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ANÁLISE DE PROCESSOS DA ÁREA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE
DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA FARMACÊUTICA: APLICAÇÃO DO MODELO
SCOR
Liz Lopes Almeida Gomes
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia de Produção da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro
Orientador: Leonardo Luiz Lima Navarro
Rio de Janeiro
Março de 2020
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Gomes, Liz Lopes Almeida
Análise de Processos da Área de Planejamento e Controle da
Produção em uma Empresa Farmacêutica: Aplicação do Modelo
SCOR / Liz Lopes Almeida Gomes – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola
Politécnica, 2020.
XIII, 66 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Leonardo Luiz Lima Navarro
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Engenharia
de Produção, 2020.
Referências Bibliográficas: p. 67
1. Processos. 2. Planejamento e Controle da Produção. 3.
SCOR. I. Navarro, Leonardo Luiz Lima Navarro II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Engenharia de
Produção. III. Análise de Processos da Área de Planejamento e
Controle da Produção em uma Empresa Farmacêutica: Aplicação
do Modelo SCOR
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais Maria Laurinda e Luis
Cláudio, e às minhas irmãs, Laís e Louise, por todo apoio e incentivo que me deram ao
longo da graduação, ainda que até hoje não consigam explicar o que o meu curso faz.
Agradeço ao Lucas por ter me dado a ideia de entrar no curso de Engenharia de
Produção e por ter ficado no meu pé para que eu conseguisse terminá-lo.
Agradeço aos meus professores, principalmente Cameira, Adriano, Vinícius e
Meirelles (in memoriam), por terem partilhado comigo durante as aulas não só seus
conhecimentos, como também a vontade de agir como um bom engenheiro. Ao
professor Leonardo, agradeço a paciência e ajuda que me deu para tornar possível esse
trabalho.
Agradeço aos meus amigos Adriano, Sacras, Marcus e William, pelo apoio nos
trabalhos e antes das provas, pelo incentivo a continuar no curso, o que nem sempre foi
fácil, e pela amizade que cultivamos durante todo esse tempo.
Agradeço ao Isaque, por toda ajuda que me deu ao longo da graduação,
principalmente nesse fim.
Agradeço à Mariana, que me ajudou diversas vezes, desde meu segundo
período até o meu último, com assuntos ligados a monitorias e ao estágio, respondendo
minha mensagem até quando estava de férias.
Agradeço também a todos que me tornaram possível a realização desse
trabalho, seja me dando apoio, seja me ajudando com as informações. Vocês foram
incríveis!
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
ANÁLISE DE PROCESSOS DA ÁREA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE
DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA FARMACÊUTICA: APLICAÇÃO DO MODELO
SCOR
Liz Lopes Almeida Gomes
Março/2020
Orientador: Leonardo Luiz Lima Navarro
Curso: Engenharia de Produção
O presente trabalho apresenta um estudo de processos da área de
Planejamento e Controle da Produção de uma empresa farmacêutica, tendo como
principal objetivo a busca por oportunidades de melhorias.
Com o intuito de escolher quais os processos a serem estudados, são
apresentadas e explicadas as atividades realizadas no dia-a-dia da área, usando como
base observações feitas no local e conversas com os funcionários. Em um segundo
momento, é realizada a modelagem da situação atual dos processos escolhidos, de
maneira a se entender como eles são realizados na prática.
A partir dessa modelagem, realizada na ferramenta Bizagi, são pesquisados no
referencial teórico, o SCOR, subprocessos que possam ser considerados equivalentes
às atividades dos processos analisados.
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Com essa equivalência, podem ser sugeridas práticas que trariam melhorias a
empresa, práticas essas recomendadas pelo SCOR para as atividades realizadas
dentro de cada um dos subprocessos equivalentes.
Como resultado, recomenda-se, portanto, aplicar as práticas de "Auditoria e
controle das listas de materiais", "Planejamento da logística e do almoxarifado” e
"Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)”, que não vêm sendo aplicadas pela
organização. É recomendada também a total aplicação da prática de "Busca de
fornecedores", que vem sendo aplicada somente de maneira parcial. Já a de
"Gerenciamento de pedidos distribuídos" gera a necessidade de uma melhor análise por
parte da empresa, por ser dependente da situação atual das entregas.
Palavras-chave: Processo, Planejamento e Controle da Produção, Indústria
Farmacêutica, SCOR
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Industrial Engineer.
PROCESS ANALYSIS OF THE PRODUCTION PLANNING AND CONTROL AREA IN
A PHARMACEUTICAL COMPANY: APPLICATION OF THE SCOR MODEL
Liz Lopes Almeida Gomes
March/2020
Advisor: Leonardo Luiz Lima Navarro
Course: Industrial Engineering
This project presents a study of processes in the Production Planning and Control sector
of a pharmaceutical company. The main objective is the search for opportunities of
improvement.
In order to choose the processes to be studied, the activities carried out in the sector's
day-to-day are presented and explained, based on observations made on site and
conversations with employees. Then, the current situation of the chosen processes is
modeled, in order to understand how they are performed in practice.
From this modeling, created on the Bizagi tool, subprocesses that can be considered
equivalent to the activities of the analyzed processes are searched in the reference
model (SCOR).
With this equivalence, practices that would bring improvements to the company can be
suggested. These practices are the ones recommended by SCOR for the activities
carried out within each of the equivalent subprocesses.
As a result, it is recommended to apply the practices of "Bill of Material Audit/Control",
"Logistics & Warehouse Planning" and "Electronic Data Interchange (EDI)", which have
not been applied by the organization yet. It is also recommended to fully apply the
practice of "Supplier Research", which has been applied only partially. As for "Distributed
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Order Management", there is a need for a better analysis by the company, as it is
dependent on the current delivery situation.
Keywords: Process, Production Planning and Control, Pharmaceutical Industry, SCOR
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Objetos básicos da notação BPMN .................................................... 9
Figura 2: Hierarquia dos processos ................................................................. 11
Figura 3: Atributos de desempenho do SCOR ................................................. 13
Figura 4: Etapas de desenvolvimento do trabalho ........................................... 19
Figura 5: Modelagem do processo de planejamento mercado local ................ 28
Figura 6: Modelagem do processo de planejamento de exportação ................ 29
Figura 7: Modelagem do processo de colocação de pedido ............................ 31
Figura 8: Macroprocessos, processos e subprocessos do SCOR ................... 32
Figura 9: Subprocessos equivalentes ao processo de planejamento mercado
local ............................................................................................................................ 35
Figura 10: Quadro de subprocessos equivalentes ao processo de planejamento
mercado local ............................................................................................................. 36
Figura 11: Subprocessos equivalentes ao processo de planejamento de
exportação .................................................................................................................. 38
Figura 12: Quadro de subprocessos equivalentes ao processo de planejamento
de exportação ............................................................................................................. 39
Figura 13: Subprocessos equivalentes ao processo de colocação de pedido . 40
Figura 14: Subprocessos equivalentes ao processo de colocação de pedido . 41
Figura 15: Associação dos subprocessos equivalentes com as práticas ......... 43
Figura 16: Práticas recomendadas .................................................................. 53
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LISTA DE SIGLAS
APICS American Production and Inventory Control - Controle Americano
de Produção e Estoque
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BPM CBOK Business Process Management Common Book of Knowledge -
Livro de conhecimentos comuns sobre gerenciamento de processos de
negócios
BPMN Business Process Model and Notation - Notação e modelo de
processos de negócios
BPMI Business Process Management Initiative - Iniciativa de
Gerenciamento de Processos de Negócios
CD Centro de Desenvolvimento
CT Centro Técnico
ERP Enterprise Resource Planning
FUP Follow-up - Acompanhamento
GOPE Gestão da Operação
KPI Key Performance Indicator – Indicadores Chave de Performance
MAS Master Arrival Schedule – Programação Mestra das Chegadas
MPS Master Production Schedule – Programação Mestra da Produção
MRP Materials Requirement Planning – Planejamento das
Necessidades de Materiais
MRS Material Requirement System – Sistema de Requisitos de
Material
NPI New Product Introduction – Introdução de Novos Produtos
PCP Planejamento e Controle da Produção
SCOR Supply Chain Operations Reference Model - Modelo de
Referência das Operações da Cadeia de Suprimento
S&OP Sales and Operations Planning – Planejamento das Vendas e
Operações
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Sumário
1. Introdução ............................................................................................... 1
1.1. Contextualização.................................................................................. 1
1.2. Problema de Interesse ......................................................................... 3
1.3. Objetivos .............................................................................................. 4
1.3.1. Gerais ............................................................................................ 4
1.3.2. Específicos .................................................................................... 4
1.4. Justificativa .......................................................................................... 4
1.5. Estrutura do Trabalho........................................................................... 5
1.6. Limites ................................................................................................. 6
2. Revisão da Literatura ............................................................................... 7
2.1. Processos ............................................................................................ 7
2.1.1. Definição ........................................................................................ 7
2.1.2. Modelagem de Processos .............................................................. 7
2.1.3. Notação ......................................................................................... 8
2.1.4. BPMN ............................................................................................ 8
2.2. Modelo de Referência ........................................................................ 10
3. Método da Pesquisa .............................................................................. 18
3.1. Classificação ...................................................................................... 18
3.2. Etapas ................................................................................................ 18
4. Aplicação ............................................................................................... 21
4.1. Caracterização da Empresa ............................................................... 21
4.2. Caracterização da Área Estudada ...................................................... 22
4.3. Modelagem da Situação Atual dos Processos ................................... 25
4.3.1. Planejamento Mercado Local ....................................................... 26
4.3.1. Planejamento de Exportação ....................................................... 26
4.3.2. Colocação de Pedido ................................................................... 30
4.4. Equivalências com SCOR .................................................................. 32
4.4.1. Planejamento Mercado Local ....................................................... 34
4.4.2. Planejamento de Exportação ....................................................... 37
xii
4.4.3. Colocação de Pedido ................................................................... 40
4.5. Práticas Sugeridas ............................................................................. 42
5. Resultados............................................................................................. 52
5.1. Recomendações ................................................................................ 52
5.2. Plano de Ação .................................................................................... 62
5.3. Síntese ............................................................................................... 63
6. Considerações Finais ............................................................................ 65
6.1. Atingimento dos Objetivos .................................................................. 65
6.2. Contribuições da Pesquisa ................................................................. 65
6.3. Limitações .......................................................................................... 66
6.4. Pesquisas Futuras ............................................................................. 66
7. Referências Bibliográficas ..................................................................... 67
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1. Introdução
1.1. Contextualização
De acordo com Bastos (2005), a indústria farmacêutica teve o seu
desenvolvimento a partir do século XIX, acompanhando os avanços das pesquisas nas
áreas médica, química, biológica e farmacológica. É responsável pelas atividades de
extração, purificação, síntese química, procedimentos de fermentação e o
processamento farmacêutico propriamente dito.
Segundo Palmeira Filho e Pan (2007), no início da indústria farmacêutica, a
produção dos medicamentos usava como matéria-prima produtos de origem natural,
como vegetais, animais e minerais. Porém, com os avanços da química, se tornou
possível a criação de novos compostos, não presentes na natureza, que geravam
efeitos mais potentes e até então inexistentes.
Bastos (2005) lista em seu texto algumas características da indústria
farmacêutica:
• Oligopólio diferenciado – a competição é dada pela introdução de
novos produtos. Porém, tem-se que tanto a competição como a
diferenciação do produto não ocorrem ao nível da indústria
farmacêutica como um todo, mas sim dentro das classes
terapêuticas, que representam os conjuntos dos medicamentos que
atendem à mesma finalidade;
• Intensiva em pesquisa e em inovação – a P&D e as inovações
possuem um caráter estratégico na indústria farmacêutica, pelo fato
do mercado ser um oligopólio diferenciado;
• Baixa elasticidade-preço da demanda – devido ao fato de os
medicamentos serem produtos essenciais;
• Assimetria de informações – ocorre entre os vendedores e
compradores, principalmente devido ao não conhecimento dos
clientes sobre bens substitutos. Além disso, também não possuem
maneiras de avaliar a eficácia e os riscos de fazer uso um
medicamento, tanto antes como depois da sua utilização;
• Altamente lucrativa – devido às duas características mencionadas
anteriormente, por criarem poder de mercado aos vendedores;
• Natureza fragmentada dos mercados – os produtos de diferentes
classes terapêuticas não podem ser trocados entre si, o que gera
diversos mercados separados dentro do mercado farmacêutico. A
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capacitação tecnológica e a inovação dentro de um mercado de uma
classe terapêutica não é necessariamente a mesma ao de uma outra.
• Marketing agressivo e altamente especializado - de forma a difundir
na população, principalmente médica, os novos produtos, podendo
assim competir no mercado.
Já o Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico (ANVISA, 2019) apresenta
como principais características do mercado de medicamentos a baixa elasticidade da
demanda, as altas barreiras de entrada e a forte assimetria de informações, tanto no
mercado brasileiro como no internacional.
As altas barreiras de entrada são descritas por Capanema e Palmeira Filho
(2007) como sendo a existência de altos custos de mudança, a necessidade de um
grande capital para investimento, a diferenciação através de marcas, os padrões
regulatórios cada vez mais rígidos e a proteção de tecnologias e produtos por patentes.
Esses autores também trazem à tona a situação da assimetria de informações, que leva
o comprador final a ter um pequeno poder de barganha. Cita como principal causa dessa
situação o poder que o médico tem para influenciar a decisão de compra.
O relatório da SINDUSFARMA (2019) declara que, para que a indústria
farmacêutica possa se desenvolver, é necessário que sejam estimuladas a produção
local e a inovação, que o ambiente possa ser considerado propício à pesquisas clínicas
e que sejam adotadas políticas públicas que tornem possível o acesso da população
aos medicamentos.
No ano de 1999 entrou em vigor no Brasil a lei nº 9.787, conhecida como a Lei
dos Genéricos, que permite a produção e comercialização, realizadas por qualquer
laboratório, de medicamentos cuja patente esteja vencida. É garantido à empresa
desenvolvedora de um produto o direito à exclusividade da fórmula por um período de
20 anos. Passado esse tempo, a fórmula se torna domínio público, de forma que os
outros laboratórios possam criar genéricos desse medicamento. Essa lei trouxe ainda a
obrigatoriedade da realização de testes que comprovem a equivalência do medicamento
genérico ao de referência. Dessa forma, a Lei dos Genéricos gerou os seguintes ganhos
à população brasileira, de acordo com a ANVISA:
• Redução dos preços de medicamentos, devido tanto ao fato de que os
genéricos devem ser, no mínimo, 35% mais baratos, como também
devido ao aumento da concorrência e da variedade de medicamentos
ofertados no mercado;
• Investimentos no aumento da qualidade dos medicamentos
disponibilizados;
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• Aumento e facilitação do acesso da população aos medicamentos, o que
levou ao aumento da adesão aos tratamentos.
A lei mencionada no parágrafo anterior acabou por gerar no território brasileiro
um grande crescimento na quantidade de indústrias nacionais, que superou a
quantidade das estrangeiras. De acordo com o relatório da SINDUSFARMA (2019), no
ano de 2018 a indústria farmacêutica brasileira era composta por 244 laboratórios
regularizados, sendo 101 (41%) de origem estrangeira e 143 (59%) de origem nacional.
Esse mesmo relatório informa que, no que diz respeito ao faturamento, os laboratórios
estrangeiros representam 51,49% e os nacionais 48,51%. Sobre as unidades
vendidas (contando-se em caixas de medicamentos), tem-se que os estrangeiros
representam 34%, enquanto os brasileiros 66%. As empresas brasileiras obtiveram
a liderança em quantidade de caixas vendidas devido ao aumento crescente da
quantidade de medicamentos genéricos, que geram um menor lucro unitário.
Devido ao crescimento da representatividade das empresas nacionais na
indústria farmacêutica brasileira, as que possuem origem estrangeira (como a empresa
objeto de estudo) vêm procurando outras maneiras para competir, que não através do
preço. Uma das possibilidades é investir em pesquisas por novas drogas e inovações,
como é o caso da organização estudada.
Um ponto a ser levado em conta, porém, é que não basta a organização criar
novos medicamentos, é preciso também desenvolver maneiras de se garantir a chegada
deles ao consumidor final. É necessário, por exemplo, que os processos relacionados
ao planejamento, fabricação, embalagem, transporte e entrega dos medicamentos
sejam realizados da melhor maneira possível. Com o objetivo de suprir essa
necessidade, o presente estudo irá fazer uma análise de alguns dos processos de uma
das áreas relacionadas à produção, chamada Planejamento e Controle da Produção.
Será analisada então a sua situação atual, propondo-se melhorias, se necessário.
1.2. Problema de Interesse
Ao longo das observações do dia-a-dia da área de Planejamento e Controle da
Produção de uma indústria farmacêutica, foi possível perceber que alguns de seus
processos específicos poderiam não estar sendo realizados da melhor maneira
possível. Durante a semana em que a área foi acompanhada, foi possível se perceber
as seguintes situações:
• Fornecedor recebendo na FUP (follow-up) pedidos que não foram
enviados;
• Muitos materiais chegando em um mesmo dia, dificultando o
armazenamento;
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• Materiais sendo reprovados no controle de qualidade assim que chegam
do fornecedor;
• Alterações no planejamento do setor de embalagem.
Usado como referência para o desenvolvimento do trabalho, o SCOR (Supply
Chain Operations Reference Model - Modelo de Referência das Operações da Cadeia
de Suprimento) é um modelo genérico que trata das operações da cadeia de
suprimentos como um todo. Tendo como objetivo ser utilizado para a gestão de todas
as atividades envolvidas na cadeia, traz também a busca por melhorias para a
realização dos processos. Seu texto apresenta processos-padrão, acompanhados de
métricas, práticas e pessoas ideais para a sua realização. Com isso, seu uso pode
contribuir não só para a resolução dos problemas mencionados anteriormente, como
também para outras possíveis melhorias. O presente estudo pretende, portanto, realizar
uma análise focada em buscar quais as contribuições que o modelo SCOR pode trazer
para a melhoria dos processos a serem analisados da empresa.
1.3. Objetivos
1.3.1. Gerais
Realizar um estudo de caso em uma indústria farmacêutica, observando
processos específicos de sua área de Planejamento e Controle da Produção, buscando
identificar oportunidades de melhorias. Os processos atuais são comparados ao modelo
de referência escolhido (SCOR), de maneira a buscar a recomendação de melhores
práticas.
1.3.2. Específicos
• Analisar como vêm sendo realizados atualmente os processos da área
foco do trabalho, modelando-os e fazendo um diagnóstico através de
observações e conversas com funcionários da área;
• Estudar o modelo SCOR, buscando identificar situações que possam
trazer contribuições ao caso específico;
• Realizar a equivalência entre os processos estudados e os subprocessos
dispostos no SCOR;
• Identificar e comparar as práticas recomendadas pelo SCOR para os
subprocessos equivalentes com os processos estudados, identificando
gaps que poderiam indicar oportunidades de melhorias;
• Propor adequações às boas práticas.
1.4. Justificativa
A melhoria dos processos de gestão da cadeia de suprimentos de uma empresa
faz com que ela possa atender melhor às necessidades de seus clientes. O estudo e
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análise dos processos de uma organização deve ser feito de maneira rotineira, para que
se possam ser reconhecidas a todo momento oportunidades de melhoria. O modelo
SCOR, utilizado como base referencial do presente estudo, foi criado com o intuito de
auxiliar nessa gestão e, como pode ser facilmente utilizado em organizações de todos
os tamanhos e tipos, é uma importante ferramenta para a melhoria das atividades
relacionadas à busca do atendimento das necessidades do consumidor.
Um dos pilares estratégicos da empresa estudada é o de melhoria contínua.
Sendo assim, está rotineiramente em busca das melhores maneiras de realizar seus
processos, de forma a suprir mais eficientemente as demandas do cliente, evitando
perdas no caminho. Portanto, um estudo que analise os processos da organização e
os compare com o referencial, indicando quais as melhores práticas, é de interesse à
empresa. Os processos poderão então ser adequados ao modelo, melhorando ainda
mais a sua capacidade de atendimento às demandas do consumidor.
Para a academia, o trabalho realizado é mais um estudo de caso para servir
como referência para novos estudos. Por mostrar a situação dos processos da área de
planejamento de uma grande indústria, pode ser usado como base para a análise de
outras organizações, que tenham em comum os processos apresentados neste estudo,
ainda que sejam de outros ramos que não o farmacêutico.
No âmbito pessoal, tem-se que o estudo é algo a ser entregue à empresa que
me acolheu durante o período de estágio da graduação, além de ser uma forma de
colocar em prática os ensinamentos aprendidos ao longo de todo o curso de Engenharia
de Produção.
1.5. Estrutura do Trabalho
O presente capítulo tem como objetivo descrever como está estruturado o
trabalho, fazendo uma breve descrição de cada um dos capítulos. O primeiro capítulo
representa a introdução do presente trabalho, sendo composta pela contextualização,
descrição do problema de interesse, objetivos gerais e específicos, acompanhados da
justificativa para a realização do estudo.
No capítulo 2 está exposta uma síntese do mapeamento do referencial teórico
que é utilizado ao longo do trabalho desenvolvido. Nele são explicados conceitos ligados
a processos e ao modelo de referência utilizado.
Já no terceiro capítulo é explicada a metodologia empregada ao longo do
trabalho, deixando claro como foi o desenvolvimento do texto.
O capítulo de número 4 tem como objetivo descrever como foi realizado o estudo
de caso propriamente dito. Nele estão apresentadas as informações sobre a empresa,
a área foco do estudo e a análise realizada.
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No capítulo 5 estão descritas as recomendações, tanto as feitas pelo modelo de
referência como também pela autora. No sexto capítulo são apresentadas as
considerações finais, dividida em atingimento dos objetivos, contribuições da pesquisa,
limitações e pesquisas futuras. No último capítulo, de número sete, são apresentadas
as referências bibliográficas utilizadas para a construção do texto.
1.6. Limites
Entre os limites da pesquisa, tem-se o fato de ter sido escolhido como foco de
estudo do trabalho somente uma área da cadeia de suprimentos, a do PCP. Durante a
análise foram mencionadas outras áreas, principalmente no capítulo que fala sobre as
práticas recomendadas, porém o foco esteve presente no PCP.
Interligada a esse limite, há também o fato de que foram estudados apenas
processos específicos dessa área. Mais limitante ainda é o fato de que foram escolhidos
três processos finalísticos, deixando-se de lado não só outros processos finalísticos do
próprio PCP, como também os gerenciais e os de apoio à área.
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2. Revisão da Literatura
O presente capítulo tem como objetivo apresentar ao leitor uma síntese do
mapeamento do referencial teórico utilizado ao longo do estudo. Está organizado de
maneira a apresentar as principais ideias disponíveis na literatura sobre processos,
explicando também conceitos de modelagem de processos e da notação escolhida. Em
seguida, é apresentado o modelo de referência SCOR, que é usado como base para o
estudo.
2.1. Processos
2.1.1. Definição
Ao analisar a literatura, é possível se encontrar as mais diversas definições para
o termo “processo”. Entre elas, tem-se a de Salerno (1999), que define o processo como
sendo uma cooperação de atividades diferentes com o intuito de atingir um objetivo
global, orientado ao cliente final, realizada recorrentemente na organização. Possui oito
características: uma organização estruturada, entradas, saídas, recursos, custo,
desempenho global, fatores de desempenho e desenrolar temporal.
O guia BPM CBOK (2013) define processo como sendo um conjunto de
atividades e comportamentos interrelacionados com o objetivo de atingir um ou mais
resultados específicos, podendo ser realizados por humanos ou máquinas. As
atividades são governadas por regras de negócio e são analisadas através de suas
ligações umas com as outras, para que possa ser entendido o sequenciamento e o fluxo
segundo o qual ocorrem.
No livro de Slack et al. (2009), processo é definido como sendo uma organização
de recursos responsável pela transformação de insumos em produtos, que irão
satisfazer as necessidades dos consumidores.
Já Davenport (1993) apresenta o processo como um conjunto de atividades
ordenadas especificamente ao longo do tempo e do espaço. Possui outputs e inputs
claramente definidos, além de um começo e um fim. Nessa definição, é deixado de lado
o produto, focando-se em como o trabalho em si é realizado. Com a estruturação em
processos é possível se medir e analisar de maneira quantitativa diversas dimensões
do trabalho, tornando viável a avaliação do seu custo de execução, por exemplo. Essa
foi a definição adotada para este trabalho, por ser considerada de fácil entendimento e
bastante completa.
2.1.2. Modelagem de Processos
De acordo com o guia BPM CBOK (2013), a modelagem de processos
representa a junção de todas atividades relacionadas ao desenvolvimento de uma
representação dos processos de uma empresa, tanto os já existentes como os que
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serão propostos. O modelo criado poderá representar ou uma parte ou o processo como
um todo, seja ele primário, de suporte ou de gerenciamento.
Modelar um processo de negócio, ainda de acordo com o guia BPM CBOK
(2013), tem como objetivo representar de uma maneira completa e precisa o seu
funcionamento. É importante também que a representação seja clara e de fácil
entendimento. Ao representar os mais diversos elementos presentes no processo, o
modelo torna possível o seu uso para os mais diferentes propósitos. Para a
determinação do nível de detalhamento e do tipo de modelo, é levado em conta o
objetivo da modelagem, ou seja, qual seu resultado esperado.
2.1.3. Notação
O guia BPM CBOK (2013) define notação como uma coleção de símbolos e seus
significados, de maneira padronizada. Na notação da modelagem de processos de
negócios há figuras, também chamadas de ícones, e conectores que, juntos, mostram
as relações entre os componentes dos processos de negócio.
Na literatura estão descritas as mais diversas notações padronizadas para a
modelagem de processos de negócios. Para optar entre elas seria a melhor, é
necessário que se leve em conta fatores específicos de cada empresa. Além disso, é
importante levar em conta também a finalidade da modelagem, havendo a possibilidade
de se utilizar mais de um tipo de notação dentro de um mesmo processo, ao se levar
em conta diferentes níveis da modelagem.
Para o presente estudo, foi optado por fazer uso da notação BPMN (Business
Process Model and Notation – Notação e modelo de processos de negócios) devido à
sua grande aceitação na academia, sendo utilizada nas principais ferramentas de
modelagem, além de estar bem difundida em diversas organizações. Dessa forma, o
seu uso é mais comum do que o das outras notações e seu entendimento é ainda mais
fácil.
2.1.4. BPMN
A notação BPMN será definida e explicada a seguir de acordo com o que é falado
pelo guia BPM CBOK (2013). Disponível para uso em diversas ferramentas de
modelagem, a notação BPMN, criada pelo BPMI (Business Process Management
Initiative - Iniciativa de Gerenciamento de Processos de Negócios), vem sendo bem
aceita no mundo da modelagem. Possui símbolos capazes de representar, através da
modelagem, as mais diversas características dos processos de negócios, tornando o
modelo útil para atender às necessidades de vários usuários. Servem ainda para
representar, de maneira clara, os relacionamentos entre as atividades, deixando claro o
fluxo a ser seguido e a ordem de precedência entre elas.
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Para que a modelagem possa ser feita com o uso da notação BPMN, ainda de
acordo com o guia BPM CBOK (2013), é necessário que, primeiramente, sejam
definidos os papeis de cada um dos envolvidos na execução das atividades do
processo. O modelo será então dividido em linhas paralelas, sendo cada raia um dos
papeis definidos anteriormente, e então as atividades serão dispostas nas raias que
representem quem a realizará. Dessa forma, o trabalho a ser realizado irá se mover
seguindo o fluxo das atividades, cada uma realizada por algum papel específico.
Com o uso de BPMN pode-se ainda indicar quais são os eventos de início, os
intermediários e os de fim, representar o fluxo de mensagens ao longo da realização
das atividades, a comunicação entre as áreas do negócio e ainda a colaboração
realizada com outros negócios. Na Figura 1 estão representados os objetos básicos
disponíveis na notação BPMN.
Figura 1: Objetos básicos da notação BPMN
Fonte: elaboração própria, baseada em Object Management Group (2009)
A seguir, cada um dos objetos citados anteriormente será definido, de acordo
com o texto de Object Management Group (2009):
• Eventos – é algo que ocorre durante o processo, afetando o fluxo do
modelo. Normalmente possui uma causa ou um impacto. Podem ser de
início, intermediário ou de fim;
• Atividades – é um termo genérico para um trabalho realizado em um
processo. Pode ser atômica ou composta, de subprocesso ou de tarefa.
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• Operadores lógicos – é usado para controlar a divergência e a
convergência do fluxo de um processo, determinando ramificações,
bifurcações e junções de caminhos;
• Dados – Fornecem informações sobre quais atividades devem ser
executadas e/ou o que elas produzem, podendo representar um objeto
só ou um conjunto de objetos;
• Pools – é a representação gráfica de um participante, além de servir para
particionar um conjunto de atividades de outros pools, geralmente em
situações de B2B;
• Raias – é uma sub-partição, dentro de um pool, que se estende por todo
seu comprimento, horizontalmente ou verticalmente. Pé usada para
organizar e categorizar as atividades;
• Fluxos de sequência – é usado para representar a ordem de atividades
que deve ser seguida dentro de um processo;
• Fluxos de mensagem – é usada para mostrar o fluxo das mensagens
entre dois participantes, que estão preparados para enviar e recebê-las;
• Associações – são usadas para vincular informações e artefatos com
elementos gráficos do BPMN. Por exemplo, as anotações de texto e
outros artefatos podem ser associados aos elementos gráficos. A ponta
da seta indica a direção do fluxo.
A notação BPMN foi escolhida para ser utilizada no presente trabalho devido,
principalmente, às duas primeiras vantagens citadas pelo guia BPM CBOK (2013), que
são o fato de ser usada por muitas organizações, o que facilita seu entendimento, e a
sua facilidade para a modelagem das mais diversas características do processo.
2.2. Modelo de Referência
O Modelo SCOR (APICS, 2017) é usado como modelo referencial para todo o
presente estudo. Criado pela Sociedade Americana de Controle de Produção e de
Inventário (APICS), tem como objetivo ser usado para a gestão dos processos
realizados ao longo da cadeia de suprimentos. Com seu uso, as organizações podem
realizar melhorias de forma rápida em seus processos, buscando a satisfação das
necessidades de seus clientes.
Estabelecido em 1996, o modelo vem sendo constantemente atualizado,
estando atualmente em sua versão de número 12, de forma a se adaptar às mudanças
nas práticas dentro da cadeia de suprimentos. É, até hoje, uma importante ferramenta
para avaliar e comparar as atividades e a performance das organizações no que diz
respeito à cadeia de suprimentos.
11
O modelo fornece um framework que forma uma estrutura única entre os
processos de negócio, suas métricas, suas melhores práticas e a tecnologia, de maneira
que a comunicação entre todos os envolvidos seja suportada. Assim, a efetividade da
gestão e das atividades envolvidas são aumentadas. Além disso, tem como objetivo
descrever as atividades associadas a todas as fases da busca pela satisfação do cliente,
desde o seu pedido até o retorno do produto.
O modelo é projetado de forma a tornar possível uma análise da cadeia de
suprimentos em múltiplos de níveis. Para tal, seu texto é desenvolvido seguindo a
hierarquia mostrada na Figura 2.
Figura 2: Hierarquia dos processos
Fonte: elaboração própria, baseada em SCOR (APICS, 2017)
Ao desenvolver seu texto, a APICS (2017) por se focar nos três primeiros níveis,
pelo fato deles serem mais neutros, podendo ser aplicados na análise dos mais diversos
tipos de indústria. O quarto nível é mais dependente da área em que está inserida a
indústria estudada.
O texto do SCOR (APICS, 2017) está dividido em quatro sessões principais:
• Performance – descreve métricas padrões para descrever como está a
performance dos processos e, além disso, definir metas estratégicas;
• Processos – descreve descrições padrões de processos de gerenciamento e as
relações existentes entre os processos;
• Práticas – práticas de gerenciamento que geram melhorias ao processo,
tornando seus resultados significativamente melhores;
• Pessoas – definições padrão das habilidades necessárias para a execução dos
processos da cadeia de suprimentos.
Há ainda uma quinta seção, na qual estão dispostas algumas aplicações
especiais, que ainda não tiveram sua adequação ao modelo testada.
A primeira seção, a de Performance, foca na medição e avaliação dos resultados
obtidos com a realização de cada um dos processos da cadeia de suprimentos. O texto
Nível Descrição Definição
1 Macroprocessos Define o escopo, conteúdo e metas de desempenho da
cadeia de suprimentos
2 Categorias dos
processos Define a estratégia de operações e os recursos de
processo
3 Elementos dos
processos
Define a configuração de cada processo. Determina a habilidade de executar. Foco no processo, nos
inputs/otputs, nas habilidades, na performance, nas boas práticas e nas capacidades.
4 Ferramentas e atividades de
melhorias Uso de kaizen, lean, seis sigma, TQM, benchmarking.
12
propõe como abordagem para se compreender, avaliar e criar diagnósticos para o
desempenho da cadeia de suprimentos a análise de três elementos que servem para
descrever diferentes aspectos do desempenho: os atributos de desempenho, as
métricas e a maturidade do processo e da prática. O primeiro item representa as
características estratégicas do desempenho da cadeia de suprimentos usada para
realizar o alinhamento e a priorização do desempenho da cadeia com a estratégia do
negócio.
O segundo item, as métricas, representa medidas discretas do desempenho, que
possuem níveis de hierarquia entre si. Já a maturidade do processo e da prática
representa descrições objetivas e específicas que sejam usadas como uma ferramenta
para a avaliação de quão bem incorporam e executam processos de melhores práticas
e também práticas de liderança.
Na Figura 3 serão expostos os cinco tipos de atributos de desempenho descritos
pelo SCOR (APICS, 2017). Cada uma das métricas recomendadas pelo texto estão
agrupadas dentro de um desses atributos.
13
Atributos de
Desempenho Definição Métricas Foco
Confiabilidade
Habilidade de realizar as tarefas conforme o esperado. Tem como foco a
previsibilidade do resultado de um processo.
Pontualidade, quantidade certa, qualidade certa
Focados no
consumidor Responsividade
Velocidade com que as atividades são realizadas, ou seja, velocidade com que
o a cadeia de suprimentos fornece produtos a seus clientes.
Tempo de ciclo
Agilidade
Habilidade de responder a influências externas como mudanças no mercado, de forma a ganhar ou manter vantagens
competitivas
Adaptabilidade e valor global em
risco
Custos Custo de operar os processos da cadeia de suprimentos. Inclui custos de mão-de-obra, materiais e de gestão e transporte.
Custo de produtos vendidos
Focados na
empresa Eficiência do
Gerenciamento de Ativos
Habilidade de utilizar os ativos com eficiência. O gerenciamento de ativos dentro de uma cadeia de suprimentos costuma ter, entre suas estratégias, a
redução estoques e o dilema insourcing ou outsourcing.
Dias de estoque de suprimento e
utilização da capacidade
Figura 3: Atributos de desempenho do SCOR
Fonte: elaboração própria, baseada em SCOR (APICS, 2017)
No texto do SCOR (APICS, 2017), as métricas são organizadas seguindo uma
hierarquia, dentro da qual cada uma pode ser de primeiro, segundo ou terceiro níveis,
sendo que esses níveis se relacionam entre si através de diagnósticos. Métricas do
segundo nível servem como diagnóstico para as do primeiro, assim como as do terceiro
servem como diagnóstico para as do segundo, de forma que, ao se observar a
performance das métricas de segundo nível, seria possível se entender as melhorias ou
pioras das de primeiro nível. O mesmo ocorre com as do terceiro para as do segundo.
A segunda seção, a de Processos, apresenta as atividades mais realizadas
pelas empresas dentro de sua cadeia de suprimentos, com suas descrições pré-
definidas. O modelo (APICS, 2017) define processo como sendo uma atividade única
realizada para se obter resultados previamente definidos. Define seis macroprocessos
primários da gestão:
• Planejar – envolve processos que descrevem as atividades que estão
relacionadas ao desenvolvimento de planos para que seja possível a
operação da cadeia de suprimentos. Os processos que formam esse
14
macroprocesso incluem a definição das necessidades e dos recursos
disponíveis, o balanceamento de necessidades e recursos, para que
possam ser determinadas as capacidades planejadas, além da
determinação das lacunas existentes tanto nas demandas como nos
recursos, de forma a identificar ações para corrigir essas lacunas;
• Fornecer – envolve processos que descrevem pedidos, programações
de entrega e recebimento dos bens e serviços, levando em conta também
a validação e armazenamento das mercadorias recebidas, além da
aceitação da fatura do fornecedor. Não envolve os processos de
identificação, qualificação e negociação de contratos dos fornecedores;
• Fazer – envolve processos relacionados à conversão de materiais ou à
criação de conteúdo para os serviços. É um tipo de processo facilmente
reconhecido quando se pensa na seguinte lógica: seu input é um ou mais
tipos de itens, sendo que seu output é um ou mais tipos de itens,
diferentes dos que entraram nesse processo;
• Entregar – envolve processos ligados às atividades relacionadas à
criação, manutenção e atendimento dos pedidos de clientes. Abrange o
recebimento, validação e criação dos pedidos dos clientes, fazendo o
agendamento das entregas, o picking, a embalagem, a remessa e o
faturamento.
• Retornar – envolve processos que descrevem atividades relacionadas ao
fluxo contrário percorrido pelos produtos. Abrange a identificação da
necessidade de retorno do produto, a tomada de decisão sobre a
disposição, a programação da devolução e da remessa, além do
recebimento dos produtos retornados. Não envolve os processos de
remanufatura, reparo, reciclagem e reforma do produto.
• Habilitar – envolve os processos que descrevem as atividades
associadas ao gerenciamento da cadeia de suprimentos. Abrange
processos de gerenciamento de regras de negócios, de desempenho, de
dados, de recursos, de instalações, de contratos, de rede da cadeia de
suprimentos, de conformidade regulatória, de riscos e de compras da
cadeia de suprimentos.
Com o uso desses processos, o modelo pode ser usado para descrever
organizações dos mais diferentes tipos e tamanhos, desde as mais simples até as mais
complexas, com o uso de definições em comum descritas ao longo do modelo.
Conforme mostrado na Tabela 2, o processo pode ser dividido ainda em dois outros
15
níveis, que tornam possível a sua classificação, além de serem apresentadas
ferramentas e atividades para melhorá-los.
Na seção de Práticas, o SCOR (APICS, 2017) explica que uma prática é um jeito
único de configurar um processo ou conjunto de processos, podendo ser assim definido
graças à tecnologia a ele aplicada, a sua sequência de realização ou o modo de se
conectar a outros, por exemplo. São apresentadas 188 práticas, que têm seu uso
recomendado ou não dependendo do processo. O SCOR (APICS, 2017), através de
suas análises, define quais as práticas entre as disponíveis que deverão ser utilizadas
quando há a realização de cada um dos subprocessos apresentados.
O texto do SCOR (APICS, 2017) define a existência de três tipos de prática, as
emergentes, as melhores e as padrão. É com base nessa separação que o SCOR
(APICS, 2017) classifica as práticas apresentadas. De acordo com o mesmo texto,
práticas emergentes seriam aquelas que introduzem uma nova tecnologia,
conhecimento ou modos diferentes de se organizar os processos. Muitas vezes, acabam
por alterar radicalmente o modo de se agir dentro de uma indústria, devido aos grandes
ganhos que trazem. Costumam ser de mais difícil adoção, devido ao fato de utilizar uma
tecnologia proprietária ou um conhecimento que só certas organizações possuem,
fazendo com que tenham sido testadas em poucas indústrias. O risco de adoção das
práticas emergentes tende a ser alto, mas seus resultados tendem a ser muito bons
para a empresa que as adota.
Enquanto isso, as melhores práticas são aquelas que já tiveram seus impactos
positivos comprovados dentro da performance da cadeia de suprimentos. São práticas
consideradas atuais, estruturadas, comprovadas e replicáveis. Atuais por não serem
emergentes e nem ultrapassadas. Estruturadas por possuir metas, escopo, processo e
procedimento bem definidos. Comprovadas pelo fato de poderem ser demonstradas
dentro do ambiente de trabalho e serem acompanhadas com métricas. Replicável por
terem obtido bons resultados nos mais diversos tipos de organizações e indústrias. Deve
ser levado em conta, porém, que nem todas melhores práticas terão o mesmo resultado
ao serem usadas em diferentes indústrias e cadeias de suprimento, o resultado poderá
ser influenciado pelo tipo de empresa. O risco ao adotar essas práticas é moderado,
assim como o seu retorno.
As práticas padrão, porém, são as que representam o caminho comum,
representam a maneira como boa parte das companhias vêm realizando seu trabalho
historicamente. Com o uso dessas práticas é possível se realizar o trabalho, mas não
gera à empresa nenhuma grande vantagem competitiva e nem redução dos custos, se
comparadas às outras práticas. Só não possuem um pior resultado do que as práticas
16
que geram perdas. A companhia se arrisca pouco ao adotá-las, mas os resultados que
elas trazem também são pouco significativos.
Por último, na seção de Pessoas, o modelo de referência (APICS, 2017)
apresenta padrões para o gerenciamento de talentos dentro da cadeia de suprimentos.
A estrutura de gerenciamento de habilidades apresentada complementa o que foi
discutido até então sobre processos, métricas e prática, levando-se em conta as
seguintes quatro áreas de importantes habilidades para a cadeia:
• Habilidades básicas necessárias para a realização de processos no geral
e dos processos específicos;
• Habilidades críticas que diferenciam um líder de um processo específico
daqueles que apenas fazem parte de sua execução;
• Medidas de desempenho que estejam relacionadas à avaliação contínua
do desempenho do trabalho em cada área de processo, calculadas
através das métricas recomendadas pelo modelo de referência;
• Credenciamento de habilidades da cadeia de suprimentos, incluindo
programas de treinamento ou de certificações
A seção de pessoas possui como elementos-chave os itens a seguir:
• Habilidade – capacidade de entregar resultados pré-determinados
gastando-se o mínimo possível de tempo e energia. Pode ser definida
pelos níveis de experiência, treinamento e competências;
• Experiência – é o conhecimento adquirido através da observação ou
participação ativa em uma atividade. É conseguida trabalhando em uma
situação da vida real, passando por situações diferentes que necessitam
diferentes meios de se agir;
• Treinamentos – desenvolvem as habilidades ou os tipos de
comportamento através da instrução. Inclui treinamentos formais, cursos
e treinamento no trabalho em si.
Nessa seção é descrita também o nível de competência, que descreve o nível
ou estado de qualificação necessária para se realizar uma tarefa ou uma função. O
modelo de referência (APICS, 2017) reconhece cinco classificações, frequentemente
aceitas:
• Novato – funcionário não treinado, sem experiência, necessita e segue
uma documentação que detalhe como realizar a tarefa;
• Iniciante – realiza o trabalho, porém possui uma percepção situacional
limitada;
17
• Competente – entende o trabalho que está sendo feito e consegue
determinar prioridades para atingir objetivos;
• Proficiente – possui a visão de todos os aspectos do trabalho e tem a
capacidade de priorizar de acordo com aspectos situacionais;
• Especialista – possuem um entendimento intuitivo. Possuem a
capacidade de aplicar sua experiência em situações novas que possam
aparecer.
No SCOR (APICS, 2017), cada habilidade está vinculada a experiências e
treinamentos. Pode-se fazer a equivalência de que o nível de competência está para a
habilidade assim com a maturidade está para o processo.
18
3. Método da Pesquisa
O presente capítulo tem como objetivo descrever o método utilizado para o
desenvolvimento da pesquisa. Será feita, primeiramente, uma classificação do trabalho
e, em seguida, uma descrição passo-a-passo do que foi feito.
3.1. Classificação
Em seu texto, Casarin e Casarin (2012) fazem uma classificação das pesquisas
quanto a quatro fatores: a natureza, a abordagem, os objetivos e o método. O presente
trabalho pode ser classificado, de acordo com a sua natureza, como sendo uma
pesquisa aplicada, pois pretende trazer como resultado aplicações práticas.
Ainda de acordo com os autores, o presente texto tem como foco muito mais a
descrição das situações do que os modelos matemáticos e estatísticos, o que leva à
classificação, no que tange à abordagem, como uma pesquisa qualitativa
Casarin e Casarin (2012), na classificação dos objetivos, escrevem que o
trabalho pode ser considerado como exploratório e descritivo. Exploratório por possuir
como objetivo se aproximar do problema, com o intuito de aumentar os conhecimentos
sobre tal assunto. Descritivo por objetivar a descrição e caracterização de um fenômeno
ou grupo, através de observações, questionários e entrevistas.
Já no que diz respeito ao método, tem-se que o presente estudo pode ser
classificado como uma pesquisa de campo, pelo fato dos dados terem sido captados
diretamente dentro da empresa estudada, e como uma pesquisa bibliográfica, devido
ao fato de terem sido usados textos sobre o assunto estudado, utilizando-se o que já
estava disponível na academia. (CASARIN e CASARIN, 2012)
3.2. Etapas
A pesquisa foi desenvolvida em etapas, apresentadas na Figura 4:
19
Figura 4: Etapas de desenvolvimento do trabalho
Fonte: elaboração própria
O desenvolvimento do presente trabalho partiu da escolha da área foco da
análise a ser feita. Foi optado por focar o estudo na área de Planejamento e Controle
da Produção (a partir de agora a ser chamado de PCP), que na organização faz parte
do Supply Chain. Foi realizada então uma entrevista com os gerentes dessas duas
áreas, de forma a se escolher o qule dentro do PCP deveria ser usado como foco de
estudo, optando-se por se fazer uma análise dos principais processos da área.
Após escolhido o tema, começou-se a formulação do projeto como um todo.
Primeiramente, foram identificadas as informações principais da empresa estudada, de
forma a caracterizá-la. Em um segundo momento, buscou-se maiores informações
sobre a área de PCP, através do acompanhamento das atividades do dia-a-dia. A partir
da análise, foram estabelecidos quais processos seriam estudados mais a fundo. Para
tal, houve a necessidade de se determinar quais os processos chave, quais são os mais
importantes dentre os apresentados.
Após escolhidos, foi feita uma análise da situação as-is dos processos, ou seja,
buscou-se entender como são realizados no dia-a-dia da área. A análise foi feita através
do acompanhamento da realização desses processos e de conversas com os
funcionários, que explicavam o passo-a-passo do que estavam fazendo. No momento
de modelagem, foi utilizado o programa Bizagi, que faz uso da notação BPMN, descrita
anteriormente no capítulo de revisão da literatura.
Partiu-se então para uma análise do SCOR (APICS, 2017), para entender como
funcionava o modelo descrito. Foram buscados no modelo de referência processos que
fossem equivalentes aos apresentados anteriormente, deixando-se claras as relações
entre eles. Com isso, foi possível se entender quais as boas práticas a serem realizadas,
de acordo com o referencial teórico. Foi feita então uma análise, de maneira a comparar
20
a situação atual com o que é recomendado pelo SCOR (APICS, 2017), chegando-se às
recomendações de alterações a serem feitas.
21
4. Aplicação
O presente capítulo representa o estudo de caso em si. Possui em sua
composição as informações que o leitor necessita para o entendimento do que foi feito
ao longo do trabalho.
4.1. Caracterização da Empresa
Criada no final do século XIX na América do Norte, a empresa surgiu com o
objetivo de proporcionar aos pacientes e aos médicos terapias mais eficazes, através
de medicamentos formulados com precisão científica. Desde seu início, vem sendo uma
pioneira na prática científica farmacêutica, rapidamente se expandido para atender às
necessidades globais no ramo. Atualmente possui cerca de 103 mil funcionários,
distribuídos em mais de 160 países, sendo cerca de 2400 colaboradores no Brasil,
divididos entre a sede administrativa em São Paulo e as unidades fabris em Minas
Gerais e Rio de Janeiro.
A empresa possui quatro divisões: nutrição, dispositivos médicos, diagnósticos
e farmacêuticos estabelecidos, conseguindo assim atingir diferentes consumidores, em
diferentes mercados. A planta estudada faz parte da divisão de farmacêuticos
estabelecidos, que produz medicamentos nas formas sólida (comprimidos e cápsulas),
semissólida e líquida, que oferecem tratamento em diversas áreas terapêuticas, entre
elas sistema nervoso central, gastroenterologia e saúde da mulher, além de várias
outras.
Sua atuação no Brasil começou no final da década de 30, com importação e
revenda de produtos importados. Poucos anos depois começou-se a produção de
medicamentos, em uma fábrica no estado de São Paulo. No início dos anos 2000, a
produção foi transferida para a fábrica objeto de estudo do presente trabalho, localizada
no Rio de Janeiro, responsável pela produção que atende ao mercado interno e à
exportação. Alguns anos depois foi inaugurado, nesta mesma planta, o Centro de
Desenvolvimento Farmacêutico, responsável por desenvolver novos produtos,
adaptados ao mercado brasileiro. Atualmente, a unidade estudada possui 9 linhas de
embalagem, cada qual sendo especializada em um tipo de embalagem, e cerca de 300
funcionários, incluindo terceirizados.
O processo produtivo dos medicamentos no local estudado é dividido em duas
fases: a da fabricação e a da embalagem. O intervalo de tempo entre essas fases
depende do tipo de medicamento. Quando é um medicamento de forma sólida, como
no caso de comprimidos e cápsulas, pode ser armazenado para aguardar o melhor
momento para a sua embalagem, por um tempo pré-determinado. Porém, quando é de
forma semissólida, deve ser embalado o mais rápido possível para evitar contaminações
22
e alterações em seu aspecto. Já no caso dos de forma líquida, o maquinário de envase
é acoplado ao de fabricação, de forma que o medicamento já sai dentro do frasco e é
encaminhado para a embalagem final.
4.2. Caracterização da Área Estudada
O foco do presente estudo é a área de Planejamento e Controle da Produção,
mais conhecido como PCP. Atualmente, é formada pelo gerente, cinco analistas e uma
estagiária, localizados na planta estudada, além de um outro funcionário, que fica
baseado em outro estado, para que possa estar mais diretamente em contato com a
área comercial. É a área responsável pelo planejamento de toda a produção da planta,
indo desde a compra de insumos, até o envio do produto acabado para o operador
logístico.
É também responsável pelo cadastro de materiais produtivos e de projetos do
Centro Técnico (CT) e do Centro de Desenvolvimento (CD) e pela análise da
necessidade de materiais, o que leva à colocação de requisição de compra de materiais
importados e à criação de pedido de materiais nacionais, além da realização do MRP
(Materials Requirement Planning – Planejamento das Necessidades de Materiais) e da
FUP, junto também à criação e alteração das listas de materiais de todos os produtos
produzidos na planta.
Com o intuito de se definir um foco para o estudo, foi marcada uma reunião com
o gerente da área. O gerente então solicitou uma análise que, partindo dos processos-
chave da área, seja capaz de entender quais as melhores formas de realizá-los.
Tendo como objetivo escolher quais os processos deveriam ser analisados, foi
feito o acompanhamento da área durante uma semana, para que se pudesse ser
entendido quais são as principais atividades do dia-a-dia. Entre as atividades realizadas
rotineiramente, tem-se:
• Acompanhamento da fabricação – verificação diária, através de sistema
e contato com os responsáveis pelas linhas, da aderência ao plano de
fabricação;
• Acompanhamento das linhas de embalagem – verificação diária, através
de sistema e contato com os responsáveis pelas linhas, da aderência ao
plano de embalagem;
• Acompanhamento das necessidades de material – a analista de materiais
acompanha, via sistema e conversa com os analistas de planejamento,
as necessidades de postergação e antecipação da entrega dos insumos,
além da necessidade de compra fora do MRP. A analista também
23
acompanha as informações enviadas pelos fornecedores, estando
sempre alerta às eventuais alterações nas datas de entrega;
• Realização da reunião semanal da área – reunião que tem como principal
objetivo o acompanhamento dos KPIs (Key Performance Indicator –
Indicadores Chave de Performance) da área. Além disso, é usada para a
troca de informações entre o gerente, os analistas e a estagiária;
• Realização da reunião semanal da GOPE (Gestão da Operação) –
reunião que junta o PCP a representantes das demais áreas da empresa
que estão diretamente ligadas à produção, como embalagem, fabricação,
controle de qualidade, manutenção, garantia da qualidade, introdução de
novos produtos (NPI), além CD e do CT, quando há projetos dessas
áreas planejados ou a serem planejados. Nela é feita uma análise de
como vai ocorrendo a semana, ou seja, se está de acordo com o
planejado e quais as expectativas para o final da semana, além de
apresentar o planejamento da fabricação e da embalagem da semana
seguinte, para que todos possam alinhar suas expectativas. Além disso,
tem também como propósito ser usada como um momento para a troca
de informações que possam afetar o resultado esperado. Por exemplo, é
principalmente nessa reunião em que o setor de manutenção informa
quando o centro de trabalho deve ser parado para a realização de uma
manutenção preventiva. Também é na GOPE em que é apresentada a
necessidade do aumento da quantidade de turnos e horas extras de
alguns setores, como o de controle de qualidade e o de embalagem, por
exemplo;
Foram observadas também algumas atividades que ocorrem em semanas
específicas do mês:
• Planejamento mercado local – representa fazer o planejamento do que
deverá ser produzido para o atendimento às demandas do mercado
interno brasileiro. Cada um dos planejadores se junta ao coordenador do
planejamento, que os passa as demandas. Juntos, definirão quais
demandas conseguem ser atendidas e como deverá ficar o plano de
entrega para os próximos três meses;
• Planejamento de exportação – atividade semelhante à anterior, trocando
a figura do coordenador do planejamento pela do coordenador de
exportação;
• Rodada do MRP – assim que o planejamento da produção, tanto para
mercado nacional como para exportação, está completo, a analista de
24
materiais realiza o MRP. De acordo com SLACK et al. (1997), o MRP
torna possível o cálculo de quanto de cada material é necessário para a
produção planejada, além das datas de necessidade. Para tal cálculo são
utilizados os pedidos já existentes na carteira e a previsão de novos
pedidos. O uso do MRP garante que as necessidades de materiais
chegarão a tempo para a utilização na produção.
• Realização da FUP – é o acompanhamento dos pedidos em aberto junto
aos fornecedores, de maneira a adequar o máximo possível as datas e
quantidades de recebimento às necessidades do planejamento. Após a
rodada do MRP, a analista extrai o relatório com todos os pedidos em
aberto, analisa as datas de entrega e as quantidades, comparando-as às
necessidades, e envia por e-mail aos fornecedores suas observações.
Podem ser solicitadas alterações nas datas de entrega e nas
quantidades, dependendo do cenário de planejamento de produção no
momento da análise. Há casos extremos em que é solicitado o
cancelamento do pedido, como quando a arte do material é alterada, por
exemplo. Uma outra prática comum é a solicitação de confirmação do
pedido por parte do fornecedor, para que ele possa confirmar de que está
tudo certo e seguindo com o planejado. A FUP é um importante artifício
usado para a sinalização de possíveis atrasos nas entregas, o que
poderia afetar diretamente o plano de produção.
Além das atividades citadas anteriormente, foram observadas também algumas
atividades que ocorrem de acordo com a demanda, ou seja, somente quando é
requisitado à área do PCP:
• Criação e alteração das listas de materiais de todos os produtos da
planta, após o envio dos formulários preenchidos pelas áreas solicitantes;
• Confirmar datas de manutenções preventivas e corretivas, quando
necessário;
• Planejar testes do CD, CT e NPI nos centros de trabalho da fabricação e
nas linhas de embalagem;
• Fazer reservas de materiais produtivos no sistema para testes do CD, CT
e NPI.
A partir da análise das atividades, foram definidos que os principais processos
da área são os de “Planejamento Mercado Local”, o de “Planejamento de Exportação”
e o de “Colocação de Pedido”, relacionado ao MRP e às compras de material ao longo
do mês. Esses são os processos que servem como guia para toda a operação da
organização, por ser o planejamento do que deverá ser produzido e o que deverá ser
25
recebido. Além disso, possui uma grande influência nos demais setores da empresa, já
que definirão o trabalho a ser realizado pelo setor de operações, de almoxarifado, de
qualidade, entre tantos outros setores. Há ainda o fato de que os três processos são
diretamente interligados, já que o planejamento da produção é o que gera a necessidade
de compra dos materiais. Sendo assim, é extremamente importante que sejam
realizados da melhor maneira possível.
4.3. Modelagem da Situação Atual dos Processos
A seguir serão apresentados modelos que representam a situação atual dos
processos de “Planejamento Mercado Local”, “Planejamento de Exportação” e de
“Colocação de Pedido”.
Para melhor entendimento dos processos descritos a seguir, é necessário definir
alguns termos:
• Forecast – é a previsão de vendas em si, para o mercado local. Abrange
os 24 meses seguintes e é atualizado mensalmente;
• MAS (Master Arrival Schedule – Programação Mestra das Chegadas) –
momento em que o coordenador de planejamento se junta aos
planejadores para definir o que precisa ser produzido e quando será feita
cada uma das entregas para o mercado local. Nesse momento é possível
se visualizar houve um aumento ou uma baixa da demanda, sinalizando
possíveis faltas do produto no mercado. Segue a seguinte conta: estoque
atual + produção da fábrica – necessidade (que é a previsão demanda,
representada pelo forecast) = estoque final. Nesse cálculo também é
levado em conta a política de estoque de cada produto. As ordens de
produção são firmadas no sistema de acordo com a particularidade de
cada item, influenciadas pelo lead time dos materiais, por exemplo;
• MPS (Master Production Schedule – Programação Mestra da Produção)
– representa, de forma calendarizada, o que será produzido no mês em
vigência;
• MRS (Material Requirement System – Sistema de Requisitos de Material)
– momento em que o coordenador de exportação se junta aos
planejadores para definir o que precisa ser produzido e quando será feita
cada uma das entregas para a exportação, usando como base as
demandas das afiliadas enviadas pela planejadora global. A exportação
segue o a forma de produção make-to-order, ou seja, não há estoques,
tudo o que é demandado ainda deverá ser produzido e a produção só
ocorre quando o pedido está firme no sistema;
26
• Supply Review – reunião que ocorre no início de cada mês para revisar
o que conseguirá ser entregue para faturamento dentro do mês em vigor,
além da sinalização de possíveis faltas de produto no mercado. Envolve
a alta gerência e a área da comercial;
• S&OP (Sales and Operations Planning – Planejamento das Vendas e
Operações) – reunião mensal na qual é feita a apresentação do plano de
produção, não calendarizado, mas com os produtos a serem produzidos,
as quantidades e a capacidade de produção, levando em consideração
os feriados, testes e manutenções a serem feitas nas linhas de produção.
Envolve representantes dos setores de operações e a alta gerência.
4.3.1. Planejamento Mercado Local
O primeiro modelo, a Figura 5, representa o processo de “Planejamento Mercado
Local”.
O processo começa com o time da comercial enviando para o coordenador do
planejamento o arquivo com o forecast, a previsão das demandas. O coordenador
prepara então o arquivo que será usado para fazer o MAS preliminar e o envia para os
planejadores. Cada planejador realiza, sozinho, o MAS preliminar de seus produtos,
analisando o arquivo enviado, de forma a fazer uma previsão, baseado nas
necessidades ali dispostas, do que será produzido e o que será faturado ao longo do
mês. O gerente do PCP então realiza a Supply Review e logo em seguida a S&OP, com
as áreas envolvidas. Após as reuniões, o coordenador de planejamento adequa o
arquivo com o forecast, caso tenha sido discutida alguma alteração nas necessidades
durante as reuniões e se junta aos planejadores para realizar o MAS. Durante essa
atividade, cada planejador, junto com o coordenador de planejamento, analisa as
necessidades de entrega de seus produtos, que influenciam diretamente as
necessidades de produção. Após determinado quais produtos precisam ser produzidos,
o coordenador insere e firma os pedidos no sistema. É feito então um balanceamento
dos recursos disponíveis para a produção com as necessidades de sua utilização, de
forma a se chegar a um resultado que indique quais pedidos poderão ser atendidos,
tanto no que diz respeito às quantidades como às datas. Havendo necessidade, essas
informações são alteradas. É criado então um pré-plano de produção, seguido de um
pré-plano de entregas. Assim que essa atividade estiver encerrada, os planejadores
avisam à analista de materiais, para que ela possa dar início ao processo de “Colocação
de Pedido”, caso o MRS também já esteja finalizado.
4.3.1. Planejamento de Exportação
27
A Figura 6 representa o processo de “Planejamento de Exportação”.
28
Figura 5: Modelagem do processo de planejamento mercado local
Fonte: elaboração própria
29
Figura 6: Modelagem do processo de planejamento de exportação
Fonte: elaboração própria
30
O processo representado tem início com a planejadora global recebendo as
demandas das afiliadas. A planejadora gera então um arquivo inicial com as demandas,
que envia para o coordenador de exportação. O coordenador prepara o arquivo, coloca
os pedidos no sistema, envia o arquivo para os planejadores e se une a eles para
realizar o MRS. Os planejadores analisam os pedidos colocados, informando o que
conseguem entregar ao longo do mês, considerando o que poderá ser faturado. Após a
análise, enviam o arquivo para o coordenador de exportação, que o revisa e então o
envia para a planejadora global. Ao receber o arquivo, a planejadora global analisa as
respostas e, caso não concorde com o que foi proposto, comenta no arquivo e o envia
novamente ao coordenador de exportação, que o analisa e pede aos planejadores para
fazer as alterações necessárias. Assim que o processo estiver encerrado, os
planejadores devem avisar à analista de materiais, para que ela possa dar início ao
processo de “Colocação de Pedido”, caso o MAS também já esteja finalizado.
4.3.2. Colocação de Pedido
A Figura 7 é o modelo do processo de “Colocação de Pedido”. O modelo
representa a realização do MRP uma vez por mês, após os planejadores terem realizado
o MAS e o MRS. A analista de materiais baixa um relatório do sistema de ERP
(Enterprise Resource Planning) utilizado pela empresa que abrange 270 dias, que
representa o maior lead time entre o dos itens da empresa, e analisa, para cada material,
os valores propostos para compra, adequando-os à real necessidade. Após conferidas
as quantidades, são colocadas as requisições de compra, levando em conta a data de
necessidade e as políticas de estoque de segurança, que variam de acordo com cada
item. São respeitadas também as condições acordadas entre os fornecedores e os
setores de Compras Nacionais e de Importação, como quantidades mínimas, preços,
lead times. Se o material for importado, a analista deve avisar ao setor de importação
que a requisição foi colocada, de forma que a compradora possa seguir com o processo
de compra. Se o material for de origem nacional, a analista já pode criar o pedido em si,
enviando-o em seguida ao fornecedor, solicitando também a confirmação do
recebimento. Estando tudo correto, o pedido fica aguardando a chegada do material,
que é recebido por um outro setor. Caso haja algo incorreto no pedido criado, a analista
faz a correção e o reenvia ao fornecedor, até que esteja tudo certo.
31
Figura 7: Modelagem do processo de colocação de pedido
Fonte: elaboração própria
32
Além disso, ao longo do mês, às vezes ocorre a necessidade de compra fora do
MRP, seja pela mudança do planejamento, seja por maior uso do insumo. A analista
retira uma vez por semana o mesmo relatório do sistema de ERP utilizado pela empresa,
para verificar possíveis necessidades de material. Além disso, os planejadores avisam
a ela caso haja alguma modificação no planejamento que possa vir a gerar algum
impacto na necessidade de materiais. São seguidos então os mesmos passos descritos
no processo acima, não sendo necessária a criação de um novo modelo para essa
situação.
4.4. Equivalências com SCOR
Após ter sido feita a modelagem apresentada no item 4.3, foram buscados os
subprocessos do SCOR (APICS, 2017) que fossem equivalentes às atividades
apresentadas nos modelos. A análise feita teve como resultado a Figura 8, que mostra
os subprocessos correspondentes, associados aos macroprocessos dos quais fazem
parte:
Macroprocesso SCOR
Processo SCOR
Subprocesso SCOR
Planejar (Plan)
sP2 - Planejar o
fornecimento
sP2.1 - Identificar, priorizar e agregar necessidades de produtos
sP2.4 - Estabelecer planos de fornecimento
sP3 - Planejar o fazer
sP3.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de produção
sP3.2 - Identificar, avaliar e agregar os recursos de produção
sP3.3 - Balancear recursos de produção com necessidades de produção
sP3.4 - Estabelecer os planos de produção
sP4 - Planejar a entrega
sP4.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de entrega
sP4.4 - Estabelecer planos de entrega
Figura 8: Macroprocessos, processos e subprocessos do SCOR
Fonte: elaboração própria, baseada em SCOR (APICS, 2017)
Conforme mostrado no quadro apresentado anteriormente, apenas um
macroprocesso foi associado aos processos analisados, o de “planejar”. Como a área
estudada é a de Planejamento e Controle da Produção, tem-se que seus processos
estão diretamente relacionados à ação de planejar, seja o fornecimento de matérias-
33
primas, seja a própria produção. A seguir serão descritos, brevemente, os subprocessos
que foram associados às atividades:
• sP2.1 - Identificar, priorizar e agregar necessidades de produtos - o
processo de identificar, priorizar e considerar, como um todo constituído
de partes, todas as fontes de demandas por um produto ou serviço na
cadeia de suprimentos. Na empresa estudada, representa definir quais
produtos são demandados pelo cliente, seja para o mercado nacional,
seja para exportação;
• sP2.4 – Estabelecer planos de fornecimento – o estabelecimento de
cursos de ação por períodos específicos que representam uma
apropriação projetada de recursos de suprimento para atender aos
requisitos do plano de suprimento. Representa a definição do plano de
fornecimento das matérias-primas;
• sP3.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de produção - o
processo de identificar, priorizar e considerar, como um todo constituído
de partes, todas as fontes de demandas na criação de um produto ou de
um serviço. Representa a definição de quais produtos devem ser
produzidos, ou seja, quais não possuem estoque ou precisam repô-lo.
No caso de exportação, como a produção é make-to-order, essa
quantidade a ser produzida representará tudo o que for demandado;
• sP3.2 - Identificar, avaliar e agregar os recursos de produção - o processo
de identificar, avaliar e considerar, como um todo constituído de partes,
tudo o que adiciona valor na criação de um produto ou na performance
de um serviço. Representa definir as matérias-primas e os outros itens
que vão ser necessários para a produção do que for preciso produzir;
• sP3.3 - Balancear recursos de produção com necessidades de produção
- O processo de desenvolvimento de um curso de ação dividido em fases
que comprometa recursos de criação e operação para atender aos
requisitos de criação e operação. Entender se será possível produzir toda
quantidade e o mix necessário a ser produzido, levando em conta os
recursos disponíveis, tanto os que podem ser comprados, como
matérias-primas, como os recursos fixos, como mão-de-obra e as linhas
de produção;
• sP3.4 - Estabelecer os planos de produção – o estabelecimento de
cursos de ação sobre períodos de tempo específicos que representam
uma apropriação projetada de recursos de suprimento para atender
34
necessidades de produção e de planos de operação. Representa definir
um plano de produção em si, ou seja, estabelecer uma ordem de
produção, dizendo quando que cada produto passará pela linha de
produção;
• sP4.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de entrega – o
processo de identificar, priorizar e considerar, como um todo constituído
de partes, todas as fontes de demandas na entrega de um produto ou de
um serviço. Indica o estabelecimento das entregas a serem realizadas,
estipulando quanto de cada item deverá ser enviado para cada cliente;
• sP4.4 - Estabelecer planos de entrega – o estabelecimento de cursos de
ação sobre períodos de tempo específicos que representam uma
apropriação projetada de recursos de entrega para atender necessidades
de entrega. Descreve quando será a entrega ao consumidor de cada um
dos itens demandados, estipulando também a ordem de entrega dos
produtos.
Nos itens a seguir, serão apresentadas novamente a modelagem dos processos
escolhidos, porém a elas serão adicionados os processos equivalentes descritos no
modelo de referência.
4.4.1. Planejamento Mercado Local
O processo de “Planejamento Mercado Local”, conforme mostrado na Figura 9,
possui em comum com o SCOR (APICS, 2017) sete subprocessos, conforme disposto
na Figura 10.
35
Figura 9: Subprocessos equivalentes ao processo de planejamento mercado local
Fonte: elaboração própria
36
Processo do PCP
Atividade Subprocesso Equivalente
Planejamento Mercado
Local
Preparar o arquivo para o MAS preliminar
sP2.1 - Identificar, priorizar e agregar necessidades de produtos
Adequar o arquivo do forecast
sP2.1 - Identificar, priorizar e agregar necessidades de produtos
Realizar o MAS
sP3.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de produção
sP3.3 - Balancear recursos de produção com necessidades de produção
sP3.4 - Estabelecer os planos de produção
sP4.1 - Identificar, priorizar e agregar as necessidades de entrega
sP4.4 - Estabelecer planos de entrega
Figura 10: Quadro de subprocessos equivalentes ao processo de planejamento mercado local
Fonte: elaboração própria
A atividade “preparar o arquivo para o MAS preliminar” tem como subprocesso
equivalente o sP2.1. No momento em que prepara o arquivo para a realização do MAS
preliminar, o coordenador de planejamento tem acesso às demandas colocadas pela
comercial para cada um dos produtos da empresa. Nesse momento, são então
identificadas as necessidades de produtos, indo de acordo com a definição desse
subprocesso. O mesmo acontece na atividade “adequar o arquivo do forecast”, atividade
na qual o coordenador do planejamento atualiza o arquivo das necessidades caso tenha
sido solicitada alguma alteração nas demandas durante as reuniões de Supply Review
e S&OP.
Na atividade de “realizar o MAS preliminar”, o planejador faz uma pré-análise do
que realmente será necessário produzir, realizando o que é proposto pelo subprocesso
sP3.1. Para que possa definir o que será possível produzir e/ou faturar ao longo do mês
analisado, o planejador faz também ao longo dessa atividade o que é proposto pelo
subprocesso sP3.3, ou seja, realiza o balanceamento entre as necessidades e os
recursos de produção, levando em conta as capacidades dos centros de trabalhos, das
linhas de produção e de todos os outros recursos necessários para se produzir. Essas
análises são preliminares, seus resultados servem como base para a realização das
reuniões de Supply Review e S&OP. Somente na atividade de “realizar o MAS” é que
os resultados serão considerados oficiais.
O momento de realização do MAS é crucial para o processo de “Planejamento
Mercado Local”. É nessa atividade em que as necessidades de produção e de entregas
37
são identificadas, o balanceamento dos recursos com as necessidades é feito e são
estabelecidos os planos de produção e de entrega.
A atividade de “realizar o MAS” se inicia com a análise das necessidades de
entrega, ligada ao subprocesso sP4.1. Como a produção nacional é make-to-order, nem
sempre as necessidades de entrega serão as mesmas que as necessidades de
produção. No arquivo criado pelo coordenador de planejamento está disposta a situação
atual dos estoques, portanto ele poderá ser usado também para a determinação das
necessidades de produção, associada ao subprocesso sP3.1. Ao se reunirem, o
coordenador e o planejador analisam essas duas situações para cada um dos produtos
de responsabilidade do planejador e o coordenador insere e firma os pedidos dentro do
sistema. A seguir, é feito o balanceamento descrito pelo subprocesso sP3.3, levando
em conta os produtos que compartilham os mesmos recursos, como linhas de produção,
mão-de-obra, centros de trabalhos, entre outros. Nesse momento são levadas em conta
não só as necessidades de produção para o mercado local, mas também para
exportação, já que os produtos de ambos os mercados precisam dividir os mesmos
recursos. Como resultado dessa análise tem-se a definição de quais pedidos
conseguirão ser atendidos, tanto no que diz respeito às quantidades como às datas,
realizando as alterações necessárias.
Após realizarem essas três análises, os funcionários criam um pré-plano de
produção, seguindo o subprocesso sP3.4. É necessário se chamar atenção para o fato
de que o plano final de produção, chamado de MPS, de um mês é determinado somente
no fim do mês anterior, para que possa se aproximar o máximo possível da realidade
atual da empresa. O último ponto da atividade de “realizar o MAS” é a determinação de
um pré-plano de entrega, como dito no subprocesso sP4.4, que será determinado
seguindo não só as datas de necessidades, como também a capacidade de produção.
O plano final de entrega é determinado junto ao MPS, um influenciando o outro. Espera-
se que ele seja o mais próximo possível ao pré-plano, para que possam ser respeitadas
as datas de necessidade.
4.4.2. Planejamento de Exportação
O processo de “Planejamento de Exportação”, conforme mostrado na Figura 11
e na Figura 12, possui atividades com equivalência a sete subprocessos do SCOR
(APICS, 2017).
38
Figura 11: Subprocessos equivalentes ao processo de planejamento de exportação
Fonte: elaboração própria
39
Processo do PCP Atividade Subprocesso Equivalente
Planejamento de Exportação
Receber as demandas
das afiliadas
sP2.1 – Identificar, priorizar e
agregar necessidades de produtos
Colocar os pedidos no sistema
sP3.1 – Identificar, priorizar e agregar as necessidades de
produção
Realizar o MRS
sP3.3 – Balancear recursos de produção com necessidades de
produção
sP3.4 – Estabelecer os planos de produção
sP4.1 – Identificar, priorizar e agregar as necessidades de
entrega
sP4.4 – Estabelecer planos de entrega
Figura 12: Quadro de subprocessos equivalentes ao processo de planejamento de
exportação
Fonte: elaboração própria
O subprocesso sP2.1, conforme mostrado na Figura 11 pode ser considerado
equivalente à atividade de “receber as demandas das afiliadas”, devido ao fato de ser
nesse momento em que a planejadora global recebe as demandas dos outros países,
podendo assim determinar quais são as necessidades de produtos, indo de acordo com
o proposto pelo subprocesso equivalente.
Já a atividade “colocar os pedidos no sistema” traz à tona a diferença entre a
produção para mercado nacional e a para exportação. Só são colocados no sistema de
ERP utilizado pela empresa os pedidos que precisam ainda ser produzidos, ou seja, ao
colocar os pedidos no sistema o coordenador da exportação define quais são as
necessidades de produção, indicando assim a equivalência da atividade com o
subprocesso sP3.1. Como a produção para exportação é make-to-order, toda a
necessidade de fornecimento de produto definida em sP2.1 será também a necessidade
de produção definida em sP3.1, diferente do que ocorre no “Planejamento Mercado
Local”, como explicado no subcapítulo anterior.
A atividade “realizar o MRS” é a que corresponde ao maior número de
subprocessos do SCOR. No momento em que o MRS é realizado, o coordenador de
exportação se junta aos planejadores para que possam, juntos, fazer um balanceamento
do uso dos recursos de produção, levando em conta tudo o que necessitaria ser
produzido, tanto para mercado local como exportação, como está descrito no
subprocesso sP3.3. Ambos os mercados devem ser levados em conta nesse momento
40
devido ao compartilhamento de recursos de produção. Dessa forma, será definido quais
pedidos poderão ser atendidos por completo e quais precisarão ser alterados. Para essa
definição, serão levados em conta as datas de entrega, as quantidades e os produtos
finais requisitados, para os dois tipos de mercado, sendo criado um pré-plano de
produção, seguindo o que o subprocesso sP3.4 propõe. É necessário se chamar
atenção para o fato de que, no momento de realização do MRS, não ser criado o plano
de produção em si, mas sim um pré-plano. O planejamento final para a produção de um
mês é realizado no final do mês anterior, com a criação do MPS, como explicado no
subcapítulo anterior.
A definição do que será produzido está diretamente ligada, também, aos
subprocessos sP4.1 e sP4.4, já que só poderá haver entrega do que for realmente
produzido e já que só será produzido o que precisar ser entregue. Sendo assim, quando
está sendo estabelecido o plano de produção, o coordenador de exportação e os
planejadores já estão pensando também nas entregas, identificando quais devem ser
priorizadas e em qual ordem elas deverão ocorrer, considerando-se que não aconteça
nenhum imprevisto. Como o plano da produção só é realmente estabelecido no mês
anterior ao em vigência, o mesmo ocorre com o plano de entrega, que deverá levar em
conta não só o tempo de produção, mas também o de análises dos produtos acabados.
4.4.3. Colocação de Pedido
O processo de “Colocação de Pedido”, conforme mostrado na Figura 14, possui
em comum com o SCOR (APICS, 2017) dois subprocessos, dispostos na Figura 13.
Processo do PCP Atividade Subprocesso Equivalente
Colocação de Pedido
Analisar materiais sP3.2 - Identificar, avaliar e agregar os
recursos de produção
Criar requisição de
compra
sP2.4 - Estabelecer planos de
fornecimento
Figura 13: Subprocessos equivalentes ao processo de colocação de pedido
Fonte: elaboração própria
A equivalência entre a atividade de “analisar materiais” do processo de
“Colocação de Pedido” e o subprocesso sP3.2 é dada pelo fato de ser feita, nesse
momento, a análise das necessidades dos recursos de produção, levando em conta não
só as quantidades, como também as datas de necessidade. Após os planejadores
definirem os pré-planos de produção, a analista de materiais roda o MRP para identificar
quais os materiais que precisarão ser comprados para que a produção planejada possa
ocorrer.
41
Figura 14: Subprocessos equivalentes ao processo de colocação de pedido
Fonte: elaboração própria
42
Baseada na análise feita na atividade anterior, a analista coloca as requisições
de compra. Nesse momento, é também estabelecida a data de recebimento de cada
material, informação que vai dentro do pedido e que está de acordo com a análise feita
em sP3.2. Dessa forma, pode-se considerar que há uma equivalência da atividade de
criar requisição de compra com o subprocesso sP2.4, já que após essa atividade está
criado um plano de recebimento de materiais.
4.5. Práticas Sugeridas
No presente subcapítulo, serão apresentadas as práticas recomendadas pelo
SCOR (APICS, 2017) para cada um dos subprocessos mencionados anteriormente. A
seguir, cada um dos processos escolhidos para o estudo será associado às práticas
recomendadas para seus subprocessos equivalentes. Depois, cada prática será
definida, de maneira a se entender o que cada uma representa para o SCOR (APICS,
2017). Será apresentada também uma classificação, que indicará o grau de adequação
da empresa à prática recomendada em cada um dos casos, analisando seu uso dentro
da empresa e, para as que não são adotadas, sua aplicabilidade.
A Figura 15 tem como objetivo fazer a associação entre os subprocessos do
SCOR (APICS, 2017) equivalentes às atividades dos processos estudados e as práticas
por ele recomendadas, acompanhadas por sua classificação, baseando-se no que foi
dito no item 4.5 e em uma classificação de como elas estão disponíveis na empresa
estudada.
Subprocesso Equivalente
Melhores Práticas Classificação
SCOR
sP2.1 - Identificar, priorizar e agregar necessidades de
produtos
BP.024 - Otimização da cadeia de suprimentos
Melhor
BP.090 - Proposta de gerenciamento baseado em dias de suprimento
Padrão
BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais
Padrão
BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Padrão
sP2.4 - Estabelecer planos de
fornecimento
BP.010 - Reabastecimento mín - máx Padrão
BP.013 - Racionalização de itens Melhor
BP.093 - Publicar o plano de produção Padrão
BP.096 - Planejamento da logística e do almoxarifado
Padrão
BP.097 - Busca de fornecedores Melhor
BP.100 - Fornecimento estratégico Melhor
BP.145 - Colaboração com o fornecedor Melhor
43
Subprocesso
Equivalente Melhores Práticas
Classificação
SCOR
sP3.1 - Identificar, priorizar e agregar as
necessidades de produção
BP.090 - Proposta de gerenciamento baseado em dias de suprimento
Padrão
BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Padrão
BP.088 - Fechamento 360 graus Melhor
sP3.2 - Identificar, avaliar e agregar os
recursos de produção
BP.091 - Avaliação de carga do centro de trabalho
Padrão
BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Padrão
sP3.3 - Balancear recursos de
produção com necessidades de
produção
BP.013 - Racionalização de itens Melhor
BP.092 - Balancear e firmar dentro de um horizonte de tempo
Padrão
BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Padrão
sP3.4 - Estabelecer os planos de
produção
BP.013 - Racionalização de itens Melhor
BP.093 - Publicar o plano de produção Padrão
sP4.1 - Identificar, priorizar e agregar as
necessidades de entrega
BP.024 - Otimização da cadeia de suprimentos
Melhor
BP.090 - Proposta de gerenciamento baseado em dias de suprimento
Padrão
BP.102 - Geração da picking list Padrão
BP.115 - Sistema de gerenciamento de transporte
Melhor
BP.118 - Terceirização de gerenciamento de transporte
Padrão
sP4.4 - Estabelecer planos de entrega
BP.089 – Escolha e retirada perfeitas Padrão
BP.093 - Publicar o plano de produção Padrão
BP.107 - Gerenciamento de pedidos distribuídos
Padrão
BP.115 - Sistema de gerenciamento de transporte
Melhor
BP.116 - Logística acelerada Padrão
BP.118 - Terceirização de gerenciamento de transporte
Padrão
Figura 15: Associação dos subprocessos equivalentes com as práticas
Fonte: elaboração própria
A seguir serão apresentadas as explicações que estão no SCOR (APICS, 2017)
para cada uma das práticas citadas no quadro acima. Dessa forma, será possível
entender melhor o que o texto de referência pretendia ao recomendar cada uma delas:
• BP.010 - Reabastecimento mín – máx
44
Considerando-se que cada item possui um nível mínimo e um máximo para seu
estoque, o reabastecimento mín-máx é uma prática em que as requisições de compra
são criadas somente quando a quantidade de inventário de um item está abaixo do nível
mínimo permitido. A requisição de compra deverá ser tal que a quantidade pedida, ao
ser somada com a quantidade existente no momento da compra (que deveria ser a
quantidade mínima), seja elevada ao nível máximo de inventário que pode atingir.
Um ponto que deve ser explicado é que o nível mínimo de estoque não
representa exatamente a quantidade mínima que atingirá o inventário de um item.
Representa, na verdade, um ponto de ressuprimento, já que é necessário que suas
demandas estejam cobertas até a chegada do novo pedido. Além disso, deve ser levado
em conta que o nível máximo não será atingido, já que uma certa quantidade do material
terá sido consumida durante a espera da entrega.
É necessário se levar em conta, ainda, que o reabastecimento mín-máx é uma
boa prática para ser utilizada nos casos em que os ciclos de reabastecimento sejam
estáveis, ou seja, tenham uma baixa variabilidade e, além disso, que o consumo do
material seja dado de forma linear. (APICS, 2017)
• BP.013 - Racionalização de itens
Também chamada de racionalização de SKU ou produto, é a prática que envolve
a tomada de decisões a respeito de adicionar, excluir ou reter produtos, serviços ou
recursos no portfólio da empresa, que, em alguns casos, devem ser tomadas pensando-
se nas famílias de produtos.
A racionalização deve considerar em que momento durante a fabricação ocorre
a personalização do item, para que possam ser otimizados o custo operacional e a
complexidade da produção. Por estar relacionada a diversos fatores e trade-offs, essa
prática deve ser considerada como um elemento de uma abordagem mais abrangente
do gerenciamento da complexidade da cadeia de suprimentos.
É uma prática importante ao se pensar que o produto se move ao longo de seu
ciclo de vida, ou seja, desde o seu processo de introdução no mercado, é necessário
que seja feita uma revisão periódica de em qual ponto do ciclo de vida ele se encontra.
A racionalização deve, ainda, identificar a maneira mais econômica de se
entregar o produto ao mercado, durante todo o seu ciclo de vida. Para tal, devem ser
levados em conta itens como o custo de serviço, a margem de lucro, as previsões de
venda, além de quais outros produtos e serviços são melhor habilitados pelo item.
(APICS, 2017)
• BP.024 - Otimização da cadeia de suprimentos
Prática que costuma fazer parte do plano estratégico de grandes empresas.
Permite que a alta gerência redesenhe a cadeia de suprimentos como parte da
45
estratégia geral da empresa, de forma a conseguir responder a mudanças no mercado,
sejam reais ou previstas. Usando como base dados reais e projeções de analistas, as
companhias executam diversas simulações em computador, indo em busca de soluções
ideais para os seguintes problemas:
Localização dos fornecedores
Níveis de estoque
Custos globais de transporte
Gerenciamento do ciclo de vida do produto (NPI por EOL)
Locais do hub de distribuição
Ambiental (pegada de carbono)
As melhorias deverão ser realizadas proativamente e não reativamente, de
maneira a fornecer reações mais rápidas e melhores financeiramente do que as de seus
concorrentes. A cadeia de suprimentos otimizada pode ainda gerar uma redução no
ciclo de caixa para caixa, prazos de entrega mais curtos para os clientes, menores
requisitos de estoque, menores estoques de E&O e custos de transporte mais baixos.
Os fornecedores de tecnologia oferecem aplicativos individuais e / ou o conjunto
completo de pacotes de software de otimização nas soluções IT Enterprise e SaaS.
(APICS, 2017)
• BP.088 - Fechamento 360 graus
É a prática que, ao ser realizada dentro de uma empresa, garante que os
processos relacionados a uma etapa de produção foram finalizados antes que seja feita
a transferência para a atividade seguinte da cadeia de suprimentos. As seguintes ações
devem ser tomadas:
Confirmar a real utilização dos recursos no processo de produção
(tempo da máquina, tempo de trabalho, energia, processamento de
qualidade);
Verificar como foi usado o material, se houve gastos
Conferir as entradas e saídas da produção;
Verificar se a variação do custo do pedido é aceitável, fazendo a
comparação de créditos e débitos da produção;
Garantir que não haja movimentação de nenhum dos materiais
separados para as ordens;
Garantir a entrega e aceitação dos itens ao destinatário, que pode
ser o almoxarifado, o controle de qualidade, entre outros;
Sinalizar que o pedido está completo, no que diz respeito à
produção.
46
Deve ser levado em conta também que o controle rigoroso dos pedidos garante
que tanto o fornecimento para a produção como a entrega do produto reflitam a
realidade das necessidades de recursos e das disponibilidades dos produtos acabados.
(APICS, 2017)
• BP.089 - Escolha e retirada perfeitas
Envolve garantir que, quando o produto final estiver na posição para ser retirado
para entrega, ele estará com a quantidade correta, no local correto e na condição correta
de acordo com o que foi demandado, estando assim disponível para a “escolha perfeita”.
Para que isso aconteça, alguns itens deverão ser conferidos anteriormente: se o produto
foi enviado pela produção na quantidade e condição corretas para venda, se o controle
de qualidade foi feito corretamente, fazendo e documentando todos os testes e
resultados, se a documentação foi disponibilizada e, por último, se o produto foi alocado
corretamente, conferindo a quantidade e a localização no almoxarifado.
Caso ocorra na empresa de haver uma garantia de que o estoque de produtos
acabados esteja posicionado de maneira correta no que tange a qualidade, quantidade
e localização, o modelo de referência diz que o processo de coleta para entrega ao
cliente poderá ser considerado ótimo. (APICS, 2017)
• BP.090 - Proposta de gerenciamento baseado em dias de
suprimento
É a prática de revisar e manter propostas de MRP por dias de suprimento, o que
torna necessário o melhor entendimento das demandas e das necessidades de
produção. É necessário que seja feito um monitoramento constante das exceções:
Avaliar as ordens planejadas de produção seguindo os outputs do
MRP, usando como referência a demanda mais antiga;
Por exceção, valide as propostas MRP que correspondem à
demanda, fazendo com que ocorra o atendimento às regras do
negócio;
Reagendar sempre que possível;
Ajustar as quantidades e datas de acordo com a inteligência
comercial. (APICS, 2017)
• BP.091 - Avaliação de carga do centro de trabalho
Envolve avaliar a carga de cada centro de trabalho da linha de produção, indo
em busca de possíveis gargalos. Primeiramente, deve ser escolhido um horizonte de
tempo para análise. Dentro desse horizonte deverão ser analisadas as cargas de cada
centro de trabalho e as capacidades combinadas, levando em conta a hierarquia entre
eles. É necessário que haja um registro de todos os dados relacionados à eficiência das
47
máquinas, suas interrupções, paradas para manutenção e todos outros casos que
possam gerar alterações em seu funcionamento padrão. Dessa forma, a disponibilidade
dos recursos de produção poderá se adequar à realidade, ou seja, todas as informações
serão levadas em conta no momento de planejamento. (APICS, 2017)
• BP.092 - Balancear e firmar dentro de um horizonte de tempo
É a prática de balancear e firmar, no sistema, atividades relacionadas à produção
e, além disso, os recursos que estão disponíveis. Para que essa prática possa ser
seguida, é necessário que os tempos de execução e a capacidade disponível de cada
recurso estejam estipulados corretamente dentro do sistema. Três ações devem ser
tomadas para estar de acordo com a boa prática: programar rodadas de MRP que
estabeleçam datas e quantidades, apagar propostas que não poderão ser atingidas
dentro do horizonte de tempo determinado e registrar itens específicos para entrada na
S&OP. (APICS, 2017)
• BP.093 - Publicar o plano de produção
Representa a prática de compartilhar o plano de produção com outros setores,
garantindo assim que todos dentro da cadeia de suprimentos possam visualizá-lo. Ao
setor da produção deverá ser disponibilizado o planejamento de curto prazo e para a
área de compras o de médio prazo. Uma maneira de se compartilhar o plano é através
do sistema ERP da empresa. (APICS, 2017)
• BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais
O constante gerenciamento das listas de materiais dos produtos mostra a
preocupação da empresa com a produção correta de seu produto final. Para evitar
problemas na produção em si e na marcação dos custos, as listas de materiais precisam
ser constantemente conferidas. Devem ser revisados não só os materiais listados, mas
também as suas quantidades, já que um erro em qualquer um dos dois casos levará a
um erro na marcação de custo do produto final. Ainda que se dê mais atenção às listas
dos produtos mais produzidos, é preciso que sejam revisadas também as dos menos
fabricados.
Uma maneira de se controlar as listas de materiais é juntar uma equipe
multidisciplinar que envolva funcionários da engenharia de produto, do planejamento da
produção, do almoxarifado e da produção, já que todas essas áreas possuem atuação
dentro do processo de produção. A área da engenharia de produto é a que melhor
conhece o produto como um todo, a do planejamento é a que melhor consegue
reconhecer problemas com a produção devido a erros na lista de materiais, a do
almoxarifado é quem recebe os materiais que sobraram e foram devolvidos e também
quem precisa entregar material a mais e a área da produção é a que vê de fato a lista
de materiais sendo utilizada, podendo assim ter uma melhor noção de quais estão
48
corretas e quais que sempre geram algum problema à produção. Sendo assim, a junção
de representantes de todas essas áreas irá gerar um melhor resultado na revisão das
listas.
Para a revisão das listas de materiais é necessário conferir se todas as matérias-
primas estão listadas, se as suas quantidades estão corretas e se tudo o que é usado
para formar o produto final está na lista. (APICS, 2017)
• BP.096 - Planejamento da logística e do almoxarifado
É definida como sendo a prática de, durante o processo de planejamento, se
pensar no que costuma ser pensado somente no momento de se agir: os canais de
distribuição, a localização do fornecedor, a localização da entrega, o modo de
transporte, os documentos e taxas envolvidos e a estratégia de armazenamento.
Quando a empresa deixa para pensar nesses fatores somente no momento de agir, há
grandes chances de ocorrerem custos adicionais, devido à falta de planejamento e
necessidade de rápida atuação. (APICS, 2017)
• BP.097 - Busca de fornecedores
É a prática de identificar possíveis fornecedores que atendam aos requisitos da
empresa. No momento da procura, devem ser levados em conta os seguintes
questionamentos:
O fornecedor possui a aprovação para fornecer produtos do seu tipo
de indústria?
O fornecedor tem a aptidão (nova oportunidade?
O fornecedor tem capacidade?
Quais são os prazos de entrega atuais do fornecedor?
O fornecedor possui histórico de desempenho aceitável?
O fornecedor precisará ser qualificado?
Quais são os preços indicativos (isso é pesquisa e não assume
negociação?
Após respondidas as perguntas citadas anteriormente, ainda dentro do momento
de planejamento, o setor de compras ou a equipe do projeto deverá avaliar os riscos de
se fechar negócio com o novo fornecedor. Devem ser pensadas também quais as ações
necessárias a serem tomadas antes da implantação. (APICS, 2017)
• BP.100 - Fornecimento estratégico
Representa uma prática em que as atividades de compras são continuamente
reavaliadas e aprimoradas. As etapas típicas de um processo de fornecimento
estratégico são:
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Avaliação dos gastos atuais de uma empresa, indicando o que é
comprado e onde;
Avaliação do mercado de suprimentos, entendendo-se quem
oferece o que;
Análise de custo total, que determina quanto custa fornecer esses
bens ou serviços;
Identificação de fornecedores adequados;
Desenvolvimento de uma estratégia de compras, indicando-se onde
comprar o que, considerando as demandas e a situação da oferta,
minimizando riscos e custos;
Multi-fonte e volumes compartilhados;
Subcontrato;
Mudança de fornecedor;
Fabricação própria;
Negociação com fornecedores, envolvendo produtos, níveis de
serviço, preços, cobertura geográfica etc;
Implantação de nova estrutura de suprimentos;
Ciclo contínuo de acompanhamento de resultados e avaliações.
O fornecimento estratégico inclui ainda um componente interno que educa toda
a organização de maneira a interagir e obter um ótimo valor da cadeia de suprimentos.
(APICS, 2017)
• BP.102 - Geração de picking list
Em português, picking list pode ser considerado como uma lista de coisas a
serem pegas. É uma lista, sequencial, que possui listados todos os componentes e
materiais que serão necessários seja para uma produção, uma venda ou uma
transferência entre plantas. Normalmente, disponibiliza a localização dentro do
almoxarifado, de forma que o funcionário responsável consiga encontrar e separar, de
maneira fácil e rápida, o material necessário para suprir as ordens prontas para entrega.
É possível também que, em uma mesma lista, estejam consolidadas as necessidades
de mais de uma ordem. A ideia é que os itens sejam separados, embalados e então
tenham a sua entrega programada.
A picking list costuma ser ordenada pela localização dos itens no almoxarifado,
de forma que o almoxarife consiga ir pegando os itens, seguindo a ordem da lista, ao
longo de seu caminho dentro do almoxarifado. A lista poderá ser algo simples, como
uma tabela criada manualmente no comutador, como também um relatório gerado pelo
sistema da empresa. (APICS, 2017)
50
• BP.107 - Gerenciamento de pedidos distribuídos
Prática que ajuda na redução de prazos e custos de entrega e facilita o
atendimento à demanda não prevista, ao deixar disponível o produto acabado e outros
materiais em diversos pontos de distribuição ou fornecedores. Deve haver a
centralização e o gerenciamento dos pedidos dos clientes através dos vários canais de
vendas, podendo assim melhorar o atendimento a suas expectativas e também a sua
experiência. (APICS, 2017)
• BP.115 - Sistema de gerenciamento de transporte
Os aplicativos do sistema de gerenciamento de transporte (TMS) costumam ser
usados por grandes empresas com o intuito de gerenciar a logística e otimizar planos
de entrada e saída, ao controlar e automatizar todo o processo logístico de ponta a
ponta, gerando uma redução dos erros e a segurança dos melhores preços e criação
das melhores rotas. Entre seus recursos, possuem:
Dados de serviços e de classificação para otimizar a compra e a
remessa
Criação de remessa diretamente do sistema ERP, seja por maneira
manual ou eletrônica
Remessa eletrônica para transportadora
Preparação eletrônica de todos os documentos comerciais
necessários
Visibilidade da remessa em tempo real entre as transportadoras por
meio de rastreamento baseado na Web desde a aceitação da
remessa até a entrega final
Instruções do guia de roteamento da empresa
Repositório de dados centralizado para todas as remessas,
independentemente da transportadora e do modal
Coordenação da programação de fabricação e otimização das
entregas
Fornece visibilidade das entregas
O sistema de gerenciamento de transporte costuma ou fazer parte ou estar
integrado ao sistema ERP da empresa. (APICS, 2017)
• BP.116 - Logística acelerada
Ocorre quando os planos de entrega precisam ser revisados graças a atrasos
nos envios, pedidos críticos colocados dentro do lead time estipulado ou a necessidades
de trocas de materiais. O mais comum dentro das empresas é a necessidade de se
fazer o contato com as mais diversas empresas de entrega e comparar preços dos
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diferentes modais. Ainda que seja feita toda essa pesquisa, a mudança nas formas de
entrega costuma levar a altos gastos, tanto monetário como de tempo. (APICS, 2017)
• BP.118 - Terceirização de gerenciamento de transporte
Ao optar pela terceirização, a empresa acaba por evitar gastos com compra de
meios e de softwares de transporte. A terceirização do gerenciamento do transporte é
recomendada principalmente para empresas de pequeno porte que não conseguem
arcar com as despesas citadas anteriormente. (APICS, 2017)
• BP.145 - Colaboração com o fornecedor
É a prática que estabelece a criação de um cronograma de pedidos de 12 meses
para o fornecedor, divididos em um período de demanda fixa, que não poderá ser
alterada, um período de demanda flexível em que quantidade e data de entrega podem
ser alteradas, e uma janela de previsão do que será pedido nos meses seguintes. O
cronograma deve ser revisto periodicamente, como, por exemplo, mensalmente, para
que possa refletir mais fielmente a realidade. A expectativa é que, com o uso dessa
prática, os prazos de entrega dos fornecedores possam ser reduzidos, à medida que
consigam prever as necessidades de seus clientes. É muito utilizada em indústrias com
compras regulares de materiais.
Normalmente, a empresa e seu fornecedor fecham um contrato que envolve as
informações sobre preço, especificação e volumes de entrega. Dessa forma, a compra
estratégica se focará nos pontos comerciais, enquanto o comprador operacional se
concentra no gerenciamento das necessidades para a produção das ordens. Ambas
atividades são diferentes, porém igualmente importantes dentro da empresa.
• BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
É a prática que define a troca automática e eletrônica de documentos, que
possuem um modelo padrão. A transferência dos documentos relacionados ao negócio
é feita entre computadores, por aplicativos. A principal diferença entre a EDI e as outras
formas de comunicação, tanto por papel como eletrônica, é que a EDI ocorre entre
companhias, realizando transações diretas entre computadores das diferentes
organizações. Para que essa troca possa ocorrer, é necessário que tenha havido,
anteriormente, um acordo entre quem envia e quem recebe o documento, de maneira a
criar um formato padrão. Tem como vantagem a redução de custos, a eliminação das
atividades repetitivas, a redução do tempo gasto e a melhoria do serviço ao consumidor.
(APICS, 2017)
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5. Resultados
5.1. Recomendações
No presente capítulo, serão analisadas e comentadas tanto a aplicabilidade
quanto o uso das práticas recomendadas pelo modelo de referência SCOR (APICS,
2017) dentro da empresa estudada.
Para que possa ser feita uma análise das práticas recomendadas, foi criada a
Figura 16. Esse quadro indica tanto se a empresa vem fazendo uso da prática
recomendada como também se cada uma delas é aplicável.
Prática Uso na Empresa Aplicabilidade
BP.010 - Reabastecimento mín - máx Parcialmente Parcial
BP.013 - Racionalização de itens Sim -
BP.024 - Otimização da cadeia de
suprimentos Sim -
BP.088 - Fechamento 360 graus Sim -
BP.089 - Escolha e retirada perfeitas Sim -
BP.090 - Proposta de gerenciamento
baseado em dias de suprimento Sim -
BP.091 - Avaliação de carga do centro de
trabalho Sim -
BP.092 - Balancear e firmar dentro de um
horizonte de tempo Sim -
BP.093 - Publicar o plano de produção Sim -
BP.095 - Auditoria e controle das listas de
materiais Não Sim
BP.096 - Planejamento da logística e do
almoxarifado Não Sim
BP.097 - Busca de fornecedores Parcialmente Sim
BP.100 - Fornecimento estratégico Sim -
BP.102 - Geração da picking list Sim -
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BP.107 - Gerenciamento de pedidos
distribuídos Não
Análise
necessária
BP.115 - Sistema de gerenciamento de
transporte Não Não
BP.116 - Logística acelerada Parcialmente Parcial
BP.118 - Terceirização de gerenciamento
de transporte Sim -
BP.145 - Colaboração com o fornecedor Parcialmente Parcial
BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de
Dados (EDI) Não Sim
Figura 16: Práticas recomendadas
Fonte: elaboração própria
• BP.010 - Reabastecimento mín – máx
Essa prática vem sendo parcialmente aplicada na empresa estudada, sendo
utilizada para alguns poucos materiais. Segundo a sua definição, é considerada uma
boa prática nos casos em que há pouca variabilidade nos ciclos de reabastecimento dos
materiais e quando o seu consumo é linear. Essas situações ocorrem somente para os
poucos materiais que utilizam esse tipo de reabastecimento, não ocorrendo para a
grande maioria. A demanda pelos materiais de embalagem, por exemplo, é bastante
variável, principalmente devido ao grande número de alterações pelas quais eles
passam. Utilizar tal tipo de reabastecimento para esses itens levaria a um grande
desperdício, tanto econômico, com a compra e destruição de materiais não utilizados,
como também de espaço de armazenamento, recurso escasso no momento atual da
empresa. Logo, não é recomendada nenhuma alteração, a organização já se encontra
adequada ao referencial no que diz respeito a essa prática.
• BP.013 - Racionalização de itens
É uma prática já aplicada na empresa analisada. Não é feita por uma área
específica, alguns setores têm o poder de tomar decisões a respeito desse tema. A
comercial, por exemplo, pode ser a responsável pela decisão de se criar novos produtos,
manter os já existentes ou então encerrar a produção de algum. Por fazer o
monitoramento constante do mercado, consegue ter uma melhor visão dos
medicamentos que estão surgindo no mercado que seriam interessantes de se ter no
portfólio. Além disso, é a detentora das informações de vendas e das previsões de
demanda, o que torna possível entender quais produtos se vale a pena manter no
54
portfólio. Caso o produto esteja com baixa procura no mercado, a comercial pode optar
por descontinuá-lo. Outra área que pode gerar alterações na lista de produtos é o
regulatório. Há casos em que, por algum problema, a empresa perde o direito ao registro
do produto na ANVISA. Com isso, ele deve ser descontinuado e retirado do mercado.
Sendo assim, considera-se que a prática já está instituída na organização, tendo bem
definido quais as áreas que devem exercê-la, não havendo necessidade de alterações
em seu uso.
• BP.024 - Otimização da cadeia de suprimentos
É uma prática já utilizada. Diversas ações são tomadas a todo o tempo para que
a cadeia de suprimentos se adeque a mudanças no mercado. No que diz respeito à
localização dos fornecedores, mudanças são difíceis de serem realizadas. A indústria
farmacêutica é muito específica e encontrar um fornecedor que consiga ser qualificado
para o fornecimento de matérias-primas é algo extremamente difícil. Buscar
fornecedores de materiais de embalagem é uma tarefa mais fácil, porém maioria dos já
qualificados possui uma localização que permite que o material leve dois dias entre a
saída do fornecedor e a chegada na empresa. Sendo assim, quando há mudanças no
mercado o setor de compras possui como foco muito mais negociar fretes, procurando
reduzir os gastos com transporte, e alterar datas de entregas, antecipando ou
atrasando-as conforme necessário, do que buscar um outro mais perto. Contudo,
quando o fornecedor passa por algum problema interno, a conduta de compras será
outra, melhor explicada na prática de busca de fornecedores. No que diz respeito aos
níveis de estoque, tem-se que o PCP e a comercial são os setores que são responsáveis
por fazer as alterações. Quando há uma previsão de aumento da demanda, por
exemplo, a comercial altera a política de estoque de produtos acabados, solicitando que
se aumente o número de meses de cobertura. Com isso, é necessário que a fábrica se
prepare para o aumento da produção de tal item, precisando alterar a política de estoque
de segurança das matérias-primas e dos materiais de embalagem do produto. O
gerenciamento do ciclo de vida do produto é feito principalmente pela área da comercial,
que acompanha como se dá a venda do item, conforme comentado no parágrafo
anterior, sobre a prática de racionalização de itens. Quanto à localização do hub de
distribuição, não são possíveis alterações, já que os produtos prontos para mercado
nacional são enviados para o operador logístico, que funciona como um centro de
distribuição da empresa. Os itens para exportação são enviados diretamente para o
porto ou para o aeroporto. Assuntos ambientais são tratados pelo setor de meio
ambiente da empresa, portanto qualquer alteração ligada a esse assunto é tratada
diretamente pelo setor. A prática de otimização da cadeia de suprimentos pode ser
considerada bem empregada na empresa.
55
• BP.088 - Fechamento 360 graus
É outra prática que já vem sendo utilizada. No processo produtivo da empresa,
o medicamento só troca de etapa de produção quando a anterior já está finalizada. Entre
as fases são feitas conferências, havendo inclusive emissão e controle de documentos,
que indicarão que a fase anterior está finalizada. Com isso, é conferido o que realmente
foi consumido na produção do item, em cada uma das fases, deixando-se claro se
aconteceram gastos além do esperado de algum material ou se ocorreram sobras, que
deverão ser devolvidas. Quando o produto está finalizado, a produção deverá comunicar
o almoxarifado de produtos acabados, para poder direcionar ao estoque ou à área de
embarque, dependendo do uso. É considerado, portanto, que a prática já vem sendo
bem utilizada, de maneira que não seja necessária nenhuma alteração.
• BP.089 - Escolha e retirada perfeitas
Já é aplicada dentro do almoxarifado de produtos acabados da empresa. Após
finalizada a produção, os produtos acabados saem do setor de embalagem da fábrica
já palletizados e separados de acordo com a ordem de produção, não ocorrendo mistura
de produtos de diferentes ordens. Quando se trata de produção para atender ao
mercado local, o pessoal do almoxarifado de deverá terminar a preparação para que
seja realizada a transferência para o operador logístico. É necessário embalar o pallet
com plástico, etiquetar e organizar os documentos. No momento em que esses passos
foram cumpridos, os produtos são direcionados à área de embarque, onde ficam
aguardando a transferência para o operador logístico. Quando a produção é para
exportação, os almoxarifes devem conferir quais as exigências para o embarque do
produto, que são determinadas pelo modo de transporte e o país do pedido. Após
determinadas essas informações, podem reorganizar os pallets, respeitando as
quantidades impostas, além de realizar os passos mencionados anteriormente.
Terminada a arrumação, os pallets são deslocados para a área de armazenamento,
onde aguardam a data de embarque. Os produtos são armazenados seguindo o que é
definido pela prática de escolha e retirada perfeitas, ou seja, cada pedido fica arrumado
em um local específico, registrado no sistema, já na quantidade correta. No momento
de retirada, basta ir ao sistema pesquisar a localização em que se encontra. Considera-
se, portanto, que essa prática já vem sendo bem empregada na empresa, não havendo
a necessidade de se fazer alterações.
• BP.090 - Proposta de gerenciamento baseado em dias de
suprimento
É mais uma das práticas propostas que é realizada pela empresa. Cada tipo de
material possui sua política de estoque, que é baseada tanto no lead time do item como
em seu histórico de uso. Os materiais de embalagem impressos, como bulas e
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cartuchos, possuem a política de dois meses de estoque. Já as fitas de alumínio, que
possuem um lead time muito alto, possuem a política de quatro meses de cobertura.
Assim, quando o MRP é rodado, a analista de materiais leva e conta essas políticas no
momento de analisar as ordens planejadas pelo sistema e transformá-las em pedidos.
Após realizada a rodada do MRP a analista faz a FUP, quando são validadas as
informações dos pedidos em aberto com os fornecedores, alterando datas e
quantidades de acordo com as necessidades apresentadas no momento. Pode-se dizer,
portanto, que essa prática vem sendo bem empregada na empresa.
• BP.091 - Avaliação de carga do centro de trabalho
Prática utilizada pelos planejadores no momento em que são realizadas as
atividades associadas ao MAS e ao MRS. Conforme explicado anteriormente, quando
os planejadores analisam quais pedidos poderão ser atendidos, é feito um trabalho de
análise da utilização dos centros de trabalho. Essa prática é novamente colocada em
uso no momento de realização da S&OP, quando o gerente do PCP apresenta aos
representantes dos setores de operações e à alta gerência a situação prevista para o
mês da carga de cada centro de trabalho. Com essa apresentação, consegue mostrar
quais centros de trabalho e linhas de embalagem que terão a necessidade de turnos
extras para evitar o risco de não entregar o que foi planejado. Portanto, tem-se que essa
prática já vem sendo utilizada na organização, sem que sejam necessárias alterações.
• BP.092 - Balancear e firmar dentro de um horizonte de tempo
Já é adotada dentro da empresa. No momento de realização do MAS, é usado
para análise um prazo de m+4 meses, sendo m o mês em que a análise está sendo
feita, enquanto no MRS o prazo é de m+2. Dessa forma, quando os pedidos são
colocados no sistema, durante as atividades de “realizar o MAS” e “colocar pedidos no
sistema” essa prática é levada em conta, já que as necessidades são firmadas como
ordens de produção. São levadas em conta as disponibilidades dos recursos fixos, como
as linhas de produção, disponíveis no sistema, no momento de se firmar as ordens.
Logo, quanto a essa prática não é recomendada nenhuma ação a ser tomada.
• BP.093 - Publicar o plano de produção
Na empresa estudada, a prática já está instaurada. Os planejadores do PCP se
juntam e montam, todo final de mês, o plano de produção do mês seguinte, representado
pelo MPS. Após criado e aprovado pelo gerente da área, é então enviado para os
gerentes da produção, da fabricação e da embalagem, que o analisam e pedem a
realização de ajustes, caso necessário. Quando estão todos de acordo, o plano é
publicado. A partir desse momento, o plano está disponível para consulta. Dentro da
fábrica, o acompanhamento do MPS é feito semanalmente, de maneira que as
necessidades de produção do mês sejam divididas em semanas. As áreas que
57
participam da GOPE têm acesso semanal ao plano de produção, já que nessa reunião
é apresentado o plano da semana seguinte. Considera-se adequada a maneira como
essa prática é aplicada na empresa, não sendo necessária a recomendação de
nenhuma alteração.
• BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais
Essa prática não é adotada atualmente pela emrpesa. Dentro da empresa, a lista
de material é criada em um formulário no computador. Após o seu preenchimento, o
funcionário que a criou confere, imprime, assina o formulário e entrega a um outro
funcionário de seu setor, para a segunda conferência. Estando tudo correto, a lista é
enviada para uma das funcionárias do PCP responsáveis por inseri-la no sistema, a
analista de materiais e a estagiária. Após colocá-la no sistema, a funcionária assina o
formulário impresso e o entrega ao planejador responsável pelo produto, que fará a
última conferência. O mesmo fluxo deve ser percorrido se for necessário fazer alguma
alteração na lista. Após realizadas todas essas atividades, não é feito nenhum outro
controle das listas. Como explicação para a falta dessa rotina, tem-se a grande
quantidade de produtos, o que levaria a uma carga de trabalho muito alta para o controle
de todas as listas de todos os produtos. Além disso, a alteração dos materiais de
embalagem é algo que ocorre constantemente na empresa, de maneira que o trabalho
de controle precisaria ser refeito a todo instante. Ainda que os motivos citados
anteriormente possam ser considerados válidos, recomenda-se que seja feita uma
auditoria em todas as listas de materiais, podendo realizá-la em ondas. Por exemplo, o
controle pode ser feito de maneira que a cada mês sejam auditoriadas as listas de
materiais de algumas famílias de medicamentos. Dessa maneira, o trabalho será
realizado de maneira mais suave, sem excesso de carga de trabalho.
• BP.096 - Planejamento da logística e do almoxarifado
A prática não vem sendo aplicada pela empresa estudada. No que diz respeito
à logística, não há muitas ações a serem tomadas, já que as informações não se alteram
após a colocação do pedido. A localização do fornecedor, por exemplo, é algo
determinado desde o momento de colocação do pedido, pois é uma informação que
consta nesse documento. O que poderá ser alterado é o modo de transporte, porém
isso só ocorre em casos em que há algum problema, nos casos normais há um protocolo
de entrega a ser seguido pelos fornecedores que não possuem entrega própria. No que
diz respeito ao armazenamento, é recomendada a adoção dessa prática. A empresa
tem sofrido com a falta de espaço no almoxarifado, então o uso de estratégias para a
armazenagem no momento do planejamento poderia ajudar a melhorar essa situação.
Poderia ser pensado, por exemplo, na previsão de uso para cada material comprado,
de forma a ser armazenado na frente os materiais que pretendem ser usados antes,
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deixando para trás ou para o armazenamento externo aqueles que, por algum motivo,
serão utilizados mais tarde.
• BP.097 - Busca de fornecedores
É uma prática que vem sendo parcialmente aplicada dentro da empresa. Essa
busca não ocorre rotineiramente, ou seja, não é uma das atividades do dia-a-dia do
setor de compras. Os funcionários do setor só agem nesse sentido quando há
problemas com o atual. Podem ser problemas envolvendo custos, qualidade ou no
fornecimento em si, por exemplo. Também deve ser levada em conta nesse ponto a
dificuldade de se encontrar novos fornecedores por se tratar de um mercado muito
específico, comentada anteriormente. Os funcionários do setor reconhecem que a busca
por novos fornecedores deveria ser realizada constantemente, porém a carga de
trabalho atual não permite tal prática. Recomenda-se, portanto, que se busque realizar
mais constantemente a prática, já que a empresa estudada pode estar perdendo boas
oportunidades de negócio ao não realizar a busca rotineiramente.
• BP.100 - Fornecimento estratégico
É aplicada dentro da empresa. O setor de compras está constantemente
acompanhando como vem sendo o fornecimento, se os fornecedores estão agindo de
acordo com o que foi acordado. São buscadas a todo tempo maneiras de se melhorar
o fornecimento como um todo. Por exemplo, procuram otimizar as remessas e os fretes,
juntando entregas com datas próximas. Como a empresa é multinacional, vem
buscando estratégias de compras coletivas. Assim, em vez de cada país precisar
negociar separadamente com o fornecedor, os representantes de compras de cada país
aglutinam seus volumes necessários e busca, fechar um negócio melhor. Ainda que a
prática de busca de fornecedores seja realizada somente sob demanda, as outras ações
que fazem parte do fornecimento estratégico vêm ocorrendo rotineiramente. Sendo
assim, tem-se que essa prática vem sendo bem aplicada.
• BP.102 - Geração de picking list
É mais uma prática seguida pela empresa estudada. Ao abrir uma ordem de
fabricação ou embalagem, o planejador envia um e-mail aos funcionários do
almoxarifado responsáveis pela separação dos materiais. Os almoxarifes entram então
no sistema de ERP e retiram o relatório que atua como picking list. Quando há a
necessidade de se retirar pedidos de exportação do estoque, o mesmo ocorre. O
funcionário do almoxarifado de produtos acabados retira do sistema um relatório que
possui as informações do pedido, inclusive a localização em que está armazenado.
Portanto, tem-se que a prática vem sendo aplicada corretamente, sem que haja a
necessidade de alterações.
• BP.107 - Gerenciamento de pedidos distribuídos
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É uma das práticas não realizadas pela empresa. Para a exportação, conforme
já explicado, não possui estoques de produtos acabados. Por outro lado, há para o
mercado local, porém o estoque está localizado em um lugar único, no operador
logístico, que atua como um centro de distribuição da empresa. No que diz respeito aos
materiais produtivos, há um local para armazenamento externo, porém só é utilizado
quando há falta de espaço no almoxarifado e está localizado perto da planta. Essa
prática deveria ser melhor analisada pelo setor comercial, que pode fazer uma análise
de como está a situação de atendimento aos pedidos. Caso venha ocorrendo problemas
com a entrega para áreas mais distantes, a criação de um outro ponto de distribuição
pode valer a pena. Porém, se não há problemas, não há necessidade. Sendo assim, é
preciso uma análise mais profunda para se entender se a prática é aplicável.
• BP.115 - Sistema de gerenciamento de transporte
Prática não utilizada na empresa. A organização estudada possui contrato com
uma transportadora terceirizada, que realiza a movimentação tanto de materiais para a
produção (quando o fornecedor não possui entrega própria) como produtos acabados,
para o operador logístico, o porto e o aeroporto. A transportadora possui recursos do
sistema de gerenciamento, porém nenhum que atue diretamente na empresa. A
solicitação de coleta e de entrega é dada através da troca de e-mails. Ainda que não
esteja aplicada na empresa, considera-se que não há a necessidade da utilização dessa
prática, já que não é a organização estudada em si que realiza o transporte. É
necessário, porém, que o contato entre as empresas continue tal que o processo de
transporte não sofra dificuldades.
• BP.116 - Logística acelerada
Prática da “Logística acelerada” parcialmente aplicada na empresa. Conforme
dito anteriormente, a organização analisada possui contrato com uma transportadora,
que estipula a quantidade de caminhões de uso exclusivo. Quando há a necessidade
de mais entregas ou de uma entrega expressa, o setor de compras entra em contato
com a transportadora e negocia a melhor forma de se fazer a entrega. Portanto, há sim
a comparação entre os mais diversos modais, porém não há a comparação entre
empresas de transporte. Considera-se suficiente a forma como essa prática está
aplicada, já que a busca por outras empresas levaria a um gasto de tempo e,
provavelmente, a um maior custo, já que com se possui maior oportunidade de negociar
com a transportadora já contratada.
• BP.118 - Terceirização de gerenciamento de transporte
É uma prática seguida pela empresa, que possui um contrato com uma
terceirizada de transporte de carga. Seguindo o que é recomendado pela prática
analisada, a indústria estudada não possui gasto algum com o transporte em si, não
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sendo proprietária de nenhum meio de transporte nem de softwares ligados a essa
atividade. O contrato é tal que a transportadora busca os materiais nos fornecedores
que não possuem transporte próprio, os leva para seu centro de distribuição e, ao
receber a autorização de um funcionário de compras, os entrega na empresa. Mais que
isso, a transportadora também faz viagens para buscar materiais importados no porto e
no aeroporto, além de fazer o transporte dos produtos acabados, seja para o centro de
distribuição da companhia farmacêutica, quando é produção para o mercado local, seja
para o aeroporto ou porto, quando a produção é para exportação. Sendo assim a prática
é bem realizada pela empresa, não sendo necessária nenhuma alteração.
• BP.145 - Colaboração com o fornecedor
É aplicada somente de maneira parcial na empresa. É feito um cronograma de
pedidos dos próximos meses apenas para alguns itens específicos. Entre eles, tem-se
alguns medicamentos que são recebidos a granel, ou seja, medicamentos fabricados
nos fornecedores que necessitam apenas ser embalados e enviados ao mercado. Para
a produção desses medicamentos, o fornecedor passa pelas mesmas dificuldades que
a empresa estudada. Sofre com a disponibilidade de matérias-primas nacionais de
qualidade, dependendo de materiais importados que possuem um longo lead time. É
importante, portanto, que tenham um forecast de ao menos doze meses para que
possam programar a sua produção, para minimizar o risco de dificuldade no
atendimento de pedidos. Devido à grande variabilidade do uso dos materiais entro da
empresa, é difícil de se seguir essa prática para mais itens. As demandas são variáveis
e, os materiais, principalmente os de embalagem, costumam sofrer alterações ao longo
do ano, dificultando ainda mais o trabalho de calendarizar as necessidades. É
recomendado, porém, que a prática seja aplicada para alguns outros materiais. Ao longo
do último ano, alguns itens vieram apresentando dificuldades na entrega. Portanto, é
recomendado que os planejadores se juntem aos representantes do setor de compras
para que possam montar planos de fornecimento para esses itens. É necessário que os
representantes de compras dialoguem com os fornecedores envolvidos, de maneira a
deixar claro que essa é uma maneira de se buscar melhorias no fornecimento, para
evitar problemas na produção por falta de material.
• BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
É uma prática não adotada pela empresa. A transferência de documentos entre
companhias que envolve a organização estudada ocorre, geralmente, através de e-
mails, havendo casos em que os documentos são enviados pelo correio. Os pedidos,
por exemplo, são enviados por e-mail aos fornecedores, sem que haja nenhuma
automatização nesse processo, gerando o risco de erro humano, como o esquecimento
do envio do pedido. Como a empresa já utiliza um sistema de ERP, é recomendado que
61
se procure saber se dentro desse sistema não há uma maneira de automatizar a troca
de documentos. Caso não seja possível, recomenda-se a busca por um sistema que
possa realizar a transferência automática, de maneira a diminuir o risco de erro humano
e reduzir o tempo gasto pelo funcionário com o envio de informações, podendo se focar
em outras atividades mais importantes, buscando a adequação da empresa à prática
recomendada.
A análise das 20 práticas recomendadas obteve os seguintes dados como
resultado:
• 11 práticas já são aplicadas na empresa conforme o resultado, não sendo
necessária nenhuma alteração;
• 3 práticas são aplicadas parcialmente, porém a aplicação parcial já gera
os resultados esperados, também não havendo a necessidade de
alterações;
• 1 prática não aplicada que não é aplicável portanto, também não é
preciso realizar nenhuma alteração;
• 3 práticas que não são aplicadas, mas deveriam ser;
• 1 prática aplicada parcialmente, que deveria ser completamente
aplicada;
• 1 prática não aplicada, que necessita de uma análise mais profunda para
ver se é aplicável;
Analisando os resultados apresentados, é possível se perceber que os
processos estudados se encontram bastante próximos ao recomendado pelo modelo,
porém há ainda algumas oportunidades de melhorias. A utilização das recomendações
feitas levaria a melhorias não somente nos processos estudados, mas também em
outros campos.
O uso da prática “BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais” geraria
uma maior confiabilidade no produto fabricado e uma melhor gestão dos ativos, já que
diminuiria os desperdícios de materiais devido a listas com informações incorretas, não
só os gastos na produção como também os que são utilizados nas análises. O
planejamento do almoxarifado recomendado pela prática “BP.096 - Planejamento da
logística e do almoxarifado” poderia ter como resultado a redução de custos com o
depósito externo, além de tornar o ato de armazenar mais ágil, diminuindo as
dificuldades de armazenamento no momento da chegada do material. Já o uso da
prática “BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)” levaria a uma maior
confiabilidade no processo de “Colocação de Pedido”, já que o envio seria automático,
e nas demais trocas de informações entre a organização e outras empresas. Além disso,
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o tempo que os funcionários utilizam atualmente fazendo o envio de documentos
poderia ser mais bem utilizado, o que representa uma melhor gestão do tempo de
trabalho.
A prática “BP.097 - Busca de fornecedores” atualmente é aplicada de maneira
parcial, porém seu uso completo pode levar a uma redução dos custos dos materiais,
gerando melhorias no campo de finanças.
Outra prática que não vem sendo utilizada é a “BP.107 - Gerenciamento de
pedidos distribuídos”. Porém, para se entender se ela realmente deve ser utilizada, é
necessário que a própria organização faça uma análise da capacidade atual de
atendimento aos pedidos, a ser realizada preferencialmente pela área da comercial.
5.2. Plano de Ação
Para que possam ser colocadas em prática as recomendações citadas
anteriormente, aconselha-se que a organização estudada siga as seguintes ideias:
• BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais
Para realizar tal prática, uma das possíveis ideias é o estabelecimento de um
projeto da área de excelência operacional que vá em busca da adequação das
quantidades disponíveis nas listas de materiais às reais necessidades da linha de
produção. Para tal, deve ser buscado, junto ao setor de embalagem, um histórico que
indique as famílias de produtos em que há a maior incidência de problemas relacionados
à falta e/ou excesso de materiais no momento da embalagem final do produto. A seguir,
devem ser calculadas as quantidades reais necessárias, usando como base
informações históricas, deixando claro quais devem ser os refugos considerados. Outra
revisão a ser feita é a conferência dos materiais de embalagem dispostos na lista. O
setor responsável pelo desenvolvimento de embalagem deverá informar à excelência
operacional o material que deve ser usado para cada apresentação de medicamento,
ou seja, qual a versão do cartucho, da bula e do alumínio que deve ser utilizada, por
exemplo. Após estar munida dessas informações, a área responsável pelo projeto
deverá então levá-las à área de PCP, que irá realizar as alterações necessárias.
Essa proposta trará melhorias principalmente à área do almoxarifado, que terá o
tempo gasto com a retirada de materiais reduzido, já que só será retirado o que
realmente será utilizado. Haverá uma redução também do tempo gasto com a devolução
dos materiais não utilizados, que serão reduzidos ao máximo.
• BP.096 - Planejamento da logística e do almoxarifado
Para a aplicação dessa prática proposta, é recomendada a realização de um
projeto que faça uma análise do almoxarifado como um todo. Deve ser estudada a
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quantidade disponível de espaço para armazenamento em cada uma das salas, de
maneira a tornar possível o planejamento da armazenagem.
As melhorias trazidas com a aplicação dessa prática seriam tanto a redução do
tempo gasto com o armazenamento como também a redução dos custos com
armazenamento externo.
• BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Uma forma de se colocar essa ideia em prática é entrar em contato com o setor
de tecnologia da informação e verificar se há, no sistema ERP utilizado pela empresa,
um módulo que realize o envio automático de documentos. É necessário também se
buscar saber qual seria o custo dessa atualização, comparando-o com as melhorias que
ela iria trazer. Caso não esteja disponível no sistema ERP utilizado um módulo que
realize essa tarefa, deve-se buscar no mercado um outro programa que a realize.
Como melhoria trazida pela proposta, tem-se que haverá a redução do tempo
gasto pelos funcionários como um todo na empresa no momento de envio de
documentos. Com isso, poderão se focar em outras atividades numa maior parte do
tempo.
• BP.097 - Busca de fornecedores
Com o intuito de colocar em prática essa recomendação, propõe-se a definição
de um momento do ano em que os analistas de compras estejam focados na busca por
novos fornecedores. Em um primeiro momento, devem buscar a substituição dos
fornecedores com os quais se tem maiores problemas, como um alto índice de
reprovações por parte do controle de qualidade, atrasos na chegada do material.
Depois, o foco deverá ser passado para aqueles com o qual não há tantas dificuldades,
porém é sempre interessante a busca pelo fechamento de melhores negócios.
Entre as melhorias que a proposta poderá trazer à empresa, pode ser citada a
redução de todos os problemas comentados no parágrafo anterior. Além disso, custos
poderiam ser reduzidos, ao fechar melhor negócios com fornecedores.
5.3. Síntese
Ao aplicar as práticas propostas, a área de PCP poderia usufruir diretamente dos
seguintes ganhos:
• BP.095 - Auditoria e controle das listas de materiais
Tem-se que a presente prática não traria ganhos diretos ao PCP, mas sim a
outras áreas relacionadas ao processo produtivo como um todo.
• BP.096 - Planejamento da logística e do almoxarifado
Haverá uma diminuição da necessidade de replanejamento do plano de
fornecimento, o que muitas vezes ocorre devido à falta de disponibilidade de local para
armazenamento dos materiais.
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• BP.159 - Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)
Será possível a redução no tempo gasto com o envio dos pedidos e das FUPs.
Além disso, haverá uma maior confiabilidade nos envios. Dessa forma, os processos de
“Colocação de Pedido” e “Realização da FUP” poderão ser realizados de maneira mais
ágil e confiável, deixando a analista de materiais mais disponível para a realização de
outras tarefas. • BP.097 - Busca de fornecedores
Haverá uma redução da necessidade de devolução de materiais, tarefa que acaba
por ter reflexos na área do PCP. Ocorrerá um melhor atendimento às datas de remessa
solicitadas, o que evita a necessidade de replanejamento da produção, o que afeta
diretamente ao trabalho não só da analista de materiais como também o dos
planejadores. Além disso, será possível também um melhor relacionamento com os
fornecedores, o que poderá gerar ganhos nos momentos de necessidade.
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6. Considerações Finais
O presente capítulo tem como objetivo analisar se foram atingidos os objetivos
do trabalho e quais as contribuições que ele poderá trazer, além de apresentar as
limitações que o estudo possui e quais são as pesquisas futuras recomendadas.
6.1. Atingimento dos Objetivos
O objetivo geral do trabalho era buscar oportunidades de melhorias de alguns
dos processos da área do PCP. Pode-se considerar que esse objetivo foi atendido
quando foi recomendada a aplicação de diversas práticas que, de acordo com o SCOR
(APICS,2017) trariam melhorias à realização dos processos. Tem-se como exemplo a
sugestão do uso do “Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)” para o envio dos pedidos
aos fornecedores no processo de “Colocação de Pedido”.
Já os objetivos específicos foram sendo atingidos conforme o trabalho foi sendo
realizado. A análise e modelagem dos processos, primeiro objetivo específico citado, foi
cumprido através do acompanhamento das atividades do dia-a-dia da área, que tornou
possível entender como eles são realizados na prática. Dessa forma foi possível se
modelar cada um dos processos a ser analisado.
A identificação de situações no modelo de referência que trouxessem
contribuições ao caso, objetivo seguinte, foi alcançada através da leitura do modelo em
si, para que fosse possível o entendimento do que é proposto.
O terceiro objetivo, de realizar a equivalência entre os subprocessos e as
atividades dos processos do PCP foi cumprido a partir do entendimento de que, por se
tratar de uma área de planejamento, todas as atividades estariam ligadas ao
macroprocesso de “Planejar”. Após esse entendimento foi possível realizar as
equivalências, comparando o que era proposto para cada um dos subprocessos com o
que é realizado em cada uma das atividades.
O objetivo de identificar e comparar as práticas recomendadas, de número
quatro na lista, foi atingido através da realização de conversas e entrevistas com os
funcionários das áreas relacionadas. Com os dados coletados foi possível então
entender se e como elas vêm sendo realizadas, de maneira que foi possível se atingir o
último objetivo específico, que pretendia propor adequações às práticas, o que foi
realizado no final do quinto capítulo. Sendo assim, avalia-se que o estudo foi bem
sucedido no atingimento dos objetivos estipulados no início do trabalho.
6.2. Contribuições da Pesquisa
Do ponto de vista prático, tem-se que a principal contribuição do presente
trabalho será a diretamente aplicada à empresa, que poderá fazer uso da pesquisa para
se adequar ao referencial teórico, trazendo melhorias aos seus processos. Com o uso
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do trabalho, poderá entender quais pontos estão já adequados e quais precisam ser
alterados.
No que diz respeito à academia, a pesquisa contribui por trazer mais um estudo
de caso sobre a utilização do SCOR na busca de melhorias de processos. Por se tratar
da análise de uma indústria de grande porte, o trabalho poderá ser utilizado como base
para outras pesquisas no futuro, até mesmo estudos em indústrias de outros setores, já
que a área estudada está sempre presente nas fábricas.
6.3. Limitações
A principal limitação do presente trabalho deve-se ao fato de ter sido utilizado
como modelo de referência para o desenvolvimento do estudo somente uma fonte, o
livro do SCOR (APICS, 2017).
6.4. Pesquisas Futuras
Baseando-se nas limitações citadas anteriormente, podem ser sugeridas como
tema para pesquisas futuras as outras áreas do Supply Chain, como o almoxarifado,
compras nacionais, importação ou exportação, dando continuação à busca pela melhor
adequação da cadeia de suprimentos como um todo ao referencial teórico.
Além disso, podem ser usados como tema de estudo os outros processos da
área do PCP, os de apoio à área e os gerenciais.
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7. Referências Bibliográficas
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