accompaniment of transfusion process. It deals with - a bibliographical revision, that had an objective of demonstrating the importance of the nursing assistance, during and after transfusional therapy. Knowing and understanding that nursing is a tradition, a directed science to provide and promote the health and well-being of human life , and for being a professional of the health area that is for patient, must watch over the quality of the assistance given, exempts of ineptitude, recklessness or imprudence The objective of this study was reached, after references of diverse authors, evidence - the importance of the assistance of nursing given in the infirmary to the patient after having hemotransfusions,

Key-words: blood. Sanguineous transfusion. Nursing

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CH - Concentrado de Hemácias

CHL - Concentrado de Hemácias Lavadas

CID - Coagulação Idiopática Disseminada

CN - Congresso Nacional

CN - Congresso Nacional

COFEN - Conselho Federal de Enfermagem

COREN - Conselho Regional de Enfermagem

CP - Concentrado de Plaquetas

EPI - Equipamentos de Proteção Individual

FIT - Ficha de Notificação e Investigação de Incidente Transfusional

G - Gauge

gts/m - Gotas por minuto

HLA - Antígeno Humano Leucocitário

ml - Mililitros

gts/m - Gotas por minuto

MOP - Manual Operacional Padrão

PFC - Plasma Fresco Congelado

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

ST - Sangue Total

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 SANGUE ................................................................................................................ 12

2.1REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DO SANGUE E SEUS

COMPONENTES ......................................................................................................12

2.1.1 Parte sólida do sangue ..................................................................................13

2.1.1.1 Glóbulos vermelhos.......................................................................................13

2.1.1.2 Glóbulos brancos ..........................................................................................14

2.1.1.3 Plaquetas ......................................................................................................15

2.1.1.4 Plasma sangüíneo.........................................................................................16

2.1.2 Sistema ABO ...................................................................................................16

2.1.3 Sistema Rh ......................................................................................................18

2.1.4 Sistema HLA ...................................................................................................19

2.2 HEMOTRANSFUSÃO .........................................................................................19

2.2.1 Indicação da transfusão de sangue e dos princ ipais hemocomponentes e

hemoderivados ........................................................................................................25

2.2.1.1 Indicação de sangue total (ST)......................................................................26

2.2.1.2 Indicação de concentrado de hemácias (CH) ...............................................27

2.2.1.3 Indicação de concentrado de hemácias lavadas (CHL) ................................27

2.2.1.4 Indicação de concentrado de plaquetas (CP)................................................28

2.2.1.5 Indicação de plasma fresco congelado (PFC)...............................................28

2.2.1.6 Indicação de albumina...................................................................................29

2.2.2 Principais reações transfusionais ................................................................29

2.2.2.1 Reação hemolítica aguda..............................................................................31

2.2.2.2 Reação febril não hemolítica .........................................................................32

2.2.2.3 Reação alérgica ............................................................................................32

2.2.2.4 Sobrecarga circulatória..................................................................................33

2.2.2.5 Reação por contaminação bacteriana...........................................................33

2.2.2.6 Reação hemolítica tardia...............................................................................34

2.2.3 Alguns aspectos éticos e legais relacionados ao ato tranfusional ...........34

3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE SUBMETIDO A

HEMOTRANSFUSÃO ...............................................................................................36

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3.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM ANTES, DURANTE E APÓS A

HEMOTRANSFUSÃO ...............................................................................................37

3.1.1 Cuidados de enfermagem adotados antes da tran sfusão ..........................37

3.1.2 Cuidados de enfermagem adotados durante a hem otransfusão ...............39

3.1.3 Cuidados de enfermagem adotados após hemotran sfusão :......................40

3.2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM DIANTE DE UMA REAÇÃO

TRANSFUSIONAL.....................................................................................................40

4 METODOLOGIA.....................................................................................................42

5 CONCLUSÃO .........................................................................................................43

REFERÊNCIAS..........................................................................................................45

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1 INTRODUÇÃO

Hemotransfusão é a administração de uma ampla faixa de produtos

sangüíneos em um cliente, por via endovenosa, para fins terapêuticos (ARAÚJO,

2007).

Entre os motivos para a realização de uma transfusão sangüínea, podemos

citar o aumento da capacidade de transporte de oxigênio, a restauração do volume

sangüíneo, a correção de distúrbios da coagulação sangüínea ou o aumento da

imunidade do organismo (BRASIL, 2007).

Por ser um procedimento complexo, a hemotransfusão envolve o

conhecimento específico por parte da equipe responsável por essa prática, exigindo

profissionais habilitados para seu desempenho.

A equipe de enfermagem é de grande importância para o desenvolvimento

desta prática, sendo ela a responsável pelo procedimento da hemotransfusão.

Portanto, deve estar apta a identificar eventuais problemas decorrentes deste

procedimento e prestar ao paciente uma assistência qualificada e precisa, buscando

evitar ou minimizar as complicações decorrentes desta.

Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo principal revisar na

literatura os cuidados de enfermagem implementados para a realização desta, pois,

inúmeras vantagens têm sido levantadas ao se aplicar o plano de cuidados na

prática profissional, não só no ponto de vista do enfermeiro mas, principalmente, do

cliente, por tornar a assistência de enfermagem personalizada, eficiente e eficaz.

Entretanto, para aplicá-lo de forma integral é necessária uma mudança nos padrões

comportamentais e técnicos da assistência de enfermagem.

Por ser a enfermagem, a equipe responsável pelo processo transfusional,

cabe a ela observar o paciente antes da transfusão, avaliar seu estado durante e

acompanhá-lo após a transfusão (POTTER & PERRY, 2002).

Inicialmente, serão descritas a anatomia e fisiologia do sangue humano e

seus componentes, assim como os sistemas ABO, Rh e HLA. Posteriormente, será

abordada a definição de hemotransfusão, bem como suas principais indicações e

possíveis reações adversas. Dentro do mesmo contexto, serão abordados alguns

aspectos éticos e legais.

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Os cuidados de enfermagem fazem parte do encerramento deste estudo,

elucidando a importância do profissional da área na realização da terapia

transfusional e da prática do plano de cuidados. O modelo de cuidado de

enfermagem utilizado varia muito de uma instituição para outra e de um grupo de

clientes para outro, porém, as instituições da saúde, para cumprirem o seu papel

social, devem oferecer assistência de qualidade consoante às necessidades de

saúde da população, e a custos aceitáveis. O profissional de enfermagem deve

buscar conhecimento técnico-científco, adaptando-o corretamente à prática,

isentando de riscos todos os envolvidos.

Justifica-se esta pesquisa pela experiência vivenciada no estágio

supervisionado em clínica médica, proposto pela matriz curricular da Universidade,

quando os acadêmicos tiveram a oportunidade de realizar este procedimento,

podendo detectar assim uma dificuldade dos acadêmicos em fornecer informações

de forma clara e segura sobre a hemotransfusão e a importância da assistência de

enfermagem.

Este estudo torna-se de relevância pessoal, pois permite buscar a

competência técnica-científica, investir na formação, criando, desta forma, a

capacidade de desenvolver essa função. E de relevância social uma vez que muitos

clientes críticos hospitalizados necessitam receber sangue e/ou seus derivados;

portanto, não estão isentos de possíveis complicações, necessitando de cuidados

constantes por parte da equipe de enfermagem, sendo esta a mais próxima do

paciente.

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2 O SANGUE

2.1 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA DO SANGUE E SEUS

COMPONENTES

O sangue é um dos principais tecidos líquidos corpóreos, complexo e viscoso,

bombeado pelo coração, constituído por vários elementos formadores ou células

sangüíneas, tais como, os glóbulos vermelhos ou eritrócitos, os glóbulos brancos ou

leucócitos e pelas plaquetas. Esses componentes equivalem a 40% ou 45% do

volume total do sangue. Todas essas células realizam funções vitais específicas e

encontram-se suspensas em um líquido chamado plasma, que representa 55% do

volume sangüíneo (DOUGLAS, 2002; TORTORA, 2000; JACOBSON, 2004).

Figueiredo (2006) explica que os eritrócitos e as plaquetas atuam totalmente

dentro dos vasos sangüíneos e os leucócitos, ao contrário, agem principalmente nos

tecidos fora dos vasos sangüíneos.

As células sangüíneas são formadas através de um processo denominado

hemopoiese ou hematopoiese, em que elas proliferam, amadurecem e formam o

sangue. Essas células são constantemente renovadas, pois muitas delas possuem

tempo de vida curto (AIRES, 1999; TORTORA, 2000).

Brunner & Suddarth (2002) afirmam que o principal local de hematopoiese é

na medula óssea, e que, durante o desenvolvimento embrionário e em outras

condições, o fígado e o baço também podem envolver-se nesse processo. Em seres

humanos, o volume sangüíneo é de aproximadamente 7% a 10% do seu peso

corporal normal, em média, 5 a 6 litros que circulam por todo o corpo, através do

sistema vascular.

O sangue mantém um ambiente celular contínuo, ao circular constantemente

por todos os tecidos, constituindo um intercâmbio entre eles. E é pelo fato de circular

por todo o corpo que ele desempenha um papel importante em quase todas as

atividades funcionais (TORTORA, 2000).

A principal função do sangue é transportar oxigênio aos tecidos, e, além

desta, ele exerce outras, também fundamentais à manutenção do organismo, como,

transportar nutrientes, hormônios, anticorpos e produtos tóxicos produzidos pelo

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metabolismo celular para serem transformados e eliminados (GUYTON & HALL,

2002; BRUNNER & SUDDARTH, 2002; TORTORA, 2000).

Singi (2001) classifica as funções discutidas anteriormente em cinco tipos de

atividades: respiratória, nutritiva, defensiva, excretora, reguladora do equilíbrio

hídrico e reguladora da temperatura corporal.

Para que o sangue realize todas suas funções, necessita estar em seu estado

líquido normal. A hemostasia é o mecanismo que garante esta normalidade, pois

promove o equilíbrio entre os sistemas de formação e dissolução de coágulos

(BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

O sangue é dividido em parte sólida e líquida. Os eritrócitos, os leucócitos e

as plaquetas como elementos de parte sólida e o plasma como parte líquida. Os

elementos celulares que constituem o sangue possuem origens semelhantes, mas

com forma e funções distintas (AIRES, 1999).

2.1.1 Parte sólida do sangue

2.1.1.1 Glóbulos vermelhos

Os glóbulos vermelhos, também chamados de eritrócitos ou hemácias, são

discos bicôncavos, anucleados, com 8 micras de diâmetro e 2 micras de espessura.

São as células encontradas em maior quantidade no sangue, normalmente 5

milhões por milímetro cúbico (mm³) de sangue (FIGUEIREDO, 2006; BRUNNER &

SUDDARTH, 2002).

Ainda afirma Figueiredo (2006), que a circulação constante desgasta os

eritrócitos, os quais possuem uma vida média de 120 dias, e que o baço seqüestra

ou isola os que já estão velhos e desgastados, removendo-os da circulação, fazendo

com que o corpo produza diariamente bilhões de novas células para mantê-los em

níveis normais.

A principal função das hemácias é transportar a hemoglobina, substância

transportadora de oxigênio para os todos os tecidos; transportam dióxido de carbono

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para eliminação nos alvéolos pulmonares, e conferem ao sangue sua coloração

avermelhada (GUYTON & HALL, 2002).

Brunner & Suddarth (2002) explicam que, para promover a adequada

oxigenação dos tecidos, o número total de hemácias no sangue é regulado

constantemente. Quando a quantidade de hemácias no sangue está diminuída,

motivo que ocasiona baixa ligação de oxigênio ocorre a anemia; e se estiver

aumentada, o fenômeno se chama poliglobulia ou policitemia.

2.1.1.2 Glóbulos brancos

Os glóbulos brancos ou leucócitos possuem núcleo e são chamados assim

por não possuírem coloração. São encontrados em menor quantidade no sangue,

cerca de 5 mil a 10 mil células por mm³ de sangue, e ficam armazenados na medula

óssea, sendo lançados no sangue circulante quando necessário. Sua vida no

sangue circulante é curta, em média, de seis a oito horas; e nos tecidos, de dois a

três dias (DOUGLAS, 2002; TORTORA, 2000).

Segundo Singi (2001), os glóbulos brancos têm como principal função agir no

sistema de defesa do organismo. Eles atuam atacando e destruindo os agentes

agressores, por meio de fagocitose e pelo processo de formação de anticorpos e de

linfócitos sensibilizados.

Para que possam realizar com perfeição sua função de defesa, os leucócitos

precisam de grande mobilidade. Por terem a capacidade de migrar para os locais

onde sua ação seja necessária, são considerados as unidades móveis do sistema

protetor do organismo, e essa propriedade de migração é chamada de diapedese

(AIRES,1999).

De acordo com Guyton & Hall (2002), quando um agente estranho invade o

organismo, libera certas substâncias químicas que atraem os leucócitos, fazendo

com que eles migrem para o local da infecção. Essa propriedade dos leucócitos,

denominada quimiotaxia, é muito importante, pois favorece a atuação dos leucócitos

com o sistema imunológico.

Os leucócitos são divididos em duas classes distintas: os granulócitos e os

agranulócitos. O primeiro é chamado assim pela presença de grânulos no seu

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citoplasma e se divide em três variedades: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Já o

segundo não possui grânulos em seu citoplasma e é dividido em duas variedades:

linfócitos e monócitos (DOUGLAS, 2002).

De acordo com Guyton & Hall (2002), os linfócitos são os leucócitos mais

complexos e são divididos em linfócitos T e linfócitos B. Eles são as únicas células

leucocitárias que fazem parte do sistema imunológico. As demais células são

fagocíticas, participam no mecanismo de proteção do organismo contra a ação de

bactérias e outros agentes.

A principal alteração dos leucócitos é a leucopenia. Nessa condição a

quantidade total de leucócitos circulante é inferior a 5.000 por mm³. Os indivíduos

que apresentam leucopenia têm tendência a desenvolver infecções recorrentes,

devido à baixa imunidade (AIRES, 1999).

JACOBSON (2004) explica que o tempo de vida dos leucócitos é bastante

variado: alguns granulócitos circulam no sangue em média de 6 a 8 horas, alguns

monócitos podem sobreviver durante semanas ou meses, e alguns linfócitos podem

durar anos.

2.1.1.3 Plaquetas

As plaquetas ou trombócitos não são células, mas sim, fragmentos celulares

muito pequenos, incolores e em formato de disco, anucleadas com diâmetro médio

de 1,5 a 4 mícrons e espessura de 0,5 a 1 mícron. A quantidade normal de

plaquetas circulante é de 150.000 a 350.000 por mm³ e seu tempo médio de vida é

de sete a dez dias (DOUGLAS, 2002; FIGUEIREDO, 2006; JACOBSON, 2004).

Segundo Guyton & Hall (2002), as plaquetas possuem propriedades de

adesividade e agregação que constituem os mecanismos essenciais a sua

participação na hemostasia. A adesividade permite que a plaqueta possa aderir ao

endotélio vascular lesado, e a agregação permite a união de umas às outras,

constituindo os grumos plaquetários, que são a origem do futuro coágulo.

A principal alteração das plaquetas é a trombocitopenia ou plaquetopenia.

Nessa condição, a quantidade total de plaquetas circulante é inferior a 150.000

plaquetas por ml (mililitros). Os indivíduos que apresentam trombocitopenia têm

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tendência a desenvolver sangramentos espontâneos que podem ser desencadeados

por mínimos traumas (BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

Diversos autores colocam, ainda, que pode ocorrer uma alteração conhecida

como trombocitose, que é causada por aumento do número de plaquetas em valores

superiores a 350.000 plaquetas por ml. Esta condição resulta em formação de

trombos que podem comprometer a distribuição de oxigênio e nutrientes para os

tecidos (AIRES, 1999; DOUGLAS, 2002; SINGI, 2001).

2.1.1.4 Plasma sangüíneo

O plasma é um liquido límpido, da cor de palha, é a parte líquida do sangue,

contém numerosas substâncias dissolvidas, como: proteínas, carboidratos, lipídios,

hormônios e outros. É constituído de 91% de água e 8,5% de solutos (JACOBSON,

2004).

Aires (1999), afirma que o plasma é constituído principalmente pelas

proteínas, que são responsáveis por diversas características biofísicas do plasma,

tais como a densidade, a viscosidade e a pressão osmótica; além de participarem

dos processos de nutrição, coagulação, regulação do equilíbrio ácido-base e da

imunidade do organismo. As proteínas do plasma são classificadas em três tipos

principais: a albumina, as globulinas e o fibrinogênio.

A maior parte do plasma é constituída por albumina, que é particularmente

importante para manutenção do volume de líquido dentro do sistema vascular. Em

menor quantidade estão as globulinas, estas são relacionadas com a formação de

anticorpos. Já o fibrinogênio é fundamental no processo de coagulação (GUYTON &

HALL, 2002).

Jacobson (2004), explica que produtos importantes do metabolismo, como a

uréia, ácido úrico, creatinina e ácido láctico também circulam no plasma.

2.1.2 Sistema ABO

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O sistema ABO foi descoberto por Landsteiner em 1900. Esta descoberta

definiu a compatibilidade sangüínea entre doadores e receptores, no processo de

hemotransfusão, dando a este processo uma base científica e imunológica na

administração do sangue como agente terapêutico (JUNQUEIRA, 1979).

Existem vários tipos de grupos sangüíneos. Dentre eles, podem-se citar os

sistemas RH, MNS, KELL, LEWIS e o ABO. O sistema ABO é considerado o mais

importante na prática transfusional, por possuir muitos aglutinogênios, ou seja,

antígenos capazes de desencadear uma reação imunológica (BENDICHO, 2008;

SINGI, 2001).

Nas membranas dos glóbulos vermelhos, são encontrados antígenos que

determinam o tipo sangüíneo. Esses antígenos são herdados geneticamente e, por

isso, podem ou não estar presentes nas membranas desses glóbulos (PHILLIPS,

2001).

Ainda de acordo Phillips (2001), estes antígenos quando capazes de produzir

resposta imunológica são chamados de antígenos AB. Os glóbulos vermelhos

possuem três antígenos que podem desencadear uma reação imunológica: o

antígeno A, o B e Rh D, e por isso são rotineiramente testados na prática

transfusional.

O tipo sangüíneo pode ser determinado por dois testes: o chamado

classificação ou tipagem direta e a classificação ou tipagem reversa. O primeiro

identifica a presença de antígenos nas hemácias. Já o segundo identifica a presença

de anticorpos no plasma. Sendo que o método usual é o de tipagem direta, também

conhecido como técnica de lâmina (BENDICHO, 2008; GUYTON & HALL, 2002).

Os indivíduos que possuem antígeno A na membrana de suas hemácias são

classificados como tendo o tipo sangüíneo A, os que possuem os antígenos B têm

sangue do tipo B e os que possuem os dois antígenos, A e B, têm sangue do tipo

AB. Aqueles indivíduos que não possuem esses antígenos em suas hemácias têm o

tipo sangüíneo O (DOUGLAS, 2002).

A hemotransfusão só pode ser efetuada quando as hemácias do doador não

sejam aglutinadas pelo soro do receptor. Quando um antígeno não está presente

nas hemácias de uma pessoa, anticorpos conhecidos como aglutininas

desenvolvem-se em seu plasma. Portanto, o indivíduo cujo sangue é do tipo A

desenvolve aglutininas anti-B, o do tipo B desenvolve aglutininas anti-A e o do tipo O

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desenvolve aglutininas anti-A e anti-B. Somente o sangue do grupo AB não contém

aglutinas (GUYTON & HALL, 2002).

De acordo com Bendicho (2008), as aglutininas são capazes de causar

aglutinação e hemólise das hemácias, desencadeando rápida destruição de uma

grande quantidade de hemácias e causando conseqüentemente, reação hemolítica

e coagulação sangüínea no organismo do receptor.

Foi a partir da descoberta da compatibilidade e da incompatibilidade

sangüínea que surgiram dois conceitos: o de doador universal e o de receptor

universal. É chamado de doador universal o indivíduo que possui sangue do tipo O,

porque suas hemácias não seriam aglutinadas pelo soro de qualquer outro grupo,

pois possuem aglutininas anti-A e anti-B. E o do tipo AB é o receptor universal,

porque são desprovidas de aglutininas e não aglutinariam as hemácias de qualquer

outro tipo de sangue (JUNQUEIRA, 1979).

2.1.3 Sistema Rh

O sistema Rh foi descoberto por Landsteiner e Wiener, por volta de 1940, e

foi denominado assim por ter relação com substâncias contidas nas hemácias de

macacos Rhesus. Dos 50 tipos de antígenos Rh existentes, três destacam-se como

os principais: o D, o C e o E; estes são suficientemente antigênicos, capazes de

produzir anticorpos. Depois do A e B, o antígeno D é o mais importante na prática

transfusional (PHILLIPS, 2001).

Segundo Guyton & Hall (2002), o indivíduo que tem em suas hemácias

qualquer um destes antígenos Rh é denominado Rh positivo, e os que não possuem

estes antígenos são Rh negativo.

Inversamente ao sistema ABO, no sistema Rh as aglutininas não são

formadas espontaneamente. A formação de aglutininas depende de uma exposição

maciça, como transfusão sangüínea ou gravidez. As aglutininas anti-Rh formam-se

lentamente, dentro de dois a quatro meses depois da exposição, fator importante de

compatibilidade, pois não existe regularmente, no plasma, o anticorpo

correspondente, ressalta Bendicho (2008).

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Os indivíduos Rh positivos, que correspondem a cerca de 85% da população,

podem receber sangue tanto Rh positivo como Rh negativo. Já o indivíduo Rh

negativo só poderá receber sangue Rh negativo. Portanto, o indivíduo que possui

tipo sangüíneo AB e fator Rh positivo é conhecido como receptor universal; e o que

possui tipo O e fator Rh negativo, como o doador universal (DOUGLAS, 2002).

2.1.4 Sistema HLA

O Antígeno Humano Leucocitário (HLA) se origina na membrana dos glóbulos

brancos, mas pode ser encontrado em outras células do organismo, como as

plaquetas e células teciduais. Cabe ressaltar que a sua importância na

hemotransfusão é a indução de isoimunização, no receptor, pelos antígenos HLA do

doador. A incompatibilidade de HLA é uma das causas mais freqüentes de reação

hemolítica aguda, a mais séria das reações transfusionais (PHILLIPS, 2001).

2.2 HEMOTRANSFUSÃO

Segundo Craven & Hirnle (2006) e Guyton & Hall (2002), a hemotransfusão

refere-se à introdução de sangue total ou seus componentes dentro do sistema

circulatório de um cliente, por via endovenosa, com finalidade terapêutica. A

transfusão não se trata da infusão de um líquido qualquer, e sim de um transplante

do mais complexo dos tecidos.

A transfusão tem como finalidades aumentar o volume sangüíneo circulante,

aumentar o número de glóbulos vermelhos e dos níveis de hemoglobina em

pacientes com anemia grave, além de controlar hemorragia com a administração de

fatores de coagulação (POTTER & PERRY, 2002).

Figueiredo (2006), explica que, em alguns casos, o paciente pode receber seu

próprio sangue durante uma transfusão, chamada de autotransfusão ou transfusão

autóloga. Em tal processo, o próprio sangue do paciente é coletado, filtrado e

reinfundido.

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Para Brunner & Suddarth (2002), a principal vantagem da transfusão autóloga

é a eliminação do risco de incompatibilidade e de doenças hematogênicas.

A primeira hemotransfusão realizada em 1667, por Jean Baptiste Denis, foi

feita do sangue de um carneiro para um paciente portador de tifo, que faleceu quase

que imediatamente, após inúmeros efeitos colaterais como: vômitos, diarréia, urina

escura, pulsação acelerada entre outros. Nessa época nada se conhecia sobre

reações imunológicas, anticoagulantes ou agentes infecciosos (JUNQUEIRA, 1979).

A prática da hemoterapia é regulamentada por normas federais que visam a

assegurar a qualidade dos hemoterápicos e proteger os indivíduos envolvidos, os

doadores e os receptores. O Ministério da Saúde regulamenta as normas técnicas

referentes à coleta, processamento e transfusão, ficando sob o comando da agência

nacional de vigilância sanitária (ANVISA), sua fiscalização. A primeira etapa para

que ocorra o processo transfusional começa com o doador (BRASIL, 2004).

O ciclo de sangue apresentado na figura 01 se inicia com o candidato à

doação chegando ao serviço de hemoterapia. Entretanto, é importante lembrar a

existência de uma fase anterior a esta, conhecida como captação de doadores de

sangue.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução

da Diretoria Colegiada (RDC) número 153 do ano de 2004, que determina o

regulamento técnico para os procedimentos hemoterápicos, coloca que todo serviço

que tenha atendimento de urgência, obstetrícia e que realize cirurgia de médio porte,

deve ter contrato com serviço de hemoterapia (ANVISA, 2004).

Os serviços que realizam mais de 60 transfusões por mês devem contar com

uma agência transfusional dentro de suas instalações, e os serviços que realizam

menos de 60 transfusões por mês podem ser supridos por agência ou banco de

hemoterápicos externo (ANVISA, 2004).

De acordo com a ANVISA (2004), a transfusão sangüínea pode ser

classificada em 4 (quatro) tipos distintos: a programada, a não urgente, a urgente e a

de extrema urgência. A transfusão programada é aquela que tem dia e hora para ser

realizada. A não urgente é a transfusão que pode ser realizada dentro de 24 horas.

A urgente deve ser realizada no prazo de 3 horas, após o pedido do hemoterápico. E

a de extrema urgência é aquela em que o atraso na administração da transfusão

implica riscos à vida do paciente. As hemotransfusões devem ser realizadas de

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preferência durante o dia, salvo em casos especiais, como as de urgência e extrema

urgência.

A terapia transfusional deve ser realizada por médico ou profissional de saúde

qualificado, habilitado e que conheça as normas vigentes sobre o procedimento. As

transfusões só podem ser realizadas em instituições onde haja pelo menos um

médico no momento da realização deste procedimento, para intervir imediatamente

nos casos de reações ou complicações (BRASIL, 2004).

Segundo Phillips (2001), a prescrição médica é indispensável à indicação de

uma hemotransfusão. Nela devem estar contidos o tipo de hemoterápico, volume,

tipo de transfusão e o tempo de duração.

Quando indicada uma hemotransfusão, a solicitação de hemoterápicos deve

ser feita em formulário próprio, que deverá conter informações completas e legíveis,

para a correta identificação do receptor (ANVISA, 2004).

Nesse formulário, devem constar pelo menos os seguintes dados: nome e

sobrenome do receptor, sexo, idade, peso, número do prontuário, número do leito,

diagnóstico, hemoterápico solicitado, volume do hemoterápico, tipo de transfusão,

resultados laboratoriais que justifiquem a indicação da transfusão, data, assinatura e

o número do conselho regional de medicina (CRM) do médico. A falta de algum

destes dados invalida a solicitação (BRASIL, 2004).

Cabe ao enfermeiro executar e/ou supervisionar o ato transfusional,

monitorando a administração dos hemoterápicos de forma a detectar eventuais

intercorrências (COFEN, 2008).

Para Timby (2002), Phillips (2001) e Nettina (2007), a seleção dos materiais

constitui o segundo passo para a realização de uma hemotransfusão. A escolha

adequada dos materiais proporciona um procedimento mais qualificado e preciso.

A administração de sangue exige um determinado calibre de cateter devido à

viscosidade sangüínea. O calibre mínimo de cateter recomendado é 20 Gauge (G),

sendo que o calibre ideal para uma infusão adequada é de 18 G. Quanto menor o

calibre, maior ao tempo de infusão da transfusão (TIMBY,2002).

Phillips (2001) completa que o cateter de calibre 22 G é mais apropriado para

administrar produtos do plasma e que o quadro clínico do paciente pode determinar

o calibre do cateter a ser utilizado.

O equipo recomendado para administração de hemoterápicos é o equipo de

linha única ou Y. O equipo de linha única permite somente a administração do

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hemoterápico. Já o de linha Y permite, além da administração de hemoterápico, a

administração concomitante de soro fisiológico (BANTON, 2005).

A linha deve ser lavada antes e após a administração do hemoterápico com

solução salina normal, 0,9% de cloreto de sódio (soro fisiológico). As soluções de

glicose provocam hemólise e o soro fisiológico é compatível com o sangue

(CRAVEN & HIRNLE, 2006).

Após o término da transfusão ou de uma unidade, o equipo e conexões

devem ser descartados. Não deve ser reutilizada nem em situações onde está

prescrita mais de uma bolsa para o mesmo paciente (BANTON, 2005).

A maior parte das hemotransfusões, exceto transfusão de plaquetas, exige a

utilização de filtros de microagregados para filtrar partículas que se formam no

sangue estocado. E esta utilização deve obedecer a prescrição médica (PHILLIPS,

2001).

De acordo com Nettina (2007), o hemoterápico, depois de retirado do banco

de sangue, deve ser administrado no máximo em 30 minutos. Atingindo este

período, o componente deve ser recolocado imediatamente no refrigerador; e, caso

isso não seja feito, o componente deve ser descartado. Pois, a ANVISA (2004),

afirma que se o hemoterápico permanecer mais de 30 minutos fora do

armazenamento correto se torna inutilizável.

A infusão deve-se iniciar lentamente, em geral 20 gotas/minuto (gts/m) nos

primeiros 5 a 15 minutos iniciais, sendo que o volume infundido neste período não

deve ultrapassar a 50 ml por minuto (BATON, 2005; BRUNNER & SUDDARTH,

2002).

A velocidade da infusão pode ser aumentada gradativamente, após o período

de 15 minutos, e o número de gotas, então, passa a ser determinado pela condição

clínica do paciente e pelo tipo de hemoterápico que está sendo infundido (BANTON,

2005).

Em situações que necessitem de infusão do hemoterápico através da bomba

de infusão, o responsável pelo procedimento deve atentar para o tipo da bomba e do

equipo a ser utilizado, uma vez que estes devem ser específicos, ou seja, projetados

para infusão de sangue. As bombas comuns utilizadas para infusão de

medicamentos podem causar hemólise e inativar a transfusão (PHILLIPS, 2001).

Segundo a ANVISA (2004), o sangue e seus produtos devem ser infundidos,

no máximo, em 4 horas; e, se após este período a transfusão não estiver sido

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completada, esta deve ser interrompida e as bolsas devidamente descartadas. Pois,

após este tempo, aumentam-se as chances de ocorrer uma contaminação

bacteriana ao hemoterápico e, conseqüentemente, sepse no receptor, justificam

Brunner & Suddarth (2002) e Potter & Perry (2002).

Figura 01 – Fluxograma do ciclo do sangue Fonte: Manual técnico para investigações da transmissão de doenças pelo sangue

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Os primeiros 5 a 15 minutos são primordiais, é neste período que geralmente

se manifestam as reações transfusionais imediatas. O controle do volume infundido

é fundamental na prevenção de complicações mais sérias, pois este controle garante

a administração de um pequeno volume de hemoterápico circulante no organismo

do receptor e, conseqüentemente, menor agressividade da reação (NETTINA, 2007).

Quando indicado o aquecimento do hemoterápico, este deve ser de forma

controlada, em aquecedores próprios, com termômetro visível, alarmes sonoro e

visual. Antes da realização deste processo, a equipe deverá consultar o protocolo,

onde consta a indicação e os procedimentos para o aquecimento do sangue

(ANVISA, 2004; PHILLIPS, 2001).

É expressamente proibida a adição de qualquer medicamento ou solução à

bolsa do hemocomponente, como também ser administrada em mesma linha

venosa, exceto a solução salina normal 0,9% de cloreto de sódio (soro fisiológico),

ela é a única solução considerada compatível à prática transfusional (BANTON,

2005; BRUNNER & SUDDARTH, 2002; TIMBY, 2002).

A adição de drogas à bolsa ou em mesma linha venosa durante a transfusão

dificulta identificar se o que realmente ocasionou uma reação foi a droga ou o

hemoterápico. Por isso, se for preciso administrar medicamento por via endovenosa

em um paciente durante a hemotransfusão, é recomendado obter acesso venoso em

outro local, para a infusão deste (POTTER & PERRY, 2002).

A equipe responsável pela hemotransfusão, deve estar atenta ao registro

referente a mesma. Um bom registro deve conter no mínimo as seguintes

informações: nome do receptor, tipagem sangüínea do receptor, data da transfusão,

tipo de hemocomponente, volume infundido, complicações, intercorrentes (ANVISA,

2004).

O serviço que realiza hemotransfusão deve ter protocolo referente à

biossegurança, e este deve ser seguido por todos os profissionais envolvidos neste

procedimento. O serviço deve ainda disponibilizar de equipamentos de proteção

individual (EPI) e coletiva que garantam a segurança dos profissionais, além de

garantir a segurança do receptor. Para garantir esta segurança é necessário

treinamento periódico de toda equipe acerca do procedimento e biossegurança

(BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

O descarte dos hemoterápicos deve estar de acordo com o plano de

gerenciamento de resíduos de saúde. Que preconiza que as bolsas com produto

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residual acima de 50 ml devem ser acondicionadas em saco branco leitoso,

resistente a ruptura e vazamento, impermeável; neste caso, devem ser

encaminhadas diretamente para os Aterros Sanitários. Caso não haja a

disponibilidade do tipo de destino final acima mencionado, as bolsas devem ser

submetidas a processo de descontaminação por autoclavação ou serem submetidas

a tratamento com tecnologia que reduza ou elimine a sua carga microbiana

(BRASIL, 2004).

2.2.1 Indicação da transfusão de sangue e dos princ ipais hemocomponentes e

hemoderivados

Antes de falar sobre a indicação, é preciso saber que existem diferenças entre

as denominações sangue, hemocomponente e hemoderivados.

De acordo com o Congresso Nacional (CN, 2001), através da Lei 10.205 de

21 de março de 2001, que regulamenta a coleta, o processamento, estocagem,

distribuição e aplicação de hemoterápicos, denomina-se sangue toda a porção

captada de um doador sem que sofra processo químico ou físico denominado

sangue total. Hemocomponentes são as preparações conseguidas através de um

processo físico, como o concentrado de hemácias, concentrados de hemácias

lavadas, concentrado de plaquetas e outros. Já os hemoderivados são elementos do

sangue que são obtidos com o emprego de processo físico–químico, como o

complexo protombínico e a albumina.

Sabe-se que a hemoterapia conta com uma gama de hemocomponentes e

hemoderivados. O presente trabalho visa a revisar somente os hemoterápicos mais

solicitados, como Sangue Total, Concentrado de Hemácias, Concentrado de

Hemácias Lavadas, Concentrado de Plaquetas, Plasma Fresco Congelado e

Albumina.

Sendo assim, a figura 02 mostra a preparação dos hemocomponentes e

hemoderivados.

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Figura 02 – Preparação dos hemocomponentes e hemoderivados Fonte: Manual de Hemotranfusão – Hospital Universitário Walter Cantídio

2.2.1.1 Indicação de sangue total (ST)

É considerado ST aquele que é coletado do doador, sem passar por nenhum

processo de separação. Quando coletado, é colocado em uma solução preservante

e anticoagulante. Nele estão contidos todos os elementos do sangue (plasma,

hemácias, leucócitos e plaquetas), segundo Razouk & Reiche (2008).

De acordo com Phillips (2001), é a partir do ST que são obtidos os demais

hemocomponentes e hemoderivados.

Atualmente devido aos avanços da separação e preservação dos

hemocomponentes, as indicações de transfusão de ST são raras. A principal

indicação seria para pacientes que apresentam sangramento ativo com perda

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volêmica aguda e maciça de sangue, maior que 25% de seu volume sangüíneo total.

Pode ser utilizado também na restauração da volemia após hemorragias,

traumatismos ou queimaduras (RAZOUK & REICHE, 2008; KNOBEL,1998).

A Enfermagem deve considerar importante em uma transfusão de ST a

compatibilidade ABO e Rh e prova cruzada, a utilização de equipo com linha única

ou em Y, microfilme para remover plaquetas, lembrando que a velocidade da infusão

depende do estado do cliente e da prescrição médica. Em situações de emergência,

a infusão pode ser rápida e sua duração nunca pode ultrapassar 4 horas. O ST deve

ser mantido em temperatura ambiente, quando administrado em grande quantidade

(BANTON, 2005; BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

2.2.1.2 Indicação de concentrado de hemácias (CH)

A indicação do concentrado de hemácias faz-se importante na restauração da

capacidade de transporte de oxigênio do sangue, na correção de anemias, perdas

sangüíneas cirúrgicas e quando o nível de hemoglobina está abaixo de 8g/dl e em

caso de perda sangüínea de mais de 1.200 ml (BANTON, 2005; RAZOUK &

REICHE, 2008).

De acordo com os mesmos autores, as considerações em relação à

enfermagem obedecem aos mesmos preceitos do sangue total.

Knobel (1998), explica que o CH foi desenvolvido com o objetivo de evitar

reações adversas, e que é o produto ideal para corrigir anemias dos pacientes

portadores de patologias cardíacas, renais e hepáticas. Os cardíacos se beneficiam

pela diminuição do volume, havendo menor chance de ocorrer sobrecarga

circulatória. Nos pacientes renais e hepáticos, diminui o valor da oferta de potássio e

amônia, dois elementos cruciais na vida destes pacientes.

2.2.1.3 Indicação de concentrado de hemácias lavadas (CHL)

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Este tipo de hemocomponente sofre um processo de lavagem, quando é

removida a maior parte do plasma, reduzindo a concentração de leucócitos e

removendo também plaquetas. É indicado principalmente para indivíduos com

reações alérgicas recorrentes e pacientes imunodeprimidos, pois a lavagem remove

as proteínas plasmáticas capazes de induzir reações alérgicas. Pode ser infundida

em no mínimo 1 hora e meia e no máximo em 4 horas (BANTON, 2005; RAZOUK &

REICHE, 2008).

Segundo Phillips (2001), este processo de lavagem é realizado em sistema

aberto e por isso, o concentrado de hemácias lavadas deve ser transfundido em 24

horas após seu preparo, para evitar contaminação bacteriana.

2.2.1.4 Indicação de concentrado de plaquetas (CP)

É indicado que ocorra o uso do CP em uma transfusão, quando a contagem

plaquetária está inferior a 50.000/mm³, em caso de cirurgias com contagem de

plaquetas inferior a 100.000/mm³ e em pacientes sem sangramentos, porém com

rápida diminuição de contagem plaquetária, menor que 15.000 a 20.000/ mm³

(BRUNNER & SUDDARTH, 2002; PHILLIPS, 2001).

A enfermagem deve considerar, nas transfusões de CP, que a

compatibilidade ABO e Rh não é necessária, mas preferível. Seu tempo de infusão

deve ser rápido, variando entre 1 a 2ml/minuto a 5 minutos/bolsa, ou de acordo com

o quadro clínico do paciente, lembrando sempre, que nunca deve exceder 4 horas e

que não se deve utilizar filtro de microagregados, pois o mesmo impede a passagem

das plaquetas (BANTON, 2005; PHILLIPS, 2001).

2.2.1.5 Indicação de plasma fresco congelado (PFC)

O plasma é um hemoderivado rico em fatores de coagulação, por isso é

utilizado para corrigir deficiência de fatores de coagulação, na expansão de volume

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plasmático e como tratamento de hemorragias e choque após cirurgia (RAZOUK &

REICHE, 2008).

A compatibilidade ABO e Rh não é necessária, mas preferível. Sua infusão

deve ser rápida, com auxílio de um equipo de linha única com filtro para sangue; a

taxa de infusão pode variar de 4 a 10 ml/minuto, com duração de 1 a 2 horas

(BANTON, 2005).

O PFC deve ser transfundido no máximo 6 horas após seu total

descongelamento, se armazenado em temperatura e condições corretas (ANVISA,

2004).

De acordo com Phillips (2001), o PFC antes de ser transfundido precisa ser

aquecido. Para este aquecimento é utilizado o banho de água morna (banho-maria)

de 30° a 37° C.

2.2.1.6 Indicação de albumina

A albumina é uma pequena proteína separada do plasma e está indicada para

reposição de volume, no tratamento do choque por queimaduras, traumatismos,

cirurgia ou infecções e tratamento de hipoproteinemia (baixa dosagem de proteína)

com ou sem edema (RAZOUK & REICHE, 2008; BANTON, 2005).

A Enfermagem deve saber que para transfusão de albumina não é necessária

compatibilidade de grupos sangüíneos e Rh, pois nela não existe a presença de

antígenos ou anticorpos. Reações à albumina, como febre, calafrios, náuseas são

raras. Em pacientes cardiopatas e pneumopatas, a albumina deve ser administrada

com cautela, devido ao risco de insuficiência cardíaca e sobrecarga circulatória

(BANTON, 2005).

2.2.2 Principais reações transfusionais

Sabe-se que a transfusão de sangue consiste na administração do sangue de

um indivíduo doador para um receptor. Esse procedimento coloca os antígenos do

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doador, sejam antígenos de membranas celulares ou antígenos plasmáticos, em

contato com os anticorpos do receptor. A transfusão deve respeitar a

compatibilidade entre os antígenos das hemácias do doador (sistema ABO e Rh) e

os anticorpos do plasma do receptor, para evitar as reações do sistema imunológico

do receptor da transfusão (ANVISA, 2004).

A utilização do sangue representa risco para o receptor, por ser um

componente biológico. Porém, grande parte das complicações causadas pela

hemotransfusão podem ser evitadas; já outras são imprevisíveis, havendo, portanto,

necessidade de avaliação dos riscos e benefícios da transfusão (POTTER &

PERRY, 2002).

Desta forma, para que ocorra uma transfusão sangüínea segura, deve-se ter

conhecimento da patologia do receptor e da função do hemoterápico a ser

transfundido, ressaltam Brunner & Suddarth (2002); e, de acordo com Carvalho

(1983) e Junqueira (1979), a segurança transfusional tem sido uma das maiores

preocupações dos serviços de imuno-hemoterapia.

Atualmente, o serviço de hemoterapia utiliza uma metodologia padronizada e

técnicas altamente refinadas, com o objetivo de garantir a qualidade do produto e

acrescentar segurança ao procedimento hemoterápico. Apesar disso, a

hemotransfusão não é isenta de riscos; podem ocorrer reações de diversas

naturezas ao mesmo tempo, transmissão de uma variedade de doenças infecciosas,

bacterianas ou virais, que incluem as hepatites e a AIDS (BRASIL, 2004).

Segundo Brasil (2007), as reações transfusionais são classificadas como

imediatas e tardias. Em relação aos mecanismos de produção, as reações podem

ser de natureza imunológica ou não.

De acordo com a ANVISA (2004), os incidentes transfusionais no Brasil são

considerados imediatos, quando ocorrem durante ou até 24 horas após a transfusão;

e tardio, quando ocorrem depois de 24 horas de transfusão.

As reações imediatas podem ser hemolítica aguda, febril não hemolítica ou

alérgica, sobrecarga circulatória e contaminação bacteriana. As reações tardias

incluem reação hemolítica tardia, transmissão de doenças, isoimunização a

antígenos celulares e plasmáticos, entre outros (ANVISA, 2004; GUYTON & HALL,

2002; GOLDMAN & BENNETT, 2001).

Goldman & Bennett (2001), colocam que é possível que ocorra morte

relacionada a uma transfusão, sendo esta, causada principalmente pela reação

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hemolítica aguda, edema pulmonar agudo e reação hemolítica tardia. Reações

adversas podem ocorrer em cerca de 10% dos receptores.

Existem vários sinais e sintomas que podem indicar que o receptor da

transfusão sangüínea está sofrendo uma reação transfusional; dentre estes, podem

ser citados: calafrios com ou sem febre, dor no sítio da punção venosa, dor no peito

ou abdômen, alterações de pressão arterial, desconforto respiratório, náuseas com

ou sem vômitos, urticárias, anafilaxia, dentre outros (BANTON, 2005; BRUNNER &

SUDDARTH, 2002).

Alguns autores relatam que a baixa idade, a primeira hora de transfusão, o

baixo peso e a pressão arterial são fatores que predispõem a ocorrência de

incidentes transfusionais (BANTON, 2005; GOLDMAN & BENNETT, 2001;

PHILLIPS, 2001).

2.2.2.1 Reação hemolítica aguda

Este é um tipo de reação grave, a mais séria de todas as reações

transfusionais que colocam em risco a vida do paciente. Este tipo de reação ocorre

geralmente por incompatibilidade sangüínea ABO. Esta incompatibilidade ativa o

sistema de coagulação, liberando enzimas vasoativadoras, que levam à instabilidade

vasomotora, colapso cardiorespiratório ou à coagulopatia idiopática disseminada

(CID). Pode ocorrer também hemólise intravascular, que gera um quadro clínico

mais grave e geralmente fatal, afirmam Timby (2002); Phillips (2001); Brunner &

Suddarth (2002) e Nettina (2007).

A maioria das reações hemolíticas comumente ocorre por erros na

identificação da amostra de sangue para tipagem, identificação errada da bolsa de

sangue, ou falhas no momento da instalação do sangue, como a não confirmação e

conferência dos dados do paciente com os da bolsa (BRUNNER & SUDDARTH,

2002; PHILLIPS, 2001).

Geralmente, a reação hemolítica aguda tem início durante os primeiros 5 a 15

minutos, mas pode ocorrer em qualquer momento da transfusão (POTTER &

PERRY, 2002).

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De acordo com Banton (2005), Potter & Perry (2002), Phillips (2001) e Nettina

(2007), os sinais e sintomas são: febre, calafrios, sensação de queimação no trajeto

venoso, dor torácica, taquicardia, taquipnéia, dispnéia, rubor facial, tremores,

choque, ansiedade, hipotensão arterial, oligúria e hemoglobinúria.

A conferência da compatibilidade sangüínea, a identificação correta do

receptor, transfunsão do sangue lentamente nos primeiros 15 a 20 minutos e

observação direta ao cliente durante os primeiros 30 minutos da transfusão são

medidas preventivas e visam evitar a tais reações (POTTER & PERRY 2002).

2.2.2.2 Reação febril não hemolítica

Esta reação é caracterizada pela elevação rápida da temperatura, cerca de

1°C, e pode ocorrer durante ou logo após a hemotran sfusão. É causada pela reação

de antígeno-anticorpo contra leucócitos, plaquetas ou contra proteínas plasmáticas

do doador. A febre constitui a manifestação clássica deste tipo de reação

transfusional, seguida por calafrios, cefaléia, dispnéia, dor torácica, ansiedade,

rubor, náuseas, vômitos, hipotensão arterial e tosse seca (TIMBY, 2002).

É o tipo de reação mais freqüente em pacientes politransfundidos. Pode ter

início imediato ou nas primeiras 6 horas após a transfusão (GOLDMAN & BENNETT,

2001; POTTER & PERRY, 2002).

A reação febril pode ser prevenida ou reduzida pelo uso de

hemocomponentes com pouca contagem de leucócitos ou com a utilização de

produtos HLA ( antígeno leucocitários humanos) compatíveis (BANTON, 2005).

2.2.2.3 Reação alérgica

As reações alérgicas representam o segundo tipo de reação que mais

acomete os pacientes submetidos à hemotransfusão, e são provavelmente causadas

pela presença de alérgenos no plasma transfundido a um receptor sensibilizado

(PHILLIPS, 2001).

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Pode ser notada em qualquer momento da transfusão ou dentro de 1 hora

após o início da mesma (BANTON, 2005).

As manifestações clínicas incluem prurido, eritema local, hiperemia, urticária,

lacrimejamento dos olhos, distúrbios gastrointestinais, sibilos, parada cardíaca e

morte. Sendo que, a manifestação mais freqüente apresentada pelos pacientes com

reação alérgica é a urticária (BANTON, 2005; PHILLIPS, 2002).

2.2.2.4 Sobrecarga circulatória

Este tipo de reação, geralmente, é resultante da infusão rápida de grande

quantidade de sangue, em pequeno espaço de tempo; quantidade e velocidade

maior que a capacidade do sistema circulatório (NETTINA, 2007).

As manifestações clínicas incluem dor nas costas, dispnéia, dilatação jugular,

tosse e estertores nas bases dos pulmões (PHILLIPS, 2001).

O controle do gotejamento e a infusão lenta são cuidados que auxiliam na

prevenção desta reação.

2.2.2.5 Reação por contaminação bacteriana

Geralmente, esta reação resulta da contaminação do hemoterápico,

principalmente por bactérias gram-negativas, durante o processo de coleta,

armazenamento e manipulação incorreta (SMITH-TEMPLE & JOHNSON, 2000).

As manifestações clínicas estão associadas a endotoxinas produzidas pelas

bactérias gram-negativas e as mais freqüentes são: calafrios, cólicas abdominais,

diarréia, tremores, vômitos, febre, hipotensão, choque e CID dentro de 90 minutos

após a transfusão (GOLDMAN & BENNETT, 2001).

As medidas preventivas incluem a inspeção do hemoterápico antes da

transfusão, quanto à presença de bolhas, coágulos e coloração, a troca do equipo a

cada 4 horas, a manutenção de técnica estéril durante a administração do

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hemoterápico e a preservação do hemoterápico em temperatura adequada

(NETTINA, 2007).

2.2.2.6 Reação hemolítica tardia

As reações hemolíticas tardias são causadas por uma resposta imunológica

do receptor aos antígenos do doador, incompatibilidade de antígenos das hemácias,

além do sistema ABO. Esta reação pode ser iniciada em dias ou semanas após a

transfusão; sendo mais comum quando o sistema imunológico do receptor foi

estimulado por transfusões prévias (PHILLIPS, 2001).

A manifestação mais comum é a febre baixa persistente; podem também

ocorrer icterícia, hemoglobinúria e insuficiência renal aguda (NETTINA, 2007;

BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

A reação hemolítica tardia é mais comum que a aguda, muitas vezes não é

percebida e geralmente não necessita de tratamento agudo (POTTER & PERRY,

2002).

2.2.3 Alguns aspectos éticos e legais relacionados ao ato transfusional

Segundo Brasil (2007), o processo de transfusão tem seu início com a doação

do sangue. Trata-se de ato altruístico, pois o doador nada recebe pela oferta que faz

à coletividade. Vale a pena lembrar que o doador não tem controle sobre a aplicação

do sangue, não escolhe o destinatário, ainda que a assistência a alguém que lhe é

especial tenha sido o motivador direto de seu ato.

Ainda de acordo com Brasil (2007), o serviço hemoterápico deve ser

extremamente cauteloso no manejo dos seus registros de doadores, não podendo

utilizá-lo para nenhum propósito além daqueles diretamente relacionados à sua

finalidade essencial.

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O consentimento não deve ser ato meramente formal. O doador deve estar

plenamente esclarecido sobre a natureza do seu ato, o uso que será feito do seu

sangue, os exames que serão realizados e os riscos da doação (ANVISA, 2004).

Segundo Araújo (2007), em alguns casos, um paciente pode recusar uma

transfusão de sangue; por exemplo, se ele é Testemunha de Jeová, pode recusá-la

devido à sua crença religiosa. Um adulto totalmente competente tem o direito de

recusar o tratamento, tendo disponíveis outras opções de tratamento; cabe ao

médico assistente fazer a prescrição, pois este ato apóia o direito de

autodeterminação do paciente e respeita seus desejos.

Araújo (2007) diz ainda que se pode obter uma ordem judicial de transfusão,

quando a competência mental do paciente é questionável.

Brasil (2007), relata que os Tribunais brasileiros entendem que a transfusão

deverá ser feita nessa situação, quando se trata de menor de idade e/ou houver

risco de morte. Em ambas as hipóteses, o direito à autonomia cederia diante da

preservação da vida.

É obrigação dos serviços de hemoterapia reportarem à vigilância sanitária

quaisquer investigações decorrentes de casos de soroconversão, erros na triagem

sorológica e imuno-hematológica, ou outros que impliquem a saúde do indivíduo ou

da coletividade (BRASIL, 2007).

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3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE SUBMETIDO À

HEMOTRANSFUSÃO

A administração de sangue e de hemocomponentes exige dos profissionais

de saúde envolvidos o conhecimento de técnicas corretas e a capacidade de

identificação de potenciais eventos adversos (BRASIL, 2007).

A enfermagem é, por tradição, uma ciência voltada para proporcionar e

promover a saúde e o bem-estar do ser humano. O enfermeiro é o profissional da

área de saúde que está mais próximo ao paciente, portanto, deve zelar pela

qualidade da assistência prestada ao mesmo (LIMA, 1994).

Afirmam Potter & Perry (2002), que o enfermeiro necessita de conhecimento e

habilidade para solucionar problemas referentes à prática profissional.

Segundo a ANVISA (2004), a hemotransfusão é um procedimento de

importância tanto para a equipe médica quanto para a de enfermagem, uma vez que

cabe ao médico decidir quando transfundir e à equipe de enfermagem o

acompanhamento de todo processo transfusional.

De acordo com o COFEN (2008), é competência do enfermeiro planejar,

executar, coordenar, supervisionar e avaliar o procedimento hemoterápico, bem

como assistir de maneira integral os receptores da hemotransfusão.

Para que seja realizada uma hemotransfusão, é necessário que o profissional

responsável por ela tenha conhecimento das técnicas corretas de administração dos

hemoterápicos (BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

O enfermeiro tem a responsabilidade de assegurar ao cliente uma assistência

livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência (COREN/MG,

2005).

O profissional de enfermagem pode ser responsabilizado por negligência,

quando realizar um procedimento de forma incorreta, ou seja, na técnica que não

obedeça aos padrões de assistência. O não cumprimento de protocolos, a

realização de procedimento para o qual não foi treinado, são exemplos de atos que

podem ocasionar danos ao paciente e, conseqüentemente, ao profissional,

penalidade por negligência (POTTER & PERRY, 2002).

Levando em consideração o parágrafo acima, é importante a preparação dos

profissionais de enfermagem quanto a esta prática. O enfermeiro deve promover a

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capacitação dos técnicos e auxiliares de enfermagem, proporcionando condições

para que sejam realizados treinamentos, e/ou educação continuada, na tentativa de

garantir uma assistência mais qualificada ao receptor (COFEN, 2008).

A educação continuada é uma estratégia utilizada para atualização e

capacitação dos profissionais, além de oferecer-lhes a oportunidade de

desenvolvimento pessoal e profissional. Ela possui alcance maior e mais formal que o

treinamento, pois o treinamento possui uso imediato, já a educação continuada é

planejada para desenvolver o indivíduo em sentido mais amplo (MARQUIS &

HUSTON, 2003).

Segundo a ANVISA (2004), o alcance da qualidade da prática transfusional só

é possível com a capacitação dos profissionais envolvidos com esta prática e com o

cumprimento das normas, regulamentações e legislações vigentes sobre

hemotransfusões.

Smith-Temple & Johnson (2000) alertam que a transfusão de sangue envolve

questões éticas, quando devem ser respeitadas as objeções religiosas ou pessoais

do paciente.

3.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM ANTES, DURANTE E APÓS A

HEMOTRANSFUSÃO

Por ser a enfermagem a equipe responsável pelo processo transfusional,

cabe a ela observar o paciente antes da transfusão, avaliar seu estado durante, e

acompanhá-lo após a transfusão (POTTER & PERRY, 2002).

À prática transfusional são relacionados vários cuidados de competência da

equipe de enfermagem. Estes foram divididos em cuidados adotados pela

enfermagem antes, durante e após a realização da hemotransfusão, de acordo com

os autores: Banton (2005), McCloskey & Bulechek (2004), Potter & Perry (2002),

Timby (2002), Brunner & Suddarth (2002), Phillips (2001) e Nettina (2007).

3.1.1 Cuidados adotados pela enfermagem antes da he motransfusão

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O primeiro cuidado no pré-procedimento transfusional refere-se à confirmação

da transfusão, através da prescrição médica. O profissional deve conferir: o tipo de

hemoterápico, quantidade, confirmando o hemoterápico certo para o cliente certo

(BANTON, 2005).

Brunner & Suddarth (2002) esclarecem que, antes da administração do

hemoterápico, o profissional deve confirmar se o sangue do receptor foi tipado e se

foi realizada a prova cruzada. Este cuidado, associado à conferência dos dados do

receptor com os da bolsa de hemoterápico, contribui de forma significativa para

prevenção de reações ocasionadas por incompatibilidade.

Figueiredo (2006), lembra que a realização de uma prova cruzada completa

pode durar de 45 minutos até 2 horas e, que por esse motivo, em caso de

emergências extremas, a transfusão pode começar com quantidades limitadas de

papa de hemácias, quando indicada com sangue do grupo O; mas, ao término da

prova cruzada, as unidades de sangue compatíveis devem ser rotuladas e

preenchido um registro de compatibilidade.

A orientação do cliente na prática transfusional é outro fator importante, pois

visa a fornecer informações ao paciente e seus familiares sobre os benefícios, bem

como os riscos desta terapia, como transmissão de doenças e reações adversas. É

atribuição do enfermeiro orientar o paciente quanto ao procedimento a ser realizado,

seja na prática transfusional ou qualquer outra (PHILLIPS, 2001).

O enfermeiro deve preparar o paciente, informando o tempo da

hemotransfusão, sinais e sintomas que podem ser associados a reações

transfusionais e da necessidade de verificação constante dos sinais vitais. O cliente

deve assinar o impresso de consentimento, conforme as normas institucionais

(PHILLIPS, 2001).

Timby (2002), afirma que os sinais vitais: temperatura, pulso, respiração e

pressão arterial devem ser obtidos e registrados, para fins de comparação, no caso

do paciente desenvolver uma reação transfusional.

A seleção adequada do equipo também constitui um cuidado importante, o

profissional deve lembrar que o hemoterápico exige equipo específico, com filtro de

sangue (NETTINA, 2007; BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

Se o paciente já estiver sendo submetido à terapia endovenosa, o profissional

deverá verificar a permeabilidade da punção, o calibre do cateter, presença de

infiltração e sinais de infecção, para garantir a disponibilidade do acesso. Quando

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não estiver ou se a punção não puder ser utilizada para este fim, a enfermagem

deverá obter um acesso venoso calibroso, utilizando sempre cateter de calibre 18 a

20 G, que, além de garantir fluxo adequado, previnem a hemólise (POTTER &

PERRY 2002).

Para segurança desta prática, a utilização do EPI e adoção de precaução

padrão são cuidados muito importantes (PHILLIPS, 2001).

Antes de infundir, os profissionais devem estar atentos quanto a cor, aspecto

do hemoterápico, presença de bolhas de ar, data de validade. A cor anormal pode

ser sinal de hemólise e a presença de bolhas de ar pode indicar crescimento

bacteriano (BANTON, 2005).

A enfermagem deve checar duas vezes as etiquetas da bolsa de

hemoterápico, juntamente com outro profissional, para ter certeza da compatibilidade

ABO e Rh, comparando a etiqueta da bolsa com o rótulo, o prontuário e a solicitação

da transfusão (BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

Craven & Hirnle (2006), afirmam que rigoroso cumprimento da verificação

antes da administração do sangue reduz muito o risco de infundir o tipo errado de

sangue.

3.1.2 Cuidados de enfermagem adotados durante a hem otransfusão

O profissional deve estar atento ao tempo de exposição do hemoterápico

após sua retirada do banco de sangue, lembrar que este tempo não pode ser

superior a 30 minutos (BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

De acordo com o mesmo autor, no momento da infusão os dados do receptor

devem ser novamente checados.

O paciente deve ser observado freqüentemente durante toda a transfusão,

justificando que muitas reações sangüíneas ocorrem dentro dos 15 a 20 minutos

iniciais de transfusão. A enfermagem deve avaliar e monitorar os dados vitais a cada

5 minutos, durante os primeiros 15 minutos, e comparar com os obtidos antes da

transfusão. Os sinais vitais alterados ou outras reações, como calafrio, dor lombar,

cefaléia, exantema cutâneo, náuseas ou vômitos são indicações precoces de uma

reação transfusional (CRAVEN & HIRNLE, 2006).

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A observação do gotejamento é outro cuidado de enfermagem de extrema

importância na prática transfusional. O gotejamento deve ser monitorado nos

primeiros 15 minutos da transfusão (BANTON, 2005; TIMBY, 2002).

A enfermagem deve estar atenta quanto ao tempo limite padronizado para

transfusão (MCCLOSKEY & BULECHEK, 2004).

3.1.3 Cuidados de enfermagem adotados após hemotran sfusão

É imprescindível a verificação dos sinais vitais do paciente ao término da

transfusão, bem como a lavagem do equipo com solução salina normal 0,9% de

cloreto de sódio (PHILLIPS, 2001).

Outro fator de fundamental importância é o registro do procedimento

hemoterápico no prontuário do paciente. Um bom registro deve incluir dados

referentes ao acesso venoso, sinais vitais antes, durante e após a transfusão, nome

do profissional que iniciou e terminou a transfusão, horário do início da

administração do hemoterápico, taxa de infusão durante os 15 minutos iniciais,

horário de conclusão da transfusão e volume do hemoterápico transfundido

(MCCLOSKEY & BULECHEK, 2004).

O paciente deve ser rigorosamente observado após a transfusão, pelo risco

de reação, mesmo após o seu término. Uma hora após a transfusão, as contagens

plaquetárias podem ser prescritas para avaliar a resposta. (BRUNNER &

SUDDARTH, 2002).

De acordo com Nettina (2007), os fatos relacionados à transfusão devem ser

registrados com exatidão no prontuário.

3.2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM DIANTE DE UMA REAÇÃO TRANSFUSIONAL

Todos os pacientes submetidos a hemotransfusão podem desencadear reações

transfusionais. E o profissional de enfermagem deve saber identificar sinais e

sintomas que indiquem estar ocorrendo tal reação (POTTER & PERRY, 2002).

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A enfermagem deve agir rapidamente em caso de uma reação transfusional,

e este pronto atendimento pode garantir a manutenção da vida do receptor, pois, tais

reações ameaçam diretamente a vida do paciente submetido a hemotransfusão.

(BRUNNER & SUDDARTH, 2002).

Cada tipo de reação transfusional exige um tipo de intervenção por parte da

enfermagem, porém, serão descritos cuidados básicos que poderão ser empregados

em primeiro momento a todas as reações.

Abaixo estão descritos os cuidados básicos de enfermagem que devem ser

adotados diante de uma reação transfusional, preconizados pela ANVISA, através

do manual técnico de hemovigilância:

a) Suspender a transfusão imediatamente;

b) comunicar ao médico responsável, imediatamente;

c) manter o acesso venoso permeável, com soro fisiológico 0,9%;

d) verificar e anotar os sinais vitais;

e)providenciar medicamento, em caso de urgência;

f) examinar todas as etiquetas e rótulos;

g) encaminhar a bolsa do hemoterápico e o equipo ao banco de sangue;

h) registrar o incidente no livro de ocorrência da enfermagem e preencher

documentação;

i) providenciar coleta de amostra sangüínea do paciente, para cultura,

tipagem sangüínea e prova cruzada (BRASIL, 2007).

Em caso de um incidente transfusional, o médico ou enfermeiro deverá adotar

conduta pré-estabelecida pelo Manual Operacional Padrão (MOP) e preencher a

ficha de notificação de incidentes transfusionais (FIT). O MOP padroniza as

intervenções dos profissionais envolvidos com esta prática. Daí a importância do

conhecimento deste manual por parte da equipe de enfermagem (BRASIL, 2007).

As alternativas de cuidar são muitas, e cabe ao enfermeiro, por meio de seus

conhecimentos e habilidades, reconhecer a mais adequada para cada paciente

(LEOPARDI, 1999).

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4 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida neste trabalho foi a qualitativa indireta, feita

através de pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos obtidos através de

sites confiáveis da internet como Bireme e Scielo, além de manuais do Ministério da

Saúde. Para a análise das publicações encontradas, buscou-se demonstrar a

importância da assistência de enfermagem antes, durante e após a terapia

transfusional.

A pesquisa é compreendida como uma atividade científica que busca a

produção de conhecimento no sentido de chegar a novas descobertas, à solução de

uma questão científica e a verificação de teorias. A pesquisa bibliográfica precede

todo estudo mais aprofundado de uma questão científica. Seu principal objetivo é

identificar e sistematizar o que já foi publicado sobre o tema estudado (SIQUEIRA,

2005).

As informações anatômicas e fisiológicas do sangue e seus componentes

foram as primeiras a serem levantadas, utilizando-se 14 livros, 02 artigos científicos.

As palavras-chave para esta busca foram: sangue, componentes do sangue e

função do sangue.

No segundo momento, pesquisou-se sobre a hemotransfusão, utilizando-se

19 livros e 04 artigos científicos, sendo as palavras-chave: hemotransfusão e

sistemas ABO, Rh, HLA.

E finalmente, sobre a assistência de enfermagem antes, durante e após a

terapia transfusional, baseados em 20 livros e 06 artigos científicos utilizando como

palavras-chave: enfermagem, assistência e hemotransfusão.

O trabalho começou a ser desenvolvido no mês de julho de 2008,

estendendo-se até outubro do mesmo ano, quando todos os materiais obtidos foram

cuidadosamente selecionados e condensados ao objetivo do estudo proposto.

Os materiais selecionados para este estudo possibilitaram a percepção da

evolução técnico-científica, as indicações e a importância da assistência de

enfermagem na hemotransfusão. Sendo assim, a assistência de enfermagem faz-se

necessária durante todas as etapas deste procedimento, uma vez que as

complicações e o insucesso podem ser minimizados ou evitados se tais cuidados

forem implementados com qualidade e eficiência.

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5 CONCLUSÃO

Através do estudo realizado, conclui-se que a terapia transfusional é um

processo complexo e, quando indicada, precisa de uma administração correta,

respeitando todas as normas técnicas preconizadas, pois complicações relacionadas

à transfusão podem ocorrer, e algumas delas podem trazer sérios prejuízos aos

pacientes, inclusive fatais. Portanto, a segurança e qualidade do sangue e

hemocomponentes devem ser asseguradas em todo o processo, desde a captação

de doadores até a sua administração no paciente.

Os riscos envolvidos na transfusão de sangue e hemoderivados podem ser

conseqüentes de procedimentos inadequados e até mesmo por falta de

conhecimento técnico-científico por parte do profissional atuante.

Sendo assim, constatou-se, por meio deste estudo, que a assistência de

enfermagem em todo processo transfusional deverá ser feita por profissionais

habilitados, em condições seguras ao paciente e com estrutura e recursos para

atender possíveis intercorrências.

Como profissional responsável pelo serviço de hemoterapia, o enfermeiro

presta assistência, orienta e supervisiona o doador de sangue durante o processo

hemoterápico e nas possíveis intercorrências, elabora a prescrição de enfermagem

necessária nas etapas do processo, avalia e realiza a evolução do doador e do

receptor junto à equipe multiprofissional, executa e/ou supervisiona a administração

e monitoração da infusão de hemocomponentes e hemoderivados, detecta as

eventuais reações adversas, registra informações e dados estatísticos pertinentes ao

doador e receptor, participa de programas de captação de doadores, desenvolve e

participa de pesquisas relacionadas à hemoterapia e à hematologia.

A atuação do profissional enfermeiro pode minimizar significativamente os

riscos do paciente que recebe transfusão e evitar danos, se o gerenciamento do

processo transfusional ocorrer com a eficiência necessária.

Concluiu-se através deste estudo que a assistência de enfermagem por meio

da atuação de um profissional enfermeiro competente e habilidoso, é de suma

importância, tornando-a indispensável para o paciente submetido a hemotranfusão;

pois o conhecimento técnico-científico deste profissional permite o delineamento de

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medidas e atividades que objetivam melhorar, manter e promover a qualidade da

assistência prestada e, conseqüentemente, a melhoria de vida do paciente

submetido a hemotransfusão.

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