o catolicismo romano e o livro de génesis
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Crítica do livro The Doctrines of Genesis 1–11: A Compendium
and Defense of Traditional Catholic Theology on Origins
[As doutrinas do livro de Génesis 1-11: Um Compêndio
e uma Defesa da Teologia Católica Tradicional sobre as
Origens] por Fr Victor P. Warkulwiz
IUniverse Inc., Lincoln, NB, 2007
por Michael J. Oard
O Catolicismo Romano e o livro de
Génesis
A crença da Igreja Católica quanto ao livro de Génesis capítulos 1 a 11 tem estado num estado de confusão há muito tempo – desde que o uniformitarismo e a evolução entraram em cena. Esta situação é semelhante nas igrejas protestantes, tristemente tanto nas liberais como nas conservadoras. Dentro das igrejas “tradicionalistas”, este livro é uma achega bem-vinda ao livro Genesis, Creation and Early Man [Génesis, Criação e o Homem primitivo] pelo hieromonge ortodoxo russo Seraphim Rose,1 que documentou que os pais da igreja ortodoxa oriental desde o séc. IV até ao presente quase todos ensinaram uma terra jovem, uma criação literal em seis dias, um dilúvio global e a origem das línguas na Torre de Babel. O livro de Warkulwiz focaliza-se nos ensinamentos tradicionais da igreja católica desde os pais da igreja primitiva e medieval e chega às mesmas conclusões. O livro foi endossado por um prefácio do Bispo Robert Francis Vasa de Baker, Oregão [EUA].
Quem é o Fr. Warkulwiz?
O Fr. Warkulwiz está bem qualificado para escrever um livro
destes. Não somente é um padre católico, como também
tem um PhD em física da Universidade Temple e trabalhou
na indústria durante alguns anos. Ensinou ciência, filosofia,
história, astronomia, lógica, química, física, matemática e
criacionismo vs. evolução no Magdalen College do Reino
Unido. Entrou para o sacerdócio já com idade avançada e
obteve um M.Div. e M.A. em teologia, sendo ordenado em
1991. É também um crítico teológico para o Centro Kolbe
para o Estudo da Criação,2 uma organização católica
criacionista que acredita numa terra jovem.
Sobre o livro
Misturando esta diversidade de áreas, o Fr. Warkulwiz
escreveu um livro de 519 páginas não apenas sobre os
argumentos científicos a favor do criacionismo da Terra
jovem mas também juntou muito sobre história, filosofia e
teologia. O livro consiste em 16 doutrinas derivadas de
Génesis 1-11, tais como Deus criou o mundo do nada, Deus
criou cada coisa no mundo imediatamente, Deus criou cada
criatura vivente de acordo com o seu tipo, Deus criou o
mundo em seis dias naturais, Deus criou o mundo vários
milhares de anos atrás, toda a espécie humana descende do
primeiro homem e da primeira mulher e Deus destruiu o
mundo que era dantes com um dilúvio mundial.
Cita extensivamente os pais da igreja primitiva e
medieval, em especial Agostinho, Aquino e
Bonaventura. Ele explica o ponto principal de que o
ensino tradicional católico sempre foi o criacionismo
da Terra jovem. Foi’só sobre a influência do chamado
Iluminismo que os teólogos e eruditos católicos se
desencaminharam. A influência da evolução
culminou nos ensinamentos do padre jesuíta Pierre
Teilhard de Chardin, o qual, com a sua “ficção
teológica”, mesmerizou muitos católicos para que
acreditassem na evolução.
Com base nos seus conhecimentos no campo da física,
Warkulwiz tem uma boa percepção de muitos supostos
problemas com Génesis 1-11, por exemplo, ele afirma
em relação à fonte de luz para os primeiros três dias:
“Uma origem possível para a luz poderão ter sido
reacções químicas e nucleares na matéria original da
própria terra. Mas, de acordo com a física moderna, não
é preciso nenhuma origem. A luz não está presa a uma
origem. Uma vez que um fotão de luz deixa a sua
origem ele está livre e tem uma existência
independente. Por isso” (p. 173). a física moderna não
tem um problema quanto à ideia de que Deus criou a luz
sem ter uma origem…
Os que defendem uma terra velha fazem uma
grande questão quanto à natureza da luz antes de ser
criado o sol, no dia 4, tentando justificar a sua
interpretação de terra velha. É como se Deus fosse
impotente e não houvessem outras alternativas.
O Fr. Warkulwiz compreende a falácia da hipótese
documentária, que assume a evolução e que a igreja
católica foi buscar emprestada aos protestantes
liberais. Vê os problemas com a hipótese do Big-Bang
para a origem do universo e que ela contradiz a
Bíblia. Acredita vigorosamente na inerrância da
Bíblia:
“O princípio da inerrância é totalmente
inclusivo; inclui tudo que a Bíblia diz.
Negar isto e permitir que a Escritura
Sagrada possa estar errada mesmo que
num pequeno ponto, é abrir uma caixa
de Pandora de cepticismo que leva ao
total descrédito da Palavra de Deus” (pp.
12–13).
Os pais da igreja, na quase totalidade,
interpretaram o livro de Génesis
literalmente
O livro acrescenta muita informação que refuta a ideia
de que os primeiros pais da igreja eram indecisos em
relação à questão das origens, sugerindo uma variedade
de possíveis “interpretações” para o Génesis 1-11. Este é
um ponto apresentado por um número de modernos
opositores da criação bíblica, tais como o criacionista
progressivo Hugh Ross3 e o teísta evolucionista Howard
Van Till4, que posteriormente apostatou – o que não foi
grande surpresa para quem o conhecia.5
É verdade que Agostinho e Aquino parecia terem
crenças heterodoxas, mas muitas vezes estes pais da
igreja, assim como outros, simplesmente
interpretavam as passagens tanto simbolicamente
como literalmente. Eles gostavam de adicionar um
significado espiritual aos acontecimentos em Génesis
1-11, interpretados tanto individualmente como em
termos da igreja. Eles continuavam a acreditar no
significado literal. Agostinho desviou-se da
concepção da criação em seis dias literais, mas, em
vez de acreditar em idades longas, acreditava que a
criação tinha tido lugar em apenas um dia!
O cardeal Ernesto Ruffini afirma que Agostinho
explicou figurativamente coisas a mais, as quais mais
tarde considerou que deveria ter encarado mais
literalmente (p. 166). Aquino acreditava na geração
espontânea, assim como a maioria dos eruditos do
seu tempo, mas também acreditava nos tipos criados
[grupos de animais; Génesis 1:24 (espécie = tipo),
ed.]. É apenas através de uma análise superficial dos
escritos dos pais da igreja que alguns defensores da
terra velha e teístas evolucionistas podem alegar que
alguns dos primeiros pais da igreja deixaram a
questão das origens em aberto.
Fiquei favoravelmente impressionado por algumas
das percepções que os pais da igreja primitiva tinham
em relação à questão das origens. Muitas das suas
ideias parecem modernas. Mas noutras alturas dá
ideia de terem levantado hipóteses teológicas para
além do estado do conhecimento. Por exemplo
alguns dos pais da igreja acreditavam que Adão e Eva
viviam no jardim como criaturas assexuadas (p. 304).
A maior parte das vezes o Fr. Warkulwiz aponta estes
erros e más interpretações, mas outras vezes não faz
comentários, o que deixa a impressão de que
acredita em algumas destas hipóteses.
Os papas, cardeais e concílios defenderam
um Génesis literal—até recentemente
Um outro aspecto interessante do livro é que o Fr.
Warkulwiz cita vários concílios da igreja, alguns
cardeais e alguns papas que reforçaram o ensino
tradicional católico sobre um Génesis literal. Fiquei
favoravelmente impressionado com as muitas
declarações citadas. Por exemplo, a Comissão
Pontifica Bíblica de 1909 rejeitou argumentos que
negavam a história literal do Génesis 1-3.
O cardeal Ernesto Ruffini aponta para a
conclusão de que Adão deve ter sido
especialmente criado porque a Eva foi
especialmente criada a partir da costela de Adão:
“Mas se é verdade, como os transformistas
aceitam reconhecer, que o corpo da mulher foi
formado directamente por Deus e que não surge
como resultado da evolução, quem é que será
persuadido de que o corpo do homem, o sexo
viril, vem de uma besta bruta? Que absurdo!”
(p. 269)
Contudo, alguns papas dos tempos recentes fizeram
declarações que parecem apoiar a evolução.
Warkulwiz afirma que essas declarações estão para
além do campo de autoridade dos papas e não são
doutrina oficial da igreja. Além disso, estes papas são
dependentes dos seus conselheiros científicos, os quais
sucumbiram à teoria da evolução, à terra velha e ao
big-bang. Por isso não é de admirar que alguns dos
papas recentes tenham feito declarações sem base
bíblica em apoio de uma terra velha ou da evolução.
Estas deveriam ser ignoradas.
Algumas afirmações questionáveis sobre
as origens
Apesar de fortemente criacionista da terra jovem,
encontrei neste livro duas declarações questionáveis
em relação às origens. Warkulwiz parece deixar em
aberto a possibilidade de morte animal antes da
Queda (p. 331), e que os espinhos, cardos e plantas
venenosas existiram antes da Queda mas foram
criados com um objectivo benéfico para o homem e
que Deus deu a Adão e Eva a capacidade de evitar o
perigo (p. 302). Génesis 3 torna claro que estes
vieram depois da Queda.
O livro foi feito a pensar nos católicos
O leitor deve lembrar-se de que a audiência para o
qual está intencionado são os católicos, não os
protestantes, apesar de Warkulwiz usar muitas fontes
procedentes do moderno movimento criacionista,
algumas das quais estão desactualizadas. Há uma boa
razão para isto. Além de ele próprio ser católico, não
existe uma teologia bem desenvolvida da criação na
igreja católica pois uma maioria dos teólogos,
eruditos e cientistas abraçaram o naturalismo teísta
(p. xxxv).
Estes intelectuais estão provavelmente mais
influenciados pelos supostos longos períodos
geológicos da geologia uniformitarista do
que pela evolução. Além disso, o autor
afirma que estas idades longas têm tido um
efeito de entorpecimento na fé dos jovens
em Deus é empurrado tão para trás no
tempo que fica quase invisível e irrelevante
(p. 9).
Os leitores protestantes é claro que
encontrarão alguns aspectos questionáveis no
livro, tais como as suas citações ocasionais dos
Apócrifos. A Mariologia é inserida em um ou
dois lugares. E, é claro, o livro defende a
tradição da igreja quase que ao mesmo nível
que a Bíblia. Mas pode ser dito em sua defesa
que muitas tradições da Bíblia defendem a
Escritura, que é normalmente a fonte de
muitas tradições.
Se o livro for largamente lido e tido em
consideração pelos católicos, deveria originar
um renascimento no seu pensamento acerca
das origens. Também recomendo o livro para
os protestantes, que deverão passar por cima
das poucas ocasiões em que se desvia de
crenças bíblicas fortemente assumidas. O
livro é extremamente e deliciosamente um
trabalho do criacionismo da terra jovem.
Referências
Mortenson, T., Orthodoxy and Genesis: what the
fathers really taught, Journal of Creation 16(3):48–53,
2002; <creation.com/seraphim>.
<kolbecenter.org>.
Sarfati, J., Refuting Compromise: A biblical and scientific
refutation of ‘progressive Creationism’ (Billions of Years), as
popularized by astronomer Hugh Ross, Master Books,
Green Forest, AR, 2004.
Referências
Van Till, H.J., God and evolution: an exchange, First
Things 34:32–38, 1993.
‘Nas duas décadas seguintes ele transformou-se no
herético que os seus críticos tinham suspeitado’,
Manier, J., The New Theology, Chicago Tribune, 20
January 2008;
<chicagotribune.com/features/magazine/chi-
mxa0120magevolutionjan20,0,2045786.story>.
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