anÁlise das linguagens cinematogrÁficas ......da cena em especial. as cores, um outro elemento...

53
1 JADE DO VALE DE ALMEIDA PALOMA DA SILVA SOUZA ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS APLICADAS NO FILME MARVEL VINGADORES: GUERRA INFINITA Feira de Santana BA 2018

Upload: others

Post on 18-Jan-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

1

JADE DO VALE DE ALMEIDA

PALOMA DA SILVA SOUZA

ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS APLICADAS NO

FILME MARVEL VINGADORES: GUERRA INFINITA

Feira de Santana – BA

2018

Page 2: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

2

JADE DO VALE DE ALMEIDA

PALOMA DA SILVA SOUZA

ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS APLICADAS NO

FILME MARVEL VINGADORES: GUERRA INFINITA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Unidade de

Ensino de Feira de Santana – UNEF, como requisito para

obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com

Habilitação em Publicidade e Propaganda.

Orientador (a): Prof.ª Msc. Ivonete Maciel

Feira de Santana – BA

2018

Page 3: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

3

―Excelsior!‖

(Stan Lee)

Page 4: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

4

AGRADECIMENTO

Agradecemos primeiramente a Deus por nos dar esta oportunidade e capacidade

de concluir este projeto feito com tanto amor e dedicação.

Agradecemos aos nossos pais e familiares que fizeram parte deste processo e

que nos ajudaram no que foi preciso.

A nossa orientadora Ivonete Maciel, muito obrigada por compartilhar conosco os

seus conhecimentos, pela paciência e por nos direcionar de maneira correta. Também

agradecemos ao nosso co-orientador Antônio Carlos Magalhães pelo apoio durante toda

essa trajetória.

A academia e ao nosso coordenador de curso Thiago Oliver por esta sempre

disposto a nos ajudar no que foi preciso.

Agradecemos também ao ilustre, memorável e eterno Stan Lee, que preencheu o

mundo com a suas criações e deu aos fãs motivação e inspiração para sermos sempre

pessoas melhores.

Page 5: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

5

RESUMO

Este trabalho analisa, de forma abrangente, como a comunicação e suas ramificações,

tais como a semiótica, psicologia das cores, fotografia e sonoplastia em uma

composição de cena, transmitem a mensagem desejada pelo diretor, provocando

sensações específicas ao espectador e o induzindo de maneira direta ou indireta a

interpretação e compreensão da cena, utilizando o filme Vingadores: Guerra Infinita,

produzido pela Marvel Studios, como objeto de estudo.

O filme torna-se uma obra de grande destaque onde reúne todos os melhores super-

heróis da história contra o vilão mais poderoso do universo, o Thanos. O principal plano

do vilão é obter todas as Joias do Infinito, seis pedras de poderes imensuráveis tão

antigas quanto o próprio universo. Cada uma delas possui controle total sobre cada um

dos aspectos da existência: Poder, Espaço, Realidade, Tempo, Mente e Alma. Neste

objetivo, ele e seus generais, melhor dizendo, seus filhos (Próxima Meia-Noite, Fauce

de Ébano, Corvus Glaive, Estrela Negra) irão atrás de todos aqueles que possuem

acesso as joias, o que coloca o titã em rota de colisão com todos os heróis do universo,

sejam os da Terra (Capitão América, Huck, Homem de Ferro, etc) ou os do espaço

(Guardiões da Galáxia).

Palavras-chave: Comunicação. Cinema. Fotografia. Semiótica. Sonoplastia. Cor

Page 6: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

6

ABSTRACT

This work comprehensively analyzes how communication and its ramifications, such as

semiotics, color psychology, photography and sonoplasty in a composition of scene,

convey the message desired by the director, provoking specific sensations to the viewer

and the inducing of direct or indirect way the interpretation and understanding of the

scene, using the film Avengers: Infinite War, produced by Marvel Studios, like object

of study.

Key-words: Comunication. Cinema. Photography. Semiotic. Sonoplasty. Color

Page 7: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

7

LISTA DE IMAGENS

Figura 1 – A Traição da Imagem...............................................................................16

Figura 2 – Fenômeno ―Spectrum‖..............................................................................22

Figura 3 – O barbeiro Sweenet Tood e a senhora Lovett............................................24

Figura 4 – Imperator Furiosa no deserto.....................................................................24

Figura 5 – Fulga de Imperator Furiosa e o grupo de rebeldes.....................................25

Figura 6 – Thomas A. Anderson (Neo) ......................................................................25

Figura 7 – A maldição de Malévola............................................................................26

Figura 8 – Voldemort tenta matar Harry Potter...........................................................26

Figura 9 – The Bride contra o exército de O-Ren Ishii’s, The Crazy 88’s...................27

Figura 10 – Grey e Anastasia na sala vermelha............................................................27

Figura 11 – Ilusão de Danny Torrance.........................................................................28

Figura 12 – Cartaz promocional do filme ―Jogos Vorazes: A esperança – O Final.....28

Figura 13 – Morte de criança judia...............................................................................29

Figura 14 – Jake e Naytiri fazem amor na Árvore Sagrada..........................................29

Figura 15 – Bastidores do Planeta de Gamora..............................................................31

Figura 16 – Planeta de Gamora.....................................................................................31

Figura 17 – Bastidores da cena de Gamora e Thanos...................................................32

Figura 18 – Gamora e Thanos no planeta Vormir.........................................................32

Figura 19 – Bastidores da cena do Homem Aranha no ônibus escolar.........................33

Figura 20 – Peter Parker vestindo o traje do Homem Aranha.......................................33

Figura 21 – Bastidores da cena de Eitri com Thor e Groot...........................................34

Figura 22 – Bastidores da cena do Doutor Estranho na nave de Thanos.......................34

Figura 23 – Bastidores da cena de luta entre Próxima Meia-Noite e Steve Rogers.......35

Figura 24 – Falcão em Wakanda....................................................................................35

Figura 25 – Fazenda onde Thanos descansa..................................................................36

Figura 26 – Nave espacial dos Guardiões da Galáxia....................................................38

Figura 27 – Thor empunhando a arma Rompe Tormentas.............................................38

Figura 28 – Doutor Estranho protege Nova York..........................................................39

Figura 29 – Doutor Estranho luta contra Thanos............................................................40

Figura 30 – Doutor Estranho se multiplica.....................................................................40

Figura 31 – Steve Rogers em Wakanda..........................................................................41

Page 8: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

8

Figura 32 – Nave de Thanos chega a Nova York...........................................................41

Figura 33 – Chegada de Steve Rogers em Wakanda......................................................42

Figura 34 – Okoye recebe mensagem de invasão a Wakanda........................................42

Figura 35 – Conversa entre Thanos e a Morte................................................................43

Figura 36 – Primeira aparição dos Guardiões da Galáxia...............................................43

Figura 37 – Beijo entre Gamora e Peter Quill................................................................44

Figura 38 – Rocket, Groot e Thor a caminho de Nidavellir............................................44

Figura 39 – Doutor Estranho invocando chicote de energia para segurar Thanos..........45

Figura 40 – Thanos Derrota Doutor Estranho.................................................................45

Figura 41 – Guerra em Wakanda....................................................................................46

Figura 42 – Thanos e Gamora em Vormir.......................................................................46

Figura 43 – Catraz promocional de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita.................47

Page 9: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................10

2. A NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA..........................................................13

3. SEMIÓTICA.......................................................................................................14

4. FOTOGRAFIA....................................................................................................17

5. SONOPLASTIA..................................................................................................19

6. COR.....................................................................................................................21

6.1 PSICOLOGIA DAS CORES.........................................................................23

7. ANÁLISE DO FILME MARVEL VINGADORES: GUERRA INFINITA.......30

8. CONCLUSÃO.....................................................................................................47

REFERÊNCIAS........................................................................................................48

Page 10: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

10

1. INTRODUÇÃO

A comunicação vem sendo, desde os primórdios da humanidade, a ferramenta

responsável pela integração, relação e câmbio mútuo de informações. De pinturas

rupestres a comentários em redes sociais, o ato de trocar e compartilhar conhecimento

se desenvolve ao longo dos anos de maneira rápida e eficaz, tomando formas mais

claras e evoluídas, podendo ser apresentadas de diversas maneiras como o som,

símbolos, gestos, códigos, idiomas, entre outros.

Apresentar uma mensagem requer todo um entendimento, pois a comunicação

não é apenas aquilo o que se expõe, e sim o que se é entendido. De acordo com a teoria

da comunicação, cujo primeiros estudos se iniciaram no século XIX, na Europa, os

principais elementos para que o processo ocorra são o emissor, receptor, a mensagem e

o canal. O emissor é aquele que dá início, que transmite a mensagem, que por sua vez,

pode ser uma emoção, uma informação ou ideia. O canal é a maneira que esta

mensagem será transportada do emissor para o receptor, como por exemplo, cartas,

desenhos ou a própria fala. Já o receptor é o destino final, aquele que irá receber e

descodificar a mensagem (WOLF, 2018).

Quando trata-se de cinema, a comunicação é oferecida aos seus espectadores

através de diversos elementos, que juntos, formam uma única mensagem. Observar

estes elementos mostra o quão importantes são para obter o sentido proposto pelo

diretor, são ferramentas de expressão que entregam uma mensagem direta ou indireta do

sentido proposto, e aproxima muito mais o receptor do sentimento do criador para

aquela obra. A prática cinematográfica evoluiu e se reinventou ao longo das décadas de

forma orgânica, saindo de sua forma antiquada, onde fotos eram reunidas em doze

frames por segundos e postas em série, para o que conhecemos hoje, técnicas cada vez

mais tecnológicas, eficientes e realistas.

A Semiótica, como um dos elementos de estudo, é a análise dos signos ou o

entendimento do funcionamento do sistema de signos. É a ciência que estuda a vida

destes no interior da convivência social. Ela vai das mecânicas relativas ao

conhecimento até as reorientações formais, e por consequência, as apropriações de

conteúdo ou de sentido.

Alguns autores, como Santaella, se baseiam em teorias criadas por filósofos para

explicar tal assunto. Utilizada pela autora, a teoria do filósofo Charles Peirce, esclarece

Page 11: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

11

que a construção do signo híbrido se processa em torno de uma tríade que contém o

signo, o interpretante e o objeto.

No cinema, a combinação e a ligação de diversos elementos como cenografia,

figurino, diálogos, atores, luzes, cores, texturas, relevos, objetos, sons, farão com que o

filme obtenha uma forma. E, harmonizar cada elemento de linguagem em seu devido

lugar é o primeiro e principal passo para que seja realizado o desenvolvimento de uma

narrativa cinematográfica e assim, esta esteja apta a construir um sentido para o

espectador. Alinhar e arquitetar tais elementos em uma produção não é nada fácil em

seu estágio inicial, mas como afirmava o cineasta soviético Serguei Eisenstein (1898):

―A montagem é um componente tão indispensável na produção cinematográfica quanto

qualquer outro elemento eficaz no cinema‖.

Outro elemento fundamental para a construção dessa comunicação transmitida

através dos filmes é a fotografia. A palavra fotografia significa basicamente ―escrever

com luz‖. Portanto, todos os utensílios utilizados para realizar uma foto têm como

principal finalidade controlar a luz, seja ela a que sai de uma fonte e entra diretamente

pela lente e interfere emocionalmente no filme ou aquela que sai de uma fonte, rebate

em um determinado objeto (animal, ator, figurino, etc) e, assim, se encerra na área

fotossensível. O profissional de fotografia trabalha com a luz ou com a ausência dela,

pois a escuridão também é uma das graduações possíveis, indo do preto sem informação

(sem luz) ao branco sem informação (superexposição), trafegando por inúmeros tons de

cinza.

A fotografia cinematográfica utiliza de fundamentos básicos como: a

iluminação, a composição da imagem e o enquadramento ou plano, como é chamado no

cinema. A composição da imagem está atrelada àquilo que se quer mostrar em uma

dada cena de um filme, e o plano refere-se a que tipo de perspectiva as imagens vão ser

registradas.

Já em se tratando de iluminação, está se cria ao fato de um indivíduo possuir

uma percepção visual, capaz de identificar a presença da luz em superfícies e planos

que, e que a partir de sua relação com o ambiente luminoso, produzem sentido,

atravessando do estágio químico para o estágio nervoso.

A sonoplastia auxilia a criação dessas ambiências espaciais, pois, se utiliza de

sons e ruídos presentes nos locais aos quais os filmes representam, mobilizando a

memória auditiva do espectador. É válido demonstrar como o processo musical

funciona como um complemento para a dinâmica de um filme, pois, em muitos dos

Page 12: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

12

casos, a imagem e o som são dois elementos que geram um entendimento mais

instantâneo na construção de uma cena.

O som que é apresentado no cinema nunca é meramente um acompanhamento,

ele é adicionado às imagens em cenas com o intuito de agrega-las um determinado valor

e dessa forma, proporcionar que elas se multipliquem e ganhem sentido na narrativa.

A escolha da trilha, tonalidade e intensidade da voz, dentre outros elementos

sonoros, devem ser elaborados pelo roteirista com o intuito de fazer transparecer o

estado emocional do personagem em uma determinada cena e, assim conseguir

transmitir a devida mensagem do filme a quem o assiste.

Esse é o pensamento de Carreiro e Miranda (2015), em ―Representações sonoras

do diabo no cinema‖ sobre a presença desse tipo de linguagem presente no filme ―O

Exorcista‖.

Nesse sentido, entende-se que música fílmica opera em diversos fluxos paralelos

na experiência do espectador: marca referencialmente a narrativa, enfatiza emoções

particulares sugeridas por ela, produz conotações e funciona como recurso de

continuidade. A trilha sonora pode, igualmente, referir-se a um estado sentimental do

personagem, sugerir pressentimentos e também direcionar a atenção para algum detalhe

da cena em especial.

As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do

que estética, elas são capazes de influenciar atitudes, sentimentos e o ambiente em geral.

Martin (2005), entende que a cor é uma relação entre o objeto e o estado psicológico do

observador, no sentido em que ambos se sugestionam reciprocamente.

Cada cor possui um poder de influência e múltiplos significados, aplicados de

acordo com a intensão, portanto, a analise destas deve ser realizada de modo abstrato,

levando em consideração seus receptores. As cores se aliam ao uso da luz e possuem

função expressiva e metafórica de transmitir realismo, construindo climas e atmosferas

que passam mensagens críticas e psicológicas, normalmente passando desapercebido

aos olhos de quem assiste um filme, mas exercendo um papel fundamental na

explicação de fatos que não são explicitados em ações e/ou falas.

No cenário cinematográfico, o uso das cores possui capacidade de operar no

sentido visual proporcionando uma condução ao contexto explícito e implícito da obra,

um código específico que detém qualidades únicas, que pode mudar de um filme para

outro, seguindo uma lógica de enredamento especialmente planejada pelo diretor para

amplificar a expressividade em uma história.

Page 13: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

13

A partir da percepção de tais elementos, analisa-se de maneira mais detalhada,

os diversos tipos de linguagens aplicadas na construção do filme ―Os Vingadores:

Guerra Infinita‖, ao observar a inserção da semiótica, a relevância das cores, considerar

a importância da sonoplastia e a relevância da fotografia para a composição de uma

determinada cena, compreendendo e observando como juntos ou separados na sua

significância, apresentam e transmitem a mensagem desejada pelo diretor ao espectador.

Em suma, é compreender o signo cinematográfico no desenvolvimento de sua semiose.

2. A NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA

No final do século XIX, surge o cinema, um novo meio revolucionário de

registrar e transmitir as histórias vividas ou imaginárias para a sociedade. Ainda não

possuía um código próprio e estava misturado a outras formas culturais, como os

espetáculos de lanterna mágica, o teatro popular, os cartuns, as revistas ilustradas e os

cartões-postais (MASCARELLO, 2006).

O primeiro produto de conhecimento relacionado ao ramo cinematográfico,

surgiu das inúmeras tentativas de colocar as imagens em movimento e projetá-las para

um grande público. Com êxito, a tentativa é alcançada através do primeiro

documentário produzido e exibido em 1895, pelos irmãos Lumiere, por meio do

cinematógrafo, aparelho (movido à manivela e utilizado negativos perfurados) criado

por eles.

De acordo com Mascarello (2006), esse e outros aparelhos que projetavam

filmes apareceram como mais uma curiosidade entre as várias invenções que surgiram

no final do século XIX. Eles eram exibidos como novidade em demonstrações nos

círculos de cientistas, em palestras ilustradas e nas exposições universais, ou

misturados a outras formas de diversão popular, tais como circos, parques de

diversões, gabinetes de curiosidades e espetáculos de variedades.

O autor citado acima trata ainda que diferente dos filmes que vemos hoje,

recheados de efeitos tecnológicos, muito mais realismo, e uma trama bem desenvolvida,

os primeiros filmes eram curtos, transmitidos através de uma sucessão de quadrinhos

cortados e ligados uns aos outros por letreiros, com uma câmera fixa que apenas girava

sem perder o ponto de base, tornando-se apenas um mero espetáculo popular

(MASCARELLO, 2006).

Page 14: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

14

Para Gaudreault (2018), baseando nos dois modos de comunicação de um

relato, o primeiro cinema está mais ligado à atividade de mostração (ação onde

envolve a encenação direta dos acontecimentos) do que à de narração (ação que

envolve a manipulação dos acontecimentos por parte do narrador), principalmente nos

filmes que possuíam apenas um plano. De fato, os primeiros cineastas estavam

preocupados com cada plano individual. A preocupação com a conexão entre planos

surgiu gradualmente, à medida que os filmes se tornaram mais longos.

Segundo Mourão (2002), ainda assim, com poucos recursos, o cinema antigo se

preocupava em desenvolver gêneros a partir dos quais pudessem emitir diversas

linguagens. E para isso, os antigos profissionais do ramo cinematográfico, utilizavam

de efeitos de imagem como substituição de objetos através de pausas da câmera ou

sobre impressão feita com a própria câmera, o que se chamava de trick effects. O

principal objetivo dessa técnica era criar uma ilusão próxima à ideia da magia.

Contudo, com os grandes resultados na sua produção industrial, a partir de 1910,

o cinema almejou criar novas formas de ―fazer cinema‖. Os produtores e diretores

utilizaram os mais novos recursos e formatos, e aperfeiçoaram a sua criatividade em

contar histórias com o intuito de revolucionar a narrativa cinematográfica.

Nesta época acima já existiam estes recursos, como por exemplo, a produção de

filmes deixou de utilizar os fotogramas e passou a armazenar imagens e sons nos bits e

bytes de aparatos computadorizados, na intenção de expressar as mais fortes

sensações, visões e fantasias do século XX. E, esse entre outros grandes

desenvolvimentos tecnológicos.

Para Erick Felinto (2005), isso foi um passo primordial que facilitou os

processos do cinema industrial e massivo, ao mesmo tempo ampliou possibilidades

estéticas e abriu novos caminhos aos realizadores independentes.

Mônica Koris (2012), considera que com o passar do tempo, surgiram diferentes

maneiras, principalmente na estética, de produzir e transmitir as diversas histórias,

sejam elas passadas, presentes ou até mesmo futuras no objetivo se tornar um

riquíssimo meio de comunicação em massa.

Page 15: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

15

3. SEMIÓTICA

A palavra Semiótica é um subjetivo feminino e singular, que vem do grego

„Semeion‟, que apresenta signo. Ela é dividida em três escolas: semiótica Peirceana,

semiótica Gremasiana e semiótica da Cultura. Nesta discussão iremos falar sobre a

semiótica Peirceana, como é apresentado no livro ―O que é Semiótica‖, da autora

Santaella.

Segundo Santaella (1983), semiótica é uma ciência dos signos, é o estudo de

todas as linguagens, ou seja, a ciência que estuda todas as formas do ser humano se

comunicar, abrangendo as linguagens verbais e não verbais. A semiótica nos faz

entender todos os fenômenos a nossa volta, como um cheiro que nos lembra a infância,

uma batida na porta, um aceno recebido por um conhecido na rua, etc. Mas o que é

signos? Signo é o que representa algo ou alguma coisa e que é perceptível aos nossos

sentidos, para Santaella, é uma coisa que lembra outra coisa.

A semiótica Pierceana teve a sua origem no estudo de Charles Sanders Peirce

(1839 – 1914) e classifica os signos em uma tríade: o representamen, o objeto e o

interpretante. O representamen é a parte de percepção do signo, quando vemos que nos

remete ou representa algum lugar ou alguma coisa, como, por exemplo, avistar em uma

paisagem a bandeira do Brasil, você automaticamente associa a imagem ao lugar. O

objeto é a coisa propriamente dita, no caso do nosso exemplo anterior, a bandeira em si,

o objeto que foi utilizado para captar e significar a imagem do que o representa. O

interpretante é o significado criado na mente de quem o interpreta, uma imagem

lembrança criada em nossa mente.

―Um símbolo é essencialmente um objetivo, quer dizer, é uma representação

que procura tornar-se a si mesma mais definitiva, ou que procura produzir um

interpretante mais definido que ela própria. Na verdade, a totalidade da sua

significação consiste em ela determinar um interpretante; de forma que é do

seu interpretante que ela deriva a atualidade da sua significação‖. (PEIRCE,

1998).

Neste estudo da tríade semiótica, Pierce criou a tricotomia, que é a relação criada

do signo com ele mesmo, com o seu objeto e com o seu interpretante, como um ciclo. O

mais comum é a relação do signo, que é dividido também em três partes: ícone, índice e

símbolo. O ícone é o símbolo que tem alguma semelhança com o objeto representado

(faz lembrarmo-nos de algo), o índice é quando o signo tem uma relação direta com o

objeto, nos mostrando algo que aconteceu ou que ainda vai acontecer, o indício de algo

Page 16: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

16

e o símbolo é uma relação convencional com o objeto, conduzida através de uma

condução de ideias.

―Não são os signos do zodíaco, mas signo, linguagem. A Semiótica é

a ciência geral de todas as linguagens". Mas, assim, ao invés de melhorar, as

coisas só pioram, pois que, então, o interlocutor, desta vez com olhar de

cumplicidade — segredo desvendado —, replica: — "Ah! Agora compreendi.

Não se estuda só o português, mas todas as línguas"‖. (Pierce, 1990)

A semiótica Greimasiana, também conhecida como semiótica discursiva,

entende que existem três pontos principais: o quadrado, os níveis e a jornada do herói. O

quadrado semiótico explica a contrariedade e contradição dos eixos semânticos, que

seria a procura de um denominador comum entre dois termos, como por exemplo a vida

e a morte, que são contrários um ao outro, e a não vida e não morte, que são uma

contradição da vida e da morte, porém a não morte é complementar a vida e a não vida é

complementar a morte.

Quando se trata dos níveis, existem três estágios para uma construção narrativa:

o fundamental, que estabelece categorias semânticas presentas no texto, o narrativo, que

é o enredo e o discursivo, que é a intenção do emissor juntamente com a compreensão

do receptor. A jornada do herói é um padrão literário, apresentada principalmente em

narrativas ficcionais, onde se baseia no mundo comum, chamado do herói, aliados e

inimigos, etc.

A pintura do surrealista René Magritte, ―A Traição da Imagem‖ (1928-1929),

consegue explicar um pouco o que seria a concepção de semiótica elaborada por Peirce,

onde em sua obra há uma ilustração de um objeto, um cachimbo, e logo abaixo uma

frase que significa ―Isto não é um cachimbo‖. O que Magritte quer dizer nesta pintura é

que aquilo não é um cachimbo, e sim a representação do que ele é (Figura 1).

Page 17: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

17

Figura 1: A Traição da Imagem

Fonte: Site História das Artes : https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-traicao-das-

imagens-rene-magritte/

Conclui-se então, que a semiótica é o estudo da compreensão do universo, e que

de acordo com Peirce, tal compreensão está diretamente conectada com cada indivíduo,

onde a definição e recepção de linguagem se entrelaçam com a bagagem intelectual,

cultural e emocional de cada indivíduo, obtendo a sua variação de sentido de acordo

com tais conhecimentos.

4. FOTOGRAFIA

A fotografia é definida como uma representação visual capaz de gerar uma

verossimilhança direta com o objeto a ser fotografado.

Para Barthes (2015), o ato de fotografar é aquele onde se tem a intenção de

demonstrar a leitura de quem fotografa sobre aquilo que está sendo fotografado, criando

assim, uma imagem.

A imagem fotográfica, citada pelo autor acima em seu livro ―A Câmara Escura‖

(2015), é apresentada através de duas noções barthesianas: a Studium e a Punctun. A

primeira, é aquilo que é da ordem da câmara escura, aquilo que está inscrito no

enquadramento fotográfico e que, geralmente, está aplicado numa imagem que se

oferece ao olhar e, sobretudo, ao intelecto. É o óbvio. A fotografia então, torna-se uma

ferramenta de estudo, onde é possível reconhecer os signos, as mensagens que ela

denota e conota. Já a segunda, não é mais o intelecto que responde, mas o corpo que age

e reage produzindo sentimentos em relação àquilo que lhe é posto.

Page 18: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

18

Se tornando um espelho da realidade ou ato de explorar a complexidade da

psicologia e das emoções humanas, a fotografia, para o autor Smith (2018), ao longo do

tempo, desenvolveu-se mais rápido que qualquer outra arte visual, passando por grandes

mudanças e diversos experimentos pelas mãos de vários desenhistas, tipógrafos,

matemáticos, cientistas e até mesmo de médicos.

Começando pelo princípio, o autor acima faz referência ao primeiro nome de

destaque no ramo fotográfico, que surge no período da Grécia Antiga, o grande filósofo

Aristóteles (384 a.C – 322 a.C). Seu papel foi fundamental, por observar o reflexo do

sol no solo, em forma de meia-lua, durante um eclipse parcial. Concluiu-se, através

dessa análise, feita quando estava sentado embaixo de uma árvore qualquer, que quanto

menor fosse a distância entre as folhas, que eram penetradas pela luz do sol, mais nítida

era a imagem refletida.

Esta importante observação, que por sinal foi ignorada durante anos e anos, foi

resgatada no século XIV por pintores que utilizavam essa ―técnica‖, nomeada por

―câmara escura‖, para produzirem desenhos como material de apoio para as suas

pinturas. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um desses pintores, tendo sido o primeiro a

descrever o conceito de ―câmara escura‖ que se tratava de um ―objeto‖ fechado, com

um orifício que, segundo o princípio físico da propagação retilínea da luz (entrada de

luz no objeto), permitia um embate dos raios luminosos na parede paralela ao orifício,

resultando numa imagem real de um objeto invertido. Quanto menor fosse o orifício,

mais nítida era a imagem formada, dado que a existência de raios luminosos vindos de

outras direções menores.

Com o surgimento dessa técnica, muitos se interessaram pelo aperfeiçoamento

desta para a obtenção da primeira fotografia, cuja autoria é atribuída aos irmãos

franceses Jean Niceforo e Claude Niepce, em 1826. Foram eles, os primeiros a

conseguir colocar em prática a técnica da ―câmara escura‖, expondo, durante oito horas

seguidas, à luz solar, uma placa de estanho coberta por betume, um derivado do

petróleo, permitindo-lhe, assim, obter a primeira fotografia de que há registos.

Denominaram a essa técnica o nome de heliografia, visto tratar-se de uma fotografia

conseguida através da junção do sol e da física.

Logo depois, Louis Darguerre (1835) pintor, físico, inventor e cenógrafo francês,

cria o Daguerreótipo que consistia numa ―câmara escura‖ com chapas de prata

impressionadas. Estas eram viradas de um lado e outro até que, com uma boa

iluminação, fosse possível obter uma imagem em tons cinzentos e, para que o resultado

Page 19: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

19

fosse excelente, as fotografias tinham de ser previamente iodadas. Assim, percebe-se

que a fotografia, no início do século XIX, foi bastante explorada pelos pintores, sendo

utilizada por eles como um complemento para os seus trabalhos.

Porém, a fotografia nesse aparelho levava cerca de 25 a 30 minutos para ser

tirada, e isso se houvesse sol, caso não, a demora ainda era maior. Mas este não era seu

principal inconveniente, senão também a dificuldade de obter cópias.

Como maneira de solucionar o problema, outro inventor, William Henry Talbot

(1800 – 1877), fez várias experiências em um aparelho ao qual chamou de calótipos,

que superou este problema. Com seus calótipos, obtinham-se negativos que logo

deveriam ser passados aos positivos em outras folhas. E assim, em 1844, foi publicado o

primeiro livro com fotografias.

A partir disso, os experimentos se concentraram em conseguir um papel para os

negativos que fosse suficientemente sensível para ser rapidamente impresso. Em 1848,

um escultor inglês, Frederick Scott Archer (1813 — 1857), inventou o processo de

colódio úmido.

O colódio (composto por partes iguais de éter e álcool numa solução de nitrato e

celulose) era empregado como substância ligante para fazer aderir o nitrato de prata

fotossensível à chapa de vidro que constituía a base do negativo. A exposição era feita

com o negativo úmido (esta é a origem do nome colódio úmido). A revelação tinha de

ser feita logo após a tomada da fotografia.

Só depois de alguns avanços científicos foram obtidas fotografias coloridas.

Gabriel Lippman (1845 – 1921) foi o primeiro investigador que mediante um complexo

método conseguiu fotografar o espectro visível (faixa de cores) com toda sua riqueza

cromática. Mas, foi Louis Ducos du Hauron (1837-1920) a pessoa que criou um método

que consistia na impressão de três negativos através de filtros coloridos em vermelho e

azul, se tornando pioneiro na fotografia colorida.

Com isso, a fotografia conseguiu ser aplicada em diversos gêneros e temas

bastante significativos, um deles é o cinema, que surgiu por volta de 1895, através da

magnífica criação do cinematografo, pelos irmãos Lumiere. Esse aparelho tinha como

principais funções, a de filmar, copiar e projetar, tudo isso ao mesmo tempo. Essa

importantíssima tecnologia deu a origem ao primeiro filme: ―A chegada do trem a

estação‖ (1895).

A inserção da fotografia no cinema, com base nos pensamentos de Borges (2011),

serviu como base para a construção de uma imagem cinematográfica, e esta por sua vez

Page 20: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

20

se define como trecho de imagens em movimento que se encontra entre um fotograma

(imagem estática) e um plano (sequência completa de fotogramas entre dois cortes). O

trajeto percorrido por cada elemento no interior de uma mesma imagem em movimento

ou pela câmera sobre os que se já é filmado são importantes para esta construção.

Para Schefer (1997), em seu livro ―Du monde et du mouvement des images‖,

acreditava que esse movimento representava uma mobilidade das imagens e que o

cinema veio como forma de materializar o ―aparelho óptico invisível‖ que já pertencia a

cada espectador.

5. SONOPLASTIA

O cinema é uma arte revolucionária que ao longo do tempo passou por diversas

mudanças: era mudo, recebeu a inserção do som e se transportou pelas novas técnicas

que possibilitaram a união entre o som e a imagem. E se hoje, o cinema é considerado

uma arte audiovisual é por que o som se tornou um elemento fundamental para a

construção de um filme.

Como dito, a sonoplastia cinematográfica passou por grandes modificações desde

da década de 20, e para o autor Dias (2017) elas foram essenciais para facilitar o

experimento e a manipulação do material audiovisual para os diversos profissionais da

área envolvidos, além de agilizar os seus processos no trabalho.

Para Carvalho (2018), a linguagem cinematográfica a dimensão visual se

consolidou com a instância produtora de sentido já que são seus elementos que

convencionalmente dominam a construção de diálogos dos filmes. Aos elementos do

som coube neste processo uma função utilitária de servir as aspirações realistas das

imagens, se tornando um componente autônomo e expressivo capaz de fazer uma

ligação entre o mundo real com o ficcional.

Segundo Costa (2010), o som possui propriedades intrínsecas capazes de provocar

um grande efeito sinestésico no espectador e atingi-lo diretamente, mesmo que sua

atenção esteja focada na projeção das imagens.

Ao ver dos autores Maia e Serafim (2015), interpreta-se como som

cinematográfico aqueles que se encaixam na banda sonora onde as vozes dos

personagens, articuladas em diálogos, são elementos fundamentais para a construção

narrativa, seguidas pela música e posteriormente por todo e qualquer som (efeitos

sonoros – ruídos, som ambiente, etc) do filme que não é voz e nem música.

Page 21: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

21

O primeiro elemento é a voz, um mero mecanismo que é utilizado como apoio

para o reconhecimento e para identificação do espectador com o personagem. As

mensagens dos filmes, na maioria subliminares, a serem passadas ao público são sempre

adequadas a textura, ao timbre, a intensidade da voz para que assim, todos as entendam.

Os ruídos, por sua vez, são definidos como efeitos sonoros, aqueles sons mais

pontuais dentro da trilha sonora, normalmente curtos, e que ganham destaque sobre os

outros elementos. São considerados sons não-literais, pois não estão ligados de maneira

direta a alguma ação, objeto ou algum tipo de situação. Apenas são sons criados para

introduzir um tom dramático e narrativo em uma cena.

Os sons ambientes ou cenografias sonoras, são sons longos, contínuos e que tem

como finalidade, além da localização sonora geográfica e espacial, a de tornar os sons

independentes possibilitando o uso criativo de sons distintos de maneira simultânea. E

em um universo como o cinema onde tudo é recriado, os sons ambientes acabam

possuindo muitos elementos, pois um único ambiente gravado em um único espaço é

incapaz de representa-los.

Existem diversos tipos de sons ambientes, o mais conhecido é o Background ou

BG, que nada mais é que o som de uma cena que será apresentado de forma densa e

continua sem a introdução de outro tipo de som que possa ter destaque. Se a cena passa

na cidade, por exemplo, o BG será representado pelos sons dos carros (movimentação,

buzina, motor) e pessoas conversando. Assim, o BG, se refere aos diversos sons que

estão presentes na hora da gravação de uma imagem em movimento.

Chion (1994), apresenta a música como se ela tivesse duas formas de se

posicionar em relação ao intuito emocional de uma determinada cena: uma em que ela é

representação fiel e principal do sentido da cena (felicidade, angustia, euforia, etc.), e a

outra é que ela seria apenas um complemento dos sentimentos que já são perceptíveis

em cena.

Ao mesmo tempo que a música não está submetida a barreiras de tempo e espaço,

para Baptista (2007), ela torna-se capaz de se comunicar instantaneamente com os

demais elementos que consistem na ação, ou seja, fora do tempo e do espaço, a música

se comunica com todos os tempos e todos os espaços do filme, mas deixa-os existirem

separada e distintivamente. Ela é inserida nos filmes e se torna um componente

massivamente utilizado como guia sensorial do espectador.

A partir disso, já definidos os tipos de sons (diálogos, ambientes, ruídos, músicas

e etc.) existentes em cenas de um filme, inicia-se a fase de pós-produção, que nada mais

Page 22: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

22

é do que um processo de produção que se refere a edição, a mixagem e a masterização

da trilha sonora. E os profissionais desta fase, que por sinal são muitos, estarão

responsáveis pelo tratamento final dos sons com o principal intuito de abordar os

valores representativos da obra.

Conclui-se então, que a inserção do som em uma cena tem como objetivo de

permitir que o espectador sinta que cada som ouvido provém de uma imagem e que eles

são capazes de produzir uma maior coesão e enfatizar sentimentos e situações para

agregar valor a esta imagem, tendo os detalhes e o espaço temporal como fatores

determinantes para uma absorção da mensagem sonora. Assim sendo, a ação

demonstrada em cena deverá estar ligada a um som, seja ele qual for, caso contrário,

não existirá a ação e nem a mensagem produzida terá o resultado ou efeito esperado ao

ser transmitida ao espectador.

6. COR

A curiosidade e a busca pelo conhecimento até hoje são estímulos para a criação

de teorias e descobertas, até mesmo o mecanismo que aparenta ser o mais simples ou a

função mais ordinária, através do estudo, revela a sua complexidade e relevância, visto

isso, diversas teorias foram criadas para tentar explicar a origem daquilo que chamamos

de cor e como a enxergamos.

O filósofo Aristóteles (384 a.C), até onde se sabe, foi o pioneiro dos estudos das

cores, acreditando que a cor era uma propriedade do objeto, assim como o peso, a

textura, o formato e qualquer outra característica. O pintor Leonardo Da Vinci (1452),

reuniu anotações em meio ao século XI criando um legado do Renascimento para as

artes visuais, afirmando que a cor na verdade é produzida pela luz, tendo os seus

pensamentos publicados no livro Trattato Della Pittura, em 1651.

―A primeira de todas as cores simples é o branco, embora os filósofos não

irão aceitar tanto branco como preto como cores porque branco é a causa ou

receptor de todas as cores, e o preto é a privação total delas. Mas como os

pintores não podem ficar sem ambas, as colocaremos dentre as demais. (...)

Podemos colocar o branco como representante da luz sem o qual nenhuma

cor pode ser vista, amarelo para terra, verde para água, azul para o ar,

vermelho para o fogo e preto para a escuridão‖. (1810, GOETHE apud DA

VINCI, 1651)

Page 23: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

23

Ao passar dos anos, o físico inglês Isaac Newton (1643) estudara como a luz do

sol influenciaria na formação das cores, utilizando um prisma para os seus

experimentos. Em sua análise percebeu que quando os raios do sol atingiam o seu

objeto de estudo e o atravessava, o feixe de luz era decomposta em várias outras cores

distintas, afirmando, através da difração, que a luz é a sobreposição das cores,

nomeando tal fenômeno como ―Spectrum‖, apresentado na imagem 02.

Figura 2: Fenômeno ―Spectrum‖

Fonte: SITE URUGUAY EDUCA: http://aulas.uruguayeduca.edu.uy/mod/book/view.php?id=30055

Hoje em dia, o estudo que melhor explica como conseguimos enxergar as cores

é a teoria do filósofo Johann Wolfgang von Goethe, onde em seu livro ―A Teoria das

Cores‖ (1810) confronta de maneira ousada os pensamentos de Newton e a aprimorou,

saindo do formato físico e concebendo ideias aprofundadas sobre o assunto. Para ele, as

cores são sensações moldadas pela mente e que dependem da percepção de quem

observa. Elas não são uma forma de deixar algo bonito ou enfeitado, possuem um papel

importante na concepção de mundo. ―Estão numa pista falsa, a medida em que

procuram em Newton a causa essencial da luz em uma modificação original e particular

dela, enquanto ela reside na modificação particular e original da retina‖. (GOETHE,

1810).

O nosso cérebro possui partes sensoriais que recebem informações do ambiente,

processando-as de forma coordenada, permitindo que o indivíduo crie imagens,

percepções ou representações sensoriais do ambiente e do que está sendo apresentado.

Ele controla tudo, desde as nossas emoções quanto as nossas questões motoras. A parte

associativa é localizada no córtex cerebral, que dá complexidade ao nosso

Page 24: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

24

comportamento a partir do momento em que nos leva a recuperar imagens do passado,

criar imagens ou até mesmo resolver problemas apresentados, de acordo com os nossos

critérios e valores. A visão é um dos sentidos mais extraordinários do corpo humano,

responsável por captar a luz refletida nos objetos, passando pela córnea, um tecido

transparente que cobre a parte anterior aos nossos olhos, seguindo pelo humor aquoso,

alcançando a pupila e atingindo o cristalino que funciona como uma lente de

focalização, convergindo esses raios de luz em imagens montadas pelo nosso cérebro.

6.1 Psicologia das Cores

Cada cor possui o seu significado, mesmo não existindo regras ou formas

corretas de utiliza-las. Quando a enxerga, automaticamente e de forma involuntária, o

cérebro inicia uma orquestra de estímulos, e no cinema, esta ferramenta vem

provocando inumeráveis tipos de sentimentos e emoções, tendo a sua variação atrelada

ao contexto, cultura, aplicação e indivíduo.

―O efeito produzido pela cor é tão direto e espontâneo que se torna difícil

acreditar que ele conote apenas experiências passadas. Entretanto,

cientificamente, nada comprova a existência de um processor fisiológico que

explique o porquê dessa Reação física do homem à estimulação da cor.‖

(FARINA, et al. 2000).

A sétima arte começou com os seus filmes em preto e branco, obtendo a

primeira reprodução de um curta colorido em 1899, intitulado ―The Serrentine Dance‖,

dirigido pelos irmãos Lumière, onde a personagem principal, uma dançarina é

representada pela americana Loie Fuller, executando a serpentine dance, performance

baseada no movimento de sua ornamental roupa de seda exposta sobre luzes coloridas.

O cinema da época, não tinha capacidade de captar cores, e para preservar a beleza da

apresentação da dançarina, os cineastas recorrem à pintura manual da película.

Colorindo frame por frame a dança de Loie Fuller, proporcionando o que revolucionaria

o universo cinematográfico e só mais tarde ganharia equipamentos e tecnologia para

gravar os seus filmes genuinamente a cores, sem a necessidade de trabalhos manuais.

A coloração pode muitas vezes ser um elemento crucial, como pode-se perceber

nas produções do diretor Tim Burton por exemplo, onde boa parte de seus filmes

recebem tons frios e acinzentados e predominância da cor preta, deixando a ideia do

Page 25: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

25

mórbido e frio, dando a sua própria visão excêntrica e particular, como observa-se na

Figura 3.

Figura 3: O barbeiro Sweenet Tood e a senhora Lovett.

Fonte: SITE ADORO CINEMA : http://www.adorocinema.com/filmes/filme-53640/trailer-19356389/

Na saga Mad Max, percebe-se a importância da coloração durante o dia e noite,

onde o dia recebe tons quentes e saturados, dando a ideia de calor e energia, mostrado

na Figura 4 e a noite recebe tons azulados, retratando a frieza do deserto, a solidão e

tristeza, com apenas um sinal de calor humano e aconchego (Figura 5).

Figura 4: Imperator Furiosa no deserto

Fonte: BLOG LOURENCO BRAY : https://lourencobray.wordpress.com/2015/08/10/mad-max/

Page 26: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

26

Figura 5: Fuga de Imperator Furiosa e o grupo de rebelde.

Fonte: SITE MEDIUM : https://medium.com/@lucascarvalhoss/mad-max-as-cores-da-estrada-da-

f%C3%BAria-9d05cc6620ae

Já no filme Matrix, apresentado na Figura 6, a cor verde, que muitas vezes tem a

sua simbologia atrelada à natureza, frescor e prosperidade, é utilizada para causar

estranheza, assim como em diversas outras produções, que utilizam do verde na pele de

seus personagens para retratar podridão, em líquidos para retratar veneno ou em poderes

para significar a destruição, como vemos nos filmes Malévola e Harry Potter (Figuras 7

e 8).

Figura 6: Thomas A. Anderson (Neo)

Fonte: SITE GUIA DA SEMANA : https://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/10-herancas-que-

matrix-deixou-para-o-cinema

Page 27: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

27

Figura 7: A maldição de Malévola

Fonte: SITE TV FOCO : https://www.otvfoco.com.br/angelina-jolie-pode-nao-participar-da-nova-

sequencia-do-filme-malevola/

Figura 8: Voldemort tenta matar Harry Potter.

Fonte: SITE WIKIA : http://pt-br.harrypotter.wikia.com/wiki/Arquivo:Avada_Kedavra.jpg

Algumas das cores podem ter significados totalmente opostos quando aplicados

de formas diferentes, como o branco, que ao mesmo tempo que consegue transmitir um

sentimento de paz e alívio, também consegue propagar a loucura e a falta de lucidez. O

amarelo, que consegue retratar tão bem a energia e até mesmo a ingenuidade e, em

algumas das vezes insegurança, assim como o branco, consegue retratar perfeitamente a

loucura, e na cultura oriental, é sinônimo de vingança, como podemos ver na Figura 9.

Page 28: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

28

Figura 9: The Bride contra o exército de O-Ren Ishii's, The Crazy 88‟s

Fonte: SITE REVISTA SUPER INTERESSANTE: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/que-

filmes-e-series-de-tv-inspiraram-kill-bill-do-diretor-quentin-tarantino/

O vermelho é uma cor muito utilizada quando se trata de amor ou paixão, como

consta na Figura 10, mas também consegue alertar, informar perigo ou conduzir a

brutalidade, ira e raiva, Figura 11, ou até mesmo ser um sinônimo de força e resistência,

a representação de uma grande mudança ou rebeldia, como se pode ver na Figura 12:

Figura 10: Grey e Anastasia na sala vermelha

Fonte: SITE CENA POP : https://cenapop.uol.com.br/2017/11/07/141107-novo-trailer-de-cinquenta-tons-

de-liberdade-tem-briga-quarto-vermelho-e-casamento/

Page 29: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

29

Figura 11: Ilusão de Danny Torrance

Fonte: SITE PAPO DE CINEMA : https://www.papodecinema.com.br/filmes/o-iluminado/

Figura 12: Cartaz promocional do filme ―Jogos Vorazes: A esperança – O Final‖

Fonte: SITE CINE POP : https://cinepop.com.br/jennifer-lawrence-e-retirada-do-cartaz-de-jogos-vorazes-

a-esperanca-o-final-em-israel-107670

O filme A Lista de Schindler (1993), que foi gravado na Segunda Guerra

Mundial, retrata uma realidade história fortíssima em preto e branco, possuindo uma

cena onde uma garotinha judia, que em meio ao massacre e desordem, se destaca com

um casaco vermelho, a única cor apresentada durante todo o filme, impactando não só

ao espectador como ao próprio personagem principal, que ao vê-la, toma uma atitude

heroica, (Figura 13).

Page 30: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

30

Figura 13: Morte da criança judia

Fonte: SITE UOL : https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/02/23/olimpiada-patinadora-

alema-se-apresenta-ao-som-de-a-lista-de-schindler.htm

A cor roxa tem a sua utilização frequente quando se trata do fantasioso, místico,

ilusório e surreal, mas também é utilizado para expressar a luxúria, o prazer e a

arrogância. O filme Avatar (2009), possui uma cena com estas duas aplicações de

significado, do místico e da luxúria, como pode-se ver na Figura 14:

Figura 14: Jake e Naytiri fazem amor na Árvore Sagrada

Fonte: SITE BAIXAKI : https://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/39203-avatar-jake-e-neytiri.htm

É difícil imaginar que uma cor está ali apenas por estar, uma simples decoração

ou detalhe despercebido pode descrever muito sobre um personagem, a sua

personalidade ou até mesmo princípios. Expressar mensagens através das cores é uma

forma simples, rápida e até mesmo alto explicativa, vilões usam tons escuros e

mocinhos tons claros, mas as vezes estes padrões podem enganar os olhos daqueles que

Page 31: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

31

estão assistindo, as cores podem ser utilizadas para mascarar, enganar e manipular o

subconsciente de forma imperceptível, por osmose.

7. ANALISE DO FILME MARVEL VINGADORES: GUERRA INFINITA

O MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), desde a sua primeira produção

―Homem de Ferro‖ (2008), vem construindo o seu próprio mundo, onde todos os filmes

fazem parte de uma mesma história e em algum momento acaba se interligando

(crossover). Existem inúmeros elementos que caracterizam uma produção Marvel,

componentes obrigatórios em suas narrativas, como a leveza abordada através do humor

ou as reviravoltas heroicas e inusitadas praticadas pelos seus protagonistas e

antagonistas, e aqueles particulares de cada filme, como o ar patriota e ação militar dos

filmes do Capitão América, a tecnologia e modernidade exacerbada dos filmes do

Homem de Ferro, o místico e a forte presença de cultura nos filmes do Thor e as cores

vibrantes e trilha sonora dos filmes dos Guardiões da Galáxia.

O filme ―Os Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018), dirigido pelos irmãos Anthony

Russo (1971) e Joseph Russo (1970), além de comemorar os 10 anos da Marvel Studios,

é a produção que modifica alguns dos elementos obrigatórios e uni as características

particulares de cada narrativa, construído através da sonoplastia, semiótica, fotografia e

cores uma atmosfera de encaixe, como se as peças de um mesmo quebra cabeça

finalmente formassem uma só imagem.

O enredo de ―Os Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018) traz as telas o maior

confronto do MCU, quando Thanos decide buscar as seis Joias do Infinito por conta

própria, para que enfim consiga completar o seu objetivo de acabar com metade da vida

no universo, por acreditar que os recursos naturais são finitos e mal distribuídos. Com a

linha temporal de um dia, o filme se passa em ambientes diferentes: Nova York,

Wakanda (país fictício criado pela Marvel) e alguns planetas espalhados pelo universo,

unindo os heróis em grupos inusitados, todos com o mesmo intuito de impedir tal

atrocidade.

O diretor de fotografia é o profissional encarregado de dar vida a visão do

diretor cinematográfico através das imagens, com iluminação, jogos de câmera e

enquadramento, dinâmica e tonalidade das cenas, trabalhando em conjunto para que a

mensagem seja entregue com sucesso. Os dois diretores, o de fotografia e o

Page 32: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

32

cinematográfico, precisam estar assistindo o mesmo filme, sentimentos e pensamentos

precisam ser iguais em ambas as mentes, para que a imagem seja condizente com a

ideia. O filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ possui grandes e incríveis sequencias que

mudam de acordo com o núcleo em que ele está focado no momento. Além disso, o

longa teve uma porção enorme de efeitos visuais, fazendo com o que o processo de

filmagem, por diversas vezes, fosse realizado em estúdios junto a utilização do chroma

key e trajes especiais que foram colocados nos atores para a captura dos movimentos.

A aplicação de efeitos especiais nas infinitas cenas do filme é fantástica. Entre

os diversos exemplos, tem-se a cena que ocorre no Planeta Natal de Gamora, tornando-a

uma das com maior número de efeitos, onde boa parte do cenário e das pessoas que

apareceram nela foram criados a partir destes. Esta e outras cenas foram realizadas em

chroma key da cor azul pelo simples fato dele proporcionar um grande contraste com a

tonalidade da pele do ator. Porém, se o objeto for azul ou a roupa do personagem tiver

algum detalhe nessa cor, esse tipo de chroma não poderá ser usado. As Figuras 15 e 16 a

seguir demonstram isso:

Figura 15: Bastidores do Planeta de Gamora

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

Page 33: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

33

Figura 16: Planeta de Gamora

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/filmes/2018/11/vingadores-guerra-infinita-thanos-e-gamora-

se-abracam-em-arte-conceitual-descartada

Outro momento marcante da personagem foi onde Thanos segura em suas mãos

e a arrasta com o objetivo de jogá-la em um penhasco. A cena se passa em Volmir e foi

gravada em um cenário em que o fundo também era preenchido por um chroma key azul

(Figura 17).

Figura 17: Bastidores da cena de Gamora e Thanos

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

Se tratando de Thanos, grande parte das cenas em que aparece foram filmadas de

baixo para cima na intenção de passar ideia de grandeza do personagem a quem assistia

Page 34: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

34

ao filme (CONTRA-PLONGÉE– quando a câmera está abaixo do nível dos olhos,

voltada para cima. Também chamada de ―câmera baixa‖). Podendo ser perceptível na

Figura 18 a seguir:

Figura 18: Gamora e Thanos no planeta Vormir

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

A ação em que o Homem-Aranha deixa o ônibus escolar na intenção de ajudar

Tony Stark foi gravada em um cenário fechado e grande parte da cena foi construída

digitalmente. Como demonstram as Figuras 19 e 20 abaixo:

Figura 19: Bastidores da cena do Homem Aranha no ônibus escolar

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

Page 35: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

35

Figura 20: Peter Parker vestindo o traje de Homem Aranha

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

As cenas filmadas com o ator Peter Dinklage (Eitri) também foram realizadas

em um chroma key azul, proporcionando que o anão tornar-se um ser gigante no longa e

para tanto, usou bonequinhos para identificar quem seria Thor, Groot e Rocket Raccon

nas filmagens e proporcionar essa diferença de tamanho ao espectador. Exemplo a

seguir na Figura 21:

Figura 21: Bastidores da cena de Eitri com Thor e Groot

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

A aparição do Doutor Estranho flutuando na nave de Thanos no momento em

que ele é capturado foi outra cena em que contou com a junção de dois fatores

importantes: a atuação de Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho) que teve de ficar

Page 36: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

36

preso a um poste verde para se manter firme, os adicionais e magníficos efeitos

especiais e a utilização do chroma key verde, porque ele possui a maior propensão em

absorver o brilho, auxiliando na administração de luminosidade das cenas durante a pós-

produção. Como pode-se analisar a partir da Figura 22:

Figura 22: Bastidores da cena do Doutor Estranho na nave de Thanos

Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

Os membros da Ordem Negra foram criados a partir de captura de movimentos, e

isso não foi diferente com a personagem Próxima Meia-Noite. A lança da vilã também

não era de verdade nos sets de filmagem, outro elemento que foi criado digitalmente na

pós-produção do filme, como demonstra a Figura 23:

Figura 23: Bastidores da cena de luta entre Próxima Meia-Noite e Steve Rogers

Page 37: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

37 Fonte: Site Observatório do Cinema

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-infinita-25-cenas-que-vao-

mudar-seu-conceito-sobre-o-filme

Em se tratando de outros elementos da fotografia, a iluminação do filme é bem

escura e triste em quase todo lugar, exceto de uma claridade visível em Wakanda. A

inquietude da câmera ajuda a criar uma tensão para quem assiste, seja na escolha dos

ângulos, na carência de estática ou closes precisos em aparências desoladas. Como

referência, segue a Figura 24 abaixo:

Figura 24: Falcão em Wakanda

Fonte: Filme ―Vingadores Guerra Infinita‖ (2018)

A fotografia do filme também contou com a importantíssima colaboração de

artistas conceituais, como por exemplo, o famoso Pete Thompson (1952), que criou a

arte denominada “Fazenda Titã de Thanos” que faz referência a localização de Thanos

na cena de encerramento. A finalidade, principalmente com o título utilizado e por

apresentar um ar sereno, pleno e vislumbrado do vilão, era a de passar ao público a

sensação que o este concluiu a sua missão no universo. A colaboração tratada segue

representação da Figura 25.

Page 38: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

38

Figura 25: Fazenda onde Thanos descansa

Fonte: SITE METROPOLITANA FM https://metropolitanafm.com.br/novidades/entretenimento/arte-

conceitual-de-vingadores-guerra-infinita-pode-ter-confirmado-teoria

Assim, com a atuação dos atores no momento da gravação, principalmente no

momento de utilizarem equipamentos, os diversos e mágicos efeitos especiais aplicados

na produção e pós-produção das cenas e também a participação de artistas conceituais,

fizeram com que a fotografia do filme fosse rica na sua constituição e a permitiu o poder

de encantar a todos que assistiram ao filme.

Ao que se refere a sonoplastia do filme ―Os Vingadores: Guerra Infinita‖, a sua

composição praticamente toda feita por Alan Silvestri (1950), reconhecido como um

dos grandes nomes da indústria cinematográfica americana, com múltiplas indicações

ao Oscar e ao Grammy, foi extremamente marcante e fundamental para a construção da

narrativa.

O compositor que já havia trabalhado em outros filmes do universo gigantesco da

Marvel, como ―Capitão América: O Primeiro Vingador‖ (2011) e ―Os Vingadores‖

(2012), e conhecido por usar frases de filmes para nomear suas músicas, retorna a MCU

para dar vida a trilha sonora do novo sucesso da produtora.

O filme por ser composto por um grande número de personagens e de diversos

ciclos, fez com que o compositor tivesse a experiência de trabalhar com algo diferente

de tudo que já havia feito antes, principalmente ao fato da narrativa abordar bruscas

mudanças de tom.

Contudo, um personagem em si, o Thanos, mereceu uma atenção especial de

Silvestri. O compositor fez com que o personagem tivesse o seu próprio tema musical,

por acreditar que Thanos tinha a sua própria sensibilidade e por este ocupar uma enorme

Page 39: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

39

quantidade de propriedades cinematográficas no filme. Assim, a decisão do tema do

personagem deixou de ser estratégico para se tornar emocional.

Outro fato singular, foi a presença de uma música não original do filme presente

na cena dos Guardiões da Galáxia. A escolhida foi a faixa "The Rubberband Man"

(1976), da banda The Spinners. Inclusive, esta ideia surgiu do diretor do próprio

filme “Guardiões da Galáxia‖ (2014), James Gunn, que selecionou a primeira música

que ouviu quando ligou o rádio que seu pai lhe deu quando era criança. Esta história já

tem uma certa relação com Peter Quill, que recebeu as fitas ―Awesome Mix” de sua

mãe. Além disso, a música é sobre um homem acima do peso e já foi intitulada "The Fat

Man", o que também pode ser relacionado com as piadas que o personagem Drax, o

destruidor, faz com a imagem de Quill.

Em cenas que aparecem os principais elementos do filme, as joias do infinito,

Silvestri teve a brilhante ideia de criar um tema musical especifico para cada uma delas.

Porém, optou que a trilha fosse surgindo mediante a ação em que Thanos obtém cada

uma delas. Assim, foi criada uma trilha sonora discreta, porém precisa e bastante

instrumental que por sinal foi uma cartada de mestre no intuito de fazer com que o

espectador assimilasse o enredo do longa com os acontecimentos que transitam entre o

passado e o futuro.

Passando para a semiótica, elementos diferenciais e religiosos apresentam forte

aparição durante a trajetória do filme. O místico, oculto, improvável e não humano

introduz características algumas vezes clichês, outras inovadoras. Quando se trata da

diferença entre a raça humana e a raça extraterrestre, a diferença é notória e facilmente

distinta, onde habitantes da terra possuem características padrões de um ser humano

comum e os alienígenas são apresentados com colorações de pele diferenciadas e

vibrantes (roxo, azul, verde, vermelho), membros adicionais como calda, antena,

formatos não convencionais de cabeça ou mãos, animais e vegetais racionais, entre

outros, como podemos ver na Figura 26:

Page 40: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

40

Figura 26: Nave espacial dos Guardiões da Galáxia

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Os elementos entre terra e espaço, além da diferenciação de ambiente e persona,

também possui diferença ideológica e religiosa, apresentado de maneira clara em

algumas cenas do filme, como no momento do encontro entre os Guardiões da Galáxia

com os heróis Doutor Estranho, Homem Aranha e Homem de Ferro, onde o Doutor

Estranho pergunta ao Peter Quill ―A que mestre você serve? ‖, e o semideus responde:

―A que mestre eu sirvo? O que eu devo dizer? Jesus? ‖, representando um indício de

que aqueles que vivem no espaço não seguem qualquer tipo de crença ou doutrina.

Entretanto, o que para o ser humano é definido como mitologia, no universo

cinematográfico da Marvel é uma realidade próxima, onde o personagem Thor, deus do

Trovão, faz da cultura Nórdica algo vivo, retratando deuses e criaturas como algo real

(Figura 27).

Page 41: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

41

Figura 27: Thor empunhando a arma Rompe Tormentas

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Quando se trata do personagem Doutor Estranho, as definições de realidade

estão muito além do que se imagina. A cultura Oriental, o ocultismo, magia negra,

espiritismo e sobrenatural são retratados de forma clara. O escudo energético que se

forma nas mãos do mago supremo são símbolos semelhantes a doutrina Gestalt, que

defende que, para compreender as partes, é preciso, antes, compreender o todo, algo que

pode ser visto no ―O Livro Tibetano dos Mortos‖, um livro que não se sabe ao certo em

que ano foi escrito pelo Guru Padmasambhava, mas que possui conteúdo que serve para

auxiliar a vida da alma, conduzir estados de plano pós-morte, entre outros, mostrando a

evolução do personagem Doutor Estranho e o tamanho do poder que ele possui,

mostrado na Figura 28 abaixo:

Figura 28: Doutor Estranho protege Nova York

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Page 42: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

42

Uma outra demonstração de cultura Oriental apresentada pelo personagem

Doutor Estranho está na cena em que ele luta contra o grande vilão Thanos, quando seu

corpo é transfigurado e a sua áurea espiritual invoca aquilo o que seria um deus Hindu,

apresentando diversos braços, Figura 29, e logo após se multiplicando em réplicas de si

mesmo, no intuito de conseguir deter aquele os ameaça, Figura 30:

Figura 29: Doutor Estranho luta contra Thanos

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Figura 30: Doutor Estranho se multiplica

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Um evento que vem sendo produzido e que finalmente é apresentado no filme

―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018), é a transformação do personagem Steve Rogers, o

Capitão América, no Nômade, saindo de um soldado patriota, que acreditava e defendia

o seu país com uma e dentes, um agente da S.H.I.E.L.D, Suprume Headquarters of

International Espionage and Law - Enforcement Division (Quartel-general Supremo de

Page 43: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

43

Espionagem Internacional e Divisão de Execução da Lei), integrante dos Vingadores,

defensores da terra, para alguém que não pertence a lugar algum.

Esta mudança é mostrada através do seu uniforme que apresentava a bandeira

dos Estados Unidos, que logo após foi substituído pelo símbolo dos Vingadores, e que

agora, este filme, está sem bandeira, símbolo, escudo, capacete ou ao menos a estrela

em seu peito, que era a representação do que um dia ele foi e acreditou, até mesmo a sua

aparência saiu de um modelo americano para um homem mais rústico e ―desleixado‖,

como podemos ver na Figura 31 abaixo:

Figura 31: Steve Rogers em Wakanda

Fonte: Filme ― Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Para o vilão Thanos, uma das primeiras cenas do filme, Figura 32, já entrega o

desenrolar e provável conclusão da narrativa. Nova York de ponta cabeça avisa ao

espectador em forma de metáfora que o Titã irá causar uma grande reviravolta e

mudança, não apenas na terra, mas também na vida dos heróis:

Imagem 32: Nave de Thanos chega a Nova York

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Page 44: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

44

Wakanda, país fictício situado na África, possui um contraste muito forte entre o

antigo e o novo, e isso pode ser notado a partir das vestes e cultura do local. Ao mesmo

tempo que este país escondido de todo o resto do mundo retêm o maior conhecimento

terrestre sobre tecnologia e os melhores equipamentos, possui uma cultura tradicional

africana, como se pode ver nas Figuras 33 e 34:

Figura 33: Chegada de Steve Rogers em Wakanda

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Figura 34: Okoye recebe mensagem de invasão a Wakanda

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

As cores aparecem no filme de forma representativa e sutil, abrindo espaço até

mesmo para teorias e especulações, como podemos ver no momento em que Thanos

estala os dedos para usar o poder das seis Joias do Infinito e é transportado para um

outro plano. O vermelho predominante na cena, representado na Figura 35, abriu

Page 45: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

45

discussões entre fãs de que a entidade que conversa com o Titã, utilizando a forma de

Gamora criança, na verdade seria a morte:

Figura 35: Conversa entre Thanos e a Morte

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

A cor roxa se tornou uma característica da maior parte das cenas dos Guardiões

da Galáxia, trazendo todo o significado de místico e fora da realidade humana ou

terrestre, como se pode ver nas Figuras 36, 37 e 38, dando identidade e padronização ao

grupo de viajantes do espaço:

Figura 36: Primeira aparição dos Guardiões da Galáxia

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Page 46: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

46

Figura 37: Beijo entre Gamora e Peter Quill

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Figura 38: Rocket, Groot e Thor a caminho de Nidavellir

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

A representação mais curiosa do filme é a representação da energia. Quando se

trata do Doutor Estranho, a energia emitida pelo seu corpo e seus poderes é representada

por uma mistura entre o amarelo e o laranja, significados que normalmente estas cores

possuem, como observa-se na Figura 39:

Page 47: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

47

Figura 39: Doutor Estranho invocando chicote de energia para segurar Thanos

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Quando se trata de Thanos, a cor da joia capaz de manipular a energia e

consequentemente gerar a destruição, é representada pela cor roxa, não pela energia em

si, mas pela arrogância e sede de poder que ela representa, como podemos ver na Figura

40:

Figura 40: Thanos derrota Doutor Estranho

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

A diferença de saturação e temperatura entre Wakanda e os demais cenários

apresentados no filme é perceptível. O país fictício, situado na África, possui cores

vibrantes e quentes, como se pode ver na Figura 41, com temperatura calorosa e

bastante claridade, a representação de um lugar vivo, tropical e fervoroso, enquanto as

demais cenas em planetas diferentes, como se pode ver um exemplo na Figura 42, são

apresentados em tons frios, cinzentos, sombrios, destruídos ou mortos.

Page 48: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

48

Figura 41: Guerra em Wakanda

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Figura 42: Thanos e Gamora em Vormir

Fonte: Filme ―Vingadores: Guerra Infinita‖ (2018)

Analisando o grande vilão do filme através do olhar semiótico e da psicologia

das cores, além dos significados representativos criados pelo filme, a cor roxa de sua

pele é a descrição de toda a sua personalidade e objetivos, a arrogância e sede pelo

poder das seis joias, a destruição em seus ideais visando dizimar metade da vida no

universo, o místico e o fantasioso por ser um Titã, dando a sensação e sentimento de

que ele é a maior ameaça de todo o universo. O azul de sua roupa transmite o ar de

liderança, confiança, ao mesmo tempo frieza e solidão, o dourado, a nobreza, como

pode-se ver na Figura 43:

Page 49: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

49

Figura 43: Cartaz promocional de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita

Fonte: SITE JOVEM NERD https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/cartaz-de-vingadores-guerra-infinita-

tem-erro-no-olho-de-thor/

8. CONCLUSÃO

Analisar os elementos cinematográficos de um filme é como estudar a sua

essência, entender os seus mecanismos e alcançar de maneira completa o seu

significado. Compreender a história da comunicação, a sua evolução biológica e

tecnológica, os seus fundamentos e como o cinema se consolidou ao longo dos anos,

afirma a importância da sétima arte. Através do cinema o impossível se torna possível,

as ideias e imaginações conseguem ser apresentadas de maneira palpável, permitindo

que possamos abrir espaço para novas visões.

Diante da construção feita pela Marvel Studios durante 10 anos, ―Vingadores:

Guerra Infinita‖ (2018) vai além do esperado, superando expectativas de fãs e

conquistando até mesmo aqueles que não consideram a categoria ―heróis‖ como uma de

suas favoritas. Percebemos, de acordo com as cenas escolhidas, que o filme é um

banquete completo quando se trata de sonoplastia, fotografia, semiótica e cores,

harmonizando-os e os aplicando de forma eficiente.

É , notória a comunicação entre os diretores, os irmãos Russo, e toda a equipe

responsável pela construção do filme, utilizando de equipamentos e técnicas inovadoras

perceptível em vídeos dos bastidores de gravações das cenas do filme, soluções

narrativas surpreendentes e o sentimento de fidelidade a história original dos

quadrinhos, permitindo que o público de épocas diversas, seja ele novo ou antigo,

Page 50: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

50

compartilhe da mesma emoção e mergulhe de cabeça em tudo aquilo que está sendo

apresentado. Nos admirou a capacidade dos escritores juntos com os diretores tornarem

o vilão (Thanos), o arco central da narrativa, contrário à proposta da maioria de outros

filmes, onde os heróis são os principais destaques.

O filme é um produto riquíssimo do que a Marvel construiu durante anos,

mostrando agora de forma explícita a evolução de cada um dos seus personagens,

mantendo a fidelidade a medida do possível as histórias originais dos quadrinhos.

Mesmo sendo longo, ―Vingadores: Guerra Infinita‖ possui um ritmo surpreendente nas

duas horas e meia de duração, por contar com a colaboração de diversos elementos

linguísticos: a magnífica sonoplastia, a impactante fotografia, uma possibilidade de

visão de semiótica indiscutível, o manuseio fantástico das cores e a incrível atuação de

todos que integram o elenco. Tudo isso nos manteve atentos e encantados ao que

acontecia do início ao fim.

Abordar o cinema como uma ramificação da publicidade demonstra que a área

não se resume somente à criação de slogan, logotipo, vts, campanhas e etc, mas também

se encontra presente em diversos meios e veículos de comunicação. Se tratando dos

elementos apresentados, semiótica, fotografia, sonoplastia e cores, entender como eles

funcionam e como afetam o psicológico e entendimento do espectador, aplicado na

publicidade de forma geral, facilita a construção de sentido do publicitário, entrega um

acervo de possibilidades e formas de atingir o seu cliente aproveitando todos os

aspectos, criando desejos e necessidades, tornando o produto ou empresa não só um

elemento comercial, mas sim um estilo de vida.

Page 51: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

51

REFERÊNCIAS

BARTHES, Roland. A Câmera Clara – Coleção 50 anos. 2015, Editora Nova

Fronteira.

BAPTISTA, André. Funções da música no cinema: contribuições para a elaboração

de estratégias composicionais. Belo Horizonte : Escola de Música da UFMG, 2007.

Disponível em PDF:

<http://www.musica.ufmg.br/sfreire/depot/DISSANDREBAPT.pdf> Acesso em : 23

out. 2018.

BORGES, Cristian. Da Pose Fotográfica à Passagem Cinematográfica:

Fundamentos da Imagem Fotossensível. nº 35, São Paulo, 2011. Disponível em PDF:

file:///D:/Downloads/68166-Texto%20do%20artigo-89653-1-1020131126%20(2).pdf:

Acesso: 14 out. 2018.

BORDWELL, David. Sobre a história do estilo cinematográfico – São Paulo:

Unicamp. 2013, 1ª edição.

CARREIRO, Rodrigo. MIRANDA, Suzana. Representações sonoras do diabo no

cinema. Revista Famecos: mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre – RS. 2015, 22ª

edição. Disponível em PDF:

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/20990/1348

9: Acesso em: 15 set. 2018.

CARVALHO, Márcia. A Trilha Sonora do Cinema: Proposta para um “ouvir”

analítico. São Paulo: Unicamp. 2007. Disponível em PDF:

<file:///D:/Downloads/65388-Texto%20do%20artigo-86458-1-10-20131121.pdf>

Acesso em : 11 nov. 2018.

COSTA, Fernando Morais da. “Pode o cinema contemporâneo representar o

ambiente sonoro em que vivemos?”. v.32, Rio de Janeiro: UERJ, 2010.

CHION, Michel. Audio-vision – sound on screen, New York: Columbia Press

University, 1994.

DIAS, Pedro Miguel da. Evolução de Sonoplastia para curtas-metragens nos

últimos 20 anos. Relatório de Estágio de Mestrado em Artes Visuais. Lisboa: FCSH,

2017.

Page 52: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

52

FAN, Ritter. Vingadores: Guerra Infinita – Referências, Easter-Eggs e a cena pós

crédito. Disponível em: <http://www.planocritico.com/entenda-melhor-vingadores-

guerra-infinita-referencias-easter-eggs-e-a-cena-pos-creditos/>. Acesso em: 03 de set.

2018.

FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5° ed. São Paulo:

Edgard Blusher, 2000.

FELINTO, Erick. “Cinema e Tecnologias Digitais”, texto publicado no livro 'História

do Cinema Mundial, 2006, Editora Papirus Editora.

GAUDREAUT, André. A Narrativa Cinematográfica. 2009. Resenha feita por

Rodrigo Aragão Quirino. Publicado 2018.

GRAHAM, Coleman. O livro Tibetano dos Mortos. 2013. Editora Martins Fontes.

Disponível em PDF: https://siomardia.firebaseapp.com/27/o-Livro-Tibetano-Dos-

Mortos-a-Grande-Liberta%C3%A7%C3%A3o-Pela-Ausculta%C3%A7%C3%A3o-

Nos-Estados-Intermedi%C3%A1rios.pdf.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Teoria das Cores. 1810. Editora John Murray.

MAIA, G. . SERAFIM, J.F. Ouvir o documentário: vozes, música, ruídos. Salvador:

EDUFBA, 2015.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. Tradução de Lauro Antônio e Maria

Eduarda Colares. Lisboa: Dinalivro, 2005.

MASCARELLO, Fernando. História do Cinema Mundial. São Paulo: Editora Papirus,

2006.

MAGALHÃES, Pamela. A Psicologia das cores no cinema. Disponível em:

https://zupi.co/psicologia-das-cores-nos-filmes. Acesso em: 19 out. 2018.

MOURA, Edgar. 50 anos de luz, câmera e ação. São Paulo: Editora Senac, 2000.

MOURÃO, Maria. O tempo no cinema e as novas tecnologias. Ciência e

Cultura. vol.54 no.2 São Paulo Oct./Dec. 2002.

KORIS, Mônica. História e Cinema: um debate metodológico. Revista Estudos

Históricos, v.5, n.10. 1992. Disponível em PDV:

<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940/1079>. Acesso em:

01 out. 2018.

SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica?. Disponível em PDF:

http://lelivros.love/book/baixar-livro-o-que-e-semiotica-lucia-santaella-em-pdf-epub-e-

mobi-ou-ler-online/>. Acesso em: 01 out. 2018.

Page 53: ANÁLISE DAS LINGUAGENS CINEMATOGRÁFICAS ......da cena em especial. As cores, um outro elemento utilizado para a construção de cena, são mais do que estética, elas são capazes

53

SCHEFER, Jean-Louis. Du monde et du mouvement des images. 1997, 1ª edição.

Editora Cahiers du Cinema

SMITH, Ian Haydn. Breve História da Fotografia. São Paulo : Gustavo Gili, 2018.

Disponível em PDF:

https://ggili.com.br/media/catalog/product/9/7/9788584521135_inside.pdf. Acesso em:

13 out. 2018.

VIEIRA, Pedro. 25 Cenas que vão mudar o seu conceito sobre cinema. Disponível

em: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/08/vingadores-guerra-

infinita-25-cenas-que-vao-mudar-seu-conceito-sobre-o-filme. Acesso em: 10 nov. 2018.

VINCI, da Leonardo. Trattato della Pittura. 1947. Editora Carabba

Disponível em PDF:< http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/lb000840.pdf

>. Acesso em: Acesso em: 01 out. 2018.

WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa / tradução : Karina Janini. – 3.ª

ed. – São Paulo : Martins Fontes, 2008.