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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha Câmpus Alegrete
Licenciatura em Ciências BiológicasDisciplina de Etologia – 7º semestre
Professora Luciane Ayres Peres
Análise de Padrão Alimentar de Beija-flores em Bebedouros Artificiais no Município de Alegrete – RS
Alana Giordano Reck, Aline Belmonte Leal, Aline de Quadros Almada.
Alegrete – RS
Julho de 2015
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo detectar a preferência alimentar de beija-
flores, entre água e soluções açucaradas, no Município de Alegrete – RS, sendo
utilizada como método de observação a técnica de animal focal. Foram dispostos
estrategicamente 09 (nove) bebedouros confeccionados através de materiais
recicláveis, visando a reutilização e o não desperdício de matérias. Os
bebedouros tiveram distância de 2,5 metros entre si e foram distribuídos em
grupos de três, de maneira que pudessem ser observados simultaneamente. As
observações totalizaram 20 horas, sendo possível identificar que as espécies
mais corriqueiras, encontradas na região foram o besourinho-de-bico-vermelho
(Chlorostilbon lucidus), sendo este o mais abundante. E o bico-reto-azul
(Heliomaster furcifer), bem como suas preferências alimentares, pelas soluções
açucaradas, visto que esta fornece mais energia para sustentar seu voo librado e
desgastante.
ABSTRACT
The aim of this article is to identify the feeding preference of hummingbirds
between water and sugary solution in Alegrete –RS/ Brazil. The used methods
were the direct observation and the focal-animal sampling. A number of 09 (nine)
drinking fountains made of recycled material were set strategically with the main of
reusing and not wasting this material. The drinking fountains were organized in
groups of three with the distance of 2.5 meters away from each other, in such a
way they could be observed simultaneously. The observation took 20 hours,
through which it was possible to identify the current species from the region such
as the “besourinho-de-bico-vermelho” (Chlorostilbon lucidus), which was the
largest in number. And the “bico-reto-azul” (Heliomaster furcifer), as well as their
feeding preferences - the sugary solution - which provides great energy to
maintain its tiring and hovered flying.
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Análise de Padrão Alimentar de Beija-Flores em Bebedouros Artificiais no Município de Alegrete – RS
Leal, A. B.¹, Almada, A. Q.¹, Reck A. G.¹
INTRODUÇÃO
Os beija-flores são aves da família Trochilidae, são conhecidas
aproximadamente 320 espécies, distribuídas em todo território das Américas, no
Brasil ocorrem em torno de 80 espécies. A base da alimentação destes animais
constitui-se na coleta de néctar encontrado em flores polinizadas. Rico em
carboidratos, este alimento fornece a energia necessária para o voo contínuo e
desgastante destas aves (SICK, 1997), porém, devido à ação antrópica e o
aumento da construção civil, juntamente com a diminuição de áreas verdes e o
corte de árvores, que resulta na alteração da flora e da fauna do ambiente
explorado sem manejo adequado, ocasionando a falta de alimentos disponíveis
para estes animais (TEIXEIRA, 2009).
Os beija-flores são aves de pequeno porte, medem cerca 6 a 12 cm e
pesam de 1,5 a 18 g. Devido ao seu tamanho reduzido e seu voo contínuo e
desgastante estes animais consomem pequenas quantidades de alimentos,
porém a frequência alimentar destas aves é muito intensa, o que os leva a
consumirem até 30 vezes, o seu próprio peso, em alimentos, por dia (SICK,1997),
portanto necessitam diversificar seus hábitos forrageiros, alternando entre
recursos naturais e artificiais, como os bebedouros com soluções açucaradas
presentes nas residências, pois esta variedade de estratégias alimentares permite
que mais indivíduos possam utilizá-las em conjunto por mais tempo
(JOHNSON,1980).
Este trabalho visa à observação e a análise do comportamento, bem como,
preferência alimentar destes animais, pois a introdução de bebedouros artificiais
para alimentação de beija-flores tem se tornado uma prática muito comum nas
residências do Município de Alegrete – RS, este fato está relacionado com a
rápida resposta comportamental e fisiológica que estes animais demonstram
frente às limitações de seus recursos alimentares, que tem com um dos fatores, a
urbanização (CALEJA, 1997). Esta prática adotada pela comunidade em suas
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residências auxilia na conservação da espécie, pois permite que o alimento não
fique escasso para estas aves, assim como auxilia na educação ambiental, ou
seja, na forma do indivíduo aprender a utilizar o ambiente em que se vive, sem
prejudicar as demais espécies que habitam o mesmo espaço. Sendo assim, este
trabalho visa colaborar com informações a respeito do padrão alimentar dos beija-
flores em bebedouros artificiais, contribuindo para o sucesso e eficácia na
alimentação destas aves e também a integridade de sua saúde.
OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo analisar o padrão alimentar dos beija-
flores em bebedouros artificiais, bem como a sua preferência dentre as soluções
oferecidas, a assiduidade com que estes animais frequentaram os bebedouros e
o tempo de duração de cada alimentação.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no Município de Alegrete – RS, Rua
Vereador Carbonel, no Bairro Vila Nova. Para realização do mesmo, foram
dispostos 09 (nove) bebedouros artificiais, para analisar o padrão de
comportamento alimentar de beija-flores. Estes bebedouros foram confeccionados
com garrafas pet de 500 ml, contendo 02 (dois) furos cilíndricos em cada garrafa,
sendo que em cada furo foi colada uma flor artificial, a fim de chamar a atenção
dos beija-flores. Os bebedouros foram distribuídos estrategicamente em três
pontos diferentes com a distância de 2,5 metros entre cada um dos pontos
(Figuras 1 e 2).
Figura 1 – Fonte: Leal, A. B. Bebedouros artificiais confeccionados em garrafas pet. Ponto 01.
Figura 2 – Fonte: Leal, A. B. Bebedouros artificiais confeccionados em garrafas pet. Ponto 02.
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Cada ponto recebeu, inicialmente, três bebedouros contendo soluções
diferentes constituídas por: água, água com açúcar (quatro colheres de açúcar em
500 ml de água) e água com mel (quatro colheres de mel em 500 ml de água). Os
bebedouros contendo as soluções açucaradas foram instalados 07 (sete) dias
antes do início das observações, a fim de chamar a atenção e aclimatizar os
beija-flores, antes de serem iniciados os registros.
Durante as observações, os recipientes contendo mel, atraíram abelhas
dificultando o acesso dos beija-flores ao bebedouro, dessa maneira optou-se por
remover a solução contendo mel, deixando apenas os bebedouros contendo água
e água com açúcar, nos três pontos de distribuição.
Para as observações foi estabelecido um ponto fixo, permitindo a
observação, em conjunto, dos três pontos de inserção dos bebedouros.
De acordo com observações prévias, que foram realizadas utilizando a
técnica de amostragem animal focal, que consiste em focar a observação em um
único individuo por tempo determinado ou enquanto o evento comportamental
acontece, neste caso, o tempo de duração de cada procura pelo alimento. As
observações prévias tiveram totalidade de 06 horas, durante dois dias, sendo três
horas em cada dia, e pode ser verificado o padrão de atividade dos beija-flores,
entre 12:00 horas e 14:30 horas, portanto, foi estabelecido de 12:00 horas até as
13:00 horas, de segunda-feira a sexta-feira, tendo início no dia 23 de maio de
2015, e sendo finalizadas no dia 19 de junho de 2015, totalizando 26 horas de
observação, entre as observações prévias e as observações oficiais.
Os dados foram registrados através de planilhas contendo a data das
observações, tempo de duração das observações, horário de chegada e saída
das aves de acordo com a preferência pela solução (Tabela 1). No final foi
calculada uma média de tempo em que as aves permaneceram nos bebedouros,
bem como a frequência em que as soluções foram procuradas pelas aves.
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Tabela 1.
TABELA DE OBSERVAÇÃO DA PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE BEIJA-FLORES
Data Horário Tempo de
procura
Quantidade de Visitas
Espécie Água Água com açúcar
25/05/2015 12:00 –13:00 06 seg. 01 H. furcifer X25/05/2015 12:00 –13:00 09 seg. 01 H. furcifer X25/05/2015 12:00 –13:00 15 seg. 01 C. lucidus X26/05/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X26/05/2015 12:00 –13:00 08 seg. 01 H. furcifer X26/05/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X26/05/2015 12:00 –13:00 14 seg. 01 C. lucidus X26/05/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X27/05/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X27/05/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X27/05/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X27/05/2015 12:00 –13:00 08 seg. 01 H. furcifer X27/05/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X27/05/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X X27/05/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X X28/05/2015 12:00 –13:00 21 seg. 01 C. lucidus X28/05/2015 12:00 –13:00 08 seg. 01 H. furcifer X28/05/2015 12:00 –13:00 10 seg. 01 H. furcifer X28/05/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X29/05/2015 12:00 –13:00 07 seg. 01 C. lucidus X29/05/2015 12:00 –13:00 09 seg. 01 C. lucidus X29/05/2015 12:00 –13:00 06 seg. 01 C. lucidus X29/05/2015 12:00 –13:00 05 seg. 01 C. lucidus X29/05/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X X01/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X01/06/2015 12:00 –13:00 21 seg. 01 C. lucidus X x01/06/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X02/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X02/06/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X02/06/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X02/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X03/06/2015 12:00 –13:00 10 seg. 01 C. lucidus X X03/06/2015 12:00 –13:00 13 seg. 01 C. lucidus X X03/06/2015 12:00 –13:00 15 seg. 01 C. lucidus X03/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X03/06/2015 12:00 –13:00 14 seg. 01 C. lucidus X X03/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X03/06/2015 12:00 –13:00 13 seg. 01 C. lucidus X03/06/2015 12:00 –13:00 14 seg. 01 C. lucidus X X03/06/2015 12:00 –13:00 11 seg. 01 C. lucidus X X03/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X04/06/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X04/06/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X04/06/2015 12:00 –13:00 15 seg. 01 C. lucidus X04/06/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X05/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X
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05/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X05/06/2015 12:00 –13:00 21 seg. 01 C. lucidus X05/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X05/06/2015 12:00 –13:00 08 seg. 01 H. furcifer X X08/06/2015 12:00 –13:00 07 seg. 01 C. lucidus X08/06/2015 12:00 –13:00 09 seg. 01 C. lucidus X08/06/2015 12:00 –13:00 10 seg. 01 C. lucidus X08/06/2015 12:00 –13:00 14 seg. 01 C. lucidus X08/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X X09/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X X09/06/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X09/06/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X10/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X10/06/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X10/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X10/06/2015 12:00 –13:00 09 seg. 01 H. furcifer X X11/06/2015 12:00 –13:00 07 seg. 01 H. furcifer X11/06/2015 12:00 –13:00 10 seg. 01 H. furcifer X11/06/2015 12:00 –13:00 13 seg. 01 H. furcifer X12/06/2015 12:00 –13:00 16 seg. 01 C. lucidus X12/06/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X15/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 H. furcifer X15/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X15/06/2015 12:00 –13:00 17 seg. 01 C. lucidus X16/06/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X16/06/2015 12:00 –13:00 16 seg. 01 C. lucidus X16/06/2015 12:00 –13:00 08 seg. 01 H. furcifer X17/06/2015 12:00 –13:00 10 seg. 01 C. lucidus X17/06/2015 12:00 –13:00 13 seg. 01 C. lucidus X17/06/2015 12:00 –13:00 11 seg. 01 C. lucidus X18/06/2015 12:00 –13:00 14 seg. 01 C. lucidus X18/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X18/06/2015 12:00 –13:00 19 seg. 01 C. lucidus X X18/06/2015 12:00 –13:00 18 seg. 01 C. lucidus X X19/06/2015 12:00 –13:00 16 seg. 01 C. lucidus X19/06/2015 12:00 –13:00 13 seg. 01 C. lucidus X19/06/2015 12:00 –13:00 12 seg. 01 C. lucidus X19/06/2015 12:00 –13:00 22 seg. 01 C. lucidus X19/06/2015 12:00 –13:00 20 seg. 01 C. lucidus X
O material utilizado na confecção dos bebedouros artificiais trata-se de
itens de reciclagem (Figura 3), utilizados na elaboração destes recipientes,
visando à economia e também uma forma de reaproveitar materiais que seriam
descartados
Figura 3 – Fonte: Almada A. Q. Materiais utilizados na confecção dos bebedouros artificiais
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Durante as observações foram identificadas duas espécies de beija-flores,
sendo elas: Chlorostilbon lucidus (Shaw,1812) e Heliomaster furcifer
(Vigors,1825).
O besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) (Figuras 4 e 5) é
uma ave da família Trochilidae, esse beija-flor mede cerca de 8,5 cm e pesa cerca
de 3,5 gramas. Seu bico é vermelho com a ponta preta e sua plumagem verde-
brilhante abrange as partes dorsal e ventral, apresentando um brilho dourado
mais intenso na frente e mais azulado na garganta. As penas da cauda são azuis.
A fêmea distingue-se por uma linha curva branca atrás dos olhos e pela ponta da
cauda esbranquiçada. Quanto às manifestações sonoras: tem voz aguda, às
vezes, a vocalização é quase inaudível para nós. Possui vozes diferentes para
expressar ataque, arma etc., frequentemente entonadas em voo (WikiAves,
2015).
No caso do bico-reto-azul - Heliomaster furcifer ( Figura 6), teve menor
índice de registros. Trata-se de uma ave da família Trochilidae, que possui
o bico um pouco maior do que os outros beija-flores. Há dimorfismo sexual. Os
machos apresentam garganta rosa, com a parte inferior (do peito até infra-
caudas) azul-escuro bem iluminado e brilhante e parte superior verde. As fêmeas
possuem parte superior verde e a parte inferior é cinza. Medem aproximadamente
12 cm e pesam cerca de 05 gramas (WikiAves, 2015).
Figura 4 – Fonte: Reck A. G. Besourinho-de-Bico-Vermelho (Chlorostilbon lucidus)
Figura 5 – Fonte: Almada A. Q. Besourinho-de-Bico-Vermelho (Chlorostilbon lucidus) em comportamento de forrageio em bebedouros artificiais.
Figura 6 – Fonte: WikiAves. Bico-Reto-Azul (Heliomaster furcifer)
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RESULTADOS
Durante as observações Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) e Heliomaster
furcifer (Shaw,1812) foram as espécies identificadas, com um total de 85 registros
de procura das aves pelo alimento, o besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon
lucidus) obteve destaque na procura, totalizando 72 registros desta espécie, com
uma média de mais ou menos 4,2 segundos de tempo de forrageamento. O
Besourinho-de-Bico-Vermelho (Chlorostilbon lucidus) esteve presente em 85%
das observações realizadas, sendo constatado que o Chlorostilbon lucidus, além
de ser a espécie mais abundante na região é a que tem mais proximidade da área
urbana. Já o Bico-Reto-Azul (Heliomaster furcifer) teve menores índices de
procura pelo alimento, totalizando 13 registros desta espécie que permaneceu no
bebedouro uma média de mais ou menos 1,9 segundos por procura, de acordo
com a Tabela 2.
Tabela 2. Tabela de resultados obtidos em observação de amostragem animal
focal durante o período de 25 de maio de 2015 até 19 de junho de 2015, no
Município de Alegrete, RS.
Espécie Média de duração das visitas Total de RegistrosChlorostilbon lucidus +- dp 4,2 segundos 72
Heliomaster furcifer +- dp. 1,9 segundos 13
DISCUSSÃO
Após as observações realizadas foi possível verificar a preferência
alimentar dos beija-flores das duas espécies identificadas, Chlorostilbon lucidus e
Heliomaster furcifer, pela solução contendo água com açúcar, com isso torna-se
importante a divulgação em relação aos cuidados que as pessoas devem ter em
relação à manutenção destes recipientes, de acordo com Freitas (2011), é
necessário que haja troca periódica da solução açucarada a cada 48 horas,
visando evitar a propagação de fungos que transmitem doenças aos beija-flores
podendo levá-los a óbito.
Acredita-se que a preferência pelas soluções açucaradas, deve-se ao fato
dos nutrientes presentes no açúcar, serem semelhantes aos nutrientes presentes
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no néctar, ou seja, o carboidrato, necessário para manter suas atividades
metabólicas em pleno funcionamento, pois se tratam de aves de pequeno porte
que necessitam ingerir grande quantidade de alimentos, em pequenas porções,
durante o dia, para suportarem a intensidade metabólica exigida em seu voo, de
acordo com Baker (1975), diversas hipóteses têm sido propostas para explicar a
preferência por esse tipo de solução. As mais prováveis seriam que o néctar
diluído, ou seja, a solução açucarada é menos viscosa, permitindo que seja
extraída de forma mais eficiente, além de não atrair grande quantidade de insetos
e suprir as necessidades de água dessas aves, mesmo que não supra seus
requerimentos energéticos de forma imediata, portanto, acredita-se que a
preferência alimentar destes animais, durante as observações esteja relacionada
com sua busca por energia para um bom desempenho de seu metabolismo,
concordando com o autor citado.
Durante as observações foi possível verificar que a espécie com maior
ocorrência na área urbana é o Chlorostilbon lucidus, o que leva a perceber que
esta espécie ocorre normalmente em áreas urbanas, de acordo com Nunes
(2009), em seu trabalho realizado na área urbana de Uberlândia – MG foi
identificada a ocorrência intensa da espécie Chlorostilbon lucidus, verificando que
esta é uma espécie que possui diversas estratégias de forrageio, inclusive
intensas visitações a bebedouros artificiais.
CONCLUSÃO
Em ambiente natural os beija-flores alimentam-se de néctar de flores
polinizadas, que é rico em carboidratos conferindo estoque de energia, sucesso
metabólico e sustentação em seu voo.
Foram observadas duas espécies de beija-flores, sendo a espécie mais
freqüente a Chlorostilbon lucidus seguida da Heliomaster furcifer. As duas
espécies identificadas demonstraram preferência pela solução açucarada.
Os bebedouros foram confeccionados a partir de materiais recicláveis,
visando a reutilização de itens que muito frequentemente são descartados na
natureza, como as garrafas pets. Com isso, além de identificar a preferência
alimentar destes animais foi possível viabilizar uma forma de reutilizar materiais
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recicláveis, colaborando com o meio ambiente, bem como, visar à importância de
aproximar as pessoas dos animais, para que estas possam viver tranquilamente,
respeitando as demais espécies que habitam o mesmo espaço e também
conscientizar as pessoas quanto ao bem estar animal, que deve ser preservado.
Tal prática permite que as pessoas sejam mais próximas dos animais e
assim, aprendam a respeitá-los buscando alternativas para zelar pelo seu bem
estar. Porém, a má utilização destes bebedouros, a dosagem errada de açúcar e
a falta de manutenção e limpeza dos recipientes podem propagar doenças,
através de fungos que se alojam e se proliferam quando não há o cuidado
necessário com os bebedouros. Estes fungos causam doenças no bico e na
língua dos beija-flores, podendo levá-los à morte (FREITAS, 2011).
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REFERÊNCIAS
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JOHNSON, D.H. The comparison of usage and availability measurements for evaluating resource preference. Ecology, 61(1): 65 – 71, 1980.
NUNES, C.H.; OLIVEIRA, L.M.; MARQUES, R.L.; MELO, C. Visitação de beija - flores a recursos com diferentes concentraçõeses de soluções açucaradas na área urbana de Uberlândia, MG. Anais do IX de ecologia do Brasil. São Lourenço - MG, 2009.
SICK, H. 1997 - Ornitologia Brasileira. Pg. 433. Rio de Janeiro, Editora Nova
Fronteira, 1997.
TEIXEIRA J. G., ASSUNÇÃO M. A., MELO C. - Efeito da Introdução de Bebedouros Artificiais na Partição de Nicho entre Apodiformes (Aves: Trochilidae) E Passeriformes. Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia – MG, 2009.
Sites:Disponível em WikiAves<http://www.wikiaves.com.br/985419&t=s&s=10663 >Acesso em: 14 de julho de 2015, as 15h:33m.