a importância da expedição tabacchi - 1874 para o início...
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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
A importância da
Expedição Tabacchi - 1874 para
o início da colonização italiana
em Santa Teresa - ES
Coletânea de Documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo referentes aos colonos remanescentes da
Expedição Tabacchi que seguiram para o Núcleo do Timbuhy, às margens da Estrada de Santa Thereza, na Colônia de Santa
Leopoldina, em 1874
Vitória, fevereiro de 2015
Documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
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Documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo relativos aos imigrantes italianos,
remanescentes da Expedição Tabacchi, e do destino dos mesmos após a revolta contra Pietro
Tabacchi, na fazenda Monte das Palmas, Colônia Nova Trento, situada na então Villa de Santa
Cruz (atual município de Aracruz).
AGOSTINO LAZZARO
Diretor-Geral do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
CILMAR FRANCESCHETTO
Diretor Técnico – Pesquisa Histórica
Documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
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Em 17 de fevereiro de 1874 chegava ao porto de Vitória o navio “La Sofia” conduzindo
388 imigrantes italianos provenientes, em sua maior parte, da província de Trento
(naquele momento sob o domínio do Império Austro-Húngaro) e algumas famílias do
Vêneto: a Expedição Tabacchi.
Foram contratados por Pietro Tabacchi, também do Trentino, que desde a década de
1850 residia em Santa Cruz, ao norte de Vitória, onde possuía uma fazenda
denominada Monte das Palmas. Mas o empreendimento, batizado de Colônia Nova
Trento, não prosperou. Os colonos se revoltaram e poucos meses depois se retiraram
da fazenda. Um grupo seguiu para as colônias do Sul do Brasil, enquanto outros 145
italianos, que estavam hospedados em barracões em Vitória, à espera de um destino,
aceitaram a proposta do governo do Espírito Santo para se instalar na Colônia Imperial
de Santa Leopoldina.
Aos poucos as famílias foram conduzidas, em pequenas canoas, via rio Santa Maria da
Vitória, ao então Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina (junto ao local até onde era
possível a navegação). A partir desse ponto o trajeto deveria ser percorrido em trilhas
abertas em meio à floresta, a pé ou em lombo de animais, até se alcançar os lotes que
ocupariam no Núcleo do Timbuhy, anexo à citada colônia, em território do atual
município e cidade de Santa Teresa – ES.
No acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo - APEES existem centenas de
documentos que testemunham esse importante fato histórico para a imigração
italiana no Estado e no País, a exemplo do ofício de 28/10/1874, incluso nesta
coletânea, que pela riqueza do seu conteúdo e detalhes esclarece que a colonização
italiana em Santa Teresa (Núcleo do Timbuhy - na antiga Estrada de Santa Tereza) teve
início entre os meses de junho e outubro de 1874. O mesmo documento elucida,
também, que a cidade teria herdado o nome da citada estrada que interligava a capital
Vitória até Cuithé, na província de Minas Gerais, obra que foi iniciada em setembro de
1848 e concluída em 1857.
Francesco Merlo, colono que assina o documento em questão, já residia no Núcleo do
Timbuhy em outubro de 1874 e, certamente, outras famílias da Expedição Tabacchi
que vieram com ele até Santa Leopoldina, conforme listas dos nomes dos chefes e
respectivos números de membros por núcleo familiar relacionados nos documentos
que seguem, os quais transcrevemos a partir das fontes primárias do Arquivo Público
do Estado do Espírito Santo.
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Doc 01 – 17 de maio de 1874
Ofício encaminhado por Pietro Tabacchi ao Presidente da Província do Espírito Santo, Coronel Manoel
Coitinho Ribeiro Mascarenhas, contendo relação anexa de 32 imigrantes, sendo os chefes destes, os
líderes da revolta em sua propriedade, em Santa Cruz. Tabacchi sugere encaminhá-los à Colônia de Rio
Novo para isolá-los do restante do grupo o que é acatado pelo presidente, no dia seguinte, conforme
despacho no cabeçalho do documento.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 02.
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Anexo do Doc. 01, Ofício dd 17 de maio de 1874 contendo a relação dos 32 imigrantes da Expedição
Tabacchi que seguiram para o porto de Itapemirim.
LIRA Giacomo, a esposa Fortunata e os filhos: Fortunato, Luigi, Felipe e Giovanna; ROSANELLI Andrea, a esposa Teresa e os filhos: Giacomo e Felice; VALLANDRO Francesco, a esposa Giovanna e os filhos: Ernesto, Giuseppe, Francesco e Maria; VENZO Giovanni, a esposa Angela e o filho Giuseppe; GAIOTTO Antonio e a esposa Maria; FEDELE Andrea; STROPPA Prospero; BOLOGNANI Fioravante e a esposa Luisa; FELICETTI Domenico, sua esposa Dorotea e o filho Stefano; BONECHER Prospero e sua esposa Emilia; CORRADI Benedetto e sua esposa Domenica. Constam ainda três menores cujos nomes e filiação não foram citados.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 03 e 03v.
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Doc 02 – 20 de maio de 1874.
Telegrama encaminhado pelo Delegado de Polícia de Itapemirim, Lionel C. de S. ao Presidente da
Província informando sobre a chegada dos 32 imigrantes italianos remanescentes da Expedição
Tabacchi, conduzidos pelo navio Ceres, e da resistência dos mesmos em se estabelecer na Colônia de
Rio Novo, exigindo serem transportados para a corte (Rio e Janeiro).
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 04.
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Doc 03 – 06 de junho de 1874
Ofício encaminhado pela firma Coelho e Cia, encarregada pela recepção dos imigrantes em Vitória, ao
Presidente da Província informando que dos italianos vindos da Colônia Nova Trento, de Pietro
Tabacchi, apenas 58 seguiram para Santa Leopoldina. No despacho no cabeçalho do documento, na
mesma data, o presidente ordena a suspensão de “agasalho e comedoria” aos colonos resistentes.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 08.
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Doc. 04 – 09 de junho de 1874.
Requerimento dos imigrantes remanescentes da Expedição Tabacchi que se encontravam na Colônia de
Santa Leopoldina, os quais solicitam ao Presidente da Província a nomeação do professor Giuseppe
Paoli, que também fazia parte do grupo, para lecionar aos seus filhos. O ofício foi encaminhado pelo
Diretor da Colônia de Santa Leopoldina, Pedro de Santanna Lopes.
Fonte: Livro 06 – Fundo Agricultura, DCTC p. 171.
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Doc 05 – 15 de junho de 1874
Ofício encaminhado pela firma Coelho e Cia, encarregada pela recepção dos imigrantes em Vitória, ao
Presidente da Província informando sobre a suspensão dos víveres aos imigrantes, e de outros 10
colonos que aceitaram seguir para Santa Leopoldina, perfazendo o total de 68 pessoas.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 09.
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Relação anexa ao Doc 05, de 15 de junho de 1874, contendo a relação dos chefes de família e respectivo
número de membros por grupo familiar, listados pela firma Coelho e Cia, dos primeiros 68 imigrantes
que seguiram para Santa Leopoldina.
ZAMPROGNO Sebastiano - 12 pessoas; PIOVESAN Peitro - 3 pessoas; GIACOMOZZI Domenico - 7
pessoas; TONINI Lazzaro - 12 pessoas; ZAMPROGNO Luigi - 3 pessoas; PAOLI Giuseppe - 5 pessoas;
MORATELLI Tiziano - 4 pessoas; COMPER Leonardo - 9 pessoas; BORTOLOTTI Simone - 7 pessoas; MERLO
Francesco - 6 pessoas.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 10.
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Doc 06 – 19 de junho de 1874.
Ofício encaminhado pela firma Coelho e Cia ao presidente da Província informando sobre a decisão de
outros 40 imigrantes (‘mais ou menos’) de seguir em direção a Santa Leopoldina.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 13.
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Doc 07 – 07 de julho de 1874.
Ofício encaminhado pela firma Coelho e Cia ao Presidente da Província confirmando o número exato de
47 imigrantes que seguiram para Santa Leopoldina no dia 19 de junho e 03 de julho de 1874.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 21.
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Relação anexa ao Doc 07, de 07 de julho de 1874, contendo os nomes dos chefes e respectivo número
de membros por grupo familiar, dos 47 imigrantes que seguiram para Santa Leopoldina no dia 19 de
junho e 03 de julho de 1874.
LADINI Sebastiano - 3 pessoas; VERONES Giuseppe; VERONES Domenico; MARGONI Costante; MERLO
Giuseppe; MERLO Paolo - 4 pessoas; TESAINER Giuseppe - 4 pessoas; CASOTTI Paolo - 9 pessoas;
DELANA Giovanni; DAMASO Paolo - 4 pessoas; GIULIANI Luigi; PASSAMANI (BEBER) Catterina Teresa - 6
pessoas; CAPPELLETTI Orsola - 7 pessoas; ARMELAO (DEBORTOLI) Maria - 4 pessoas.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 14.
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Doc. 08 – 22 de julho de 1874.
Ofício encaminhado pelo Diretor da Colônia de Santa Leopoldina, Pedro de Santanna Lopes, ao
Presidente da Província, solicitando ajuda para manter três viúvas italianas com 11 filhos menores, as
quais vinham praticando a mendicância para sobreviver em Santa Leopoldina.
Fonte: L06 – Agricultura, DCTC p. 179.
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Doc. 09 – 28 de outubro de 1874.
Ofício encaminhado ao Presidente da Província do Espírito Santo, Manoel Ribeiro Coitinho Mascarenhas,
redigido pela diretoria da Colônia de Santa Leopoldina em nome do colono (suplicante) Merlo
Francesco, possuidor de um lote à margem da estrada de Santa Thereza, no Núcleo do Timbuhy, da
citada colônia. Francesco solicita do governo provincial a restituição dos gastos que teve com a
passagem da Itália à Colônia de Nova Trento, em Santa Cruz, no valor de 122 fiorins, pelo fato de não ter
sido reembolsado do valor citado pelo contratante, Pietro Tabacchi. O pedido foi deferido pelo
Presidente da Província em 26 de fevereiro de 1875, conforme despacho do mesmo no cabeçalho do
documento.
Fonte: CX 66 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1874) p. 195.
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Doc 10 – 08 de fevereiro de 1875.
Ofício encaminhado pelo agente, Antonio Machado Bittencourt Netto, ao Presidente da Província do
Espírito Santo encaminhando decisão do Juiz de Direito de Santa Cruz para dar passagem no vapor
Ceres, daquela vila até Vitória, aos colonos PEROTTI Valentino, BASSETTI Francesco, ROMAGNA
Ermenegildo e ZURLO Abramo, tendo como destino final a colônia de Santa Leopoldina.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 17.
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Doc 11 – 12 de fevereiro de 1875.
Relação dos membros das famílias PEROTTI, BASSETTI, ROMAGNA e ZURLO, que ainda se encontravam
na fazenda de Pietro Tabacchi, em Santa Cruz, que seguiram de Vitória para a colônia de Santa
Leopoldina, via rio Santa Maria da Vitória.
ROMAGNA Ermenegildo, Maddalena, Giuseppe, Antonio, Giovanni, Luigia, Prospero, Ermenegildo,
Domenico; BASSETI Francesco, Anna, Irene, Gisella, Germano, Domenica, Cesare; PEROTTI Valentino,
Catterina, Maria, Giuseppe; ZURLO Abramo, Teresa, Catterina, Matilde, Angelo, Luigi, Albina, Giuseppe,
Antonio e Giovanni.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 17.
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Doc. 12 – 29 de dezembro de 1874. (e página anterior)
Relatório encaminhado ao Presidente da Província sobre a situação da Colônia Nova Trento e dos
imigrantes remanescentes: Pedro Gianordoli com sua mulher e Pedro Pasetto.
Fonte: CX 65 – Governadoria, Ofícios recebidos pelo Presidente da Província (1873-1874) p. 18 e 18v.
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Doc. 13 – 1874
Registro da família do imigrante Leonardo COMPER no livro de matrícula de colonos do núcleo de
Timbuhy. A data de chegada à colônia anotada é Maio de 1874. A família, porém, chegou a Santa
Leopoldina no início de junho de 1874. Ao todo o livro contém a relação de 70 dos 145 colonos da ex-
Colônia Nova Trento que foram para Santa Leopoldina.
Fonte: L172-A (Matrícula de colonos do Núcleo Timbuhy 1872-1876) p. 04.