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¹ Graduanda em Engenharia Civil Faculdade Kennedypriscilaavelarengenharia@gmail.com, tamaramatosengenharia1@gmail.com
²Professor Orientador: Engenheiro Civil com especialização em estruturas de Concreto e Aço pela UFMG, Professor de Estruturas de Concreto Armado da Faculdade Kennedy engerf@hotmail.com
Light Steel Framing: Descrição do método construtivo e precauções na sua execução
Light Steel Framing: Description of the constructive method and precautions in its execution
Priscila Rafaela de Avelar¹
Tamara de Matos Vieira Passos¹
Ronilson Flávio de Souza²
Resumo
O Brasil vem passando ao longo dos anos por um expressivo avanço no setor construtivo.Em meio aos
diversos polos e produtos em que o país se destaca em sua produção, temos em evidência o aço e com
isso surge a necessidade e o benefício de aplicá-lo no setor construtivo, havendo assim a importância de
enfatizar o método Light Steel Framing (LSF), que se resume em um método construtivo de perfis em aço
leve e que atende perfeitamente os quesitos referentes à industrialização e racionalização, quesitos estes
muito almejados pelo setor da construção civil. Tal sistema está presente no Brasil desde meados do ano
de 1990, e vem crescendo ese expandindo. Assim como as patologias decorrem de qualquer método
construtivo, com o LSF não seria diferente, e o fato de não haver uma norma da Associação Brasileira de
Normas Técnicasespecifica sobre esse método aumenta as chances de ocorrência de falhas, visto que as
normas técnicas fornecem todas as condições, bem como restrições para projeto e execução.Devido à
inovação do método e a recente implantação do mesmo na cidade de Belo Horizonte e região
metropolitana, estudos de caso e visitas in loco são extremamente complicadas. Portanto foi através de
vasta revisão bibliográfica,realizada por meio de manuais, normas técnicas correlacionadas ao LSF,
publicações técnicas, e trabalhos acadêmicos publicados, que as etapas de execução de edificações em
LSFforam descritas.Nos capítulos posteriores do artigo, as patologias que acometem as estruturas de aço
foram citadas, além de recomendações para correta montagem e execução do sistema.
Palavras– chave: Light Steel Framing. Construção em aço. Patologias.Edificações.
Abstract
The Brazil has been going through the years by a significant advance in the construction sector. In the midst
of the various poles and products in which the country stands out in its production, we have the evidence of
steel and with that the need arises and the benefit of applying it in the construction sector, thus emphasizing
the Light Steel Framing (LSF), which is summarized in a constructive method of light steel profiles that
perfectly meets the requirements of industrialization and rationalization, which are very much desired by the
construction industry. Such a system has been present in Brazil since the middle of 1990, and has been
growing and expanding. As the pathologies are derived from any constructive method, the LSF would not be
different, and the fact that there is no specific Brazilian standard of norms on this method increases the
chances of failure, since the technical norms provide all The conditions, as well as restrictions for design
and execution. Due to the innovation of the method and the recent implantation of the same in the city of
Belo Horizonte and metropolitan region, case studies and on-site visits are extremely complicated.
Therefore, it was through a vast bibliographical revision, made through manuals, technical norms correlated
to the LSF, technical publications, and published academic papers, that the stages of execution of buildings
in LSF were described. In the later chapters of the article, the pathologies that affect steel structures were
mentioned, as well as recommendations for correct assembly and execution of the system.
Keywords: Light Steel Framing. SteelConstruction.Pathologies. Buildings.
1INTRODUÇÃO
A construção civil pode ser considerada como um dos principais setores
econômicos do país. Por ser uma cadeia produtiva complexa, é composta de atividades
que contemplam desde a extração mineral até a comercialização de imóveis. Sobre o
crescimento do setor nos últimos anos, são apontados diversos fatores como sendo
responsáveis, por exemplo: o aumento da renda familiar e do emprego, a maior oferta de
crédito imobiliário e a redução de tributos de diversos insumos da construção.
Os métodos construtivos tradicionais ainda são os mais utilizados, mas ao longo
do tempo, novas tecnologias e materiais surgem com propostas atrativas e inovadoras.
Uma dessas propostas construtivas é o sistema de Light Steel Framing (LSF), utilizado
no Brasil a pouco mais de duas décadas, também denominado como sistema
autoportante de construção a seco em aço.
Conhecido mundialmente e empregado há muitos anos, principalmente em países
como os Estados Unidos e Japão, para atender a demanda do crescimento populacional,
o LSF traz consigo vantagens como: processo industrializado, redução do prazo de
execução, material mais leve, menos desperdício e a perda de materiais reduzidos. O
processo é considerado industrializado por prescindir de diversas características, tais
como: mão de obra qualificada, produção em série e em escala, padronização e controle
das etapas do projeto e da execução.
Como toda e qualquer tecnologia, quando importada, sofre adaptações de
execução em acordo com os locais aplicados, com o LSF não foi diferente. Foi e continua
sendo necessário que os projetos sejam adaptados ao clima e a cultura do Brasil.
Comumente as vantagens são muito divulgadas visto que, através delas, é
possível conquistar novos públicos e mercados. Todavia, como qualquer método, é
necessário que se estude também os pontos que não são favoráveis a sua utilização
para que se avalie a viabilidade do método como um todo,pois como em todos os
processos construtivos, as edificações em LSF podem sofrer patologias ao longo do
tempo. Chama-se de patologia na construção civil, qualquer deformidade existente ou
simplesmente o que foge do estado normal em que tal obra, de acordo com o assunto em
questão, deveria estar. Espera-se com o desenvolvimento deste artigo alcançar os
principais objetivos: aumentar o conhecimento técnico a respeito do sistemaLight Steel
Framing e suas particularidades, e analisar os principais detalhes construtivos e sua
correta execução, que por sua vez são fundamentais para que patologias sejam evitadas.
2Descrição do Método Construtivo LSF
2.1 Definição
A definição em português do termo LightSteel Framingé “Light” = leve, “Steel” =
aço e “Framing” que deriva da palavra “Frame” = esqueleto. De acordo com Rodrigues
(2006) o LSF é uma estrutura (esqueleto) de aço leve, que possui vários elementos
ligados entre si, funcionando juntos para que as cargas solicitantes possam ser resistidas
adequadamente. É um sistema construtivo composto além do sistema estrutural, do
sistema de fundação,isolamento termo acústico fechamento interno e externo, e
instalações elétricas e hidráulicas, que são denominados subsistemas. “A estrutura em
LSF é composta basicamente pelas paredes, pisos e cobertura. Juntos, eles são
responsáveis pela integridade estrutural da edificação” (SANTIAGO; FREITAS e
CASTRO, 2012).O LSF possui uma diversidade muito ampla de aplicações. Pode ser
empregado por partes, ou mesmo estar associado a outras modalidades construtivas. Por
exemplo: usado como fechamento externo e/ou interno, ou somente cobertura. No
mercado brasileiro o steel frame é empregado principalmente em obras residenciais e de
classe média. (Campos 2010). Mas, com o passar do tempo e evolução do método,
outros ramos e instituiçõescomo hospitais e escolas estão utilizando o LSF como sistema
construtivo.
2.2 Composição da estrutura
O LSF é um método construtivo em que sua estrutura é composta em sua totalidade
por perfis de aço e elementos de fechamento. É de suma importância que os perfis
utilizados estejam em conformidade com a NBR 15253:2014, pois assim as chances de
ocorrência de falha diminuem consideravelmente.
A estrutura de sustentação sugerida para as edificações em LSF utilizam perfis leves de aço zincado por imersão a quente e formados a frio, a partir de bobinas de açogalvanizado Z180 conforme definido na Norma NBR 7008, produzidos, no Brasil, em grande escala, pelas Usinas Siderúrgicas Usiminas, CSN e Vega / Arcelor Mittal. Os perfis são formados a frio a partir de bobinas de aço galvanizado e apresentam dimensões definidas pelo calculista, dentre os perfis padronizados pelas Normas ABNTNBR 6355:2003 e NBR 15.253:2005. (PENNA ,2009. p.33)
2.3 Etapas construtivas
Por serem compostas de diversos subsistemas, as edificações em LSF devem ser
planejadas em sua totalidade compatibilização de projetos. Os projetos tanto estrutural,
arquitetônico e executivo devem ser extremamente detalhados para que as chances de
falha e/ ou ocorrência de patologias sejam mínimas.
2.3.1 Métodos construtivos
O LSF pode ser construído utilizando três métodos: o stick, onde os perfis são
cortados no canteiro de obras, o método por painéis, onde os painéis,
contraventamentos, lajes e telhados são fabricados na indústria e o modular, no qual os
módulos são totalmente pré-fabricados e sendo entregues na obra já com acabamentos.
(Santiago, Freitas e Castro, 2012), esquema de construção mostrado na figura 2.1.
Figura 2.1 - Esquema de construção portante em LSF
Fonte: Manual de construção em aço, Steel Framing: Arquitetura, 2012, p.14
2.3.2Fundação
A escolha do tipo de fundação depende de alguns fatores como topografia, tipo de solo
etc. Mas como a estrutura é mais leve que uma construção tradicional de concreto, pode-
se utilizar a fundação rasa, tipo radier, mostrada na figura 2.2.
Figura 2.2: Fundação tipo radier
Fonte: Portal Metálica, 2015
2.3.3 Painéis Estruturais
Como cita Hoffman (2015) as paredes que formam a estrutura são chamadas de
painéis estruturais ou autoportantes e são constituídos por uma vasta quantidade deperfis
galvanizados, que são denominados montantes separados entre si 400 ou 600 mm.
Geralmente são ligados por parafusos autobrocantes e autoatarraxantes. Esses painéis
são responsáveis por distribuir as cargas e levá-las até a fundação.
“Os painéis são compostos por elementos verticais de seção transversal tipo Ue que são
denominados montantes, e elementos horizontais de seção transversal tipo U
denominados guias”. (SANTIAGO; FREITAS e CASTRO, 2012 p. 32). O fechamento dos
painéis pode ser feito por vários materiais, mas, normalmente, para fechamento externo
utilizam-se placas cimentícias ou placas de OSB (orientedstrandboard) que são painéis
estruturais de tiras de madeira, geralmente provenientes de reflorestamento, orientadas
em três camadas perpendiculares, o que aumenta sua resistência mecânica e rigidez, e
chapas de gesso acartonado internamente. Esta última não possui função estrutural.
De acordo com Santiago, Freitas, Crasto (2012) para compor a edificação, como
qualquer outra, é necessáriorealizar aberturas para os vãos de portas e janelas.Assim
torna-se indispensável à utilização de vergas, que são elementos estruturais capazes de
redistribuir os esforços ao longo das montantes sem ocasionar danos a estrutura. Para
evitar a rotação da verga são instaladas ombreiras, que são montantes inseridos nas
laterais dos vãos para suportar as cargas redistribuídas (figura 2.3)e servem como apoio
para as vergas. Estendem-se desde a guia inferior do painel até a guia da verga.
Figura 2.3 - Distribuição dos esforços através da verga para ombreiras
Fonte: Manual de construção em aço, Steel Framing: Arquitetura, 2012, p.34.
2.3.4. Estabilização da Estrutura
Conforme Santiago, Freitas, Crasto (2012) os montantes por si só não resistem a
esforços horizontais que solicitam a estrutura. Como por exemplo, os esforços
provocados por ventos. Esses esforços podem ocasionar muitos danos à estrutura como
perda de estabilidade, deformações e até mesmo levá-la ao colapso. Para evitar esse
tipo de situação, a estrutura deve possuir ligações rígidas que irão transferir esses
esforços para as fundações. O método mais comum de estabilização da estrutura em
LSF é o contraventamento em “X”, que consiste em utilizar fitas em aço galvanizado
fixadas na face do painel cuja largura, espessura e localização são determinadas pelo
projeto estrutural. O outro método é o diafragma rígido que consiste em placas estruturais
que fornecem um aumento da resistência do painel, uma vez que absorvem as cargas
laterais que solicitam a estrutura.
2.3.5 Laje e Piso
No LSF as lajes podem ser de dois tipos, secas ou úmidas, de acordo com o
contrapisoe método a ser utilizado pelo construtor. Santiago, Freitas, Crasto (2012)
definem a laje úmida como sendo aquela em que se utiliza uma chapa metálica ondulada
aparafusada às vigas e preenchida com concreto. Além disso, serve também como base
para o contrapiso. É importante ressaltar que é necessário utilizar telas soldadas para
evitar fissuras no piso devido à retração hidráulica do concreto. Para um bom isolamento
acústico é instalado uma camada de lã de vidro entre a chapa de aço ondulada e o
concreto, protegendo a lã com polietileno para evitar a umidificação durante a
concretagem.Quando se fala em laje seca refere-se à laje que é composta por placas
rígidas de OSB, cimentícias ou outras que sãofixadas á estrutura do piso.As vigas de piso
transmitem as cargas para os painéis e também servem de estrutura de apoio do
contrapiso.Os pisos,assim como os painéis, utilizam perfis galvanizados, dispostos na
horizontal e obedecem à mesma modulação dos montantes.
2.3.6 Cobertura
As coberturas do LSF podem ser compostas por lajes úmidas ou por telhado
convencional. Geralmente, a estrutura do telhado é composta por madeira. Neste
métodoé substituída por perfis metálicos(figura 2.4).Para cobertura podem ser utilizados
diversos tipos de telha. “O sistema de cobertura deve formar um sistema multicamada,
visando proporcionar a estanqueidade combinada com a proteção da estrutura contra a
ação do intemperismo, visando ao aumento da vida útil da edificação e o não surgimento
de patologias.” (LIMA 2013, p. 39).
Figura 2.4 - Telhado estruturado com caibros em um Laboratório na Universidade Federal
de Ouro Preto – MG
Fonte: Manual de construção em aço, Steel Framing: Arquitetura, 2012, p.66.
2.3.7 Fechamento Vertical
No Brasil, os produtos mais utilizados para o fechamento das construções em LSF
são o OSB e a placa cimentícia para fechamento externo e interno; o gesso acartonado
também pode ser usado, mas somente em aplicações internas. As placas OSB podem
ser utilizadas no fechamento dos painéis, forros, pisos e no substrato da cobertura do
telhado. Porém, quando utilizados em áreas externas e molháveis, deve ser aplicado um
impermeabilizante. (Crasto, 2005).Essas placas são achadas no mercado em vários
tamanhos, mas para a devida utilização no sistema LSF, as mesmas devem ter a sua
menor espessura igual a 9,5 mm, por ter a obrigatoriedade de possuir a propriedade de
função estrutural. Após a instalação das placas cimentícias, serão realizadas as
instalações elétricas e hidráulicas, embutidas no interior dos painéis, onde os eletrodutos
e tubos passarão por furos realizados na alma dos perfis.
No mercado existe uma grande variedade de conexões e ligações utilizadas nas
estruturas metálicas. Nas construções em LSF, as ligações por parafusos são as mais
eficientes.Podem ser executadas tanto no canteiro quanto nas fábricas, e permitem
¹COZZA, Eric. Uma nova era para o aço. techné, São Paulo, n. 36, p. 18-23, set/out. 1998.
² MCKAIG, Thomas H. Building Failures – Case studies in construction and design. New York :
McGraw-Hill Book Company, 1962.
a ligação entre os vários componentes da edificação. (Crasto, 2005). Diversos autores
destacam também que podem ocorrer patologias devido às variações dimensionais
provocadas pela temperatura e pela umidade, portanto devem ser previstas no projeto
juntas de dilatação de 3 mm entre as placas.
3 Patologias em estruturas de aço
As edificações devem oferecer condições de uso, segurança e conforto para que
as atividades ali desempenhadas ocorram sem interferências. Uma das principais
interferências que ocorrem é o surgimento de patologias, que além de incomodarem os
usuários muitas vezes pela estética, podem comprometer e muito a segurança e
estabilidade da edificação. Assim tornam-se indispensáveis os estudos de patologiase
suas causas. Através desses estudos é possível encontrar soluções que eliminem ou
mitiguem as causas das manifestações patológicas, para que a vida útil da edificação
seja mantida e preservada. Tratando-se de estruturas de aço (estruturas metálicas)
Cozza¹(1998, apudCASTRO, 1999, p.16), divide as principais patologias das estruturas
de aço em três categorias: adquiridas, transmitidas e atávicas.
Patologias adquiridas: são patologias estruturais que ocorrem devido à ação de
elementos externos, e ou agentes agressivos como líquidos corrosivos, atmosfera
poluída, incêndios, vibrações, etc. Estas patologias resultam geralmente da falta de
manutenção e preparo inicial da estrutura. Como exemplo principal deste tipo de
patologia podemos citar a corrosão.
Patologias transmitidas: decorrerem da falta de conhecimento técnico dos envolvidos
na fabricação ou montagem da estrutura.A título de exemplo temos: a falta de prumo,
furos em locais diferentes dos locais projetados, etc.
Patologias atávicas: aquelas resultantes da falta de planejamento e da má concepção
do projeto. Exemplos claros são erros de cálculo, escolha de perfiscom espessura e
resistência inadequada. Comprometem a segurança, funcionalidade e a vida útil da
estrutura. São difíceis de serem reparadas e normalmente exigem uma recuperação de
alto custo.
De acordo com Mckaig²(1962, apudCASTRO, 1999, p.17), as patologias em
edificações têm sua origem relacionada a três fatores: a ignorância, descuido ou cobiça
do homem. O mais frequente desses fatores diz respeito à ignorância que neste caso é a
falta de conhecimento técnico para realizar determinada tarefa. O descuido é relativo a
um controle de qualidade deficiente, por parte dos envolvidos no processo de execução.
A cobiça infelizmente expõe os usuários a situações indesejáveis, poisem detrimento da
redução de custos, a qualidade final da edificação e a segurança ficam comprometidas.
Campos (2010), demonstra através dos estudos de caso por ela realizados, que as
principais patologias em edificações construídas em LSF são: fissuras, rodapés
danificados, descascamento de pintura, umidade, trincas nas paredes, dilatações e
movimentações térmicas além dos ruídos. Outra desvantagem citada é a dificuldade de
fixar objetos pesados nas paredes. Formas de solução e prevenção para estas anomalias
também são mencionadas no trabalho como: correta execução de juntas, correta
impermeabilização e revestimento das paredes, isolamento térmico e acústico. Outras
recomendações estão descritas no capítulo cinco deste artigo.
4NormatizaçãoNacional LSF
Ainda não existe uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas que
abranja a montagem do sistema Light Steel Framing, embora tenhamos a NBR 14762,
que é a norma para dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis
formados a frio, e se encaixa perfeitamente para o sistema. Mas tendo em vista a
ascensão do método no país, é de extrema importância estipular padrões para que a
segurança e integridade da edificação sejam garantidas, e possíveis patologias evitadas.
Segundo Nakamura (2003) é fundamental utilizar de algum tipo de padronização
nos processos produtivos, e as normas técnicas garantem exatamente essa
padronização. Representam respectivamentepara os consumidores, a garantia no que diz
respeito a padrões mínimos de qualidade e para o produtor/construtor, significa maior
controle de produtos e processos, aumento da produtividade e da qualidade.
O LSF ainda pode ser considerado um método construtivo novo, pois está sendo
empregado efetivamente no Brasil a pouco mais de uma década. Sem normatização
nacionalespecífica, iniciativas da comunidade técnica nacional juntamente com o governo
fornecem suporte para toda a cadeia produtiva. Uma destas iniciativas é oSINAT,
Sistema Nacional de Avaliação Técnica de produtos inovadores e sistemas
convencionais. Tem como meta estimular a inovação tecnológica e aumentar a
competitividade do setor produtivo. Avalia o comportamento provável ou potencial do
produto, processo ou sistema para a construção, quando não existem normas técnicas
prescritivas específicas aplicáveis ao produto, a fim de que o desenvolvimento
tecnológico do setor da construção civil ocorra de forma adequada. O SINAT é um projeto
integrante do PBQP-H, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat,
criado por meio do Ministério das Cidades para organizar o setor da construção civil no
tocante, a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.
4.1 Procedimento SINAT
Conforme a portaria N º 550, de 11 de novembro de 2016, publicada noDiário
Oficial da União, nº 218, de 14 de novembro de 2016, Seção 1, pág. 126, o produtor, o
fabricante, o proponente ou o detentor do produto, processo ou sistema, solicita ao
SINAT uma avaliação técnica. Esta é realizada por meio de instituições técnicas
avaliadoras (ITA’s) que são formadas por pessoas jurídicas, independentes, capacitadas
e habilitadas. Para analisar o produto, o SINAT possui diretrizes para avaliação técnica
de produtos inovadores (DIRETRIZ SINAT). É um documento de referência que contém
requisitos e critérios de desempenho, bem como métodos de avaliação a serem adotados
na avaliação técnica. A Diretriz Nº003- Revisão 2, de maio de 2016 trata do LSF,
“Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço zincado conformados a frio,
com fechamentos em chapas delgadas”(Sistemas leves tipo “Light SteelFraming”).
Os métodos de avaliação incluem ensaios laboratoriais e de campo, simulações
(modelos matemáticos), cálculos, análises qualitativas e inspeções técnicas.Os
resultadosda avaliação,sepositivos, são emitidos através de uma DATec (documento de
avaliação técnica). Esse documento contém informações relativas às condições de
execução/operação, uso e manutenção do produto inovador, mas não confere
exclusividade sobre a produção ou comercialização do produto, processo ou
sistema.Auxilia na redução de riscos nos processos de tomada de decisão e quanto à
aptidão técnica ao uso, considerando-se fundamentalmente requisitos de desempenho
relativos à segurança, habitabilidade e sustentabilidade.É importante salientar que a
DATec tem caráter provisório e prazo de validade de dois anos. Após esse prazo o
proponente pode requerer a renovação. Também poderá ser revogado durante o prazo
de validade se houver alteração do produto ou do uso, sem a devida avaliação e se for
identificado desempenho não satisfatório do produto.
4.2DATec Light Steel Framing
A única DATec relacionada ao LSF é a de número 14-A Sistema Construtivo a
seco da empresa Saint Gobain- Light Steel Framing. Foi emitida em julho de 2015 e
encontra-se vencida.
5 Recomendações para prevenção de patologias
Neste item, estarão listados em forma de tópicos, detalhes construtivos e
recomendações extraídas da Diretriz SinatNº003- Revisão 2, de maio de 2016 que trata
do LSF, “Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço zincado conformados
a frio, com fechamentos em chapas delgadas”(Sistemas leves tipo “Light SteelFraming”)
e da Datec14-A Sistema Construtivo a seco da empresa Saint Gobain- Light Steel
Framing, que se executados corretamente diminuirão grande parte das chances de
ocorrência de patologias.
Para cada tipo de unidade habitacional e para cada local de implantação é
essencial que seja elaborado um cálculo estrutural específico, por profissional
habilitado, com a respectiva memória de cálculo.
Para a proteção do aço dos perfis quanto ao aspecto da corrosão, em regiões
rurais ou urbanas, considera-se como satisfatória a adoção de perfis com
revestimento de zinco, (que protege o perfil contra corrosão) tanto para a estrutura
das paredes, lajes e cobertura (perfis protegidos das intempéries).
Deve ser evitado o desenvolvimento de corrosão galvânica que é um processo que
ocorre quando metais de diferentes potenciais eletrolíticos estão em contato,
verificando-se se não há este tipo de risco, como por exemplo, o contato de
tubulações de cobre ou esquadrias de alumínio com o aço zincado.
Para os perfis metálicos, o controle das dimensões e do revestimento de zinco, é
muito importante. Esses requisitos devem ser comprovados a cada lote entregue
em obra por certificado de conformidade do fornecedor de bobina.
Para os parafusos e chumbadores, os requisitos de resistência à corrosão devem
ser comprovados por certificado de conformidade do fornecedor que acompanha
cada lote entregue na obra;
Para as placas cimentícias, a comprovação dos requisitos de resistência à flexão,
absorção de água e variação dimensional é feita pelos ensaios de controle da
produção do fabricante, com validação desses controles realizados por laboratório
de terceira parte a cada seis meses; portanto, a cada lote entregue em obra existe
o certificado de conformidade do fabricante e o relatório de ensaio de terceira parte
com validade de seis meses;
No caso da estanqueidade à água de edifícios, são consideradas fontes de
umidade externas e internas. As primeiras provêm da ascensão de umidade do
solo pela fundação e infiltração de água de chuva pelas fachadas, lajes expostas e
coberturas; A outra fonte é decorrente de processos de uso e limpeza dos
ambientes, vapor de água gerado nas atividades normais de uso, condensação de
vapor de água e vazamentos de instalações. É fundamental realizar a análise da
estanqueidade já que, se esta for garantida diversas patologias serão evitadas.
O projeto deve especificar detalhes construtivos que minimizem o contato da base
da parede (perfis e chapas de vedação) com a água proveniente de ações de uso
e de lavagem do piso, e que pode acumular nessa região. Rodapés impermeáveis
ou embasamento acima do piso, com produtos impermeabilizantes, são possíveis
soluções de detalhes construtivos para esta finalidade.
Na utilização de sistemas de pisos constituídos com chapas de OSB em áreas
molhadas ou molháveis, devem existir detalhes do sistema de impermeabilização
que impeçam a infiltração da água até estas chapas, constando no manual do
usuário a especificação do tempo de durabilidade deste sistema e o procedimento
para sua manutenção.
O tratamento fungicida contra cupins é sempre obrigatório em placas de OSB.
Verificar o tipo de impermeabilização prevista para evitar percolação de umidade
da fundação para as paredes. Prever também que a laje-piso, em contato com o
solo, seja de concreto com no mínimo 100mm de espessura, relação água-cimento
menor que 0,52, com consumo de cimento da ordem de 350kg por metro cúbico
de concreto.
Antes da fixação da guia ao piso, cola-se sobre o piso (com adesivo asfáltico, ou
selante à base de poliuretano), na posição do eixo das paredes, uma manta
asfáltica de 3 mm de espessura por, pelo menos, 200 mm de largura, evitando
contato direto do perfil metálico com o piso e possibilitando um cobrimento das
laterais do quadro estrutural de aproximadamente 50 mm de altura;
Prever revestimento cerâmico nas paredes do banheiro e box, e nas regiões da pia
de cozinha e do tanque na área de serviço até, no mínimo, 1,50 m de altura. Nas
paredes das áreas secas e nas paredes de fachada, aplica-se pintura de base
acrílica. Pra evitar percolação da água, devem ser previstassobre as arestas das
placas cimentícias, cantoneiras de aço zincado (mínimo Z180) com parafusos
similares aos utilizados para fixação das chapas que, posteriormente, são
revestidas com massa acrílica e pintadas.
Modificações em paredes ou cobertura, como abertura de vãos para
posicionamento de novas esquadrias ou supressão de paredes, não são
recomendadas se não constarem no projeto original.
Na interface entre instalações hidráulicas e perfis de aço são utilizadas arruelas
plásticas ou espuma expansiva. A tubulação é fixada aos perfis de aço da parede,
com tiras plásticas ou espuma de poliuretano, para que sejam evitadas
movimentações.
As paredes estruturais devem apresentar resistência ao fogo por um período
mínimo de 30 minutos, assegurando neste período condições de estabilidade,
estanqueidade e isolação térmica, no caso de edificações habitacionais de
atécinco pavimentos.
Tendo em vista que as paredes são vazadas e podem servir como câmara para o
acúmulo de gases, não se permite a passagem da tubulação de gás pelo interior
das paredes desse sistema construtivo.
Para paredes onde serão fixados armários, pias ou outros elementos com carga
maior do que 11,5kgf por ponto defixação devem ser previstos reforços realizados
com madeira de pinus, com dimensões de 200 mm de largura e 20 mm de
espessura.
Antes de iniciar a instalação do forro deve-se definir a posição das luminárias e
equipamentos que serão instalados junto ao forro (por exemplo, ventiladores
de teto), tomando-se a precaução de prever os recortes nas chapas com
pequena folga, possibilitando que o perfeito acabamento das luminárias ou
outros equipamentos seja feito com o arremate dessas peças.
6 METODOLOGIA
Por se tratar de um método relativamente recente e por ser aplicado em construções de
padrão médio a elevado, foi difícil identificar e ter acesso a visitas à edificações
construídas com o método LSF em Belo Horizonte e região. Sabe-se que estudos de
caso são excelentes estratégias de pesquisas científicas. Mas diante de tais
inconvenientes, a pesquisa bibliográfica tornou-se a principal ferramentaparaalcançar os
objetivos propostos que por sua vez eram obter maior conhecimento técnico sobre o LSF
e analisar os procedimentos para correta execução, juntamente com as recomendações
de uso a luz da Diretriz do Sinat,e com as principaisnormas técnicas nacionais, tornando
este artigo uma boa opção inicial para pesquisas futuras concernentes a correta
execução e formas de evitar patologias em edificações em LSF.
7CONCLUSÃO
É clara e evidente a necessidade de modernização e industrialização do setor da
construção civil no Brasil se comparado a países mais desenvolvidos. Os procedimentos
que por lá são rotina, aqui ainda são considerados novidades. Um fator que pode ser
tratado como causa disso, é a cultura nacional que ainda enxerga a maneira tradicional
de construir como sendo a mais segura e confiável, descartando ainda antecipadamente
métodos construtivos com caráter inovador.
O LSF em contrapartida já obteve grande evolução no país, mesmo considerado
um método relativamente recente. Como todo e qualquer projeto, os concebidos em
perfis leves de aço devem ser muito bem detalhados para minimizar a ocorrência de
falhas durante a execução.É um sistema estrutural que possui características próprias de
trabalho desde a etapa de concepção até a entrega final da obra. Cuidados devem ser
observados para não incorrer em erros construtivos, facilmente evitáveis através de
planejamento e fiscalização eficientes.
A revisão bibliográfica foi à ferramenta mais importantepara obtenção de dados.
Através das publicações nacionais como “Manual de construção em aço: Steel Framing:
Arquitetura” (Santiago, Freitas e Crasto, 2012), “Manual de construção em aço: Steel
Framing: Engenharia” (Rodrigues, 2006), Diretriz Sinat Nº003 e trabalhos acadêmicos, foi
possível identificar as etapas do método, desenvolver um conhecimento maior sobre as
interfaces dos seus sistemas complementares, instalação, uso e manutenção.Também foi
constatado que a principal origem das patologias tem relação direta com a falta de
observância dos procedimentos corretos de cálculo e montagem e execução da estrutura.
A ausência e insuficiência de orientação aos clientes (usuários) também configuram uma
potencial causa das mazelas que podem acometer as edificações. Por isso é
indispensável que o manual de uso e operação, geralmente entregue juntamente com as
chaves da edificação seja claro e contenha itens como, especificações técnicas e
memorial descritivo da edificação, restrições quanto a ocupação, cargas e usos não
compatíveis, procedimentos básicos para reparos e periodicidade de
manutenção.Somente a combinação do uso e manutenção adequados, pode aumentar a
durabilidade das edificações, seja qual for o sistema construtivo.
REFERÊNCIAS
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