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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO WANDA MARA MEGUINS MATOS ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ NO PERÍODO DE 2010 A 2014 BELÉM-PA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO

WANDA MARA MEGUINS MATOS

ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ NO PERÍODO DE 2010 A 2014

BELÉM-PA

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO

WANDA MARA MEGUINS MATOS

ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ NO PERÍODO DE 2010 A 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Pará. Linha de Pesquisa: Políticas Educacionais, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Marcos de Lima Araújo.

BELÉM-PA 2015

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFPA

_________________________________________________________________________

Matos, Wanda Mara Meguins, 1978-

Análise do Programa Ensino Médio Inovador no Estado

do Amapá no período de 2010 a 2014 / Wanda Mara Meguins

Matos. - 2015.

Orientador: Ronaldo Marcos de Lima Araújo.

Dissertação (Mestrado) - Universidade

Federal do Pará, Instituto de Ciências da

Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação,

Belém, 2015.

1. Educação e Estado - Amapá. 2. Ensino

integrado - Amapá - Currículos. 3. Abordagem

interdisciplinar do conhecimento na educação -

Amapá. 4. Ensino médio - Amapá. 5. Currículos -

Mudança - Amapá. I. Título.

CDD 22. ed. 379.155098116

____________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO

WANDA MARA MEGUINS MATOS

ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ

NO PERÍODO DE 2010 A 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação, vinculado ao Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA) como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação.

Trabalho apresentado em: 18 de agosto de 2015 Avaliação: Aprovada

Banca Examinadora

___________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Marcos de Lima Araujo

Universidade Federal do Pará/UFPA Orientador

__________________________________________ Profa. Dra.Ney Cristina Monteiro de Oliveira

Universidade Federal do Pará/UFPA Examinador Interno

_________________________________________ Profa Dra.Selma Suely Baçal de Oliveira

Universidade Federal do Amazonas/UFAM Examinador externo

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força, sustento e fé nas horas mais incertas desta longa

caminhada.

Ao meu orientador, Professor Ronaldo Marcos de Lima Araujo, pela

paciência e ética na docência, nas orientações, nas pesquisas, e na generosidade

com que compartilha seus conhecimentos com os que lhe buscam.

A minha mãe, Maria de Lourdes Meguins, e minha avó Nair Meguins (in

memoriam), pela provisão material e pela formação humana que me

proporcionaram. Mulheres trabalhadoras que não tiveram garantidos seus direitos à

escola, mas sempre souberam reconhecer sua importância.

Ao GEPTE, grupo de pesquisa que me acolheu desde o início, onde

realmente tenho me constituído pesquisadora, agradeço a todos e todas, sem

exceção.

As minhas “anjinhas” Lorena Teixeira e Leide Santos pelo apoio

fundamental em todos os momentos de minha pesquisa.

A minha amiga Antônia Marcia, por todas as angústias que vivemos juntas

e admiração por sua história de vida.

As companheiras Ana Paula, Ana Maria, Riane e Larissa pelo apoio e

incentivo e aos Companheiros Frederico dos Remédios e João Paulo, pela parceria

sincera.

Aos alunos regulares da turma de mestrado 2012, linha de Políticas

educacionais, pela sincera acolhida.

A equipe do Departamento de Ensino Médio da Secretaria de Educação do

Estado do Amapá pela disponibilização de documentos e informações fundamentais

para esta pesquisa.

Aos professores Gilmar Pereira, Paulo Almeida, Rosana Gemaque, Ney

Cristina, Fabrício Carvalho, Marilena Loureiro, Doriedson Rodrigues e Terezinha

Monteiro. Pelas contribuições teóricas nas disciplinas que vivenciamos juntos e

pelas valiosas sugestões de pesquisa que muito ajudaram na construção deste

texto.

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As professoras Selma Baçal e Ney Cristina, por aceitarem participar do

importante momento de avaliação de minha pesquisa.

A família e amigos, pela compreensão e apoio nos momentos de

ausências, angústias e nervosismos.

A todos e todas que desejaram viver “Dias Melhores” no PPGED/UFPA em

2014 e que viverão, de formas outras, em outros espaços, mas viverão!

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Reconhecer os “Outros” educandos como jovens-adultos e

como trabalhadores exigirá desconstruir as formas como tem sido

pensados e alocados, em nossa história, seus coletivos nas relações

de classe sociais, étnicas, raciais, de gênero, dos campos e das

periferias. As políticas de educação, de trabalho, de espaço e

escolarização estão marcadas pelas formas inferiorizantes,

segregadoras de pensá-los e de alocá-los nas relações sociais,

políticas.

Miguel G. Arroyo

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RESUMO

Esta dissertação, intitulada “Análise do Programa Ensino Médio Inovador no estado do Amapá no período de 2010 a 2014”, tem como objetivo analisar a experimentação do Programa Ensino Médio Inovador no estado do Amapá, sobretudo, sua relação com a dinâmica curricular à luz do conceito de Inovação orientado pela ideia de integração. Trata-se de pesquisa documental, precedida de revisão bibliográfica, baseada na perspectiva crítico dialética, instigada pela necessidade de análise das propostas curriculares que orientaram a prática do Programa em uma das oito escolas que iniciaram sua experimentação no estado do Amapá a partir do ano de 2010, bem como do monitoramento dos indicadores de rendimento e movimento dos primeiros alunos que cursaram o ensino médio neste estado entre os anos de 2010 e 2012, indicadores estes apontados no texto base do Programa como uma das estratégias de avaliação do ProEMI. Para compreender o objeto desta pesquisa, elegeu-se como aporte metodológico a abordagem do ciclo de políticas de BALL e BOWE (1992). Os resultados desta pesquisa revelaram que, apesar de o ProEMI ter estimulado práticas pedagógicas diversificadas e interessantes na escola Gabriel de Almeida Café, as finalidades de ensino continuaram as mesmas ; a escola passou a se orientar por dois tipos de currículo: um disciplinar e outro não disciplinar, ambos com foco na preparação dos alunos para o ENEM, reforçando a fragmentação ao contrário da integração; os indicadores de rendimento e movimento revelaram descontinuidades, a reprovação e o abandono mostraram-se altos nos três primeiros anos de experimentação do Programa na maioria das escolas; desta forma, concluímos que ao reforçar a fragmentação curricular na escola analisada e reafirmar a predominância do caráter preparatório do Ensino Médio, as propostas ora analisadas, apesar de interessantes, tem pouca força inovadora. Palavras-chave: Ensino Médio; Programa Ensino Médio Inovador; Política Pública; Inovação Curricular.

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ABSTRACT

This dissertation, entitled "High School Program Analysis Innovative in the state of Amapá in the period 2010 to 2014", aims to analyze the trial Innovative School Program in the state of Amapá, above all, their relationship with the dynamic curriculum in the light of concept of innovation-driven integration idea. This is documentary research, preceded by literature review, based on critical dialectical perspective, prompted by the need to review the curriculum proposals that guide the practice of the program in one of eight schools who began their trial in the state of Amapá from year 2010, and the monitoring of performance indicators and movement of the first students who attended high school in this state between the years 2010 and 2012, these indicators pointed in the Program text as a basis of assessment strategies of this program. To understand our object, we elected as methodological contribution to our research's approach BALL policy cycle and BOWE (1992). The research results revealed that, although the ProEMI have stimulated diverse and interesting pedagogical practices in school Gabriel Almeida Café, educational purposes remained the same; the school has to be guided by two types of curriculum: disciplinary and other non-disciplinary, both with a focus on preparing students for the ENEM, reinforcing fragmentation instead of integration; performance indicators and movement revealed discontinuities, reprobation and abandonment proved to be high in the first three years of the trial program in most schools; therefore, we conclude that by strengthening the curriculum fragmentation in the analyzed school and reassert the dominance of the preparatory character of high school, the proposals now analyzed, although interesting, has little innovative strength Keywords: High School; Innovative Program School; Public Policy; Curriculum Innovation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Percentual de Aprovação de alunos atendidos Pelo PROEMI no Período

de 2010 a 2012................................................................................................................89

Tabela 02: Percentual de Reprovação de alunos atendidos Pelo PROEMI no Período

de 2010 a 2012.................................................................................................................90

Tabela 03: Percentual de Abandono de alunos atendidos Pelo PROEMI no Período

de 2010 a 2012................................................................................................................91

Tabela 04: Indicadores de reprovação da Escola Gabriel de Almeida

Café..................................................................................................................................91

Tabela 05: Rendimento e Movimento da Escola Gabriel de Almeida Café (2010-

2013)................................................................................................................................92

Tabela 06: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Gabriel de Almeida

Café (2009 2012)..............................................................................................................92

Tabela 07: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Marechal Castelo

Branco ( 20092012).........................................................................................................94

Tabela 08: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Tiradentes (2009-

2012)................................................................................................................................94

Tabela 09: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Maria Carmelita do

Carmo ( 2009-2012)........................................................................................................96

Tabela 10: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Augusto Antunes (

2009-2012)......................................................................................................................96

Tabela 11: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Osvaldina Ferreira (

2009-2012)......................................................................................................................97

Tabela 12: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Francisco Walcy

Lobato ( 2009-2012)......................................................................................................97

Tabela 13: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Rodoval Borges (

2009-2012)......................................................................................................................98

Tabela 14: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Rodoval Borges (2010-2012)....................................................................................................................98

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Tabela 15: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Osvaldina

Ferreira(Ano/2009).......................................................................................................100

Tabela 16: Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Osvaldina

Ferreira(2010-

2012)...............................................................................................................................100

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANPED Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

AP Amapá

DF Distrito Federal

EC Emenda

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNDEB Fundo de desenvolvimento da Educação básica

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira

GT Grupo de Trabalho

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

PAG Plano de Atendimento Global

PAP Plano de Ação Pedagógica

PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PRC 2011 Plano de Reestruturação Curricular

PRC Plano de Redesenho Curricular

SEB Secretaria de Educação Básica

SIMEC Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle

SEED Secretaria Estadual de Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 15

1. PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR: os contextos de influência e de

produção de texto _________________________________________________ 30

1.1. O contexto de influências: os projetos políticos em disputa e a histórica

configuração das políticas públicas para o ensino médio _______________________ 30

1.2. O Contexto da Produção de Texto: o Programa Ensino Médio Inovador

(ProEMI) _____________________________________________________________________ 43

2. O CONTEXTO DA PRÁTICA DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO

AMAPÁ: análise do processo de “interpretação e reinterpretação” da política

na Escola Gabriel de Almeida Café em Macapá/Ap ______________________ 51

2.1. O Estado do Amapá: Características Gerais ________________________ 53

2.1.1- A educação amapaense _________________________________________ 55

2.1.2- O Ensino Médio no Plano Estadual de Educação do Amapá 2015-2025 __ 57

2.2. O Lócus da Prática: A Escola Estadual de Ensino Médio Gabriel de

Almeida Café ________________________________________________________________ 58

2.3 A Integração curricular enquanto pressuposto para um currículo

inovador no ProEMI __________________________________________________________ 61

2.4- A proposta de organização Curricular Inovadora da Escola Gabriel de

Almeida Café/AP nos anos de 2010 a 2014 _____________________________________ 63

2.4.1- O projeto de Currículo ___________________________________________ 64

2.4.1.1. Reprovação e evasão: Tolerância Zero – Macrocampo: Acompanhamento

Pedagógico (obrigatório) _____________________________________________________ 68

2.4.1.2.ENEM: desafios e possibilidades – Macrocampo: Leitura e letramento

(obrigatório) ________________________________________________________________ 71

2.4.1.3. Projeto Vitrine Literária – Macrocampo: Produção e fruição das artes _ 72

2.4.1.4. Jogos da Integração Gabrielense – Macrocampo: cultura corporal ____ 75

2.4.1.5. Projeto iniciação científica – Macrocampo: iniciação científica e pesquisa

(obrigatório) ________________________________________________________________ 78

2.4.1.6. Integrando ambientes de aprendizagem- Macrocampo: Comunicação,

cultura digital e uso de mídias _________________________________________________ 79

3- O CONTEXTO DOS RESULTADOS/EFEITOS DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO

INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ : uma análise dos indicadores de

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rendimento e movimento de alunos que experimentaram o ProEMI no período

de 2010 a 2012 ____________________________________________________ 86

3.1- Análise dos Indicadores Educacionais das escolas que iniciaram a

experimentação do proEMI a partir de 2010. ____________________________________ 88

3.1.1 - Escola Marechal Castelo Branco _________________________________ 89

3.1.2 - Escola Tiradentes ______________________________________________ 90

3.1.3 – Escola Maria Carmelita do Carmo ________________________________ 92

3.1.4 - Escola Gabriel de Almeida Café __________________________________ 93

3.1.5 - Escola Augusto Antunes ________________________________________ 95

3.1.6 - Escola Francisco Walcy Lobato __________________________________ 96

3.1.7 – Rodoval Borges _______________________________________________ 97

3.1.8 – Escola Osvaldina Ferreira _______________________________________ 99

CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________________________ 106

REFERÊNCIAS ___________________________________________________ 110

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INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa situa-se no campo das Políticas Educacionais no Brasil, em

especial daquelas relacionadas ao Ensino Médio, definido pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB no 9.394/96) como etapa final da Educação

básica. Este é um momento singular da formação básica de jovens e/ou adultos e

designa, na maioria dos países, a etapa de ensino situada entre a educação

elementar e o ensino superior (BRASIL, 2013c: p.05).

Para Arroyo (2013), “outros” são os sujeitos que chegam ao ensino médio no

Brasil na atualidade. Historicamente esta etapa de ensino foi privilégio de poucos,

um espaço destinado, principalmente, à formação das elites brasileiras. Contudo,

nas últimas décadas a ampliação do número de matrículas favoreceu a chegada de

crianças, jovens e adultos à escola, sobretudo das classes populares e a questão da

qualidade educacional passa a suscitar tantos debates quanto à questão da

universalização da educação no país.

Uma importante conquista nesse sentido foi a Emenda Constitucional

no59/2009, que tornou obrigatória a oferta de Educação Básica dos 04 aos 17 anos

e, desta forma, o acesso das crianças e jovens à educação escolar deverá ser

garantido pelos estados, Distrito Federal e municípios, em colaboração com a União,

até o ano de 2016.

Coadunando com a EC no59, o atual Plano Nacional da Educação (Lei

no13.005, de 25 de Junho de 2014) propõe em sua meta 3 a universalização do

Ensino Médio, já prevista na CF/88, Art. 208, até o ano 2020 para jovens entre 15 e

17 anos, visando atingir 85% de taxa líquida de atendimento para esta etapa de

ensino. Todo esse aparato legal requer uma série de orientações para a condução

da política educacional brasileira no sentido da garantia ao direito à educação

pública e de qualidade.

A política educacional tem se materializado por meio de programas e ações

que assumem formalmente o objetivo de melhoria da qualidade do ensino no país.

Entre esses programas está o ProEMI – Programa Ensino Médio Inovador -

instituído pela Portaria No971 de 9/10/2009 do Ministério da Educação (MEC).

O ProEMI propõe estimular uma reestruturação curricular nas escolas

públicas de ensino médio do Brasil baseada nos eixos trabalho, ciência, cultura e

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tecnologia; e a diversificação de práticas pedagógicas orientadas pela ideia de

integração entre teoria e prática (BRASIL, 2014, p.9). Propõe ainda o aumento da

carga horária total do Ensino médio de 2600h para 3000h, tendo o aluno

possibilidades de decidir sobre os 20% da carga horária anual que deva cursar; a

reorganização dos espaços escolares utilizados no processo ensino aprendizagem;

o monitoramento do fluxo escolar e a destinação de recursos financeiros para o

Desenvolvimento das Atividades propostas pelas unidades escolares via Programa

Dinheiro Direto na Escola- PDDE (BRASIL, 2013a).

O Programa Ensino Médio Inovador assume como principal objetivo:

estabelecer mudanças significativas nas escolas públicas de ensino médio não profissionalizante no País, revertendo os dados negativos referentes a esta etapa da educação básica. Pretende-se a incorporação de componentes que garantam maior sustentabilidade das políticas públicas, reconhecendo a importância do estabelecimento de uma nova organização curricular que possa fomentar as bases para uma nova escola de ensino médio (...) Propõe-se, dentro de um processo dinâmico, participativo e contínuo, estimular novas formas de organização das disciplinas articuladas com atividades integradoras, a partir das inter-relações existentes entre os eixos constituintes do ensino médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. (BRASIL, 2009a: p7.)

Esta nova orientação de organização disciplinar articulada com atividades

integradoras é proposta no documento base orientador do Programa1, que apresenta

os pressupostos gerais para a formulação do Projeto curricular das escolas que à ele

aderirem.

A Integração Curricular é considerada, no referido documento, como

pressuposto para a inovação e é defendida como projeto de currículo pelos

formuladores do ProEMI, enquanto um caminho para a superação da separação

entre teoria e prática no ensino médio.

Após um esforço em consolidar as políticas da Educação Profissional e Tecnológica na articulação e superação do dualismo entre a cultura geral e os conhecimentos técnicos específicos e a retomada do ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio, torna-se fundamental para a política pública o desenvolvimento de ações programáticas voltadas para o atendimento mais universal do ensino médio; bem como consolidar as dimensões constituintes do Trabalho, da Ciência, Tecnologia e Cultura para toda e qualquer proposta educacional desta etapa final da educação básica (BRASIL 2009a: p.06)

1BRASIL- Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Básica/ Diretoria de Concepções e orientações curriculares para a Educação Básica-Coordenação Geral de Ensino Médio: Ensino Médio Inovador- Documento Orientador. Brasília, 2009. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/documento_orientador.pdf>. Este documento já passou por reformulações nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014.

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17

Cada uma das dimensões - o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura -

são apontadas nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais2 para o Ensino Médio

como “eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas,

contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social

contemporâneo” (BRASIL, 2013b, p.20). Estes eixos podem ser compreendidos da

seguinte forma:

O trabalho compreendido como realização humana inerente ao ser (sentido ontológico) e como prática econômica (sentido histórico associado ao modo de produção); a ciência compreendida como os conhecimentos produzidos pela humanidade que possibilita o contraditório avanço das forças produtivas; a tecnologia é uma extensão das capacidades humanas, é transformação da ciência em força produtiva, e, em função de seu caráter social e histórico, portanto, jamais neutro, incorpora os antagonismos sociais em seu processo de produção e redistribuição; a cultura, que corresponde às expressões materiais e simbólicas e aos valores éticos e estéticos que orientam os comportamentos e as normas de conduta de uma sociedade (Brasil, 2013 d: p.16).

O Documento orientador do Programa Ensino Médio Inovador de 20143,

reitera O currículo Integrado como suposto para a inovação educacional no ensino

médio, assim,

O currículo integrado em torno do eixo trabalho-ciência-tecnologia-cultura e com foco nas áreas de conhecimento será capaz de atribuir novos sentidos à escola, dinamizar as experiências oferecidas aos jovens estudantes, re-significar os saberes e experiências. Desse modo, cada ação proposta que se materializa em uma atividade e experiência curricular, deverá se perguntar em que medida está articulada a esse eixo integrador. Nesse sentido, o currículo, em todas suas dimensões e ações deverá ser elaborado de forma a garantir o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento dos estudantes por meio de ações e atividades que contemplem, nessa perspectiva de integração curricular, a abordagem de conhecimentos, o desenvolvimento de experiências e a promoção de atitudes que se materializam na formação humana integral, gerando a reflexão crítica e a autonomia dos estudantes (BRASIL, 2014: p.9)

O currículo pode ser considerado como um projeto educacional planejado e

desenvolvido a partir de uma seleção da cultura e das experiências das quais

deseja-se que as novas gerações participem, a fim de socializá-las e capacitá-las

para serem cidadãos e cidadãs solidários, responsáveis e democráticos (SANTOME,

2 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio-DCNEM, se constituem num conjunto de

definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei, tendo em vista vincular a educação com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando a preparação para o exercício da cidadania e propiciando a preparação básica para o trabalho. (BRASIL, 1999, p.98)

3 O documento base do ProEMI que orienta a formulação das propostas curriculares das escolas que

a ele aderirem, passou por sucessivas reformulações. Trataremos dessa questão na primeira seção deste relatório de pesquisa.

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18

1998: p.95). Mas é também um espaço de disputa, “consiste em um campo

ideológico por produzir e transmitir uma visão de mundo vinculado aos interesses

dos grupos sociais, por meio das práticas educativas” (ARAUJO, 2014: p 03).

Enquanto política curricular o ProEMI expressa um projeto educacional que

confronta com outros, de base pragmática principalmente, que tomam a separação

entre formar para pensar e formar para o fazer como natural. Seus documentos

orientadores sinalizam para a defesa da integração curricular enquanto eixo

norteador do currículo do Ensino médio permitindo, a “articulação entre formas

disciplinares e não disciplinares de organização do conhecimento e favorece a

diversificação de arranjos curriculares”. (BRASIL, 2014: p.8)

O Currículo Integrado tem sido defendido por alguns pesquisadores

educacionais da área de Trabalho e Educação, alguns setores do Governo Federal e

entre algumas organizações de trabalhadores rurais no Brasil, conforme afirma

Araujo (2014: p.2). Este autor afirma ainda que são “várias as possibilidades de

arranjos pedagógicos e curriculares que favorecem as práticas pedagógicas

orientadas pela ideia de integração e são diferenciados os elementos de integração

do ensino e da aprendizagem”. Assim,

A escolha por um arranjo depende de várias variáveis como as condições concretas de realização da formação, o conhecimento e a maturidade profissional do professor, o perfil da turma e o tempo disponível, mas, decisivo é o compromisso docente com as ideias de formação integrada e de transformação social. (ARAUJO, 2014: p.1)

Assim sendo, inovar na perspectiva da integração pressupõe assumir

finalidades educacionais articuladas a processos de transformação social.

Isto é também apontado por Saviani (1980) que ressalta que pensar a

Inovação enquanto oposição ao tradicional é uma aproximação válida, mas,

insuficiente. O autor explica que “para a concepção dialética, inovar, em sentido

próprio, será colocar a educação a serviço de novas finalidades, vale dizer, a serviço

da mudança estrutural da sociedade” (idem: p.26). Neste sentido, a construção de

uma proposta curricular inovadora deve ser precedida do questionamento acerca da

formação que se pretende dos sujeitos que ela irá alcançar.

Saviani aponta ainda quatro níveis de Inovação em educação de acordo com

as finalidades a que se propõe, quais sejam:

a) são mantidas intactas as instituições e as finalidades do ensino. Quanto aos métodos, são mantidos no essencial, sofrendo, no entanto, retoques

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superficiais; b) são mantidas as instituições e as finalidades do ensino. Os métodos são substancialmente alterados; c) são mantidas as finalidades do ensino. Para atingi-las, entretanto, a par das instituições e métodos convencionais, retocados ou não, utilizam-se formas para-institucionais e/ou não institucionalizadas; d) a educação é alterada nas suas próprias finalidades. Buscam-se os meios considerados mais adequados e eficazes para se atingir as novas finalidades (idem, ibdem)

O Autor afirma que experiências inovadoras tenderão para o segundo e

terceiro níveis, já que, o primeiro nem pode ser considerado um estágio de inovação

e o quarto exige um salto qualitativo que ultrapassa o sentido etimológico do termo

inovar.

Para Ferreti (1980: p.60) do ponto de vista da estrutura curricular inovar tem

significado de “promover a integração de conteúdos ou objetivos por oposição aos

padrões curriculares compartimentalizados nos limites das disciplinas a que se

referem”. Sobre a organização curricular, o mesmo autor afirma que inovar tem sido

compreendido como a proposição de conteúdos que não aqueles adotados pelas

disciplinas e, também, que requeiram o envolvimento ativo do aluno no planejamento

e na realização das atividades propostas.

Ferreti (1980) afirma ainda que à medida que se propõe um modelo

curricular que se afasta do modelo da proposta dita “tradicional”, as ações tendem a

ter como foco “o desenvolvimento do aluno em termos físicos, intelectuais e sócio

emocionais em contraposição à ênfase que aquela escola sempre colocou nas

atividades de caráter intelectual”. Todas essas propostas, no entanto, são planejadas

“respeitando novamente os limites das disciplinas, organizando-as, entretanto, em

termos de suas estruturas fundamentais”, o que corrobora com o segundo nível de

inovação apontado na citação anterior de Saviani.

Para Pereira, Mercuri e Bagnato (2010) a inovação curricular é

compreendida como,

a criação de respostas novas aos desafios oferecidos por um dado contexto educacional, a partir da análise e reflexão sobre a atual situação e verificando avaliativamente as efetivas contribuições que tais inovações oferecem para se enfrentar os desafios e produzir melhorias educacionais esperadas (p. 203)

As autoras defendem a problematização da questão da inovação curricular

como forma de ampliação do debate através do qual estas possam ser

sistematizadas. Defendem que a inovação pode ocorrer nas práticas educativas, no

trabalho docente, nas disciplinas, nas concepções teóricas, entre outras.

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Portanto, pelo exposto por esses autores, compreendemos que, na arena do

currículo, propostas de inovação pautadas na ideia de integração devem: Subordinar

o processo educacional à novas finalidades; enfrentar a fragmentação do saber; e

buscar novas respostas aos problemas colocados pela realidade social, objetivando

a formação mais ampla possível de jovens e/ ou adultos do ensino médio,

qualificando-os para intervir na sociedade de forma mais autônoma e consciente.

Esta ideia será tomada como referência em nosso estudo.

Para a experimentação inicial do Programa Ensino Médio Inovador, foram

selecionadas 339 escolas de Ensino Médio Públicas de 17 Estados4 brasileiros mais

o Distrito Federal para fazer parte desta experiência curricular (ISLEB,2014: p.21).

Em 2011 o número de escolas selecionadas já somava 2.000 (duas mil). Atualmente,

todos os estados da Federação aderiram ao ProEMI e todas as escolas que desejem

ingressar no Programa, podem solicitar adesão às suas respectivas secretarias

estaduais de educação (BRASIL, 2013a).

Tivemos nosso primeiro contato com as diretrizes deste Programa em

setembro do ano de 2009, em reunião com técnicos da Secretaria Estadual de

Educação do Amapá (SEED/AP), no momento em que escolas de ensino médio da

rede estadual, da qual fazemos parte enquanto professora de geografia, foram

convidadas a candidatar-se à experimentar uma proposta inovadora de organização

curricular que implicaria, entre outras coisas, no aumento da carga horaria diária dos

alunos atendidos pelo Programa e no repasse de recursos financeiros para

realização das atividades propostas.

Neste mesmo ano, oito escolas5 da rede estadual do Amapá foram

selecionadas para iniciar a experiência curricular Inovadora proposta pelo ProEMI

(ISLEB 2014). No ano seguinte 2010 as turmas de primeiro ano do EM das referidas

unidades de ensino começaram a cursar esta etapa final da educação básica

orientadas por este Programa. Em 2011 e 2012 ele foi estendido para as turmas de

segundo e terceiro ano do EM, respectivamente, tornando-se a política de orientação

4Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará,

Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe. 5 E.E.E.M. Marechal Castelo Branco; E.E.E.M Gabriel de Almeida Café; E.E.E.M Tiradentes; E.E.E.M

Carmelita do Carmo; E.E.E.M Augusto Antunes; E.E.E.M Rodoval Borges; E.E.E.M Walcy Lobato; E.E.E.M Osvaldina Ferreira.

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curricular destas unidades escolares, e de outras da rede estadual, que fizeram sua

adesão nos anos seguintes.

Passados cinco anos de materialização da experiência curricular proposta

como inovadora pelo ProEMI, fomos instigados a analisar a experimentação desta

política no período de 2010 a 2014, no Estado do Amapá, sobretudo sua

relação com a dinâmica curricular do ensino médio de uma escola amapaense,

à luz do conceito de inovação na perspectiva da integração. Quatro questões

nortearam nossa pesquisa, quais sejam:

Qual o contexto político que influenciou a formulação do ProEMI? O que

expressam seus documentos orientadores, compreendidos como parte deste

“contexto de influência” das políticas no estado do Amapá? O que revelam os Planos

que têm orientado a prática curricular das escolas que experimentam o Programa,

compreendidos como parte do “contexto da produção de textos curriculares” no

Estado do Amapá? Que práticas de organização curricular produziram no interior de

uma escola de ensino médio do estado do Amapá? Considerando a perspectiva aqui

assumida, qual o seu potencial de inovação? Esta experiência produziu efeitos no

rendimento e movimento dos alunos atendidos pelo ProEMI, estes compreendidos

enquanto “contexto dos resultados/efeitos das políticas implementadas?

Tais questões estão coerentes com a nossa opção de aporte metodológico

para análise da trajetória do ProEMI e sua experimentação no estado do Amapá, a

abordagem do Ciclo de Políticas de Ball e Bowe (1992), que no Brasil tem sido

amplamente difundidos pelos trabalhos de Mainardes (2006); Mainardes e Gandin

(2013); Lopes e Macedo (2006); Oliveira e Destro (2005), entre outros.

Para Mainardes (2006: p.48),

A abordagem do ciclo de políticas constitui-se num referencial analítico útil para a análise de programas e políticas educacionais e que essa abordagem permite a análise crítica da trajetória de programas e políticas educacionais desde sua formulação inicial até a sua implementação no contexto da prática e seus efeitos.

Esta análise crítica possibilitada por esta abordagem nos levou a optar por

este referencial metodológico haja vista a postura questionadora de Ball em relação

ao modelo neoliberal, privatista e excludente das políticas atuais e por demonstrar

em suas reformulações preocupação com as consequências negativas das políticas

educacionais atuais para as classes sociais (MAINARDES e GANDIN 2013: p.156).

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Ball e Bowe (1992) propuseram o estudo da trajetória das políticas a partir

de um “ciclo contínuo de políticas, em que três contextos primários, públicos e

privados – de influência, de produção dos textos curriculares e da prática – se

articulam” (LOPES e MACEDO, 2006: p. 6). Em produções posteriores os autores

acrescentaram ao ciclo dois outros contextos: dos resultados/efeitos e o da

estratégia política. Com relação aos três primeiros contextos, eles

estão inter-relacionados, não têm uma dimensão temporal ou sequencial e não são etapas lineares. Cada um desses contextos apresenta arenas, lugares e grupos de interesse e cada um deles envolve disputas e embates (MAINARDES, 2006:p 50)

Os dois últimos contextos são propostos pelos autores visando,

salientar a necessidade de investigar os efeitos que as políticas exercem nas questões relativas à igualdade, justiça social e liberdade do indivíduo, bem como as estratégias utilizadas nos processos de produção e reprodução das desigualdades sociais. (LOPES e MACEDO, 2006: p.2)

Explicitamos a seguir cada um destes contextos:

O primeiro é o contexto de influência. É nesse momento onde as políticas

públicas iniciam e são construídos os discursos políticos.

É nesse contexto que grupos de interesse disputam para influenciar a definição das finalidades sociais da educação (...) Atuam nesse contexto as redes sociais dentro e em torno de partidos políticos, de governo e do processo legislativo. É também nesse contexto que os conceitos adquirem legitimidade e formam um discurso de base para a política. O discurso em formação as vezes recebe apoio e outras vezes é desafiado por princípios e argumentos mais amplos que estão exercendo influência nas arenas públicas de ação, particularmente pelos meios de comunicação social. (MAINARDES 2006: p.51)

Em trabalhos mais recentes, Ball tem contribuído para o entendimento das

influências globais e internacionais que estão sendo disseminadas pelo fluxo de

ideias através de redes políticas e sociais que envolvem: a circulação internacional

de ideias; o “empréstimo de políticas” e; a “venda de soluções educacionais” através

de livros, periódicos conferências e palestras performáticas. De outro lado estão o

“patrocínio” e a imposição de algumas soluções oferecidas e recomendadas por

agencia multilaterais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI),

a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, (OCDE), entre

outras (idem: p.51-52).

Este contexto de influências está estreitamente relacionado ao segundo

contexto que é o da produção de texto, contudo, ao passo que o primeiro está

frequentemente relacionado com interesses mais estreitos e ideologias dogmáticas,

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os textos políticos normalmente estão articulados com a linguagem do interesse

público em geral (p. 52).

Este segundo contexto, o da produção do texto, é constituído pelo poder

central, propriamente dito, que formula os textos visando ao direcionamento das

ações na prática(LOPES e MACEDO 2006: p.6).

Para Mainardes (2006), os textos políticos representam a política e, “são o

resultado de disputas e acordos, pois os grupos que atuam dentro dos diferentes

lugares da produção de textos competem para controlar as representações da

política. Assim, políticas são intervenções textuais, mas elas também carregam

limitações materiais e possibilidades.” (BOWE et al., 1992, apud MAINARDES 2006:

p.52). Nesse sentido, os textos políticos constituem-se instrumentos de coletas de

dados fundamentais para a análise da trajetória de uma Política desde que sejam

interrogados adequadamente (EVANGELISTA, 20120).

Ball (2006: p.26), se mostra contrário “à visão prevalente, embora

normalmente implícita, de que as políticas são algo feito para as pessoas” e que, “

como beneficiários de primeira ordem eles „implementam‟ políticas e como de

segunda ordem eles são afetados positivamente ou negativamente por elas”. Sobre

essa questão Lopes e Macedo (2006:p.5) salientam que as determinações do

Estado são entendidas como parte importante de um ciclo de produção de políticas,

contudo, são incapazes de direcionar toda a ação da escola ou mesmo a formulação

dos documentos curriculares.

Ao defender que as políticas não são meramente implementadas, “mas

sujeitas a processos de reinterpretação e recriação”, Ball convoca os pesquisadores

de políticas à análise do contexto da prática.

O contexto da prática, entendido por Ball como eminentemente plural, é aquele onde as definições curriculares são recriadas e reinterpretadas. Tais recriações e reinterpretações são também incorporadas pelos outros dois contextos, conferindo o caráter circular dos discursos nesse ciclo (LOPES e MACEDO 2006: p.6).

Nesse contexto, professores e demais profissionais exercem um ativo papel

no processo de interpretação e reinterpretação das políticas educacionais assim,

Os profissionais que atuam no contexto da prática [escolas, por exemplo] não enfrentam os textos políticos como leitores ingênuos, eles vêm com suas histórias, experiências, valores e propósitos (...) Políticas serão interpretadas diferentemente uma vez que histórias, experiências, valores, propósitos e interesses são diversos. A questão é que os autores dos textos

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políticos não podem controlar os significados de seus textos. Partes podem ser rejeitadas, selecionadas, ignoradas, deliberadamente mal entendidas, réplicas podem ser superficiais etc.(...) interpretações diferentes podem ser contestadas, uma vez que se relacionam com interesses diversos, uma ou outra interpretação predominará, embora desvios ou interpretações minoritárias possam ser importantes. (BOWE et al., 1992, apud MAINARDES 2006, p.53).

Na pesquisa em tela, esse processo de interpretação e reinterpretação dos

textos oficiais da política pôde ser identificado nos Planos de Redesenho Curricular

(PRC) construídos por professores e gestores de uma das escolas de Ensino Médio

do Estado do Amapá que experimenta o ProEMI desde o ano de 2010, a Escola

Gabriel de Almeida Café6. Para Ball (apud MAINARDES e MARCONDES, 2009) a

produção de materiais práticos se dá no contexto da prática “para a utilização dentro

da atuação”. Diz ainda que “pode haver um contexto de produção de texto dentro do

contexto de prática, na medida em que materiais práticos são produzidos para

utilização dentro da atuação”. (MAINARDES e MARCONDES, 2009: p. 307).

Produzidos a partir dos documentos base do Programa Ensino Médio

Inovador, os PRC‟s orientam a prática curricular das escolas no âmbito do ProEMI.

Eles expressam a proposta de inovação curricular assumida pela escola no âmbito

deste Programa, reafirmando sua relevância enquanto fonte de coleta de dados para

nossa pesquisa.

O quarto contexto é o Contexto dos resultados/efeitos, no qual há a

preocupação com questões de justiça, igualdade e liberdade individual. É

considerado “uma extensão do contexto da prática” (MAINARDES e GANDIN, 2013:

p. 155). Nele, pode-se identificar efeitos de primeira e de segunda ordem,

Os efeitos de primeira ordem referem-se a mudanças na prática ou na estrutura e são evidentes em lugares específicos ou no sistema como um todo. Os efeitos de segunda ordem referem-se ao impacto dessas mudanças nos padrões de acesso social, oportunidade e justiça social. Dessa forma, os pesquisadores que utilizam o ciclo de políticas são desafiados a explorar os resultados das políticas e as consequências das políticas para as diferentes classes sociais (idem, ibdem)

Buscamos em nossa pesquisa analisar os possíveis efeitos da

experimentação do ProEMI nos dados de movimento e rendimento dos alunos

atendidos pelo programa nos primeiros anos de sua implementação.

6Trataremos mais adiante dos critérios para a escolha desta escola como lócus de nossa pesquisa.

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O quinto e último contexto é o da estratégia política. Ele envolve “a

identificação de um conjunto de atividades sociais e políticas que seriam

necessárias para lidar com as desigualdades criadas ou reproduzidas pela própria

política investigada” (MAINARDES 2006: p.55). Este contexto está diretamente

ligado ao contexto de influência, uma vez que “integra o processo pelo qual as

políticas são mudadas” (MAINARDES e GANDIN, 2013: p. 155).

Compreendemos o Ciclo de Políticas como uma abordagem de potencial

significativo para análise da trajetória do Programa Ensino Médio Inovador e a

relação de sua experimentação com a dinâmica curricular do ensino médio no

estado do Amapá.

Compreender o Programa Ensino Médio Inovador enquanto dimensão da

política educacional brasileira para a formação de jovens e/ou adultos, supõe sua

investigação na perspectiva da Totalidade7, de modo que possamos compreendê-lo

para além de sua forma fenomênica (KOSIK, 2002). Esse movimento necessário para

a compreensão de nosso objeto nos remete ao enfoque crítico dialético para a

compreensão desta realidade, pois:

Na perspectiva materialista histórica, o método está vinculado a uma concepção de realidade, de mundo e de vida no seu conjunto. A questão da postura, neste sentido, antecede ao método. Este constitui-se numa espécie de mediação no processo de aprender, revelar e expor a estruturação, o desenvolvimento e transformação dos fenômenos sociais. Antes, pois, de responder-se à questão fundamental que sinaliza a natureza do processo dialético de conhecimento – como se produz a realidade social – é necessário responder-se qual a concepção que temos da realidade social (FRIGOTTO,2004 p. 77)

Como mencionado anteriormente neste texto, diferentes posicionamentos

políticos disputam o currículo do ensino médio brasileiro. No que se refere às políticas

públicas educacionais, “grupos de interesses diversos disputam para influenciar a

definição das finalidades sociais da educação e do que significa ser educado” (LOPES

e MACEDO, 2006: p.6). Isto implica reconhecer as contradições existentes no interior

do processo de produção da própria Política.

Como afirma Almeida (2002: p.06), “o momento predominante não dilui a

contradição, inversamente, afirma a sua existência, pois tem como fundamento a

7“Para a dialética marxista, o conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um

processo de totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada”. O todo está relacionado à múltiplas determinações que compõe uma dada realidade, “a totalidade é mais do que a soma das partes que a constituem” (KONDER, 2000,p.33-34).

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mediação”. Nesse sentido a Contradição constitui-se como uma importante categoria

teórica para a compreensão da trajetória da política em tela, sobretudo, para a

análise dos documentos que orientam sua materialização.

Elegemos como fonte de coleta de dados para nossa investigação a

pesquisa documental. A análise documental nos permite compreender, por meio dos

textos documentais que institucionalizam a política, as “intencionalidades” os

“valores” e “discursos” envolvidos em sua trajetória, como afirma Evangelista (2012,

p.63)

Documentos são produtos de informações selecionadas, de avaliações, de análises, de tendências, de recomendações, de proposições. Expressam e resultam de uma combinação de intencionalidades, valores e discursos; são constituídos pelo e constituintes do momento histórico. Assim, ao se tratar de política é preciso ter clareza de que eles não expõem as “verdadeiras” intenções de seus autores e nem a “realidade”. Como fontes de concepções, permitem captar a racionalidade da política, desde que adequadamente interrogados.

Enquanto fontes de concepções, o documento base do ProEMI e suas

versões reformuladas, nos permitiram compreender o contexto que influenciou a

formulação deste programa, bem como as experimentações curriculares e os

resultados alcançados. Enquanto expressão da própria política (MAINARDES 2006)

estes documentos base, expressam as concepções de educação de um e/ou mais

grupos políticos que atuaram na definição de um projeto de currículo para o ensino

médio regular no Brasil, materializado nestes textos políticos. A análise documental

também favorece a identificação e análise do “contexto das influências”, do “contexto

da produção de texto” e do “contexto dos resultados”, objetivamente.

Com relação aos planos de redesenho curricular construídos pela escola

Gabriel de Almeida Café, eles consistem em documentos produzidos para orientar a

prática curricular na referida unidade de ensino a partir de sua adesão ao Programa

Ensino Médio Inovador. São reveladoras de uma das dimensões do contexto da

prática que é a da “interpretação e reinterpretação da política”, próprias deste

momento da trajetória de uma política. (MAINARDES, 2006).

No tocante ao contexto dos efeitos, buscamos verificar se houve alterações

nos indicadores de rendimento e movimento dos alunos que experimentaram o

ProEMI no período de 2010 a 20138 haja vista que, entre os resultados esperados

8 Embora o marco temporal de nossa pesquisa seja o período de 2010 a 2014, os dados disponíveis

até o momento de nossa análiseiam até os do Censo de 2013.

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pelos formuladores do Programa estão a alteração desses indicadores, como

expresso em seu documento base de 2009

As Secretarias Estaduais de Educação e do Distrito Federal deverão apresentar para cada unidade escolar selecionada um plano de metas a serem atingidas em relação a evasão, aprovação, reprovação e outros indicadores pertinentes.(BRASIL, 2009: p.20)

Para verificar a relação do ProEMI com esses indicadores, analisamos os

dados de rendimento e movimento dos alunos atendidos pelo Programa Ensino

Médio Inovador, baseados nos censos educacionais dos anos de 20099 a 2013,

constantes no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (INEP).

De acordo com a abordagem do Ciclo de Políticas, a análise de documentos,

a coleta de dados oficiais (estatísticas, dados oficiais, etc), notícias, informações da

mídia e da internet, pesquisa empírica, etc., são fontes de dados utilizadas para a

análise da trajetória de políticas. (MAINARDES e GANDIN, p.157).

Nossa pesquisa deteve-se na análise dos quatro primeiros contextos do

Ciclo de Políticas (de influência, de produção de texto, da prática e dos efeitos).

Ainda que reconheçamos a inter-relação entre os contextos, estruturamos nosso

relatório de pesquisa na sequência dos contextos analisados como sugere

Mainardes e Gandin:

Do ponto de vista das contribuições do ciclo de política para a exposição dos resultados da pesquisa (forma), pode-se destacar que, embora os contextos principais (influência, produção de texto e contexto da prática) sejam inter-relacionados, eles podem ser utilizados para estruturar a apresentação dos resultados e das análises da pesquisa realizada. Diversos autores têm utilizado essa sequencia, de forma bem sucedida, para estruturar o relatório de pesquisa. (MAINARDES e GANDIN 2013: p.156).

Desta forma, estruturamos nosso relatório em três seções seguidas das

considerações finais.

Na primeira seção analisamos os contextos de influência e de produção de

texto, respectivamente. Com relação ao primeiro contexto, buscamos identificar e

analisar a conjuntura histórica e política que influenciou a formulação do ProEMI, a

configuração de interesses diversos que disputaram/disputam a concepção de

educação e de currículo defendida por este Programa. No segundo contexto,

analisamos o texto político formulado para orientar as Secretarias Estaduais de

9 Os dados de 2009 foram usados para efeitos de comparação com os dados a partir do inicio do

ProEMI

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Educação e as escolas, que aderiram ao Programa, a redesenharem seus

currículos, identificando suas ambiguidades, intenções os propósitos que

representam.

Na segunda seção, analisamos o contexto da prática, por meio dos

documentos (PRC‟s) que orientaram a prática curricular na escola Gabriel de

Almeida Café nos cinco primeiros anos de experimentação do ProEMI. Através da

análise dos PRC‟s desta unidade escolar buscamos compreender o processo de

“Interpretação e reinterpretação da política” por gestores e professores,

responsáveis pela elaboração destes Planos de Redesenho Curricular.

Na terceira seção analisamos o contexto dos resultados/efeitos enquanto

“extensão do contexto da prática” (MAINARDES e GANDIN 2013: p.155). Buscamos

identificar e analisar a relação da experimentação do Programa Ensino Médio

Inovador com os indicadores de rendimento e movimento dos alunos atendidos pelo

Programa nas oito escolas que à ele aderiram desde sua implantação no Estado do

Amapá.

Os resultados desta pesquisa revelaram que, período analisado, uma

multiplicidade de práticas escolares foram propostas pela Escola Gabriel de Almeida

Café enquanto estratégias de inovações curriculares: o monitoramento do

rendimento e movimento dos alunos pela coordenação pedagógica, o reforço de

aprendizagem, a aproximação da escola com a família dos alunos, estímulo à

praticas esportivas, oficinas de produções textuais, produções artísticas

diversificadas, a maioria delas tendo como foco a preparação dos alunos para a

participação no exame nacional do ensino médio (ENEM).

Porém, verificamos que, à luz do conceito de Inovação orientado pela ideia de

integração exposto anteriormente, as propostas contidas nos planos curriculares da

escola em tela, apesar de interessantes, não sinalizam para uma integração

curricular tão pouco atribui novas finalidades ao processo educacional. Pelo

contrário, a escola passa a partir do ano de 2010 a se orientar por duas propostas

curriculares que se diferenciam em alguns momentos na forma, mas, se aproximam

muito em relação ao seu conteúdo, ou seja, diversifica algumas práticas

pedagógicas mas para atender às mesmas finalidades, em sua maioria relacionadas

à preparação dos alunos para o ENEM.

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Com relação à análise dos indicadores educacionais dos alunos que

experimentaram o ProEMI nos três primeiros anos (2010 a 2012), verificamos

situações diferenciadas em cada unidade de ensino, os resultados são marcados

por descontinuidades na maioria dos casos. Na escola Walcy Lobato os índices de

aprovação e abandono melhoraram no período analisado, já na escola Osvaldina

Ferreira os indicadores de rendimento e movimento pioraram a partir do ano de

2010. As demais escolas foram marcadas por descontinuidades, ora melhoraram,

ora pioraram e assim por diante.

Nesse sentido concluímos que a experimentação do Programa Ensino Médio

Inovador estimulou o planejamento de práticas pedagógicas variadas na escola

Gabriel de Almeida Café, como propõe o ProEMI. Contudo, essas práticas

revelaram-se com pouca força inovadora ao reforçar o caráter “preparatório” do

ensino médio, característica histórica desta etapa de ensino apontada pelo

documento base do Programa como um problema a ser enfrentado pela proposição

de um currículo que deveria ser articulado em torno dos eixos constituintes do

ensino médio (trabalho, ciência, tecnologia e cultura) .

Esta constatação revela que, no marco temporal desta pesquisa, o projeto de

escola “interessada”, ecoou com muito mais força entre professores e gestores

desta escola, no processo de construção de suas propostas de inovação curricular,

do que o projeto gramsciano de escola “desinteressa” defendido no texto político do

ProEMI.

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1. PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR: os contextos de influência e de produção de texto

Esta seção tem como finalidade possibilitar a compreensão do contexto

histórico e político que influenciou a formulação do ProEMI, bem como, analisar o

texto político do Programa formulado para orientar sua materialização.

Para tanto, tratamos do histórico conflito de interesses políticos e ideológicos

que disputam para influenciar os processos formativos no Ensino Médio brasileiro,

as políticas públicas, os conceitos centrais e a conjuntura legal que evidenciam

historicamente essa concorrência. Em seguida analisamos as proposições do

Programa Ensino Médio Inovador por meio de seu texto político, identificando suas

finalidades, contradições e tendências políticas.

1.1. O contexto de influências: os projetos políticos em disputa e a histórica configuração das políticas públicas para o ensino médio

Nesta seção abordaremos o contexto de influência da formulação do

ProEMI. Este contexto é compreendido como aquele em que

(...) normalmente as políticas públicas são iniciadas e os discursos políticos são construídos. É nesse contexto que grupos de interesse disputam para influenciar a definição das finalidades sociais da educação e do que significa ser educado. Atuam nesse contexto as redes sociais dentro e em torno de partidos políticos, do governo e do processo legislativo. É também nesse contexto que os conceitos adquirem legitimidade e formam um discurso de base para a política. (MAINARDES 2006, P.51)

Recuperamos este contexto a partir da aprovação da Lei no 9394 de

20/12/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN), que

incorporou o ensino médio à educação básica, caracterizando-o como última etapa

desse processo e sinalizando a necessidade de sua expansão e obrigatoriedade.

Historicamente esta etapa de ensino esteve marcada por uma dualidade que ora a

coloca a serviço da preparação para o ingresso no ensino superior, ora lhe atribui o

caráter instrumental, subordinando-o à inserção imediata de seus egressos no

mercado de trabalho.

A dualidade educacional não é marca apenas do ensino médio e sim uma

característica inerente à organização escolar brasileira excludente, que tem servido

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ao aprofundamento das desigualdades sociais. “A escola tem servido ao capital tanto

por negar o acesso ao saber elaborado e historicamente acumulado, quanto por

negar o saber social produzido coletivamente pela classe trabalhadora no trabalho e

na vida” (FRIGOTTO, 2001, p.224).

Essa negação materializa-se em modelos de escola e concepções de

educação que conformam os sujeitos a uma realidade aparentemente intransponível,

mas que, em sua essência, atende aos interesses de reprodução capitalista.

Exemplos claros de estratégias de conformação são a Teoria do Capital Humano10,

propagada no Brasil na década de 1950 a 1980, mas sempre revisitada, e a

Pedagogia das Competências11, ambas de base liberal.

De acordo com a Teoria do Capital Humano a educação desempenha o

papel de propulsora do desenvolvimento econômico. Sob uma visão tecnicista, esta

teoria disseminou a ideia de que a educação é o pressuposto para o

desenvolvimento econômico, bem como, para o desenvolvimento individual, assim,

ao educar-se o indivíduo estaria “valorizando” a si próprio e na mesma lógica

valorizando o capital (LOMBARDI, SAVIANI e NASCIMENTO, 2006). Desta forma,

essa teoria atribui ao indivíduo a responsabilidade de resolver os problemas

relacionados à inserção social.

No que concerne à Pedagogia da Competências, formulação corrente nos

meios educacionais brasileiros em particular a partir dos anos 1990, é referenciada

no racionalismo e no individualismo e balizada na noção de competências,

(...) traz, nesse contexto, promessas como a possibilidade de promover progresso econômico, de elevar as capacidades humanas para o trabalho e para a vida em geral, contribuindo, para a diminuição das desigualdades sociais. Tais promessas participam como elementos de um processo de ideologização da educação constituído, entre outras coisas, pelas ideias de vinculação entre educação e desenvolvimento econômico e de possibilidade de requalificação dos trabalhadores. (ARAUJO, 2004: p. 512)

10

Teoria econômica que influenciou as teorias educacionais no Brasil nas décadas de 60 e 70, que considera a educação como propulsora do desenvolvimento econômico, para entender mais a respeito desta teoria, ler obra de seu maior representante na área educacional Theodore Schultz. (SCHULTZ, T.W. O valor econômico da educação. Rio de Janeiro: Zahar, 1962.)

11

Pedagogia orientada pela “noção de Competências” que defende a formação dos sujeitos com base no desenvolvimento de habilidades que o torne “competente” para o desempenho de determinadas funções. Evidencia a relação entre a atividade do sujeito e a aprendizagem de conceitos pormeio da mobilização da inteligência prática dos sujeitos. Ver: RAMOS.M.N. A Pedagogia das Competências: autonomia ou adaptação? São Paulo, Cortez, 2001.

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Tanto a Teoria do Capital Humano quanto a Pedagogia das Competências

acabam por reforçar uma concepção que subordina a educação aos interesses

imediatos do capital e, ao fazerem isso, negam ao indivíduo uma formação ampla

que favoreça o reconhecimento de sua ação na produção material da vida, tal como

esclarecia Marx.

Antes, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. [...] Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporeidade, braços, pernas, cabeça e mãos, a fim de se apropriar da matéria natural numa forma útil à própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza (MARX, 1983, p.149).

Ao produzir sua existência, o ser humano desenvolve técnicas e produz

conhecimentos que mediam esse processo. O conhecimento científico

historicamente tem tido relevante importância na mediação entre a natureza externa

ao homem e o trabalho que a transforma para garantir a sobrevivência humana,

conforme ressalta Frigotto:

É neste contexto que podemos perceber a relevância da ciência e da tecnologia, quando tomadas como produtoras de valores de uso na tarefa de melhoria das condições de vida e possibilidades de dilatar o tempo livre ou tempo de efetiva escola humana. Nesta perspectiva, a ciência e a tecnologia possibilitam extensões dos sentidos e membros dos seres humanos. (FRIGOTTO, 2005, p.60).

Assim compreendido o trabalho, em sua dimensão ontológica, como

produtor de valores de uso, e não na sua forma fenomênica, enquanto produtor de

valor de troca, seria o princípio educativo norteador de um projeto de educação

comprometido com a formação humana capaz de promover homens e mulheres com

possibilidades de reconhecerem-se como agentes de transformação de sua

condição e pelo qual o conhecimento científico passaria a fazer sentido,

O trabalho como princípio educativo deriva do fato de que todos os seres humanos são seres da natureza e, portanto, tem a necessidade de alimentar-se, proteger-se das intempéries e criar seus meios de vida. É fundamental socializar, desde a infância, o princípio de que a tarefa de prover a subsistência, e outras esferas da vida pelo trabalho, é comum a todos os seres humanos, evitando-se, desta forma, criar indivíduos ou grupos que exploram e vivem do trabalho de outros. Estes, na expressão de Gramsci, podem ser considerados mamíferos de luxo - seres de outra espécie que acham natural explorar outros seres humanos (idem, ibdem).

Defender o trabalho como princípio educativo, pressupõe um

posicionamento político de enfrentamento aos projetos liberais de educação e a

favor de uma formação integral, isto é, uma formação que considere a necessidade

de desenvolvimento das múltiplas dimensões dos sujeitos. Tal perspectiva de

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educação se ampara nas ideias gramsciana de uma educação básica unitária12e

leninista de educação politécnica13, em contraposição à escola interessada,

imediatista, pragmática e tecnicista, que promove uma formação voltada aos

interesses imediatos do capital, que cumpre essencialmente a função de atender às

demandas de mercado, de estimular o individualismo e a especialização em áreas

específicas de interesse do mercado, desconsiderando as possibilidades de amplo

desenvolvimento humano.

Ao defender uma escola de base unitária Gramsci, (1991) afirmava que ela

deveria funcionar de dia e de noite, ser bem equipada com bibliotecas

especializadas, dormitórios e espaços para realização de seminários, ser

“desinteressada”, ou seja, sem interesses imediatos, porém, formativa, instrutiva

“rica de noções concretas”.

Desinteressada no contexto gramsciano não quer dizer sem objetivos, pelo

contrário, o objetivo principal seria a formação ampla do sujeito em suas múltiplas

dimensões, de modo que fosse capaz de reconhecer-se produtor de sua própria

existência, mesmo que sob condições de exploração.

Nota-se, portanto, duas diferentes concepções acerca das finalidades da

Educação, em torno das quais se estruturam inúmeros projetos educacionais, de

diferentes matizes e formas, nos quais elementos de uma e outra concepção ora se

aproximam ou se distanciam. Trabalharemos aqui com essas duas perspectivas

fundamentais, sem negar, entretanto, a existência dos muitos outros projetos que se

colocam no campo das disputas.

De modo geral, de um lado, como propulsora do desenvolvimento

econômico e individual, a escola estaria colocada à serviço da reprodução do capital,

e os jovens e/ou adultos seriam, nesse sentido, “formados” para atender a esta

lógica. Enquanto, de outro lado, a escola seria concebida como espaço formativo

12

Tipo único de escola preparatória (elementar-média) que conduza o jovem até os umbrais da

escolha profissional, formando-o entrementes como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige (GRAMSCI,1991,p.136).

13

Domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho moderno. Está relacionada aos fundamentos das diferentes modalidades de trabalho e tem como base determinados princípios, determinados fundamentos, que devem ser garantidos pela formação politécnica. Por quê? Supõe-se que, dominando esses fundamentos, esses princípios, o trabalhador está em condições de desenvolver as diferentes modalidades de trabalho, com a compreensão de seu caráter de sua essência (SAVIANI, 2003,p.140).

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ricos de noções concretas, desinteressada, estando “a serviço das forças

emergentes da sociedade” e,

Abrindo espaços para a expressão dos interesses populares; buscando tornar de fato de todos aquilo que a ideologia liberal proclama ser de direito de todos, contribuem para fazer predominar a nova formação social que está sendo gerada no seio da velha formação até agora dominante (SAVIANI, 1980: p.25)

No âmbito das políticas públicas educacionais brasileiras, a história do

ensino médio tem sido marcada pela influência predominante da lógica do capital no

estabelecimento de objetivos educacionais pautados em concepções instrumentais

de formação, que têm imputado a esta etapa de ensino a responsabilidade pelo

atendimento às demandas de desenvolvimento econômico definidas pelos setores

empresariais e adotadas pelos diferentes governos.

O ensino médio é a etapa da educação básica cujos sujeitos atendidos são

jovens e adultos e um dos principais objetos de interesse do capital é fazer com esta

população a formação de mão-de-obra. Sob esta ótica, a formação deveria atender

aos interesses da produção capitalista, deveriam os jovens e/ou adultos aprenderem

o necessário para perpetuar as relações de produção capitalista, uma formação que

lhes propiciem os requisitos mínimos para „manusear os parafusos da fábrica‟,

alijando-os de uma formação integral “sem qualificações amplas e duradouras”.

(ARAUJO, 2001: p.11).

Na década de 1970, no Brasil, frente às demandas do plano de

desenvolvimento econômico adotado pelos governos militares e a crescente

urbanização que gerou um aumento pela procura por emprego, se tornou urgente a

criação de parâmetros para selecionar a mão-de-obra disponível e diminuir a

pressão pelo ensino superior. Desta feita, a Lei no. 5.692/71 tornou compulsória a

profissionalização em todo o Ensino Médio. Tal legislação visava, principalmente,

formar mais rapidamente trabalhadores qualificados para o mercado e conter a

crescente demanda por vagas na educação superior.

Mas a referida lei não atingiu tais objetivos entre outros motivos porque não

foi acompanhada dos investimentos necessários para equipar as escolas e, portanto,

não teve grande repercussão na formação de força de trabalho qualificada e não

agradou aos empresários do ensino e muito menos a uma parcela da população que

via no ensino médio o momento de preparação para o ingresso no ensino superior.

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Assim, em 1982 é promulgada a Lei 7.044/82 que modifica a Lei no.5.692/71 e

extingue a profissionalização obrigatória do então 2º grau, tornando-a optativa.

Com esta nova lei reforça-se consideravelmente a dualidade do ensino

médio pois separa efetivamente o ensino propedêutico do ensino profissional,

destinando este aos jovens de adultos de origem trabalhadora. Destina-se então o

ensino técnico para as camadas mais pobres da população, os filhos de

trabalhadores que iriam suprir a demanda de mão-de-obra e, o ensino Médio

propedêutico, destinado aos estudantes que, sem a necessidade imediata de

ingresso no mercado de trabalho, iriam dedicar-se aos estudos para o ingresso no

ensino superior. Isso torna mais distante a possibilidade de prosseguimento dos

estudos pelos alunos oriundos da camada mais pobre.14 A partir desta época, ainda

como resultado desta legislação, agrega-se um outro elemento neste contexto de

dualidade educacional, para os pobres oferta-se um ensino médio propedêutico de

baixa qualidade.

Nos anos de 1997 e 1998, para atender ao que estabelecia o artigo 26 da

nova LDB, no 9.394/96,foram elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação as

Diretrizes Curriculares Nacionais15 para o ensino médio. De acordo com Zibas

(2005:26) “o impacto inicial do projeto decorria, principalmente, de sua clara

pretensão de “refundar” a escola média, uma vez que veiculava um conjunto de

princípios ainda inéditos no processo de implantação da Lei de Diretrizes e Bases de

1996”.

A partir destas diretrizes, o currículo do ensino médio passou a se

configurarem três áreas: Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias;

Linguagens, códigos e suas tecnologias e; Ciências Humanas e suas

tecnologias(idem). A esse respeito, Silva (2009) afirma

(...) ao prescrever a inclusão de “suas tecnologias” em cada macroárea explicita uma concepção reducionista de tecnologia, enunciada como “técnica a ser aplicada”. A relação entre tecnologia e conhecimento científico é tomada de forma limitada e pragmática, resultado da intenção de adequação da educação escolar a demandas do mercado de trabalho (p. 444).

14

Cabe ressaltar que no tocante às Escolas Técnicas Federais (assim denominadas na década de 1980), a Lei 7.044/82 possibilitou o aumento da qualidade do ensino ao elevar a carga horária para o ensino de caráter geral nos cursos predominantemente técnicos, transformando essas escolas em potenciais espaços de formação. 15BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara da Educação Básica. Parecer 15/98. Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino MédioBrasília, 1998.

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36

Esta intenção de adequação da educação escolar a demandas do mercado

de trabalho também estava expressa no Decreto no 2.208/97 passa a regulamentar a

educação profissional em sua relação com o ensino médio brasileiro, em meio a

esse processo de reforma do ensino médio dos anos 1990.

Esse decreto constituiu-se um retrocesso aos debates e reivindicações do

fórum em defesa da escola pública, gratuita, laica e de qualidade para todos,

constituído em 1987, do qual saíra a proposta que compunha o texto do projeto de

Lei de Diretrizes e Bases para a Educação brasileira apresentado pelo deputado

Octávio Elísio, posteriormente substituído pelo projeto do Senador Darcy Ribeiro,

aprovado em 20 de dezembro de 1996. (FRIGOTTO, CIAVATTA e RAMOS,2005).

Em relação à educação básica, defendia-se um tratamento unitário que abrangesse desde a educação infantil até o ensino médio [...] se o saber tem uma autonomia relativa face ao processo de trabalho do qual se \origina, o papel do ensino médio deveria ser o de recuperar a relação entre o conhecimento e a prática do trabalho. Isto significaria explicitar como a ciência se converte em potência material no processo de produção. Assim, seu horizonte deveria ser o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. (idem, p.35)

O Decreto 2.208/97 desvinculou a educação profissional técnica do Ensino

Médio. Este passou a ter uma base curricular comum amparada posteriormente

pelas Diretrizes Curriculares Nacionais16, pautada na lógica das competências,

tornando-se essencialmente propedêutico.

Essa nova configuração da dualidade foi a marca do ensino médio na

década de 1990 que, de acordo com Ciavatta, Frigotto e Ramos (2011), provocou a

elevação da evasão de jovens do ensino técnico e não repercutiu positivamente na

melhoria da qualidade do ensino médio regular. Deste modo o projeto de educação

articulado aos interesses do mercado foi claramente hegemônico neste período.

Permaneceram, porém, em nível nacional, as resistências a este projeto e

os debates em defesa de uma educação integral, da escola laica, gratuita e de

qualidade, a crítica à Pedagogia das Competências e à reforma do ensino médio,

sobretudo por professores militantes da área educacional e por pesquisadores da

16

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio-DCNEM, se constituem num conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei, tendo em vista vincular a educação com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando a preparação para o exercício da cidadania e propiciando a preparação básica para o trabalho. (BRASIL, 1999, p.98)

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área de trabalho e educação, muitos deles ligados ao Grupo de Trabalho no 9 da

Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED).

A partir de 2003, as críticas à reforma do ensino médio, somaram-se as

expectativas por mudanças realmente profundas e de propostas contra

hegemônicas17 no cenário educacional brasileiro. Nesse momento, com a ascensão

do Presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Governo Federal, alguns educadores e

pesquisadores ligados ao movimento de luta pela defesa da escola pública

assumiram importantes pastas no Ministério da Educação e nas esferas ligadas ao

ensino médio e, inspirados na ideia de escola unitária, apresentaram o projeto de

ensino integrado como possibilidade de orientação para a reorganização desta etapa

de Ensino, sobretudo da modalidade de educação profissional. Assim, em 2004, o

Decreto nº 2.208/97, que regulamentou a reforma do EM da década de 1990 é

revogado e um novo Decreto (no. 5.154/2004) estabelece a nova forma de

articulação entre ensino médio e técnico.

Porém, com relação ao estabelecido neste novo decreto, o texto da lei se

limita a admitir que a articulação entre o ensino médio e a educação profissional

possa ocorrer de forma integrada, o que significa a formação básica e profissional

acontecerem na mesma instituição de ensino, em um mesmo curso, com currículo e

matrículas únicas (RAMOS, 2011, p.775), frustrando a tentativa de resgate do texto

contido no projeto de Lei que tomava a escola unitária como referência e que fora

rechaçado no contexto da promulgação da LDB 9394/96 pelo Projeto de Darcy

Ribeiro e demonstrando mais uma vez que na correlação de forças o Projeto

conservador prevalecera.

Com relação aos pressupostos teórico-metodológicos da nova proposta de

ensino médio que deveria constar no Decreto no5.154/04, educadores defendiam a

concepção emancipatória de escola:

Ao defenderem a proposta de Ensino Médio Integrado, [os educadores], resgatam fundamentos filosóficos, epistemológicos e pedagógicos da concepção de educação Politécnica e Omnilateral e de escola Unitária baseado no Programa de educação de Marx e Engels e de Gramsci. (idem, ibidem)

Ramos (2008), distingue o ensino Integrado enquanto forma e enquanto

conteúdo. Enquanto forma propõe-se a “relação entre ensino médio e educação

17

Sobre o projeto de educação contra-hegemônico ver ARAUJO, (2011, p. 31-38)

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profissional”, enquanto conteúdo considera-se que ele possa possibilitar a “formação

omnilateral dos sujeitos, pois implica a integração das dimensões fundamentais da

vida que estruturam a prática social”(p.04). A concepção de ensino integrado

enquanto conteúdo orientou a formulação do Programa Ensino Médio Inovador

Contudo, apesar da contínua defesa do projeto de educação integral por

parte desses educadores poucas mudanças ocorreram de fato. As expectativas

geradas em torno da ascensão no cenário político nacional de um partido, tido até

então como de esquerda e historicamente vinculado aos movimentos dos

trabalhadores, foi frustrada pela composição partidária do governo cujos

representantes do projeto do capital para a educação consolidaram-se como base

governista.

Este cenário tornou mais evidente que a disputa por diferentes projetos

políticos para o ensino médio no Brasil tem se materializado na supremacia do

projeto do capital sobre projetos de ensino médio que se relacione com os interesses

da classe trabalhadora.

Kuenzer (2009) deixa claro que a concepção de trabalho que fundamenta o

projeto de ensino integrado, que o toma no seu sentido ontológico como produção

da existência humana, não é a mesma que fundamenta o Projeto do Capital, que o

toma como produtor de mercadoria. A autora ressalta a contradição existente entre a

defesa de um projeto que se apresenta como uma alternativa que interessa à classe

trabalhadora e as relações materiais de sobrevivência que se estabelecem no seio

da sociedade capitalista.

Por isso, apesar de a integração no ensino médio ser assumida como

referência em diferentes programas dirigidos ao ensino médio brasileiro e ser

compreendida como um avanço em relação às antigas políticas para o ensino

médio, o que se constata no cenário brasileiro, como afirma Ramos, (2011) é que:

Do ponto de vista prático, os educadores brasileiros do ensino médio e da educação profissional, assim como a própria sociedade em geral, não incorporaram como sua a concepção de ensino médio integrado na perspectiva da formação omnilateral e politécnica. Ao contrário, predomina uma visão retrograda vinculada ao ensino médio profissionalizante e, compensatória ou, ainda, a defesa de um ensino médio propedêutico e da profissionalização como processo específico e independente. (p. 784)

Quatro anos após ter entrado em vigor o Decreto No. 5.154/04, em 2008, o

ensino médio permanecia dividido entre um modelo que tentava promover a

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integração em sua modalidade profissional e outro que permanecia

fundamentalmente propedêutico, sem vinculação nenhuma com o projeto de

educação integral, sobrecarregado pela “lógica avaliativa” do Exame Nacional do

Ensino Médio (ENEM)18, cumprindo de forma precária a função de preparar seus

alunos para o ensino superior, refletindo a ausência de uma política efetivamente

consequente para esta etapa de ensino.

A esse respeito, Krawczyk (2009:34) afirma que,

O aumento da demanda da escola média está acontecendo sobre uma estrutura sistêmica pouco desenvolvida e com uma cultura escolar incipiente para o atendimento dos adolescentes e jovens das parcelas mais pobres da população. Trata-se, portanto, de admitir que não se tem produzido a democratização do acesso à última etapa de escolarização básica, mas um processo de massificação do ensino, desvinculado dos interesses dos adolescentes e jovens, e em condições objetivas muito precárias.

Foi este cenário exposto por Krawczyk, que impulsionou no ano de 2008, a

formação de uma comissão interministerial, composta por representantes do

Ministério da Educação e da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da

República, instituída por meio da Portaria no1189 de 05 de dezembro de 2007 e da

Portaria no 386 de 25 de março de 2008 “com o objetivo de realizar estudos e

formular proposições visando à reestruturação, melhoria e expansão do ensino

médio” (BRASIL, 2008, p.01).

No mês de julho do mesmo ano a referida comissão publica o documento

denominado “Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil”. Neste

documento a comissão reconhece a importância estratégica do ensino Médio no

contexto da Educação brasileira e assume a urgência em reverter o quadro negativo

desta etapa demonstrado pelas análises dos indicadores educacionais e pelas

estatísticas que apontavam que, dos aproximadamente 10 milhões de jovens na

faixa etária de 15 a 17 anos, menos de 5 milhões encontravam-se no Ensino Médio

e que 40 milhões de jovens e adultos não concluiriam seus estudos nesta etapa de

ensino.

18

O Enem foi criado por meio da Portaria do MEC No438, de 28 de maio de 1998. Realizado

anualmente e organizado pelo INEP, o exame se coloca com o objetivo central de avaliar o desempenho do aluno ao final do Ensino Médio no que se refere às habilidades e Competências estabelecidas pelo MEC como imprescindíveis para o exercício profissional e para o exercício pleno da cidadania. (CARNEIRO, 2013, P.162)

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O documento apresenta os pressupostos e objetivos estratégicos que

deveriam nortear as ações de reestruturação e expansão do Ensino Médio no Brasil.

Quanto aos objetivos, as ações da Nova Política teriam que

- Fortalecer a política pública para o ensino médio na articulação com o PNE e PDE e a coordenação nacional do MEC. - Consolidar a identidade unitária do ensino médio como etapa final da educação básica considerando a diversidade dos sujeitos e, em particular, as questões da profissionalização, da educação no campo e da EJA. - Desenvolver e reestruturar o currículo do ensino médio em torno da ciência, da cultura e do trabalho. - Valorizar os profissionais da educação do ensino médio.- Priorizar os sujeitos jovens e os adultos estudantes do ensino médio. - Melhorar a qualidade do ensino médio nas escolas públicas estaduais. - Expandir a oferta do ensino médio nas escolas federais em articulação com a rede estadual. (BRASIL, 2008, p. 10)

Tais objetivos evidenciam a importância de repensar o Ensino Médio para

além da sua histórica dualidade. O Ensino Integrado é assumido, no documento,

como Projeto de Educação para esta etapa de ensino, devendo ser considerado

como “uma travessia às condições utópicas em que a inserção dos jovens na vida

econômico-produtiva seja um projeto e uma ação para o seu devido tempo e não

uma antecipação imposta pelas relações desiguais dessa sociedade” (BRASIL,

2008, p. 12). Dois modelos de Ensino Médio são propostos: I- Ensino Médio

Integrado não profissional e II- Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(idem, p.15).

Para garantir a reestruturação e expansão do Ensino Médio com qualidade,

o Grupo interministerial apresentou por meio deste mesmo documento o “Programa

Ensino Médio Nacional”.

O programa propõe uma concepção inovadora do ensino médio numa perspectiva abrangente de formação integral e estruturado na ciência, cultura e trabalho. Considerando a importância das políticas já em andamento para expansão do ensino médio integrado a educação profissional técnica de nível médio, o programa propõe uma expansão mais ampla do ensino médio de formação integral. (BRASIL, 2008 p. 15)

Nove Metas foram estabelecidas pela comissão interministerial para serem

alcançadas até o ano de 2010 dentre as quais estariam o aumento de 10% do

número de matrículas no Ensino Médio; criação de 100 escolas de Ensino Integrado

regular (não profissionalizante); ampliação de 10.000 novas matrículas nos colégios

de aplicação vinculados as Universidades Federais; ampliação de 10.000 vagas nos

colégios de Ensino Médio vinculados ao ministério da defesa e ao Ministério da

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Saúde; federalização/estadualização de 150.000 matrículas de ensino médio nas

esferas municipais. Essas metas denotam a urgência demandada pela constatação

do cenário caótico em que se encontrava esta etapa de Ensino no final da década de

2000, situação que não difere muito da realidade atual como veremos no segundo

capítulo deste texto.

Outras metas também foram estipuladas, porém, sobre estas cabem

ressalvas, dada as contradições e limites que o documento apresenta, quanto à

concepção teórica e política constante no início do texto e quanto as ações por ele

propostas.

O documento parece querer articular interesses antagônicos, ao mesmo

tempo em que se referencia na ideia de educação integral ele propõe o SENAI,

protagonista histórico da dualidade, como alternativa para este fim. A terceira meta,

por exemplo, estabelece a criação de 30 escolas com 15.000 novas matrículas em

parceria com o sistema “S” por meio da articulação com SESI e SESC; pela

implantação de escolas de Ensino Médio com Padrão Nacional de Qualidade; pela

inserção das escolas do Sistema “S” na rede nacional de escolas públicas de Ensino

Médio, (idem, p.16, grifo nosso).

Percebemos nesta meta a clara intenção em reforçar a parceria público-

privado na nova política para o Ensino Médio, característica do projeto Educacional

conservador. Todavia, ressaltamos que esta “parceria” historicamente tem sido

duramente criticada por movimentos em defesa da escola pública, Laica, gratuita e

de qualidade. Como ressalta Oliveira (2005, p.19) “o Estado, ao „resumir‟ suas

práticas ao atendimento dos interesses do capital – ainda que amplie os espaços de

participação política na sociedade – age como instrumento organizador e impositor

dos interesses das elites empresariais”.

Já tratamos anteriormente do projeto de educação do capital e reafirmamos

que ele se contrapõe aos interesses da classe trabalhadora, entretanto a quarta

meta reforça a parceria público-privada quando propõe a “criação de 30escolas de

jovens e adultos com 15.000 novas matrículas de ensino médio em parceria da

união com empresas estatais e privadas” (BRASIL, 2008, p. 17, grifo nosso), Para

esta ação estavam previstas a organização de um currículo específico para jovens

acima de 17 anos e adultos - sem explicitar a especificidade pretendida - e a gestão

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compartilhada das escolas entre União, Estado e Empresas estatais e privadas. A

essência deste fenômeno denominado “parceria” é abordada por Montaño:

Em geral, as organizações do chamado “terceiro setor” não têm condições de autofinanciamento e requerem, particularmente, a transferência de fundos públicos para seu funcionamento mínimo. Esta transferência é chamada, ideologicamente, de “parceria” entre o Estado e a sociedade civil. O Estado, supostamente, contribuindo (financeira e legalmente) para propiciar a participação da sociedade civil. (MONTAÑO,2012 p.05)

A meta de número 9 ainda prevê a “criação do Selo de qualidade das

escolas de ensino médio avaliado por critérios de condições de funcionamento,

gestão e resultados de desempenho” (BRASIL,2008, p.19, grifo nosso). Para Peroni

(2006, p. 115) “a gestão educacional é fortemente influenciada pela ideologia de que

o mercado é parâmetro de qualidade”, a criação de mecanismos de “controle” de

qualidade, a proposta de escolas diferenciadas e o foco nos resultados, são

proposições que depõe contra a concepção de Integração, de formação humana e

revelam as contradições na formulação da política.

Ao analisar a abordagem do ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard

Bowe, Mainardes(2006) sintetiza cada um dos contextos que envolvem a trajetória

das Políticas e Programas, quais sejam: contexto de influência, contexto da

produção de texto, contexto da prática, contexto dos resultados/efeitos e contexto de

estratégia política. Reconhecemos na ação de formação do GT interministerial para

tratar da reestruturação e expansão do Ensino Médio, o primeiro contexto, o de

influência, que segundo Mainardes (2006) é aquele,

(...) onde normalmente as políticas públicas são iniciadas e os discursos políticos são construídos. É nesse contexto que grupos de interesse disputam para influenciar a definição das finalidades sociais da educação e do que significa ser educado. Atuam nesse contexto as redes sociais dentro e em torno de partidos políticos, do governo e do processo legislativo. É também nesse contexto que os conceitos adquirem legitimidade e formam um discurso de base para a política. (MAINARDES 2006, P.51)

O discurso base da Nova Política para o Ensino Médio que se delineava

naquele momento então, estaria expresso no documento que acabamos de analisar.

Uma proposta “inovadora” de Reestruturação e Expansão do Ensino Médio por meio

da inovação curricular; da criação de escolas de Ensino Médio Integrado não

profissional; da parceria publico-privada para construção e gestão compartilhada de

escola para jovens e adultos; parceria e incorporação de escolas do Sistema “S” a

rede pública, entre outras ações já mencionadas anteriormente.

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O documento evidencia o segundo contexto da trajetória da Política, o da

produção de texto que, por conseguinte, está intrinsecamente ligado ao contexto de

influência. As mediações que resultam na formatação final expressam as

contradições do processo de elaboração da política educacional, resultantes de

interesses diversos. Segundo Bowe, 1992:

Tais textos não são, necessariamente, internamente coerentes e claros, e podem também ser contraditórios. Eles podem usar os termos-chave de modo diverso. A política não é feita e finalizada no momento legislativo e os textos precisam ser lidos com relação ao tempo e ao local específico de sua produção. Os textos políticos são o resultado de disputas e acordos, pois os grupos que atuam dentro dos diferentes lugares da produção de textos competem para controlar as representações da política (BOWE et al.,1992 apud MAINARDES, 2006, p.52)

No ano seguinte à produção do documento do GT interministerial, no mês de

fevereiro de 2009, o Ministro da Educação encaminhou ao Conselho Nacional de

Educação (CNE), por meio de ofício e solicitando apreciação em caráter de

urgência, a proposta de experiência curricular Inovadora para o Ensino Médio, a ser

implantada em regime de cooperação com os sistemas estaduais de ensino, sob

responsabilidade da Secretaria de Educação Básica do MEC – SEB/MEC. Após

aprovação do texto pelo parecer no 11/2009 do CNE, aprovado em 30 de junho de

2009, a proposta de experiência Curricular Inovadora é regulamentada e

apresentada às Secretarias Estaduais de Educação no Formato do Programa Ensino

Médio Inovador, cujas especificidades trataremos a seguir.

1.2. O Contexto da Produção de Texto: o Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI)

Compreendemos o contexto de produção de texto como aquele no qual são

produzidos os textos políticos que “representam a própria política” (MAINARDES,

2006:52). Estes textos “são o resultado de disputas e acordos, pois os grupos que

atuam dentro dos diferentes lugares da produção de textos competem para controlar

as representações da política” (BOWE et al.,1992. apud, MAINARDES, 2006:52). É

constituído pelo poder central, propriamente dito, que formula os textos visando ao

direcionamento das ações na prática (LOPES e MACEDO 2006: p.6).

O Programa Ensino Médio Inovador, foi instituído pela Portaria no971 de 9 de

outubro de 2009, é um programa do Governo Federal para as escolas de Ensino

Médio da Rede pública brasileira, que começou a ser implementado a partir de 2010

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por 357 escolas de ensino médio do Brasil e que vem se consolidando enquanto

proposta de ensino para as escolas onde não há o Ensino Médio Integrado à

Educação Profissional.

A implementação do ProEMI está vinculada a uma reestruturação curricular

baseada nos eixos trabalho, ciência, cultura e tecnologia; à diversificação de

Práticas Pedagógicas; ao aumento da carga horária do Ensino médio de 2600h para

3000h, tendo o aluno possibilidades de escolher dentro de 20% de sua carga horária

anual as atividades curriculares das quais deseja participar; à reorganização dos

espaços escolares utilizados no processo ensino aprendizagem; ao monitoramento

do fluxo escolar e à destinação de recursos financeiros para o Desenvolvimento das

Atividades Integradoras.

As orientações básicas do Programa para a elaboração da proposta

curricular de acordo com o documento orientador 2009 estão abaixo sintetizadas:

a) Carga horária mínima de 3.000 (três mil horas), entendendo-se por 2.400 horas obrigatórias, acrescidas de 600 horas a serem implantadas de forma gradativa; b) Foco na leitura como elemento de interpretação e de ampliação da visão de mundo, basilar para todas as disciplinas; c) Atividades teórico-práticas apoiadas em laboratórios de ciências, matemática e outros que estimulem processos de aprendizagem nas diferentes áreas do conhecimento; d) Fomento às atividades de produção artística que promovam a ampliação do universo cultural do aluno; e) Oferta de atividades optativas, que poderão estar estruturadas em disciplinas, se assim vierem a se constituir, eletivas pelos estudantes, sistematizadas e articuladas com os componentes curriculares obrigatórios; f) Estímulo à atividade docente em dedicação integral à escola, com tempo efetivo para atividades de planejamento pedagógico, individuais e coletivas; g) Projeto Político-Pedagógico implementado com participação efetiva da Comunidade Escolar; e h) Organização curricular, com fundamentos de ensino e aprendizagem, articulado aos exames do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e às matrizes de referência do novo ENEM.(BRASIL, 2009a, p.10-11).

Este documento trata de forma genérica o processo de organização do

currículo, sinaliza para um currículo Integrado, porém, vincula-o às matrizes de

referência do ENEM. O Exame Nacional do Ensino Médio é utilizado pelo governo

como instrumento de avaliação desta etapa de ensino e, atualmente, é o ponto de

partida para o ingresso em várias Universidades Públicas brasileiras. Esta é uma

questão que consideramos bastante delicada pois como afirma Carneiro (2013):

[...] à escola e, especialmente ao professor, é delegada a responsabilidade

pela reversão dos possíveis resultados negativos dos seus alunos em um

exame que, por ser centralizado nacionalmente, desconsidera o contexto e

a realidade de cada escola, comparando objetivamente, escolas públicas e

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particulares, situadas nas diferentes regiões do país, com todas as

peculiaridades à elas inerentes. (CARNEIRO, 2013, p.163)

Nos documentos orientadores de 2011 e 2013 a matriz curricular do ENEM

deixa de ser a referência para a organização curricular embora continue como um

dos critérios de acompanhamento e avaliação do Programa. Os documentos

sugerem que a reestruturação curricular (documento 2011) ou os PRC‟s - Planos de

redesenho curricular (documento 2013), sejam feitos a partir de áreas de

conhecimento e definem oito Macrocampos19 a partir dos quais, os PRCs deveriam

ser organizados em diferentes formatos, tais como, “disciplinas optativas, oficinas,

clubes de interesses, seminários integrados, grupos de pesquisas, trabalhos de

campos e demais ações interdisciplinares” (BRASIL, 2013, p.14).

Os macrocampos indicados nos documentos orientadores 2011 e 2013 são:

Integração Curricular20, que é obrigatório; Leitura e Letramento; Iniciação Científica e

pesquisa; línguas estrangeiras; Cultura Corporal; Produção e Fruição das artes;

comunicação, Cultura Digital e Uso de Mídias; e Participação estudantil. (BRASIL ,

2013, p. 14). Cada macrocampo é especificado no documento de 2013 com o

objetivo de orientar o trabalho por áreas de conhecimento.

As áreas de conhecimento podem ser compreendidas como:

Um conjunto de conhecimentos cuja finalidade entre si pode se expressar pela referência a um objeto comum não equivalente aos específicos de cada componente curricular, mas a partir do qual, essas especificidades se produzem. Trata-se de uma Unidade epistemológica e metodológica no âmbito da ciência que, sob o prisma da organização curricular, permite uma integração mútua de conceitos, da terminologia, da metodologia e dos procedimentos de análise. (BRASIL, 2013b p. 15)

A organização curricular por áreas de conhecimento pressupõe o trabalho

Interdisciplinar, considerado necessário pois “decorre da própria forma do homem

produzir-se enquanto ser social e enquanto sujeito e objeto do conhecimento social”

(FRIGOTTO, 2008, p. 43). Identificamos assim, nas orientações curriculares dos

documentos 2011 e 2013 a sua vinculação teórico-política com o projeto de Ensino

integrado.

19

Compreende-se macrocampo o conjunto de atividades didático-pedagógicas que estão dentro de

uma área de conhecimento percebida como um grande campo de ação educacional e interativa, podendo contemplar uma diversidade de ações que qualificam o currículo escolar.(BRASIL, 2011b, p.14) 20No documento orientador de 2014 este macrocampo não aparece mais, dando lugar ao denominado acompanhamento pedagógico

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Com relação ao financiamento, o proEMI estabelece o repasse dos recursos

financeiros diretamente para as escolas por meio do PDDE (Programa Dinheiro

Direto na Escola) e a possibilidade de contratação de profissionais externos às

unidades de ensino para atender aos projetos das unidades escolares bem como a

adequação de espaços físicos para o desenvolvimento da sua proposta curricular21.

O órgão financiador é o Fundo de Desenvolvimento da Educação/ FNDE que é,

responsável pelo cadastro e análise da documentação relativa à habilitação da instituição proponente, indicação orçamentária, trâmites processuais relativos à formalização, repasses dos recursos, acompanhamento da execução financeira e análise da prestação de contas, nos termos da Resolução CD/FNDE Nº 17, de 19/04/2011. (BRASIL, 2011b, p.08)

Os valores previstos estão atrelados ao número de alunos matriculados nas

unidades de ensino com base no senso escolar do ano anterior ao repasse da verba,

podendo variar entre R$50.000,00 (cinquenta mil reais), para escolas com até 700

alunos matriculados e R$120.000,00 (cento e vinte mil) para escolas com matrícula

superior a 2.800 alunos. Tratando-se de escola pública, a possibilidade de repasses

financeiros que possam ser utilizados efetivamente para custear práticas

pedagógicas escolares é pauta histórica da reivindicação por uma escola pública e

de qualidade, e a possibilidade de acessar esses recursos financeiros para o

desenvolvimento de práticas mais interessantes para os alunos(as) é considerada de

extrema importância, ainda que insuficiente se considerada a realidade desses

espaços.

No que concerne ao acompanhamento do fluxo escolar as escolas devem

“acompanhar as suas ações e analisar o impacto delas nos resultados das

avaliações internas, nos indicadores do Censo Escolar (índices de aprovação,

reprovação, evasão, abandono, entre outros) dados do fluxo escolar e nos

resultados do ENEM”(BRASIL, 2013a, p.22).

Às Secretarias Estaduais de Educação compete, entre outras demandas,

fornecer o suporte técnico e legal às escolas para a Implementação do ProEMI;

Garantir que cada escola inserida no Programa disponha de um professor do quadro

21

Inicialmente, em 2010, as escolas deveriam elaborar seu plano de ação pedagógica (PAP) tendo como referência os princípios norteadores constantes no documento orientador de 2009. Em 2011 um novo documento orientador elaborado pelo MEC é apresentado às escolas com novos direcionamentos para a gestão do programa e para a elaboração dos Planos de reestruturação Curricular (PRCs) que substituiriam os antigos PAPs. Os PRCs, denominados de Plano de Redesenho Curricular no documento orientador de 2013, devem conter em detalhes as propostas de Inovação curricular, bem como, os procedimentos metodológicos das “Atividades Integradoras”, organização da carga Horária e planejamento orçamentário.

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47

permanente, com jornada de 40 (quarenta) horas semanais para desempenhar as

funções de “coordenador local e articulador das ações de organização curricular

proposta; Constituir Comitê Gestor do Programa; Gerar o Plano de Atendimento

Global(PAG),e enviá-los, pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e

Controle (SIMEC), para a apreciação da SEB/MEC. (BRASIL, 2011b)

Em 2009, ano em que o programa foi apresentado às escolas de ensino

médio, a adesão ao programa era voluntária e seletiva, isto é, somente algumas

escolas do país iriam participar da fase de experimentação do programa e caberia às

secretarias estaduais promoverem a seleção.

No ano de 2010 as 357 selecionadas iniciaram a experiência com os alunos

que ingressaram no ensino Médio naquele ano. Em 2011, mais escolas brasileiras

aderiram ao Programa e o número aumentou de 357 para 2.000. De acordo com o

documento orientador de 2011, o proEMI é uma das ações que visam garantir o

disposto pela Emenda Constitucional No.59, de 11 de novembro de 2009, que dispõe

sobre a obrigatoriedade do ensino dos 04 aos 17 anos que deverá ser garantida até

2016. Compreendemos também que se trata de uma ação vinculada ao disposto

pelo GT interministerial que resultou no texto já analisado anteriormente.

No mês de setembro do ano de 2009, momento em que o proEMI fora

apresentado para a rede estadual de ensino do Estado do Amapá, estávamos como

professora de geografia, na escola Marechal Castelo Branco, uma das oito escolas

do estado que participariam desta fase inicial do programa. A proposta de Integração

que nos foi apresentada naquele momento era desconhecida pela grande maioria

dos professores, alguns tinham uma noção muito vaga dos pressupostos teóricos e

filosóficos do Ensino Integrado de base unitária como anunciava o documento

orientador. Porém, tal desconhecimento foi secundarizado pela possibilidade de

percepção dos recursos financeiros que chegariam à escola através do Programa

para a realização das atividades denominadas de “inovadoras” ou “Integradoras” e

que poderiam reforçar nossa prática pedagógica possibilitando a melhoria do ensino

para nossos alunos.

Em 2011, um considerável número de escolas de ensino médio solicitou o

ingresso no Programa, passando o estado do Amapá a ter 15 escolas aptas para

apresentarem seus PRCs para o MEC, de modo que, em 2012, o MEC repassou

para esse conjunto de escolas uma soma aproximada de R$ 1.500.000,00 (um

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milhão e quinhentos mil reais) que foram transferidos diretamente para essas

unidades escolares, via PDDE, de acordo com o número de alunos matriculados.

Atualmente são 26 escolas de Ensino Médio vinculadas ao ProEMI no Estado.

Em 2013, em reunião do Fórum Nacional de Diretores de Ensino Médio, no

qual estávamos presentes, o MEC, por meio da Diretoria de Ensino Médio, anunciou

que a partir de 2014 todas as escolas de ensino médio não integradas à modalidade

Profissional, poderiam solicitar sua adesão ao programa, a principal razão desta

ação é promover a Universalização do ProEMI para essas escolas que juntas

respondem por mais de 90% da oferta de ensino médio de todo o Brasil. Isto revela

a importância que ganhou este Programa no Ministério da Educação, constituindo-se

como principal ação política do Governo Federal para o enfrentamento da má

qualidade do ensino médio brasileiro e tendo a ideia de integração como referência.

O Parecer No11/2009 que aprovou a proposta que resultou no proEMI

reconhece a necessidade de mudanças no Ensino Médio para melhorar a qualidade

do Ensino ofertado pela rede pública no país, bem como, expandir o número de

matrículas e diminuir a evasão nesta etapa de ensino. Contudo, considera que:

Além de uma proposta consistente de organização curricular, o avanço da qualidade depende fundamentalmente do compromisso político e da competência técnica dos professores, do respeito às diversidades dos estudantes jovens e da garantia da autonomia responsável das instituições escolares na formulação de seu projeto político-pedagógico. (BRASIL, 2009b, p.03, grifo nosso)

O ProEMI, entretanto, desconsidera uma série de fatores centrais que

afetam o ensino médio brasileiro como a desvalorização do profissional da educação

e as péssimas condições de trabalho a que muitos deles estão submetidos; os

escassos investimentos na estrutura física de muitas escolas brasileiras; a realidade

social dos alunos atendidos pela rede pública de ensino entre outros fatores tão

essenciais quanto um currículo “Inovador”, “criativo” e “flexível” como defendido

pelos pareceristas.

Com relação ao trabalho docente, o parecer ressalta a importância da

“Dedicação Integral” do professor na mesma escola “pressupondo a escolha de

docentes, não só titulados, como com essa dedicação para atuação nas escolas

envolvidas” (BRASIL 2009b, p. 19, grifo nosso). O regime de trabalho do professor

da educação básica, salvaguardando as peculiaridades de Estados e municípios,

tem se mostrado, historicamente, um problema para o profissional da educação que,

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tendo sua carga horária distribuída por escolas diversas acaba se envolvendo em

demandas pedagógicas variadas, comprometendo a qualidade não somente de sua

atuação pedagógica, mas também, da sua formação contínua.

Por isso, pressupor que somente docentes “titulados” deveriam ser os

escolhidos para atuar em determinadas escolas nos remete às metas estabelecidas

no documento anteriormente analisado, produzido pelo GT interministerial, que

estabelece como prioridade a criação de escolas de Excelência referenciadas em

padrões de qualidade privados, como já mencionado aqui. Compreendemos que “a

qualidade da educação tem que ser a melhor possível, mas há que se acrescentar,

no entanto, que a qualidade não é uma questão apenas técnica”, é também

“qualidade política”, como diz Freitas (2012, p.135).

Interessou-nos nesta pesquisa, portanto, compreender como esta política

tem sido materializada no Estado do Amapá, analisar as ações propostas pelas

escolas de ensino médio no âmbito do proEMI, uma vez que, de acordo com

Mainardes (2006, p.53),

[...] os professores e demais profissionais exercem um papel ativo no processo de interpretação e reinterpretação das políticas educacionais e, dessa forma, o que eles pensam e no que acreditam têm implicações para o processo de implementação das políticas

22.

Finalizamos esta seção compreendendo o Programa Ensino Médio Inovador

como uma estratégia da Política de Reestruturação e expansão do Ensino Médio,

pautada nas ideias de integração e de inovação, que começou a ser delineada em

2008 pelo GT interministerial. Identificamos um conjunto de ações que objetivam

promover inovações curriculares visando a melhoria da qualidade do ensino médio

regular de modo a tornar a escola um espaço atrativo aos jovens e adultos desta

etapa de ensino, contribuindo também para a diminuição do abandono escolar.

Constatamos, por meio da análise dos textos orientadores do Programa

elementos de distintos projetos políticos disputando as estratégias a serem adotadas

22

Vale ressaltar que o ano de 2012 foi de intensa luta dos professores da rede estadual do Amapá. Uma greve deflagrada no mês de abril foi duramente rechaçada pelo Governo do Estado que conseguiu na justiça declarar o movimento ilegal e ordenou a volta imediata dos professores às suas atividades sob pena de corte em seus pontos laborais. Muitos professores resistiram, tiveram seus pontos cortados e passaram a perceber por alguns meses seus salários reduzidos ao mínimo legal. O Fato gerou um clima de revolta entre a categoria que após três meses de greve encerrou o movimento sem que suas reivindicações fossem atendidas e os professores que tiveram os dias parados descontados só conseguiram ressarcimento após a reposição da carga horária e mediante ação judicial. O Clima de trabalho nas escolas ficou tenso por quase todo o ano de 2012 e pairava no ar um clima de “boicote” a todas as orientações da Secretaria de Educação que chegava nas escolas.

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para a reorganização do currículo do ensino médio, o que revela a dinamicidade da

realidade na qual convivem, contraditoriamente, a tradição e a renovação, as velhas

formas de propor o currículo e novas formas de pensá-lo, elementos que favorecem

a fragmentação dos saberes ou a sua integração.

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2. O CONTEXTO DA PRÁTICA DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO AMAPÁ: análise do processo de “interpretação e reinterpretação” da política na Escola Gabriel de Almeida Café em Macapá/Ap

Nesta seção analisamos os planos curriculares da Escola Gabriel de

Almeida Café que orientaram a prática do ProEMI nesta unidade escolar no período

de 2010 a 2014. Estes Planos foram construídos por gestores e professores desta

instituição de ensino tendo como referência para sua elaboração os textos políticos

orientadores do Programa23.

De acordo com Ball e Bowe (1992), as políticas não são simplesmente

“implementadas”, mas estão sujeitas a interpretação e, então, passíveis de serem

recriadas (apud MAINARDES, 2006, p.53). O contexto da Prática, segundo esses

autores, é o momento em que a política está sujeita a interpretação e recriação e

onde ela produz efeitos e consequências que podem representar mudanças e

transformações significativas na política original.

As ações dos sujeitos executores da política24, no processo de interpretação

e reinterpretação da mesma, confere ao contexto da prática peculiaridades que

podem ajudar a compreender a materialidade do Programa Ensino Médio Inovador

em escolas de Ensino Médio do Estado do Amapá, sobretudo porque neste

momento coexistem outros dois contextos, o de Influência e o de Produção de Texto

(MAINARDES, 2006, p.59), que se concretizam nos documentos elaborados pelas

unidades de ensino, a partir das orientações do Programa, nos quais estão

expressos seus objetivos e o seu projeto de currículo25.

Para Ball, a produção de materiais práticos é feita no contexto da prática

“para a utilização dentro da atuação”, ou seja,

dentro do contexto de prática, você poderia ter um contexto de influência e um contexto de produção de texto, de tal forma que o contexto de influência dentro do contexto da prática estaria em relação à versão privilegiada das políticas ou da versão privilegiada da atuação. Assim, podem existir

23

BRASIL 2009a; BRASIL 2011b; BRASIL 2013a; BRASIL 2014 24

Reconhecidos nesta pesquisa como os Professores, gestores, alunos e demais funcionários das Escolas e Secretarias Estaduais de Educação (BALL,2006). 25

Projeto de Currículo enquanto “uma intenção e uma realidade que ocorrem num contexto determinado e que são o resultado de decisões tomadas em vários contextos(...) e todo o processo de seu desenvolvimento, é uma interseção de práticas com a finalidade de responder a situações concretas.” (PACHECO, 2003, p.6)

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disputas ou versões em competição dentro do contexto da prática, em diferentes interpretações de interpretações. E, ainda, pode haver um contexto de produção de texto dentro do contexto de prática, na medida em que materiais práticos são produzidos para utilização dentro da atuação. Assim, podem existir espaços dentro de espaços. Podemos refletir a respeito das políticas em termos de espaços e em termos de tempo, de trajetórias políticas, movimentos de políticas através do tempo e de uma variedade de espaço. (MAINARDES e MARCONDES, 2009: p. 307).

Infere-se, portanto, que os Planos de Organização curricular das escolas

que aderiram ao ProEMI a partir de 2009 podem ajudar a desvelar como os sujeitos

executores da política interpretaram e/ou reinterpretaram os textos políticos do

Programa, possibilitando a compreensão do projeto de inovação curricular assumido

por essas instituições de ensino e que balizou suas ações pedagógicas no período

de experimentação ora analisado. Estes foram analisados à luz do conceito de

inovação proposto por Saviani e explicitado na introdução deste relatório.

Nesse sentido, solicitamos à Secretaria Estadual de Educação do Amapá

que nos indicasse dentre as oito escolas, que aderiram ao ProEMI no ano de 2009,

aquela que mais se destacou na experimentação do Programa para que

pudéssemos analisar os Planos Curriculares que orientaram a prática do Programa

no período ora analisado. Duas escolas foram apontadas pela Secretaria, uma delas

foi a Escola Gabriel de Almeida Café.

Optamos por investigar esta escola em razão da análise prévia de seus

indicadores de rendimento e movimento, haja vista que seus índices de reprovação

e abandono nos três primeiros anos de experimentação do ProEMI foram

demasiadamente altos. Contraditoriamente uma das escolas que mais se destacara

na experimentação do Programa é, também, uma das que apresentaram os maiores

índices de reprovação e abandono.

Desta forma, analisamos os documentos que orientaram a prática do

Programa Ensino Médio Inovador na Escola Gabriel de Almeida Café no período de

2010 a 2014, quais sejam: PAP 2010/2011; PRC 2012; PRC 2013; PRC 2014/2015.

Além dos planos curriculares analisamos também o diagnóstico situacional de 2009,

que aponta aspectos da escola naquele ano com relação à infraestrutura, quadro

profissional, financiamento, desenvolvimento de projetos, principais dificuldades, etc.

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53

2.1. O Estado do Amapá: Características Gerais

Segundo o censo26 demográfico de 2014, o Estado do Amapá possui uma

população de 750.912 habitantes. Com uma área de 142.828.520, tem 4.690

habitantes por km2 distribuídas em 16 municípios cuja capital é Macapá.

De acordo com Porto (2005), o estado do Amapá ainda está em construção.

Sua formação baseou-se em gestões institucionais do governo federal (1943 a 1988)

e nas expectativas como Estado, em três períodos econômicos locais: Gênese,

estruturação produtiva e organização espacial (1943-1987); estadualização e

sustentabilidade econômica (pós -1988)27.

Antes de se constituir Estado em 1988 o estado do Amapá foi um Território

Federal, criado em 1943 a partir da antiga comarca vinculada ao Estado do Grão-

Pará e Maranhão denominada Macapá, atualmente capital do Estado.

Em meados do século XVII um destacamento militar localizado em uma

falésia a beira do rio Amazonas, daria origem a fortaleza de São José de Macapá,

localizada na comarca de mesmo nome criada pela Lei provincial no 281 de

06/12/1856, de onde teve inicio a colonização da região de Macapá e o processo de

urbanização do hoje estado do Amapá (TOSTES, 2007, p.4).

Em 1943, a antiga província de Macapá foi separada do estado Pará e

elevada a categoria de Território Federal do Amapá, seguindo a lógica centralizada

no governo federal que, na mesma época, criou outros territórios federais como

Fernando de Noronha, Guaporé, Rio Branco, Ponta Porã e Iguaçu.

A exploração mineral marcou a história do Amapá enquanto território federal.

Em 1943 recebe a instalação da Indústria e comércio de Minérios – ICOMI, que

concentrou suas atividades exploratórias no minério de manganês e foi responsável

pela expansão populacional e econômica no território, sobretudo, nos municípios de

serra do Navio, Pedra Branca e Santana, este último abrigou o Porto por onde

escoavam os minérios e a Vila Amazonas (o conjunto de residências dos

funcionários da Indústria) (idem).

26

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2014/estimativa_dou.shtm Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2014/estimativa_dou.shtm 27PORTO, J.l.R. Transformações espaciais e institucionais do Amapá: conflitos e perspectivas. Anais do X Encontro Nacional de Geógrafos da América Latina- 20 a 26 de março de 2005. Universidade de São Paulo.Disponível em :<http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/ Geografiasocioeconomica/Geografiaespacial/29.pdf> acesso em 26 de novembro de 2014.

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54

Em 1977, na área da Jari Florestal, no atual município de Vitória do Jari,

deu-se início a extração industrial de Caulim pela Caulim da Amazônia (CADAM),

em atividade até os dias atuais, cujo teor do minério é de ótima qualidade, servindo

para beneficiamento de papéis e sendo 90% de sua produção exportada para o

Japão, Suécia, Alemanha e EUA. Apesar da exploração ocorrer em terras

amapaenses, o beneficiamento do minério acontece em Almerim, no Estado do Pará

onde o produto chega por embarcações transportadas pelo rio Jari. (SIMÕES,

2009,p.6)28.

Outras indústrias exerceram atividades complementares relacionadas ás

mineradoras como foi o caso da lavra experimental de cromo pela empresa

Mineração Cassiporé, subsidiaria da ICOMI e a Companhia de Ferro-liga do Amapá

(CFA) dedicada a produzir ligas de ferro-manganês e de ferro-cromo. Para Tostes

(2007),

Naquela época havia uma articulação para que os Territórios Federais do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, tivessem um maior desenvolvimento para o planejamento regional e, na prática, o que aconteceu foi uma série de intenções elaboradas pelos seus dirigentes a fim de responder às imposições do Decreto-Lei n

o 411/69, visando garantir dinamismo político,

jurídico e econômico próprios, apesar de continuarem vinculados às decisões do Governo Central, como se fossem departamentos do Ministério do Interior.(p.3)

Esta vinculação permaneceu até a constituinte, quando o antigo Território

Federal do Amapá passa a ser uma das unidades federativas do Estado brasileiro. A

partir de 1988 o, agora, Estado do Amapá passa a enfrentar os desafios de

emancipar-se também economicamente, haja vista o longo período de manutenção

provido pelo governo central.

Marcam esta “nova” fase da economia e expansão populacional do Amapá a

criação da Área de Livre Comércio(ALC) de Macapá e Santana, oficialmente

implantada em março de 1993 e a Implementação do Programa de Desenvolvimento

Sustentável do Amapá (PDSA) a partir de 1995. Ambos expressaram projetos de

desenvolvimento que não coadunavam com as reais possibilidades de

enfrentamento à crescente demanda populacional gerada pela mineração e pela

implantação da ALC.

28

SIMÕES,H.C.Q. A história e os efeitos sociais da Mineração no Estado do Amapá. Revista eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, n

o2. Dez. 2009

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55

Recentemente novas empresas mineradoras retomaram as atividades em

Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari, a atual extração mineral tem novas

faces, mas, uma dinâmica que não difere muito da antiga quando o assunto é o

desenvolvimento econômico e social da população amapaense. A ALC de Macapá e

Santana não tem mais visibilidade alguma e o serviço público continua sendo o

maior empregador no estado do Amapá.

O espaço natural amapaense é um dos mais preservados do Brasil.

composto por florestas de terra firme, várzeas, manguezais, áreas de cerrado,

possui 15,6% de sua superfície protegidas em áreas de conservação. A localização

geográfica do Estado é um dos motivos da preservação de seu espaço natural haja

vista que os setores industriais e pecuários encontram no isolamento físico da região

um dos maiores obstáculos para a expansão dessas atividades (SIMÕES, 2009).

Sua Capital, Macapá, localiza-se na latitude de 0o, cortada pela linha do

equador, e abriga a maior parte da população do estado. Banhada pelo rio

Amazonas, a cidade recebe anualmente turistas que aportam de navios

transatlânticos no porto de Santana e que incluem a visita à capital amapaense na

rota de cruzeiros com destinos a Amazônia.

2.1.1- A educação amapaense

De acordo com os dados do senso educacional 2013, o estado do Amapá

possui aproximadamente 228. 883 alunos matriculados na Educação básica. Destes,

aproximadamente 37.536 estão no ensino médio29, dos quais 33.391 na rede

estadual, 834 na rede federal e 3.311 na rede privada. A capital Macapá concentra o

maior número de matrículas no ensino médio, 23.292 seguido pelo município de

Santana com 5.473 alunos matriculados nesta etapa de ensino.

De acordo com o censo demográfico do IBGE de 2013, 838

estabelecimentos de ensino estão em atividades no estado sendo 481 na zona rural

(com 65 escolas em áreas indígenas) e 357 na zona urbana. À rede estadual estão

vinculadas 400 dessas unidades de ensino- 251 na zona rural e 149 na zona

Urbana.

29

Dados do Centro de Pesquisas Educacionais da Secretaria de Educação do Estado do Amapá

(CEPE/SEED)

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56

Com relação ao quadro docente da educação básica amapaense, o mesmo

senso aponta que em 2013 eram 8.569 professores em todo o Estado, 5.880

vinculados à rede estadual de ensino; 84 na rede federal; 1.682 na rede municipal e;

923 na rede privada.

Do total de docentes, 121 possuem mestrado: 74 na rede estadual, 26 na

rede federal, 7 na esfera municipal e 14 na rede privada. Com Doutorado são 9

docentes no total: 6 na rede estadual, 1 na rede federal e 1 na rede privada.

Observa-se que a rede estadual é a que concentra o maior número de docentes com

pós-graduação stricto sensu.

Com relação ao financiamento da educação no estado do Amapá o Centro

de Pesquisas Educacionais da SEED/ AP aponta que R$ 862.559.596,00 foram

gastos em 2013 com a educação no Estado do Amapá, dos quais R$

169.389.663,00 com o Ensino Médio, uma media de investimento por alunos de

aproximadamente R$ 4.513,00 anuais.

Os dados do quadro a seguir mostram a execução financeira do Estado no

ano de 2013. Nele podemos observar que as despesas com a administração geral e

com o Ensino fundamental são responsáveis pela maior parte dos recursos.

Fonte: CEPE/SEED-AP

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57

2.1.2- O Ensino Médio no Plano Estadual de Educação do Amapá 2015-2025

Atendendo ao que dispõe a Lei no13.005, de 25 de Junho de 2014, que

aprova o Plano Nacional da Educação brasileira (PNE), no estado do Amapá uma

comissão para elaboração do Plano Estadual de Educação (PEE/AP) apresentou em

2014 a proposta para a condução da educação amapaense para os próximos dez

anos.

O PNE aprovado em 2014, propõe em sua meta de número 03 a

universalização do ensino escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17

(dezessete) anos até 2016. E elevar em 80% a taxa liquida de matrículas no Ensino

Médio até o período de vigência do Plano.

Dentre as estratégias para o ensino médio no que se refere a esta meta30,

estão a institucionalização do programa nacional de renovação do Ensino Médio

com a finalidade de incentivar práticas pedagógicas com abordagens

interdisciplinares estruturadas através da relação teoria e prática por meio de um

currículo mais flexível, com conteúdos diversificados e a utilização de diferentes

linguagens tecnológicas, com a promoção de formação continuada para os

docentes.

Outras estratégias apontadas para o alcance da meta 03 são: garantir

espaços de fruição de arte e esporte integrada ao currículo escolar; reforço de

aprendizagem; Universalização do ENEM fundamentado na matriz de referencia

curricular do Ensino Médio; ampliação da oferta de ensino em tempo integral; busca

ativa da população de 15 a 17 anos que estão fora da escola; expansão da oferta

nos turnos diurno e noturno; desenvolvimento de formas alternativas de oferta do

ensino médio com garantia de qualidade.

Esta série de desafios a serem alcançados enquanto garantia de direito à

educação pública e de qualidade demandou estudos profundos das redes estaduais

no intuito de conhecerem suas realidades e propor ações que caminhem em direção

aos objetivos propostos pelo novo PNE.

O PEE do Estado do Amapá encontra-se atualmente disponível no canal

virtual da SEED/AP para apreciação e sugestões da população amapaense. Nele

encontramos um minucioso diagnóstico da educação amapaense incluindo os

30

Lei no13.005, de 25 de Junho de 2014.

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desafios da garantia da oferta de ensino de qualidade para crianças, jovens e

adultos.

No que se refere ao Ensino Médio Regular, na qual o Programa Ensino

Médio Inovador tem sido experimentado, o PEE (2015-2025) aponta que em 2013

apenas 63,92% dos alunos matriculados nessa etapa de ensino estava na faixa

etária de 14 a 17 anos. Os demais, estavam acima dessa faixa etária (p.26).

Da população nessa faixa etária que estava fora da escola e precisava ser

alcançada a estimativa era de 22.914. Para garantir a matrícula de 100% desses

sujeitos seria necessária a complementação de 24% da capacidade da rede, em

termos absolutos teriam que ser construídas mais 133 salas de aula. O Plano aponta

também que as reprovações e a evasão promovem uma demanda moderada por

matrículas no ensino médio já que a maioria desses alunos se matricula na

Educação de Jovens e adultos.

A meta 04 do PEE/AP estabelece as mesmas estratégias da meta 03 do

atual PNE: o compromisso com a universalização do ensino para as pessoas de 15

a 17 anos até 2016, aumento da taxa líquida de matriculas em 85% até o término da

vigência do Plano: garantia de espaços para fruição das artes e esporte e da cultura

integradas ao currículo; aumento da oferta de ensino médio em tempo Integral; etc.

São 35 metas propostas no PEE/AP, muitas estratégias e enormes desafios

para a garantia de uma educação de qualidade para a população amapaense,

sobretudo para os mais de 22.000 sujeitos entre 15 e 17 anos que precisam ser

alcançados e ter a oportunidade de voltar para a escola.

2.2. O Lócus da Prática: A Escola Estadual de Ensino Médio Gabriel de Almeida

Café

A história31 da Escola Gabriel de Almeida Café se confunde com a história

da educação profissional do Estado do Amapá. Criada em 12 de setembro de 1949

pela Associação Comercial do Amapá, recebeu o nome de Escola Técnica de

Comércio do Amapá e iniciou suas atividades no prédio da antiga Escola Industrial

31As informações sobre a história da Escola Gabriel de Almeida café foram extraídas de seu Projeto Político Pedagógico de 2010. De acordo com a gestora da escola o PPP da instituição encontra-se em fase de reformulação sobretudo para atender às ações que vem sendo implementandas por meio do Programa Ensino Médio Inovador.

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59

de Macapá tendo como objetivo, formar técnicos em contabilidade para suprir as

necessidades do Estado, carente de mão-de-obra qualificada nesta área.

Em 1956 mudou-se para as instalações da antiga Escola Normal de

Macapá, onde permaneceu até 1960. Porém, o dilema da ausência de um prédio

próprio levou ainda a escola a funcionar de 1961 a 1964 no prédio do então Palácio

do Governo , na Praça Veiga Cabral, e de 1965 a 1969 no prédio da prelazia de

Macapá, ainda como instituição particular, tendo já trocado o nome para Escola

Técnica de Comércio do Amapá e funcionando com dois níveis de ensino: o Curso

Ginasial (1ª a 4ª séries) e o curso técnico em contabilidade.

Em 19 de novembro de 1966 integrou-se à rede territorial de ensino por meio

de convênio entre o extinto território do Amapá e a Associação Comercial do Estado,

se instalando em 1969 no prédio da escola Barão do Rio Branco, na condição de

Instituição Pública, quando mudou sua denominação para Colégio Comercial do

Amapá. Em julho deste mesmo ano passou a funcionar definitivamente em prédio

próprio, na Av. FAB no 91, bairro central, onde permanece até os dias de hoje. Em 28

de dezembro de 1982, o Colégio Comercial do Amapá passa a chamar-se Escola

Comercial Gabriel de Almeida Café, em homenagem a seu idealizador32.

No início de 1993, a Lei Estadual no 0138 autorizou o poder executivo do

Amapá a efetuar mudanças na denominação das escolas da rede pública Estadual

de Ensino e esta instituição passou a se chamar Escola Estadual Professor Gabriel

de Almeida Café. No ano seguinte iniciou a extinção gradativa do ensino

fundamental para atender, exclusivamente, as demandas de nível médio, tendo

concluído a extinção em 1998.

Esta escola nasceu para atender às demandas por ensino profissionalizante

do setor comercial do Estado do Amapá e, chegou a ofertar curso de Técnico em

Secretariado, Técnico em contabilidade e Técnico administrativo (este,

posteriormente denominado de Técnico em administração). Em 1996 foi implantado

o Ensino Médio Regular na Escola que se tornou o principal alvo das matrículas

nesta etapa de ensino desde então.

Deste momento em diante os cursos técnicos foram sendo extintos cedendo

lugar para o ensino propedêutico, predominantemente. Em 2003 e 2004 a escola

32

(PPP- Escola Gabriel de Almeida Café/2010)

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60

passou por ampla reforma e ganhou espaço para a modalidade Profissional

Integrada ao ensino Médio onde passou a funcionar o curso Técnico em

Administração, que permanece até os dias atuais e tem grande procura pela

comunidade. Anualmente os alunos deste curso realizam uma “Feira de Negócios”,

evento bastante conhecido entre estudantes de ensino médio de Macapá, momento

em que expõe os resultados das atividades realizadas ao longo do ano letivo,

simulando propostas de empreendimento local.

O Censo Escolar de 2013 registrou 2.127 alunos matriculados na

modalidade regular, sendo estes os que estão cursando esta etapa de ensino

experimentando a organização curricular orientada pelo Programa Ensino Médio

Inovador, a maioria deles reside em bairros periféricos33 próximos ao centro da

cidade de Macapá, onde está localizada a instituição.

São 212 os funcionários registrados no Censo. Com relação à infraestrutura,

a unidade escolar apresenta salas de aula amplas; biblioteca; laboratório de

informática; laboratório de ciências; sala de leitura; sala de atendimento especial;

sala de acolhimento para professores; salas para a direção e coordenação

pedagógica; secretaria escolar; banheiros; quadra poliesportiva; refeitório. Um prédio

grande com áreas de circulação entre as salas de aula, localizado em uma das

principais avenidas da cidade de Macapá, nas proximidades da Secretaria Estadual

de Educação.

Seu Projeto Político-pedagógico encontra-se em fase de reformulação. Em

2010 houve a última alteração no documento para possibilitar a adesão ao ProEMI,

porém, as demandas do contexto escolar nos últimos quatro anos, sobretudo em

relação aos desdobramentos deste Programa na escola fez com que a comunidade

escolar precisasse promover essas mudanças34.

Como resultado de algumas ações curriculares de inclusão digital e uso de

mídias escolares a partir de 2010, alunos criaram canais virtuais35 de comunicação

33

Perpétuo Socorro, Santa Inês, Pacoval, Muca, entre outros. (PPP- Escola Gabriel de Almeida Café, 2010). 34

Esta informação nos foi dada pelo Coordenador do ProEMI nesta escola, professor Armando Sergio, em um dos momentos em que fomos à instituição solicitar cópia de documentos para nossa pesquisa. 35

https://www.facebook.com/escolaestadualgabrielalmeidacafe ;http://gabrielalmeidacafe.blogspot.com.br/ ; https://www.facebook.com/pages/Quarta-Cultural-na-Escola-Estadual-Prof-Gabriel-Almeida-Caf%C3%A9/718035878242671?fref=ts ;

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61

para socialização das atividades desenvolvidas na escola36. Fotografias, relatos de

experiências, vídeos produzidos pelos próprios estudantes podem ser visualizados

nesses endereços eletrônicos.

Fig. 1 - Fachada da Escola Gabriel de Almeida Café

Fonte: Página da Escola Gabriel de Almeida Café no Facebook37

.

2.3 A Integração curricular enquanto pressuposto para um currículo inovador no ProEMI

O currículo é o grande foco do Programa Ensino Médio Inovador. Os

documentos que o orientam propõe uma “nova” forma de concebê-lo, como condição

primordial para a melhoria da qualidade desta etapa final da educação básica.

Cabe ressaltar que este programa converge para o apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento de projetos que visem o aprimoramento de propostas curriculares para o ensino médio, capazes de disseminar nos respectivos sistemas a cultura de um currículo dinâmico, flexível e compatível com as exigências da sociedade contemporânea, (BRASIL, 2009a: p.3).

As diferentes nomenclaturas que esse “aprimoramento curricular “recebe em

cada um dos documentos orientadores, revela que esta questão tem sido alvo de

reflexões e disputas entre os formuladores do Programa. No primeiro documento

esta organização é chamada de PAP - Plano de ação Pedagógica (BRASIL, 2009a),

posteriormente é chamada de Plano de Reestruturação Curricular, PRC,(BRASIL,

2011b) e até o momento recebe o nome de Redesenho Curricular (BRASIL, 2013a;

BRASIL, 2014).

36

Os registros fotográficos utilizados neste texto foram retirados destas fontes virtuais. 37

Disponível em <https://www.facebook.com/escolaestadualgabrielalmeidacafe>

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62

Apesar dos diferentes termos a orientação é a mesma: uma organização

curricular que contemple os interesses dos diferenciados grupos de sujeitos, a

diversidade de práticas pedagógicas com ampliação da carga horária e adequação

e/ou criação de espaços físicos que subsidiem estas atividades (BRASIL 2009a).

O documento base do ProEMI e suas versões reformuladas estabelecem um

conjunto de orientações para que as escolas construam seus Planos Curriculares.

Como mencionado no início deste texto, no âmbito deste Programa, um currículo

inovador deveria ser orientado pela ideia de integração, para isso, as escolas

deveriam, pautadas pelos textos base do Programa Ensino Médio Inovador,

Reorganizar/reestruturar/redesenhar seus currículos. Portanto,

não se trata, assim, de oferecer atividades ora ligadas ao trabalho, ora à cultura ou à ciência ou à tecnologia. O que se está propondo é que todo o currículo do ensino médio se organize a partir de um eixo comum – trabalho, ciência, tecnologia e cultura – e que se integre, a partir desse eixo, o conjunto dos conhecimentos, seja quando se tratar das disciplinas, seja em outras formas de organização do trabalho pedagógico (BRASIL, 2014: p.9).

Para estimular a construção de propostas curriculares organizadas a partir

do eixo trabalho-ciência-tecnologia-cultura, os documentos do ProEMI propõem sua

estruturação a partir de macrocampos visando “a interação direta com o estudante,

podendo também, incluir ações de formação de professores, da gestão escolar e

adequação dos ambientes escolares” estes macrocampos deveriam “dialogar entre

si e com o currículo” (BRASIL, 2011b : p. 13-14).

Desta forma, os planos curriculares construídos pelas escolas, no âmbito do

ProEMI, consistem em um conjunto de ações planejadas, denominadas de

atividades integradoras38, definidas a partir de problemáticas relacionadas ao

contexto específico de cada unidade de ensino e organizadas em macrocampos. O

detalhamento das ações propostas e os objetivos de cada atividade bem como os

recursos didáticos e o custo financeiro também são informados no plano.

Nesse sentido, o currículo, em todas suas dimensões e ações deverá ser elaborado de forma a garantir o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento dos estudantes por meio de ações e atividades que contemplem, nessa perspectiva de integração curricular, a abordagem de conhecimentos, o desenvolvimento de experiências e a promoção de atitudes que se materializam na formação humana integral, gerando a reflexão crítica e a autonomia dos estudantes (BRASIL, 2014: p.9).

38BRASIL, 2011b.

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Nesse sentido, estariam as escolas amapaenses, inseridas no Programa

Ensino Médio Inovador, propondo uma inovação curricular orientada pela ideia de

integração, com foco na formação humana e integral de seus alunos? O que

revelam, sobre isso, o PAP e os PRC‟s da Escola Gabriel de Almeida Café, apontada

pela SEED/AP como uma das escolas que mais se destacaram nos primeiros anos

de experimentação deste Programa? Qual a concepção de educação e currículo que

prevalece nesses documentos?

Essas questões nortearam a análise dos planos desta escola. Ao analisá-

los, buscamos compreendê-los enquanto resultado do processo de interpretação e

reinterpretação dos textos políticos do Programa Ensino Médio Inovador e que,

orientaram a prática do ProEMI nesta unidade escolar nos cinco primeiros anos de

experimentação deste Programa. Tendo sido construídos e executados por seus

professores e gestores, esses documentos revelaram o Projeto educacional desta

Unidade escolar, sua concepção de currículo e de inovação.

2.4- A proposta de organização Curricular Inovadora da Escola Gabriel de

Almeida Café/AP nos anos de 2010 a 2014

Baseados nos conceitos de Inovação de Saviani (1980), Ferreti (1980) e

Pereira; Mercuri e Bagnato (2010), já expostos anteriormente, compreendemos que

uma proposta curricular inovadora deve subordinar o processo educacional à novas

finalidades, enfrentar a fragmentação do saber buscando novas respostas aos

problemas colocados pela realidade social, objetivando a formação mais ampla

possível de jovens e/ ou adultos do Ensino Médio, qualificando-os para intervir na

sociedade de forma mais autônoma e consciente.

Esta foi a concepção de inovação que balizou nossa análise dos Planos

Curriculares da Escola Gabriel de Almeida Café no período de 2010 a 2014.

Contudo, ressaltamos que nossa investigação não objetivou apenas verificar se

estes planos orientaram práticas inovadoras ou não na escola em tela, mas também,

compreender o processo de interpretação e reinterpretação dos textos políticos do

ProEMI por professores e gestores que resultou nestes planos curriculares que

orientaram a prática do Programa na instituição pesquisada durante o período

investigado.

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2.4.1- O projeto de Currículo

A organização curricular assumida pela Escola Gabriel de Almeida Café,

materializada nos documentos ora analisados, revelam dimensões do contexto da

prática do ProEMI, inalcançáveis pela análise única de indicadores educacionais. Há

cinco anos, escolas de ensino médio de diversos Estados do Brasil propõe e

experimentam currículos orientados pelas diretrizes deste Programa e pouco se tem

registrado sobre isso.

O Programa Ensino Médio Inovador é apresentado em seu documento base

como uma das ações do PDE 2007 para induzir mudanças curriculares no ensino

médio por meio de um conjunto de orientações julgadas essenciais para a melhoria

da qualidade do ensino médio:

O documento apresenta inicialmente os pressupostos que indicam a necessidade do estabelecimento de políticas educacionais para os adolescentes e jovens, com a oferta de ensino médio de qualidade, de acordo com os indicativos sobre a organização curricular para esta etapa da educação básica, adequados às perspectivas da sociedade moderna, capazes de fomentar e fortalecer as experiências exitosas desenvolvidas pelos Sistemas de Ensino, consoante ao contexto de suas unidades escolares (...) este programa converge para o apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento de projetos que visem o aprimoramento de propostas curriculares para o ensino médio, capazes de disseminar nos respectivos sistemas a cultura de um currículo dinâmico, flexível e compatível com as exigências da sociedade contemporânea (BRASIL, 2009a, p 3)

Como mencionado anteriormente, o texto mostra que o currículo é, portanto,

o foco central deste Programa, seus formuladores partem do pressuposto de que é

necessário mudar a forma como as escolas o organizam para que a qualidade do

ensino médio possa ser melhorada. Partem do reconhecimento de que a estrutura

curricular vigente não atende aos interesses dos sujeitos do ensino médio o que

resulta no fracasso escolar com destaque para o alto índice de jovens que estão fora

da escola ou que a abandonam. A concepção de currículo que norteia as diretrizes

deste Programa é a de:

(...) elemento orientador da organização do trabalho escolar, pressupondo desde o planejamento da gestão da escola até o momento destinado à coordenação dos docentes, coerente com uma proposta educativa que deve ter as condições adequadas à sua concretização, tendo-se clareza sobre a função social da escola, percebendo-se as dinâmicas da sociedade. (idem, p. 8)

O texto segue recomendando que para essa organização devem ser

consideradas as Diretrizes Curriculares Nacionais bem como as diretrizes dos

respectivos Estados, apoiando-se na ação coletiva dos sujeitos e nas teorias

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educacionais. A metodologia para a organização da proposta deve ser a indicada

pelo Programa através de seus documentos orientadores.

Propõe-se, dentro de um processo dinâmico, participativo e contínuo, estimular novas formas de organização das disciplinas articuladas com atividades integradoras, a partir das inter-relações existentes entre os eixos constituintes do ensino médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. (Idem, p.7)

Como condições básicas que devem orientar a organização curricular estão:

o aumento gradativo da carga horária do ensino médio; foco na leitura como

interpretação do mundo nas diversas disciplinas; utilização de laboratórios para o

desenvolvimento de atividades teórico-práticas; fomento a atividades artísticas;

oferta de atividades optativas sistematizadas e articuladas com os componentes

obrigatórios; estímulo à atividade docente em tempo Integral na mesma unidade

escolar; projeto político pedagógico implementado com a efetiva participação da

comunidade escolar; e organização curricular articulada ao Sistema Nacional de

Avaliação da Educação básica e das matrizes de referência do ENEM, (idem, p. 10-

11).

O primeiro plano da escola (PAP de 2010) revela que as ações propostas,

naquele momento, concentraram-se na aquisição de materiais didático-pedagógicos

e de expediente, para a dinamização de atividades escolares, e a proposta de

criação de uma rádio escolar. Nota-se um planejamento predominantemente

direcionado para a melhoria da infra-estrutura da unidade escolar como mostra seu

resumo no quadro 01.

Quadro 01: Plano de Ação Pedagógica da Escola Gabriel de Almeida Café- ano

de 2010

Ação/Atividade Meta Especificação

Aquisição de materiais de

expediente diverso

Atender a comunidade

escolar com materiais de

expediente no ensino

médio inovador

Bola de basquete alcochoada;

colete esportivo em poliéster em

cores diversas; banco ótico

composto de 32 peças incluindo

manual de montagem e

sugestões para experiências;

Magic hologram – mirage 3D;

demonstrador de propagação da

pressão; calorímetro elétrico com

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66

resistor; limpador de contatos

elétricos; chaves diversas para

para manutenção de

microcomputadores; aspirador

portátil para microcomputadores

Utilizar material didático

atualizado e de caráter

interdisciplinar para

dinamização das

atividades docentes.

Oferecer 80% de

material didático

atualizado para

substanciar e dinamizar

as atividades docentes

Adaptador profissional digital para

microscópio- zoom de 10 a

1000x; dinamômetro 10N;

Desenvolvimento embrionário.

Proporcionar atividades

que integrem teoria e

prática numa perspectiva

interdisciplinar e de

caráter científico

Promover em 40%as

atividades de caráter

científico para os alunos

do ensino médio em

projetos desenvolvidos

em laboratórios.

Microscópio biológico trinocular

1600x; gerador eletrostático, tipo

VBM de gradff 110 volts; Plano

inclinado; conjunto de mecânica

estática; conjunto de acústica e

ondas; pêndulo de Newton com 5

esferas.

Implantar uma rádio

escola para socialização

de informações e

conhecimentos

Alcançar 100% da

comunidade escolar Caixa amplificada de 50 watts

Mobiliar adequadamente

os ambientes de

aprendizagem para dar

condições de atendimento

aos alunos e professores.

Mobiliar 100% dos

ambientes escolares

tidos como prioritários

Estante Esc. 6 prat (desmontar);

cadeira em plástico reforçado

sem braço, cor branca.

Fonte: PAP 2010 da Escola Gabriel de Almeida Café. Documento de circulação restrita da SEED/AP

Com exceção da proposta de criação de uma rádio escolar, as outras ações

do PAP de 2010 restringem-se à necessidade de subsidiar, materialmente, práticas

já existentes na unidade escolar e melhorar aspectos estruturais na instituição.

Portanto, o documento revela que, neste primeiro ano de prática do Programa

Ensino Médio Inovador na Escola Gabriel de Almeida Café, as propostas de ações

da escola resumiram-se a indicar como os recursos financeiros do Programa seriam

aplicados, isto revela que, neste momento, o ProEMI era reconhecido por seus

executores apenas como uma fonte de apoio financeiro para “incrementar” a prática

pedagógica na unidade de ensino.

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67

A partir deste ano também inicia o aumento da carga horária do ensino

médio nas escolas que aderiram ao Programa no Estado. Os turnos matutino e

vespertino deixam de ter 5 (cinco) horas-aulas e passam a ter 6 (seis) horas aulas,

isto é, os alunos passam a ficar mais tempo na escola a partir de 2010. Contudo, o

PAP não deixa claro como esse aumento na carga horária foi trabalhado.

No ano de 2011, o documento base do ProEMI propõe a reorganização

curricular em oito macrocampos: acompanhamento pedagógico; iniciação científica e

pesquisa; Leitura e letramento; cultura corporal; cultura e artes; comunicação e uso

de mídias; cultura digital; e participação estudantil. Estes três primeiros

macrocampos são obrigatórios, a escola deve propor ações nestas três dimensões e

as demais serão abordadas de acordo com as necessidades de cada unidade

escolar.

Neste mesmo ano, na Escola Gabriel de Almeida Café são propostos seis

projetos a serem desenvolvidos no âmbito do ProEMI: “Reprovação e evasão:

Tolerância Zero”; “ENEM: desafios e possibilidades”; “Projeto Vitrine Literária”;

“Projeto iniciação científica”; “Jogos da Integração Gabrielense”; e “Integrando

ambientes de aprendizagem”.

Esses projetos tinham por finalidade desenvolver “atividades interativas,

integradas e integradoras dos conhecimentos e saberes, dos tempos, dos espaços e

dos sujeitos envolvidos com a ação educacional”39, conforme orientado pelo

documento base do Programa.

Uma vez por semana os alunos deveriam participar das atividades,

previamente escolhidas por eles, ou planejadas especificamente por séries, como é

o caso das ações preparatórias para o ENEM. Até o ano de 2014 essas atividades,

denominadas de integradoras, ocorriam nas quartas-feiras. Neste dia, a organização

das turmas de alunos é feita de acordo com as atividades integradoras

desenvolvidas na unidade de ensino, assim, quem participa do reforço de

aprendizagem pelo projeto Reprovação e evasão zero, se dirige para turmas

específicas para isso, quem está no preparatório para o ENEM se agrupa em outras

turmas e assim por diante.

39

(BRASIL, 2014: p. 8)

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68

Este conjunto de propostas expressam o “Projeto de Inovação Curricular”

assumido por professores e gestores desta instituição e que foram desenvolvidos no

âmbito do Programa Ensino Médio Inovador no período analisado nesta pesquisa.

Trataremos a seguir de cada uma delas.

2.4.1.1. Reprovação e evasão: Tolerância Zero – Macrocampo: Acompanhamento Pedagógico (obrigatório)

De acordo com os PRC‟s analisados, este projeto tinha como principal

objetivo, diminuir os índices de reprovação e evasão na escola, por meio do

monitoramento do desempenho dos alunos nas avaliações. O Acompanhamento

familiar, o reforço de aprendizagem e a avaliação do corpo docente pelos discentes

também fazem parte das estratégias para enfrentar esse problema.

No quadro a seguir, podemos observar como gestores e professores da

escola Gabriel de Almeida Café propuseram enfrentar essa problemática a partir do

ano de 2012.

PRC 2012

Ação/Atividade “Ação e prevenção para perspectivas reais na formação e educação

dos jovens”

objetivo Tem o objetivo de reduzir o nível de reprovação nas disciplinas críticas e

possibilitar uma formação consistente e com foco definido nas escolhas

dos alunos, esclarecendo suas dúvidas. Disciplinas: Matemática, Língua

portuguesa, língua Espanhola, Sociologia, História e Artes. Através de

orientações e testes vocacionais, oficinas, visitas as feiras de

vestibulandos, simulados, pesquisas bibliográficas e de campo, palestras,

rádio escolar, construção de blog, divulgação através de folders, murais,

exibição de vídeo. Ocorrerá no LIED, na sala de leitura e TV escola, com

CH de 40h para alunos de 2º ano e 100h para alunos de 3º ano.

Meta Reduzir em 70% o nível de reprovação nas disciplinas críticas e

possibilitar uma formação consistente e com foco definido nas escolhas

dos alunos, melhorando o desempenho em leitura e escrita, o

relacionamento interpessoal e o poder de decisão.

PRC 2013

Ação/Atividade “Projeto Reprovação e Evasão”

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Objetivo

Em virtude do alto índice de reprovação em alguns componentes

curriculares nos dois últimos anos constatados através do mapa de

rendimento anual, busca-se reverter este quadro no tempo de dois anos.

Propor atividades para matemática, química e língua portuguesa

para aprofundar conhecimentos dos estudantes; proporcionar aos alunos

a reconstrução de suas competências e habilidades, tendo em vista o

aprimoramento da aprendizagem. Carga horária 100h. público alvo: 1º, 2º

e 3º ano do Ensino Médio e serão ministradas pelos professores destes

componentes, com planejamento acompanhado pela coordenação

pedagógica e atividades extras acompanhadas pela família do Estudante.

Os conteúdos deverão usar uma metodologia focada na defasagem de

conteúdos que o aluno apresenta.

Meta

Diagnosticar no início do ano letivo os alunos com dificuldades

em matemática, química e língua portuguesa e contatar com a família para

o acompanhamento em casa; as temáticas serão desenvolvidas através

de aulas expositivas, aulas práticas e palestras.

PRC 2014/2015

Ação/Atividade “Projeto Reprovação e Evasão: tolerância zero”

Objetivo

Com carga horária de 40h/a, será feito acompanhamento familiar

e monitoramento individual pela equipe técnica e docente da escola,

através de telefonemas à família, conversas individuais e em grupo,

relatórios mensais e reforço. De acordo com os resultados avaliativos

bimestrais, serão desenvolvidas estratégias de trabalho com os

professores e equipe técnica para organização de ações de prevenção

que venham minimizar as dificuldades detectadas com os discentes;

Organização de conselhos de classe; realização de avaliação do docente

pelo aluno e auto avaliação; oficinas e dinâmicas de trabalho para a

sensibilização da importância da família no acompanhamento dos alunos;

palestras e encontro com os pais durante os bimestres, levando em

consideração a frequência do aluno e a sua efetiva participação nas

atividades pertinentes aos componentes: matemática, física, biologia e

artes.

Meta Não especificado no plano

Fonte: PRC´s 2012; 2013; 2014/2015 da Escola Gabriel de Almeida Café

No ano de 2012, os alunos do 2º e 3º ano eram os destinatários desta

proposta e a reprovação o problema a ser enfrentado. Para reduzir em 70% o índice

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70

de reprovação entre esses alunos e melhorar o desempenho em leitura e escrita

bem como seu poder de decisão, propõe-se “orientações e testes vocacionais,

visitas a feiras de vestibulandos, pesquisas bibliográficas, palestras” etc.

Em 2013 o foco era o “aprimoramento da aprendizagem” em todos os anos

do ensino Médio visando aprofundar seus conhecimentos e proporcionar a

“reconstrução de suas competências e habilidades” o acompanhamento familiar é

indicado como pressuposto para o sucesso do projeto.

No PRC de 2014/2015, além do acompanhamento familiar, o monitoramento

individual dos alunos, o reforço de aprendizagem a avaliação do professor pelo

discente e a organização dos conselhos de classe são ações apontadas para o

enfrentamento da reprovação e da evasão na escola.

Este projeto está circunscrito no macrocampoAcompanhamento pedagógico,

apontado no documento base do ProEMI como obrigatório. De acordo com este

documento,

As atividades propostas, portanto, poderão contemplar um ou mais componentes, tendo em vista o objetivo de aprofundar conhecimentos específicos, seja por necessidade ou interesse, por meio de um planejamento flexível, estabelecendo conteúdos e metodologias diferenciados e contando com maior tempo disponível para professores e estudantes realizarem suas práticas pedagógicas. O macrocampo Acompanhamento Pedagógico poderá contemplar uma ou mais áreas de conhecimento com foco na diversidade de temáticas de interesse geral e de conteúdos. As atividades desenvolvidas neste macrocampo poderão estar articuladas a outros macrocampos e ações interdisciplinares da escola, ou ainda, com outros programas e projetos tendo em vista as expectativas e necessidades dos estudantes em relação à sua trajetória de formação (BRASIL 2014: p.9).

Nota-se que a escola cumpre a “prescrição” do texto ao propor ações no

macrocampo considerado obrigatório e o faz indicando variadas estratégias de

trabalho, porém, não aponta como as articulará aos objetivos da proposta. O

acompanhamento pedagógico resume-se ao monitoramento dos indicadores, dos

professores e do acompanhamento familiar.

Os planos sinalizam que gestores e professores relacionam o problema da

reprovação à questões como a defasagem de conteúdos, as metodologias utilizadas

no trabalho disciplinar e o não acompanhamento familiar dos alunos no

desenvolvimento das atividades escolares. Isto denota que tanto professores quanto

gestores assumem que a solução para o problema da reprovação e da evasão

depende de suas ações e da aproximação com a família dos discentes.

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71

Portanto, o monitoramento do rendimento dos alunos, a aproximação da

escola com a família e a utilização de “novas” metodologias são as propostas deste

projeto consideradas como inovadoras para o enfrentamento à reprovação e o

abandono escolar.

2.4.1.2.ENEM: desafios e possibilidades – Macrocampo: Leitura e letramento (obrigatório)

Este projeto foi proposto a partir do PRC de 2013, e visa envolver todos os

alunos do Ensino Médio da escola em atividades com foco no Exame Nacional do

Ensino Médio- ENEM

O Projeto atende as novas exigências do Ministério da Educação quanto à reestruturação curricular, afim de garantir o acesso a educação de qualidade aos jovens do Ensino Médio. Desse modo, as ações a serem desenvolvidas dentro das Atividades Integradoras estão voltadas para a perspectiva de melhor compreensão das habilidades de leitura, interpretação e produção de textos em diversos gêneros, incluindo estudos científicos e literários, tendo em vista as expectativas dos estudantes em relação a sua trajetória de formação. As Atividades Integradoras estão em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - DCNEM e a Matriz de Referência do Ensino Médio. (PRC 2013: p. 2)

Entre as atividades a serem desenvolvidas estão os simulados e revisões de

conteúdos, orientação vocacional, excursões a instituições de ensino superior,

palestras, mesas redondas, feiras e simpósios sobre perspectivas para o mercado

de trabalho, etc. (PRC 2014). Quanto às estratégias de trabalho o projeto deveria,

Proporcionar aulas expositivas com foco na Matriz de Referência do ENEM; seminários sobre a escolha profissional, pesquisas bibliográficas e as vantagens de inclusão do jovem ao nível superior; Incentivar intensamente a prática de leitura; proporcionar aulas diferenciadas com foco na matriz de referência do ENEM; organizar seminários sobre a escolha profissional e as vantagens dos programas federais (PROUNI e SISU); intensificar a prática de leitura através de leituras programadas (PRC 2013: p.2).

O principal objetivo dessas atividades seriam preparar o aluno para o

ingresso no ensino superior através da realização do ENEM e ao mesmo tempo

familiarizá-lo com o universo das profissões. Uma proposta necessária, imposta pela

realidade educacional brasileira que reconhece, inclusive legalmente, o Exame

Nacional de Cursos como a “porta” de acesso ao ensino superior na maioria das

universidades públicas do país, bem como nas instituições privadas por meio de

programas sociais.

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72

Contudo, mostra-se reveladora do caráter dual desta etapa de ensino que

historicamente contrapõe formação propedêutica, requisitada para o ingresso no

ensino superior, e a formação profissional para atender aos sistemas produtivos.

(FRIGOTTO E CIAVATTA, 2011: p. 625).

As estratégias de trabalho requeridas para o alcance dos objetivos deste

projeto evidenciam o estilo “performativo”40 da proposta. Nota-se que a maioria das

ações planejadas visam potencializar o desempenho dos alunos no ENEM

sobretudo no campo da leitura e letramento. Nesse sentido, os formuladores deste

projeto sinalizam que a preparação dos alunos para o Exame Nacional do Ensino

Médio deve ser feita e/ou reforçada em momentos específicos, como se fosse um

trabalho à parte do processo de formação dos alunos nesta etapa final da educação

básica.

Neste projeto, portanto, a preparação dos alunos para o ENEM é o foco

central das ações. Propõe-se a inovação através da diversificação de práticas que

reforcem os conteúdos requeridos para o bom desempenho dos alunos no Exame. A

ênfase curricular está na performatividade e não na integração.

2.4.1.3. Projeto Vitrine Literária – Macrocampo: Produção e fruição das artes

Este projeto é descrito no PRC de 2014/2015 como,“pedagogicamente, o

projeto de maior amplitude por envolver toda a comunidade escolar, parceiros e

colaboradores” (p.03).

O macrocampo Produção e fruição das artes orienta que as ações propostas

Deverão desenvolver conhecimentos que incorporem práticas de elaboração nas diversas formas de expressão artística, apreciação, análise, fruição, crítica e produção artística nas diversas linguagens (pintura, dança, música, escultura, cinema, teatro, ecotécnicas, contação de história, literatura e outras), ampliando o desenvolvimento do estudante em aspectos relacionados ao senso estético, à relação entre cultura, arte, trabalho, ciências, relações sociais e com o ambiente, articulando estes aos diferentes campos do conhecimento (BRASIL, 2014: 12).

Entre as estratégias propostas para a realização deste projeto estão a

40

Refere-se à associação do currículo com o alcance de metas de desempenho ( BALL, 2006; LOPES, 2006).

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73

- Interface em todas as áreas do conhecimento favorecendo a interdisciplinaridade; - Homenagem a uma personalidade artístico -literária que represente o contexto atual, no ano de 2014 será a autora Clarice Lispector; - Apresentação dos resultados das práticas pedagógicas que os professores produziram em seus projetos integradores durante o ano; - Homenagem a Literatura e Música amapaense; - Apresentação de música, dança, teatro, criação e declamação de poesia, exposições diversas, fotografia, pintura, gravuras, textos, exibição de vídeos – debates, mesa redonda; -Socialização de todas as produções com pais, alunos e toda equipe docente e técnica da escola através de uma grande evento que represente a VITRINE LITERÁRIA (PRC 2014/2015:03).

Este momento congrega o resultado das ações de outros projetos

desenvolvidos na unidade escolar no decorrer do ano letivo. Destacam-se as

atividades artísticas como pinturas em tela, apresentações musicais, encenações

teatrais, danças, etc. Algumas dessas ações podem ser observadas nas Figuras 02

e 03.

Nos canais virtuais da escola, seus alunos promovem intensa divulgação do

evento de culminância do projeto Vitrine Literária, antes, durante e depois da ação,

por meio da divulgação de fotos e vídeos que mostram a grandiosidade do trabalho

desenvolvido pela comunidade escolar.

o presente projeto oportuniza aos alunos e professores a aproximação com os mais diversos textos literários, desenvolvendo ações dentro das atividades integradoras voltadas para o desenvolvimento de conhecimentos que incorporem práticas de elaboração nas diversas formas de expressão artística, apreciação, análise, fruição, crítica e produção artística nas diversas linguagens, oportunizando a comunicacidade e o fortalecimento de sua relação com a escola, através da sua participação ampla nas mais diversas linguagens artísticas e culturais, valorizando ainda talentos da escola e dos artistas amapaenses (PRC,2013: 03).

Essa ampla participação na construção de diversas linguagens artísticas e

culturais sinaliza para o atendimento das orientações descritas nos documentos

orientadores do ProEMI. As figuras a seguir demonstram o envolvimento dos alunos

com a produção e fruição das artes.

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74

Fig. 02 - Produção de telas para exposição no Projeto Vitrine Literária

Fonte: Página da Escola Gabriel de Almeida Café no Facebook41

Fig. 03 – Ensaio de alunos para apresentação na Vitrine Literária

Fonte: Página da Escola Gabriel de Almeida Café no Facebook42

Nestas fotos e vídeos os alunos parecem envolver-se de forma bem

dinâmica com as atividades realizadas neste projeto, contudo, o PRC não especifica

41

Disponível em: <https://www.facebook.com/escolaestadualgabrielalmeidacafe/photos_stream?ref=page_internal> acesso em janeiro de 2015. 42

(Idem)

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75

de que forma elas deveriam se integrar aos conteúdos escolares. Propõe a

interdisciplinaridade e o estímulo à produções artísticas variadas.

Nota-se que o foco deste projeto está no estímulo ao desenvolvimento das

diversas formas de artes e na diversificação de atividades que favoreçam o

desenvolvimento do potencial artístico dos alunos e suas necessidades de

expressões diversas. A leitura e a literatura parecem ser o elemento em torno do

qual as atividades interdisciplinares deveriam se estruturar.

Entretanto, não encontramos nos planos, evidências que sinalizem para a

integração curricular neste projeto. Como seu nome sugere, as ações desenvolvidas

ao longo do ano são “expostas” na Vitrine Literária, nesse momento os diversos

projetos da escola se relacionam do ponto de vista da exposição das produções de

seus alunos, parece ser essa relação concebida pela escola como o momento de

integração curricular.

2.4.1.4. Jogos da Integração Gabrielense – Macrocampo: cultura corporal

De acordo com o texto base do ProEMI, as ações propostas no macrocampo

Cultura corporal, devem,

Propiciar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento da consciência corporal e do movimento; a compreensão da relação entre o corpo e as emoções e, entre o indivíduo, o outro e o mundo, abordando a importância de atitudes saudáveis e sustentáveis como formas de ampliar a compreensão do sujeito sobre si mesmo e de seu lugar no mundo. As atividades deverão considerar a identidade local e o intercâmbio com outras culturas e as propostas poderão contemplar esportes de campo e de mesa, artes marciais ou outras atividades corporais (permacultura, atividades circenses, malabarismo, yoga, tai chi chuam, maculelê, karatê, judô, capoeira, dentre outras) (BRASIL, 20114: 12).

A escola Gabriel de Almeida Café, indica nos PRC‟s de 2012, 2013 e

2014/2015, que desenvolve um conjunto de ações voltadas para a prática de

diversas modalidades de esporte.

A oferta de atividades esportivas nas escolas públicas da Cidade de Macapá

beneficia muitos sujeitos de áreas periféricas que nelas estudam. Sobretudo

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76

daqueles que moram nas áreas denominadas “ressaca”43, ambiente natural

característico do relevo macapaense que é ocupado por muitas famílias, em sua

maioria migrantes de outros Estados e/ou outros municípios do Amapá.

Os Jogos da Integração gabrielense propõem “ações múltiplas que visam a

maior e mais significativa participação do discente em atividades de expressão

corporal, com ênfase em quatro modalidades esportivas coletivas e seis individuais”

(PRC 2014/2015, p.02),

O foco é na interdisciplinaridade e a construção das relações sócio-afetivas dentro do espaço escolar. Além de incentivar a valorização dos esportes, a cultura de vida saudável, os princípios de solidariedade, respeito e justiça, também desperta o aluno para o espírito desportivo. Para isso, serão organizadas comissões de diversas categorias de trabalho, para tanto professores quanto alunos se insiram e assuma seu papel na construção do projeto. Depois ocorrerá as competições, desportivas, culturais e cognitivas, com a presença da família prestigiando os resultados das participações de todos (PRC 2014: 03).

As imagens do projeto, encontradas nas páginas virtuais da escola sinalizam

uma intensa participação de alunos e alunas nessas atividades (imagem 04 e 05).

Mas, apesar de os PRC‟s indicarem a interdisciplinaridade como pressuposto para

as ações planejadas, o que fica evidente é a sua vinculação à disciplina de

Educação física e como foco central as competições desportivas.

Não identificamos nos PRC‟s e nem as imagens e vídeos, produzidos pelos

alunos e divulgados nas redes sociais da escola, sobre este projeto, sinalizam para

uma integração curricular. A relação com outros campos do conhecimento resume-

se a “divisão de tarefas entre toda a equipe técnica e docente, a fim de distribuir as

atividades para viabilização das ações em toda a escola”(PRC, 2013: 03), isto é, a

integração proposta restringe-se ao campo das relações profissionais, a somar

esforços para a realização das atividades planejadas.

43

As áreas de ressaca constituem-se em um reservatório natural de água provinda de rios, marés e

chuvas, cercadas por terras argilosas originando, consequentemente, um biossistema o qual abriga diversas espécies biológicas. (BRITO, A.M, et.al. Análise da legislação aplicável nas áreas de ressaca no Município de Macapá. Planeta Amazônia: Revista Internacional de Direito e Políticas Públicas. Macapá, n.4, p.01-12, 2012). Disponível em:

<http://periodicos.unifap.br/index.php/planeta/article/download/873/639> Acesso: fevereiro de 2015.

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77

Fig. 04 –Abertura dos Jogos da Integração Gabrielense 2013

Fonte: Página dos Jogos gabrielense no Facebook44

Fig. 5 – Jogos Gabrielenses 2014

Fonte: Página dos Jogos gabrielenses no Facebook45

Este projeto, portanto, relaciona o campo cultura corporal à prática de

esportes e competições esportivas, extremamente positivas quando relacionadas ao

contexto espacial e social da população amapaense, o que se revela na intensa

participação dos alunos verificada nas imagens e vídeos disponíveis em seus canais

virtuais.

44

Disponível em :<https://www.facebook.com/jogosgabrielenses> Acesso em janeiro de 2015 45

(idem)

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78

Porém, os planos analisados não sinalizam para uma integração curricular,

pelo contrário, reforça a ideia de que discutir a cultura do corpo restringe-se à área

da educação física, ou seja, propõe-se como inovação maior dinamicidade

metodológica, contudo, para atender a mesma finalidade de ensino.

2.4.1.5. Projeto iniciação científica – Macrocampo: iniciação científica e pesquisa (obrigatório)

Apontado no texto base do ProEMI como de caráter obrigatório, as ações

propostas no macrocampo Iniciação científica e pesquisa deverá,

Propiciar a aproximação com o modo pelo qual a ciência é produzida e socializada. A vivência de práticas de produção de sentido, a experiência com diferentes formas e possibilidades de produção de conhecimento e o contato com as questões de ordem ética, próprias do campo científico, serão capazes de enriquecer e qualificar a experiência formativa dos estudantes(...) Neste sentido, as atividades de Iniciação Científica e Pesquisa poderão desenvolver-se nos mais variados espaços do contexto escolar, incluindo os laboratórios e outros espaços acadêmicos e de pesquisa. As ações podem ser desenvolvidas por meio de projetos de estudo e de pesquisas de campo, envolvendo conteúdos de uma ou mais áreas de conhecimento, com vistas ao aprofundamento e à investigação organizada sobre fatos, fenômenos e procedimentos. Deverão contemplar o desenvolvimento de metodologias para a sistematização do conhecimento, por meio da experimentação, da vivência e da observação, da coleta e análise de dados e da organização das informações a partir da reflexão sobre os resultados alcançados (BRASIL, 2013: 16-17).

No PRC de 2012, a criação deste projeto é justificada pela “dificuldade na

implementação de uma abordagem experimental ao ensino das ciências da

natureza”, cujas disciplinas representavam maior nível de dificuldades entre os

alunos do 1º ano e, também, pela necessidade de familiarizar os alunos do 3º ano

com os procedimentos “e pesquisa de campo característicos do ensino superior”. A

meta era aumentar em 80% o rendimento dos alunos nas disciplinas de física,

química e biologia (PRC 2012: 01).

O laboratório de ciências da natureza da Escola Gabriel de Almeida Café é

apontado no PRC de 2012 como “o lugar por excelência para os alunos do primeiro

ano do ensino médio aprenderem como observar, discriminar, organizar, classificar,

experimentare engajar-se em processos de ciência”. Predomina na proposta a

concepção experimental de ciência, relacionada à disciplinas das ciências naturais.

No PRC de 2013, o projeto deveria ter como objetivos:

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Ressignificar os conhecimentos dos discentes na pesquisa científica, oportunizando o processo de investigação de fenômenos que precisam ser conhecidos através da vivência e estímulo pela motivação externa e curiosidade intencional para desenvolver um aprendizado significativo de domínio e aplicação de técnicas e métodos científicos com a utilização de laboratórios, grupos de estudo, pesquisa bibliográfica e documental de forma que possibilite um olhar diferente sobre o objeto do conhecimento, e ainda o desenvolvimento da formação científica e da criatividade, no confronto direto com os problemas oriundos da pesquisa. Para isso também o projeto possibilitará integração entre teoria e prática compreendendo a organização e o desenvolvimento de conhecimentos científicos nas diferentes áreas do conhecimento (PRC 2013: 03)

“As estratégias de pesquisa envolvem, “experimentos”, “inventos”, “

excursões a laboratórios de análises clinicas”, “apresentação e exposições em feiras

de ciências” etc. (PRC, 2014: p.02). Os Planos revelam que para os formuladores

deste projeto, “propiciar a aproximação com o modo pelo qual a ciência é produzida

e socializada” significa aplicar procedimentos de pesquisas relacionados à

observação, experimentação dos fenômenos investigados.

Portanto, este projeto propõe como inovação, o desenvolvimento de práticas

de experimentação e investigação científica como forma de aproximar o aluno do

ensino médio dos métodos de pesquisas, considerados pelos formuladores desta

proposta, próprios do ensino superior. A introdução destas práticas no ensino médio

é muito positiva, quando tomada enquanto apreensão de métodos inerentes a

construção de novos conhecimentos.

Entretanto ao tomar como finalidade a preparação desses alunos para a

“produção científica do ensino superior”, este projeto pode acabar reforçando o

caráter “preparatório” do ensino médio, característica histórica desta etapa de ensino

com a qual o ProEMI se propõe a romper.

2.4.1.6. Integrando ambientes de aprendizagem- Macrocampo: Comunicação,

cultura digital e uso de mídias

No macrocampo Comunicação, cultura digital e uso de mídias, as atividades

propostas,

Deverão desenvolver processos relacionados à educomunicação, para a criação de sistemas comunicativos abertos, dialógicos e criativos nos espaços educativos, que possibilitarão condições de acesso às diferentes mídias e tecnologias, ferramentas, instrumentos e informações que desenvolvam a ampliação da cultura digital e suas múltiplas modalidades de comunicação (...) A partir de processos criativos as atividades deverão envolver vivências em espaços de atuação e interação que ampliem a

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utilização de métodos, técnicas e dinâmicas, utilizando recursos tecnológicos e compreendendo as novas relações na comunicação, mais democráticas, igualitárias e menos hierarquizadas. Poderão ser desenvolvidas uma diversidade de atividades como: fanzine, cordéis, informática e tecnologia da Informação, rádio escolar, jornal escolar, histórias em quadrinhos, fotografia, vídeos, atividades de pesquisa, dentre outros (BRASIL, 2013: p.19-20).

O projeto Integrando os ambientes de aprendizagem, como o próprio nome

indica, promove a integração dos diversos ambientes de aprendizagem da unidade

escolar (Telessala, biblioteca, sala de mídias, Laboratório de Informática). Entre as

ações desenvolvidas estão “produção de vídeos, curta metragem, documentários e

ficção, portifólios, álbuns virtuais, blogs, grupos sociais” (PRC 2014/2015 p.03).

Outro destaque deste projeto é a equipe multimídia, formada por alunos que

registram as atividades da escola e produzem documentários, entrevistas e

chamadas para os eventos que ocorrem ao longo do ano letivo46, todas as

produções muito bem elaboradas podem ser visualizadas nos canais virtuais criados

pelos estudantes.

Em 2012 foi lançada a primeira revista deste projeto com a temática

ambiental: Água, Fonte de sobrevivência do planeta, produzida pelos próprios alunos

(imagem 06).

Imagem 06 – Projetos de capa da Revista

46

A equipe já produziu vários vídeos que podem ser visualizados nas páginas da escola no Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/video.php?v=297746147096208&set=vb.287135798157243&type=2&theater&notif_t=comment_mention >

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Fonte: Blog do Projeto Integrando Ambientes de Aprendizagem47

No Ano de 2013 as ações se voltam para potencializar os aprendizados de

conteúdos tendo o ENEM como foco.

com foco na preparação dos estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio. Este projeto está voltado para os estudantes da 1ª série pelo fato de que na faixa etária de 14,15 e 16 anos o jovem dispõe de muita energia e a Escola precisa situá-lo dentro do contexto escolar e voltar sua atenção para essa nova e última etapa da educação básica que é o ensino médio. Usar as mídias como meio de inserção do aluno para a aprendizagem é aliar a necessidade da escola as tecnologias que o jovem gosta. Motivar o uso das mídias e tecnologias de forma pedagógica; Orientar os estudantes para a importância do Exame Nacional do Ensino Médio; incorporar o uso das mídias para a dinâmica da interdisciplinaridade(PRC, 2013: p. 05).

Nota-se que, no ano de 2013, o uso de tecnologias estimulado por esse

projeto assume por finalidade atrair o aluno para o espaço escolar, quando

reconhece a dificuldade de garantir sua “atenção para o Ensino Médio”. Todas essas

atividades, ressalte-se que muito interessantes, podem até ajudar a atrair o aluno

para a sala de aula, mas não se mostram suficiente para garantir sua “inserção para

a aprendizagem”.

Ao direcionar o foco da integração dos ambiente e a produção e o uso de

mídias para potencializar a preparação dos alunos para o ENEM, o PRC revela,

mais uma vez, que a orientação curricular da escola prioriza a matriz de referência

do ENEM na formação de seus alunos.

Por fim, a proposta de inovação deste projeto estaria no uso das tecnologias

educacionais como estratégia para reduzir o abandono escolar e na utilização dos

diversos ambientes para reforçar a preparação dos alunos para o ENEM.

Ao analisarmos os planos curriculares da escola Gabriel de Almeida Café,

nos orientamos pelo conceito de Inovação expresso no início deste texto, ou seja,

buscamos identificar se as propostas de inovação, expressas nos PRC‟s analisados,

se orientavam pela ideia de integração e propunham novas finalidades para o

processo educacional, se propunham estratégias para enfrentar a fragmentação do

saber e/ou, indicavam novas respostas aos problemas colocados pela realidade

social, objetivando a formação mais ampla possível de jovens e/ ou adultos do

ensino médio, qualificando-os para intervir na sociedade de forma mais autônoma e

47

http://gabrielalmeidacafe.blogspot.com.br/2013/10/integrando-os-ambientes-de-aprendizagem.html

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82

consciente. Portanto, inovar na perspectiva da integração pressupõe assumir

finalidades educacionais articuladas a processos de transformação social.

Nesse sentido, buscamos identificar em cada um dos projetos propostos nos

Planos curriculares, elementos reveladores da orientação para a prática do

Programa Ensino Médio Inovador na escola Gabriel de Almeida Café, que

evidenciam o processo de interpretação e reinterpretação da política por seus

sujeitos executores.

Assim, identificamos que no ano de 2010, o Plano de Ação Pedagógica

(PAP), priorizou a aquisição de materiais de expediente e a reestruturação de alguns

espaços escolares. Notamos que, nesse ano, a ênfase do plano curricular centrou-

senas propostas de aplicação dos recursos financeiros que deveriam receber a partir

da adesão ao ProEMI. Não há indicação neste documento de propostas inovadoras

orientadas pela ideia de integração. Nota-se uma diversificação que sinaliza uma

mudança de forma mas não de conteúdo.

Do ano de 2011 até 2014/2015, a escola elegeu seis macrocampos em torno

do quais vem organizando suas propostas de inovação curricular, atendendo às

prescrições do documento base do Programa Ensino Médio Inovador. A análise

desses projetos revelou que:

A partir da adesão ao ProEMI, dois Projetos de currículo passaram a orientar

o trabalho pedagógico na escola Gabriel de Almeida Café: um deles é ofertado

regularmente, em quatro dias da semana com seis tempos de aula (6 h/a),

organizado em disciplinas referenciadas na matriz curricular do ENEM e que já

orientava o trabalho docente na instituição de ensino antes do início da adesão da

escola ao Programa Ensino Médio Inovador.

O outro projeto, construído de acordo com o texto base do ProEMI,

compreende um conjunto de seis propostas com ações diversificadas que é

trabalhado na escola em um dia da semana. Trata-se de uma organização curricular

não disciplinar na qual alunos trabalham temas variados ofertados através de

oficinas, palestras, aulas expositivas, excursões, experimentações em laboratórios,

prática de esportes, etc.

Os Planos analisados não revelam se em algum momento esses dois

currículos se relacionam. O que podemos perceber é que ora os alunos trabalham

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conteúdos disciplinares essencialmente propedêuticos, ora desenvolvem atividades

ligadas à expressão corporal, fruição das artes, reforço de aprendizagem etc., ou

seja, aspectos da formação humana cuja organização regular do currículo,

tradicionalmente focada no conteúdo disciplinar não costuma desenvolver.

Nesse sentido, ao provocar a existência de dois projetos de currículo na

escola que se realizam de formas distintas e/ou paralelas, a experimentação do

ProEMI, nesta unidade de ensino, acaba reforçando a fragmentação curricular.

Com relação às finalidades educacionais que orientam as propostas

contidas nos PRC‟s analisados, identificamos que em quatro dos seis projetos

propostos como inovadores pela escola, o foco das ações acaba direcionado as

atividades para a preparação para o ENEM. Ou seja, propõe-se “novas” estratégias

para atender as mesmas finalidades.

A preocupação em relacionar o currículo a metas de desempenho, como no

caso das ações que visam potencializar os alunos para a realização de avaliações

externas, a escola acaba orientando-se pela “performatividade” ao invés da

integração. A esse respeito Lopes (2006) afirma que na perspectiva da

performatividade,

as identidades sociais são forjadas na lógica das performances (desempenhos) a serem expressas, conferindo ao conhecimento a relação restrita com o que pode adquirir visibilidade nos desempenhos a serem medidos (...)Melhores currículos são entendidos como os que garantem melhores desempenhos, nas avaliações e no mercado, cabendo às propostas curriculares prescrever as orientações capazes de projetar as identidades dos docentes para a inserção na cultura da performatividade (p.46).

Na análise do texto Político do ProEMI, e de suas versões reformuladas,

realizada na primeira seção deste relatório, identificamos que a proposta do

Programa orienta a construção de um currículo escolar que rompa com o caráter

performático que historicamente vem caracterizando o ensino médio regular . Nas

versões de 2009 e 2011 há a orientação para que as escolas articulem seus

currículo ao Sistema Nacional da Educação Básica e à matrizes do ENEM (BRASIL

2009: p 11). Na versão de 2014, a orientação é que a organização curricular deve

considerar as áreas de conhecimento que também são orientadoras do ENEM, e

que os alunos devem ser estimulados a realizar o exame. Mas não é a cultura da

performatividade que orienta a proposta curricular defendida pelo Programa.

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84

Contudo, a constatação de que as matrizes de referência do ENEM orientam

algumas propostas no âmbito do ProEMI revela uma das contradições do Ensino

Médio brasileiro, sobretudo na sua modalidade regular: as finalidades do ensino

nesta última etapa da educação básica tendem a centrarem-se na absorção dos

conteúdos cobrados nestas provas em detrimento de um conjunto de outros

conhecimentos tão, ou mais, importantes quanto os cobrados no exame48.

À escola impõe-se o desafio de melhorar a qualidade desta etapa de ensino

por meio de práticas inovadoras, mas os meios disponibilizados aos alunos para

prosseguir seus estudos no ensino superior continuam os mesmos e demandam, de

professores e gestores, esforços diversos para garantir que seus alunos não sejam

excluídos, mais do que já são, desse processo.

Nessa perspectiva, no processo de interpretação e reinterpretação da

política, professores e gestores da Escola Gabriel de Almeida Café, consideraram

como prioridade preparar os alunos para o ENEM, ainda que o texto político do

Programa sinalize em outra direção. Isto, de acordo com Ball, evidencia versões em

competição dentro do contexto da prática (MAINARDES e MARCONDE, 2009: 306).

Ressaltamos, porém, que uma multiplicidade de atividades foram propostas

pela escola no âmbito do ProEMI no período analisado. O monitoramento do

desempenho dos alunos, o estreitamento da relação com a família desses

estudantes, o reforço de aprendizagem, o estímulo à práticas de esportes no

ambiente escolar, o trabalho coletivo na organização dessas atividades,a iniciação à

pesquisa científica, a interdisciplinaridade, etc. Consideramos muito positivas essas

propostas. São reveladoras de que a escola não tem se furtado do debate em torno

da necessidade de repensar as práticas curriculares do ensino médio.

Entretanto, a análise dos Planos da escola em tela demonstrou que os

projetos propõe-se a diversificar a prática escolar mas não estabelecem novas

48 Sobre esta questão ver: CARNEIRO, V.L. Política de Avaliação e Trabalho Docente no Ensino

Médio. 2008.261f. Tese- Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará. Programa de Pós-graduação em Educação; e FREITAS, L.C. Responsabilização, meritocracia e privatização: conseguiremos escapar ao neotecnicismo? In: Seminário de Educação Brasileira, 3. Centro de Estudos, Educação e Sociedade, Campinas, Fevereiro. 2011.

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85

finalidades de ensino, nesse sentido tem pouca força inovadora. O que indica que, o

projeto de “escola interessada”49 ecoou com muito mais força entre professores e

gestores do que o projeto Gramisciano de “escola desinteressada”, que respalda

teoricamente a proposta de inovação orientada pela integração curricular, contida no

texto base do ProEMI.

Na seção seguinte analisaremos o contexto dos resultados/efeitos,

considerado por Ball como uma extensão do contexto da prática (MAINARDES e

MARCONDES, 2009).

49Imediatista, instrumental, atrelada aos interesses produtivos capitalista ( FRIGOTTO,2001)

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3- O CONTEXTO DOS RESULTADOS/EFEITOS DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR NO ESTADO DO AMAPÁ : uma análise dos indicadores de rendimento e movimento de alunos que experimentaram o ProEMI no período de 2010 a 2012

O contexto dos resultados é aquele no qual “as políticas deveriam ser

analisadas em termos de seu impacto e das interações com desigualdades

existentes” (MAINARDES, 2006: p.54). Para Ball, este contexto é uma “extensão do

contexto da prática”.

em grande parte, os resultados são uma extensão da prática. Resultados de primeira ordem decorrem de tentativas de mudar as ações ou o comportamento de professores ou de profissionais que atuam na prática. Resultados de segunda ordem também acontecem, ou pelo menos alguns deles acontecem, dentro do contexto de prática, particularmente aqueles relacionados ao desempenho, a outras formas de aprendizado (MAINARDES e MARCONDES, 2009: p.306).

.

Nesse sentido, na segunda seção já pudemos perceber alguns efeitos de

primeira ordem como a convivência de dois projetos de currículo na Escola Gabriel

de Almeida Café a partir de sua adesão ao ProEMI, que sinaliza para uma

“desintegração” curricular, quando a proposta do Programa defende justamente o

contrário.

Neste terceiro momento, analisamos o que consideramos efeitos de

segunda ordem- como apontado por Ball na citação anterior. Os indicadores de

rendimento (aprovação e reprovação) e o de movimento (abandono) são apontados

no documento base do Programa (BRASIL,2009) como o principal instrumento de

avaliação e monitoramento da experiência curricular, anunciada como inovadora,

desenvolvidas nas escolas. Como afirmado anteriormente, os formuladores do

ProEMI partem do pressuposto de que a inovação curricular provocaria melhorias na

qualidade do ensino e isto se refletiria na melhoria dos indicadores educacionais

(BRASIL, 2009: p. 20).

Desta forma, para a apresentação dos resultados de nossa investigação,

optamos por tratar nesta terceira seção dos efeitos50 do ProEMI nos indicadores de

50A ideia de que as políticas têm efeitos, em vez de simplesmente resultados, é considerada por Ball

como mais apropriada (MAINARDES, 2006: p.54)

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87

rendimento e movimento dos alunos atendidos pelo Programa na sua fase inicial de

experimentação no estado do Amapá.

Por isso, com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP), analisamos os indicadores Educacionais de

Rendimento e movimento (Aprovação, Reprovação e abandono)51 dos alunos que

ingressaram no Primeiro ano do Ensino Médio em 2010 e deveriam concluir esta

etapa de ensino no ano de 2012.

Para tanto, os dados referentes ao ano de 2010 são aqueles dos alunos que

cursaram o 1º Ano em 2010. Os dados referentes ao ano de 2011 são de alunos que

estavam no 2º Ano e em 2012 estavam no 3º Ano, de tal maneira que,

conseguíssemos analisar possíveis relações destes indicadores com a “Experiência

Curricular anunciada como Inovadora” por essas unidades de ensino. Utilizamos

como parâmetro comparativo os dados do ano de 2009- ano anterior ao início da

experimentação do Programa nas escolas amapaenses.

Sobre a Reprovação e o Abandono Escolar na educação básica, sobretudo

no ensino Médio, ISLEB (2014, p.38) afirma que os diversos fatores internos e

externos à escola podem interferir nos resultados do fluxo escolar52. Afirma também

que:

No caso do abandono, as redes estaduais e municipais têm conseguido diminuir o seus índices nos últimos anos. Em relação à reprovação é possível perceber que esta problemática tem se mantido e agravado, principalmente nas esferas federal, estadual e privada. Ou seja, os resultados do fluxo escolar revelam que muitos jovens podem não demonstrar sucesso na sua trajetória escolar, passando por reprovação, sucessivas repetências ou por abandono dos seus estudos.(idem)

51

Embora tenham relação, as taxas de transição( Fluxo escolar) não podem ser confundidas com as taxas de rendimento, pois estas indicam o resultado de cada período letivo e se expressam nas taxas de aprovação, reprovação e abandono, condições nas quais cada aluno deve ser classificado ao final do período letivo. Às vezes, a evasão é, erroneamente, tomada como abandono, mas este configura um quadro de afastamento do aluno do processo escolar durante o período letivo, com frequência inferior a 75%. Caso o aluno nessa condição não se matricule no ano seguinte, como pode se dar, também, para os que foram aprovados ou reprovados, será então considerado evadido. (ALAVARSE, O.M; MAINARDES,J. Fluxo Escolar. Dicionário de verbetes. Disponível em <http://www.gestrado.org/?pg=dicionario-verbetes&id=7>)

52

O Fluxo Escolar indica a progressão de alunos de uma coorte, em determinado nível de ensino, em relação à sua condição de promovido, repetente ou evadido. Essa condição é informada por cada escola brasileira até o Dia do Censo - a última quarta-feira do mês de março -, para cada um de seus alunos, levando-se em conta sua vinculação ao processo de escolarização, no ano anterior, independentemente da escola que tenha frequentado.(idem)

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88

Ao analisar o fluxo escolar de alunos de seis regiões metropolitanas do país,

Souza, Ponczec e Rocha (2011) chegaram a quatro fatores que estão diretamente

relacionados ao problema da reprovação e da evasão no Brasil. O primeiro deles é

que a não aprovação ainda é uma barreira para o ingresso no ensino médio e para

sua progressão ideal; o segundo refere-se ao fato da não aprovação ter perdido

importância nos últimos anos para a evasão escolar; o terceiro relaciona a educação

dos pais com o sucesso e permanência dos filhos na escola; e o quarto aponta que a

qualidade da escola é um elemento importante para o sucesso do aluno.

Outro fator relacionado a esta questão refere-se ao importante papel que os

professores precisam cumprir na luta contra o fracasso escolar (LIBÂNEO, 20013,

p.43). Para além das condições sociais, materiais, físicas e psicológicas, que

interferem no sucesso escolar, há a necessidade de a escola “proporcionar um

ambiente necessário de estimulação” para o desenvolvimento intelectual de seus

alunos e nesse aspecto o professor tem importante participação.

Desta feita, ao se apresentar como uma possibilidade de melhoria da

qualidade do ensino Médio, e pressupor a diminuição da Reprovação e do abandono

nesta etapa de ensino (BRASIL 2011b), o ProEMI nos provoca a necessidade de

investigação dos indicadores educacionais dos sujeitos por ele atendidos nas

escolas amapaenses. Justifica também a análise desses dados o fato de os

documentos orientadores do Programa os apontarem como mecanismos de

avaliação e monitoramento da experiência curricular inovadora.

3.1- Análise dos Indicadores Educacionais das escolas que iniciaram a experimentação do ProEMI a partir de 2010.

No ano de 2009, oito escolas estaduais de ensino médio do estado do

Amapá aderiram ao Programa Ensino Médio Inovador, mas, somente no ano

seguinte a “nova” proposta curricular começa a ser praticada. Das 8 (oito) escolas,4

(quatro) estão localizadas em Macapá, capital do estado, são elas: E.E.E.M Gabriel

de Almeida Café; E.E.E.M Marechal Castelo Branco; E.E.E.M Tiradentes; E.E.E.M

Maria Carmelita do Carmo. As outras 4 (quatro) localizam-se no município de

Santana: E.E.E.M Augusto Antunes; E.E.E.M Osvaldina Ferreira; E.E.E.M Francisco

Walcy Lobato; E.E.E.M Rodoval Borges.

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89

Nesta terceira seção, analisamos os indicadores de rendimento e movimento

das oito escolas que iniciaram a experiência curricular inovadora no estado do

Amapá em 2010. Como mencionado anteriormente, de acordo com o documento

base do ProEMI, os formuladores do Programa esperam que a experiência curricular

inovadora desenvolvida pelas escolas que aderirem ao Programa repercuta na

alteração positiva desses indicadores.

Passemos agora para a análise dos indicadores de rendimento e movimento

das oito escolas de ensino médio do estado do Amapá que iniciaram a

experimentação do Programa Ensino Médio Inovador no ano de 2010.

3.1.1 - Escola Marechal Castelo Branco

Na tabela de número 1 podemos observar os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Castelo Branco, esses dados serviram de base para a escola estimar suas metas

ao planejar suas propostas de inovação. Na tabela de número 2 é possível observar

os indicadores de aprovação, reprovação e abandono dos alunos que cursaram o

ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI no período de 2010 a 2012.

TABELA 1: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA MARECHAL CASTELO BRANCO (ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 72,6 78,6 82,7

Reprovação 7,3 7,8 5,8

Abandono 20,1 13,6 11,5

Fonte:INEP- Indicadores Educacionais/2009

TABELA 2- INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA MARECHAL CASTELO BRANCO (2010-2012)

INDICADOR 1º ano/2010 (%) 2º ano/ 2011 (%) 3º ano/ 2012 (%)

Aprovação 62,1 66,5 72,8

Reprovação 11,3 29,0 4,1

Abandono 26,6 4,5 23,1

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais 2010;2011;2012

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90

Os dados da tabela 01 mostram que, a Escola Marechal Castelo Branco,

teve aumento progressivo dos índices de aprovação de seus alunos no período de

2010 a 2012 . Contudo, quando comparados aos dados de 2009 , ano anterior a

adesão da escola ao ProEMI, verificamos que no período de 2010-2012 os

percentuais de aprovação diminuíram quando comparados com os dados do ano de

2009.

Quanto aos índices de Reprovação, tanto em 2010 quanto em 2011, as

taxas são superiores às do ano de 2009, somente em 2012 verificamos uma queda

na taxa de reprovação, a menor registrada no período de 2009 a 2012, em contra

partida, neste mesmo ano, cresce o índice de abandono. Ou seja, a diminuição no

índice de reprovação em 2012 não repercutiu no aumento significativo da aprovação

e sim do aumento do número de alunos que abandonaram a escola.

No que se refere ao percentual de abandono, em 2010 há um aumento de

6,5% em relação a 2009, quando o índice de abandono foi de 20,1%. Em 2011 este

percentual cai 22.1% em relação a 2010, uma queda significativa, porém, verifica-se

o aumento no percentual de reprovação como explicado anteriormente.

De modo geral, percebe-se que na Escola Castelo Branco, em comparação

com o ano de 2009 , os indicadores não se mostram superiores, com exceções de

períodos de redução nas taxas de abandono mas que,no entanto, se refletiu no

aumento das taxas de reprovação.

3.1.2 - Escola Tiradentes

Na tabela de número 3 estão expressos os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Tiradentes, esses dados serviram de base para que a escola estimasse suas metas

ao planejar suas propostas de inovação. Na tabela de número 4 é podemos observar

os indicadores de aprovação, reprovação e abandono dos alunos que cursaram o

ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI no período de 2010 a 2012.

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TABELA 3: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA TIRADENTES(ANO/ 2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 77,4 86,2 78,8

Reprovação 9,8 7,5 14,0

Abandono 12,8 6,3 7,2

Fonte:INEP- indicadores educacionais/2009

TABELA 4:INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA TIRADENTES (2010-2012)

INDICADOR ANO 2010 (%) ANO 2011 (%) ANO 2012 (%)

Aprovação 83,2 87,7 -

Reprovação 9,9 9,2 -

Abandono 6,9 3,1 -

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

Quanto aos dados da Escola Tiradentes, não consta na planilha dos

indicadores educacionais do INEP os registros do 3º Ano de 2012, por isso

analisamos apenas os dados de 2010 e 2011. Quando comparados com os dados

de 2009, os indicadores de aprovação tanto de 2010 quanto de 2011 ficaram acima

dos índices do mesmo período de 2009. Já os índices de reprovação tiveram um

aumento sutil quando comparados com o ano de 2009.

Com relação aos índices de abandono nota-se uma considerável diminuição

no ano de 2011 quando comparados com o ano de 2010. Ao compararmos os dados

de 2010 e 2011, percebe-se que os índices melhoram em todos os aspectos, há um

aumento do índice de aprovação, e a redução dos índices de reprovação e

abandono.

A análise demonstra que os indicadores da escola Tiradentes melhoraram

em relação ao ano de 2009. Contudo, a ausência dos dados do ano de 2012

comprometem a profundidade de nossa análise, uma vez que não conseguimos

avaliar a situação de rendimento e movimento dos alunos que deveriam concluir o

ensino médio neste ano.

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3.1.3 – Escola Maria Carmelita do Carmo

Podemos observar na tabela de número 5 os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Maria Carmelita do Carmo, esses dados serviram de base para que a escola

estabelecesse suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de

número 6 estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono

dos alunos que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI

no período de 2010 a 2012

TABELA 5: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA MARIA CARMELITA DO CARMO (ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 66,4 71,4 75,6

Reprovação 14,0 6,5 8,3

Abandono 19,7 22,4 16,1

Fonte: INEP - indicadores educacionais/2009

TABELA 6: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA MARIA CARMELITA DO CARMO (2010-2012)

INDICADOR ANO 2010 (%) ANO 2011 (%) ANO 2012 (%)

Aprovação 64,6 87,1 74,8

Reprovação 18,9 5,2 16,2

Abandono 16,5 7,7 9,0

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

Com relação à Escola Maria Carmelita do Carmo, os dados mostram que

no ano de 2010 há uma diminuição dos índices de aprovação quando comparados

com os dados do 1º ano de 2009 e um aumento no percentual de reprovação

enquanto que, diminui o percentual de abandono quando comparados com o dados

do ano de 2009.

No ano de 2011 constata-se uma melhora em todos os índices quando

comparados tanto com os dados de 2009 quanto com os dados de 2010: Aumenta o

percentual de aprovação e diminuem os percentuais de reprovação e abandono. Já

em 2012 o percentual de aprovação cai em relação a 2011, mas, permanece acima

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do índice de 2009. O Percentual de reprovação e abandono também voltam a subir e

se mostram acima dos índices verificados no mesmo período de 2009.

Quando comparamos os indicadores da escola Carmelita do Carmo no

período entre 2010 a 2012 com os dados de 2009, verificamos queas alterações são

sutis. Ressaltamos, porém, que houve uma considerável redução no percentual de

abandono na escola no período analisado, e quando comparados esses índices de

abandono com o dados de 2009 também se verificou uma significativa redução do

número de alunos que abandonaram a escola nos três primeiros anos de

experimentação do ProEMI.

3.1.4 - Escola Gabriel de Almeida Café

Na tabela de número 7 podemos observar os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Gabriel de Almeida Café, esses dados serviram de base para que a escola

projetasse suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de

número 8 estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono

dos alunos que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI

no período de 2010 a 2012.

Ressaltamos que a análise prévia dos dados desta escola revelou aspectos

do rendimento e movimento de seus alunos no período de 2010 a 2012 que nos

instigou a investigar a prática do ProEMI nesta unidade de ensino, como já exposto

na segunda seção deste relatório.

TABELA 7 INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA GABRIEL DE ALMEIDA CAFÉ (ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 58,8 73,4 55,9

Reprovação 18,3 11,6 28,6

Abandono 22,9 15 15,5

Fonte: INEP- indicadores educacionais /2009

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TABELA 8: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA GABRIEL DE ALMEIDA CAFÉ (2010-2012)

INDICADOR ANO 2010 (%) ANO 2011 (%) ANO 2012 (%)

Aprovação 55,5 66,3 39,3

Reprovação 20,9 23,6 37,7

Abandono 23,6 10,1 23

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

Os indicadores de Aprovação da escola Gabriel de Almeida Café, revelam

que, em 2010 os alunos que cursaram o 1º ano do Ensino Médio atendidos pelo

ProEMI tiveram rendimento inferior aos dos alunos que cursaram a mesma série no

ano anterior, à adesão ao Programa.

Os números de 2011, porém, demonstram que quando estes alunos

cursaram o 2º Ano, tiveram um aumento de 10,8% em relação ao 1º ano, mas ainda

assim, quando comparados às taxas dos alunos que cursaram o 2º ano em 2009 os

indicadores se mostram inferiores, uma diferença de 7.1% a mais em 2009.

A taxa de aprovação de 2012 (39,3%), referente ao rendimento dos alunos

que chegaram ao 3ºano, é a menor do período analisado e demonstra uma queda

de 16.6% em relação ao 3º Ano de 2009. Nota-se um percentual muito baixo de

aprovação e índices muito altos de reprovação.

Com relação ao indicador de Reprovação percebe-se um progressivo

aumento no período de 2010 a 2012. Quando comparados com os dados de 2009

verificamos que nos três anos iniciais do PROEMI, nesta escola, as taxas de

reprovação foram superiores ao ano anterior à adesão ao Programa. No ano de

2011 verificamos que a diminuição no percentual de abandono repercutiu no

aumento da taxa de reprovação, isto revela que, o aumento da permanecia do aluno

na escola não tem significado que sua aprendizagem tenha melhorado.

Quanto aos indicadores de abandono, verificamos que no ano de 2010 o

percentual foi maior 0,7% em relação ao 1º ano de 2009. No ano de 2011 há uma

redução de 13.5% na taxa de abandono, que cai de 23,6% em 2010 para 10,1% a

menor taxa observada no período analisado. Essa redução, como já mencionado

anteriormente, repercutiu muito mais no aumento dos índices de reprovação do que

no número de aprovação. No ano de 2012 a Taxa de abandono volta a crescer e

atinge o segundo maior percentual do intervalo de tempo aqui analisado.

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95

De modo geral, os indicadores educacionais da Escola Gabriel de Almeida

Café revelam descontinuidades se comparados ao ano anterior ao início da

experimentação do Programa Ensino Médio Inovador. Destaca-se o aumento

progressivo da taxa de Reprovação nos três anos analisados.

Com exceção da baixa taxa de abandono no ano de 2011,os demais

indicadores não sinalizam para uma melhoria dos índices em relação ao ano que

antecede a implementação do Programa, ao contrário, a análise mostra um quadro

pouco positivo, sobretudo, quando observados os altos índices de abandono ao

longo dos três anos tratados em nossa análise.

3.1.5 - Escola Augusto Antunes

Na tabela de número 9 podemos ver os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Augusto Antunes, esses dados serviram de base para que a escola estabelecesse

suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de número 10

estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono dos alunos

que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI no período

de 2010 a 2012

TABELA 9:INDICAORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA AUGUSTO ANTUNES (ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 65,9 79,8 80,1

Reprovação 26,9 10,8 7,7

Abandono 7,2 9,4 12,2

Fonte:INEP - Indicadores Educacionais/2009

TABELA 10 : INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA AUGUSTO ANTUNES (2010-2012)

INDICADOR ANO 2010 (%) ANO 2011 (%) ANO 2012 (%)

Aprovação 81,8 89,1 75,0

Reprovação 14,7 6,7 13,4

Abandono 3,5 4,2 11,6

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

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Os indicadores da escola Augusto Antunes, demonstram uma situação

interessante: os indicadores de 2010 e 2011 são melhores que os indicadores de

2009: aumenta o percentual de aprovação e diminuem os percentuais de reprovação

e abandono. Já em 2012 o percentual de aprovação cai e aumentam os de

reprovação e abandono.

Recorremos à tabela em anexo a este texto para analisar os indicadores

gerais da escola e verificamos que os percentuais de aprovação de seus alunos não

demonstram grandes alterações no período analisado. Constatamos também que,

os índices de abandono estão abaixo dos índices verificados nas demais escolas.

Porém, os dados de reprovação, salvo o número registrado em 2011, mantem-se

altos.

A escola reduziu seus índices de abandono quando comparados ao ano de

2009.

3.1.6 - Escola Francisco Walcy Lobato

Na tabela de número 11 estão expressos os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Francisco Walcy Lobato, esses dados serviram de base para que a escola

estabelecesse suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de

número 12 estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono

dos alunos que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI

no período de 2010 a 2012

TABELA 11: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA FRANCISCO WALCY LOBATO(ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 53,4 74,2 69,8

Reprovação 33,0 16,9 18,9

Abandono 13,6 8,9 11,3

Fonte: INEP –Indicadores Educacionais/2009

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TABELA 12: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA FRANCISCO WALCY LOBATO(2010-2012)

INDICADOR ANO 2010 (%) ANO 2011 (%) ANO 2012 (%)

Aprovação 72,1 75,3 77,8

Reprovação 15,3 18,0 16,3

Abandono 12,6 6,7 6,1

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

Os dados da Escola Francisco Walcy Lobato demonstram que há um

aumento progressivo no percentual de aprovação no período compreendido entre os

anos de 2010 a 2012. Quando comparados aos dados de 2009 também se mostram

maiores.

No que se refere ao percentual de Reprovação percebemos que os índices

são altos, acima de 15% em todos os anos. Contudo, ao observarmos os dados de

2009, percebemos que a reprovação é alta em todas as séries, ou seja, o problema

da reprovação permanece nos três anos iniciais de experimentação do ProEMI na

escola Francisco Walcy.

Quanto ao percentual de abandono verificamos uma melhora nos

indicadores no decorrer do período de 2010 a 2012 quando comparados aos dados

de 2009. Isto é, o número de alunos que abandonavam a escola diminuiu nos três

primeiros anos de experimentação do ProEMI.

3.1.7 – Rodoval Borges

Estão expressos na tabela de número 13 os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Rodoval Borges, esses dados serviram de base para que a escola estabelecesse

suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de número 14

estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono dos alunos

que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI no período

de 2010 a 2012.

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TABELA 13: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA RODOVAL BORGES (ANO/ 2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 85,5 98,2 97,3

Reprovação 2,9 1,8 2,7

Abandono 11,6 0 0

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais /2009

TABELA 14: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA RODOVAL BORGES (2010-2012)

INDICADOR 1º ano/ 2010 (%) 2º ano/ 2011 (%) 3º ano 2012 (%)

Aprovação 93,4 81,1 76,1

Reprovação 4,5 8,2 9,7

Abandono 2,1 10,7 14,2

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

Os dados da escola Rodoval Borges, demonstram um aumento do índice

de aprovação em 2010 quando comparado com o1o ano de 2009 (85,5%) mas a

partir de 2011 começa a declinar. Os números de alunos aprovados diminuíram

também em relação ao ano de 2009, ou seja, a partir do segundo ano de

experimentação do ProEMI os índices de aprovação começaram a diminuir.

Os índices de reprovação aumentaram progressivamente no período de

2010 a 2012 e quando comparados aos índices do ano de 2009 também se mostram

muito superiores. Os dados registrados neste período só aumentaram a partir do

início do Programa nesta escola.

O percentual de abandono aumentou consideravelmente no período

investigado. No ano de 2009, a taxa de abandono do 2º ano bem como do 3º ano

foram 0%(zero), nota-se que no período entre 2010 a 2012 a escola registra seu

maior percentual de abandono entre os anos de 2009 a 2012, ou seja, nos três

primeiros anos de prática do ProEMI, o número de alunos que abandonaram a

escola só aumentou.

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Verificamos portanto uma agravamento dos indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que experimentaram o ensino médio no âmbito do ProEMI na

escola Rodoval Borges.

3.1.8 – Escola Osvaldina Ferreira

Na tabela de número 15 podemos observar os indicadores de rendimento e

movimento dos alunos que cursaram o ensino médio no ano de 2009 na escola

Osvaldina Ferreira, esses dados foram tomados como base para que a escola

estimasse suas metas ao planejar suas propostas de inovação. Já na tabela de

número 16 estão expressos os indicadores de aprovação, reprovação e abandono

dos alunos que cursaram o ensino médio, nesta escola, experimentando o ProEMI

no período de 2010 a 2012

TABELA 15: INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA OSVALDINA FERREIRA(ANO/2009)

INDICADOR 1º ano/2009 (%) 2º ano/2009 (%) 3º ano/2009 (%)

Aprovação 71,8 93,1 82,9

Reprovação 9,4 1,4 0

Abandono 18,8 5,5 17,1

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais /2009

TABELA 16:INDICADORES DE RENDIMENTO E MOVIMENTO DA ESCOLA OSVALDINA FERREIRA(2010-2012)

INDICADOR 1º ano/ 2010 (%) 2º ano/ 2011 (%) 3º ano/ 2012 (%)

Aprovação 57,3 82,1 61,5

Reprovação 9,8 7,1 17,9

Abandono 32,9 10,8 20,6

Fonte: INEP- Indicadores Educacionais - 2010;2011;2012

A taxa de aprovação dos alunos da escola Osvaldina Ferreira foi menor do

que a taxa dos alunos que cursaram o mesmo período no ano anterior à

implementação do Programa. Percebe-se um aumento no ano de 2011 mas ainda

assim, quando comparado com os dados de 2009 mostra-se menor.

Os índices de reprovação do período compreendido entre 2010 a 2012 são

maiores do que os do ano de 2009, registrando o maior percentual entre os alunos

do terceiro ano, em 2012.

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100

O alto índice de abandono registrado no ano de 2010 (32,9%) foi a maior

taxa verificadano período analisado, um aumento de 14.1% em relação ao 1º Ano de

2009. Este percentual alto de abandono fez com que recorrêssemos também aos

dados do ano de 200853 para estabelecer um comparativo ainda maior e verificamos

que, em 2008 o índice de abandono do 1º Ano foi de 19,5%, ou seja, a partir de

2010, os índices de abandono na série inicial do Ensino Médio da escola Osvaldina

Ferreira aumentaram consideravelmente.

Comparando os índices da Escola nos três anos iniciais de experimentação

do ProEMI com os dados de 2009 verifica-se que os indicadores de movimento e

rendimento de seus alunos pioraram em todos os sentidos.

A investigação dos indicadores de rendimento e movimento - compreendidos

aqui como parte do contexto dos resultados/efeitos do ProEMI- dos alunos que

experimentaram o Programa Ensino Médio Inovador no período no estado do Amapá

de 2010 a 2012, revelou que:

Com relação aos indicadores de aprovação, verificamos seis situações

distintas:

1ª – Escolas que aumentaram progressivamente seus indicadores no

período entre 2009 a 2012: escola Marechal Castelo Branco, escola Tiradentes e

escola Walcy Lobato.

2ª- Escola que aumentou progressivamente seus índices nos três primeiros

anos de experimentação do Programa, mas que, quando comparado com os dados

do ano de 2009 se mostraram menores. É o caso da escola Marechal Castelo

Branco.

3ª- Escolas que aumentaram progressivamente seus índices no período de

2010 a 2012 e que se mostraram maiores que os números verificados em 2009. É o

caso da escola Tiradentes e da escola Walcy Lobato

4ª- Escolas que apresentaram descontinuidades54 em seus índices de

aprovação no período de 2010 a 2012 além de se mostrarem inferiores quando

comparados a todos os números do ano de 2009, isto é, os índices pioraram nos

53

Constantes na planilha dos indicadores de rendimento e movimento do INEP no endereço eletrônico <

http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais> 54

Situações diferentes a cada ano, ou seja, ora os índices melhoram, ora pioram, etc.

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101

três primeiros anos do ProEMI . São os casos da escola Gabriel de Almeida Café e

da escola Osvaldina Ferreira.

5ª- Escolas que apresentaram descontinuidades no percentual de aprovação

em todo o período analisado, 2009-2012, ou seja, ora aumentam ora declinam. São

os casos das escolas Maria Carmelita do Carmo, Augusto Antunes e Rodoval

Borges.

6ª- Escola que Diminuiu decrescentemente o percentual de aprovação no

período de 2010 a 2012 e revelou descontinuidades quando comparado com o ano

de 2009. É o caso da escola Rodoval Borges.

Portanto, apenas as escolas Marechal Castelo Branco, Tiradentes e Walcy

Lobato apresentaram melhorias progressivas nos índices de aprovação de seus

alunos nos três primeiros anos do ProEMI, melhores inclusive, do que os números

registrados em 2009, ano anterior ao inicio do Programa.

As situações mais negativas com relação aos índices de aprovação foram as

escolas Gabriel de Almeida café e a escola Osvaldina Ferreira cujos números foram

todos menores que os índices de 2009.

No que concerne aos indicadores de reprovação, identificamos quatro

situações distintas:

1ª- Escolas que apresentaram descontinuidades tanto no período de 2010 a

2012, como quando comparadas ao ano de 2009. Foi o que aconteceu com as

escolas Marechal Castelo Branco, Carmelita do Carmo, Augusto Antunes e

Walcy Lobato

2ª-Escola que diminuiu decrescentemente seus índices após nos primeiros

anos de experimentação do ProEMI mas que, quando comparados aos percentuais

do ano de 2009 se mostraram maiores. É o caso da escola Tiradentes.

3ª- Os índices de reprovação aumentaram progressivamente no período

entre 2010 a 2012 e, quando comparados aos percentuais de 2009, se mostraram

piores, ou seja, o número de alunos reprovados se mostrou pior nos três anos

iniciais do ProEMI do que no ano anterior ao inicio de sua experimentação. Foi o que

aconteceu com as escolas Gabriel de Almeida Café e Rodoval Borges.

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102

4ª- Escola que apresentou descontinuidades em todo o período analisado e

que, quando comparados aos índices do ano de 2009, demonstrou percentuais

piores. É o caso da Escola Osvaldina Ferreira.

Desta forma, nota-se que, no que concerne aos índices de reprovação,

nenhuma escola apresentou indícios de melhorias significativas, a escola Tiradentes

demonstrou um aumento progressivo nos dois primeiros anos do ProEMI mas

quando comparados com o ano de 2009 os percentuais foram menores. As escolas

Gabriel de Almeida Café e Rodoval Borges pioraram seus índices em todo o período

investigado.

Com relação ao abandono, são seis as situações verificadas:

1ª- Escolas que apresentaram descontinuidades tanto no período de 2010 a

2012 como quando comparadas com os percentuais do ano de 2009. São os casos

das escolas, Marechal Castelo Branco e Gabriel de Almeida Café.

2ª- Escola que aumentou progressivamente seus percentuais de abandono

no período de 2010 a 2012 e revelaram descontinuidades quando comparados com

os índices do ano de 2009. Foi o que aconteceu com a escola Rodoval Borges.

3ª- Os percentuais aumentaram progressivamente no período de 2010 a

2012, mas que, quando comparados aos índices de 2009 se mostraram melhores.

Foi o caso da escola Augusto Antunes.

4ª- Os percentuais diminuíram decrescentemente no período de 2010 a

2012 e, quando comparados com os índices do ano de 2009, se mostraram

melhores, isto é, o número de alunos que abandonou a escola diminuiu nos três

primeiros anos de experimentação do ProEMI. Foi o que aconteceu com a escola

Walcy Lobato.

5ª- Escola que apresentou descontinuidades no período de 2010 e 2012,

mas que melhoraram seus índices quando comparados ao ano de 2009. É o caso da

escola Maria Carmelita do Carmo.

6ª- Escola que apresentou descontinuidades no período de 2010 a 2012 e

que, quando comparado com os percentuais de 2009 mostraram-se piores, isto é,

nos três primeiros anos de experimentação do ProEMI o percentual de abandono só

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piorou em relação ao ano anterior à adesão ao Programa. Foi o que aconteceu com

a Escola Osvaldina Ferreira.

Portanto, apenas na escola Walcy Lobato houve diminuição dos índices de

abandono a partir do início da experimentação d Programa Ensino Médio Inovador.

A análise dos indicadores de rendimento e movimento das oito escolas que

experimentaram o ProEMI nos seus primeiros três anos(2010-2012) mostrou

situações diversas, marcadas por descontinuidades na maioria dos casos.

Percebemos avanços e retrocessos quando comparamos esses índices com os do

ano de 2009, tomado por estas escolas como referência para o planejamento de

suas ações no âmbito do Programa.

Com relação à aprovação, por exemplo, escolas como Tiradentes, Walcy

Lobado, melhoraram seus índices quando comparados com os dados do ano de

2009. A escola Castelo Branco apesar de ter apresentado aumento progressivo nos

seus índices de aprovação nos três primeiros do ProEMI, não conseguiu melhorar

com relação aos percentuais de 2009.

Ainda com relação ao indicador de aprovação, escolas como Gabriel de

Almeida Café e Osvaldina Ferreira apresentaram nos três primeiros anos de

experimentação do Programa percentuais piores do que aqueles verificados no ano

de 2009. As demais escolas mostraram descontinuidades no período investigado,

ora melhoram seus percentuais, ora pioram.

No que concerne aos índices de reprovação, este se mostrou um grande

problema na maioria das escolas. Apenas a escola Tiradentes apresentou melhorias

progressivas nos anos após a adesão ao Programa, mas quando comparadas com o

percentual de 2009 não houve evolução dos números. Em escolas como Gabriel de

Almeida Café e Rodoval Borges os índices pioraram a partir do ano de 2010 até

2012. A escola Osvaldina Ferreira também demonstrou um cenário bastante

negativo no que se refere aos índices de reprovação.

No que se refere aos índices de abandono, apenas na escola Walcy Lobato

verificamos melhorias a partir do ano de 2010. Nas escolas Rodoval Borges e

Augusto Antunes verificamos uma aumento no percentual de abandono no período

entre 2010 a 2012. Na escola Osvaldina Ferreira o número de alunos que

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abandonaram a escola no período de 2010 a 2012 superaram os índices de 2009.

As demais escolas revelaram descontinuidades com relação ao abandono escolar.

Nota-se, portanto, diferentes situações quando analisamos os indicadores de

rendimento e movimento das oito escolas que iniciaram a experimentação do

ProEMI no estado do Amapá no que se refere aos indicadores de rendimento e

movimento dos anos de 2010 a 201255.

A predominância de um cenário de descontinuidades nos percentuais ora

analisados, nos leva a considerar que outras variáveis internas e externas ao

contexto escolar de cada unidade de ensino pode ter interferido nos índices de

aprovação, reprovação e abandono dos alunos destas oito escolas.

Esta constatação não nos permite afirmar que as situações positivas e/ou as

negativas aqui verificadas estejam estritamente relacionadas aos resultados/efeitos

provocados pelo Programa Ensino Médio Inovador.

Dentre estas variáveis estão a greve dos profissionais da educação do

estado do Amapá no ano de 2012, que desencadeou um clima de descontentamento

nos ambientes escolares devido as retaliações do poder executivo às reivindicações

dos professores, que foram “obrigados” por ordem judicial a retomar suas atividades

laborais sem que os pontos de pautas reivindicatórias da categoria fossem

atendidos. As atividades escolares deste período foram paralisadas por dois meses

e ao retomarem suas atividades os profissionais cumpriram cronogramas específicos

de reposição de aulas e certamente muito do que se havia planejado teve que ser

reprogramado.

Outra variável importante foi o bloqueio judicial dos recursos financeiros

sofrido por várias escolas do Estado do Amapá para pagamento de dívidas

trabalhistas de funcionários terceirizados pelo caixa escolar dessas Unidades de

ensino.

Nesse sentido, consideramos que uma conjugação de fatores inerentes a

realidade dessas oito escolas, dentre os quais está a experimentação do ProEMI,

contribuíram para a configuração dos indicadores tal como se apresentaram no

55

Em artigo científico que se encontra em fase de construção, estamos dando continuidade ao monitoramento do fluxo escolar dos alunos que experimentaram o ProEMI de 2011 a 2013 e de 2012 a 2014 nas oito escolas aqui investigadas. Até o momento verificamos um cenário no qual permanecem as descontinuidades dos percentuais de aprovação, reprovação e abandono.

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período analisado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação intitulada “Análise do Programa Ensino Médio Inovador

no estado do Amapá no período de 2010 a 2014” teve como objetivo geral, analisar a

experimentação desta política no período de 2010 a 2014, no Estado do Amapá,

sobretudo sua relação com a dinâmica curricular do ensino médio de uma escola

amapaense, à luz do conceito de inovação na perspectiva da integração.

Para isso, elegemos como aporte metodológico as formulações do Ciclo

de Políticas de Ball e Bowe (1992), que no Brasil tem sido amplamente difundido

pelos trabalhos de Mainardes (2006); Mainardes e Gandin (2013); Lopes e Macedo

(2006); OLIVEIRA e DESTRO (2005), entre outros.

Analisamos, de acordo com o ciclo de políticas, quatro contextos do

Programa: o contexto de influência, o de produção de texto, o da prática e o contexto

dos resultados/efeitos.

Os contextos de influência e de produção do texto base do ProEMI foram

analisados na primeira seção deste trabalho. Com relação ao contexto de influência,

verificamos que no ano de 2008, uma comissão interministerial, formada por

representantes do Ministério da Educação e da Secretaria de Assuntos Estratégicos

da Presidência da República foi instituída para propor ações políticas de melhoria do

Ensino Médio. O Resultado dos trabalhos da comissão foi o documento

“Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil”.

Este documento é profundamente marcado por ambiguidades. Revela a

disputa entre grupos políticos que concorrem para fazer prevalecer suas concepções

de educação e de formação dos sujeitos do ensino médio. Enfatiza as mudanças

curriculares como condição primordial para a melhoria do Ensino Médio e atribui aos

profissionais da educação a responsabilidade pela transformação desta etapa final

da educação básica. Nele estão contidas as estratégias das políticas para o Ensino

Médio a partir do ano de 2008, entre elas a formulação de políticas de inovação

curricular para a modalidade regular do ensino médio. O Programa Ensino Médio

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Inovador é formulado em meio à essas discussões sobre os rumos da política para o

ensino médio naquele momento.

Desta forma, ainda na primeira seção deste relatório, analisamos o texto

político do Programa e suas versões reformuladas. No referido texto, o ProEMI é

anunciado como indutor da reformulação do currículo das escolas públicas de

ensino médio pautadas na inovação orientada pela ideia de integração curricular

entre os eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura.

Três reformulações foram feitas neste documento do ProEMI, (nos anos

de 2011, 2013 e 2014). Estas alterações evidenciam a influência do contexto da

prática na produção do texto, as mudanças ocorreram, sobretudo, para orientar a

construção das propostas curriculares pelas escolas, orientadas pela ideia de

integração.

Na segunda seção, analisamos o contexto da prática do ProEMI em uma,

das oito, unidades de ensino que iniciaram a experimentação do Programa no

estado do Amapá, a escola Gabriel de Almeida Café.

A análise dos Planos curriculares, que orientaram a prática do Programa

Ensino Médio Inovador nesta escola, revelou que uma multiplicidade de atividades

foram propostas por esta unidade escolar no âmbito do ProEMI no período

analisado: O monitoramento do desempenho dos alunos, o estreitamento da relação

com a família desses estudantes, o reforço de aprendizagem, o estímulo à práticas

de esportes no ambiente escolar, o trabalho coletivo na organização dessas

atividades, a iniciação à pesquisa científica, a interdisciplinaridade, etc.

Consideramos muito positivas essas propostas. Elas são reveladoras de que

a escola não tem se furtado do debate em torno da necessidade de repensar as

práticas curriculares do ensino médio. Revelam também que, diante da atual forma

de acesso ao ensino superior por meio do Exame Nacional do Ensino Médio, a

escola encontra enormes barreiras para inovar na perspectiva da transformação, da

atribuição de novas finalidades ao processo de ensino, haja vista que, a preparação

para o ENEM “se impõe” como mais urgente.

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Desta feita, a análise dos Planos demonstrou que os projetos propuseram-

se a diversificar a prática escolar, mas, as finalidades de ensino que deveriam ser

atendidas permaneceram as mesmas, isto é, aquisição de conteúdos requeridos

para o sucesso no desempenho dos alunos no ENEM.

Na terceira seção analisamos o contexto dos resultados/efeitos,

compreendidos como uma extensão do contexto da prática. Buscamos analisar os

indicadores de rendimento e movimento dos alunos que cursaram o ensino médio

atendido por este Programa, no período de 2010 a 2012, utilizando o ano de 2009

como referência para a análise dos dados. Esses indicadores são apontados no

documento base do ProEMI como instrumentos de monitoramento e avaliação das

ações do Programa.

Identificamos diferentes situações quando analisamos os indicadores de

rendimento e movimento das oito escolas que iniciaram a experimentação do

ProEMI no estado do Amapá no que se refere aos indicadores de rendimento e

movimento dos anos de 2010 a 2012. De modo geral, os percentuais de aprovação,

reprovação e abandono revelam descontinuidades no período analisado, ora

sinalizam melhoras, ora pioram. Apenas na escola Wacy Lobato verificamos que os

índices de aprovação e abandono melhoraram em todo o período analisado, em

contrapartida, escolas como Osvaldina Ferreira e Gabriel de Almeida Café os índices

de reprovação e abandono pioraram a partir do ano de 2010.

Os resultados de nossa investigação revelaram que a experimentação do

Programa Ensino Médio Inovador no período de 2010 a 2014 no estado do Amapá

provocou, na escola Gabriel de Almeida Café, o planejamento de propostas

curriculares que diversificaram na forma, mas, não no conteúdo. Isto é, propuseram

atividades diferenciadas daquelas comumente ofertadas em organizações pautadas

em arranjos disciplinares, mas os objetivos educacionais permaneceram os

mesmos.

A referida escola passou a orientar-se por dois currículos, um disciplinar e

outro não disciplinar, mas com finalidades muito parecidas. O que reforça a

fragmentação curricular ao invés da integração, como propõe o Programa Ensino

Médio Inovador. A preocupação com o desempenho dos alunos no ENEM acabou

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orientando também a proposta que deveria, de acordo com as recomendações do

ProEMI, inovar orientada pela ideia de integração curricular.

Isto indica, como já afirmamos anteriormente, que o projeto de “escola

interessada” ecoou com muito mais força entre professores e gestores do que o

projeto Gramisciano de “escola desinteressada”, que respalda teoricamente a

proposta de inovação orientada pela integração curricular, contida no texto base do

ProEMI. Ou seja, no processo de interpretação e reinterpretação da política,

professores e gestores propuseram inovações na forma de ensinar, mas o conteúdo

das ações permanecem os mesmos.

A análise dos indicadores de rendimento e movimento dos alunos que

experimentaram o ProEMI nos anos de 2010 a 2012 revelaram que, neste período,

os percentuais de aprovação, reprovação e abandono não tiveram alterações

significativas que nos permitisse mensurar possíveis impactos do Programa nestes

índices. Algumas unidades de ensino sinalizaram descontinuidades em seus

percentuais, uma melhorou os índices de aprovação e abandono, outras duas

pioraram seus índices de reprovação e abandono, ou seja, situações diversas que

podem ou não estar relacionadas à experimentação do Programa Ensino Médio

Inovador nestas oito escolas.

Por fim, compreendemos que, a experimentação do ProEMI no estado

Amapá no período de 2010 a 2014 provocou uma diversidade de práticas

curriculares interessantes na escola Gabriel de Almeida Café, além de possibilitar o

aumento da permanência dos alunos na escola em decorrência da ampliação da

carga horária total do Ensino Médio estimulada pelo Programa. Contudo, apesar de

interessantes, as propostas curriculares analisadas em nossa pesquisa demonstram

pouca força inovadora quando não colocam o processo educacional a serviço de

novas finalidades, ao contrário, reforçam a noção de ensino médio enquanto etapa

preparatória para o ensino superior. Revelando assim as contradições no bojo da

trajetória das políticas educacionais para o ensino médio brasileiro, cujo hiato entre

política e prática são cada vez mais evidentes.

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115

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TOSTES, J.A. Políticas Urbanas Intervencionistas nas cidades amazônicas: no Amapá, a encruzilhada entre a necessidade e a obrigação. XII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. 21 a 25 de maio de 2007. Belém /PA. Disponível em <http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/anais/article/viewFile/2354/2327> acesso em 26 de novembro de 2014.

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116

ANEXOS

Anexo 1: Tabela 17 -Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Gabriel de Almeida Café ( 2009-2012).

Gabriel de Almeida Café- 2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 62,7 19,1 18,2

1º Ano 58,8 18,3 22,9

2º Ano 73,4 11,6 15

3º Ano 55,9 28,6 15,5

Gabriel de Almeida Café- 2010 Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 61,1 23,8 15,1

1º Ano 55,5 20,9 23,6

2º Ano 73,3 15,3 11,4

3º Ano 53 38,4 8,6

4º Ano 83,2 10,1 6,7

Gabriel de Almeida Café- 2011 Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 57,2 28,5 14,3

1º Ano 58,9 21,7 19,4

2º Ano 66,3 23,6 10,1

3º Ano 39,5 48 12,5

4º Ano 92 1,1 6,9

Gabriel de Almeida Café- 2012 Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 53,3 26,1 20,6

1º Ano 55,3 21,8 22,9

2º Ano 61,1 22,1 16,8

3º Ano 39,3 37,7 23

4º Ano 89,6 4,2 6,2

Fonte: INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais)

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Anexo 2: Tabela 18- Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Marechal Castelo Branco ( 2009-2012).

Marechal Castelo Branco -2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 76,5 7,2 16,3

1º Ano 72,6 7,3 20,1

2º Ano 78,6 7,8 13,6

3º Ano 82,7 5,8 11,5

Marechal Castelo Branco-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 69,6 12,4 18

1º Ano 62,1 11,3 26,6

2º Ano 70,3 16 13,7

3º Ano 79 9,7 11,3

Marechal Castelo Branco-2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 64,1 31,8 4,1

1º Ano 57,3 38,3 4,4

2º Ano 66,5 29 4,5

3º Ano 73,6 23 3,4

Marechal Castelo Branco-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 68 11 21

1º Ano 57,7 17 25,3

2º Ano 89,7 3,4 6,9

3º Ano 72,8 4,1 23,1

Fonte: INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais)

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Anexo 3:Tabela 19- Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Tiradentes (

2009-2012).

Escola Tiradentes-2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 80,7 10,3 9

1º Ano 77,4 9,8 12,8

2º Ano 86,2 7,5 6,3

3º Ano 78,8 14,0 7,2

Escola Tiradentes-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 82,8 11,3 5,9

1º Ano 83,2 9,9 6,9

2º Ano 88,0 6,4 5,6

3º Ano 76,2 18,8 5,0

Escola Tiradentes-2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 80,8 15,2 4,0

1º Ano 78,5 17,8 3,7

2º Ano 87,7 9,2 3,1

3º Ano 75,3 18,9 5,8

Escola Tiradentes-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 35,7 0,0 64,3

1º Ano 30,8 0,0 69,2

2º Ano 100 0,0 0,0

3º Ano - - -

Fonte:INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais

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119

Anexo 4:Tabela 20 - Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Maria

Carmelita do Carmo ( 2009-2012).

Maria Carmelita do Carmo-2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 70,3 10,0 19,7

1º Ano 66,4 14,0 19,6

2º Ano 71,4 6,5 22,4

3º Ano 75,6 8,3 16,1

Maria Carmelita do Carmo-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 74,0 11,7 14,3

1º Ano 64,6 18,9 16,5

2º Ano 78,7 6,4 14,9

3º Ano 79,7 7,8 12,5

Maria Carmelita do Carmo-2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 83,0 5,8 11,2

1º Ano 76,1 7,6 16,3

2º Ano 87,1 5,2 7,7

3º Ano 89,0 4,3 6,7

Maria Carmelita do Carmo-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 71,3 13,8 14,9

1º Ano 63,8 15,0 21,2

2º Ano 74,4 12,2 13,4

3º Ano 74,8 16,2 9,0

Fonte: INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais

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Anexo 5:Tabela 21 - Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Augusto

Antunes ( 2009-2012).

Augusto Antunes-2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 74,2 16,6 9,2

1º Ano 65,9 26,9 7,2

2º Ano 79,8 10,8 9,4

3º Ano 80,1 7,7 12,2

Augusto Antunes-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 85,3 12,0 2,7

1º Ano 81,8 14,7 3,5

2º Ano 86,3 11,0 2,7

3º Ano 88,9 9,7 1,4

Augusto Antunes - 2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 81,6 12,5 5,9

1º Ano 71,8 20,6 7,6

2º Ano 89,1 6,7 4,2

3º Ano 82,6 11,4 6,0

Augusto Antunes-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 75,1 15,1 9,8

1º Ano 74,4 19,4 6,2

2º Ano 76,1 12,3 11,6

3º Ano 75,0 13,4 11,6

Fonte: INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais)

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121

Anexo 6:Tabela 22- Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Osvaldina

Ferreira ( 2009-2012).

Osvaldina Ferreira-2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 81,8 4,5 13,7

1º Ano 71,8 9,4 18,8

2º Ano 93,1 1,4 5,5

3º Ano 82,9 0,0 17,1

Osvaldina Ferreira-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 69,5 10,8 19,7

1º Ano 57,3 9,8 32,9

2º Ano 83,3 7,6 9,1

3º Ano 73,7 26,3 0,0

Osvaldina Ferreira-2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 71,9 5,0 23,1

1º Ano 53,8 7,7 38,5

2º Ano 82,1 7,1 10,8

3º Ano 84,6 0,0 15,4

Osvaldina Ferreira-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 53,9 14,4 31,7

1º Ano 48,7 14,1 37,2

2º Ano 56,0 12,0 32,0

3º Ano 61,5 17,9 20,6

Fonte:INEP(http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais

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122

Anexo 7:Tabela 23 - Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Francisco

Walcy Lobato ( 2009-2012).

Francisco WalcyLobato -2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 63,7 24,7 11,6

1º Ano 53,4 33,0 13,6

2º Ano 74,2 16,9 8,9

3º Ano 69,8 18,9 11,3

Francisco Walcy Lobato-2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 78,9 9,8 11,3

1º Ano 72,1 15,3 12,6

2º Ano 78,0 11,3 10,7

3º Ano 85,9 3,5 10,6

Francisco Walcy Lobato-2011

Taxas

Aprovação (%)

Repro

vação(%)

Aba

ndono(%)

Total 74,6 18,2 7,2

1º Ano 68,2 24,3 7,5

2º Ano 75,3 18,0 6,7

3º Ano 80,2 12,6 7,2

Francisco Walcy Lobato-2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 66,8 20,1 13,1

1º Ano 59,9 19,8 20,3

2º Ano 68,4 23,7 7,9

3º Ano 77,8 16,3 6,1

Fonte: INEP < http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais>

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Anexo 8:Tabela 24 - Indicadores de Rendimento e Movimento da Escola Rodoval Borges

( 2009-2012).

Rodoval 2009

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 93,1 2,5 4,4

1º Ano 85,5 2,9 11,6

2º Ano 98,2 1,8 0,0

3º Ano 97,3 2,7 0,0

Rodoval 2010

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 90,0 4,7 5,3

1º Ano 93,4 4,5 2,1

2º Ano 85,3 5,2 9,5

3º Ano 88,6 4,4 7,0

Rodoval 2011

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 76,7 8,0 15,3

1º Ano 78,3 9,6 12,1

2º Ano 81,1 8,2 10,7

3º Ano 68,8 5,6 25,6

Rodoval 2012

Taxas Aprovação (%) Reprovação(%) Abandono(%)

Total 75,8 10,5 13,7

1º Ano 76,5 11,5 12,0

2º Ano 74,5 9,8 15,7

3º Ano 76,1 9,7 14,2

Fonte: INEP < http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais>