ah vol6 final - universidade de marília

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ASSENTAMENTOSHUMANOS

ISSN 1517-7432Vol.6 Nº1 Outubro de 2004

Revista da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e TecnologiaUniversidade de Marília

Marília SP

Assentamentos Humanos Marília v6 nº1 Pg. 1- 114 2004

Ficha Catalográfica preparada pelaBiblioteca Central da Universidade de

Marília - UNIMAR

Assentamentos Humanos: revista da Faculdade de Engenharia,Arquitetura e Tecnologia da Universidade de Marília. v.6, nº1(Out. 2004) - ...Marília: FEAT/UNIMAR, 2004- V.6:il.;27cm.

Semestral

ISSN 1517-7432

1. Arquitetura e Urbanismo - Periódicos. 2.Assentamentos Humanos.I.Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia daUniversidade de Marília.II. Universiade de Marília.

Distribuição:Sub-Comissão de Pós-Graduação

Planejamento e Projeto dos Assentamentos HumanosFEAT - UNIMAR

Av. Higyno Muzzy Filho, 1001. Fone: (014) 421-4044www.unimar.br

Os artigos são de responsabilidade de seus autores.Aceita-se permuta.

O projeto gráfico é fundamentado num modelo da autoria da DesignerCassia Leticia Carrara Domiciano.

A capa, a identidade visual e a editoração foram realizadas pelo diagramador Edson Camargo e o Designer Anthony R.J. Nicholl.

CDD 720

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Reitor

Dr. Márcio Mesquita Serva

Vice-Reitora

Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva

Pró-Reitor de Pós-Graduação

Prof. Dr. Sosígenes Victor Benfatti

Diretora Administrativa

Bel. Sinara Mesquita Serva

Pró-Reitor de Graduação

Prof. José Roberto Marques de Castro

Pró-Reitora de Ação Comunitária

Profª. Maria Beatriz de Barros Moraes Trazzi

FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E

TECNOLOGIA

Diretor

Prof. Ms. Odair Laurindo Filho

Correspondência e artigos para publicação deverão ser encaminhados a:Correspondence and articles for publication shoud be adress to:

Assentamentos Humanos

Sub-Comissão de Pós-GraduaçãoFaculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia - Unimar

CEP 17500-000 - Marília - SP -Brasil

E-mail: feat@unimar.br

Comissão Editorial

Irajá Gouvêa

Jorge Benaque Ruppert

Lúcio Grinover

Maria Alzira Loureiro

Paulo Kawauchi

Renato Leão Rego

Conselho Consultivo

Akemi Ino (EESC-USP)

Alexandre Kawano (POLI-USP)

Odair Laurindo Filho (FEAT-UNIMAR)

Doris C.C.K. Kowaltowski (FEC-UNICAMP)

Élide Monzéglio (FAU-USP)

Jair Wagner de Souza Manfrinato (FEBa-UNESP)

José Carlos Plácido da Silva (FAAC-UNESP)

Mario Duarte Costa (UFPe-Recife)

Nilson Ghirardello (FAAC-UNESP)

Otávio Yassuo Shimba (UEL-Londrina)

Rosalvo T. Ruffino (EESC-USP)

Sérgio Murilo Ulbricht (UFSC-Florianópolis)

APRESENTAÇÃO

No período de 18 a 22 de outubro de 2004, a FEAT – UNIMAR, estarárealizando a 9ª Semana da Engenharia, Arquitetura e Tecnologia, ocasião emque o Volume 6 da Revista Assentamentos Humanos, será lançado emprimeira mão ao público participante do evento.

Destacamos nesta edição a ênfase dos temas abordados pelos autoresàs questões do meio ambiente e da busca de um modelo de desenvolvimentosustentável, para reflexão, especialmente, da comunidade universitária e dasociedade de modo geral.

Percebemos que tal ênfase, por ser oportuna e atual, poderá estabe-lecer novos paradigmas para pesquisas e produções científicas nas áreas de:engenharia, arquitetura e tecnologia em nossa Universidade.

Entre outros trabalhos relevantes, publicamos dois trabalhos de alunosrecém graduados em Arquitetura e Urbanismo pela FEAT–UNIMAR, duaspesquisas de graduandos de Desenho Industrial da FAAC–UNESP – Bauru, eum artigo de uma aluna do 5º ano de graduação do Curso de Arquitetura eUrbanismo da FEAT-UNIMAR devidamente indicados pela Comissão Editorialda Revista.

Odair Laurindo Filho Paulo KawauchiDiretor da FEAT –UNIMAR Comissão Editorial

SUMÁRIO

Bruno Scalise

Complexo Híbrido: Reintegraçãoda “Cidade Partida”.

Walnyce Scalise

O Ecoturismo e a Busca do (re) equilibrio entre Natureza eCidade.

Cristina do Carmo Lucio

A importância dos catadores demateriais recicláveis para o desen-volvimento sustentável:Uma alternativa de aplicação da ergonomia e do design industrial

Ésio Glacy

A Arquitetura aberta, sistêmica,dinâmica, multifuncional, interativa

Irajá Gouvêa

Profissão do Arquiteto na sociedadebrasileira: avaliação e Perspectivas

Paulo Kawauchi

Experiments with cyclic curves

Valter Luis Barbosa

Patrimônio cultural, turismo e ambiente

Luis Carlos Paschoarelli

Os problemas ocupacionais dosprofissionais de enfermagem e anecessidade em aplicar designergonômico nos equipamentosmédico-hospitalar

Carlos Augusto Razaboni

El fortalecimento de la arquiteturaescolar en el estado de São Paulo:Destaque en la producción de laarquitetura del estado

Samir H. T. Gomes

Estruturação de um ambiente hipermí-dia nas disciplinas de representaçãográfica nos cursos de arquitetura eurbanismo

Maria Alzira Loureiro

O desenho das estruturas geométricassuperfícies de dupla curvatura

Ercília M. Souza

A alternativa ecológica e desafios, praticas e perspectivas

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Bruno Scalise1

Scalise, B. - Complexo Híbrido: Reintegraçãoda “Cidade Partida”. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v.6, nº1, pag.11 - 24, 2004.

ABSTRACTThis research relates to the synthesis ofTGI 2003: Hybrid Complex, presented tothe UNIMAR. The work was lead, at first,around the search of basic historicalexplanation and of conceptual reflectionsin urbanism and evolution projects, con-sidering the observation and understand-ing of private and public open spaces andspaces in the urban landscape, working its'friches urbaines' according to the possi-bilities of integration of a “broken city”.

Key words: hybrid complex, publicspaces, private spaces, 'friches urbaines',integration, urban revitalization.

Palavras-chave: complexo híbrido,espaços públicos, espaços privados,'friches urbaines', integração, revitaliza-ção urbana.

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COMPLEXO HÍBRIDO: REINTEGRAÇÃO DA“CIDADE PARTIDA”

1 Arquiteto e Urbanista - Graduação UNIMAR - Universidade de Marília SP

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata de umaquestão atual na vida de cidades médias egrandes no mundo: a enorme quantidadede vazios urbanos em abandono, a possi-bilidade de revitalização e hibridizaçãodesses espaços e sua reinserção no merca-do imobiliário, implicando em novo plane-jamento, sem grandes impactos urbanos.

Implantar um Complexo Híbridona cidade de Marília (SP) surge como umasolução possível que busca atender àsnecessidades dos usuários, podendo ser,ainda, utilizada como espaço público eequipamento de transição urbana que visaunir os dois lados da cidade, dividida pelaferrovia na ocasião de sua implantação, nadécada de 20, e propondo a reintegraçãoda “cidade partida” mediante intervençõesurbanísticas de grande escala.

Traz as vantagens da concen-tração funcional, da facilidade de acesso,de opções sem conflito, além de estimulara vida cidadã em uma área urbanizadaconstituída por signos contemporâneos,tendo a forma do espaço público e daarquitetura como determinantes da identi-dade da cidade. Cria um entorno onde osrequisitos urbanos se cumprem, observan-do as condições de insolação, vistas, den-sidade, os espaços públicos e os privados,proximidade ao sistema de transporte,acessibilidade e possibilidades do espaçopúblico, ampliação da rua que se relacionacom o conteúdo simbólico da cidade.

O Complexo Híbrido oferece a pos-sibilidade de investigação de novasrelações entre intervenção e contextourbano, composição e representação,assim como da relação: espaços públicos eprivados. Uma das conseqüências da mul-tifuncionalidade é a alteração do conceitotradicional de espaço público. A inter-venção aparece como instrumento queatua na descentralização e multiplicação decentralidades, tendo como pontos específi-cos: diferenciação, acessibilidade, eixo deatividades, conforto e sociabilidade.

No desenvolvimento do trabalhoforam fundamentais as conceituações e o

conhecimento da história de locais comduas ou mais funções desde aAntigüidade Clássica, passando peloRenascimento e Barroco, à Paris de 1800,do ressurgimento do edifício híbrido após1880 até as últimas décadas, com a buscade soluções contemporâneas para pro-postas urbanísticas.

A análise de edifícios modernos econtemporâneos auxiliou no entendimen-to das questões, necessidades e possibili-dades. O conhecimento do contexto e dolocal veio reforçar algumas idéias. O pro-grama de necessidades, os estudos, aproposição do partido e a determinaçãodos objetivos específicos da proposta dosespaços públicos definiram a tônica daproposta. Quanto aos procedimentos deimplantação de tal empreendimento e suaviabilidade, foi utilizado o mecanismo dasOperações Urbanas Consorciadas, previs-to no Estatuto da Cidade.

Embora a conclusão de toda apesquisa ainda esteja um tanto distante,a apresentação deste projeto remete auma reflexão do uso dos espaços urbanoscentrais, de instrumentos de descentra-lização onde a hibridização seria conse-qüência na busca de uma nova unidade deelementos dissociados na arquitetura,rompendo as barreiras sociais do zonea-mento racional, agrupando formas efunções complementares, devolvendovitalidade às cidades atuais.

OBJETIVOS

Propor uma forma de utilizaçãodo vazio urbano decorrente do encerra-mento de atividades e posteriordemolição do antigo IBC – InstitutoBrasileiro do Café, de Marília. O espaço,anteriormente reservado para a JustiçaFederal do município, tem sido utilizadopara atividades itinerantes de lazer,recebendo parques e circos, e pode serconsiderado um vazio urbano. A áreapossui boa localização, infra-estruturae grandes dimensões, podendo absor-ver a implantação de grandesempreendimentos e facilitando a insta-

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lação de novas atividades, de grandeporte e uso misto, associando a idéia deum edifício multifuncional à possibili-dade de exploração de um novo equipa-mento urbano, criando novos espaços ediferentes usos, sendo capaz de rece-ber os mais diversos tipos de atividadesnum espaço público comum.

A Avenida Tiradentes é um eixolongitudinal paralelo à ferrovia, uma dasprincipais vias de acesso do município,com acesso direto às rodovias e à novarodoviária, contando com a presença degrandes empreendimentos multina-cionais e nacionais ao longo de suaextensão. Na proposta de implantaçãode um espaço multifuncional, pretende-se atender às diversas necessidades dosusuários deste empreendimento, aindaque seja utilizado como espaço público eequipamento de transição urbano queparte da união os dois lados da cidade,dividida pela ferrovia na década de 20. Aproposta visa suprir carências locais emunicipais, valorizando o lugar após aintervenção, somando-se a possibilidadede ligação a áreas de bastante valor eeixo de atividades culturais e de lazer naAvenida das Esmeraldas. As barreirasfísicas entre os dois lados da cidadeserão transpostas por uma passarela,que fará a comunicação entre esseslados, aproximando as pessoas e unindoos fragmentos da cidade.

Entre as atividades sugeridasneste novo complexo, pode-se citarhabitação, trabalho, cultura e lazer. Osprogramas foram criados para atenderàs necessidades de seus usuários deacordo com a atividade a ser desenvolvi-da. A revitalização desta área poderesponder a uma série de carências dacidade, como a ausência de equipamen-tos urbanos, habitações, vida econômicalocal e áreas de lazer, além de contribuirpara a preservação das identidadeslocais, ao mesmo tempo em que semodifica a malha urbana.

P R O C E D I M E N T O SMETODOLÓGICOS

Toda pesquisa, em seu início,apresenta um grande número de inda-gações. Esta, por sua vez, começou porperceber as possibilidades de temas eprojetos no espaço urbano de Marília.Pareceu importante entender mais sobrea produção da paisagem urbana e aspotencialidades dos espaços (edificados elivres) na qualificação das possíveis novascentralidades. Para tanto, foi necessárioum referencial teórico que, aliado ao re-ferencial empírico, levou à aproximaçãodo objeto e da área de estudos.

Definido o objeto de estudos, ini-ciou-se a pesquisa conceitual e históricaatravés de textos contemporâneos paraas aproximações sobre o tema e, a partirdaí, a pesquisa prática, utilizando aanálise de trabalhos correlatos, estudosde casos que formaram o referencialteórico do trabalho, além de visitas uti-lizando o local escolhido e seu entorno,além dos aspectos físicos da implantaçãodo edifício no lugar, clima, acessos, ade-quação ao relevo, aproveitamento dosvisuais, e os aspectos programáticos –setorização e conexão de funções, circu-lação adequada, etc.

Na fase analítica, deu-se a organi-zação dos dados e o diagnóstico. Na faseconclusiva foram elaboradas hipótesesprojetuais, analisadas e justificadas comargumentos compatíveis com a realidade,com o referencial teórico e com o objetode pesquisa.

CONCEITOS

Vazios Urbanos – “friches urbaines”.Aqui entendidos como: “terras livres eabandonadas, no meio urbano e na perife-ria, por não terem sido cultivadas ou con-struídas, onde há demolições de edifícios,fábricas ou instalações provisórias” -Dictionnaire de l’Urbanisme et del’Aménagement, Merlin e Choay, 1985.

Algumas cidades possuem grande

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quantidade de vazios urbanos. São váriosos relatos de novos usos desses espaçospor alojamentos, escritórios, estaciona-mentos, áreas de lazer, parques,armazéns e indústrias. Às vezes, os novosusos propostos não conseguem disfarçara imagem de degradação da paisagemurbana, porque são áreas que visammudar a imagem e a economia na regiãoe, sobretudo, interferem na identidadesocial desses antigos espaços.

A grande quantidade de artigossobre reconversão de prédios e con-struções antigas, das demolições e vaziosdecorrentes, aponta para a importânciado fenômeno, das possibilidades de revi-talização, reutilizações e de tomada deconsciência sobre as políticas de inter-venção nos vazios urbanos.

Alguns exemplos indicam que asações públicas podem ser simples eprovocar a “reconquista” do espaço,quando são criadas as primeirascondições de urbanização.

Híbrido – O que é um híbrido? Odicionário Aurélio define híbrido como: dogrego hybris – “ultraje”, pelo latim hybrida– a miscigenação, segundo os gregos,violava as leis naturais. 1) Adjetivo: ori-ginário do cruzamento de espécies difer-entes. 2) Figurado: em que há mistura deespécies diferentes. Segundo Edson MAH-FUZ, em pesquisa desenvolvida na UFRGS,o Edifício Híbrido é uma espécie de edifi-cação típica do século XX, essencialmenteurbano, caracterizado por: abrigar umamultiplicidade de atividades, às vezesincongruentes, por ser construído emaltura e por possuir grandes dimensões.

O edifício híbrido oferece a possi-bilidade de investigação de novas relaçõesentre edifício e contexto urbano, entrecomposição e representação, assim comoda relação espaço público e privado. Avocação periférica do edifício híbrido su-gere que não seja visto como possível cor-retor de desequilíbrios, mas como instru-mento que atua na multiplicação de cen-tralidades. Uma das conseqüências damultifuncionalidade dos edifícios é umaalteração radical no conceito tradicional de

espaço público, outrora um contínuo depraças e ruas, ou um vazio que tensiona-va os palácios ou os arranha-céus fun-cionalistas.

Segundo Steven HOLL, no textoLocal Focus/Global Flow, a hibridizaçãoseria uma conseqüência geral na buscade uma nova unidade de elementosdesassociados na arquitetura.Programas de edifícios híbridos comseus mixes de habitação, trabalho, cul-tura e recreação rompem as barreirassociais do zoneamento racional. As téc-nicas experimentais da construção híbri-da, bem como as explorações de de-talhes, levariam a hibridização a ummicro-nível da construção.

Cidade Partida – Trata-se aquida cidade fragmentada, “partida” pelotraçado da ferrovia, marcada pordesigualdades espaciais e sociais, da per-cepção fragmentada do espaço, a hetero-geneidade de sua ocupação e os obstácu-los à circulação. A cidade fragmentada,quando não pode ser articulada em umavisão de conjunto, dificulta o posiciona-mento e a circulação de seus habitantes,deixando a sensação de que o lugar públi-co é um território que não pertence aocidadão, possivelmente justificando afalta de identidade com esses espaços. Nacidade espacialmente fragmentada, aspartes não chegam a formar um todo con-sistente, com suas divisões dentro dacidade à espera de reintegração.

BREVE HISTÓRICO

A presença de duas ou maisfunções no interior de uma única estrutu-ra não é nova na história da arquitetura.A plaza grega, as termas romanas, aresidência medieval sobre a loja, aparta-mentos sobre uma ponte (como no casoda Ponte Vecchio, em Florença) são exem-plos disso. A grande diferença entre osexemplos gregos e romanos e os demaisé o fato de que na plaza e nos banhos,verdadeiros suportes da vida pública, aorganização era horizontal, enquanto que

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nos demais começa a se configurar umaestratificação vertical.

Na sociedade da Idade Média arua era o lugar do comércio. A habitação,nas cidades renascentistas e barrocas,geralmente situava-se sobre as oficinas elojas. Porém, antes da RevoluçãoIndustrial, já era rara a relação moradia-local de trabalho. Com o adensamento,foram sobrepostas muitas residênciassobre apenas um lugar de trabalho. NaParis de 1800, o pavimento inferior desti-nava-se a comércio, restaurantes, teatros,e os 4 ou 5 pavimentos superiores desti-navam-se às habitações. É possível encon-trar exemplos importantes de um ver-dadeiro zoneamento vertical na Paris defins do século XIX e começo do século XXou na parte central de Buenos Aires.

A passagem coberta, a galeria,foi outro modelo eficaz de aplicação emconjuntos residenciais/comerciais dentrodo conceito da plurifuncionalidade. Dapassagem, o livre acesso às ruas integrao privado ao tecido urbano com benefí-cios urbanísticos. Apesar das múltiplasvariações do modelo de galerias, man-teve-se uma divisão vertical análoga defunções. São exemplos de construçãourbana plurifuncional.

A Revolução Industrial alteroudrasticamente a configuração dascidades, com funções e atividades de difí-cil incorporação ao tecido urbano preexis-tente, transformando a estrutura essen-cial da sociedade e das condições de vidae tornando as cidades em locais física emoralmente degradados, segundoBENÉVOLO, em Origens do UrbanismoModerno. Surgiram, então, propostaspara estabelecer comunidades ideais dosutopistas Robert Owen e Charles Fourier,cujos trabalhos foram sementes para amoderna concepção filosófica de urbanis-mo, filosofia que surgiu nos CIAMs, nadeterminação da visão funcional dacidade, “que veio interromper a ricahistória dos edifícios plurifuncionais” -ZEIDLER.

Embora extensas áreas decidades européias e mesmo latino-ameri-canas fossem compostas por várias

décadas de edifícios que continham umamultiplicidade de atividades diferentes noseu interior, essa possível convivênciaentre programas diferentes nunca desper-tou tanto interesse de arquitetos e urban-istas como atualmente, pois o edifíciomultifuncional de grandes dimensões con-struído em altura tem sido visto como umdos modelos disponíveis para a revitaliza-ção da cidade contemporânea.

Esse status atual do edifício híbri-do se deve, principalmente, ao fato deque “o seu ressurgimento está ligado aodesenvolvimento da cidade em direção àsua periferia, onde ele aparece como olócus de uma nova centralidade” - MAH-FUZ. Ressurgimento, porque o edifíciohíbrido, após um período áureo de 1880 –impulsionado por inovações tecnológicasnas áreas de estruturas, elevadores, tele-fonia, eletricidade e sistemas de condi-cionamento ambiental – até 1929, queterminou com a grande depressãoeconômica que atingiu o mundo inteiro,só voltou a aparecer no final da década de60, e mesmo assim de maneira muitoesporádica.

Os utopistas e o Park Movimentcontribuíram para reforçar a idéia de se-paração das funções. Howard apresentouem seu projeto da Cidade Jardim (1898)idéias apoiadas nas teorias de umasociedade corporativista, que possuía umcentro comercial e cultural, zonas deindústria, comércio, educação e um cin-turão verde agrícola. Essa concepçãourbanística e a dos CIAMs não necessi-tavam de edifícios multifuncionais. No iní-cio do século XX, abandonou-se definiti-vamente a idéia de que as cidades exis-tentes eram habitats sociais operativos edinâmicos, sem buscar caminhos de reno-vação das cidades existentes.

Segundo MAHFUZ, somente nosúltimos dez anos, após a comprovaçãoda falência do urbanismo modernista e aconstatação do anacronismo de pro-postas neotradicionais, a busca desoluções para a cidade contemporâneaapontou, por um lado, para a valorizaçãodas áreas periféricas e, por outro, para oedifício híbrido como elemento essencial

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na colonização desses “novos” territórios.A história de edificação plurifun-

cional nas cidades foi interrompida pelaemergência e posterior predominância dadoutrina dos CIAMs, centrada na noção desegregação funcional, de distribuição ho-rizontal das funções da cidade, que passaa ser ocupada por edifícios monofun-cionais, situados em setores igualmentemonofuncionais.

Os projetos urbanos propostospelos CIAMs tornaram-se expressão daordem hierarquizada da cidade moderna.Trabalho, habitação, lazer e circulaçãoeram atividades separadas, ocupandoáreas diferentes da cidade. A edificaçãooriginada nesta ordem era resultante darepetição idêntica de andares, um objetoisótropo e apto para reprodução univer-sal. ZEIDLER utiliza o exemplo da VilleRadieuse, de Le Corbusier, que propunhauma sociedade mais humana e exigia umhomem novo.

Mas, ao mesmo tempo em que oideário urbano estava sendo discutido,vindo a gerar a Carta de Atenas de 1933,outros dois desenvolvimentos, um teóricoe outro prático, sugeriam a validade daedificação multifuncional e buscavam,ainda que não de forma explícita, o seudesenvolvimento e aperfeiçoamento.

O primeiro deles, de 1924, é aCidade Vertical, de Ludwig Hilberseimer,projeto que, em sua essência, propõe aunião de residência e trabalho em con-struções de alta densidade. Na CidadeVertical de Hilberseimer, a sobreposiçãovertical é contraposta à segregação hori-zontal. Enquanto os CIAMs proporiam,uns anos depois, a geometrização comosolução para o crescimento urbano,Hilberseimer já havia sugerido que oproblema deveria ser resolvido pelaredução da mobilidade.

O segundo desenvolvimentoimportante que contrariou a doutrina dosCIAMs foi a construção do Rockefeller

Center, em Nova York (1931-39), oprimeiro exemplo de construção em alturageradora de centralidade urbana. ORockefeller Center é o oposto da Carta deAtenas por sua plurifuncionalidade e pelarelação positiva que estabelece com ourbanismo tradicional.

Por volta da Segunda Guerra,haviam duas formulações diferentes parao problema do edifício em altura. Por umlado, uma teoria e uma prática especula-tiva voltada para o edifício homogêneo erepetitivo construído para abrigar o setorterciário. Esta espécie de edifício foi con-seqüência de importantes invenções doséculo XIX, onde o elevador propiciou aprimeira estética baseada na ausência decirculação. Por outro lado, atuações pon-tuais em que o edifício em altura é umapeça híbrida resolvida através dejustaposições horizontais ou super-posições verticais, é entendido como umacidade auto-suficiente.

A segunda formulação é reforçadapelas idéias da revisão do ideário mod-ernista, na Reunião de Otterlo, em 1958,e das colocações de Van Eyck, praticadaspelo Team X, especialmente pelo casal dearquitetos londrinos Alison e PeterSmithson, cujos textos passam uma con-cepção integradora da cidade sendo seuinteresse centrado nos lugares e modosem que as relações sociais se produzem.Eles se mostram interessados nasconexões como acontecimentos físicos,pelas formas de agregação, crescimento emudança, em busca de uma idéia espacialdiferente daquela da modernidade,baseada na interação entre espaço públi-co e privado, entre mobilidade e usosdiferenciados. Seu projeto Cluster City(1952) propunha uma estrutura policên-trica, que girava em torno de construçõesde uso múltiplo.

Louis Kahn, outro membro doTeam X, com seu projeto para o centrode Filadélfia, antecipou em uma década a

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inversão conceitual a que foram submeti-dos os arranha-céus, ensaiando a estra-tificação como uma conseqüência dainter-relação entre sistemas viários eedificação.

Uma versão construída da CidadeVertical de Hilberseimer foi o edifício JohnHancock, em Chicago, 1968. Neste edifí-cio encontram-se lojas, estacionamentos,escritórios, apartamentos e planta técnicaem configuração estratificada unitária quecontém a idéia de um edifício em altura,uma alternativa precisa ao modelo mo-dernista de centralidade, tanto no que serefere à relação residência/trabalho.

Os críticos do urbanismo moder-no: Jacobs, Alexander e Gideon falamda morte das grandes cidades, impossi-bilitadas de separar as diferentesfunções.O Rockefeller Center destacou-se por sua originalidade e desdém àCarta de Atenas, propondo a renovaçãoda cidade antiga e novas possibilidadesde galerias cobertas, mostrando a aplic-abilidade, em cidades reais, da propos-ta de conjuntos plurifuncionais emgrande escala, como o ConjuntoNacional, SP.

A questão é conceber edifi-cações que se oponham ao isolamento,sejam flexíveis e interessadas em com-por um entorno, permitam a congruên-cia entre os edifícios e sua funcionali-dade e fomentem a interação entreeles. Candib, Josic e Woods, no Projetoda Universidade de Berlim, evidencia-ram o renascimento do edifício urbano,que restitui a importância à rua depedestres (ZEIDLER).

O mat building, consideradouma minicidade, teve origem noMovimento Moderno e entroncou com amega-estrutura, que entendia a cidadecomo um edifício único, um tipo deconstrução flexível admitindo funçõesdiferentes, a indeterminação e capaci-dade de ligação ao tecido urbano.

Segundo ZEIDLER, o edifício híbrido ouplurifuncional supera o conceito demegaestrutura ao assumir novamenteo tecido urbano como marco e ser ele-mento de conexão com tal contexto.Pretende responder às necessidadesfuncionais contemporâneas.

Analisando as propostas daArquitetura Moderna – a torre deapartamentos, a de oficinas, o centrocomercial e as habitações unifamiliares–, é possível afirmar que satisfazem osquesitos funcionais internos, mas queseu conjunto de função única não criauma cidade coerente. Se a cidadehistórica pode ser reconhecida atravésde sua planta, o recurso à terceiradimensão faz do corte um elementoessencial na organização das novascidades verticais. Isto sugere umaredefinição metodológica do projetoconvencional que dê forma à diversi-dade e sobreposição de atividades emconstruções unitárias.

No edifício encontram-se duasestruturas espaciais: a de usos princi-pais e outra para alimentação energéti-ca. No novo edifício em altura se faznecessária uma terceira: de circulação,capaz de organizar os percursos, crian-do uma estrutura espacial tripla (públi-ca, privada e mecânica). “O edifíciohíbrido pretende voltar a agrupar essesfragmentos dispersos para que suasformas e funções se complementemmutuamente e devolvam vitalidade àscidades atuais” - MAHFUZ.

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O programa foi dividido, basica-mente, entre os principais setores doprojeto e suas funções, estabelecendouma relação entre o privado e o público,a permanência e circulação, o aberto e ofechado:

Setor Privado:• Edifício Residencial:Uma edificação com características verti-cais, mas não tão agressiva quanto à altura,com 9 ou 10 pavimentos, expressando-sepor um bloco retangular disposto em umalinha paralela ao eixo longitudinal do ter-reno, tendo como elo de ligação um átriocentral, que contará com escadas e ele-vadores. O bloco terá o térreo livre, assimcomo todos os demais do complexo. Todosos pavimentos contarão com apartamentosde um ou mais dormitórios. Os apartamen-tos terão vagas reservadas para automóveisno subsolo e contarão com toda a estruturada torre de serviços e comercial.

• Torre de Serviços:O ponto nevrálgico do projeto. Um arran-ha-céu de proporções ainda não vistas emMarília e muito provavelmente em nenhu-ma outra cidade do interior do Estado.São aproximadamente 150 metros dealtura, mais de 40 pavimentos, umrestaurante e mirante no último pavimen-to e um heliponto, o primeiro no topo deum edifício no Município. Cada pavimentocontará com duas salas comerciais, cadaqual com sanitários masculinos e femini-nos, ambos com dimensões para uso dedeficientes físicos. A proposta de liberar ouso do pavimento térreo como soluçãourbana de utilização do espaço para usopúblico propõe uma transposição das nor-mas quanto ao limite vertical.• Estacionamentos:Serão implantados no subsolo, provavel-mente em dois ou mais pavimentos. Osetor de estacionamentos residencialterá um acesso exclusivo, assim como oestacionamento do setor comercial terá

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A PROPOSTA

seus respectivos níveis e pontos deacesso e saída.

Setor Público:• Jardins:Terão um traçado orgânico e uma grandevariedade de espécies vegetais. Tambémcontarão com equipamentos urbanoscomo iluminação, bancos, sinalização,acessos aos decks e equipamentos deinfra-estrutura urbana, como ponto deônibus, telefones públicos, entre outros.• Decks: Uma extensão dos jardins, com áreasverdes e superfícies vazadas, e espaçosde permanência com possibilidade deusos diversos. • Passarela:Estrutura em aço e vidro, percorrendo ovão do Complexo Híbrido, a partir da Torrede Serviços, até o terreno da Avenida dasEsmeraldas, sobre a ferrovia. Nesse pontofaz conexão com bloco de circulação ver-tical, dotado de elevadores e um mirantevoltado para a visualização da paisagemurbana e natural, principalmente dositambés, no lado norte, e do bosquemunicipal. No nível da Avenida dasEsmeraldas tem como base uma praçacom equipamentos e lojas de conveniên-cia e um subsolo com estacionamento.Um espaço público que será proposto apartir de pesquisas junto à população e deparceria com a iniciativa privada, paraque esta seja responsável por uma maiorvitalidade ao local. É fundamental elimi-nar a barreira da ferrovia para o pedestree promover a ligação entre os dois ladosda cidade nessa região.

O PARTIDO

No projeto proposto para oComplexo Híbrido ou “mixed use”, o par-tido arquitetônico buscou atender a todosos requisitos técnicos e funcionais,cuidando de aspectos do terreno e seuentorno e aliados a doses de ostensivi-dade, beleza e conforto de maneira atra-tiva e acolhedora tanto para os usuárioscomo para os visitantes.

Optou-se por uma implantação apartir dos principais eixos, propondo edi-ficações com formas geométricas simples,localizadas adequadamente no terreno,de acordo com uma pré-setorização, aco-modando todas as funções previstas. Aopção por edificações de caráter vertical(por questões técnicas, de circulação,estética e psicológica) foi se desenvolven-do em torno de uma plaza central, queabriga grandes áreas de piso e jardins,possibilitando uma melhor utilização paradiversas atividades de caráter público, epodendo, eventualmente, ser coberta comestruturas tensionadas. À sua volta, ocor-rem decks e passarelas de pedestres sus-pensas e trechos cobertos de traçadosorgânicos em vários níveis, que interligamas edificações e levam a diversos pontosdo Complexo, rompendo com as simetriase geometrias utilizadas. Esse átrio traz luze ventilação, mostrando-se discreto nosprimeiros pavimentos para depois eviden-ciar as estruturas imponentes.

Na torre de serviços, grandesaberturas devem trazer iluminação e ven-tilação aos ambientes do centro do bloco,criando um ambiente com rajadas de luz.Pequenos jardins produzem vários benefí-cios de conforto ambiental e, repetindo-seem cada pavimento, criam uma imagembem caracterizada dos mesmos, comopartido arquitetônico forte, além de pro-piciar grande integração com o meio nat-ural, amaciando a rigidez das edificações.

Outros pontos relacionados ao par-tido arquitetônico são os contraventamen-tos da estrutura metálica, que se projetaminternamente. Juntamente com os ele-vadores e o coroamento do edifício, tiram amonotonia das fachadas, ressaltando ovolume e criando uma estética menos rígi-da, mais plástica.

Podem ser observados grandespanos de vidro, que mantém o contatoentre os ambientes externo e interno,deixando o paisagismo elaborado no ter-reno mais visível do interior da edifi-cação. Envolvidos na criação desse par-tido arquitetônico encontram-se tanto osaspectos de qualidade do ambiente pro-jetado como as questões estéticas ine-

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rentes ao partido adotado.Zanettini refere-se à “arquitetura

adequada à dinâmica da contemporanei-dade”, que incorpora nas idéias e nos pro-jetos a questão ambiental como parteestrutural do repertório arquitetônico, aquestão cultural, conhecimentos das ciên-cias humanas, a abordagem sistêmica dasciências exatas, o avanço tecnológico e autilização de tecnologias limpa.

Alguns arquitetos contemporâ-neos dizem que a dimensão da arquite-tura passou a ser filosófica, e não maisapenas uma discussão estética.Participam dessa nova arquitetura nãosó as ciências exatas, porque ela é tec-nologia, mas também todas as áreas doconhecimento humano. Seria essa adefinição de arquitetura contem-porânea: a relação equilibrada entreconhecimento racional e conhecimentosensível, ou seja, o resultado físico eespacial do equilíbrio harmonioso entreo mundo racional e o mundo sensível.

Norman Foster, um dos maioresno momento, consegue perceber que nãopode resolver a arquitetura sem uma baseestrutural tecnológica fortíssima, mastambém sensível e extremamente bemresolvida, conseguindo equilibrar isso demaneira harmoniosa e eficaz, bem comoRenzo Piano, Richard Rogers e HelmutJahn, entre outros, que também traba-lham esses aspectos.

Atualmente, a crescente conexãoentre meios de comunicação e a plurali-dade de culturas, junto a uma multiplici-dade de concepções do mundo, criacondições para uma verdadeira “re-visão”da modernidade. Essa nova relação passapela reavaliação da concepção do objetoarquitetônico e o pensamento do urbano,referentes à questão da linguagem for-mal-espacial, à conceituação da idéia deordem e à interpretação do “corpo”arquitetônico.

Se antigamente a cidade era omundo e hoje o mundo é uma cidade,como diz Lewis MUNFORD, para atuarneste novo cenário é necessário o auxiliode novos conceitos para os quais as anti-gas noções de escala, medida e proporção

já não são suficientes. Hoje, o predomíniode fluxos, deformações e de heterogenei-dade dimensional e dinâmica questionama espacialidade estática e a constância daforma no tempo que, em seu momento,caracterizaram as estruturas urbanas e osmétodos de planejamento tradicionais.

A busca da reintegração da“cidade partida” mediante intervençõesurbanísticas de grande escala constituiuma ação muito significativa, abrangen-do a criação e recuperação de parques,sistema de transporte público estrutura-do, limpeza urbana e educação ambien-tal. A questão da forma do espaço públi-co e da arquitetura como determinanteda identidade da cidade é uma preocu-pação contemporânea que se observanos estudos, projetos, debates e realiza-ções atuais, pensando a cidade comouma rede espacial na qual se intervémdesde espaço público considerado comoelemento ordenador.

PONTOS ESPECÍFICOS DO PARTIDO

Diferenciação: Uma cidadeestimulante, rica de oportunidades, con-fortável e bela faz-se pela ocorrência delugares diferenciados, que atendam avariadas expectativas sociais e sejam sig-nificativos tanto para a escala da vizi-nhança como para o conjunto da cidade.A área escolhida diferencia-se do resto dacidade e essa especificidade deve serreforçada.

Acessibilidade: São necessáriasmaiores oportunidades de acessibilidade aqualquer lugar da área estudada,condições essenciais para sua renovaçãoe dinamização.

Atividades: A intervenção pro-posta tem todas as potencialidades parase transformar num eixo diversificado deatividades que possam constituir diversos“pólos” ou “lugares” de atração e inte-resse para a população. A vida de umacidade condensa-se em determinadoslugares. Essa “condensação” é fruto dasuperposição das mais variadas funções.

Conforto: Criar “lugares” bem

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sucedidos depende de fatores como segu-rança, limpeza e disponibilidade de mobi-liário urbano e equipamentos que propor-cionem comodidade aos usuários do local.

Sociabilidade: Um princípio daproposta é a criação de um conjunto deespaços urbanos que possam estabeleceruma forte identidade com a comunidade.

O PROJETO

A agregação dos serviços na intervençãoproposta provoca um efeito de sinergia,pelo qual cada um dos serviços prestadosreforça os demais, e tem todas ascondições de se tornar bem sucedida,aproveitando a potencialidade dessesespaços.Será construído um Complexo Híbridoconstituído de uma torre de escritórios eserviços, um edifício residencial à Avenida

Tiradentes, na Cidade de Marília (SP),uma grande praça pública, uma passarelapública de pedestres – que fará a ligação,sobre a ferrovia, da Avenida Tiradentescom a Avenida das Esmeraldas –, ondeum conjunto de elevadores transportaráos usuários até uma praça e galeria com-ercial, com espaços de conveniência 24horas, cujos projetos poderão ser alvo deum concurso entre profissionais dacidade. Todos os locais de intervençãoabrigarão estacionamentos em seus sub-solos.

A Torre de Serviços conta com 43pavimentos de 490 m2 cada, com áreatotal aproximada de 21.000 m2, mais12,50 m2 por vaga na garagem. Os subso-los 1 e 2 foram reservados para esta-cionamentos e o térreo apresenta umagrande praça com pavimentação ejardins. O Edifício Residencial é compostode pavimentos duplos com unidades de

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habitação por pavimento (12 do tipo A e 4do tipo B), totalizando 144 apartamentos,todos de planta livre. Os apartamentos dotipo A possuem área privativa de 90 m2 eos do tipo B possuem 200 m2, mais 12,50m2 de vaga na garagem por apartamento.O subsolo foi reservado para estaciona-mentos e o térreo apresenta uma grandepraça com pavimentação e jardins. A cir-culação vertical será através de ele-vadores e rampas.

Serão construídos: decks e pas-sarelas de formato irregular (conformeplanta), uma passarela de pedestres queultrapassa a ferrovia, praça, estaciona-mento e conveniência com frente àAvenida das Esmeraldas. Tudo isso exigeuma pesquisa maior junto à populaçãosobre as necessidades e expectativas dosusuários. O Complexo deixa em abertoalguns pontos passíveis de intervençõesdiversas, que serão resolvidas através deconcorrência pública e terão parceria dainiciativa privada.

Torre de ServiçosA estrutura da Torre será executa-

da em aço, combinando perfis I, pilarestubulares e lajes tipo ‘steel deck’, sendoapoiada por 6 pilares e pelas caixas estru-turais dos elevadores. O contraventamen-to acontece nas caixas de escada, loca-lizadas no interior do edifício, e ofechamento combinará grandes panos devidro com películas antitérmicas e painéisde alumínio composto. Os panos de vidromantêm o contato entre os ambientesexterno e interno, deixando o paisagismoelaborado no terreno mais visível do inte-rior da edificação e mantendo a relaçãocom a cidade.

No subsolo, garagem com acessoexclusivo para o uso residencial e pre-visão para 400 vagas, rampa de acessopara veículos, hall, elevadores, cabine deforça, casa de máquinas, depósito, medi-dores de energia, casa de bombas, reser-vatório de água inferior e sistema modu-lar de tratamento de esgotos. No topo daTorre será instalado um heliponto, con-forme normas vigentes da aeronáutica.

Edifício ResidencialCom 9 pavimentos duplos e

dezesseis unidades por andar, sendo dozedo tipo A, dois do tipo B e dois do tipo C,além do piso do salão de festas, academiae recepção imediatamente acima dospisos: pilotis e subsolo. O Edifício terá aaltura correspondente a um edifício de 30andares, quase 80 metros de altura. Aestrutura é de aço com as vigas dos pavi-mentos em forma de treliças deitadas. Ofechamento externo será em pele de vidrono sentido longitudinal e, nas paredestransversais – paredes cegas –, placas dealumínio composto com revestimentotermo-acústico e acabamento interno emdry wall. As paredes divisórias funcionamindependentes da estrutura e tambémserão construídas no sistema dry wall. Asinstalações hidráulicas e elétricas corremem shafts entre as lajes e os forrosrebaixados onde ficam embutidas asinstalações, fechadas com revestimentoespecial que permite o manuseio sempreque necessário, sem estragar o forro.

Ignorando as paredes internas, ecom pé-direito que pode passar de seismetros, o espaço é um convite à criativi-dade, pois permite que cada moradordefina seu ambiente, projeto e construaseu modo de vida. Qualquer ambientepode ser projetado onde e do tamanhoque o proprietário desejar. Cada unidade– A, B e C (que não levam denominaçãode apartamento) –, pode ter, respectiva-mente, até 90 m2, 180 m2 ou 200 m2 deárea útil, com pé-direito duplo, possibil-itando infinitas soluções de comparti-mentação espacial. Assim, uma dasunidades pode ter uma única ou atéquatro suítes. O projeto do interior édeterminado pelas necessidades, von-tades e gosto do morador. O residencialtambém conta com recepção, academiae dois salões de festa.

No subsolo: garagem com acessoexclusivo para o uso residencial e pre-visão para 200 vagas, rampa de acessopara veículos, hall, elevadores, cabine deforça, casa de máquinas, depósito, medi-dores de energia, casa de bombas,reservatório de água inferior e o sistema

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modular de tratamento de esgotos.

Espaços PúblicosA proposta buscou qualificar o

espaço público, criando-se espaços demaior funcionalidade, referencial, além daqualificação dos espaços das praças e dacriação dos pontos focais, como porexemplo a grande praça do ComplexoHíbrido, a passarela que cruza a Avenidadas Esmeraldas sobre a ferrovia, ligandopontos de grande movimento de pessoas,ou seja: de um lado, o Complexo (proje-to) e o Supermercado (em construção) edo outro o Shopping (em construção),com características peculiares em funçãodo contexto, ligando a outro ponto focalque será constituído por uma praça-gale-ria comercial. A praça-galeria comercialestabelece continuidade entre os doissetores comerciais, criando muito maisconforto para a grande quantidade depedestres que deverão cruzar a ferrovia.

O uso dessas praças deverá serestimulado como local ideal para a rea-lização de feiras não-permanentes, áreapara concertos, espetáculos diversos aoar livre com respectivo palco, etc. Criarum programa de arte cívica nos pontosfocais, onde serão localizadas obras dearte (esculturas, marcos visuais, murais,fontes etc.), que poderão ser financiadasparcialmente pela iniciativa privada. Alocalização de obras de arte contribuiriapara a valorização do local. A idéia é per-mitir uma melhor utilização do espaçopúblico e a melhoria dos aspectos de fun-cionalidade e de referencial.

A intervenção proposta tem todasas potencialidades para se transformarnum eixo diversificado de atividades quepossam constituir diversos “pólos” ou“lugares” de atração e interesse para apopulação. A agregação dos serviçosprovoca um efeito de sinergia, pelo qualcada um dos serviços prestados reforça osdemais.

A requalificação das calçadas éessencial para a valorização urbanística etambém comercial, implicando melhordesempenho dos pontos de vista de fun-cionalidade e de referencial, com a utiliza-

ção de revestimentos de piso e detalhesque favoreçam a eliminação de barreirasarquitetônicas à circulação de portadoresde deficiências sensoriais, locomotivas ecognitivas (sinalização Braile, faixas deorientação, alerta de cruzamento,escadas e desníveis, etc.), além de permi-tir a instalação de um mobiliário urbanoadequado, incluindo a padronização deelementos como bancos, elementos depublicidade e comunicação visual, etc.Isso poderá ser objeto de concurso públi-co específico.

Foram criados marquises eespaços sombreados entre os blocos, enas parcelas lindeiras deverá ser incenti-vada, por meio de isenção de tributos, alocalização de restaurantes, lanchonetes,livrarias e lojas. A criação de focos deatividades urbanas inclui módulos deserviços (articulados à parada de ônibus)com correio, banca de revistas, caixaeletrônico, lanchonete, banheiros públi-cos, mini-papelaria, estacionamento parabicicletas, etc., em conexão com os esta-cionamentos nos subsolos.

A idéia é, enfim, permitir umamelhor utilização do espaço público e dosaspectos de funcionalidade e de referen-cial. A proposta contribuirá para atenuar apressão das invasões de área pública porbares e restaurantes nas vias de comérciolocal. Pela grande afluência de pessoas,esses equipamentos reforçarão o papeldos pontos focais. A passarela promove acontinuidade do espaço público e possi-bilita transpor o obstáculo existente comos trilhos da ferrovia, ligando dois pontosda cidade fragmentada.

P R O C E D I M E N T O S D EIMPLEMENTAÇÃO

Operações de fôlego, como asnecessárias para superar os atuais pro-blemas urbanos, só poderão ser viabi-lizadas através de um processo cujosucesso depende de uma ampla partici-pação da sociedade e com o envolvimen-to de diversos agentes (administradorespúblicos, consultores, proprietários,

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moradores, usuários permanentes,empresários e investidores).

A proposta deverá, necessaria-mente, ser realizada de forma progressi-va, ao longo do tempo, adequando-se àspossibilidades de mobilização de recursosfinanceiros, organizacionais e políticos.Com esse objetivo, a proposta poderia serincluída como parte do Plano Diretor,atualmente em fase de elaboração. Essainclusão, além de necessária, abre portaspara a utilização de vários instrumentos,alguns dos quais previstos no Estatutoda Cidade, que poderão ser importantespara a viabilização política e financeira doprojeto. Entre estes devem ser men-cionadas as chamadas operações urbanasconsorciadas, o estudo de impacto devizinhança e a contribuição de melhoria.

O instrumento flexibiliza a apli-cação da legislação urbana e permite amodificação de índices urbanísticos,características de parcelamento, uso eocupação do solo e a alteração das nor-mas que regulam as edificações. Por meiodessas operações podem ser, inclusive,gerados recursos. Como a implementaçãoda proposta certamente valorizará osimóveis do entorno, esse mecanismopoderá ser utilizado para a viabilizaçãodos projetos previstos.

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Walnyce Scalise1

Scalise, W. - O Ecourbanismo e a busca do (re)equilíbrio entre Natureza e Cidade. RevistaAssentamentos Humanos, Marília, v.6 , nº1pag. 25 - 34, 2004.

ABSTRACT

This text is dedicated to analyse the pos-sible influences of the ecourbanism andthe sustainable development upon thecontemporary urban occupation modelsand its social, environmental and eco-nomical disparities.

Key Words: ecourbanism, nature, cities,sustainable development, urban ecosys-tem.

P a l a v r a s - C h a v e : ecou rban i smo,natureza, cidades, desenvolvimento sus-tentável, ecossistema urbano.

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O ECOURBANISMO E A BUSCA DO (RE) EQUILÍBRIOENTRE NATUREZA E CIDADE

1 Arquiteta e Urbanista pela USP, Mestre em Comunicação, Professora de Paisagismo e ProjetoUrbano do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília.

INTRODUÇÃO

“…os edifícios podem enriquecer o espaçopúblico de nossa cidades, responder àsnecessidades de seus usuários e explorartecnologias sustentáveis ao invés de conta-minantes. Os edifícios deveriam suscitar econformar cidades que celebrassem a vidaem sociedade e o respeito pela natureza. Anecessidade atual de edificações susten-táveis nos brinda com a oportunidade deinstaurar uma nova ambição e novasordens estéticas capazes de dar um impul-so revitalizante à profissão.… O futuro está aqui, mas seu impactosobre a arquitetura só está começando. Àmedida que nossos edifícios voltam aaceitar os ciclos da natureza, a arquiteturavolta a suas autênticas raízes.”

Richard Rogers,“Cities for a small planet”,1997

A cidade de Richard Rogers sinte-tiza de uma maneira muito clara como aArquitetura deve aceitar o compromissode construir cidades e edifícios susten-táveis e, como esta necessidade influirána prática profissional. A sustentabilidadecomo conceito e a adequação da arquite-tura ao meio ambiente estão na essênciada Arquitetura e do Urbanismo, e seuaprofundamento abre inúmeras possibili-dades à atividade criativa do arquiteto.

Partindo do estudo da relaçãoexistente entre arquitetura e meio ambi-ente pode-se provocar no futuro arquite-to novas respostas frente às necessi-dades sociais contemporâneas de ade-quação da produção de cidades e dearquiteturas ao meio ambiente, com ainclusão dos valores ambientais a partirdos estudos preliminares e durante todasas fases do projeto.

Na busca de perspectivas ambien-tais e ecológicas aplicadas à cidade,emergem novas visões, como a consider-ação da cidade como um ecossistema e daecologia urbana. São enfatizados e medi-dos os impactos da urbanização sobre ossistemas naturais assim como asquestões da energia, poluição, produçãode resíduos e emissões, o ciclo urbano da

água, a conservação de recursos e a reci-clagem de materiais.

É fundamental refletir sobre comoas cidades são e como podem ser proje-tadas para absorver o crescimentourbano, sendo sustentáveis, produzindocidades que ofereçam oportunidades semcomprometer seu futuro como entidadenem o das futuras gerações que ashabitem.

A EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DANATUREZA NO URBANISMO

A Revolução Industrial, ao mesmotempo em que proporcionou o início dodesenvolvimento tecnológico e a evoluçãodas cidades, ocasionou o êxodo rural, coma população do campo migrando para ascidades, buscando novas oportunidades,prometidas pelo modelo de desenvolvi-mento econômico emergente.

As cidades industriais surgidas noséculo XIX, que possuíam condições deextrema insalubridade, provocaram umatendência ao verde e à saúde, num pensa-mento sanitarista que trouxe as origens deum novo conceito: o de preservação danatureza. A natureza seguiu como elemen-to secundário na urbanização, as áreasverdes eram uma das funções que a cidadedeveria ofertar aos seus habitantes,porém, sem a preocupação com o esgota-mento dos recursos naturais e o efeito datecnologia sobre o meio ambiente.

No início dos anos 70, do séculoXX, surge uma incipiente consciênciasocial sobre a fragilidade do planeta e otermo “ecologia”. Na década seguinte foielaborado o relatório “Nosso FuturoComum”, onde aparece o conceito dedesenvolvimento sustentável e coloca queé possível desenvolver sem destruir omeio ambiente, a partir de um esforçocomum e global no sentido de alterar oscaminhos do modelo de desenvolvimentoeconômico vigente.

Foram ganhando força, as ações ealertas sobre a utilização das reservas na-turais, para que as pessoas tivessem umfuturo melhor com novos modos de vida e

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caminhos de desenvolvimento querespeitassem os limites da natureza, semdesprezar os benefícios da tecnologia, umaintegração entre conservação e desenvolvi-mento, visando a vida sustentável.

Nesse período ocorre a ECO 92 noRio de Janeiro, surge a Agenda 21, aAgenda Habitat, e enfatiza-se a discussãosobre “Cidades Sustentáveis” e a idéia deuma maior racionalidade nos processossociais, de produção e alteração dascidades. Cresce a necessidade de sele-cionar critérios e estratégias que con-duzam à formulação, implementação eavaliação dos resultados das políticasurbanas, já em bases sustentáveis.

Segundo RUANO, daí divulga-seentão “o conceito de Ecourbanismo,visando superar a compartimentação doplanejamento urbano convencional”,partindo da análise dos problemas sócio-ambientais e da definição do desenvolvi-mento de “comunidades humanas multi-dimensionais sustentáveis encontradasnos entornos construídos, de maneiraharmônica e equilibrada”.

No final de década de 90, o Brasilinicia o processo de elaboração da“Agenda 21 Brasileira”, buscando redefiniro modelo de desenvolvimento, propondonovos instrumentos de coordenação eacompanhamento de políticas públicaspara o desenvolvimento sustentável. Oobjetivo: gerar uma conscientizaçãoambiental crescente, para que a popu-lação, ao se envolver com temas ambien-tais, transforme em senso comum o equi-líbrio entre sociedade e natureza, opondo-se ao conceito positivista de progresso,que inclui o desperdício de recursos natu-rais, o aumento da poluição e a devas-tação no uso e ocupação do solo.

O Instituto de Arquitetos do Brasillançou, em 1998, uma campanha com oslogan “ A Natureza cria- e o Arquitetotransforma” demonstrando um forte apeloà magem do arquiteto como o agente quepromove melhorias no meio ambienteapós suas intervenções.Atualmente levanta-se como bandeira eproduto do exercício profissional os condi-cionantes necessários a assegurar as

condições mínimas de cidadania, enquan-to direito à cidade, e é nesta direção quevai de encontro à em nova razão dialéticana produção do meio ambiente e daArquitetura vinculada à produção social.

Diante desse panorama é funda-mental a atualização e aperfeiçoamentodas competências de arquitetos, enge-nheiros e urbanistas no que diz respeito àsustentabilidade no ambiente urbano,identificando critérios e objetivos que pro-movam a responsabilidade social e ambi-ental do projetos nos mais diversosníveis: da infra-estrutura, ao edifício sus-tentável e a escolha correta das técnicase dos materiais, da integraçãoedifício/entorno ao ecourbanismo.

Uma das principais fontes de des-perdício de recursos naturais está naforma como acontecem as construçõesdesde a origem dos assentamentoshumanos. A abundância de recursos na-turais fez com que as edificações não le-vassem em conta o melhor aproveitamen-to dos recursos naturais. Assim, aindahoje, projetos demandam muita energiaelétrica para luz artificial, aquecimento,esfriamento, pouco reaproveitamento deágua, não reutilizam resíduos e assim pordiante. Isso está se alterando com a con-sciência ambiental e a perspectiva derecursos naturais cada vez mais escassose caros, o que incentiva soluções constru-tivas mais econômicas e eficientes.

"A cidade precisa ser reconhecidacomo parte da natureza e desenhada deacordo com isso. A cidade e a periferia ruralprecisam ser vistas como um único sistemaevolutivo dentro da natureza... dentro dotodo mais amplo. A natureza na cidade temque ser cultivada, como um jardim, e nãoignorada ou subjugada". SPIRN.

E C O U R B A N I S M O EDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, a ECO 92, realizadano Rio de Janeiro com a participação demais de 170 países, aprovou a

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Declaração do Rio e a Agenda 21, queendossaram o conceito fundamental dedesenvolvimento sustentável e os temasambientais vieram reforçá-lo. A partirdaí utilizou-se o prefixo ‘eco’, alterandoo sentido de um extenso rol de palavras,às vezes até de maneira arbitrária.

Os líderes estiveram de acordocom o fato de que a saúde da natureza éessencial para o bem estar e a sobre-vivência da humanidade. No campo dourbano isto se traduz em desenho, desen-volvimento e gestão sustentável de comu-nidades urbanas, que alguns autoresdenominaram Ecourbanismo. Portanto,as cidades consideradas como ecossis-temas artificiais, devem existir para satis-fazer as necessidades dos seus usuáriossem provocar grandes impactos sobre oentorno natural.

O ecourbanismo ou urbanismosustentável leva em conta a definição dedesenvolvimento sustentável, apesar deconsiderada controvertida. É o urbanismoque pretende satisfazer as necessidadesdas gerações presentes sem comprometera capacidade das futuras satisfazerem assuas. O desenvolvimento sustentávelmantém a qualidade geral de vida, asse-gura o acesso contínuo a recursos naturaise evita danos ambientais.

Tudo isso, porém, já foi proclama-do em diferentes épocas, destacando em1789: "logo...digo que a terra pertence acada geração durante seu curso, total-mente e com todo direito, nenhuma ge-ração deve contrair dívidas maiores doque as que possam ser saldadas duranteo decorrer de sua própria existência"Thomas Jefferson, dentre muitas outrascitações. O que isso representa hoje?Como tem sido tratado no que diz respeitoao meio ambiente do homem? Como têmsido trabalhados os projetos urbanos? Oque transforma um projeto urbano emprojeto ecourbano?

Ecourbanismo é uma nova disci-plina que articula as múltiplas e complexasvariáveis que intervém em uma aproxi-mação sistemática do desenho urbano quesupera o zoneamento clássico do urbanis-mo convencional. O desenho e o planeja-

mento urbano devem incluir como compo-nentes estruturais, e desde início doprocesso de desenho, as novas tecnologiasde informação e os cuidados com anatureza e a sustentabilidade.

MONCLUS, em sua análise dasteorias e formas de intervenção urbananos anos 90, cita as duas grandestradições urbanísticas delimitadas porFrançoise CHOAY: a culturalista-arquitetônica e a "progressista" ou fun-cionalista, adicionando a estas a per-spectiva atual, que sugere uma terceiragrande tradição urbanística, a pai-sagístico-ecológica, do "ecourbanismo"como uma ruptura absoluta e como"novo paradigma" no que diz respeitoao urbanismo tradicional, com suasmúltiplas considerações com o entornonatural e a paisagem.

Afirma, ainda, ser possível esta-belecer uma continuidade entre o "pai-sagismo conservacionista" e o regionalis-mo americano do início do século XX e asexperiências de tratamento dos espaçoslivres como recursos produtivos, recre-ativos e paisagísticos, assim como a uti-lização de cinturões e de corredoresverdes como estratégia de estruturaçãoda cidade dispersa.

O "Ecological Landscape Planning"de McHARG e outros seguidores do urban-ismo regionalista e organicista de LewisMUMFORD, aproximam-se da atual analo-gia da cidade com os ecossistemas natu-rais. É possível dizer que muitos dosgrandes projetos atuais de regeneraçãoda paisagem partem dessa vontade deintegração visual e ambiental que além deproteger ou preservar, busca melhorar.

Também o movimento NewUrbanism surge, basicamente, comoresposta ao incontido crescimento dos su-búrbios nos Estados Unidos, e é conhecidocomo Neotradicionalismo, ou UrbanismoSustentável, sendo favoráveis a comu-nidades menores e mais densas que os su-búrbios tradicionais, com limites definidos euma adequada mescla de funções.

Sob a ótica do desenvolvimentosustentável é fundamental a análise depropostas urbanísticas que buscam um

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equilíbrio entre o crescimento econômicoe os problemas sociais integrados aodesenho da paisagem. Alguns autorescitam cidades como: Minneapolis, emMinnesota;Chattanooga, no Tennessee;Vancouver, no Canadá; Tilburg, naHolanda; Curitiba, no Brasil e Melbourne,na Austrália, por apresentarem inovaçõesem seu esforço em melhorar a qualidadede vida para seus habitantes. Essa análisedeve ocorrer no sentido de fazer umareleitura de casos, extraindo lições paraque novas soluções sejam aplicadas noambiente urbano e não se repitam algunserros ocorridos no passado.

AS CIDADES ATUAIS

Os séculos XIX e XX, em suas últi-mas décadas, apresentaram diversassemelhanças e diferenças que podem serenunciadas. As semelhanças observadasno processo de urbanização foram: oaumento da população nas grandescidades e os impactos sociais e ambien-tais que surgiram em função do processode crescimento. Carregaram consigoproblemas urbanos bem atuais como: apobreza, a falta de moradia, de coleta delixo, de rede de água e esgoto, as ruas ecalçadas estreitas deficientes quanto àcirculação dos veículos existentes e depedestres, ao ar e ao sol, as submoradias,as diversas poluições, além de poucosespaços destinados ao lazer e dadegradação do ambiente urbano e dosrecursos naturais.

A maioria das cidades cresceu demaneira heterogênea, segundo lógicaseconômicas para o uso do solo, gerandograndes disparidades nos diversos setorese problemas ambientais de todo tipo.

As diferenças podem ser notadasem relação ao progresso, que promoveuriqueza mas causou impactos ambientaise sociais. Passou-se de uma interde-pendência de mercados para uma globa-lização e exclusão de regiões não essenci-ais, através da tecnologia de informaçãoe, ainda, do crédito no desempenho daciência e da tecnologia na resolução dos

problemas surgiu um desencanto e a con-sciência da necessidade de sua utilizaçãocom precaução.

O aumento populacional globalaliado à sua grande concentração nascidades fez crescer as diferenças dos país-es, como ocorre até hoje, e se apresentamaterialmente como degradação do meioambiente urbano: com contaminação daságuas, produção excessiva de calor, usoirrestrito do automóvel e a produção deresíduos industriais e domésticos, nãorecicláveis pelos sistemas produtivos nembiodegradáveis pela natureza.

Existe, ainda, na maioria dascidades existe uma cidade formal e tam-bém uma cidade informal, com favelas,ocupações irregulares que se localizamem morros, áreas de baixadas e margensde canais ou rios, geralmente em áreasde preservação ambiental.

A pobreza e a exclusão socialapontam para desequilíbrios que

comprometem um ecossistema urbanosadio. A miséria sempre está na cidadeinformal, mas nem sempre a cidade infor-mal é totalmente miserável. O cotidianonessas áreas apresenta algumas con-tradições, com “mobilidade social” que per-mite acesso a novos bens de consumo eum desdobramento social com uma “hier-arquia de classes” local. Existe, paralelo aisso, a falta de saneamento básico, decoleta de lixo e ainda riscos como: desaba-mento ou inundação.

As propostas de Olmsted e asCidades-jardim de Howard, concebidas nofinal do século XIX, surgiram comoresposta às condições sanitárias, políticase sociais, não apenas projeto paisagísticoe urbanístico, mas projeto de vida, de umnovo modelo sócio- econômico. Essa idéiafoi sendo distorcida, com aplicaçõessupostamente renovadoras, como a con-stituição dos bairros-jardim especu-latórios ou subúrbios-jardim, provocandoa expansão urbana com baixas densi-dades que ocupam terras agricultáveis.

No Brasil percebe-se, atualmente,além da expansão acelerada de favelas, ade condomínios que surgem também, àsvezes, até de forma irregular em áreas de

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preservação, sem infraestrutura e sempreocupação ecológica.

Os espaços livres públicos repre-sentam uma dimensão essencial para acultura e para a sociedade e uma grandequantidade de exemplos teóricos e deprojeto propõem a recuperação da rua edos espaços livres como lugares urbanospor excelência. Um ponto importante éque o interesse em explorar o potencialpaisagístico para a vida urbana tambémse mostra benéfico para a qualidadeambiental, por retomar algumas possibili-dades de experiência social e estéticadesses espaços, que haviam sidomenosprezados no desenvolvimentourbano e da sociedade.

O ECOSSISTEMA URBANO

Imagina-se a cidade como criaçãohumana totalmente desvinculada doambiente natural. A cultura humanaprovoca um confronto permanente comuma natureza que se apresenta comohostil, contra a qual a civilização sedefende com suas armas de concreto,asfalto e eletricidade.

A verdade é que a cidade nãoconstitui algo tão separado da natureza.O ser humano interage de forma nocivaou benéfica, com o ambiente natural queo envolve. No ambiente construído, anatureza permanece visível, não apenasnas árvores e áreas verdes das ruas, estáno ar, nas águas dos rios, na fauna, nosinsetos e nos microorganismos que con-vivem no ambiente urbano.

As cidades devem ser vistas comoparte e extensão da natureza e os proje-tos urbanísticos devem estar em harmo-nia com essa mesma natureza, apresen-tando propostas de interação da cidadecom o meio ambiente natural, lugarescom recursos próprios, com demandasnecessárias para sua manutenção e seudesenvolvimento. Assim, o conceito dedesenvolvimento urbano sustentávelpassa por uma estratégia de ecologiaurbana apresentando a cidade como ummeio ambiente artificial, que utiliza o

ambiente natural, mas que também podeser fonte de recursos.

Diante dessa afirmação, os cen-tros urbanos deveriam ser analisadoscomo ecossistemas complexos, com ummetabolismo mais intenso, que deve seranalisado como um intercâmbio dematéria, energia e informação entre oassentamento urbano e seu contextogeográfico. Segundo RUEDA “... ascidades são ecossistemas interdepen-dentes de outros sistemas que constituemseu entorno, formando uma unidade ínti-ma cidade-entorno”.

As construções estão assentadassobre um solo que influi na maneira comoé utilizada e nos seus usuários. Inclusiveos materiais utilizados: areia, terra,rocha, pedras, mármore, concreto, asfal-to, pertenceram ao entorno natural. Aimpermeabilização desenfreada do solo,as grandes concentrações de edifícios, osdesmatamentos, o assoreamento e a reti-ficação ou canalização de rios são açõesque afetam o ambiente natural. Comoreação à ação do homem, a naturezaprovoca efeitos inesperados para o ambi-ente construído como: enchentes, secas,erosão, etc. Tudo isso porque as raízes dadegradação ambiental urbana encontram-se na forma como o ser humano se orga-niza em padrões de poder, produção eideologia.

Na verdade, a cidade não é total-mente natural, nem totalmente construí-da. Ver a cidade como separada danatureza e até que se contrapõe a ela,domina o modo como é percebida e acabapor afetar a forma pela qual ela é con-struída. Conforme as cidades crescem,aumentam as atividades essenciais para asobrevivência do homem e as mudançasproduzidas na natureza agravam os pro-blemas ambientais urbanos, os altos cus-tos de construção e de conservação.

Anne SPIRN, em seu livro “OJardim de Granito” descreve esta relaçãosutil e entre o ambiente natural e o con-struído da seguinte maneira:

"a natureza é um todo contínuo, com oambiente selvagem num pólo e a cidade nooutro. Um mesmo processo natural opera

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tanto no ambiente selvagem como na cidade.O ar, por mais poluído que esteja, é sempreuma mistura de gases e partículas em sus-pensão. Pavimentação e construção de pedrasão sempre compostas por rocha e afetam atransmissão de calor ou o curso das águasexatamente como as superfícies de rochaexpostas em qualquer lugar. As plantas nati-vas ou exóticas, invariavelmente buscam acombinação de luz, água e ar para sobreviv-er”.

A natureza na cidade e suasrelações, se bem aproveitadas, geram umhabitat urbano benéfico. A paisagemurbana não se produz por idéias abstratas,mas através de uma realidade, das relaçõesdo indivíduo na sociedade

No sentido de reparar e redirecionar asituação de perda dos limites cultura/natureza,MUMFORD coloca a necessidade de se esta-belecer um sistema urbano descentralizado,novo agrupamento de unidades urbanasmenores, com condições para assegurar par-ticularidades e características locais além depossibilitar um maior controle.

Seria a recuperação da estruturaarticulada da cidade, assim como os valorescívicos, considerando a história, com umaabordagem ecológica, regional e descentral-izada através do controle e tratamento deresíduos, poluição que gera conflitos, da con-vivência das diversidades e valorização doslugares públicos urbanos, em um sistemaflexível e diferenciado, importante para aqualidade ambiental.

Inclui a tendência atual à valorizaçãodo patrimônio histórico, da memória e dastradições, da compreensão dos significados,da coexistência de diversas formas de cul-tura, da preocupação com os problemas dedeterioração ambiental contra a padroniza-ção e a fragmentação da paisagem urbanacontemporânea.

Além dos projetos urbanos, as edifi-cações precisam se moldar de forma har-mônica e interagir com seu entorno natural.Diversos aspectos devem ser analisados:local, materiais, tecnologias e formas apro-priadas, ventilação, mínimo desperdício deenergia, águas limpas, saneamento e gestão

dos resíduos. Alguns tipos de intervenção são com-

patíveis com o meio ambiente produzindosoluções apropriadas e equilíbrio na relaçãoentre ambiente natural e construído.Determinadas épocas e culturas tiveram essanoção incorporada ao ambiente construído.

A arquitetura colonial portuguesa seadaptou bem às condições climáticas doBrasil, principalmente se comparada a outrasarquiteturas que exigem climatização e ilumi-nação artificial, o que resulta em grande con-sumo de energia. Os índios brasileiros intera-giam com a natureza, tiravam dela seu sus-tento, mas desenvolveram formas susten-táveis de ocupação. . O universo da arquitetu-ra não possui soluções para questões estrutu-rais, políticas, econômicas, mas é de grandeimportância sua reflexão sobre formas deintervenção na paisagem urbana, possibili-dades e critérios que possam melhorar ougarantir a sobrevivência do urbano.

Percebe-se a cidade como um ecos-sistema, que transcende a relação entre oambiente natural e o ambiente construído eque pode ser vista como evento econômico,social e cultural que se expressa através derelações humanas e de trocas comerciais,culturais, funcionais e afetivas, de infor-mação, amizade, bens materiais, cultura,conhecimento O meio urbano é um ecossis-tema, onde tudo está relacionado e é inter-dependente.

Os problemas urbanos devem serencarados, tratados buscando seu equi-líbrio, o que exige o estabelecimento deuma relação de respeito entre o espaçoconstruído, a urbanização ou regeneraçãourbana e seu meio natural, eliminando con-flitos com a natureza, transformando acidade em um espaço democrático, dediversidade humana, lugar que responda àsexpectativas dos cidadãos e de desenvolvi-mento sustentável.

RESPOSTAS DO ECOURBANISMO

As cidades causam destruiçãoecológica, em maior grau e demandam uma

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resposta urgente. Espaços livres públicosurbanos como a rua, a calçada, a praça,são a base de geração da urbanidade e doecossistema urbano, daí decorre que asua revitalização passa a ser um dosgrandes desafios do Ecourbanismo.

“As calçadas são o palco de umindispensável contato casual, superfi-cial, utilitário ou fortuito, onde cruzamose interagimos com pessoas que nãoconhecemos, mas com as quais compo-mos uma rede de interações humanas,úteis e saudáveis, que caracteriza oespaço público” JACOBS.

Espaços que oferecem vida,diversidade e interesse geralmente estãoassociados a bairros sadios, com boasmoradias e sem exclusões, que cumpremfunções essenciais respeitando as diversi-dades. São locais com usos múltiplos,com personalidade própria e uma relaçãode respeito com a natureza.

O Ecourbanismo preocupa-se comaspectos como o aproveitamento racionaldos espaços e do tempo, a qualidade daágua e do ar, cuidado com o clima, micro-climas e a cobertura vegetal, controle deruídos, dos aspectos naturais, tecnológi-cos, além de maior inclusão social emmeio ambiente com qualidade, espaçospúblicos, enriquecimento da cultura ambi-ental, entre outros.Vê a energia como fundamental no desen-ho de comunidades. Os edifícios, hoje,consomem metade da energia utilizada,sendo o restante dividido entre o trans-porte e a indústria e a construção de edifí-cios e infraestruturas urbanas.

A água no urbanismo tradicional évista somente como água potável e águaresidual, enquanto os assentamentos sus-tentáveis são projetados para otimizar ociclo da água, com obtenção de água doceatravés de meios ecologicamenteaceitáveis, segregação das águas residu-ais para reutilização e irrigação, coleta eutilização da água das chuvas e, ainda, areposição do nível freático.

A participação dos usuários noplanejamento sustentável é efetiva até aaprovação final das propostas, não se lim-itando a passar informações sobre suas

necessidades. Preocupa-se com o for-talecimento das comunidades, respeitan-do os laços sociais, a interação social ecultural e sua vida comunitária, além darevitalização de edificações de valorhistórico e de zonas urbanas degradadas.

Tão complexa quanto à ligaçãoentre o ambiente edificado com o naturalsurge a relação entre a cidade e a perife-ria. Na periferia podem ser vistas áreasverdes, que amenizam o clima da cidade,os mananciais para o abastecimento deágua; a zona rural e as áreas querecebem os resíduos sólidos. Por tudoisso, a periferia precisa ser entendida nasua função ecológica em relação à cidadee preservada para os usos característicos.

A cidade informal representa umdesafio para o gestor ambiental. Algumasmedidas são fundamentais e a primeiradelas é estabelecer políticas públicas quelevem à integração com a cidade formal.Neste processo de integração, a partemais complicada é a criação de regrasespecíficas, pois:

"A persistência de normas pouco realistasacarreta um modelo de expansão urbanade densidades habitacionais muito baixassobre terrenos que se incorporam à áreaconstruída sem planificação alguma e acustos sociais cada vez maiores, o que dáensejo à invasão do espaço público e àcrescente segregação da cidade legal. Estemodelo, irreal para a maioria da popu-lação, é o que ainda prevalece, conferindoàs metrópoles latino-americanas umcaráter especial e contraditório, em face denormas mais estritas de qualidade ambien-tal” ALVA em "Metrópoles(In)Sustentáveis"

Em todo caso, um aspecto cru-cial da integração desses bairros infor-mais na cidade formal é criar regraspróprias de uso do solo e de edificações,adaptadas às condições locais e pactu-adas entre os poderes públicos, as comu-nidades e os demais interessados. Ouseja, a criação de um código de obras e deum código de procedimentos ambientaisadaptados às realidades específicas,mecanismos legais que permitam aosmunicípios atuar sobre suas áreas de pro-

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teção aos mananciais e o planejamento egestão do Sistema de Saneamento.Trata-se de um caminho possível ao poder localempenhado em compreender a necessi-dade de uma relação equilibrada entreambiente construído e ambiente natural.

Para implantação do novo geren-ciamento ambiental será necessária aelaboração de políticas de desenvolvimen-to que contemplem aspectos físico–terri-toriais e problemas ambientais, baseadosem diagnósticos locais, que consideremdimensões regionais e nacionais.

A integração da cidade informal àformal; o desenvolvimento das relaçõesentre cidade e periferia, entre construir epreservar são caminhos a ser igualmentepercorridos no sentido de ver as cidadescomo ecossistemas humanos complexose absolutamente indispensáveis. Paraisso, deve-se contar com a participaçãocomunitária, buscando soluções, esta-belecendo regras urbanísticas claras emecanismos eficientes de controle emonitoramento, tendo em vista o desen-volvimento sustentável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo de crescimento atualbaseado no interesse econômico precisaser revisto, da mesma forma que foi oentendimento de que os recursos naturaiseram infinitos, e de que a natureza pode-ria ser explorada, independente dosimpactos resultantes.

A conscientização leva a umamudança que privilegia um novo modelode desenvolvimento harmônico e respon-sável tanto social, econômico, culturalquanto ambiental, com respeito ao meioambiente e valorização da qualidade devida em bases sustentáveis.

Em função da emergência dasquestões ambientais, todas as áreas doconhecimento humano estão convergin-do ao desenvolvimento de umasociedade ecologicamente mais informa-da e consciente. Diante destas perspecti-vas, das relações entre sociedade enatureza, começam a ser valorizados: o

Ecourbanismo, a Bioarquitetura, os edifí-cios sustentáveis, os espaços saudáveise as normas voltadas para o equilíbrio dohabitat. A construção civil tem umaenorme responsabilidade face ao impactoambiental e ao gasto energético queprovoca em seu processo – origem, pro-dução, uso e resíduos.

O equilíbrio ecológico dos assen-tamentos humanos implica em preocu-pações com a conservação ambiental, emgarantir o tratamento dos núcleosurbanos e rurais, o que decorre em menorsegregação social, em acessibilidade docidadão aos benefícios da vida comu-nitária e sua participação na gestão deseus problemas.

Os projetos ecourbanos apresen-tam uma visão sistêmica e integral e ointeresse em soluções conseqüentes. Ourbanismo sustentável pede sociedadescapazes de abandonar o modo tradicionalde entender e fazer cidades e requer dis-posição, criatividade e o compromisso dosmuitos atores sociais, através de um diál-ogo efetivo, que cria condições deenvolvimento dos cidadãos no planeja-mento sócio – ambiental.

O desenvolvimento sustentáveldos projetos urbanos deve apoiar-se empontos que possibilitem o êxito de suarealização. Um dos pontos mais impor-tantes é o da participação-cidadã nas pro-postas, nos planos e projetos, pois se ocidadão não se sente informado ou nãoestá de acordo, é provável que falhem.

Outro aspecto é o da con-tinuidade dos projetos, pois os planos eprojetos não são planos de governo, masque continuam através do tempo, inde-pendentes de partido político ou modis-mos. Igualmente importante é a habili-dade de transformar os planos idealiza-dos em planos implementados. E, porfim, é indispensável a ferramenta decontrole e monitoramento constante,além de medidas corretivas no momentoexato da necessidade.

Somente haverá condições dereverter os impactos ambientais e alcançara qualidade de vida esperada, se for ado-tado um novo modelo de planejamento e

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gestão mais consciente e com qualidade,visando a eliminação de resíduos, aredução de desperdícios, o uso racional dosrecursos naturais, através do combate aoconsumismo e do fortalecimento da coesãosocial. Enfim, que se recuperem e pre-servem os recursos naturais, com tecnolo-gias limpas, políticas de transporte, uso dosolo, habitação, água e energia, entre out-ros, visando a diminuição dos impactosambientais, respeitando os ritmos eprocessos da natureza na busca da satis-fação das necessidades humanas.

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SPIRN, A. W. O Jardim de Granito- anatureza no desenho da cidade. SãoPaulo: Edusp, 1995.

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Cristina do Carmo Lucio 1

Bruno Montanari Razza 2

Nely Cristina Braidotti 3

Luis Carlos Paschoarelli 4

José Carlos Plácido da Silva 5

Lucio, C. C. , et. al - A importância dos cata-dores de materiais recicláveis para o desen-volvimento sustentável: Uma alternativa deaplicação da ergonomia e do design indistrial.Revista Assentamentos Humanos, Marília, v.6, nº1 pag. 35 - 43, 2004.

RESUMOO presente estudo tem por finalidadeapresentar uma revisão bibliográfica arespeito do tema Sustentabilidade, tantono âmbito ambiental, como econômico esocial. Apresenta a importância do cata-dor como um importante ator no desen-volvimento sustentável e as necessidadesda intervenção ergonômica nas atividadesocupacionais desses indivíduos.

Palavras-chaveSustentabilidade; catadores de materiaisrecicláveis; ergonomia; design industrial

ABSTRACTThe present study has for purpose to pres-ent a bibliographical revision regarding theSustentabilidade subject, as much in theenvironmental scope, as economic andsocial. It presents the collector importanceas an important actor in the sustainabledevelopment and the ergonomic interven-tion necessities in the occupational activi-ties of these individuals.

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A IMPORTÂNCIA DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEISPARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA ALTERNATIVA

DE APLICAÇÃO DA ERGONOMIA E DO DESIGN INDUSTRIAL

1 Graduando em Desenho Industrial; DDI – FAAC/UNESP; cristinalucio@uol.com.br2 Graduando em Desenho Industrial; DDI – FAAC/UNESP; brunorazza@uol.com.br3 Graduando em Desenho Industrial; DDI – FAAC/UNESP; ncristinab@bol.com.br4 Doutor em Engenharia de Produção - Ergonomia; DDI – FAAC/UNESP; lcpascho@faac.unesp.br5 Livre docente; DDI – FAAC/UNESP; jcplacidosilva@uol.com.br

Key wordsSustainability; recyclable materials collec-tors; ergonomic; industrial design

INTRODUÇÃO

O meio ambiente vem sofrendosérias agressões que podem levar aoesgotamento dos recursos naturais, cau-sando, com isso, um impacto ambientalsem conseqüências, além de problemaseconômicos, sociais, entre outros.

De acordo com MANZINI & VEZ-ZOLI (2002), é fundamental a utilizaçãode recursos renováveis nos sistemas pro-dutivos, de forma que os prazos de reno-vação sejam coerentes com a velocidadede consumo dos recursos.

A isso se dá o nome de desen-volvimento sustentável, que tem comoobjetivo atender “... às necessidades dopresente sem comprometer a possibili-dade de as gerações futuras atenderemàs suas próprias necessidades...” (ONU,1991, apud CALDEIRONI, 2003, p.54),considerando “... as dimensões culturais eéticas no processo de tomada dedecisão...”. (MAY et al, 2003, p. 2).

Para CALDEIRONI (2003), é nesseprocesso de desenvolvimento sustentávelque a reciclagem de resíduos sólidos“apresenta relevância ambiental,econômica e social” (p.34), desdobrando-se na organização espacial, preservação euso racional dos recursos naturais, con-servação e economia de energia, geraçãode empregos diretos e indiretos, desen-volvimento de produtos, saneamentobásico e proteção da saúde pública, ge-ração de renda e redução de desperdícios.

Alguns setores do poder público,responsáveis pelo lixo urbano, desconsi-deram esses aspectos, como é o caso daprefeitura municipal de São Paulo, cidadecom mais de 10 milhões de habitantesque até recentemente não possuía umprojeto de coleta de resíduos sólidos, ale-gando que tais projetos trazem prejuízos,justificando que se paga muito mais pelatonelada recolhida que pela vendida. Noentanto, um projeto de coleta bem estru-

turado, como aqueles implantados pelaprefeitura de Curitiba (“Lixo que não élixo”, de 1989, e o projeto do Jardim Iraijunto aos catadores, de 2003), trazem ageração de empregos, a diminuição dasdesigualdades sociais, o aumento daarrecadação de impostos, além da econo-mia com a coleta tradicional de lixo, poisos resíduos sólidos participam com umgrande volume no total da coleta. Alémdisso, há também o ganho ambiental como processo de reciclagem, pois muitosmateriais que poderiam ser levados parabueiros e córregos através da chuva estãosendo recuperados pelos catadores.

Esse artigo de revisão objetivaapresentar a importância que os cata-dores de materiais têm para o desen-volvimento ambiental, econômico esocial, e de que forma o design industri-al pode intervir positivamente para amelhoria das condições de trabalhodesses atores sociais.

A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVI-MENTO SUSTENTÁVEL PARA APRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Para se pensar corretamente emsustentabilidade, deve-se ter como pontode partida a capacidade de absorção erenovação dos ecossistemas diante dosefeitos gerados pela atividade econômica.Portanto, deve-se extrair do meio ambi-ente somente a quantidade de matéria-prima que possa ser novamente gerada.Esse respeito pode e deve estar estreita-mente ligado aos aspectos sociais e cul-turais do processo de desenvolvimentosustentável.

O homem, no início do processo deindustrialização, não se preocupava comproblemas ambientais, mesmo porque nãose imaginava o impacto ambiental decor-rente desse processo. Tais impactosincluem desde a degradação decorrente damassiva retirada de matéria-prima danatureza, como é o caso da bauxita (quealém da dificuldade do meio em se renovar,ainda polui o ar e a água de forma consi-

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derável), até problemas causados pelosdejetos industriais gerados pelos processosde pré-produção (a transformação dabauxita em alumínio, por exemplo).

Segundo LEWIS (1996, apudHENDERSON, 1996), uma vez conhecidostodos os recursos naturais de uma deter-minada região, é possível entender opadrão do modo em que esses recursosocorrem e saber como, e até que ponto, ocrescimento futuro pode chegar semdestruí-los completamente. No entanto,não é tão simples determinar o ponto decrescimento populacional e freá-lo. Pode-se observar uma situação contrária a esseraciocínio ao analisar o aumento popula-cional constante que, aliado ao desen-volvimento tecnológico, tem permitido ocrescimento e aumento da expectativa devida da população, com conseqüenteaumento do consumo de bens e serviços.

Ao considerar a questão do aumen-to do consumo, vem a preocupação com osrecursos naturais, pois há a nítida noção deque os recursos naturais são finitos, vistoque seu prazo de renovação, muitas vezes,não acompanha a velocidade de consumo.Por esse motivo, se faz necessário um novomodelo de desenvolvimento que seja sus-tentável em termos humanos e ambientais,pois, como meio ambiente, “... não deve-mos considerar apenas o meio físico quecerca o homem, mas também o sentido dainteração com a cultura humana, numarelação de reciprocidade” (AMARAL, 2002).

Há pelo menos quatro dimensõesque complementam a questão econômicanas dinâmicas do processo de construçãosocial do desenvolvimento sustentávelsegundo o MINISTÉRIO DO MEIO AMBI-ENTE (1997). São elas: a dimensão ética,que coloca o equilíbrio ecológico comonecessidade para o futuro das gerações; adimensão temporal, determinando a neces-sidade de planejamento em longo prazo; adimensão social, expressando o consensode que somente uma sociedade “menosdesigual e com pluralismo político” podeproduzir o desenvolvimento sustentável,entrando nessa dimensão a participaçãoativa dos catadores de materiais reci-cláveis; e a dimensão prática, que coloca a

necessidade de mudança de hábitos de pro-dução de consumo e comportamentos.

Nessa última dimensão cabeminúmeras mudanças, dentre as quaispodemos citar a introdução da reci-clagem, pois há a grave questão do lixo,causador de diversos problemas nos trêsaspectos de desenvolvimento: ambiental,econômico e social.

No aspecto ambiental, por exem-plo, os mais comuns são: a geração dechorume, que infiltra no solo, podendocontaminar os lençóis freáticos; a geraçãode gases tóxicos, associados ao efeito es-tufa, resultantes da decomposição do lixo;a criação de vetores de doenças, como aleptospirose e a leishmaniose; acúmulode água em embalagens, favorecendo acriação de transmissores da dengue;entre tantos outros problemas.

Quanto ao aspecto econômico dodesenvolvimento sustentável, há oentrave político. Uma visão superficialpode levar alguns governantes à ilusóriaeconomia pela não adesão a projetossociais de coleta e reciclagem de resíduossólidos e manutenção do atual sis-tema de coleta de lixo. Por outro lado,pode-se concluir que, subtraindo os resí-duos sólidos do lixo orgânico (Figura 01),haveria uma redução considerável na cri-ação de novos terrenos para construçãode lixões e aterros sanitários, reduzindo,com isso, o custo de manutenção dessesaterros, o custo com viagens de trans-porte de lixo e demais transtornos.

Os aumentos populacional e tec-nológico, com conseqüente crescimentoeconômico, geram a necessidade de cri-ação de maiores lugares para os despojosresultantes desse crescimento, no entan-to reduzem o espaço necessário paratanto. Esse processo aumenta a distânciaentre a cidade e os lixões, implicando emaumento de custo de combustível para otransporte e, muitas vezes, sendonecessárias negociações políticas eeconômicas pela necessidade de criaçãodesses locais em cidades vizinhas.

Para o BIRD – BancoInternacional para Reconstrução eDesenvolvimento, “é possível reduzir em

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muito o impacto negativo do crescimentoeconômico na deteriorização ambiental(...) Para que haja sustentabilidade oessencial não é produzir menos, e simproduzir de outra maneira” (CALDEIRONI,2003, p.57).

Se houvesse uma política deredução de resíduos, utilizando-se daseparação de resíduos sólidos de orgâni-cos, seria mais fácil gerenciar o lixo, apli-cando normas de segurança ambiental,recomendadas por tratados interna-cionais, como os aterros sanitários e otratamento diferenciado para o chorumee gases tóxicos, pois a atual forma comque é tratada a questão tem trazidoproblemas sociais sérios, pois levadospelos materiais recicláveis, muitas pes-soas sacrificam sua saúde em lixõesdiariamente, o que caracteriza, demaneira explícita, os problemas noaspecto de desenvolvimento social.

A RECICLAGEM COMO FERRAMEN-TA DO DESENVOLVIMENTO SUS-TENTÁVEL

O tema “reciclagem” é uma grandepreocupação na sociedade, principalmentepelo problema ambiental, pois a produçãoatravés da reciclagem polui menos que a

produção a partir de matérias-primas vir-gens. Baseado em pesquisas desenvolvidasnessa área, CALDEIRONI (2003) afirma quea reciclagem do alumínio polui 95% menoso ar e 97% menos a água; a do papel, 74%menos o ar e 35% menos a água, a dovidro, 20% menos o ar e 50% menos aágua. Os recicláveis têm um aspecto muitoimportante para a economia, pois são maisbaratos que a matéria-prima virgem (tantopara produzir como para adquirir), o queestá fazendo com que indústrias venham autilizar materiais recicláveis como matéria-prima. Conforme AMARAL (2002), asempresas e indústrias detêm os maioresrecursos no que se refere à conscientização,organização e capacidade de iniciativa parapromover o desenvolvimento sustentável, ecomo os empresários precisam preocupar-se com a competitividade, a reciclagemganha forças por seu fator econômico.

Por esse motivo, pessoas atual-mente excluídas da sociedade, em decor-rência do desemprego e das necessidadesfinanceiras, viram na coleta de resíduos sóli-dos uma grande oportunidade de geraçãode renda, principalmente porque estesmateriais são encontrados gratuitamentepelas ruas, rodovias e lixões das cidades.

Mas há ainda muito que fazer emtermos de coleta e reciclagem. SegundoCALDEIRONI (2003), com a reciclagem noBrasil, em 1996 foram economizados

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Figura 1 – Fardos de materiais recicláveis na Usina de Reciclagem de Lixo de Lençóis Paulista (SP). Projeto municipal de separação dos resíduos sólidos dos orgânicos.

R$ 735,6 milhões em matéria-prima, masforam perdidos R$ 3.435 milhões pela nãoreciclagem (Figura 2).

Ainda segundo esse autor, aeconomia total com reciclagem obtidaem 1996, no Brasil, incluindo economiade matéria-prima, energia e demaiscustos, como coleta, redução dapoluição do ar e da água, chega a R$1,2 bilhão, mas a economia perdida pelanão reciclagem chega a R$ 4,6 bilhões.

Há muito tempo a reciclagemdeixa de ser uma utopia, passando a seruma necessidade que precisa ser urgen-temente introduzida na vida de cadacidadão, seja pela questão ambiental,que vai se tornando insustentável pelanão reciclagem, seja pela geração deemprego através da estruturação daclasse responsável pelo processo decoleta, triagem e reciclagem.

A RECICLAGEM E O CICLO DE VIDADO PRODUTO

O ciclo de vida sustentável doproduto (Figura 3) compreende um con-junto de etapas que podem ser classifi-cadas, de acordo com MANZINI & VEZ-ZOLI (2002) em pré-produção, pro-dução, distribuição, uso e descarte. Apré-produção é a etapa a qual são pro-duzidos os materiais a partir dasmatérias-primas ou dos descartes erefugos dos processos produtivos eatividades de consumo (materiais reci-cláveis). A produção compete à transfor-mação dos materiais, montagem e seuacabamento. A distribuição é a etapa aqual o produto acabado é embalado,transportado e armazenado. O uso éetapa a qual o produto é usado por certotempo, ou ainda consumido. Já odescarte é quando o usuário decide nãomais utiliza-lo e resolve elimina-lo,gerando os chamados resíduos sólidosou materiais recicláveis.

Segundo RAMOS & SELL (2002),é importante identificar a fase do ciclo de

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Figura 2 – Economia de matéria-prima resultante da reciclagem do lixo no Brasil em 1996 (baseado em CALDEIRONI, 2003, p. 258).

vida do produto que causa maioresimpactos ambientais, facilitando, comisso, a atuação sobre o problema atravésda busca por soluções e escolha porestratégias de projeto mais adequadas.Para esses autores “... projetar, levandoem conta a ética e o meio ambiente,implica questionar a utilidade dos produ-tos e as necessidades que eles atendem.(...) O aumento da responsabilidade dosfabricantes sobre o ciclo de vida do produ-to, como tem acontecido em alguns país-es, pode mudar paradigmas de produçãoe de consumo que hoje garantem a sobre-vivência das empresas...” (p.6-7)

Como estratégia de desenvolvi-mento de produtos, considerando seu ciclo

de vida, não basta que um produto satis-faça os requisitos ambientais para ser con-siderado um bom produto; é necessárioque o mesmo satisfaça os requisitos deprestação de serviço, tecnológicos,econômicos, legislativos, culturais e estéti-cos, reduzindo o uso de materiais e deenergia e selecionando materiais, proces-sos e fontes energéticas de maior ecocom-patibilidade (MANZINI & VEZZOLI, 2002).

Nesse ciclo, os materiais reci-cláveis têm um papel fundamental, poisjustamente, conforme já citado, trazemeconomia de energia e são materiais comuma grande compatibilidade ecológica,pois deixam de ser inseridos no meioambiente como lixo e passam a fazer

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Figura 3 – Ciclo de vida sustentável do produto.

parte do ciclo de vida sustentável de umproduto. O ciclo de vida sustentável passaa ser um atalho social, ambiental e eco-nomicamente correto do ciclo de vida nat-ural de um produto, pois naturalmente,um determinado material poderia levarum tempo insustentável em termos ambi-entais para se reintegrar ao meio.

Nesse contexto, para que haja, defato, um ciclo de vida sustentável de pro-duto, há a necessidade de um projeto decoleta seletiva, a qual o catador de mate-riais recicláveis é peça fundamental.

ATORES DA RECICLAGEM: CATA-DORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

Há mais de meio século existemno Brasil os catadores de materiais reci-cláveis (Figura 4), uma classe silenciosade trabalhadores, de grande importânciapara a sociedade, para o meio ambiente epara a economia.

Esses importantes atores vêmsofrendo toda sorte de desrespeitos,desde agressões físicas a agressõesmorais pelas ruas, pois parte da popu-

lação considera o modo como se apresen-tam marginalizado, dando um aspectodesorganizado à cidade como um todo. Noentanto, apesar de toda falta de incentivo,essa classe vem tentando ocupar umespaço de respeito na sociedade, visandose organizar na forma de cooperativas eassociações. Mas, para que essa classe detrabalhadores continue a crescer e deforma digna é necessário que haja inter-venção de diversos setores, dentre osquais o desenho industrial tem um papelimportante.

Essa classe profissional tem, nasociedade como um todo, um papel fun-damental, preservando recursos naturais,diminuindo, com isso, resíduos sólidosdestinados aos lixões, além de interferirnas questões sociais, pois são pessoasexcluídas do mercado do trabalho, encon-trando na reciclagem uma oportunidadede emprego, embora irregular. Re-cen-te-mente o catador foi reconhecido comoprofissional autônomo pela Classificação

Brasileira de Ocupações, do MINISTÉRIODO TRABALHO E EMPREGO (2002), sobcódigo 5192.

Segundo CALDEIRONI (2003) os

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Figura 4: Catador de materiais recicláveis na região central da cidade de Bauru-SP.

catadores obtiveram, em 1996, um ganhototal de R$ 43 milhões, somente nacidade de São Paulo, no entanto deixaramde obter, pela não coleta, mais de R$ 57milhões. Esse valor perdido significariauma geração de 12 mil postos de traba-lho, podendo chegar a 28 mil. Para tanto,seria importante que se organizassem emcooperativas ou associações, com possi-bilidade de aumentar sua remuneração, oque vem ocorrendo com sucesso em algu-mas cidades brasileiras, como a cidade deSão Paulo, representada pela cooperativaCOOPAMARE, e a cidade de BeloHorizonte, representada pela associaçãode catadores ASMARE.

Mas nem sempre as associaçõesou cooperativas são um alívio para essaspessoas. Conforme estudo de MAGERA(2003), algumas dessas entidades, cri-adas de fachada com fins sociais, explo-ram mão-de-obra barata, principalmentede mulheres, e não dão satisfação de cus-tos e rendimentos aos maiores interessa-dos, que são os associados e cooperados.

A partir desse estudo, é possívelconstatar que há um vasto terreno a serexplorado em termos de coleta de materi-ais recicláveis, e com uma política corretade reciclagem poderiam ser amenizadosos problemas econômicos e sociais emcada região onde fossem aplicados e asituação irregular de trabalho dos cata-dores poderia ser resolvida.

Segundo SANTOS & PEREIRA(2002), se houvesse uma conscientizaçãopor parte dos designers quanto à fase deprojeto de novos produtos a serem indus-trializados, inserindo materiais coletadosno desenvolvimento do produto, haveriauma valorização do processo de reci-clagem, e como conseqüência disso, umavalorização da atividade de coleta doscatadores de materiais recicláveis, quevêem seu trabalho desvalorizado e deses-timulante, sendo considerado um subem-prego, pois é uma atividade pesada,árdua, e com baixíssima remuneração,devido ao baixo valor pago pelos reci-cláveis no mercado.

Para amenizar esse problema,poderia haver a intervenção do design, a

ser aplicado diretamente sobre essa ativi-dade profissional, possibilitando reestru-turar socialmente esse trabalho atravésdo oferecimento de equipamentos de tra-balho adequados para tal, pois atual-mente essas pessoas sofrem, além darejeição social, sérios problemasergonômicos em sua atividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os fatores tratados no pre-sente estudo, ou seja, econômicos, soci-ais e ambientais, precisam estar, neces-sariamente, associados entre si, para quehaja, de fato, a sustentabilidade a qual seespera. Apesar de o fator ambiental seratualmente o mais discutido, o fatoreconômico, por exemplo, é decisivo paraque empresas adotem políticas de cunhoambiental. Já o fator social, muitas vezesdeixado de lado, é tão importante quantoos demais, pois trata do aspecto humano,a partir do momento em que inclui nasociedade indivíduos excluídos do merca-do de trabalho e da vida social, comoocorre com os catadores de materiaisrecicláveis.

É de fundamental importânciaque esse ator social tenha reconheci-mento profissional, mas, principalmente,que sejam beneficiados de boascondições de trabalho, pois é uma peçafundamental no processo de desenvolvi-mento sustentável concernente aos resí-duos sólidos, colaborando consideravel-mente com a sustentabilidade do meioambiente, da sociedade e da economia.Também será necessária uma política devalorização dos materiais recicláveis nomercado de produtos, criando assim umciclo sustentável.

A questão do desenvolvimentosustentável é de âmbito multidisciplinar,ou seja, deve envolver diversos setorespara que possa funcionar de maneiraplena. Nesse contexto, o design podeintervir de maneira positiva nos trêsfatores mencionados, com destaque parao foco ergonômico das atividades ocupa-cionais dos catadores, na tentativa de

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amenizar o sofrimento desses profission-ais, não só em termos físicos, diminuindotranstornos de ordem fisiológica, mastambém intervir positivamente no fatorpsicológico ao propor melhorias funcionaise estéticas, dando ao catador um aspectode maior respeito perante a sociedade, enão mais o aspecto marginalizado que ocaracteriza.

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Ésio Glacy 1

Paulo Jordão 2

Glacy, É. e Jordão, P. Arquitetura aberta,sistêmica, dinâmica, multifuncional, interativa.Revista Assentamentos Humanos, Marília, v6,nº 1, pag. 45 - 47, 2004.

A arquitetura deve responder aum programa que é fruto de uma época elugar. O programa sintetiza as necessi-dades de um segmento social em deter-minado momento histórico e cabe aoarquiteto propor os espaços para abrigaras atividades correspondentes. Por outrolado sabemos que em virtude da veloci-dade das mudanças nas atividadeshumanas, os espaços que construímossão mais duradouros que as própriasfunções que justificaram sua criação.Então, o que fazer com as estruturas emconcreto e aço que construímos e que irãodurar séculos? Caberia ao arquiteto aten-der apenas às funções que lhe são colo-cadas no programa de necessidades outambém às funções ainda não sabidas oudesconhecidas que advirão no tempo?

Herman Hertzberger em seu livro"Lições de Arquitetura" propõe umaarquitetura cuja estrutura (aqui não nosentido de estrutura de sustentação) sejapassível de alterações para abrigar novasfunções, sem contudo descaracterizar-seou perder sua identidade. Esta arquitetu-ra proposta por Hertzberger sugere aadoção de um sistema estrutural modula-do, de sistemas horizontais e verticais decirculação de pessoas e materiais, de sis-temas de vedações e de instalações,

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ARQUITETURA ABERTA, SISTÊMICA, DINÂMICA, MULTIFUNCIONAL, INTERATIVA.

1 Ésio Glacy - Arquiteto, Professor da Disciplina Porjeto IV da Faculdade Dom Pedro II2 Paulo Jordão - Arquiteto, Professor da Disciplina Porjeto IV da Faculdade Dom Pedro II

todos com a flexibilidade necessária paragarantir a participação dos usuários naorganização dos espaços (interatividade)bem como as alterações e adaptações paraatender a novos usos ainda por surgir.

A modulação estrutural constitui-seem um dos pilares dessa nova arquitetura.A modulação irá gerar malhas ou grelhas,que agem como elementos estruturadoresda forma e impõe-lhe a necessária organi-zação. As alterações espaciais impostaspelo tempo são facilitadas pelo conheci-mento prévio dos sistemas adotados:estrutura, vedações, instalações, etc. Ofato do arquiteto valer-se de uma malhaestrutural para a criação dos espaçosarquitetônicos não significa em absoluto otolhimento de sua liberdade criativa pois aprópria malha é também fruto de sua cri-ação. Ressalte-se que a adoção de umamodulação estrutural na produção daarquitetura garante-lhe atributos que sãoinerentes às artes em geral tais como: aordem, clareza, unidade, ritmo, etc.

Nessa concepção a arquiteturadeixa de ser o edifício acabado com umasolução específica para um determinadoprograma, e passa ser um "sistema espa-cial /construtivo" com flexibilidade paraatender às necessidades do momento e

ao máximo de atualizações futuras.Sabemos que as coisas vão mudar! Masnão sabemos como, portanto devemosvaler-nos de um partido arquitetônicoaberto, sistêmico, dinâmico, multifun-

cional, para que o não previsto ocorra.

“Nossa cultura está marcada pela va-riedade de modelos, pela velocidade dasmudanças, pelo fugaz, pelo transitório, epor uma série de indeterminantes quefazem que todo processo acabado, her-mético se converta em obsoleto antesmesmo de ser colocado em prática.Arquiteturas dinâmicas se definem comoaquelas que possuem uma potenciali-dade latente de mudança, que variamsegundo uma necessidade específica porparte de seu habitante, entendido comousuário. A arquitetura é interativa, ondeo importante é o sistema criado em lugardo resultado. As coisas não têm lugar.Estes sistemas organizam uma novaforma de pensar a arquitetura, capaci-tando o edifício para o máximo possívelde usos e updates. A arquitetura se re-vela como promotora de situações, seestabelece com e no seu tempo “.

Arquiteto Affonso OrciuoliProfessor da Escola Técnica Superior

D’arquitetura De BarcelonaUniversitat Internacional De Catalunya

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Herman Hertzberger – Centraal Beheer - Amsterdam

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Praça Cívica – Esio Glacy e Lima BuenoSão José do Rio Preto (1970)

ERPLAN – Esio Glacy e Lima BuenoSão José do Rio Preto (1970)

Irajá Gouvêa 1

Patrícia Taves Romero Gouvêa 2

Gouvêa, I. e Gouvêa, P. T. R. - Profissão doAquiteto na sociedade brasileira Avaliação ePerspectivas. Revista Assentamentos Humanos,Marília, v6, nº1, pag. 49 - 53 ,2004.

RESUMO

Certamente este tema é semsombra de dúvidas o tópico principal dedebates nos encontros, congressos ereuniões de entidades ligadas direta ouindiretamente à construção civil e arquite-tura de nosso país.

A oportunidade de se criar novosrumos para a arquitetura no aspecto téc-nico – estético e/ou social, coloca para osarquitetos e urbanistas a necessidade derepensar sua inserção na sociedade quese busca construir, pensando e agindocomo cidadão comum, pensando e agindocomo profissionais ligados à produção doespaço social nacional.

De maneira clara e objetiva,respondendo as indagações dos alunos dearquitetura, procuramos abordar e posi-cionar algumas das principais questõesque hoje se colocam perante o conjuntode profissões no país. As questões geraisreunidas neste trabalho de caráter pura-mente introdutório devem ser criticadas edebatidas pelos leitores, de maneira acontribuir para o pensamento acadêmico,científico e também, de fornecerrespostas às duvidas dos estudantes dearquitetura e urbanismo de todo o país.

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PROFISSÃO DO ARQUITETO NA SOCIEDADE BRASILEIRA AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS

1 Arquiteto Ms. Irajá Gouvêa - Professor na Faculdade de Engenharia e Arquitetura e Tecnologia da UNIMAR2 Advogada Patrícia Taves Romero Gouvêa - Consultora Jurídica

ABSTRACT

Certainly, this subject is undoubt-edly the debates main topic on meetings,conventions and conferences of entitiesconnected direct or indirectly to civil con-struction and to our country architecture.

The opportunity of making newdirections to architecture in technicalaspect – esthetic and/or social, places forthe architects and urbanists the necessityto rethink their insert in the society thatlong for to build , thinking and acting likean ordinary citizen, doing it as profession-als connected to the national social spaceproduction.

In clear and objective way,answering to the architectures studentsquestions, we try to approach and locatesome of the principal questions whichtoday place in country professions set. Thegeneral questions congregated on thispaper, with purely introductory character,have to be debated and criticized by thereaders, having a hand in the academicand scientific thought, and also, providinganswers to the whole country archictectand urbanism’s students doubts.

Palavra-chavePapel do arquiteto, direitos funda-

mentais do cidadão, responsabilidades docidadão, responsabilidades do Estado,profissão do arquiteto.

INTRODUÇÃO

Quando falamos do arquiteto den-tro do contexto social brasileiro, de sua for-mação acadêmica e de sua relação comoutras profissões afins ou não, nós arquite-tos, sendo responsáveis pela produção doespaço construído, devemos lembrar quemuito já foi conquistado ao longo doprocesso evolutivo político-cultural denosso país, porém, ainda nos falta muito aser conquistado ou reorganizado devido aopróprio dinamismo político-social em quevivemos. Grosso modo, podemos citar arelação do arquiteto com a sociedade

através de diretrizes já estabelecidas, masque de alguma maneira não estão sendorespeitadas ou ainda, não se está dando odevido valor, entre elas:

- O espaço habitado brasileiro, bemcomo, as decisões sobre as condicio-nantes e determinantes da produçãodeste espaço, não podem ser feitassem a efetiva participação do profis-sional de arquitetura, organizados emsuas entidades e em íntimo relaciona-mento com os setores populares dire-tamente envolvidos;- A necessidade de inserir as preocu-pações espaciais e ambientais nasgrandes decisões políticas, relativas aodesenvolvimento nacional, gerandoum comprometimento do profissionalcom as decisões políticas do país;- A integração do arquiteto comoprofissional e cidadão junto à comu-nidade na construção de seu habitat,resultando uma real participação po-pular na construção do país;- O acesso a terra – na cidade e nocampo é condição básica para que sepossa almejar uma sociedade livre ecapaz de organizar seu próprio espaçode vivência em condições dignas;- De um lado a difusão do conhecimen-to tecnológico possibilitando recursosmais amplos ao profissional dearquitetura, de outro lado, acesso ainformação, gerando para a sociedade,uma agilização no processo de acultu-ração, com isso, resultando um maiorentrosamento e aproveitamento dasociedade na produção intelectual doarquiteto;- A inserção da questão ambiental nocentro dos debates e decisões políticasda nação, fazendo do arquiteto e deoutros profissionais a ele ligado, umacionador e gerenciador dos mecanis-mos para assegurar as condiçõesambientais ideais à sociedade.

PAPEL DO ARQUITETO

Frente à situação político-socialpor que passa o nosso país e porque não

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dizer o mundo, sente-se cada vez mais anecessidade de fortalecimento das enti-dades representantes das diversas cate-gorias profissionais no sentido demanutenção do desenvolvimento social. Esob este aspecto, cabe ao arquiteto iso-ladamente um compromisso solene com ademocracia e os problemas relacionadoscom o habitat, junto aos demais arquite-tos, constituídos por suas entidades,apresentar um rigoroso movimento demobilização para a efetiva participação natomada de decisões políticas do país.

Os arquitetos que ao longo dosanos tem buscado incessantemente umamelhor compreensão do seu papel nosdiversos contextos abrangidos peloprocesso social brasileiro têm hoje umaclara definição de ações a serem investi-das, mas que, necessariamente devempartir do coletivo, ou seja, associações declasse, CREA, CONFEA, IAB, sindicatos edemais entidades.

Ao exercer o papel de cidadão e profis-sional, o arquiteto busca basicamente:- Resgatar e assegurar o direito funda-mental do cidadão relativo ao habitat eespaço construído;- Apoiar o poder constituído nacobrança das responsabilidades docidadão relativo ao habitat e espaçoconstruído;- Cobrar do Estado suas responsabili-dades (tarefas públicas) relativo aohabitat e espaço construídos;- Definir junto ao poder público osinstrumentos de normatização relativoao habitat e espaço construído;- Estabelecer diretrizes claras edinâmicas sobre a profissão doarquiteto e urbanista junto às demaisprofissões.

O ARQUITETO E O DIREITO FUNDA-MENTAIS DO CIDADÃO

Habitação - Cabe ao arquitetoatravés de suas entidades, cobrar doEstado, programas habitacionais mais efi-cazes e que garantam a sociedade umamelhor qualidade de vida;

Meio ambiente construído – oarquiteto deve reivindicar um habitatqualificado, ou seja, infra-estrutura bási-ca, higiene e saúde ambiental. Alémdisso, não pode esquecer que faz partedeste meio ambiente construído a identi-dade cultural, a qualificação arquitetônicae até mesmo, a memória da cidade.Cidade – Ao profissional de arquitetura eurbanismo fica a incumbência de cobrar efiscalizar este direito do cidadão desde odireito aos serviços e equipamentos até odireito a espaços públicos, à convivênciaaberta, à animação urbana. Este tipo decobrança pode significar um ponto deapoio para o combate a segregação socialurbana, um elemento de mudança noscritérios para planejamento e investimen-to urbano.

Propriedade urbana – Desapropriação – Sabendo que o

direito à propriedade é limitado pelo inter-esse público, cabe ao arquiteto cobrar dopoder constituído, ações deste tipo paraocupar, para reurbanizar e para preservaráreas de interesse coletivo, significandouma dilatação do conceito de interessepúblico na direção da qualificaçãoarquitetônica e urbanística da cidade.

Qualificação da propriedade – Oarquiteto através de sua entidade declasse deve determinar sob certas circun-stâncias de interesse público, qual utiliza-ção adequada para uma determinada áreapública ou privada.

Limitações urbanísticas – Oprofissional da área de arquitetura eurbanismo deve fiscalizar as regulamen-tações estabelecidas quanto ao uso e ocu-pação do solo urbano e das edificaçõesem geral.

O ARQUITETO E AS RESPONSABILI-DADES DO CIDADÃO

Assim como o direito, as respons-abilidades estabelecem as relações entreo cidadão, individual ou em grupo com acidade e a sociedade. Cabe ao arquiteto,através de suas entidades e individual-

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mente, cobrar de forma consciente estasresponsabilidades:

Do cidadão – três podem ser asresponsabilidades do cidadão quanto àhabitação, meio ambiente construído,cidade e propriedade: a primeiro é aobservância da lei, que é a submissão doindivíduo ao coletivo; a segunda é a guar-da que ele deve exercer sobre a condiçãoda cidade, a efetiva fiscalização dos atospraticados para a cidade; em terceiro estáa responsabilidade do cidadão quanto àdecisão do rumo e do destino da cidade,ou seja, a sua participação nos processosde decisão e de controle sobre a cidade.

Dos promotores e proprietáriosimobiliários – os que se valem da cidadepara auferir lucros (promotores do espaçourbano e arquitetônico), são detentoresdo poder de transformação da cidademuito mais poderosos do que qualquercidadão isolado, a eles deve exigir:

- que não onerem os diversos sistemasurbanos de equipamentos ou serviçosatravés da superocupação do solo oupela excessiva concentração de ativi-dades no interior da cidade;- que não onere os já citados sistemasurbanos pela não ocupação do solourbano, como ocorre nos casos clássicosde estoque de terra;- que não provoquem impactos inab-sorvíveis sobre o meio ambiente urbano.

Das comunidades organizadas –as associações de moradores e demaisorganizações são responsáveis pelaarticulação dos cidadãos na tarefa per-manente de exercer cobrança e opiniãosobre a condução e destinos de suasfrações de cidade.

O ARQUITETO E A RESPONSABILI-DADE DO ESTADO

Cabe ao Estado, fundamental-mente, garantir os direitos e fazer vigir asresponsabilidades de casa cidadão. Paratal, o Estado, em seus diversos níveisdeverá prover a sociedade com:

Habitação – Embora este itemseja extremamente polêmico, cabe ao

arquiteto em suas entidades de classe,apoiar e incentivar o Estado numa políticade habitação social, buscando parcerias edefinindo metas a serem cumpridas, acurto, médio e longo prazo. Por outrolado, a habitação representa um setorimportante do processo produtivo. A ger-ação de materiais, peças, a construção eequipamentos de habitações compõemum canal importante de desenvolvimentoindustrial, cabendo ao Estado formularuma política industrial de habitação.

Impacto ambiental – O arquitetocomo profissional e/ou cidadão devecobrar do poder público uma maior fiscal-ização e limitação do uso intensivo dacidade, do uso tolerável e ressarcívelmediante melhoramentos. Assim, aresponsabilidade pública de definir emedir o impacto ambiental resultará todauma nova motivação quanto ao trabalho ea produção do arquiteto.

Espacialização do orçamentopúblico – O profissional de arquiteturadeverá cobrar do Estado, através de seusgestores, uma amarração necessária entrerecursos, programas e lugares, ou seja,possibilitar a comunidade uma partici-pação e fiscalização nas ações do poderpúblico em quanto gastar, onde gastar ecomo gastar?

O ARQUITETO E OS INSTRUMENTOS DENORMATIZAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

Para que se possa buscar umdesenvolvimento social de formaabrangente em nosso país, é preciso esta-belecer regras rígidas, de fácil compreen-são, assimilação e efetiva cobrança.Embora este assunto tenha sido sempreuma constante nas pautas de vários gov-ernos, podemos perceber que nem sem-pre tem se colocado como prioridade, tãopouco, formulados de acordo com a reali-dade do país. Ao arquiteto, cabe a incum-bência de participar da produção e reno-vação de normatizações necessárias parao desenvolvimento do espaço habitadobrasileiro. Entre elas, podemos citar, adesapropriação, uso e parcelamento do

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solo, ganho de urbanização, planos deinvestimento urbano, reforma tributáriaentre outras.

O ARQUITETO E A PROFISSÃO

Ao observarmos a profissão doarquiteto no Brasil, podemos perceberclaramente uma problematização no quese refere à delimitação do campo profis-sional e as interfaces com outras profis-sões. Paralelamente, outras questõessurgem, como a autonomia de organizaçãoe a formação acadêmica. Cabe as enti-dades ligadas a profissão estabelecer epropor soluções para minimizar a curto emédio prazo algumas destas divergênciastão antigas quanto à própria profissão.

Direitos fundamentais – Oprimeiro é o direito ao trabalho, em áreasespecíficas de sua competência, em estre-ita vinculação à sua formação acadêmica.O Segundo é o direito à livre organizaçãoem órgãos autônomos, visando a fisca-lização do exercício profissional. O ter-ceiro é que seja respeitada a autonomiaintelectual e técnica do arquiteto em qual-quer situação de trabalho.

Papel do Estado – Definir a partirde seus órgãos ligados ao ensino, os li-mites, as especificidades e os campos deatuação das diversas profissões de nívelsuperior do país, sem superposições pre-judiciais à qualidade da produção dosprofissionais.

CONCLUSÃO

Questionando a participação ver-dadeira do profissional de arquitetura den-tro de seus órgãos representativos e anossa verdadeira atribuição frente àprópria estrutura da formação acadêmicanacional, acreditamos que este será ocaminho para a redescoberta da forçasocial, através da qual se deve pleitearnossa atuação como profissionais partici-pantes do processo histórico de nosso país.

É papel do arquiteto antes detudo, ser um agente catalisador na trans-formação dos anseios de uma sociedade e

em gerador de elementos construídos nosespaços habitados.

Exige-se do arquiteto e urbanistaque o mesmo se debruce sobre sua cidade,compromissado com sua forma, seu con-teúdo, encarando suas contradições nãocomo defeitos, mas como temas propostos,que encare sua tarefa de projetar e reorga-nizar seus espaços com responsabilidadesocial, mais que individual.

Por sua vez, o arquiteto deve exi-gir do Estado uma definição de uma políti-ca cultural de modo compatível com osanseios de participação da sociedadebrasileira, como única forma de asseguraro atendimento de seus legítimos interess-es e necessidades. Essa política não selegitimará se não incluir as questões ati-nentes à produção arquitetônicabrasileira, em todos os nível e modali-dades, da simples concepção de umamoradia popular, passando por um com-plexo edifício de uso coletivo e culminan-do no planejamento e implantação de umprojeto urbanístico que satisfaça asexigências culturais, tecnológicas e sociaisdas gerações presente e futuras.

BIBIOGRAFIA

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SINGER, P. Economia Política daUrbanização. São Paulo: Brasiliense,1975.

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Paulo Kawauchi 1

Maria Alzira Loureiro 2

Kawauchi, P. e Loureiro, M. A. - Experimentswith cyclic curves I - An Innovative TeachingMethodology in Geometric Design. RevistaAssentamentos Humanos, Marília, v6, nº1, pag.55 - 65, 2004.

ABSTRACT

“Experiments with cyclic curves I” is theresult of specific interdisciplinary experi-ments with Graphic Representation. Themain purpose is the development of asystemic, holistic and prospectiveapproach related to Design teaching andresearch, especially Geometrical Designand Descriptive Geometry, attempting todevise an innovative methodology.

Key Words: Geometrical Design,Projective Design, Discontinuities, Theoryof Singularity, Theory of Catastrophe,Ergonomic Design, Systemic Approachand four-dimensionality.

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EXPERIMENTS WITH CYCLIC CURVES IAN INNOVATIVE TEACHING METHODOLOGY IN GEOMETRIC DESIGN

1 Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP. Professor dos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia FEAT-UNIMAR.kawauchi@terra.com.br

2 Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP. Professora Titular de Desenho Expressivo e DesenhoTécnico do curso de graduação em Arquitetura e Engenharia Civil da UNIP - Bauru.malzi@terra.com.br

INTRODUCTION

In every field which requires graphic rep-resentation, the teaching of geometricaldesign and descriptive geometry is usual-ly developed acoording to traditionalmethodologies, making use of traditionalinstruments. Computing opens new waysto education and research in graphic rep-resentation, making the teaching of suchsubjects special and distinct, aiming atkeeping abreast of the scientific and tech-nological advances.

The sparse bibliography on methodologi-cal innovations in the teaching ofGeometrical Design and DescriptiveGeometry has been the reason of theseexperiments.

Ergonomy, which is fundamental to pro-jects, either in Architecture or IndustrialDesign, has been used as a starting point.

As any other research, effort we havestarted by questioning reality, namely byspecifyng.

- What are the problems in geometricaldesign and descriptive geometry neces-sary to represent graphically theergonomic problems in Industrial Designand Architecture projects?

- What is the teaching methodology ingraphic representation suitable to developthe students’ systemic view and theirinterest for research and new findings?

DEVELOPMENT

We have contacted researchers in graphicrepresentation who were developing stu-dies on Ergonomy.

Prof. Paulo Kawauchi from FAAC-UNESP-BAURU, was just starting a research onthe movement of a worker’s arm whileperforming a certain task, having as ref-erence, an article on the subject:

“Industrial Workplace Layout”.

These American authors show that thenormal and the maximum areas used inan industrial task may be determined byparametrical equations. According to theauthors, the curves obtained from theseequations are EPICYCLOID.

To go from the visual perception to areading of the non-verbal, we have star-ted by analysing the projection of themovement of arm in true size. For thisfirst step, we examined the possiblemovements of a person's arm in a hori-zontal, lateral and vertical planes.

GENERAL PROBLEM

We have started by analysing theTraditional Teaching Methodology ofGeometrical Design and DescriptiveGeometry, which treat the specificities ofPlane Geometry and Space Geometry inan isolated and Cartesian manner.Evidently, Geometrical Design andDescriptive Geometry Traditional TeachingMethodology follows the criteria of theindustrial age.

a - Standardization of teaching programs,methodology, examinations, etc. It isknown which subjects related toDescriptive Geometry, GeometricalDesign, etc. The exams are also similar toa certain group of students.

b - Synchronization of syllabuses and sub-jects in undergraduate courses.

c - Graduagte Studies for Teachers inGeometrical Design, DescriptiveGeometry, Technical Design, Ergonomy,etc.

d - Centralization of the know-howrequired by the subjects within thebounds of the teacher’s knowledge. It isthe teacher himself or the teachingdepartment that determines what, how,

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when and how much to teach aboutGeometrical Design or DescriptiveGeometry.

e - Concentration of knowlegde onGeometrical Design and DescriptiveGeometry found in books which were pub-lished at the beginning of the century andbave been copied by many differentauthors, with practically no innovation.

f - Maximization of knowledge required byGeometrical Design and DescriptiveGeometry, which at times are not effecti-velly used for practical purposes.

ON THE CYCLIC CURVES

We could have any subject on GeometricDesign as an example. For that experi-ment, we analysed the teaching of cycliccurve drawing, since this was the subjectwhich mattered to the demonstration ofthe published article “Industrial WorkplaceLayout”.

1. Cyclic curves are only taught inGeometrical Design in their three proce-dures: Cycloid, Epicycloid andHipocycloid (simple, long, shortened)

2. Some points are assessed: the linequality, the precision of the construction,the theoretical demonstration by meansof Euclidian Geometry.

3. The development of abstract thought isan end as an end in itself.

4. It is not demanded the estabilishimentof the relation of these curves and time,i.e., and four-dimensionality.

PROBLEMS

On the development of the animatedapproach: How can can one analyse andprove the kind of line that an ordinarymovement of the upper arm describes inspace?

On the objectives: Devise an appropriateinnovative methodology which couldrelate to the two questions asked at thebeginning of this research, which couldmotivate Design Teaching System andcould create an innovative graphic lan-guage.

FIRST OBSERVATIONS

We have started by observing and select-ing the position of arm, forearm andhands which throw themselves in truedimension in the horizontal, frontal andlateral planes.

Positions on the horizontal plane(view from above)

Positions on the frontal plane(view from the front)

Positions on the profile plane(view from one side)

IT HAS BEEN DETERMINED

a. The maximum movements of arm,forearm and hands on each of the aforementioned projection planes.

b. The maximum angles of each move-ment of the arm, forearm and hands oneach projection plane.

c. The proportions of the average lengthsof the arm, forearm, and hands analysedin different people.

d. The average lenths of the arm, forearmand hands, analysed in different people.

THE DEVELOPMENT OF THE SYS-TEMIC APPROACH

How could it be demonstrated that suchrecords are similarly and contiguously cor-related subjects, developed in GeometricalDesign and Descriptive Geometry?

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SIMILARITY ANALYSIS

a. The points of flexibility of the humanarms are circumference centers: theshoulder, the elbow and the wrist.

b. The lengths of the arm, forearm andhand are radii of three circurnferences.

MOVEMENT VARIATIONS

VARIATION 1

With no flexibility: in the wrist or elbow.With maximum flexibility in the shoulder.Shoulder: center of an arc of circumfe-rence whose radius is equal to the addi-tion of the lengths of the arm, forearmand hand.

VARIATION 2

With no flexibility in the wrist or shoulder.With flexibility in the elbow.Elbow: center of an arc of circumferencewhose radius is equal to the lengths of theforearm + hand.

VARIATION 3

With no flexibility in the shoulder orelbow.With flexibility in the wrist.Wrist: center of an arc of circumferencewhose radius is equal to the length of thehand.

VARIATION 4

With no flexibility in the wrist.With flexibility in the shoulder and elbow.Shoulder and elbow: are aligned andtherefore are the centers of two arcs ofcircumference which have internal tan-gents, and the tangent point is theextremity of the middle finger.

VARIATION 5

With flexibility in the shoulder, elbow andwrist.

Shoulder, elbow and wrist: are alignedand therefore are the centers of threearcs of circumference which have internaltangents, having as the tangent point theextremity of the middle finger.

CONTIGUOUS ANALYSIS

ANALYSIS 1

If the maximum shoulder, elbow and wristflexions occur in sequence, in differenttime intervals, we will have a curved linemade up of three synchronic arcs, deno-minated by spiral of three centers.

ANALYSIS 2

If the maximum shoulder, elbow and wristflexions occur within the same period, wewill have a continuous movement of thepoints in space.

During this continuous movement, theextremity of the middle finger describes asegment of curved line with infinite cen-ters.

During this continuous movement, theshoulder determines only one point inspace, while all the points which arebetween the elbow and the shoulder, andalso the elbow itself describe arcs ot cir-cumference concentric to a fixed center,which is the shoulder.

During this continuous movement, all thepoints which are between the elbow andthe wrist, and also the wrist itself describecurved lines concentric to infinite centerswhich are the infinite positions of theelbow in space.

During this continuous movement, all thepoints which are between the wrist andthe extremity of the middle finger, andalso this extremity, describe curved linesconcentric to infinite centers which arethe infinite positions of the wrist in space.

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CONCLUSIONS

1. On teaching methodology and researchin Geometrical Design and DescriptiveGeometry.

The teaching of Geometrical Design as apurpose in itself, on the bidimensionalspace, eliminates the possibility ofanalysing other metric relationships of thefour-dimensional space.

This experiment has made us think aboutthe infinite Geometrical Design TeachingMethodologies that could be researchedon, taking into account four-dimensionali-ty.

2. On the denomination of the curve asbeing epicycloid, according to theauthors of the published article“Industrial Workplace Layout”.

At first we concluded, by similarity, thatthe movements of the parts of a man’supper arm describe segments of cycliccurve named hipocycloid, since the cir-cumferences are internally tangent andtheir center describe trajectories whichare arcs of concentric circumferences.

If we analyse separately the movementsdescribed by the points in space, relatingonly two circumferences at a time, thegraphic representation in the bidimen-sional space presents two hipocycloid seg-ments.

Segment 1 – The circumference with thecenter in the shoulder and the radius =arm + forearm + hand as being the direc-trix circumference of hipocycloid.The circumference with the center in theelbow and radius in the forearm + handbeing the generatrix circumference.

Segment 2 – The circumference with cen-ter in the elbow and radius forearm +hand, being the directrix circumference.The circumference with center in the wristand radius equivalent to the length of the

hand, being the generatrix circumference.

In plane geometry, the hipocycloid is ge-nerated by a fixed point in a circumfe-rence which spins, tangenting internallyto another without sliding.

Therefore, a whole turn of the generatrixcircumference determines in the directrixcircumference, an arc whose circumfe-rence is equal to the perimeter of the ge-neratrix circumference.

While carrying out the research, wearrived at the conclusion that:

The previously conceived conclusionwould be true if the man were a robot,programmed to perform precise move-ments.

Man belongs in Nature and, therefore, heisn’t an artificial Geometric system, but anatural organic system.

Perhaps, due to that, the continuousmovement within the same period makesthe points describe different speed trajec-tories, relating the trajectory lengths tothe inequality of the maximum areperimeters of the directrix circumferencesand of the generatrix circumferencesanalysed.

The chart of this curved line shows us aprogressive discontinuity on the spacetraversed as well as on the velocityapplied at each space fraction, and alsothe time spent by each point belonging tothe curve.

New objectives of graphic represen-tation

For this kind of research, the designteacher must be kept up-to-date.

We guess the reading of the non-verbal,together with recent information aboutthe Theory of Singularity developed byHassler Whitney, and mainly, the mostrecent studies about the Theory of

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Catastrophe would be the best path forresearchers.

The precise graphic representation hasalways been used in Architecture,Engineering, Industrial Design, etc. basedon Euclidean Geometry on bi and tridi-mensional spaces.

We could not simply call this trajectory bya the cyclic curve designated hipocycloid,having as references the circumferencesnamed directrix and generatrix, just relat-ing them to their positions in theEuclidean theory.

For this kind of graphic representation, wewould need a new type of research relat-ed to the Theory of Catastrophe, whereGeometrical Design would be the graphicconstruction of the descontinuous, andnot only the theorems related to EuclidianGeometry.

Graphic representation would be four-dimensional and not only bi or tridimen-sional.

It would be needed to devise specificcomputer software to chart singularities,bifurcations and elasticity.

The study of arithmetical progression andcontinuous and descontinuous geometryis a subject of fundamental interest tographic representation in the age of com-puting.

Graphic Representations

In order to represent graphically the pointtrajectories in space, continuously withinthe same period, each arc of circumfer-ence whose centers are in the shoulder,elbow and wrist, were divided into 6 equalparts.

The possibility to calculate and graphical-ly represent this continuous movementwas enhanced by making use of comput-er graphics.

During this experiment, which is relatedto Geometrical Design Constructions andthe teaching of graphic representation oforthogonal projections used in DescriptiveGeometry and Technical Drawing, themost for colored illustrations, procedurewas the two dimensions.

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Fig. 1 - Lateral Plane: Projection of a maximummovement in an arc of circumference whose center isthe shoulder and radius = arm+ forearm+ hand

Fig. 2 - Horizontal Plane: Projection of a maximummovement in an arc of circumference whose center isthe shoulder and radius = arm+ forearm+ hand

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Fig. 3 - Vertical Plane Projection of a maximummovement in an arc of circumference whose center isthe shoulder and radius = arm+ forearm+ hand

Fig. 6 - Possible centers of flexibillity: shoulder andelbow

Fig. 7 - Possible centers of flexibility: shoulder,elbow and wrist.

Fig. 8 - Centers of flexibility with impossible radii.

Fig. 4 - Possible centers of flexibility: shoulder,elbow and wrist.

Fig. 5 - Possible centers of flexibilyty: shoulder andwrist.

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Fig. 9 - Impossible movements: Ares of circumfe-rence tangent externally

Fig. 10 - Impossible movements: Ares of circumfe-rence tangent externally

Fig. 11 - Maximum movement of the hand: Arcs ofcircunferencewhose center is the wrist and the radiusis the length from the wrist to the extremity of the mid-dle finger.

Fig. 12 - Maximum movement of the hand: Arcs ofcircunferencewhose center is the wrist and the radiusis the length from the wrist to the extremity of the mid-dle finger.

Fig. 13 e 14 - Maximum movement of the hand:Arcs of circunferencewhose center is the wrist and theradius is the length from the wrist to the extremity ofthe middle finger.

Fig. 15 - Horizontal Plane: two maximum movement.

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Fig. 16 - Horizontal Plane: maximum movement ofan are of circumference with the center in the elbowand the radius = forearm hand

Fig. 19 - Detail of the double movement.

Fig. 20 - Horizontal Plane: six sequential position ofa maximum triple movement: Flexibility in the arm,elbow and wrist.

Fig. 21 - Horizontal Plane: Point trajectories inspace: Extremy of the middle finger: curve of infinitecenter. Wrist: curve of infinite centers. Elbow: arc ofcircumferences.

Fig. 17 - Horizontal Plane: two maximum movementat the same time. Arc with the center in the shoulderand are with the center in the elbow.

Fig. 18 - Horizontal Plane: the sequence of move-ment with the center in the elbow describes a seriesof cincumferences internally tangent to a circumfer-ence whose center is the shoulder and the radius isthe length from the shoulder to the extremity of themiddle finger.

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Fig. 22 - Horizontal Plane: Sequence of different dis-tances between the points, described within a sameperiod.

Fig. 24 - Lateral Plane: The points trajectory in spaceduring a triple movement.The extremity of the middle finger: curve of infinitecenters.Wrist: curve of infinite centers.Elbow: arc of circumference.

Fig. 25 - Lateral Plane: The relationship between thedifferent distances determined by the continuousmovement of a point within the same period.

Fig. 26 - Lateral Plane: The relationship between thedistances and angles described by a point in continu-ous movement within the same period.

Fig. 23 - Lateral Plane: The maximum triple move-ment with three points of flexibility: shoulder, elbowand wrist.

Observations: Horizontal Plane: relationamong distance, time and angles decribedby the maximum movement of thestretched arm, projected in rel greatnesson the horizontal plane.The distances and the angles among the 6positions are progressively reduced fromthe maximum stretched position to themaximum position of flexibility

Distance Variation:62.4741 - 3.1951 = 59.279059.2790 - 7.2239 = 52.055152.0551 - 7.6127 = 44.442444.4424 - 8.5043 = 35.938135.9381

Angle Variations:121 degrees - 1 degree = 120 degrees120 degrees - 3 degree = 117 degrees117 degrees - 5 degree = 112 degrees112 degrees

Observations: The distances and theangies among the 6 positions are progres-sively reduced from the maximumstretched position to the fold position ofmaximum flexibility.

Dimensions Variations:63.7288 - 05 6383 = 58 089758.0897 - 09 2892 = 48 800548.8005 - 10 9070 = 37 893537.8935 - 09 1333 = 28 760228.7602

Angle Variantions:118 degrees - 2 degrees = 116 degrees116 degrees - 5 degrees = 111 degrees111 degrees - 11 degrees = 100 degrees100 degrees

REFERENCES

Arnold, W. I. 1989. Theory of Catastrophe- Editora UNICAMP - Campinas - SãoPaulo, Brazil

Loureiro, M. A. 1993. The Drawing ofGeometrical Structures-An Alternativefor Teaching and Research at GraphicRepresentation Area, with Sistemic,Holistic, and Prospective Vision. Theseof Doctorate FAU-USP - Brazil.

Biman Das; Grandy R.M. 1990 - IndustrialWorkplace Layout - Departament ofIndustrial Engineering, Texas A&M University, College Station, Texas77843, USA.

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Valter Luís Barbosa1

Antonio Fernandes Nascimento Jr.2

Barbosa, V. L. e Junior, A. F. N. - Patrimônio cul-tural, turismo e ambiente. Revista AssentamentosHumanos, Marília, v6, nº1, pag. 67 - 74, 2004.

ABSTRACT

The twentieth century witnessedboth preservation and destruction of ourenvironment. Within the positive actions,we can point out the natural and culturalheritage preserved and a specific legisla-tion. As for the negative aspects, therehave been a number of authors publishingabout the indifference from the govern-ment and private institutions. They putinto evidence the environmental destruc-tion as an obstacle to the development ofthe tourism industry and its policy.

It is clear the necessity of estab-lishing new public polices and a new wayof thinking, including in this process thewhole society scientific community andgovernmental non-governmental and pri-vate institutions.

Key Words: tourism, environmental,cultural

RESUMO

Durante o século XX, houve práti-cas voltadas à preservação e depredaçãodo ambiente. Engloba-se neste contexto,o patrimônio natural e cultural preservado

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PATRIMÔNIO CULTURAL, TURISMO E AMBIENTE

1 Doutorando em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar – Universidade Federal de São Carlos

2 Professor Assistente Doutor da Área de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional:Assentamentos Humanos – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – UNESP, Campus deBauru-SP.

e uma legislação para esse fim. Quanto àdepredação, inúmeros autores têm publi-cado sobre o total descaso do poder públi-co e privado, destacando a destruição doambiente, inviabilizando políticas voltadaspara as práticas do turismo, bem como oseu desenvolvimento.Para tanto, urge a necessidade de se esta-belecer políticas públicas e mudança dementalidade, envolvendo todas as esferasdesse processo: sociedade, comunidadecientífica, órgãos não governamentais,poder público e privado.

Palavras-Chaves: Patrimônio natural ecultural, políticas de desenvolvimento,depredação e espaço.

INTRODUÇÃO

A preservação do ambiente torna-se, no final do século XX, imprescindívelpara a sobrevivência do homem em seusvários aspectos: econômico, cultural,social e ecológico.

Os diferentes espaços que denun-ciam a presença do homem como, centrosurbanos, as áreas rurais, enfim, do meiobiótico e abiótico, tem sido alvo deinúmeras formas de depredação. Atravésda mídia falada e escrita, a sociedade vis-lumbra um quadro extremamente caóticocomo: o vazamento de óleo de navios car-gueiros, poluindo mares e rios, aberturasde comportas inundando e fazendo desa-parecer espécies animais, vegetais e sítiosarqueológicos.

Há casos específicos dedepredação ambiental. RUIVO (1990)apresenta em relação à Amazôniainúmeras atitudes de depredação: des-matamentos realizados com fins agrícolase madeireiros em Rondônia e no sul doPará, através da extração indiscriminada eclandestina de madeira, atingindo áreas deocupação indígena e atividades de garim-pagem, despejando mercúrio nos rios.

Outro exemplo a ser destacadocomo forma de destruição ambiental estáa cidade de Cubatão-SP. Esta ganhou o

título de cidade mais poluída do mundoconforme VIOLA (1987). Estes podemser exemplificados como pontos de refe-rência da saúde pública dos moradores eprincipalmente o caso específico de cri-anças portadoras de acefalia.

A paisagem, as alterações feitaspelo homem na própria natureza, agoratransformadas em mercadorias, identificacomo são as relações entre sociedade e oseu ambiente, fruto, portanto das formasde organização social, das estruturas declasses e das suas contradições. Para (RODRIGUES, 1999 p. 57) “as

“amenidades”da natureza mercantilizada,num primeiro momento, como natureza“pura”, e isolada, passam a ser paulatina-mente transformadas com a (re)produçãosócio-espacial. Altera-se tanto a “pai-sagem” física como as relações sociaisatravés da indústria e da prestação deserviços.”

Em detrimento do quadro acimaapresentado, é preciso urgentementebuscar alternativas para amenizar oprocesso de degradação dos espaços ocu-pados pelo homem. Da necessidade de sereavaliar o sentido da natureza e a suaconstante homogeneização por parte daindústria do turismo, assim como poderreverter às várias ideologias que dis-torcem os diferentes lugares, principal-mente para os moradores desse mesmolugar e sua relação com os turistas.

Assim sendo, a criação, desen-volvimento e manutenção de atividadesturísticas podem estar relacionadas comas formas de preservar a interação entrehomem e a paisagem, fundamentando-senuma consciência política e ecológica.

Diante desse quadro, faz-senecessário, avaliar as práticas adotadaspelos agentes de turismo e do poderpúblico local, na relação entre opatrimônio cultural e o ambiente.

Portanto, é premente nestequadro, verificar até que ponto está direta-mente ligado à questão da conscientizaçãodo próprio turista no que se refere a ter umcomportamento totalmente voltado parauma mudança de postura e mentalidadeem relação ao patrimônio cultural e natu-

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ral. Tal fato se torna fundamental para apreservação, conservação e desenvolvi-mento das práticas no turismo.

O AMBIENTE URBANO,PATRIMÔNIO CULTURAL E TURISMO

A cidade

O homem historicamente semprebuscou outros povos, outras culturas, pro-pondo-se a ir mais longe de seus limitesgeográficos. CARVALHO (1999) explicaque a existência humana é um fato sociale quanto maior for às interações sociais,mais haverá um enriquecimento com suasexperiências e convívio com outroslugares. Neste sentido, a cidade torna-seproduto das relações humanas e habitat,por excelência, da maioria dassociedades.

O espaço da cidade é, portanto oreflexo da produção histórica do homem,resultado da sua forma de organização.Local do desenvolvimento industrial, tec-nológico, do consumo, do lazer, da divisãosocial do trabalho e da informação. Assim,o conjunto de todos objetos técnicos exis-tentes, reproduz a maneira de se pensaresse espaço: os monumentos, os jardins,as igrejas, os lugares turísticos, os par-ques, os casarões antigos que fazemparte dessa produção social.

O ser humano, diferentementedos outros animais, interfere no ambi-ente, no seu espaço. Conformedescrevem (SOARES e ALBERTI, 1993p.43): “fisicamente complexificado, con-segue despregar-se da natureza atravésdo trabalho de sua transformação, sofisti-cando qualitativamente sua capacidadelógica de categorizar, mediatizar e conse-qüentemente conceituar”.

O homem dá um outro significadoao ambiente (espaço), pois o faz estrutu-rando ligando à produção material e aosimbólico (SANTOS, 1982).

A paisagem, fruto dessa con-tradição, apresenta-se degradada pelodesequilíbrio existente do próprio homemno convívio com a sociedade. O seu habi-

tat, o ambiente urbano, é o resultado daprodução social e material construída pelohomem, se encarrega de materializar as“contradições” e promover a desigualdadesocial, expressão concreta como sínteseda dialética: natureza e sociedade.

Neste contexto, o ser humanotem posto em risco os patrimônios históri-cos, culturais, os diferentes tipos dearquitetura da cidade, as áreas de lazer,as praças, os “campinhos” de futebol,parques e reservas ecológicas naturaisdiante da chamada “modernização”. Nomomento em que o processo de globaliza-ção e da mundialização da economiatransforma-se numa questão irreversívelpara aqueles que acreditam neste modelode crescimento, ou seja, o economicismo,inviabiliza qualquer alternativa que sepossa colocar em risco tais práticas.

Hoje, quando se observam àsruas, percebe-se não ter mais a mesmaimportância de outrora, a percepção dolugar traduz a realidade assimilada porpoucos. Tornaram-se locais esquematiza-dos geometricamente, cada vez maisindiferentes, homogêneos, técnicos,racionais, virtuais e abstratos.

Contemporaneamente, o ambi-ente urbano fica reduzido, quase nãohavendo mais o local para a conversa, abrincadeira, o jogo, a discussão e areflexão. É agora, o local do consumo,como “Shopping Centers”, santuários docapitalismo, local da segurança e do lazerda classe média e alta, das construçõesverticalizadas, dos conjuntos residenciaisde padrão econômico elevado, tornando-se locais esterilizados, distantes da maio-ria da sociedade.

A irracionalidade urbana pareceser o caminho único proposto a todos. Oecológico se desconfigura, dificultando aspoucas práticas de uma reversão dessestatus quo. Pode-se observar antes dadegradação natural, física à degradaçãosocial, promovida em vários pontos dasgrandes cidades. Socialmente e economi-camente a periferia torna-se o reduto dasclasses menos favorecidas. Esses espaçosficam doentes, violentos, sem esperançae sem cidadania.

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O acelerado crescimento dascidades, ocorrendo de forma desordena-da, tem alterado de maneira incisiva oambiente, pondo em risco todo o ecossis-tema urbano.

É conforme esse paradigma queROLNIK (1998) explica que essa novaordem mundial se mistura com os efeitosda crise econômica, dando a ilusão de quea mesma irá terminar para posterior-mente avançarmos com esse modelo dedesenvolvimento.

Hoje, presencia-se um novoperíodo chamado por SANTOS (1993)de meio técnico-científico, resultado daadição ao território de ciência, tecnologiae da informação. Para este autor, viven-cia-se a interdependência da ciência e datécnica em todos os aspectos da vidasocial, situação que se verifica em váriaspartes do mundo.

Diante desse processo, há umadiminuição do espaço-tempo, com asmodificações nas formas de produção,terceirização e diminuição física das fábri-cas diante da ciência e da tecnologia. Poroutro lado há uma redefinição do papel doEstado, produto da economia globalizada.A sociedade é convidada a participardessa nova fase, não como cidadãos, mascomo objetos, consumidores, represen-tantes exclusivos do mundo da técnica,tornando-se cada vez mais alienados.

A cidade então, possui toda essaracionalidade, produz uma nova urbaniza-ção, da ciência e da técnica. Como exem-plo destacam-se as grandes metrópolesmundiais: Tóquio, Nova Iorque, Paris, LosAngeles, etc. Para BENKO (1996) amundialização é uma internacionalizaçãodas atividades, sobretudo ao nível dasfinanças (as modalidades foram definidasa partir dos anos 80) e estão em evoluçãoconstante. Assiste-se também a umatransformação da concorrência, nãosomente em termos de exportação-importação, principalmente em termos decusto, de qualidade, de rapidez etc... Além disso, a internacionalização trans-formou a organização e as estratégias dasfirmas. Observa-se uma convergência emdireção a um modelo pós-fordista.

Não é difícil constatar ascondições de vida da maioria da popu-lação nas grandes, médias e pequenascidades. Problemas como: habitação,transporte, energia, a questão do desem-prego, a degradação da saúde pública eda falta de lazer na maioria dos casos,tornaram-se crônicos para a sociedade. Essa situação é discutida por SANTOS(1993), pois esse processo ocorre emfunção do modelo de urbanizaçãoempreendido nas grandes capitais, atuan-do como receptáculos dos recursos públi-cos em favor de seus investimentoseconômicos, por sua vez, em detrimentodos gastos sociais.

É a urbanização corporativista,onde uma complexa rede de fatorescomo: tamanho urbano, o modelorodoviário, carência de transportes,especulação fundiária e imobiliária,garantem a espacialização da pobreza edo modelo centro-periferia.Portanto, as condições existentes para amaioria da sociedade que vive em áreasurbanas, vêm sendo agravadas no quetange à forma desse crescimento urbano.Neste contexto, nota-se a ocorrência dosespaços seletivos, obrigando a maioria àsubmissão das lógicas mercantis,econômicas, valorizando algumas áreas edesvalorizando outras.

Patrimônio cultural

Sabe-se que o conceito de culturaestá ligado não só à preservação de mo-numentos históricos e das obras de maiorexpressão, mas envolve o produto daação humana e também da sua natureza.De acordo com (MENEZES, 1999 p. 89):“a noção de cultura engloba aspectosmateriais como não-materiais e se encar-na na realidade empírica da existênciacotidiana. Tais sentidos, ao invés demeras deduções mentais, são partesessenciais das representações com asquais alimentamos e orientamos nossaprática”. Vê-se, portanto, que ela é umacondição da produção e reprodução dasociedade.

Assim, o homem é quem dá sig-

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nificado e valores às suas atividades, àssuas atitudes, aos seus comportamentos,aos seus costumes e aos seus hábitos,enfim, possui um envolvimento e se pro-jeta para o futuro, fazendo planos e dandosentido à sua vida. Neste caso, ele ultra-passa a sua natureza primária para pro-duzir relações sociais e culturais e opatrimônio cultural deixa de ser entendidocomo algo estático arquitetônico.

O patrimônio público é o estadonatural das coisas. O ser humano, notempo e no espaço, mediante as suas ati-tudes, incorpora o privado. Essa questão,nas sociedades democratizadas, já éposta em prática pelo próprio processopolítico, fruto de governos compromissa-dos com o ambiente, os quais admitemque o poder privado deve ser sacrificadopelo público.

YAZIGI (1999) comenta que emParis, pelo seu desenvolvimento cultural,político e social, tem desde 1995 projetospreservação de seu patrimônio semimpedir o seu crescimento econômico.Citam-se vilarejos que não foram desca-racterizados, provando que o novo podeconviver com o antigo. Em paralelo a essaidéia, MENEZES (1999), através doCONDEFAAT, na década de 70, desenvolveestudos denominados de representativi-dade. O objetivo dessa abordagem procu-ra aproximar a sociedade com sua culturano sentido de preservar a memória social.YAZIGI (1999), discute que a preservaçãoestá relacionada com o fato de a pai-sagem, ao ser considerada não definitiva,tem nos grupos humanos, imbuindo deuma consciência ambiental, o caráter deconservacionismo.

Inúmeras pesquisas têm dadoênfase à conservação do patrimônio cul-tural e têm resultado em atividades deordem ambiental, científica, educacional eturística, denotando o caráter do que énosso. Com isso, há um trabalho de edu-cação ambiental que permite aproximar ocidadão com o seu centro urbano, dandodestaque a uma coexistência pacífica,para não se perder a identidade cultural.

A proteção pelo controle das ativi-dades que possam afetar o bem protegido

é prevista pelo Decreto Lei 25/37 que dis-põe sem prévia autorização do Serviço doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional,na vizinhança da coisa tombada, fazerconstrução que impeça ou reduza a visi-bilidade, nem nela colocar anúncios oucartazes, sob pena de ser mandadadestruir a obra ou retirar o objeto, impon-do-se neste caso a multa de 50% do valordo mesmo objeto.

No litoral paulista, Praia Grande,foi posto a baixo o Parque Balneário-Hotelde Santos na década de 70, para dar lugara um shopping center e um conjunto deprédios de apartamentos.

Se o complexo urbano tem sidoalvo de inúmeras formas de destruição, omesmo vem a ocorrer com a paisagemnatural. Nesse exemplo cita-se a Juréiaque foi desastrosamente usada pelaAvibras para servir de local para testesnucleares. Contudo, a mesma não foitotalmente destruída, isto porque houveuma forte manifestação por parte dosambientalistas.

Outra forma de degradação ocor-rida nos anos 80. Uma vez que a urba-nização do litoral foi muito intensa, cau-sando o aparecimento de cicatrizes,erosões com conseqüente assoreamentodos rios, descaracterização da vegetaçãoprimitiva e escolha inadequada de sítiospara rodovias, ora quase em cima de pra-ias, ora cortando cidades deliberada-mente, com todos os inconvenientes deuma auto pista em meio a habitação.

É comum visitarmos as áreas cen-trais das cidades do Estado de São Paulo enotarmos a destruição do patrimôniohistórico e cultural. De forma direta,através da depredação dos ambientes,com a violência urbana e com a falta depolíticas educativas que venham gerarconhecimento e conscientização dasociedade. Por outro lado, de maneira indi-reta, com as ocupações indevidas doespaço urbano e dos investimentos imobi-liários, da especulação do capital em detri-mento da preservação cultural do lugar.

Em algumas cidades podemosnotar a depredação do patrimônio público,cultural pelas ações dos vândalos ou pelo

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próprio descaso das autoridades compe-tentes. A título de exemplo, destacamos ofim das ferrovias no Estado de São Pauloe a destruição das suas estações nasquais algumas cidades se projetaram eque hoje estão completamente abandon-adas, deixando de resgatar a sua história,a sua dignidade e a sua cultura.

Um exemplo particular ocorreuem Paris, com a Estação Ópera do metrô,situada num dos pontos mais nobres dacapital francesa e num cruzamento detrês linhas importantes, não precisoudestruir nada do seu entorno, pois a saídado subterrâneo se dá por uma escadariade metragem diminuta que não chegasequer a dominar a ilha da calçada situa-da em frente ao famoso teatro.

YAZIGI (1999) explica que, em1972 com a Conferência Mundial sobre oMeio Ambiente em Estocolmo, algumassociedades governamentais e não-gover-namentais passaram a atuar de formamais contundente em relação ao meioambiente e à vida. Este autor afirma queem escala governamental, constitucional,estadual e federal, existem competênciasrelativas à administração pública. Estapode intervir na paisagem e adotar políti-cas de preservação do patrimônio.

Portanto, ao haver um aparelhofiscalizador eficiente e maior grau de con-sciência ecológica da sociedade, pode-seobter mecanismos para defender a cul-tura, a ciência, a arte e a natureza. Sejamatravés das leis de proteção ambiental,assim como por toda a sociedade e dasinstituições não governamentais.

O turismo

No contexto turístico, entender acidade, bem como investir através dapreservação do patrimônio histórico-cul-tural, são fundamentais para o desen-volvimento do lugar.

Sabe-se que o turismo culturaliniciou-se na Europa, especificamentena Inglaterra, quando houve, atravésda revolução industrial, condições paraque a classe burguesa aumentasse odistanciamento dos demais, mantendo

o seu status e o seu poder.Com o advento do Imperialismo

na Ásia, na África e na América, o turismovai se constituindo em busca de novosespaços mais exóticos e desconhecidos. Apartir daí, um aparato de infra-estruturapassa a servir parte da sociedadeeuropéia que inicia suas viagens pelomundo. Tais fatos foram interrompidosnos períodos de guerra (1ª e 2ª GuerraMundial).

De acordo com YAZIGI (1999),os centros urbanos acham-se depredadospor influência de um turismo mal planeja-do e pelo descaso do poder público. Esseslocais podem ser constatados no HotelGlória no Rio de Janeiro. Neste, foramdestruídos os adornos originais (arteestuária) de seu complexo aquático, poisnão foram respeitadas as característicasartísticas.

Já na cidade de Atibaia, ocorreutambém de maneira não tão diferente dacitada: na década de 60 construiu-se umalto prédio ao lado da Igreja Matriz, o quegerou vários protestos por parte de JoãoBatista Conti, que era prefeito e portadorde uma formação cultural folclórica.

Ao aproximar a relação entreturismo e ambiente, YAZIGI (1999)comenta a importância do estudo da pai-sagem no turismo, assim como as modifi-cações feitas em função da produção dasociedade local e da sua cultura, porémnão desvinculado do cotidiano. A pai-sagem e o patrimônio ambiental como ele-mentos de grande relevância para a con-strução e desenvolvimento do turismo.

Atualmente as suas novas moda-lidades vão sendo alcançadas em buscado inusitado, do novo, em detrimento dolugar comum. Para o desenvolvimento dolugar a sociedade deveria integrar-se aolocal, procurando oferecer condiçõessejam elas de infra-estrutura, quanto aoconhecimento histórico e cultural do lugar.

Assim, o conhecimento do lugartorna-se fundamental, sendo a populaçãoimbuída para explicar e demonstrar para osvisitantes por que esse local é diferenciado.

Portanto, além dos órgãos gover-namentais e não-governamentais, a mídia

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tem um papel de destaque quando divul-ga a urgência de resgatar a importânciados patrimônios culturais e naturais,oportunizando a conscientização dasociedade como um todo. Há de ser lem-brado que, um turismo planejado possi-bilita a ampliação das divisas, valorizaçãoda cultura, aproximação dos povos,prestação de serviços, capacitação profis-sional, geração de empregos, racionaliza-ção do uso de bens culturais, científicos,tecnológicos e ambientais.

O patrimônio público-cultural,assim como a sua degradação, nosremete a uma reflexão para o modeloadotado, quanto ao tipo de crescimentocalcado na exclusão de grande parte dasociedade. O desenvolvimento das ativi-dades do turismo, portanto, depende daresolução destas questões, pois sem avalorização do lugar, da sociedade parti-cipante elevando o grau de distribuiçãodos equipamentos sociais, da distribuiçãoda renda, da educação e conscientizaçãopara as classes menos abastadas e dasclasses privilegiadas.

Além de uma ação dos agentespúblicos e privados envolvidos, para quehaja uma mudança de mentalidade noque diz respeito à utilização do espaçourbano, seja ele público ou privado, assimcomo das formas de uso do mesmo porparte dos diversos empreendedores.

Costuma-se justificar as açõescontra aos patrimônios, ou seja, dadegradação dos monumentos, comoresultado da pobreza, e esta contribuipara inviabilizar o desenvolvimento dopróprio turismo. Para YAZIGI (1999)não há uma relação direta entre miséria eo desenvolvimento do turismo, pois váriosexemplos são dados para fundamentarseu pensamento. Na Grécia, o patrimôniocultural convive com a pobreza da popu-lação, não descaracterizando seus princi-pais movimentos.

Assim ocorreu também em outrospaíses como no México em Acapulco e noMarrocos. No Brasil, o mesmo cita umaparticularidade, a do Hotel Sheraton noRio de Janeiro, justamente instalado afavela do Vidigal. Outro exemplo está na

cidade de Aparecida do Norte, em funçãoda grande freqüência da população a quelá se destina.

Contudo, ainda no Brasil, os com-plexos empresariais ignoram a pobreza ea miséria da população, permitindo assimos seus investimentos na área do turismo.O vandalismo, a violência e a pobrezapodem conviver com a prática do turismo,não estando vinculadas às manifestaçõesde ordem turística.

Para tanto, o urbano deve serrepensado, evidenciando suas formas deuso, assim como o tipo de apropriação doseu espaço, pois na maioria das vezes éutilizado apenas com fins especulativos,de lucro fácil, transformando-os em mer-cadoria, mas estando longe de relacioná-los à construção de um outro ambiente,em que se leve em consideração a identi-dade dos habitantes com o seu entorno.

A construção do turismo deve, por-tanto, ser entendida não apenas como con-seqüência do ambiente físico, mas dasrelações sociais estabelecidas, a preservaçãoou destruição do patrimônio e da história dolugar, relaciona-se às mesmas condiçõessociais, econômicas e culturais em que amesma sociedade está submetida.

O ambiente apropriado pelo turis-mo, não tem significado abstrato, masprovém de interesses, geralmente degrandes empresas que atuam seus inves-timentos em conivência com as políticaspúblicas locais, distanciada da realidadesocial e cultural de um determinado lugar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde-se observar, através dosrelatos anteriores, que vários são oslugares em que ao estabelecer o distanci-amento de políticas públicas, planejamen-to urbano e meio ambiente, tem-se adesvinculação na sua essência da perdada relação homem-natureza e de suascontradições sociais. Essa descaracteriza-ção relaciona-se com a depredação dopatrimônio histórico, cultural e com aecologia urbana.

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É extremamente importante quea sociedade possa interagir de forma dire-ta e indireta, definindo qual será o seupapel na preservação do patrimônioecológico, pois, a educação ambiental nãoé só uma oportunidade para que se recon-heça a cidade como um local onde sevive, mas também o lugar da construçãoda identidade cultural.

Assim sendo, o patrimônio cultu-ral e natural, tendo como finalidade – oeconômico, tem gerado conseqüênciasgraves à sociedade como um todo,descaracterizando o lugar, impondo novosvalores e objetos técnicos, artificializandoo ambiente e distanciando o homem desua cultura, na medida em que o espaçolhe é estranho, sem identidade alguma.

No entanto, as práticas políticasestão relacionadas para o uso e desen-volvimento exclusivo do capital, demon-strando que qualquer área seja ela natu-ral ou cultural, deixa de ser preservadaem função dos interesses de uma certaparcela de empresas privadas e públicas,ignorando a cultura e a história de deter-minada área.

A idéia da conservação dopatrimônio cultural deveria ser posta emação conjunta de todos os segmentos dasociedade, norteada por políticas queviabilizam a continuidade de uma inte-gração entre as diversas esferas deordem técnica, científica, política e dasociedade como um todo.

Poucas são as cidades que podemcontar com políticas que tem como pro-posta concreta à preservação do ambi-ente, assim como à conservação dopatrimônio histórico-cultural necessáriapara a obtenção de uma cidade maisevoluída do ponto de vista social, culturale por que não dizer do econômico.

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José Antonio Corrêa 1

Prof. Dr. Luis Carlos Paschoarelli 2

Prof. Dr. José Carlos Plácido da Silva 3

Corrêa, J. A.; Paschoarelli, L. C. e Silva, J. C. P.Revista Assentamentos Humanos, Marília, v6,nº1, pag. 75 - 82, 2004.

Resumo

A expressiva demanda ergonômica nosetor médico-hospitalar vem sendo carac-terizada por problemas ocupacionais e deinterface com os equipamentos. Estudossobre as atividades ocupacionais dosenfermeiros indicam a ocorrência devários problemas biomecânicos, muitasvezes sendo uma conseqüência do uso deequipamentos mal projetados. Assim, oobjetivo desse trabalho foi desenvolveruma abordagem ergonômica e de usabili-dade com profissionais de enfermagem.Os sujeitos (n = 142) desenvolvem ativi-dades com elevada carga de trabalho, oque decorre na indicação de sintomas dedesconforto, principalmente relacionadoàs atividades de movimentação e transfe-rência de pacientes, além disso, indicaramvários problemas no uso dos equipamen-tos. Essas condições corroboram com aimportância da aplicação do designergonômico no projeto desses produtos.

Palavras chaveenfermagem, design ergonômico, equipa-mento médico-hospitalar

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OS PROBLEMAS OCUPACIONAIS DOS PROFISSIONAIS DE ENFER-MAGEM E A NECESSIDADE EM APLICAR DESIGN ERGONÔMICO

NOS EQUIPAMENTOS MÉDICO-HOSPITALAR

1 Graduado em Desenho Industrial; DDI – FAAC / UNESP; to_dzn@yahoo.com.br2 Doutor em Engenharia de Produção - Ergonomia; DDI – FAAC / UNESP; lcpascho@faac.unesp.br3 Livre-docente; DDI – FAAC / UNESP; jcplacidosilva@uol.com.br

ABSTRACT

Interface and equipments workship havecharacterized the demanding ergonomicsrequest at the hospital environment.Researches with nurses indicate biome-canic problems, mainly because the baddesign of these equipments. This paperintends to develop an ergonomicsapproach and usability by the nursingprofessionals. The subjects (n = 142)develop activities based on high workinghours, turning to an uncomfortable symp-toms, especially related to activitiesrequiring body motion and patient car-riage, besides that, they show some prob-lems connected to the use of these equip-ments. The facts above clarify the neces-sity of an ergonomic design application forthese products.

KeywordsNursing, ergonomic design, hospitalequipment

1. INTRODUÇÃO

A pesquisa ergonômica dos últi-mos tempos tem se baseado principal-mente nos problemas ocupacionais decor-rentes dos atritos na interface homem Xtecnologia, o que resulta no aumento doabsenteísmo, na baixa produtividade dotrabalhador, na insatisfação com o tra-balho, entre outros fatores negativos querefletem em todo o setor produtivo e,conseqüentemente, em toda a sociedade.

Principalmente no Brasil, essequadro parece próprio das condições detrabalho dos mais diversos setores produ-tivos, com destaque para o de “serviços”.As atividades ocupacionais desenvolvidasno setor médico-hospitalar é um exemplointeressante e merece atenção, já que seconstata uma expressiva demandaergonômica.

Associado às características dasatividades desenvolvidas em clínicas ehospitais, observa-se que os profissionaisdos setores de enfermagem mantém uma

interface operacional com camas, macas,cadeiras de rodas e outros equipamentos,os quais deveriam auxiliar nas suas tare-fas, mas nem sempre o fazem. Assim,constata-se que esses profissionais apre-sentam-se expostos a sobrecargas bio-mecânicas, acarretando no aumento naincidência de DORTs (DistúrbiosOstermuscular Relacionados ao Trabalho).

Alguns estudos têm demonstradoque essa incidência de DORTs está associ-ada à transferência de pacientes entrecamas, macas, cadeiras de rodas e outrosequipamentos do gênero. Portanto, acompreensão e análise dessa atividadeocupacional e da interface entre essestrabalhadores e equipamentos é umaspecto fundamental para o planejamen-to e desenvolvimento da pesquisa e inter-venção ergonômica, tão expressivos paraa aplicação do Design Ergonômico(PASCHOARELLI, 2003) nos projetos deequipamentos médico-hospitalar.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Atividades desenvolvidas emenfermarias de hospitais e clínicas vemapresentando uma demanda crescente deestudos e abordagens ergonômicas. Taisatividades caracterizam-se por uma sériede procedimentos que envolvem: esforçosbiomecânicos severos; uso de equipa-mentos de apoio precários e ineficientes,entre outros fatores organizacionais e psi-cossociais próprios da profissão.

Precisamente quanto aos esforçosbiomecânicos, um estudo realizado com2284 profissionais de enfermagem naNova Zelândia aponta que 62,6% dessetotal apresentaram dores nas costas rela-cionadas às atividades ocupacionais(COGGAN, et al, 1994, p. 307). Essemesmo estudo propõe que diferentesintervenções devem apontar meios parareduzir a incidência desse distúrbio osteo-muscular. Outro estudo desenvolvido naItália, envolvendo profissionais de enfer-magem em um grande e um pequenohospital, demonstra que a incidência deDORTs em ambos é alta, 48% e 33%

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respectivamente. (LARESE & FIORITO,1994, p.1206-7).

Desenvolvido nos EUA, outroestudo (FUORTES, et al. 1994), apontaque as atividades ocupacionais de enfer-meiros apresentam significativa relaçãocom dores nas costas desses indivíduos, esugerem que intervenções devem serdesenvolvidas, incluindo as abordagensergonômicas. Segundo KINIBBE & FRIELE(1996, p. 189-196) as dores nas costasem profissionais de enfermagem se con-centram na região lombar e sacral para59,3% dos indivíduos analisados. Omesmo estudo relata que as dores nascostas são conseqüências dos longosperíodos de exposição a cargas excessi-vas; e também destaca a importância daergonomia como uma possível soluçãopara o problema.

Para LOOZE, et al. (1994, p. 427-431.) o meio mais eficiente para aredução da sobrecarga física é através doredesenho dos equipamentos de enfer-magem. Afirma também que a ineficiênciado uso dos equipamentos auxiliares exis-tentes é decorrente das dificuldades paraa operação e a insegurança proporcionadapor tais aparelhos.

No Brasil, um estudo envolvendoos aspectos ergonômicos do ambiente eequipamentos hospitalares (ALEXANDRE,1998, p. 103-4), aponta diversos fatoresde riscos, relacionando-os ao uso deequipamentos, entre eles: desnível dealtura entre camas e macas; macas deambulância que não se encaixam com asda unidade; falta de equipamentos espe-ciais para o transporte de pacientes emateriais; refil de maca que exige muitaforça para ser mobilizado; entre outros. Oestudo destaca ainda que esses proble-mas são comuns a todas as áreas do hos-pital, e que projetos de ambiente eequipamentos hospitalares devem seadaptar às condições humanas.

Quando se observam particular-mente esses equipamentos hospitalares,constata-se que os equipamentos deapoio, como por exemplo, o Transfer(semelhante a um guindaste), são bas-tante problemáticos do ponto de vista

ergonômico e da usabilidade. Com base nos estudos de

GIRLING, B. & BIRNBAUM, R. (1988) eSTUBBS et al. (1987), ALEXANDRE (1998,p. 105) afirma que a largura das camastambém é outro grave problema para osprofissionais de enfermagem, em relaçãoàs exigências de alcance ao se manipularpacientes ou administrar cuidados gerais.

Outro aspecto problemático doponto de vista ergonômico, envolve otransporte e movimentação de pacientesacamados, uma vez que é um dos fatoresque mais causam lesões à coluna cervical.Um levantamento aponta que 45,9% dosacidentes em enfermarias ocorremdurante tais manobras (YASSI, et al.1995, apud ALEXANDRE, et al. 2001, p.19). Estudos ergonômicos desenvolvidospor GOODRIGE & LAURILA (1997) e OWEN& GAREG (1993), citados por ALEXANDREet al. (2001, p. 20), revelam que para pre-venir tais lesões, além do emprego de téc-nicas para as manobras, o emprego deaparelhos auxiliares é fundamental.

O uso de equipamentos de apoiotem demonstrado uma expressivadiminuição dos problemas com a colunavertebral de enfermeiros. Além disso,estudos biomecânicos desenvolvidos porULIN et al. (1997) e ZHUANG et al.(1999), citados por ALEXANDRE, et al.(2001 p. 20) corroboram com a necessi-dade da utilização de equipamentos espe-ciais para o translado de pacientes.ALEXANDRE, et al. (2001, p. 19-22) listaalguns dispositivos que auxiliariam emtais tarefas como: camas com alturasajustáveis; barras tipo trapézio na cama;plásticos facilitadores de movimentos;plástico antideslizante para os pés;tábuas de transferência; discos giratóriospara os pés; entre outros.

Para ALEXANDRE e ROGANTE(2000, p. 165-173), as condiçõesergonômicas inadequadas em mobiliáriose equipamentos estão relacionadas aosproblemas com a coluna dos tra-balhadores da área de saúde, sendo queos procedimentos de transporte e movi-mentação de pacientes são consideradosos mais penosos e perigosos. Atualmente,

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sabe-se que para resolver tais problemasé necessário um amplo estudo do ambi-ente, dos equipamentos e dos indivíduos,baseando-se num enfoque ergonômico doproblema.

3. OBJETIVOS

Diante o exposto anteriormente,os objetivos desse artigo são apresentaros resultados de uma abordagemergonômica preliminar das condições dosprofissionais de enfermagem, desenvolvi-da a partir do levantamento dos principaisproblemas biomecânicos envolvidos nessaatividade, e conseqüentemente, com-preender a sua relação com a usabilidadedos equipamentos utilizados.

4. METODOLOGIA

Os materiais e métodos aplicadosnessa abordagem ergonômica foramaprovados sem restrições pelo Comitê deÉtica em Pesquisa da Faculdade de Medicinade Botucatu - Universidade EstadualPaulista/UNESP (OF. 262/2003-CEP).

4.1. Sujeitos

Participaram dessa abordagem142 sujeitos, sendo 120 do gênero femi-nino e 22 do gênero masculino, com idademédia de 38,19 anos (d.p. 8,32 anos),todos profissionais do setor de enfer-magem da Faculdade de Medicina deBotucatu – Universidade EstadualPaulista/UNESP.

4.2. Materiais

Foram utilizados os seguintesmateriais:- Termo de Consentimento Livre eEsclarecido, conforme modelo propostopelo Comitê de Ética em Pesquisa daFaculdade de Medicina de Botucatu –Universidade Estadual Paulista/UNESP(Resolução 196/96-CNC-MS);- Protocolo (formulário) de coleta de

dados, objetivando a identificação e car-acterização das atividades ocupacionais;a avaliação de aspectos de desconforto,onde foi aplicado um diagrama de confor-to (baseado em CORLLET & MANENICA,1980); avaliação do nível deconforto/desconforto, específica paracada uma das principais atividades desen-volvidas no setor de enfermagem(descritas por ALEXANDRE & ROGANTE,2000); e questões abertas, possibilitandoaos sujeitos apresentarem os problemasde interface ocorridos durante o uso dealguns equipamentos desse setor.

4.3. Procedimentos

Através da supervisão do setor deenfermagem, foram distribuídos o Termode Consentimento Livre e Esclarecido,juntamente com o Protocolo de coleta dedados, onde os sujeitos puderam respon-der cada uma das questões apresentadas.A partir dos dados coletados, foi aplicadauma análise estatística descritiva, possi-bilitando avaliar os resultados.

5. RESULTADOS

5.1. Caracterização dos sujeitos

Dos sujeitos abordados, 111 (ou78,17%) exerciam a função de auxiliar deenfermagem; 5 (ou 3,52%) eram técnicosde enfermagem; 20 (ou 14,08%) eramenfermeiros; e outros 6 (4,23%) que nãodeclararam sua função. O tempo nafunção, em média foi de 11,38 anos (d.p.7,47 anos). Já a carga de trabalho semanalpara todos os funcionários é de 40 horas.

5.2. Aspectos de Desconforto

Quanto ao nível de desconfortopercebido em partes do corpo (Figura 1),a maior incidência é indicada na região dacoluna lombar (59,15%), seguida pelosmembros inferiores (perna esquerda,45,07%, e perna direita, 44,37%),extremidade dos membros inferiores (pé

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direito, 42,25% e pé esquerdo, 41,55%),ombro direito (38,73%) e ombro esquer-do (37,32), coluna cervical (36,62%) ecoluna torácica (32,39%), entre outroscom incidência menor que 30%.

Os sujeitos também indicaram o nível deconforto / desconforto percebido ao exe-cutar cada uma das principais atividadesdesenvolvidas no setor de enfermagem(Figura 2).

Nesse caso, os resultados apon-tam que, com exceção da atividade “aju-dar o paciente a deambular” (auxílio àlocomoção), todas as demais atividadesapresentaram expressivos índices ponde-rados de desconforto. Destacaram-seprincipalmente, aquelas atividades associ-adas à movimentação e translado dopaciente.

5.3. Problemas de Usabilidade

O sujeitos indicaram uma série deproblemas verificados com o uso dos prin-cipais equipamentos do setor de enfer-magem. Entre eles, destacam-se:- Camas com manivelas de difícil manipu-lação para o controle de posicionamentodo paciente, ausência de regulagem dealtura, e dificuldade de dirigibilidadedecorrente dos problemas encontradosnos rodízios, entre outros;- Cadeiras de Rodas com rodízios danifica-dos e peso elevado, o que demanda maioresforço na locomoção e dificuldade nadirigibilidade, além da ausência desuporte para soro, entre outros;

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Figura 1 – Incidência do nível de desconforto perce-bido (indicado) em partes do corpo(baseado em CORLLET & MANENICA, 1980).

Figura 2 – Nível ponderado de conforto / desconfor-to, indicado pelos sujeitos para as principais ativi-dades ocupacionais de enfermagem, descritas porALEXANDRE & ROGANTE, 2000.

- Maca com difícil dirigibilidade, possivel-mente decorrente dos problemas técnicosencontrados nos rodízios e/ou elevadopeso do equipamento, além da alturainadequada, dificultando a transferênciade pacientes da cama para a maca (ouvice/versa);- Equipamentos auxiliares para transportede pacientes (ou “transfer”) de elevadopeso e dimensão, o que dificulta o manu-seio do equipamento e posicionamentocorreto do paciente sobre a cama; e- Problemas com alguns outros equipa-mentos, incluindo berços sem rodízios oucom altura inadequada, entre outros.

6. DISCUSSÃO

Assim como destacado na revisãobibliográfica, os resultados apontam queas atividades ocupacionais desenvolvidasno setor de enfermagem abordadoenvolvem uma série de condiçõesimpróprias de trabalho.

Essas condições, portanto, carac-terizam-se com grande demanda de inter-venção ergonômica, principalmente quan-to aos aspectos da interface entre os tra-balhadores e os equipamentos utilizados.

Verificou-se na amostra aborda-da, um predomínio do gênero feminino, oque pode representar uma maior restriçãobiomecânica para as atividades normal-mente desenvolvidas nesse setor hospita-lar, já que exige um maior esforço físicodos trabalhadores.

Apesar da variedade de funçõesencontradas, observou-se também que asatividades de enfermagem são desenvolvi-das por todos os sujeitos, os quais mantémuma elevada carga semanal de trabalho(40 horas), o que corrobora com a expres-siva demanda ergonômica desse setor.

Outro fator de destaque envolve osaspectos de desconforto apontados pelossujeitos. Nesse caso, observa-se umaexpressiva incidência (59,15%) de descon-forto apontado na região da coluna lombar, oque é preconizado por COGGAN, et al (1994)e KINIBBE & FRIELE (1996), os quais apon-tam a relação desses sintomas ao esforço

biomecânico exigido na atividade. Outras expressivas incidências de

desconforto foram apontadas também nasextremidades dos membros inferiores eregiões mais elevadas da coluna. Apesarde não haver estudos com enfermeirosque indicassem a mesma tendência,observa-se num estudo com traba-lhadores que permanecem em pé porextensos períodos (que seria a posturapreponderantemente adotada pelosenfermeiros), índices elevados de descon-forto postural na região lombar, e colunaem geral, e na extremidade dos membrosinferiores - tornozelo, pé, joelho e canela(DAS & SENGUPTA, 1996).

Ao relacionar as principais ativi-dades desenvolvidas no setor de enfer-magem, ao índice ponderado de conforto/ desconforto, nota-se que a movimen-tação e a transferência dos pacientes(cama-maca-cama, ou cama-cadeira-cama) são atividades com expressivaindicação de desconforto. Esta condição écorroborada por ALEXANDRE & ROGANTE(2000), os quais afirmam que os procedi-mentos de movimentação e transporte depacientes são considerados os maispenosos e perigosos. Segundo YASSI, etal. (1995), são essas as principais ativi-dades que decorrem num elevado índicede acidentes.

Nesse sentido, a aplicação dodesign ergonômico em equipamentos demovimentação e transporte de pacientes,pode ser uma alternativa viável para aadequação ergonômica das atividades deenfermagem.

Quanto aos problemas de usabili-dade apontados nos equipamentos de usoprofissional, constata-se que a maioriadeles são também mencionados porALEXANDRE (1998), os quais são indica-dos como importantes fatores de riscosergonômicos. Nesse caso também, aintervenção do design ergonômico se faznecessário.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim como na maioria dos outros

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setores produtivos, os problemas encon-trados nas atividades de enfermagemenvolvem uma expressiva demandaergonômica.

Nesse caso, dentre as várias pos-sibilidades de uma intervenção dessanatureza, aquelas desenvolvidas ou rela-cionadas ao design ergonômico se justifi-cam, principalmente quando são analisa-dos os problemas observados na interfacedos trabalhadores com os respectivosequipamentos de trabalho.

8. NOTAS

Este estudo foi desenvolvido como apoio do Setor de Enfermagem daFaculdade de Medicina de Botucatu /Universidade Estadual Paulista – UNESP,Campus Botucatu, e parcialmente divul-gado no XIII Congresso Brasileiro deErgonomia, 2004.

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Magister Carlos Augusto Razaboni1

Razaboni, C. A., Revista AssentamentosHumanos, Marília, v6, nº1, pag. 83 - 90, 2004.

ABSTRACT

The methodology of standardization of thecomponents and environments of schoolof the for the Development of Education,is the projectual basis in the project ofpublic schools in São Paulo, this casestudy we demonstrate the application ofthe methodology with the use of prefabri-cated the project f Paulo Mendes daRocha.

Key Words: School arquitecture; stan-dardized components; management ofprojects.

Palabras-Clave: arquitectura escolar,componentes de uniformidad, adminis-tración de proyectos.

SELECCIÓN DEL PROYECTO

Entre la realización de edificios escolares,recientes, en el Estado de São Paulo, ennuestra tesina de maestría, destacamoslas escuelas de la plano anõ 1 del BancoMundial desarrollada en 1991. En elmedio de las escuelas seleccionadas porel mencionado trabajo está la EE JardimNovo Horizonte II, cuyo proyecto arqui-tectónico pertenece a Paulo Mendes daRocha

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EL FORTALECIMIENTO DE LA ARQUITECTURA ESCOLAR EN ELESTADO DE SÃO PAULO: DESTAQUE EN LA PRODUCCIÓN DE LA

ARQUITECTURA DEL ESTADO.

1 Mestre pela Universidade de São Paulo e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo daUnioversidade de Marília - UNIMAR

El proyecto es el más representativo, en lo PlanoAño 1, de la “Escuela

Paulista” ou “Brutalismo Paulista”,que de acuerdo com Maria P. Albernaz en:Diccionario Ilustrado de Arquitectura,publicado por la Pro Editores, fue una pro-ducción destacada por la historiografia, ycon una calificación opuesta a la arquitec-tura moderna desarrollada a partir de lade Rio de Janeiro, que fue la corrientehegemónica brasileña. De acuerdo comFernando Sarapião en: El edificio y la ciu-dad inexistente (Arcoweb), esemovimiento nativo quería, además, que-brar la influencia “corbuseriana”, esegrupo era formado por profesionales devanguardia, muchos de ellos, influencia-dos por el marxismo, comprometidos conideas sociales y que habían decidido ale-jarse del mercado inmobiliario. La riquezadel espacio interno era uno de sus puntosfundamentales y se desarrolló basica-mente en proyectos escolares y residen-ciales unifamiliares.

AUTOR DEL PROYECTO

Paulo Archias Mendes da Rochaformado en la “Faculdade deArquitetura e Urbanismo de Mackensiey profesor de la “ Universidade de SãoPaulo”. Uno de los más representativosde la llamada “Escola Paulista”.

Empezó su carrera com VillanovaArtigas. Entre sus realizaciones másimportantes se destacan la del “ClubeAtlético Paulistano”( São Paulo , 1957) elpabellón de Brasil en la “FeiraInternacional de Osaka” (1969), el termi-nal de autobuses de Goiania ( 1985) y elmuseo de la escultura (São Paulo, 1988).

EL PROYECTO UNE EL SISTEMA DE COM-PONENTES PADRONIZADOS DE LA FDE ALA EJECUCIÓN COM PRÉ-MODELADOS

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Fig. 1 y Fig. 2Elevaciones del Colegio

Créditos : Autor

Fig. 3Vista ExternaCrédito: Autor

Fig. 4Detalle de la esquina

Crédito Autor

El sector pedagógico es organiza-do alrededor del galpón, localizado en eltérreo distribuyendo las salas de clases entres pavimentos en la parte superior.

El piso térreo, gran parte bajo elespacio vacío y la área pública por exce-lencia de la escuela. De acuerdo con laidea de Paulo Mendes da Rocha es la afir-mación de lo público sobre lo privado, ycontinúa “pero es necesario decir que setrata de una visión formal siempre incita-da por un proyecto político más amplio,donde el individuo tiene acceso al suelode la ciudad , emblema de una sociedadigualitaria y democrática”.

La apropiación de este tipo deequipamentos por la comunidad, es indi-cio de proceso social, de distribución, deprogreso tecnológico y de cultura.

Rocha destacó la idea de lo que esfundamental en la arquitectura enrelación a la calidad entre el proyecto y laconstrucción, mostrando que la bellezaexiste donde existe relación directa entreun material (su estructura, densidad, tex-tura, temperatura...) y su lógica construc-tiva y por lo tanto su lugar en la obra.Enfatizó las tecnologías humanas dirigidasa la construcción como elemento de afir-mación de lo que es humano.

Los paineles de elemento vaci-ado, en el galpón y en toda su alturade los cuatro pavimentos, no reci-bieron ningún acabamiento en vidrio.Los materiales aparentes adquierenexpresión máxima, com el mínimo decomponentes.

Del interior al espacio vacío central,el elemento vaciado permite una visual-ización del paisaje a su alrededor.. El painelformado del mosaico, sublima la visión delas casas sin revoque de la periferia, almismo tiempo en que hace una exposiciónpermanente de las mismas, las afirma.

La poesía no se detiene, la solu-ción extremadamente limpia proporcionagrandeza a la escuela de primer grado.

Tanto externo como internamenteel lenguaje arquitectónico se encuentra ensintonía con la propuesta de padronizaciónde los componentes y de la coordinaciónmodular de la FDE. Paineles premodelados, bloques de cemento sin revestimientos yescuadrías padronizadas hacen parte de lasparedes de las salas de clases, que se com-ponen , también, de lajas hechas en paine-les premodelados sin revestimiento niinstalaciones aparentes.

El ejemplo de Rocha con suestructura premodelada y sus compo-nentes prefabricados, adecuándose a unproyecto específico, nos muestra lasopciones de comparación directa con laproducción de edificios escolarespadronizados en un sistema único, en laépoca, fue una política usual de variosorganismos gubernamentales respons-ables por las construcciones de escuelas.

La comparación con los ejemplosde esos sistemas parece ser uno de losobjetivos del arquitecto, aunque no loexprese, pensamos que uno de los obje-tivos tácitos de la plano anõ 1 fue alcan-zado.

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Fig. 5 GalpónCrédito Autor

Fig. 6 Elemento vaciado formando las paredes delgalpón

Crédito : Autor

La producción caso a caso de la FDE esimportante para la afirmación de la indi-vidualidad de los proyectos arquitectóni-cos, ya que coloca su capacidad deampliación de alcance al servicio de lacomunidad. La afirmación de eso significala confirmación de la importancia del tra-bajo del arquitecto en el mercado, dondecada vez más el proyecto ha sido dejadode lado o llevado a una posición inferior ala que realmente le corresponde

El terreno de área reducida nopermitió la creación de otros espacios deconvivencia salvo un pequeño anfiteatro.De esta forma, en la escuela no aparecenárboles, ni vegetación de caracterpaisajista , ni mobiliarios externos.

A la región le continúa faltandoequipamentos públicos dotados de espa-cios y paisajes apropiados para el lazercomunitario.

A pesar de la extensión del ter-reno y de su configuración, no fueron uti-lizados recursos paisajistas, faltando así,áreas sombreadas en el terreno de laescuela, y en su alrededor. El terrenoacaba presentandose igual al paisaje quelo rodea, y la ausencia de vegetaciónexpone la vista de las construccionesinacabadas, provocando al observadoruna sensación de abandono y desconfort.

LA PLANTA

Lo Plano Año 1 del Banco Mundialrealizado por la “FDE- Fundação para oDesenvolvimento da Educação” en 1991,consistió en los proyectos de 60 escuelaspúblicas de enseñanza fundamental de laregión metropolitana de São Paulo.Dentro de la metodología depadronización de ambientes y compo-nentes, en esta planta se permitió a losarquitectos una mayor libertad y tambiénse les permitió mejorar la calidad de los

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Fig. 7 Laja en paineles premodeladosCrédito: Autor

Fig. 8 Paisaje de la periferia pobre vista a través delos elementos vaciados

Crédito: Autor

Fig. 9Rampas

Crédito: Autor

materiales empleados. Lo que no ocurríadesde la década del 70 cuando la preocu-pación era la producción de escuelas alpor mayor , hechas com excesiva rapidezy economía.

La metodología permite al organ-ismo un control en el tenor de los costos,los plazos y a su vez a los arquitectos lespermite una gran libertad de proyectos.La planta demostró eso, al haber permiti-do diversidades de proyectos.

El ejemplo de Paulo Mendes daRocha también puede ser utilizado paracuestionar las obras públicas realizadasbajo el régimen de licitación, en que anteel precio y el criterio de selección de laspropuestas concurrentes, era la cuestióntécnica la que se sobreponía, en este caso,a las economías de un proyecto tambiénconcurrente. Se trata de un proyectosofisticado, bien detallado, cuyo costo porsi mismo en un desafío técnico y de pre-cio, es cuestión secundaria, no siendoeliminado por esto, de la competición.

La divulgación de este ejemplopara arquitectos, ingenieros y agentes deproducción arquitectónica en general, esnecesaria, como también para las futurasgeneraciones que se encuentran en lasescuelas y que pueden, de esa forma, lle-gar a conocer la producción de un pasadoreciente, producción que fue posible gra-cias a una legislación con menos restric-ciones y menos mecánica como la quetendrán que enfrentar ahora.

Ante la imposibilidad de trabajarcom más libertad y reflexión sobre eltema, podrán de alguna manera asimilarel objetivo alcanzado por sus antecesores,verdaderos maestros que tuvieron esaposibilidad de trabajo.

A PROPÓSITO DE LA DIVULGACIÓN DE LOPLANO AÑO 1 - OPINIÓN DEL ARQUITEC-TO INTERLOCUTOR DE LA FDE :

La planta de 60 escuelas equivalea una ciudad del porte de Londrina,Paraná, ciudad de 500.000 habitantes. Siusted consiguiese hacer una evaluación,¿ tuvo algún impacto esta divulgación? Yollegué a conocerla a través de las maque-

tas de los proyectos cuando hacía unproyecto de reforma de una escuela alaño siguiente. Sin embargo, en materiade divulgación, vemos algunas publica-ciones en la revista AU y Proyecto quehacen referencias a esas escuelas. A nivelinternacional fue citada, ¿por el hecho dehaber obtenido verbas del Banco Mundial?¿Esa información de la concretización dela planta fue adelante?

La divulgación aquí en el estadode São Paulo fue débil. Solamente fuepublicada por iniciativas de algunas ofici-nas. Pienso que una experiencia como esadeberia haber sido publicada, analizada,vista, mostrada. Es una experiencia con-siderable. Sesenta escuelas que al mismotiempo van a mostrar un grupo de profe-sionales. La producción cultural de esegrupo en un determinado momento aten-diendo a un determinado programa, a exi-gencias también determinadas, ustedpodrá leer las cabezas de esas personasque hicieron todo aquello. Es una produc-ción cultural super significativa, pero queno tuvo ninguna discusión. Realmente ellano se abre, se queda completamenteintrovertida. Es muy importante, si en undeterminado momento esta sucediendoalgo, esto tiene una respuesta “x”. Esaseria una lectura de lo que se está pensan-do, de lo que se está haciendo. Pienso quees un absurdo ver que esa experiencia fuehecha así. Realmente no fue divulgada.

ESTE ES UN CONSENSO ENTRE LOSESPECIALISTAS: LA CONSTRUCCIÓNESCOLAR ES UNO DE LOS EJEMPLOS MÁSSIGNIFICATIVOS DE LA ARQUITECTURAPAULISTA

Hoy en día más de una centena deesas unidades forman, oficialmente, nue-stro Patrimonio Artístico, Histórico yCultural. Al analizar algunas páginas de lahistoria de la arquitectura escolar y de laconstrucción de escuelas públicas paulis-tas, de los primeros años del siglo XX hastaahora, lo que se ve es la presión del tiem-po que empuja a las entidades educa-cionales para atender a la demanda queestá siempre adelante, en una corrida

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desenfrenada exigiendo más obras, másampliaciones, más mantención, en un con-tinuo proceso de agotamiento de los recur-sos del presupuesto y de debilitamiento delos administradores educacionales.

Esto aquí es un mundo can, ustedno imagina, las cosas que van para la obray los tipos roban todo en la obra, los veci-nos roban, roban material, roban eso yaquello, Hay cosas que no dan ni paraestaquear. Los tipos van y se roban lamadera de las estacas. Y de ahí parapeor. Aquí eso es así, ¿ dónde vamos aponer un equipamento de esos? En la per-iferia, locales donde carecen de este tipode equipamentos, lugares que están cre-ciendo.En las ciudades del interior la his-toria muda, es outra la relación. La comu-nidad es cada vez menor la relación escada vez más tranquila.

Ese trecho de la entrevista de unaarquitecta, funcionaria de la FDE, nosmuestran los conflictos entre las pobla-ciones de la periferia y la producción de la

arquitectura escolar. Esos espacios son abiertos a la

comunidad cumpliendo una sublime fun-ción de educación pública. De esa formala convivencia de la población com esamaterialización cultural, tecnológica llega

a ser significativa. Esa seducción que losedificios públicos consiguen transmitir,permite la coesión del tejido social de lacomunidad de la periferia con la de lametrópolis vecina y que es la verdaderaresponsable por la producción de la arqui-tectura y su tecnología. El arquitecto, enese contexto, abre su obra a los másintensos conflictos, y el éxito de la mismaes uno de los triunfos más difíciles que elprofesional pueda conseguir.

LOS PROYECTOS, DENTRO DE LAMETODOLOGÍA DE LA FDE, RESPETANPARCIALMENTE LA PADRONIZACIÓN DECOMPONENTES Y DE AMBIENTES

Las salas de clases, ambientesadministrativos y de servicios, en losproyectos son muy semejantes. La que-bra, si la podemos denominar así, se dáen el recreo cubierto. Esa es una rupturabastante feliz en todos los casos. Quizásen función del tamaño del terreno, con

excepción de la escuela de Tibau, que nose ve en otros casos, un compromisofrente a la convivencia en espacios abier-tos. Estos siempre aparecen con funciónde estacionamiento a veces cubierto comcésped, otras veces parecen simples ter-

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Fig. 10 a 14 Plantas Créditos: Autor

renos reculados sin significado o interés. Entre las opciones escogidas por

los arquitectos quizás ésta sea la más crit-icable, sus proyectos no muestran lanecesidad de áreas abiertas contratamiento paisajístico apropiado a unsitio público, para el lazer o no de unapoblación escolar tan carente de esosespacios. Se limitaron al equipamentopropiamente tal: el edificio escolar. Envarios locales podemos ver la proximidadde escuelas construidas en el transcursode poco espacio de tiempo, esto es visiblepor la semejanza del material utilizado ypor la directriz seguida por el proyecto ypor la construcción. Esta observación noshace pensar que si en la repetición deequipamentos no cabrían algunas repara-ciones en beneficio de la atención a lapoblación. La periferia que carece de todaclase de equipamentos públicos, recibelas escuelas sin ningún tratamiento a sualrededor. Las preocupaciones con laseguridad justifican los altos muros queintentan impedir la entrada de las drogas.

Pero estos predios no presentan diferen-cias en su articulación con el tejidourbano local como tampoco lo hacen,otros equipamentos públicos tales como:Comisaría Policíal, Puesto de salud,Organizaciones Asistenciales y otros edifi-cios públicos. Equipamentos que parecenobedecer a un padrón también adoptadopor la arquitectura escolar, y que cada vezmás homogeniza la imagen de edificiodestinado al atendimiento del público, sintomar en cuenta la diferencia y los obje-tivos de cada atendimiento. La idea quese transmite es que esos edificios fueronhechos para atender a la población sinrecursos, no importando el objetivo deeste atendimiento.

La arquitectura escolar parece seruna excepción en ese contexto . Prueba deeso es el premio recibido por la “EscolaGalo Branco” de Barossi & Vilela” en laBIENAL de ARQUITECTURA de SÃO PAULO.

Otras escuelas construidas en ladécada del 90 , después de la Planta Año1, buscaron también, diferenciar sus edi-ficios del resto de los otros edificios públi-cos. Aunque no se tenga una prueba delmismo carácter experimental detectadoen algunos ejemplos de la Plano Año 1.Vemos que esa producción fue más com-portada, como muestran los materiales ylas técnicas constructivas trabajadas enterrenos menores, sin embargo, poco fuemudado en las áreas externas y en mate-ria de paisajismo.

Los trazos de un padrón rígido entodo el sector público se afirma en la leyde licitaciones , organizadas por losmunicipios y otros organismos, que busca-ban la mejor técnica y no los menores pre-cios, los participantes buscan resolver rapi-damente el quebra cabezas exigido por elprograma sin buscar nuevas propuestas,Esos proyectos son inferiores a los desarrol-lados por la FDE, y lamentablemente cadavez aumentan más apoyados en la munici-palización de la educación básica.Continuan siendo ejemplos de excepciónlas escuelas especiales como las del SENACy del SESC, cuya arquitectura es muyvalorizada, como también los complejosprogramas dirigidos al atendimiento de las

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Fig. 15 a 16 Elevaciones del Colegio

Créditos: Autor

comunidades donde se localizan.El concurso realizado por la IAB ,

algunos años atrás, para una escuelapadrón para FDE, tuvo la participación de300 oficinas de arquitectura. Sin embargo,el proyecto vencedor no llegó a ser asumi-do por la fundación a pesar de haber divul-gado el evento en sus publicaciones.

Se concluye que gracias a la con-solidación de la arquitectura escolar delEstado de São Paulo, consiguió ésta, unlugar privilegiado en la producción gene-ral de la arquitectura de todo el estado.

Ella continúa manteniendo esestatus adquirido a lo largo del siglo xx yentra en el nuevo siglo como referenciade educación pública confundiendosecom ella. O sea “el edificio se confundecon el próprio servicio y con el derecho ala educación. Aunque en los programaseducativos aparece como papel secun-dario és el predio de la escuela queestablece los límites y las característicasdel atendimiento. Y es aún el objetoconcreto con que la población se identifi-ca y le otorga significado”. (MayumeWatanabe_ Texto para examen deCalificación de Doctorado_ Faculdade deEducação. USP, 1988.)

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTODA EDUCAÇÃO. Arquitetura Escolar ePolítica Educacional – Os programas naatual administração do Estado. SãoPaulo, FDE, 1998.

_____________ Catálogo deComponentes e Serviços – Boletim 12– São Paulo: FDE, 1988.

_____________ Especificações daEdificação Escolar de Primeiro Grau –Vegetação e Paisagismo. São Paulo:FDE,1990.

_____________ Especificações daEdificação Escolar de Primeiro Grau –Ambientes – São Paulo: FDE, 1992.

_____________ Especificações da

Edificação Escolar de Primeiro Grau –Identidade Visual / Sinalização. SãoPaulo: 1990.

_____________ Escolas Estaduais de 1Grau Projetos Arquitetônicos 96/97 –São Paulo, FDE. 1997.

RAZABONI, Carlos Augusto. ArquiteturaEscolar: 60 projetos para a RegiãoMetropolitana SP – Plano Ano 1 doBanco Mundial – FDE – Fundação parao Desenvolvimento da Educação –1991. São Paulo, 2001. Dissertação(Mestrado em Arquitetura) FAU-USP.

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Samir H. T. Gomes1

Gomes, S. H. T. ,Revista AssentamentosHumanos, Marília, v6, nº1, pag. 91 - 100, 2004.

RESUMO

Neste Projeto de Pesquisa, objeti-vamos propor a estruturação de um sis-tema de ambiente hipermídia com a con-strução do conhecimento, nas disciplinasde ensino de representação gráfica,especificamente nos cursos de graduaçãode Arquitetura e Urbanismo, procurandoevidenciar como alunos e/ou professorespodem atuar como sujeitos ativos em umprocesso de ensino e aprendizagem, tantoem ações individuais como coletivas. Oestudo de aplicação da pesquisa terácomo base a teoria de assimilação cogni-tiva de Jean Piaget, conceito fundamentalno entendimento da aprendizagem comoprocesso ativo e postura responsável doestudante frente ao ensino. O estudo visapropor a elaboração de um sistema deambiente hipermídia, possibilitando nãosó a exploração, a descoberta e a criaçãode informações digitais, em um computa-dor ou em uma rede de computadores –Internet e/ou Intranet – mas principal-mente a organização de um conjunto deinformações em uma rede hipertextualdescrita, classificada e indexada em con-sonância com a estrutura cognitiva doestudante. Nossa proposta visa, argu-mentar que a estruturação de um sistemade ambiente hipermídia educacional ela-borado com esse e outros documentosdigitais poderia facilitar sua interface epermanência nas atividades educacionais

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ESTRUTURAÇÃO DE UM AMBIENTE HIPERMÍDIA NAS DISCIPLINASDE REPRESENTAÇÃO GRÁFICA NOS CURSOS DE ARQUITETURA E

URBANISMO

1 Mestre em Ciência da Informação – UNESP/Marília e Doutorando do Programa de Pós-graduação daFaculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – arqsam@flash.tv.br

das disciplinas de representação gráficados cursos de graduação de Arquitetura eUrbanismo.

Palavras-chave: Sistema de ambientehipermídia, Ensino de representação grá-fica, Arquitetura e Urbanismo.

ABSTRACT

In this project of research, weobjectify to consider the structure of ahipermedia environment system with theconstruction of the knowledge, in you dis-cipline them of education of graphical rep-resentation, specifically in the courses ofgraduation of Architecture and Urbanism,looking for to evidence as pupils and/orprofessors can act as active citizens in aneducation process and learning, as muchin individual actions as collective .Thestudy of application of the research thetheory of cognitive assimilation of JeanPiaget will have as base, basic concept inthe agreement of the learning as activeprocess and responsible position of thestudent front to education. The study itaims at to consider the elaboration of ahipermedia environment system, makingpossible not only the exploration, the dis-covery and the creation of digital informa-tion, in a computer or a computer network- Internet and/or Intranet - but mainly theorganization of a set of information in adescribed, classified and index hipertextu-al net in accord with the cognitive struc-ture of the student. Our proposal aims at,to argue that the structure of educationalhipermedia an environment system elab-orated with this and other digital docu-ments could facilitate its interface andpermanence in the educational activitiesof them you discipline of graphical repre-sentation of the courses of graduation ofArchitecture and Urbanism.

Key words: Hipermedia system of envi-ronment, Education of graphical represen-tation, Architecture and Urbanism.

INTRODUÇÃO

Este artigo relata, resumidamente,o trabalho de monografia apresentado aoCurso de Pós-graduação da Faculdade deArquitetura e Urbanismo da Universidade deSão Paulo, descrevendo o anteprojeto dosnovos recursos da Hipermídia aplicados aoensino de Arquitetura e Urbanismo.

Nestas últimas décadas aumen-taram as demandas de nossa sociedade poruma educação escolar integrada às rápidasmudanças pelas quais passaram nossasestruturas sociais e culturais, necessitando,cada vez mais, de profissionais preparadospara enfrentarem os desafios e as exigên-cias de um mundo pautado nas demandasda produção informacional e tecnológica.Conseqüentemente, o professor, profission-al responsável perante a sociedade pelaeducação sistemática dos nossos cidadãos,precisa estar preparado para integrar a tec-nologia na sua prática educativa.

As novas tecnologias informacionaisde comunicação, notadamente os computa-dores e softwares têm transformado deforma radical a vida de nossa sociedade nosúltimos anos. No que tange à educação, adiscussão sobre o papel das novas tecnolo-gias educacionais no processo de ensino-aprendizagem é de extremo interesse parase discutir os rumos que a educação vaitomar com sua inserção.

É importante destacar que osavanços tecnológicos disponibilizaram aosnossos educadores, novos meios de infor-mação para a comunicação escolar emtodos os âmbitos do ensino e da aprendiza-gem, trazendo à tona, a necessidade demodificações em nossa estrutura educa-cional.

Nesse contexto de mudança eadaptação dos novos caminhos pedagógicosadequados à formação dos alunos, Sampaioe Leite (1999, p. 100) descreve a questão,definida como aquela que:

Envolve o domínio contínuo e crescentedas tecnologias que estão na escola ena sociedade, mediante o relaciona-mento crítico com elas. Esse domínio setraduz em uma percepção do papel dastecnologias na organização do mundo

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atual - no que se refere a aspectoslocais e globais - e na capacidade doprofessor em lidar com essas diversastecnologias, interpretando sua lin-guagem e criando novas formas deexpressão, além de distinguir como,quando e por que são importantes edevem ser utilizadas no processoeducativo.

Essas repercussões têm levado oseducadores e pesquisadores a váriosquestionamentos, geralmente focados naquestão de saber como vêm sendo estru-turados os softwares educacionais hiper-mídia, os documentos hipertextuais, ashome-pages aplicadas à educação e asferramentas de busca para a Internet.Hoje, as principais preocupações cen-tram-se no processo de navegação eorganização desses documentos na áreaeducacional. Em nosso entendimento, oaprofundamento da pesquisa sobre aestruturação de ambientes de sistemahipermídia em um processo de ensino-aprendizagem, que facilite a construçãodo conhecimento pelo usuário, revela-nosum caminho atraente na discussão do usodas novas tecnologias informacionais naárea educacional.

Trazendo ao nosso foco de inte-resse, nas duas últimas décadas, o ensinode Arquitetura e Urbanismo passou a dargrande importância para os estudos mul-tidisciplinares da atuação da hipermídia,hipertexto e multimídia, principalmente,com o objetivo de analisar as novas pos-sibilidades de recuperação e armazena-mento de informações sonoras, textuais eimagéticas. Portanto, esses estudos inici-ais vieram provar que, à análise das tec-nologias de informática e comunicaçãopoderiam ser aplicadas às diferentesáreas do conhecimento.

No campo da pesquisa, desta-camos como exemplo o III SeminárioNacional "A Informática no Ensino deArquitetura", realizado nos dias 17, 18 e19 de setembro de 1997 na Faculdade deArquitetura e Urbanismo da PUC -Campinas, com a presença depesquisadores e estudiosos de diversasFaculdades e Universidades de arquitetu-

ra do Brasil, discutindo os rumos dasnovas tecnologias informacionais na áreade ensino da Arquitetura e Urbanismo.Dentre as várias propostas no encontro,destacamos a recomendação da intro-dução nas grades curriculares de disci-plinas com o conteúdo de informática apli-cada à Arquitetura e Urbanismo, tendocomo objetivo maior a incorporação dosmeios informacionais no desenvolvimentodo ensino/aprendizagem da atividadeprojetual inerente a formação de arquite-tos e urbanistas.

Em relação à utilização da infor-mática no processo de ensino-aprendiza-gem na área da Arquitetura e Urbanismo,alguns avanços começam agora a ser sen-tidos e vislumbrados, principalmente, nasdisciplinas onde se utilizam as tecnologiasCAD· aplicadas prioritariamente ao desen-ho arquitetônico e técnico. Entretanto, aspesquisas na área do ensino deArquitetura e Urbanismo que procuramcriar um ambiente hipermídia onde oaluno possa proceder às escolhas, seguin-do caminhos e situações, construindo umprocesso de ensino-aprendizagem real-mente significativo com os conteúdos pro-postos, apresenta-se de maneira poucoexpressiva no cenário da pesquisa cientí-fica brasileira.

Nossas experiências e estudos noensino de graduação do curso deArquitetura e Urbanismo levaram a ques-tionar quais metodologias de desenvolvi-mento de softwares hipermídia educa-cionais poderiam favorecer uma apren-dizagem cognitivista na área em questão.Dos poucos exemplos encontrados, emgeral, os produtos de softwares hipermí-dia em representação gráfica emArquitetura e Urbanismo se preocupamem fornecer um programa educacionalsem possibilidades de alteração e intera-tividade, onde a condução de uma apren-dizagem fica prejudica em um sistemaestrutural informacional limitado e fecha-do. Do lado oposto a esta situação, temosa chamada navegação livre em uma redeou em uma estrutura hierárquica de infor-mações, remetendo sempre ao usuário apossibilidade de se percorrer inúmeros

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caminhos desconhecidos e levando-o auma navegação com característica depouca aprendizagem.

REFERENCIAL TEÓRICO

É importante notar em nossasociedade, a rápida evolução e o baratea-mento dos sistemas computacionais inseri-do em todos os níveis do conhecimentohumano, permitindo a cada dia, que mais emais pessoas tenham acesso a esse tipo detecnologia. Essas mesmas tecnologias vêmprovocando intensas mudanças na vida eno cotidiano das pessoas. Criam-se novasformas produtivas, grupos de pesquisa, tra-balhos à distância e produções comparti-lhadas. O avanço da tecnologia vem pro-movendo um redemoinho cultural nasinter-relações de todos os sistemas doplaneta, provocando uma reorganização,um redimensionamento nas relações dosindivíduos na sociedade.

Provando a importânciada utilização das tecnologias da informáti-ca na educação, Valente (1993, p.3) afir-ma que :

A introdução do computador na edu-cação tem provocado uma verdadeirarevolução na concepção de ensino eaprendizagem. Primeiro, os computa-dores podem ser usados para ensinar.A quantidade de programas educa-cionais e as diferentes modalidades deuso do computador mostram que estatecnologia pode ser bastante útil noprocesso de ensino-aprendizagem.Segundo, a análise desses programasmostram que, num primeiro momento,eles podem ser caracterizados comosimplesmente uma versão computa-dorizada dos atuais métodos de ensi-no.(...) Entretanto, isto é um processonormal que acontece com a introduçãode qualquer tecnologia na sociedade(...) Inicialmente, ele tenta imitar aatividade que acontece na sala de aulae à medida que este uso de disseminaoutras modalidades de uso do com-putador vão se desenvolvendo.

Todo esse conjunto de mudanças,principalmente aqueles que evidenciam autilização dos sistemas computacionais

com fins educacionais, é reforçado pelaposição enfática e global de Lévy (1995,p. 56), afirmando que:

Novas maneiras de pensar e de con-viver estão sendo elaboradas nomundo das telecomunicações e dainformática. As relações entre oshomens, o trabalho, a própriainteligência dependem, na verdade,da metamorfose incessante dos dis-positivos informacionais de todos ostipos. Escrita, leitura, visão, audiçãosão capturados por uma informáticacada vez mais avançada.

Uma das tecnologias de interessepesquisada com finalidades educacionaisé a dos sistemas hipertexto ou hipermí-dia. Estes sistemas têm surgido comouma nova classe para o gerenciamento deinformações, pois permitem criar, anotar,unir, e compartilhar informações a partirde uma variedade de meios (como texto,gráfico, som, vídeo e animação), propor-cionando o acesso às informações de umaforma não seqüencial e utilizando méto-dos inteiramente novos, ao contrário dossistemas de informações tradicionais quesão seqüenciais por natureza.

Reafirmando esse fato, Moran(2002, p.33) descreve:

Os meios de comunicação, principal-mente os audio-vídeo-gráficos-desen-volvem formas sofisticadas de comu-nicação sensorial multidimensional,de superposição de linguagens e men-sagens, que facilitam a aprendizageme condicionam outras formas eespaços de comunicação.

Portanto, um sistema hipertex-to/hipermídia poderia representar umarede na qual as informações textuais,sonoras e imagéticas e os conceitos apre-sentados pudessem ser representadasgraficamente, de forma semelhante a dia-gramas ou nódulos informacionais, esta-belecendo ligações existentes. Esta estru-tura “nodo-ligação” na base de conheci-mento hipertexto, permite ao usuário per-correr um espaço de informação utilizan-do as chamadas ferramentas de nave-

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gação. Nesse sentido, o ambiente hiper-mídia oferece novas possibilidades deacesso às grandes e complexas fontes deinformações. Um documento linear podeser lido somente na ordem em que foicomposto. A vantagem essencial do docu-mento não linear é a capacidade de orga-nizar objetos de diversas maneiras,dependendo das diferentes visões edemandas. O modelo hipermídia incentivao autor a criar referências e modularizarsuas idéias, embora ele seja obrigado atomar de cisões difíceis sobre qual a me-lhor maneira de particionar adequada-mente as informações.

Uma das grandes vantagens nautilização de uma rede semântica, mapaconceitual ou rede informacional na estru-tura metodológica do desenvolvimento desistema hipermídia, e justamente a efi-ciência e o resultado em uma melhorqualidade de armazenamento do sistemainformacional. Essa característica dearmazenar e recuperar grandes quanti-dades de informações permitem que osconteúdos sejam interligados, por exem-plo, por associações de contexto e porrelações lógicas e semânticas em umaestrutura natural.

A hipermídia permite diferentesmaneiras de individualizar a aprendiza-gem, combinando o poder do processa-mento de dados com o impacto da mídia,evidenciando a possibilidade de construirmateriais educacionais que são acompan-hados de uma dimensão emocional afetiva,aplicado principalmente no problema dadesmotivação do aluno-aprendiz para oprocesso de ensino-aprendizagem. A pro-posta da interatividade, que praticamentenão existe nos sistemas tradicionais deensino, apresentando através do uso desons, imagens, textos e gráficos.

O aluno envolvido no processo deensino-aprendizagem, através de um sis-tema hipermídia, escolheria os caminhospodendo agilizar ou retardar o ritmo deaquisição de conhecimento, através danavegação individualizada no conjuntodas informações presentes ao sistema.Uma das grandes vantagens na nave-gação no ambiente hipermídia e que, o

usuário permite encontrar inúmeras for-mas paralelas de aquisição de conheci-mento para uma aprendizagem dinâmicae criativa. Assim, se ao processo de ensi-no-aprendizagem aliarmos ferramentasque nos possibilitem dinamiza-lo, deforma a estimular a criatividade e aexpressividade presentes ao aluno-apren-diz, sem duvida nenhuma poderíamostorna-los mais atraente e convidativo.

Na Educação Superior a utilizaçãodas novas tecnologias e dos sistemas dehipermídia também tem desempenhadopapel fundamental de transformaçãonesses últimos anos. Os novos projetoseducacionais podem ser viabilizados pelomaior uso dos novos recursos tecnológi-cos da comunicação a serviço da edu-cação. Não basta, entretanto, colocar osvelhos conteúdos e as velhas formas deensinar nos novos meios de transmissão.É preciso que os educadores percebam onovo campo que se amplia e que reflitamum novo papel para a educação, integran-do-se a esse conjunto de transformações.

O papel da tecnologia na escolaserá, portanto, de contribuir para univer-salizar o conhecimento e a informação. Aintegração mais efetiva entre a educaçãoe a comunicação só se dará quando osnovos meios estiverem como fundamentode uma nova educação, não como instru-mentalidade pura e simples de velhaspráticas educativas. A nova escola ambi-cionada e em construção deve estabeleceruma relação crítica permanente com omundo que a cerca, valorizando a criativi-dade, a comunicação e os valores dasociedade em transformação.

Algumas experiências naEducação Superiores têm provado que aaplicação dos sistemas de hipermídia temsido uma ferramenta adequada ao novoambiente de aprendizagem, capacitandoo aluno a ter acesso a novas oportu-nidades por meio da Internet, sem ter quedominar enigmáticos comandos do com-putador. Os estudantes podem, por exem-plo, debater questões levantadas duranteseus cursos regulares com outrosacadêmicos. As conversações virtuaiseletrônicas são também suportadas pelo

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correio eletrônico, que permite o contatocom o professor diretamente ou com ou-tras pessoas registradas nos grupos dediscussão.

Alguns projetos apoiados na tec-nologia oferecida pela Internet são relata-dos por Paldês (2002, p.71) em seu estu-do a respeito da aplicação dos sistemasde hipermídia no Ensino Superior. Comoveremos a seguir, a maioria deles estãono contexto da educação a distância,como forma de oferecer um complemen-tação curricular, com créditos específicos,ou fazem parte de cursos de especializa-ção. São muito pequenas ainda as expe-riências institucionais de utilizar tal tec-nologia da informação em cursos presen-ciais regulares.

• A Universidade de Brasília (UNB) aresponsável pela disciplina Ciência,Tecnologia e Governo foi convidadapara participar de estudos naUniversidade da Flórida, nos EstadosUnidos e passou a se utilizar a Internetpara iniciar o primeiro curso virtualoferecidos a alunos de graduação daUNB. Baseados em uma senha deacesso, os alunos matriculados encon-tram indicações de textos que devemler, junto com as explicações da pro-fessora sobre os pontos mais impor-tantes e que requerem mais atenção.Os alunos, por sua vez, remetemrelatórios de suas leituras à professoraque os devolve com as correções.Existe, ainda, um espaço para dis-cussão e debates entre todos, atravésde uma lista de discussão, onde podemser colocados dúvidas e comentários.

• Uma outra iniciativa pode ser encontra-da na Universidade Federal do RioGrande do Sul, o Projeto LUAR(Levando a Universidade àAprendizagem Remota). Ele se propõea criar um ambiente virtual paratreinamento que possibilite o acesso àsatividades oferecidas, independentesda localização dos treinandos, pois elassão realizadas via Internet. O LUAR fazparte de um projeto maior, a OficinaVirtual na Internet (OVNI), e tem por

objetivo colocar em uso o sistema deensino a distância via Internet, anal-isando os aspectos de qualidade e efi-ciência das abordagens de tecnologiada informática e das metodologias deensino-aprendizagem. O foco do proje-to está em estudar e testar diferentescenários virtuais que oportunizem ainteração capaz de dar suporte àaprendizagem remota. O novo ambi-ente de aprendizagem está apoiadopor redes cooperativas de computa-dores para oferecer interação entrediversos grupos, para a construção eexposição dos próprios trabalhos epara dar um salto de qualidade. A salade aula virtual oferece um ambienteatraente e estimulante, capaz deincentivar os alunos a buscar um maioraprimoramento e um reconhecimentodos próprios resultados. A participaçãoentre alunos e professores pode serassíncrona e ocorrer no momento elocal mais convenientes para cada um.

• A Pontifícia Universidade Católica doRio de Janeiro também está desenvol-vendo diversos projetos, utilizando atecnologia e a comunicação viaInternet como uma ponte para atenderprogramas de educação a distânciaque diminuam a separação física entreprofessores e alunos. Alguns exemplossão os cursos "Sociedade daInformação" e "Introdução à Ciênciada Computação". O curso "Sociedadeda Informação" é oferecido com umacarga horária de aproximadamente 4horas semanais, das quais duas sãoministradas em sala de aula e, no mín-imo, duas na forma de ensino à distân-cia, utilizando a WWW e vários outrosrecursos da Internet (ex.: IRC, CU-SeeMe, etc). É direcionado basica-mente para alunos de pós-graduaçãoda instituição e prevê, além das aulaspresenciais, o intercâmbio de infor-mações empregando a apresentaçõesdisponibilizadas na Internet, chats egrupos de discussão onde se trans-mitem ou se discutem conceitos, emconjunto ou individualmente.

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Como se pode confirmar pelosexemplos apresentados, grande parte dasexperiências está voltada para apoio àcursos a distância, fornecendo a estruturadas disciplinas, o cronograma, a bibli-ografia, as notas de aula, fóruns de dis-cussão e bibliotecas virtuais. Os multi-meios (redes de computadores, simu-ladores, comunicação de dados, som eimagens) procuram romper com a unidi-recionalidade, os baixos níveis de rendi-mento e as altas taxas de evasão dosantigos cursos que utilizavam a corre-spondência, o rádio e a televisão.

OBJETIVOS

Neste Projeto de Pesquisa, objeti-vamos propor a estruturação de um sis-tema de ambiente hipermídia com a con-strução do conhecimento nas disciplinasde ensino de representação gráfica,especificamente nos cursos de graduaçãode Arquitetura e Urbanismo, procurandoevidenciar como alunos e/ou professorespodem atuar como sujeitos ativos em umprocesso de ensino e aprendizagem, tantoem ações individuais como coletivas. Oestudo terá como base a teoria de assimi-lação cognitiva de Jean Piaget, conceitofundamental no entendimento da apren-dizagem como processo ativo e posturaresponsável do estudante frente ao ensino

Este projeto pretende:

• Gerar o questionamento da postura doprofessor em sala de aula nos cursosde graduação de Arquitetura eUrbanismo, principalmente nas disci-plinas de ensino de representação grá-fica, revendo sua posição de "trans-missor de conhecimento" para a "pos-tura de colaborador na aprendizagem",e da postura do aluno de "receptorpassivo" para a de "colaborador ativo"da própria aprendizagem;

• Levar a tecnologia dos sistemas deambiente hipermídia para a sala deaula como um recurso de grande poderpara o enriquecimento do ambiente de

aprendizagem;• Desenvolver a postura de investigador

no aluno e no professor, capacitando-os a selecionar as informações obtidasa partir da utilização das novas tec-nologias, extraindo delas a essênciaque possibilite a geração de novasidéias e soluções nas áreas das disci-plinas de interface gráfica.

• Procurar fomentar a discussão noinvestimento, na atualização e nareeducação dos professores da área daArquitetura e Urbanismo, mostrandoas possibilidades da nova tecnologia.

P R O C E D I M E N T O SMETODOLÓGICOS

A pesquisa encontra-se em faseinicial de implantação, portanto, oprimeiro procedimento estará em verificara bibliografia existente sobre o assunto,selecionando as bases bibliográficas refe-rentes ao tema, identificando, catego-rizando e analisando os aspectos positivose negativos da problemática levantada. Oestudo de caso deve incluir, portanto, aobservação assistemática de um eventoselecionado no qual pode estar sendo uti-lizada nas disciplinas de ensino de repre-sentação gráfica, sistemas hipermídia noscursos de graduação em Arquitetura eUrbanismo como apoio pedagógico aoensino presencial.

A amostra será composta por umgrupo selecionado de professores degraduação em Arquitetura e Urbanismode uma universidade escolhida. Umapesquisa inicial, por meio de um ques-tionário, buscará identificar, preliminar-mente, quais são os professores que jáutilizam sistemas de ambiente hipermídianas disciplinas de ensino de represen-tação gráfica na Educação Superior degraduação em Arquitetura e Urbanismodaquela instituição. No mesmo ques-tionário, será investigado de que formaestá sendo feito ou deveria estar sendoesse uso pelos professores e alunos quese apresentarão e qual a avaliação queeles fazem desse uso. Com base nesses

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dados, será selecionado um grupo denove professores, aos quais foram aplica-dos outros instrumentos de coleta deinformações para a análise do fenômeno,tais como entrevistas semi-estruturadas ea observação assistemática.

Para a seleção dos professores ealunos a serem analisados, será dada pri-oridade aos que atendam os seguintescritérios:

1. Quanto ao projeto pedagógico:

• Uso da Internet e softwares educa-cionais na área das disciplinas de ensi-no de representação gráfica estudadaconsta do programa da disciplina?

• De que maneira os sistemas de ambi-ente hipermídia está sendo utilizadapara atingir os objetivos das disciplinasou de algum assunto da disciplina, emparticular?

• Existe um outro instrumento que sejamais eficiente do que o sistema hiper-mídia para atingir os objetivos propos-tos pelo professor?

• O uso do sistema de ambiente hipermí-dia é um recurso opcional ou é essen-cial para o bom cumprimento do pro-grama?

• O professor planeja ampliar a utilizaçãodo sistema de ambiente hipermídiadentro do programa da sua disciplina?

• O uso atual ou planejado trabalha comos níveis mais elevados do aprendiza-do ou apenas serve para a fixação deconteúdo?

• Os programas e locais selecionados naInternet empregam recursos multimí-dia ou trabalham apenas com a leiturade textos?

• Os alunos têm a oportunidade de explo-rar individualmente suas áreas deinteresse nas disciplinas de ensino derepresentação gráfica e de construirseu próprio conhecimento?

2. Quanto à relação professor x aluno:

• O emprego das ferramentas de hiper-mídia tem aprimorado a relação entreo professor e seus alunos nas disci-

plinas de ensino de representação grá-fica?

• O recurso tecnológico contribui para amaior colaboração entre os alunos ouentre outros grupos afins?

• O uso do computador ligado em umarede mundial colabora para a explo-ração e para o engrandecimento daspotencialidades individuais?

• Emprego é meramente técnico ou hádiscussão quanto aos aspectos éticos emorais da informação recebida?

O questionário da pesquisa inicialserá distribuído a todos os professores ealunos selecionados de graduação do cursode Arquitetura e Urbanismo da universi-dade, como forma de obtermos uma idéiainicial sobre a viabilidade do projeto e paraum primeiro contato com os professoresque se manifestarão em condições de par-ticipar do estudo de caso. Em primeirolugar, queremos identificar os professorese alunos que já utilizavam os sistemas dehipermídia nas disciplinas de ensino derepresentação gráfica como apoiopedagógico ao seu trabalho na graduaçãosuperior e de que maneira eles empregamesse recurso. No mesmo instrumento, bus-caremos informações sobre os professoresque pretendem incluir ou aprimorar a uti-lização das ferramentas de hipermídia nospróximos semestres. O significado dainclusão de sistemas de hipermídia nosprocedimentos pedagógicos das disciplinasdo curso de graduação em Arquiteturapoderá ser investigado pela inclusão deduas perguntas no questionário: aprimeira, as vantagens da utilização dessesprocedimentos, e a segunda, verificar asdesvantagens que essas mesmas infor-mações podem apontar.

A análise documental constituiráno estudo da documentação legal e dosplanejamentos que orientam as disci-plinas envolvidas (ementas, programasdas disciplinas, planos de ensino, planosde aula, etc.), no sentido de avaliar comopode estar sendo ou não sistemas deambiente hipermídia dentro da propostapedagógica do curso de Arquitetura eUrbanismo.

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A entrevista semi-estruturadaserá direcionada ao grupo de professorese alunos a partir de uma seleção feita comas informações colhidas até aquelemomento. Nas entrevistas, evitaremosdirigir rigidamente o tema, mas procure-mos estimular os entrevistados a descre-ver ativamente o fenômeno estudado, pormeio das suas interpretações e das suasvivências.

A observação assistemática com-preenderá a fase da coleta de dados ondeo pesquisador selecionará um eventoespecífico no qual o emprego dos sis-temas de ambiente hipermídia estaráocorrendo. Colaborará para verificar osprocedimentos dos professores e dosalunos, para compreender a organizaçãodas aulas que empregam esse instrumen-to e para avaliar os resultados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos considerar que o recursoda Hipermídia educativa é uma nova fer-ramenta didática que, englobando osrecursos da Informática, pode representaruma importante estratégia de incentivo econcretização da construção do conheci-mento na área da Arquitetura eUrbanismo no ensino da representaçãográfica. Portanto, a análise dos dadosseguirá a linha descritiva para tratar doimpacto da utilização dos sistemas deambiente hipermídia no grupo seleciona-do, acompanhando o desenvolvimento doprocesso, a fim de gerarmos uma novainterpretação do fato. Os resultados obti-dos, finalmente, poderão ser aferidos,tentando identificar:

• Se os sistemas de ambiente hipermídiaestão sendo utilizados ou não para amemorização de conceitos e idéias ouse ele está sendo empregado comouma forma de se impulsionar umprocesso de ensino-aprendizado críti-co, criativo e participativo da represen-tação gráfica;

• Se ele permite atender aos aspectosindividuais da inteligência e da forma

de aprendizagem de cada aluno ou sefavorece o tratamento do aluno deuma forma única e padronizada;

• Se a rede apoia o ensino direcionado àbusca do aluno na construção do seupróprio conhecimento e na geração deseus próprios conceitos, por intermé-dio da sua interação com uma grandequantidade de informações sobre o seuambiente social e histórico na área daArquitetura e Urbanismo;

• Se a variedade de informações e decontextos históricos-sociais considerauma avaliação ética, humanista e dequalidade da educação da represen-tação gráfica na área estudada.

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Maria Alzira Loureiro1

Loureiro, M. A. ,Revista AssentamentosHumanos, Marília, v6, nº1, pag. 101 - 106, 2004.

RESUMOTrata-se de um procedimento

metodológico para o ensino da GeometriaSólida por meio da linguagem gráfica 3Ddo AutoCAD, ou de um procedimentometodológico para o ensino da linguagemgráfica 3D do AutoCAD por meio dosconhecimentos da Geometria Sólida.

PALAVRAS CHAVE: Desenho –Estruturas geométricas – PoliedrosPlatônicos – Poliedros Arquimedianos –Superfícies de Dupla Curvatura -AutoCAD 3D-

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O DESENHO DAS ESTRUTURAS GEOMÉTRICASSUPERFÍCIES DE DUPLA CURVATURA

1 Professora Titular da UNIP - BAURU, Professora aposentada da FAAC - UNESP – BAURU Titulação : Mestrado e Doutorado pela FAU-USP

INTRODUÇÃO

Este artigo é o início de uma sériede trinta e cinco aulas tipo “passo –apasso” sobre desenhos de superfíciespoliédricas geradas a partir dos poliedrosplatônicos e arquimedianos. O início sãoexercícios simples, mas muito impor-tantes para desenvolver a criatividade ea aprendizagem do AutoCAD em 3D. Aospoucos se aprende a desenhar as estru-turas arquimedianas mais complexasgeradas a partir dos poliedros platônicos:tetraedro regular, hexaedro regular,octaedro regular , dodecaedro regular eicosaedro regular, até chegar no desenhode geodésicas.

A inovação desta série é apenas alinguagem gráfica informatizada doAutoCAD, porque antes do AutoCAD, osdesenhos eram criados sobre o papel,com instrumentos gráficos tradicionais(prancheta, compasso, régua, esquadros,etc.) Os instrumentos gráficos tradi-cionais são extensão das mãos e temcomo suporte, o plano bidimensional. Oconjunto de instrumentos gráficosinformatizados (AutoCAD) é extensão docérebro e tem como suporte, o espaço 3Dvirtual. Por estas razões, o AutoCAD rev-olucionou todo o procedimentometodológico do Ensino do Desenho,tanto os relacionados com a geometriaplana (desenho geométrico) como os rela-cionados com a geometria espacial(desenhos projetivos e projetuais).

A série completa consta dasconstruções dos seguintes assuntos:a) Poliedros Platônicos: Tetraedro Regular, Hexaedro Regular ou Cubo , OctaedroRegular , Dodecaedro Regular , IcosaedroRegular.b) Poliedros Arquimedianos: Troncotetraedro, Troncoctaedro , Troncoicosaedro ,Troncododecaedro , Rombicuboctaedro ,Cuboctaedro , Icosidodecaedro , CuboAchatado, Dodecaedro Achatado ,Troncocuboctaedro , Troncoicosidodecaedro ,Rombicosidodecaedro.c) Superfícies de Dupla Curvatura

OBJETIVO: É iniciar o ensino deAutoCAD por meio da geometria plana eespacial ou... iniciar o ensino da geome-tria plana e espacial por meio do AutoCAD. Desenvolver um procedimentometodológico fácil, capaz de despertar acuriosidade e o gosto pela pesquisa doDesenho das Estruturas Geométricas epela linguagem gráfica informatizada.

PÚBLICO ALVO : a) Pessoas iniciantesna linguagem do AutoCAD. b) Professoresde Desenho Técnico, Desenho Expressivo,AutoCAD , Geometria Plana e Espacial,Matemática, Artes Plásticas. c) Alunos ,professores e profissionais nas áreas deprojeto, ciência e arte: arquitetura,desenho industrial, engenharia,matemática , artes plásticas.

OBSERVANDO O HEXAEDROREGULAR OU CUBO.

Primeiro passo: Antesde iniciar o desenho, énecessário observar aforma do cubo (Fig. 1.1)a fim de entender oporquê de cada con-strução. O cubo é forma-do por seis quadradosperpendiculares entre si

dois a dois, por doze arestas e por oitovértices denominados nós da estrutura.Cada nó é composto por três quadrados.Os comprimentos das alturas do hexaedroregular coincidem com os comprimentosde suas arestas.

Segundo passo:Passamos a observar assuas projeções ortogo-nais (vistas). As pro-jeções ortogonais decima, de frente e lateraistêm a forma de quadra-do (Fig.1.2). Cada pro-jeção mostra duas de

suas faces opostas, coincidentes, sobre-postas e em verdadeiras grandezas e as

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outras quatro coincidentes com os seuscontornos.

Terceiro passo: Por fim,vamos observar o cuboem perspectiva. (Fig.1.3)O contorno do cubo é umhexágono. Visualizamosapenas três faces e os

outros três ficam invisíveis. A visão emperspectiva isométrica (x, y, z = 1, 1, 1),nem sempre é a ideal, porque geralmentecoincidem arestas e/ou vértices, dificul-tando a construção. Escolheremos dife-rentes pontos de vista, quase sempre emperspectiva, para facilitar a montagem e amodelagem da estrutura geométricaSendo todas as construções em 3D sãomuito simples, podem ser construídaspelas versões Auto CAD 14 ao 2004.

DESENHANDO O CUBO ARAMADO(ARESTAS , PERÍMETRO)

Primeiro passo:Desenhando a face infe-rior do cuboPreparar os instrumen-tos e desenhar umquadrado de 100 mmem perspectiva. Seguiro primeiro e o segundopasso do CUBO SÓLIDO. ( Fig. 3.1)Segundo passo: Desenhando as arestasda face superior . • Modify - copy - select object –(cliquenum dos lados) (Enter)• Specify base point – (clique num dosvértices do quadrado). • Specify second point –digitar: @0,0,100(Enter) • Aparecem as arestasda face superior em per-spectiva. (Fig.3.2)

Terceiro passo:Desenhando as arestas laterais. • Draw – Line – Specify first point- (clique

num vértice superior) • Specify second point (clique no vérticeoposto inferior) (Enter-Enter) • Repetir para as outras três arestas. • Modify – explode –(clique sobre os quadra-dos superior e inferior afim de separar asarestas). • Aparece o cubo em per-spectiva. (Fig. 3.3)

DESENHO DE UMA SUPERFÍCIE COMRETAS REVERSAS.(DUPLA CURVATURA OU PARABOLÓIDE)

Primeiro passo : Organizando a visua-lização técnica.• Desenha-se um cubo do tipo aramado(ver aula n° 3)• Modifica-se a visualização técnica a fimde não coincidir pontos:No teclado: Command:Vpoint (enter) – currentview direction: 1,2,3 • Specify a view point:(4, 3,5). ( Fig. 13)

Segundo passo: Traça-se as arestas reversas(diagonais das faces lat-erais) . • Draw – line – endpoint(on) - Clique nos vér-tices das diagonais dasfaces. (Fig. 14)

Terceiro passo : Organizando os instru-mentos:No teclado: Command: surftab1 (enter) –defaut (6) – digita-se 20 (enter).Command: surftab2 (enter) – defaut (6) –digita-se 20 (enter).

Quarto passo : Desenha-se a superfí-cie de dupla curvatura ou parabolóide. • Draw – surfaces – Edge Surface • Select object 1 (selecionar a primeiradiagonal)

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• Select object 2 (selecionar a segundadiagonal) • Select object 3 (selecionar a terceiradiagonal) • Select object 4 (sele-cionar a Quarta diago-nal) . • Aparece a superfície dedupla curvatura (Fig. 15)

Quinto passo : Visualização técnica.View – Toolbars - View .Visualizar cada uma das projeções orto-gonais (vistas) e cada uma das perspecti-vas isométricas. (Fig. 15, 16,)A seguir, variar os valores das coorde-nadas x, y, z a fim de visualizar a super-fície sob diversos pontos de vista. (fig.17, 18)

DESENHO DE OUTRAS SUPERFÍCIESDE DUPLA CURVATURA COM ARCOS (ARCOS OPOSTOS INVERTIDOSDOIS A DOIS)

Primeiro passo: Organizando os instru-mentos e o suporte do desenho: • Clique em F8 (ortho on). • OSNAP – setting – Endpoint e Midpoint. • Clique em F3 (snap on) • No teclado: command : vpoint –

(defaut é 0,0,1) – • Specify a view point (1,2,3). • O plano é visualizado em perspectiva. Segundo passo: Organizando as dimen-sões da estrutura de “aramado”.• Draw- Polygon- Enter number of side (4)(enter) –• Specify center of polygon or <edge>EDGE(enter)• Specify first endpoint of edge (Cliquenum dos vértices)- • Specify second end-point of edge: (arrasteo mouse para a direita edigitar 100) (enter). Aparece um quadradode 100 mm de lado, emperspectiva. (fig. 19)Sobre cada lado do quadrado, desenha-seuma circunferência com centros nos pon-tos médios dos lados.• Draw – Cicle – Center ,Radius - (Clique noponto médio do lado)(Clique numa dasextremidades destelado). Repetir esta oper-ação para os outros 4lados. (Fig. 20)• Modify – Trim – Select objects : (Cliquesobre um dos lados do quadrado) (enter)• Select object to trim :(selecionar as 4 semi-circunferências internas)(enter) • Aparece apenas oquadrado e as 4 semicir-cunferências. (Fig. 21)

Terceiro passo : Organizando a estruturaem Layers.• Crie mais dois layer : Layer – New –News – OK• Selecionar o quadrado e enviá-lo para olayer n° 1• Selecionar os 4 arcos e enviá-los para olayer n° 2• Modify – 3D operation – Rotate 3D • Select object (selecionar um dos arcos)(enter)• Specify first point on axis (Clique numadas extremidades do 1° arco)

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• Specify second pointon axis (Clique na outraextremidade do 1°arco)• Specify rotation angle: (- 90) (enter) O arcoé rotacionadopara baixo, em 3D. (Fig. 22)• Repetir a operaçãopara os outros 3 arcos,especificando o angulo90 graus e – 90 grauspara os arcos opostos,rotacionando assim,dois para cima e doispara baixo. (Fig. 23)• Layers – (Desativar oFREEZE do layer n°1,para o quadrado ficarinvisível, e só apareceros arcos. (Fig. 24)).• Draw – Surfaces –Edge Surface – • Select object 1 for surface Edge: (sele-cionar o primeiro arco).• Select object 1 for surface Edge: (sele-cionar o segundo arco)• Select object 1 forsurface Edge: (sele-cionar o terceiro arco)• Select object 1 forsurface Edge: (sele-cionar o quarto arco)• Aparece a superfície curva tipo folha(Fig. 25) • Variando os valores das coordenadas (x,y, z) se visualiza diferentes pontos de vistadesta mesma superfície topológica. Estetipo de superfície é muito bonito, e possuipontos de vistas totalmente diferentes,enriquecendo a forma arquitetônica. • View Point : (x , y , z ) = (1,1,1)(1,1,0) (1,0,1) (0,1,1) (0,0,1) (1,0,0)(0,1,0) (1,2,3) (0.5, 2, 0.3) ( -3, -2, 1)(3,2,1) (3,-2,1) (3,2,-1) etc.

Procure criar novas superfícies para cober-turas, variando o contorno das 4 linhas!1. Rotacionando 3 arcos para cima e um

para baixo.2. Rotacionando 2 arcos para cima e dois

para baixo (opostos dois a dois)3. Rotacionando 2 arcos para cima e dois

para baixo (consecutivos dois a dois).Este é o do exemplo desta folha!

4. Se você unir dois segmentos paralelos,terá superfícies planas!

5. Se você unir segmentos de arcos comsegmentos de retas, criará novos tiposde superfícies! Imagine! Crie superfí-cies diferentes seguindo este mesmoraciocínio!

Pesquise a visualização técnica no teclado(VPOINT) ou com “3D órbit”, para quemtem AutoCAD 2000 ou 2004. Veja abaixoalgum destes exemplos:

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Ercília M. Souza1

Souza, M. E. ,Revista Assentamentos Humanos,Marília, v6, nº1, pag. 107 - 100, 2004.

ABSTRACTDue to a large degradation of

environment, we have to take steps rapid-dy to ensure a quality life for the futuresgenerations.

The preservation of the environ-ment associate a human‘s comfort withthe preservation of ressource natural anda control of detritus.

Key Words: environment, quality life,control of detritus, human‘s confort.

Palavras-chave: meio ambiente, quali-dade de vida, controle do lixo, confortohumano.

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A ALTERNATIVA ECOLÓGICA E DESAFIOS , PRATICAS E PERSPECTIVAS.

1 Graduanda de Arquitetura e Urbanismo da FEAT - UNIMAR

A procura da qualidade de vida éuma atitude ancestral visando estabele-cer um equilíbrio harmonioso entre ohomem e a natureza que o entorna.Praticado por necessidade durante séculos, em particular dentro da arquite-tura doméstica e vernácular, ela caiu emdesuso depois da revolução industrial, ohomem durante um tempo acreditou nasua onipotência e esgotar sem medidaos recursos do planeta.Hoje as modificações climáticas ocorri-das no século XX ficaram cada vez maissensíveis.

Em face desses perigos e do queeles representam, a opinião publica e osdecididores políticos começaram a tomarconsciência da necessidade de proteger omeio natural . Abordar o urbanismo e aarquitetura com uma visão respeitosa domeio ambiente e uma das respostas aosproblemas levantados nas conferênciasinternacionais. Cada vez mais os profis-sionais europeus da construção colocaramem pratica os princípios ecológicos.Os desafios do desenvolvimento durável.

No começo dos anos 90, a con-ferência da terra organizada pelasNações Unidas no Rio alertou a opiniãopublica sobre as conseqüências sobre apilhagem das matérias primas, e umaargumentação inquietante do efeitoserra e sobre a degradação rápida eespetacular dos equilíbrios ecológicos.Os compromissos assumidos no Rio seconcretizaram em numerosas medidasenvolvendo entre outras atividades aatividade industrial, transportes, odomínio da energia e a gestão dos detri-tos. Elas incentivam também os habi-tantes dos paises industrializados apreservar os recursos naturais colocandoem questão a maneira de viver e habitar.

A degradação dos meios naturais Depois de décadas, os peritos alertamcontra certos prejuízos irreversíveis parao planeta, para os seus habitantes. Aquiestão alguns dos maiores fenômenos.

- Crescimento rápido da população ;- Desperdício de matéria prima e dosrecursos das energias fosseis ;- Degradação do ar, da água e do solo ;

- Abundancia de detritos.A população da terra já passou

1,5 bilhões de habitantes em 1900 a 6bilhões em 2000. Um crescimentoimpressionante dos números de sereshumanos que dividem o planeta e os seusproblemas entre ekes a alimentação, alo-jamento e da qualidade de vida, sobretudo nas regiões menos favorisadas ondea demografia e galopante. Durante estemesmo período, a utilização das matériasprimas e dos recursos energias fosseisteve uma progressão que comprometeem curto prazo o desenvolvimento dasfuturas gerações. Os recursos existentesdevem ser esgotados dentro de mais oumenos 50 anos para o petróleo, 60 anospara o gás natural, 180 anos para ocarvão. A degradação da água doce e doar, notadamente dentro das zonasurbanas dos paises industrializados, colo-ca em perigo a saúde da população. Osdetritos gerados nesses paises tomaramespaços nas cidades e nos campos epoluíram o solo, trazendo conseqüênciasdesastrosas para as produções agrícolas ena qualidade da alimentação.

As mudanças climáticas

O aquecimento do planeta obser-vado por especialistas do clima é consi-derada com ceticismo. Na segunda confe-rencia das Nações Unidas sobre asmudanças climáticas, que aconteceramem Genebra em 1996, os especialistasconfirmaram que »os desastres naturaissignificativos se quadruplicaram no cursodos últimos 30 anos « . O GIEC estimaque no século XX a terra se aquecera de0,3 a 0,6 °c e que o nível dos oceanossubirão em media 15 a 25 cm. Eles pre-vêem uma acentuação importante dessefenômeno nas próximas décadas. Semedidas serias não forem tomadas rapi-damente poderemos ter um aquecimentode 2 a 5 ° C e um aumento do nível dosoceanos e trará a destruição denumerosas cidades.

As mudanças climáticas têm con-seqüências múltiplas, o publico começa acompreender a amplitude : derretimento

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das calotas polares, inundações, desertifi-cação, torrentes de lamas, ciclones. Ascatástrofes naturais e as destruições elasacarretam e tem um impacto sensível sobreo PIB dos paises principalmente nos paisespobres. Dentro de certas regiões do globo,elas já tiveram conseqüências dramáticas :penúrias alimentares, epidemias.

O efeito serra

O globo terrestre é envolvido poruma camada gasosa principalmente con-stituída de azoto (78% do volume daatmosfera), oxigênio (21%) e de outrosgases, presentes em pequenas quanti-dades m as particularmente impor-tantes já que a maior parte deles fazemparte do efeito serra. A terra recebe raiossolares telúricos de natureza infraverme-lhos que e reenviado pelos gases a efeitode serra. Este fenômeno natural, quefavorece o desenvolvimento da vida sobrea terra, se acentuou assustadoramentenos últimos 50 anos e isto e extrema-mente inquietante. Os estudiosos esti-mam que o aquecimento do planeta estaessencialmente ligado ao crescimento doefeito serra.

Depois de um relatório de Miessobre os impactos potenciais dasmudanças climáticas, a concentração dogás carbônico ou do dióxido de carbono(CO2), que e responsável por 60% doefeito serra, o aumento de 30% desde1750. Esta data corresponde ao inicio darevolução industrial, serve de referenciapara estudar as modificações e a com-posição atmosférica devidas às atividadeshumanas. Ate então a atmosfera apresen-tava uma composição relativamenteestável a escala terrestre.

Esses dados foram extraídos deanalises dos “arquivos glaciais” essesbalões de gás implantados nas camadasde gelo da Antártica ou da Groenlândia.Atualmente mais de 21 bilhões detoneladas de CO2 são jogados na atmos-fera por causa da utilização de com-bustíveis fosseis. Outors gases ligados àsatividades humanas contribuem paraagravar a situação: o metano (CH4), óxi-

dos de nitratos (N2O), os clorosfluocar-buretos (CFC), proibidos nos protocolosde Montreal pelo seu poder de destruiçãoda camada de ozônio estratosférico, e oshidrocarbonetos (HFC), substituídos atual-mente pelo CFC, condenado por seu poten-cial de destruição da camada de ozônio.

O desenvolvimento durável

A degradação do meio natural eas modificações climáticas atuais estãodiretamente ligadas às atividadeshumanas. A recolocação em questão domodelo econômico dos países industria-lizados foi exprimida pela primeira vez1968 em reunião com o Cube de Roma.Esse grupo internacional de intelectuaispublicou em 1972 o celebre Pare oCrescimento, para afirmar a necessidadede associar a proteção à natureza aodesenvolvimento econômico. O primeiroencontro das Nações Unidas sobre ohomem e o meio ambiente que aconteceuno mesmo em Estocolmo. Foi nessa épocaque se criou a maioria dos ministérios domeio ambiente nos paises do primeiromundo. Depois de uma consultoria inter-nacional a primeira ministra norueguesasenhora Brundtland, fez um relatório inti-tulado o “O nosso Avenir” (Our CommonFutur) que foi discutido na 42 ° sessãodas Nações Unidas, em 1987. Este textoessencial que introduziu a noção dedesenvolvimento durável (sustainabledevelopment). Ele destaca sobre o fato doempobrecimento da maioria da populaçãoe uma das razoes principais dos proble-mas ambientais a escala do planeta.

Em 1992, os chefes de estado pre-sentes no encontro da terra no Rio de Janeirose comprometeram a pesquisar juntos asvias do desenvolvimento durável que respon-da a as necessidades do presente sem com-prometer a capacidade das gerações futuras.Esse conceito de desenvolvimento durávelrepousa sobre 3 princípios:

- Levar em consideração o conjunto dociclo de vida dos materiais;- O desenvolvimento da utilização dasmatérias primas e das energiasrenováveis;

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- A redução das quantidades dematérias e de energia utilizadas naextração dos recursos naturais, daexploração dos produtos e da des-truição ou reciclagem dos detritos.

A noção do desenvolvimentodurável exprime uma tomada de con-sciência dos riscos ambientais, mais tam-bém um projeto de sociedade que procu-ra conciliar os critérios ecológicos,econômicos e sociais. Suas aplicaçõesexigem o respeito dos grandes princípiosdo direito ambiental:

- Precaução;- Prevenção;- Correção na fonte;- Poluidor-pagante;- Emprego dos meios técnicos disponíveis.

As Agendas 21

Os princípios da declaração do Rioestá associadas a um programa de desen-volvimento para o século 21, chamadaAction 21 ou Agenda 21, recomenda umavisão integrada e criativa para asseguraro desenvolvimento durável. Estes com-promissos têm uma dimensão social eeconômica: luta contra a pobreza, odomínio da demografia, proteçãosanitária, mudança nos modos de con-sumo e promoção de um modelo urbanoviável nos países em desenvolvimento.Eles prevêem também a integração daspreocupações ecológicas dentro dosprocessos de tomadas de decisão.

As recomendações dizem respeitoigualmente a respeito do meio ambiente auma gestão racional dos recursos naturais:

- Proteção atmosférica;- concepção integrada da planificação

da gestão das terras;- Luta contra o desmatamento;- Gestão dos ecossistemas frágeis;- Promoção de um desenvolvimento

agrícola e rural durável;- Preservação da biodiversidade- Gestão ecologicamente racional da

biotecnologia,- Proteção dos oceanos, mares e zonas

costeiras,- Proteção das fontes da água doce da

sua qualidade,- Gestão ecológica racional das substan-

cia químicas tóxicas, dos detritosperigosos, dos detritos sólidos, daságuas usadas e dos detritos radiativos.

Depois de1992, numerosas cole-tividades territoriais européiasprepararam uma agenda 21 local.Na Alemanha, diversos projetos foram ini-ciados durante a exposição mundial deHannover, cujo tema era “Homem-Natureza-Tecnologia”.

Os compromissos de Kyoto

Se o encontro do Rio tinha umadimensão social e cultural que marcouos espíritos, este Kyoto, em 1996, tinhauma vocação mais operacional. Dentrodo protocolo estabelecido na conferenciainternacional, os chefes de estados, pre-sentes se comprometeram a não passardo ano de 2008 a 2012, a emissão degás a efeito serra de 1990. Se eles qui-serem manter o compromisso, os paisesindustrializados devem manter paralela-mente 3 tipos de ação:

- Reduzir o consumo de energia; - Substituir as energias fosseis por

energias renováveis- estocar carbono.

A conferencia de Haye em 2000reuniu os diplomatas de 180 paises parafinalizar as modificações do protocolo deKyoto, que impõem a 38 paises industrial-izados as cotas de redução de emissão deCO2 e cinco outros gases de efeito serra.Este encontro terminou em fracasso, oca-sionados pelas divergências entre aEuropa e os Estados Unidos sobre a mis-são de carbono.

O contexto Político e Econômico

O movimento ecologistacomeçou no fim dos anos 60 por umageração que rejeitava os excessos dasociedade de consumo e pregava ocrescimento “0”. Nos anos 70 e 80, esteconceito evolui a uma estratégia de pro-

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teção a natureza, preservando assim aqualidade de vida e a luta contra aexclusão social. Depois dos anos 90, ospartidos verdes começaram a ter poderpolítico regional na Europa, e às vezesnacionais e muitos de seus princípiosforam difundidos em outros partidospolíticos.

Ecologia e Economia

Para a maioria dos ecologistas,crescimento e lucro se transformaram emconceitos aceitáveis com o aparecimentodo conceito de desenvolvimento susten-tável, que prevê uma repartição justasdos benefícios e uma utilização respeitá-vel dos recursos naturais.

Esta evolução foi exprimida noFator 4, uma obra do Clube de Roma, quereúne a mais de décadas os pioneiros daecologia aplicada.

Publicado em alemão em 1995por Ernest Ulrich von Weizsäker com osespecialistas em energia Amory B. eHunter Lovins, este livro abre novas per-spectivas em desenvolvimento um con-ceito que assegura o futuro das geraçõesfuturas graças a uma política econômicapermanente de ter lucros preservando omeio ambiente. A partir de exemplos con-cretos, os autores expõem uma teoria naqual seria possível dobrar as riquezasdefiníveis utilizando duas vezes os recur-sos naturais e aumentando sensivel-mente a qualidade de vida. Eles propõementre outras opções as tecnologias exis-tentes para fabricar com maior eficiênciaos produtos de consumo sem aumentar oscustos, de limitar o desperdício no trans-porte e na comercialização desses produ-tos, de construir os automóveis com baixoconsumo de combustível e de construiredifícios econômicos em energia e maisconfortáveis.

Com os meios técnicosdisponíveis é possível de reduzir a metadeo consumo de energia e de água potávele também a produção de detritos, e deminimizar de maneira radical a poluiçãoligada ao barulho e a presença de produ-tos tóxicos no ar e na água. Essas medi-

das têm um preço, mas elas gerameconomias globalmente, a curto e emlongo prazo.

Segundo um estudo realizadopelo Centro Federal do Meio Ambiente, ocusto pela destruição do meio ambiente esuas conseqüências, em particular para asaúde publica, em 1986 na Alemanha 53bilhões de euros eram gastos graças aessas conseqüências; (source Wicke,1998). E a progressão é exponencial.

As implicações para setor industrial

No meio industrial, o desenvolvi-mento durável já é uma realidadeeconômica. As grandes empresas tomaramconsciência que a aplicação do conceito dedesenvolvimento sustentai ou durável per-mite de melhorar o processo industrial, ede reforçar a imagem do produto e de dis-tingui-lo dos demais concorrentes.

O setor petroleiro investe hávários anos em pesquisa de energia solare energia eólica e a meta para 2050 é deque mais de 50% da energia a partir derecursos renováveis.

Outras empresas escolheram departicipar da construção de poços de car-bono, compostos de vegetais e de arvoresem período de crescimento que absorve osgases que causam o efeito serra.

Um hectare de floresta admi-nistrada e com uma explorada fixa cadaano 3 toneladas de CO2 dentro das zonastemperadas e 5 toneladas nas zonastropicais. Desde de julho de 1999, ogrupo Peugoet-Citroen firmaram um acor-do para plantar 10 milhões de arvores emuma região da Amazônia que já fora des-matado. Pouco depois, a Bolsa de Sidineylançava um cambio de CO2 que permitea toda empresa poluente de plantar flo-restas ou de adquirir jovens plantaçõesestocando o carbono a fim de reduzir omontante de “exo-taxe”.

Dentro da lógica do ISO 9000 aorganização internacional de normaliza-ção foi encarregada de propor a nívelmundial um sistema de gestão ambientalchamado de 14000 ao qual aderem cadavez mais empresas.

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Esta atitude “cidadã” e voluntáriaem favor do desenvolvimento sustentávelconstitui um importante fator em relaçãoà opinião publica. Dentro do setor dotratamento de detritos elemento sensíveldo desenvolvimento durável esse certifi-cado 1400 é imprescindível para obtençãoda concorrência para a prestação deserviços para os governos europeus.

As implicações para o setor terciário

As empresas o setor terciário tam-bém tomaram providencias já há algunsanos, para a proteção do meio ambiente:elas desenvolveram uma imagem para asua marca que é uma das chaves dosucesso. Uma organização internacional,The Natural Step, deu apoio e sua expe-riência as empresas que desejam desen-volver uma estratégia eficaz e prosperabaseada no desenvolvimento sustentável.Entre 1996 e 2001, o consumo de água eenergia dos hotéis dessa cadeia foi reduzi-da de um quarto. Graças à participaçãodos clientes, a metade dos detritos são triados na fonte. Os materiais usados para adecoração dos quartos (madeira, lã, ealgodão) são recicláveis a 97%.

As implicações para o setor da con-strução

A concretização dos compromis-sos de Kyoto teve uma grande influenciasobre a urbanização do território e daarquitetura. Pois é no setor da construçãoe das construções publicas que se temmuito caminho a percorrer sobre o planode economia de energia e de matérias pri-mas, a redução dos gases a efeito serra ea redução do volume de detritos. A real-ização e a utilização das construções temum impacto muito importante sobre omeio ambiente: eles consomem 50% dosrecursos naturais, 40% da energia e 16%da água.

O ato de construir visando odesenvolvimento sustentável é uma dasrespostas mais eficazes para reduzir oefeito serra e a degradação ambiental. Elaé fundada sobre 3 objetivos comple-

mentares e indissociáveis:- igualdade social,- prudência ecológica- eficiência econômica.

As implicações sociais e a quali-dade do meio ambiente não pode serindiferente aos profissionais da con-strução. Uma construção durável deve serabordável, portanto acessível ao maiornumero de pessoas. Isso delega a con-strução a sua dimensão cidadã e questionaa produtividade do setor daconstrução.Uma realização abordávelsupõe-se a associação dos usuários a con-cepção e a gestão do ambiente de vida e acolaboração dos profissionais, para aotimização da realização arquitetônica,técnica e custo.

As implicações para a arquitetura eurbanismo

Em 1996, durante a conferenciaHabitat II em Istambul, os profissionaisdefiniram isto que poderia ser a aplicaçãodo desenvolvimento durável na área daconstrução. Em paralelo, a mediatizaçãodas conferencias internacionais e osescândalos ligados aos riscos apresenta-dos por certos materiais de construção,tais como amianto, despertaram o inte-resse crescente da opinião publica pela apreservação ambiental e a criação de umambiente de vida sano e confortável.

Respondendo a essas evoluçõesculturais, os profissionais e os profissio-nais e as industriais européias da con-strução começam a levar em conta osaspectos ecológicos.

Em vários paises da Europa, asmedidas a favor da qualidade do ambi-ente já estão institucionalizadas em for-mas de normas. A Escandinávia, aAlemanha se adotaram uma regulamen-tação para a economia de energia.

AS TENDÊNCIAS DA ARQUITETURAECOLÓGICA

Mesmo se ela não avançou muito

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depois da conferencia do Rio, a tomada deconsciência da necessidade de umaarquitetura ecológica existe a mais deuma década, durante as quais os adeptosdo low-tec e do high-tec.

Os pioneiros do low-tec

Desde os anos 70, alguns pio-neiros idealistas respondem as inqui-etudes levantadas pela primeira crise dopetróleo e propuseram as alternativasecológicas, essencialmente para o setorda habitação e dos equipamentos educa-tivos e culturais. Dentro desse movimen-to de contestação de maio de 1968, cer-tos arquitetos, rejeitaram a rigidez e afrieza das construções modernistas, enco-rajou os usuários a participar da con-cepção, realização das construções. Na década seguinte, muitos arquitetostrabalharam com materiais naturais edesenvolveram alguns conceitos defachadas e telhados verdes.

Alguns nomes do low-tec:Joachim Eble, na Alemanha; Lucien kroll,na Belgica; Atelier Vandkunsteé, naDinamarca; Peter Hübner na Alemanha;Sverre Fehn, na Noruega; Jourda ePerraudi na França. Alguns conceitosforam desenvolvidos alguns conceitoscomo: fachada e telhado verdes.

As estrelas do high-tec

A arquitetura high-tec é sim-bolizada pelos imóveis de escritórios e degrandes equipamentos espetaculares emmetal e vidro estrelas da arquiteturainternacional.Vários conceptores entreeles Norman Foster, Renzo Piano, RichardRogers, Thomas Herzog, Françoise-Helene Jourda e GillesPerraudin, for-maram uma associação a Read para refle-tir a utilização das energias renováveis noâmbito da construção. Oficialmentereconhecida em 1993, durante a confe-rencia internacional de Florença sobreenergia solar e urbanismo, essa associ-ação recebeu o apoio da Comunidade

Européia.Os dogmas da “eco-tech” é a

torre do Commerzbank a Frankhfurt ecúpula do Parlamento Alemão de Berlindentro do reichstag renovado, os doisprojetos de Sir Norman Foster. A arquite-tura internacionalizada, que se vê ecoló-gica graças ao emprego da tecnologia ede informática. Alguns princípios iniciadosnestes projetos, como a dupla fachada devidro, foram utilizados por outros projetosde menor porte, onde se revelaram muitoeficaz.

O humanismo ecológico.

Entre dois extremos o low-tec e ohigh-tec, um ponto de equilíbrio é ogrande desafio. A diferença essencial coma arquitetura low-tec é sua imagem con-temporânea, favorece pela combinaçãoracional de materiais tradicionais e produ-tos industrializados inovadores.Günter Behnisch foi o pioneiro desde osanos 70 de uma arquitetura luminosa ecolorida, baseada por uma filosofiahumanista e muito livre na composiçãodas formas e dos volumes. Uma relaçãoprivilegiada com os espaços verdes trata-dos de maneira natural.

Segundo Günter Behnisch existe2 correntes de arquitetura ecológica, dis-tinguimos as duas: a de Norman Foster,que diz que podemos resolver o problemaecológico com mais tecnologia, e a deSoleri: “Não a tecnologia’”.

A ecologia democrática e social

O desenvolvimento de umaecologia democrática destinada ausuários sensíveis e responsáveis éuma outra tendência, que encontramospontualmente na Alemanha, PaísesBaixos e Escandinávia. Fiel a iniciativados anos 70, Peter Hübner projetou aGelsenkirchen habitação individualdentro de um programa subvencionadopela Exposição Internacional deArquitetura Emscher Park. Este proje-to de 28 casas geminadas permitiu afamílias de baixa renda de aceder a

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casa ecológica graças à participaçãodessas famílias na concepção e con-strução e gestão do seu condomínio.

O futuro da construção esta em umamistura de materiais que integra proteçãoambiental sem renunciar a modernidade.

O minimalismo ecológico

Uma nova geração de arquitetos eengenheiros, menos radicais e mais prag-máticos que os pioneiros, emergiu depoisde 10 anos. Se baseando na informáticacomo instrumento, esses conceituais deuma arquitetura minimalista constroemcom técnicas e produtos inovadores econstruções ancoradas na modernidade.

Sem exibir os fatores econômicosde energia e ecologia, seus edifícios inte-gram parâmetros como elementos consti-tutivos do projeto. Eles casam a idéia umaidéia enérgica com a precisão para daruma resposta adequada aos problemas dositio e do programa. Eles distorcem astu-ciosamente os princípios e as técnicasconhecidas, com concisão dos materiaisbrutos e apoiadas na pire fabricação parareduzir os custos e a duração do canteiroe limitar os custos.

O FUTURO DO PROCESSO AMBIENTAL.

Como toda experiência nova, aaplicação de um processo que respeita omeio ambiente pede motivação e compro-misso da parte dos profissionais da con-strução e das empresas envolvidas nesseprocesso. Exige também o questionamen-to das atitudes cotidianas. investimentode tempo, pois toda pratica é experimen-tal. Para atingir os objetivos fiados naConferencia do “Rio” em termos deeconomia de energia e de redução daemissão de CO2, a realização de con-struções ecológicas são insuficientes. Éindispensável de se aplicar os conceitosambientais a planificação urbana a escalada cidade, até de uma região, semprefavorecendo a dimensão humana.

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Sobre a Revista

Formato:210 x 270 mm

Mancha:33.5 x 46.5 paicas

TipologiaVerdana/ Futura medium/ AvantGarde

Papel:Copimax - 75/g m2 (miolo)Xerocoat 220/g m2 (capa)

Impressão:Avalon Gráfica Rápida

Acabamento:Avalon Gráfica Rápida / Baby Binder

Tiragem:500 exemplares

ProduçãoPaulo Kawauchi

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