another way legion

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Titulo: Another Way Autora: Nieryka Fandom: Movie Legião (2010) Par: Michael/Gabriel Classificação: Slash/M Sumário: AU. Gabriel não seria capaz de matar seu Irmão e afinal de contas não era ele quem devia morrer. Angst AND humor porque não sou de ferro! Estou de volta! Ou quase... Assisti o filme Legião de 2010 com Paul Bettany e Kevin Durand e simplesmente não resisti. Tanta tensão e angst entre Michael e Gabriel não poderia passar em branco para uma fã de slash/yaoi como eu. Além do mais Paul Bettany é o arcanjo mais pretty do mundo e eu tenho um size kink terrível (explicando: Paul Bettany tem 1,90 e Kevin Durand tem 1,98!! Esse povo quer me matar...)!! Não está lá essas coisas porque vocês sabem: passei um BOM tempo doente e estou muuuito enferrujada e praticamente esqueci a língua portuguesa XD. Mesmo assim espero que gostem. E sim, vou continuar algumas das outras fanfics. Soon! Mudei o final da luta entre os dois arcanjos e o destino de Bob porque EU POSSO (adorei o Bob okay, me processem) e também por razões pervertidas, vocês vão ver. Não vou focar em Charlie, Jeep e no bebê (realmente não ligo pra eles... e afinal de contas logo vai estrear uma série no Scify que é uma continuação do filme então quem quiser saber mais sobre eles vai poder assistir a bendita. Sim, a série vai ter um Michael, mas infelizmente não é o Paul Bettany.), apenas nos dois arcanjos e em Bob, a testemunha acidental desse relacionamento no mínimo inusitado. Another Way

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Michael e Gabriel, irmãos, anjos e amantes.

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Titulo: Another WayAutora: NierykaFandom: Movie Legio (2010)Par: Michael/GabrielClassificao: Slash/MSumrio: AU. Gabriel no seria capaz de matar seu Irmo e afinal de contas no era ele quem devia morrer. Angst AND humor porque no sou de ferro!

Estou de volta! Ou quase...Assisti o filme Legio de 2010 com Paul Bettany e Kevin Durand e simplesmente no resisti. Tanta tenso e angst entre Michael e Gabriel no poderia passar em branco para uma f de slash/yaoi como eu. Alm do mais Paul Bettany o arcanjo mais pretty do mundo e eu tenho um size kink terrvel (explicando: Paul Bettany tem 1,90 e Kevin Durand tem 1,98!! Esse povo quer me matar...)!! No est l essas coisas porque vocs sabem: passei um BOM tempo doente e estou muuuito enferrujada e praticamente esqueci a lngua portuguesa XD. Mesmo assim espero que gostem. E sim, vou continuar algumas das outras fanfics. Soon!Mudei o final da luta entre os dois arcanjos e o destino de Bob porque EU POSSO (adorei o Bob okay, me processem) e tambm por razes pervertidas, vocs vo ver. No vou focar em Charlie, Jeep e no beb (realmente no ligo pra eles... e afinal de contas logo vai estrear uma srie no Scify que uma continuao do filme ento quem quiser saber mais sobre eles vai poder assistir a bendita. Sim, a srie vai ter um Michael, mas infelizmente no o Paul Bettany.), apenas nos dois arcanjos e em Bob, a testemunha acidental desse relacionamento no mnimo inusitado.

Another Way

- J chega. - ofegou Michael sobre as costas do irmo, os braos bem apertados ao redor do pescoo de Gabriel. - Gabriel, j chega!Apesar do esforo para se soltar, das asas batendo frenticas para deslocar Michael de cima de si o arcanjo estava perdendo, sufocando sob a fora do menor. Curvado ele tateou a sua frente, recuperou a enorme maa derrubada durante a luta e posicionou a ponta contra o ombro. A lmina longa saltou e perfurou-o atingindo Michael, atravessando o peito do irmo. Gabriel fechou os olhos.Michael, olhos arregalados e boca aberta em um grito mudo de dor e surpresa deslizou das costas do irmo e caiu ao cho. - Por qu? - ele balbuciou quando Gabriel voltou-se para ele, lgrimas brilhando. - No voc quem deve morrer, irmo. Tendo desafiado nosso Pai ou no. - foi a resposta de Gabriel. Ele se ajoelhou e inclinou-se por cima do irmo. O ferimento fora calculado, to perto do corao que deixaria Michael incapaz de lutar ou impedi-lo, mas no o mataria. Anjos no morriam to facilmente.- A criana vive, Gabriel. H... outra chance. Sempre... sempre existe outro caminho. - Michael ergueu a mo com dificuldade para tocar o rosto do irmo, que o olhava atentamente, aquelas lgrimas teimando em cair pela dor que ferir Michael lhe causava. - No faa isso...- Como voc pode preferir a eles? Como pode am-los mais do que a Ele? Mais do que a mim?E era essa a chave do dio que Michael vira nos olhos de Gabriel quando este atacara Jeep, a criana chorando nos braos do rapaz; quando Gabriel golpeara Bob para longe de seu caminho. O rosto de Michael suavizou-se e ele limpou com o polegar uma lgrima que rolava pelo rosto de Gabriel que ainda o encarava com tristeza e arrependimento.- Eu acredito neles, Gabriel... - ele sorriu levemente, ainda incapaz de fazer mais do que mover a mo e acariciar o rosto do irmo. - Meu amor por eles no torna menor meu amor por nosso Pai... ou por voc.Foi a vez de Gabriel estender a mo e pous-la na face ferida do irmo, cenho franzido, procurando qualquer inverdade, qualquer truque ou malcia mas era intil e ele sabia disso. Michael jamais mentia e se algum ali estava sendo desonesto com seu prprio corao era Gabriel.A esse pensamento o arcanjo endireitou o corpo, suas asas abrindo-se para finalmente erguer-se, mas Michael segurou-lhe o brao com firmeza.- Deixe-os ir, Gabriel. - Michael encarou-o com splica no olhar, no como se temesse por eles, mas como se temesse pelo irmo.- Por qu? - perguntou o arcanjo quando Michael o puxou novamente e ele inclinou-se mais perto, seu rosto a centmetros do rosto do irmo. Michael ergueu-se um pouco, seus lbios roando na face de Gabriel antes de chegarem a seu ouvido.- Por mim.Gabriel fechou os olhos por um momento ento aninhou sua mo livre na parte de trs da cabea do irmo, ajudando-o a voltar a deitar-se. Michael ainda segurava seu brao, mas isso no importava mais porque o arcanjo de cabelos negros no estava mais tentando se soltar. Encarando o irmo ele se inclinou mais e pousou os lbios na testa de Michael. Os olhos de seu irmo se fecharam devagar e Gabriel pousou outro beijo leve sobre os lbios de Michael, surpreendendo-se ao senti-los entreabrirem-se ao contato.No era o primeiro beijo que eles partilhavam mas havia algo mais naquele gesto desta vez e quando Gabriel imitou o irmo deu-se conta de um desejo to intenso que atravessou-o como um raio e fez seu corpo inteiro retesar-se. Gabriel amava o irmo. No havia dvida sobre isso, fosse no Cu ou na Terra, mas no era o amor que sentia por seus outros irmos e irms, por seu Pai ou Suas criaturas. Era um sentimento mais incontrolvel e selvagem, egosta e possessivo que o fizera odiar as criaturas que fora ensinado a amar pela simples razo de que Michael escolhera a eles em vez de permanecer ao lado dele. Michael o obrigara a vir at ali e lutar com ele, tudo por desafiar a vontade do Pai por aqueles homens e mulheres mortais. E agora Gabriel sabia que estava perdido ao afundar mais e mais nos lbios de Michael; o beijo faminto e exigente tomando-lhes o flego e a razo a ponto de faz-los ofegarem contra a boca um do outro, as mos de Michael afundando nos cabelos escuros e curtos do irmo. Gabriel pressionava-se contra ele esquecendo-lhe os ferimentos, mas encontrando outras reaes no corpo de Michael que quase o deixaram tonto.- Voc sempre passou muito tempo entre eles... - observou o arcanjo com um quase sorriso de divertimento, ao qual Michael respondeu com um revirar de olhos caracterstico.- Isto no por causa deles. - Michael murmurou arqueando-se um pouco dolorosamente contra o irmo, aproveitando para deslizar uma coxa entre as pernas de Gabriel, pressionando-a firme e fazendo o outro arcanjo puxar o ar com fora e lanar lhe um olhar de reprovao e choque. Michael sorriu como uma criana travessa.- Michael... - os olhos de Gabriel brilharam, as pupilas escurecendo perigosamente em meio ao novo patamar de excitao que experimentava e ele quase... quase...esqueceu que acabara de ferir seu irmo quase mortalmente e tambm que tinha uma misso; a nica coisa em sua mente era Michael e todas as coisas que ele gostaria de fazer com aquele seu irmo rebelde e terrvel. - No.- Gabriel, no. - Michael tentou segur-lo de novo mas desta vez o arcanjo se desvencilhou gentil mas firmemente e ergueu-se pronto para continuar sua misso mesmo sob o olhar suplicante do irmo e mesmo desejando nada mais do que continuar ali. - D a eles uma chance de provar que podem mudar! Gabriel!- Eu darei a eles uma chance. -disse o arcanjo afastando-se para a porta. - Se eles conseguirem me impedir hoje eu os deixarei em paz... por algum tempo. Se voc tem tanta f neles deixe que provem seu valor. - e antes que Michael pudesse dizer qualquer outra coisa o arcanjo abriu suas asas e levantou voo deixando Michael ali impotente para impedi-lo ou mesmo segui-lo.Michael no teria como saber que momentos depois os trs seres humanos que tinham escapado de Paradise Falls iriam, sim, provar seu valor e que Gabriel teria um encontro nada agradvel com uma granada disfarada sob cobertores de beb, mas ele tinha f. Fora uma surpresa e tanto para Gabriel.

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Michael conseguiu se levantar aps algum esforo e avaliou seus ferimentos: o ferimento da lmina de Gabriel ainda ia demorar algum tempo para fechar completamente, mas o corte em sua barriga j estava melhorando. Ele poderia andar e at dirigir, mas no lutar. Teria que ser o suficiente por enquanto.Quando se dirigia para a porta dos fundos notou Bob ainda cado por trs do balco onde fora atirado por Gabriel. O homem estava vivo, respirando e o olhando com uma expresso no mnimo intrigante.- Bem... -disse o homem fracamente- Voc vai me dar uma mozinha ou no?Michael foi at ele e o ajudou a levantar-se, os dois escorando-se um no outro para no cair e o anjo deu uma olhada rpida e avaliadora no ferimento de Bob. Ele iria viver. Gabriel no o atingira fatalmente tambm e isso trouxe um sorriso aos lbios de Michael. Seu irmo no era um assassino... nenhum deles era.- Eu ia perguntar se voc est feliz em me ver ou se essa uma metralhadora nas suas calas - comentou Bob enquanto eles se arrastavam para os fundos - Mas pelo que eu ouvi da sua conversa com seu irmo sei que posso ficar descansado.- Sua caminhonete nos fundos est funcionando? - perguntou Michael ignorando o comentrio e abrindo a porta. Os possessos no estavam mais ali, provavelmente atendendo a outros chamados agora que a criana tinha nascido. Eles seriam inteis para ca-la e isso era uma vantagem.- Eu a deixei pronta enquanto vocs cuidavam das janelas. Nunca se pode esquecer do plano B...ou C. Algum tempo depois que os dois estavam rodando Bob franziu o cenho e olhou para Michael.- Essa no direo que eles estavam indo. No a direo para...- No, no . - respondeu o anjo, interrompendo-o - Estamos indo para o lado contrrio.- Quer me dizer por qu? Eu achei que amos ajudar os garotos e, que diabos, meu filho est l!- Jeep vai cuidar de Charlie e da criana. - Michael lanou lhe um olhar rpido - Ele no mais um garoto... nenhum deles . Ele precisa fazer isso sozinho por enquanto e voc precisa de cuidados mdicos. Infelizmente voc est comigo e eu no pretendo ir naquela direo.Bob estava pronto para protestar, aquilo lhe parecia uma tremenda conversa pra boi dormir mas ento voltou atrs e considerou aquilo com cuidado.- Voc os est afastando dele, no ? Ele vai procurar por voc e voc no quer estar perto da criana quando isso acontecer.Michael assentiu e o homem ergueu as mos para cima num gesto exasperado.- Oh timo! Agora alm de no saber se eles esto realmente fora de perigo eu vou servir de vela pra dois anjos!- Ningum est fora de perigo. - disse Michael sombriamente - Mas eles esto a salvo por enquanto. - Bob olhou para ele sem entender e ele explicou - No sei como eles conseguiram, mas Gabriel no conseguiu matar a criana... eu saberia. De acordo com a promessa que me fez ele vai dar a eles algum tempo agora.- E depois?- Gabriel e os outros anjos no so o nico perigo para sua espcie. Outras criaturas vero uma oportunidade de ca-los agora que o mundo voltou mais ou menos a uma nova idade das trevas.O homem remexeu-se inquieto no banco, as dores incomodando-o mesmo que alguns momentos antes Michael tivesse parado por alguns minutos para aplicar-lhe rapidamente alguns antisspticos e bandagens e at mesmo dar-lhe um analgsico que encontraram no kit de primeiros socorros do carro. - O que voc quer dizer com outras criaturas? - perguntou, preocupado, mas j fazendo uma ideia do que viria... ele apenas no queria acreditar.Michael apenas olhou para ele e Bob passou ambas as mos sobre o rosto.- Perfeito. - murmurou meio que para si mesmo e ento se sentiu zonzo. Michael notou a palidez do homem e indicou o banco de trs com um movimento de cabea.- Deite-se. H uma casa alguns quilmetros frente. Vou cuidar melhor dos seus ferimentos l.- Eu estou bem. - respondeu Bob mal humorado - No preciso me deitar. O que eu preciso de uma cerveja. Ou possivelmente mais de uma. Tequila ou usque tambm servem. - olhou para Michael e ergueu uma sobrancelha- Anjos bebem? - Salvo algumas excees ns podemos fazer qualquer coisa que vocs fazem.- Oh eu percebi. - Bob assentiu e ergueu as duas sobrancelhas num gesto bem explcito de que siiiim, ele sabia muito bem. Michael nem piscou, mas Bob no desistiria to fcil - Isso no deveria ser... sei l... pecado pra vocs? - Eu duvido que algum poderia considerar uma cerveja algo como pecado, Bob. Mas eu prefiro vinho e ocasionalmente suco de laranja. - disse o anjo sem tirar os olhos da estrada, fazendo Bob estreitar os olhos.- Okay, voc um arcanjo espertinho, j entendi. - ele comprimiu um brao sobre as bandagens e fez uma careta. - Talvez eu precise mesmo me deitar.ooo000ooo

Os analgsicos derrubaram Bob bem antes de chegarem a tal casa, j no meio da noite, e Michael teve que carreg-lo at o quarto que ficava nos fundos. O ex-dono de Paradise Falls s acordou algum tempo depois, quando Michael estava terminando de abotoar a camisa do pijama em que metera Bob aps limp-lo e cuidar de seus ferimentos.- E aquela cerveja...? Em silncio Michael passou-lhe uma lata fechada que estivera descansando sobre a mesinha de cabeceira ao lado da cama abrindo-a com um gesto rpido e preciso antes de deix-la segura entre os dedos de Bob. O homem sorriu agradecido e ergueu a lata num pequeno brinde antes de tomar um longo gole. claro que ele no devia beber, mas que diabos... ele merecia aquilo depois de tudo o que tinham passado nessas ltimas horas.- Voc tem certeza de que Jeep est bem? De que todos eles esto bem? - tomou mais um gole de cerveja e devolveu a lata mesinha, encarando Michael. O arcanjo estava sentado ao seu lado na cama e vestindo roupas limpas agora. Ele olhava para algum ponto qualquer no tapete. Balanou a cabea. - Eu sei que eles esto vivos. o mximo que posso sentir no momento sem me atrever a olhar mais profundamente e alertar outros. - ele ergueu a cabea e fitou Bob - Quando voc estiver melhor pode pegar a caminhonete e ir at eles sozinho.Bob balanou a cabea.- E quanto a voc? O que vai fazer? Apenas brincar de esconde-esconde com o grandalho e esperar que ele no v atrs deles enquanto estiver ocupado com voc?Michael soltou um suspiro levemente aborrecido e Bob calculou que acabaria indo longe demais uma hora ou outra naquele assunto... mas ele no dava a mnima. No pedira um Apocalipse no seu quintal e mesmo que Michael estivesse do lado deles no significava que Bob ia aguentar tudo caladinho enquanto o Cu tentava ferrar com eles. Se isso significava ser um p no saco de Michael ento o anjo que engolisse a coisa.- Eu ainda posso tentar convenc-lo a se juntar a mim. A ns. - Michael respondeu, levantando-se e pegando a cerveja da mesinha. - Mas eu tambm pretendo caar as outras coisas que podem tentar chegar a Charlie e ao beb. Os anjos comuns no vo toc-los mas outras criaturas no vo seguir essa regra. - ele se virou para sair - Descanse- Ei! Aonde vai com minha cerveja?? Michael deu um meio sorriso enquanto passava pela porta olhando para Bob por sobre o ombro.- Voc j bebeu o suficiente. Ordens mdicas.- No me lembro do seu nome ser Raphael, sabe!!- Pra algum que no acredita em Deus voc sabe bastante sobre os Seus anjos, Bob. Boa noite.

ooo000oooMichael bebeu o restante da cerveja em um nico gole e a jogou no cesto de lixo ao lado da porta dos fundos da cozinha. claro que ele no precisava dormir e no estava cansado, apenas um pouco fraco. Ergueu a mo para o peito e tocou levemente a bandagem e o curativo que fizera. O corte em sua barriga j estava quase cicatrizado e logo no restaria mais do que uma leve cicatriz ali. As asas de seus irmos eram to letais quanto suas armas de confiana e Michael sentiu a tristeza alcan-lo.Os anjos costumavam comunicar-se uns com os outros atravs de suas vozes interiores e tambm leves, delicados toques de suas asas. Era preciso ter cuidado, claro, porque elas era afiadas mas tambm podiam ser usadas para acariciar, confortar e as vezes oferecer um leve empurro quando um anjo mais jovem precisava de mais incentivo para uma tarefa; muitas vezes elas tambm serviam como aviso. Nada como receber o tapa da asa de um irmo quando voc passava dos limites e o aborrecia. Michael ganhava muitos desses e a maior parte vinha de Gabriel, sempre mais srio e fcil de provocar.Um delicado sorriso se desenhou nos lbios do arcanjo ao se lembrar das vezes sem conta em que os dois se sentavam para ler em meio aos jardins prateados de seu lar e ele cutucava Gabriel com as pontas macias de suas asas para irrit-lo e faz-lo se desconcentrar durante a leitura. Gabriel aguentava bravamente esses assaltos por bastante tempo, batendo uma de suas asas contra a de Michael vez ou outra para afast-la ou bloque-la. Os outros anjos que passavam pelo jardim reviravam os olhos ou riam discretamente daquela infantilidade at que Gabriel se irritava de verdade e golpeava Michael de repente fazendo-o cair do banco; ento Raphael aparecia e censurava a ambos enquanto Michael tentava no sorrir porque Gabriel mantinha os olhos baixos embora lutasse contra uma vontade enorme de estrangular o irmo por faz-lo ser repreendido daquela maneira como se no fossem General e Tenente dos Exrcitos de Deus e sim dois querubins travessos!E ento, quando Raphael finalmente se retirava, Michael fugia para as profundezas do jardim com Gabriel em seu encalo e os dois lutavam rpida e furiosamente, mas nunca seriamente, at que o arcanjo de cabelos claros finalmente se desculpasse e ento os dois selavam sua trgua com um beijo e se deixavam ficar ali no cho, enganchados um no outro, suas asas tocando-se muito de leve numa brincadeira que tambm era uma carcia terna.E agora aquilo jamais voltaria a acontecer.

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Dois dias depois Bob estava se sentindo bem melhor e reclamara bastante a respeito do minibar vazio que encontrara por trs de um painel na sala de visitas. Ele tinha certeza de que Michael tinha escondido as bebidas mesmo que o anjo no se pronunciasse sobre o assunto e s aparecesse uma vez ou outra com uma lata de cerveja que tirava aparentemente de lugar nenhum e da qual o pai de Jeep s podia beber no mximo dois goles.Ele estava sentado na varanda da casa, que graas a Deus... modo de falar... tinha um bom gerador e bastante combustvel alm de uma despensa cheia e um congelador igualmente abastecido. At onde Bob podia dizer Michael no era f de carne mas no deixava de comer outras coisas como batatas e vegetais congelados que preparava para eles.- Um anjo que sabe cozinhar. Eu no sei por que alguma coisa ainda consegue me surpreender. - ele dissera aps Michael mand-lo se sentar da primeira vez que o encontrara tentando fritar um bife enorme na cozinha simptica e limpa, substituindo-o sem nenhum problema aparente. Michael no dissera nada mas aps alguns minutos Bob estava jantando seu bife com algumas ervilhas, brcolis e pur de batata.Naquele momento Michael estava verificando o leo da caminhonete. Precisavam deix-la sempre pronta para o caso de precisarem fugir as pressas j que nem Bob nem Michael estavam fortes o suficiente para enfrentar os perigos que agora rondavam por a a espreita. E era por isso que Michael nunca dormia e muitas vezes Bob podia v-lo caminhando ao redor da casa ou apenas de p na varanda, investigando a escurido e, Bob percebeu, o cu. Bob tambm no dormia muito. A maior parte da noite ele pensava em Jeep e no que tinha acontecido e de como todos ali estavam ferrados se Deus resolvera abandon-los a prpria sorte com anjos e o que mais resolvesse aparecer para tirar uma casquinha. Ele pensava at pouco tempo atrs que Deus no existia, claro... mas de repente saber que ele existe e que agora no quer mais saber da humanidade mostrava-se muito, muito pior.- Quem diabos escolheu Charlie como a nova virgem Maria, afinal? E meu filho como o protetor do Salvador? - ele perguntou quando Michael subia os degraus da varanda. - Quero dizer... no foi uma ideia das mais brilhantes. Eu sei que Charlie uma boa garota... do jeito dela... e que Jeep... bem... ele s... - no pde continuar porque Michael o olhava daquele jeito sereno mas firme que o deixava aborrecido.- Eles vo conseguir. - ele respondeu largando a lata de diesel no cho e limpando as mos no trapo que levava na outra mo. - O mundo precisa que eles consigam e eu no vejo nenhum deles fugindo desse fardo. Outras pessoas... outras pessoas podem parecer fortes, decididas... mas quando algo realmente grande est em jogo so os que menos se espera os que se tornam verdadeiros salvadores. - o anjo pegou a lata de diesel novamente e rumou para a garagem atrs da casa para guard-la.- Eu s estou dizendo que preciso muito mais do que apenas aqueles dois para criar uma criana que vai ser o Salvador da Humanidade! - Bob gritou atrs dele teimosamente ao que Michael retrucou, sua voz audvel mesmo quando ele dobrou a esquina da varanda e desapareceu:- Eles no esto sozinhos. Eles tm os profetas, as instrues e ns.Naquela noite as primeiras criaturas apareceram.Michael podia no estar pronto para uma luta com outro arcanjo como Gabriel mas foi com relativa facilidade que ele se livrou do pequeno grupo de demnios que resolvera aparecer para o jantar sem ser convidado. Bob tambm fizera sua parte ao acertar em cheio um deles pela janela, o tiro da espingarda to forte que arrancou aquela coisa horrorosa e cheia de presas que a criatura equilibrava sobre os ombros e passava por uma cabea. Ver finalmente um demnio em carne e osso (ou algo assim...) quase deixou Bob com saudades dos anjos. Na noite seguinte foi Gabriel quem apareceu.Michael estava terminando de lavar os pratos (as pequenas tarefas domsticas mantinham os dois ocupados e em perspectiva embora Bob frequentemente esquecesse de secar os pratos e sumisse em direo sala com sua meia lata de cerveja para assistir algum programa ou filme que os antigos donos tivessem gravado no aparelho deles...) quando captou o som de asas. Ele foi rapidamente at a sala em tempo de ver a porta se abrir de repente fazendo Bob pular da poltrona e agarrar a espingarda ao lado.Gabriel entrou de um modo nada muito diferente de sua visita a Paradise Falls e Bob soltou um " Mas que porra..." ante de mirar no arcanjo. Este apenas o olhou vagamente, dirigindo o olhar para trs de Bob. O homem ento franziu o cenho e virou a cabea um pouco para o lado finalmente notando Michael.- ...acho que melhor deixar vocs a ss, certo?Gabriel olhou para ele mais uma vez, suas asas ajeitando-se contra suas costas e Bob ergueu as duas mos antes de sair da poltrona. Passou por Michael, que mantinha o olhar fixo em Gabriel, e disse:- No se incomodem comigo. Eu vou... ahn... estar no quarto... ouvindo um pouco de msica. Msica bem alta. - ele acrescentou erguendo as sobrancelhas. Dando um tapinha amigvel no ombro do anjo que poderia muito bem ser um "Vai fundo, amigo." o ex-dono de posto de gasolina desapareceu rapidamente no corredor.Michael virou o rosto para acompanh-lo com o olhar e quando se voltou novamente Gabriel estava bem na sua frente.- Gabriel... -ele comeou, mas foi interrompido quando o irmo tomou seu rosto nas mos e o beijou to repentina e selvagemente que quase o fez perder o equilbrio. Michael agarrou os braos do outro arcanjo, tombou a cabea levemente de lado e abriu os lbios para permitir que Gabriel aprofundasse o beijo como queria... como ambos precisavam.Ento Gabriel se deteve de repente e Michael estava a ponto de perguntar o que acontecera quando o irmo franziu o cenho e virou o rosto para o corredor. A porta do quarto dos fundos bateu rapidamente e Michael revirou os olhos.Dando uma olhada rpida para trs de Michael e ento o encarando novamente o arcanjo ergueu uma sobrancelha incrdula.- Lavando loua?Michael bufou e empurrou Gabriel de volta para a sala, as mos de ambos nunca saindo de cima do outro, to prximos que o primeiro podia sentir o roar suave das asas do segundo nos lados de seu corpo.- Voc demorou. - observou Michael no sem um leve tom de repreenso no na voz mas no olhar que jamais abandonava o de Gabriel.- Voc deu granadas a eles, Michael. - Gabriel estava ainda menos satisfeito tanto com seu atraso quanto com toda a situao e finalmente, quando viu o pequeno sorriso divertido nos lbios de Michael, desvencilhou-se do irmo e deu-lhe as costas, contrariado. Michael apenas suspirou e deixou as mos carem ao lado do corpo - Eu soube dos demnios. - ele disse sem se voltar- Eles no so nada contra um anjo... menos ainda contra voc... mas isso o que voc quer, Michael? Proteger os seres humanos contra essas criaturas inferiores, salv-los no s de si mesmos mas de todo o resto? Isso no digno de voc.- Eles precisam de ajuda, Gabriel. Um dia a criana ir gui-los mas ainda cedo para isso. E no existe tarefa indigna quando o objetivo guiado por amor. Voc sabe disso.- Amor! - Gabriel virou-se para ele quase cuspindo a palavra e Michael se retraiu. - O que eles sabem sobre Amor? O Pai os amou como a nenhuma outra criatura sob os cus e com o que eles retornaram essa devoo? Guerras, violncia e uma ambio desmedida que destri tudo o que tocam! a essas criaturas que voc quer dedicar seu Amor??Michael se aproximou devagar e estendeu a mo para o irmo, sua expresso suave bem como sua voz ao responder.- Eles esto perdidos, sempre estiveram. Ns falhamos em nossa tarefa de gui-los, ns os deixamos sozinhos enquanto outros se interessavam por eles mais e mais a cada dia, a cada sculo. - ele tocou o brao de Gabriel que o olhava de cenho franzido e dava a impresso de poder se esquivar de seu toque a qualquer momento, e deixou a mo deslizar para a mo do irmo. - Ns pedimos algo pelo qual eles ainda no estavam prontos, Gabriel... e o verdadeiro Amor no precisa que o retornem. - Ele podia ver nos olhos do irmo que ele poderia ceder... com o tempo. Ele queria ceder, mesmo que apenas por causa de seu amor por Michael, ele podia ver isso no modo como o rosto de Gabriel se suavizou a suas palavras e pela maneira que seu corpo voltou a aproximar-se do dele. - Fique comigo... nem que seja por algum tempo... e deixe-me mostrar o que eu vejo. Ns s vemos o pior deles a maior parte do tempo porque ns s voltamos nossos olhos para eles quando fazem algo de errado. Deixe-me mostrar o bem de que eles so capazes.Gabriel piscou algumas vezes, o olhar de seu irmo to lmpido e ansioso, sua voz to suave e convincente em seu apelo que ele quase disse sim ali mesmo e imediatamente. Mas ele ainda sentia raiva daquelas criaturas que desafiavam seu Pai e fizeram seu Irmo cair e desafiar ele mesmo Suas ordens. Os seres humanos que afastaram seu amado irmo e quase o haviam forado a matar Michael. O arcanjo de cabelos claros leu tudo isso na expresso de Gabriel e baixou os olhos deixando que apenas suas mos e sua voz comunicassem o que sentia.- Mesmo que no seja por eles... fique comigo por apenas alguns dias. Eu sinto falta da sua presena ao meu lado. E disto. - ele acrescentou ao passar seus braos em volta da cintura de Gabriel, seus lbios procurando os do irmo ao mesmo tempo em que este o envolvia com suas grandes asas por puro reflexo. A expresso dolorida no rosto de Gabriel contava a Michael o quanto ele tambm sentia falta dele e de como iria sentir ainda mais a falta do toque e da suave intimidade que as asas de ambos podiam comunicar ao tocarem uma outra.- Suas asas... - ele murmurou contra os lbios de Michael. - Deixe-me ver.Michael ergueu os olhos para ele ento os baixou novamente, nervoso.- No.- Michael, deixe-me ver. - a voz de Gabriel era firme bem como as mos que agora foravam Michael a virar-se de costas. O arcanjo lutou brevemente, lanando lhe um olhar furioso que continha mais embarao do que raiva, mas finalmente cedeu. Gabriel ergueu a camiseta escura que Michael vestia por cima da cabea deste e a jogou de lado na poltrona de Bob. Ele traou com as pontas dos dedos as compridas cicatrizes nas costas do irmo enquanto Michael, olhos fechados com fora, reprimia a lembrana da dor e tentava no contrair-se sob o toque. - Gabriel...?- com um misto de surpresa e consternao Michael virou o rosto ligeiramente de lado para ver Gabriel, pois sentira as lgrimas quentes deste caindo sobre o local onde deviam estar suas asas e agora s havia aquelas duas feias cicatrizes. Antes de dizer ou fazer alguma coisa mais Michael sentiu os lbios do irmo tambm sobre elas e ele mesmo no conseguiu conter suas lgrimas. - Perdoe-me, irmo.Gabriel o virou novamente para si e limpou-lhe as lgrimas com os polegares, suas asas envolvendo-o novamente, acariciando lhe as costas delicadamente com as pontas macias que tambm eram to letais quanto adagas quando eles assim o desejavam.- Est tudo bem. - assegurou Gabriel puxando Michael para si, beijando-o ternamente, testa, faces e lbios, deixando que aquele sentimento entre eles afastasse a dor e a tristeza de seu destino e crescesse mais e mais at que em sua mente s existisse aquele amor e aquele desejo que seria capaz de deflagrar um inferno bem no meio da Terra.Em meio aos beijos e aos toques que exploravam um ao outro, cada vez mais exigentes e ousados, Gabriel disse sim. Ele ficaria com Michael. Nem que fosse mesmo por apenas alguns dias.

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Na manh seguinte Bob acordou um pouco sobressaltado e notou duas coisas. A primeira foi que o aparelho de mp4 (e os fones que fizera questo de usar durante o sono para no ouvir qualquer coisa que no fosse da sua conta e pudesse estar acontecendo na sala) estava desligado e em cima da mesinha de cabeceira; a segunda coisa foi o aroma simplesmente irresistvel de panquecas, caf fresco e possivelmente os mais deliciosos ovos com bacon j feitos na Terra. Livrando-se das cobertas e jogando um roupo sobre a cala do pijama e a camiseta que vestia ele mandou a discrio para o inferno e que se danasse se os dois pombinhos angelicais estivessem se agarrando na cozinha; ele estava faminto e aquele aroma o estava chamando como uma sereia a um marinheiro.Ao chegar na cozinha ele tentou no parecer muito chocado com a viso altamente surreal de um arcanjo sentado mesa, tomando caf em uma caneca enorme com a figura de um panda, as longas asas tocando o cho dos dois lados da cadeira. Havia uma pilha interessante de panquecas no prato a frente dele bem como um fino quadrado de manteiga e o que s podia ser mel ou algum outro tipo de calda escorrendo de cima delas. - Diabos me mordam. - disse Bob antes de conseguir se segurar e Gabriel apenas dirigiu um olhar neutro na direo dele antes de voltar a concentrar-se no caf. Parecia mesmo bem concentrado, como se fosse a primeira vez que tomava algo assim na vida. E Bob imaginou que provavelmente era exatamente isso.Michael estava apoiado contra o balco da cozinha, os braos cruzados, olhando para Gabriel com aquela sua expresso serena e algo indecifrvel. Quando Bob entrou na cozinha virou o rosto para ele e apontou o prato cheio de bacon e ovos em frente do lugar vazio na mesa a direita de Gabriel. Havia um prato de panquecas ao lado daquele tambm.Bob sentou-se como se estivesse sob os efeitos de algum tipo de sonho e continuou encarando Gabriel por mais algum tempo. Ainda se lembrava de como aquelas asas eram afiadas e de como o anjo quase afundara a cara de seu filho no assoalho com aquela maa. Aproveitou para dar uma olhada mais abrangente e constatou que no, a coisa no estava ali no cinto dele. Provavelmente ele a pendurara no cabideiro junto da porta...E foi ento que Bob comeou a rir porque a tenso de todos aqueles dias mais a situao em que todos estavam simplesmente estourou dentro dele como uma bolha e era ridculo demais estar ali tomando aquele caf da manh de comercial de tev preparado por um arcanjo, sentado ao lado do namorado-irmo deste como se aquele maldito no tivesse tentado matar todos os que ele amava h apenas algumas noites atrs!Michael olhava para ele em silncio, pois sabia o que estava acontecendo e sabia tambm que a mente de Bob precisava daquilo, precisava de um escape. Gabriel olhou para Michael por um momento e ento pousou a caneca de volta na mesa, sua ateno agora voltada para aquela pilha de panquecas que lhe eram to estranhas quanto o caf apesar de ele ter achado o caf at que bastante tolervel... at saboroso.- Desculpe... - disse Bob, limpando algumas lgrimas de riso com a manga do roupo e ainda rindo ao pegar o garfo e a faca e comear a cortar uma fatia de bacon. - a primeira vez que tomo caf com dois arcanjos principalmente depois de um deles ter tentado matar a mim e ao meu filho numa mesma noite. - e com um sorriso enorme e sarcstico para ambos os seres celestiais enfiou uma generosa garfada de ovos e bacon na boca acompanhando-a com um rpido e igualmente generoso gole de caf. - Hunm... isso aqui est timo! Se eu ainda tivesse um posto com restaurante de beira de estrada eu com certeza ia te oferecer um emprego, Michael. Mas ns sabemos o que aconteceu, certo? Nada mais de posto de gasolina e restaurante de beira de estrada e nada mais de um monte de outras coisas graas ao maldito Apocalipse! - e com isso ele enfiou mais uma garfada de ovos e bacon na boca, sorrindo.Michael respirou fundo e baixou o olhar; no havia motivo para fazer qualquer outra coisa a no ser esperar que Bob se acalmasse. Gabriel estava comendo em silncio e fingindo no ligar para as palavras do homem, mas Michael podia ver a linha dura do maxilar do irmo e o leve estreitar de seus olhos.- Aposto que essas panquecas esto timas, huh. - continuou Bob, diretamente para Gabriel. - Ele cozinha que uma maravilha, precisa ver o bife com pur de batatas que ele sabe fazer. Voc no acreditaria no quanto bom... mas talvez voc apenas acabasse comendo os vegetais como ele... se todos os anjos so vegetarianos, claro. - ele sorriu novamente e tomou um gole do caf. - E ento? So todos vegetarianos? Michael no fala muito, mas eu tambm no perguntei isso ainda... ento aqui est. E por que cargas dgua o nosso cozinheiro no est comendo?? Dieta?- Ele no come muito. - foi a resposta de Gabriel e ouvir a voz do arcanjo fez Bob pausar o garfo a caminho da boca e talvez tenha rearranjado alguns parafusos tambm. O arcanjo de cabelos escuros tomou ele mesmo mais um gole do caf, avaliou a manteiga por um momento antes de empurr-la para o canto do prato e devorou mais um pedao de panqueca antes de continuar.- Uma fatia de po e um pouco de queijo com mel foi tudo o que ele ingeriu junto com um pouco de suco de laranja. E sim, a maioria de ns vegetariana.Bob assentiu, pensando na velha possuda que pedira um bife cru no restaurante antes de comear a arrancar pedaos do pescoo das pessoas. Olhou de Gabriel para Michael com uma expresso curiosa, abriu a boca para fazer uma observao e ento deu de ombros.- Fale. - disse o arcanjo que, ao contrrio de Michael, era muito menos paciente e no gostava de meias palavras ou coisa do tipo.- Gabriel. - Michael pediu e Bob apenas olhou para os dois novamente sem entender.- Voc ia dizer algo. - explicou Gabriel alcanando o bule de caf e servindo-se de mais. - Continue o que estava prestes a dizer.Bob deu de ombros.- Eu ia perguntar se vocs so imunes a marcas de chupes, mordidas e etc. porque no estou vendo nada parecido... a vista pelo menos... e me pareceu que vocs estavam tendo um reencontro e tanto a noite passada.Foi tudo muito rpido. Num segundo Gabriel estava engasgando com o caf e Michael estava curvando-se sobre si mesmo, a gargalhada rica e cristalina inundando a cozinha iluminada, ao som das asas agitadas do outro arcanjo. Bob apenas espetou uma panqueca no prato ao lado com o garfo e encolheu os ombros.- Como... ousa... - ofegou Gabriel cheio de indignao mas tambm de caf, tentando em vo parecer muito irritado e possivelmente uma ameaa mas falhando horrivelmente ao no conseguir parar de tossir. A gargalhada de Michael tambm no ajudava em nada o efeito geral. - Oh vamos l! - Bob derramou um pouco de mel sobre suas panquecas e no ignorou seu pedao de manteiga - Eu ouvi vocs dois l no restaurante e vi muito bem o que estava acontecendo antes de voc virar pra mim aquele olhar de derreter bujo de gs ontem noite. E pra constar, eu s estava me certificando de que vocs no iam derrubar a casa ou algo assim... eu no ia ficar espiando.Gabriel lanou um olhar rpido e chocado para Michael que parara de gargalhar e apenas olhava para eles tentando no rir. Estava sendo to bem sucedido nisso quanto Gabriel em sua tentativa de revolta indignada. O irmo assentiu e o arcanjo fechou a cara imediatamente. Era um ser celestial que gostava e muito de discrio e no ficava nem um pouco satisfeito em ser alvo da curiosidade de outros, muito menos de um mortal!- Isso inaceitvel. - resmungou.- Est tudo bem, Gabriel. Isso nunca foi segredo. - Michael declarou naquele seu tom calmo e quieto servindo-se de mais um pouco de suco de laranja.- Em casa talvez no... - comeou Gabriel e Michael olhou-o com uma clara expresso de "Por favor..." (Nota da Autora: Mais para Bitch please... na verdade) ao qual o irmo respondeu com um suspiro irritado antes de continuar - Mas aqui?? No da conta deles o que ns somos um para o outro, Michael!- No da nossa conta, mas ei! no como se vocs fossem exatamente discretos, certo? E como vocs chamam isso que vocs so? Amantes, namorados... fraternidade com benefcios...? - Amantes to bom quanto qualquer outro nome se voc precisa de um. - Gabriel olhava para Michael com fogo no olhar e no do tipo que acabava nas atividades que Bob com certeza achava que os dois tinham se engajado noite passada- Ns nunca nos preocupamos com isso embora Raphael muitas vezes tenha nos chamado de Tolos Apaixonados mais de uma vez.- Romntico. - observou Bob sem nenhum sarcasmo, ainda as voltas com suas panquecas, e Gabriel se levantou derrubando a cadeira num movimento irritado das asas. - Calma com essas coisas, amigo. Elas so meio perigosas... eu no gostaria de sentir o carinho delas de novo na minha barriga. - e para Michael que apesar de aparentar uma certa seriedade estava se divertindo muito com a expresso aborrecida do irmo. - Ento nada de pecado pelo que entendi. Gabriel olhou-o com uma expresso confusa que substituiu a irritao pelo menos por alguns momentos.- Por que algum consideraria a palavra pecado para o que sentimos um pelo outro? - indagou ele tomando Bob de surpresa. - Vocs criaram tantos significados tolos para coisas que deveriam ser simples... mancharam de vergonha e perversidade atos que deviam apenas encerrar pureza e paixo sem saber o verdadeiro significado de pecado. - ele olhava Bob com algo muito prximo de impacincia e um leve desprezo. - Eu arrancaria sua cabea aqui e agora se voc no fosse apenas uma criana ignorante dos assuntos dos adultos.- Okay, cara, escute aqui...- J chega. - a voz de Michael foi firme e fez os dois se calarem imediatamente. Ele comeou a juntar os pratos e canecas enquanto os outros dois se olhavam como duas crianas que acabavam de discutir na mesa do caf da manh sendo repreendidas pela me. - A nica maneira de eles aprenderem sendo ensinados, Gabriel, portanto Bob tem todo o direito de perguntar e dissipar suas dvidas e equvocos. - olhou para o humano - Gabriel no tem tanta experincia em lidar com sua espcie como eu ento ambos tero que ser pacientes.Os dois fitaram Michael e ento se entreolharam novamente, uma pequena trgua se formando, muda, entre eles.- Nada de pecado. - afirmou Michael colocando pratos e canecas dentro da pia. Automaticamente Bob comeou a guardar o resto das coisas na geladeira e na despensa, ainda olhando Gabriel de lado. - Nossos sentimentos so apenas considerados um tanto tolos dado que amar um indivduo de maneira diferente que a seus outros irmos e irms encarado como algo infantil e imaturo.- Irmos e irms? Ento existem anjos femininos? - Bob estava realmente comeando a ficar fascinado com aquela coisa toda mesmo que pudesse ver pelo canto dos olhos a cara feia de Gabriel. - Sempre pensei que isso fosse mais coisa de Hollywood e de filmes porn.Michael balanou a cabea negativamente mas franziu o nariz pela meno do filme porn, no por qualquer outro motivo que no o de achar de puro mau gosto a ideia de colocar anjos nesse tipo de mdia.- Gabriel, voc pode endireitar a cadeira, por favor? Obrigado. Sim, existem anjos femininos, mas no existe nenhuma diferena entre ns e ningum considera nossas irms um gnero a parte. - Mas vocs tm... como posso dizer... - Bob tentou colocar seus pensamentos em palavras e descobriu que no era muito fcil. - Vocs possuem diferenas, certo? Naquela noite depois que Gabriel aqui saiu voando atrs de trs garotos e um recm-nascido para assassin-los eu pude ver muito bem que pelo menos uma parte da sua anatomia , e funciona, igual a nossa.Gabriel estreitou os olhos. - Do que ele est falando, Michael? O que ele viu? - obviamente ser chamado de assassino importava bem menos do que a ideia de algum invadindo a privacidade de seu irmo.Bob ergueu as mos num gesto de paz.- No leve a mal, amigo, mas seu irmo no exatamente mediano e aquelas calas dele eram mesmo justas...Gabriel avanou para Bob e Michael se colocou entre eles encarando o irmo com uma expresso que era um aviso bem claro. O outro arcanjo quase rosnou mas recuou assim mesmo.- Eu ainda estava com uma ereo depois que voc me deixou no restaurante aquela noite, Gabriel, s. Bob estava ferido mas no estava cego quando o resgatei de trs do balco. - essa resposta pareceu deixar Gabriel mais calmo e talvez algo convencido mas Michael voltou-se para Bob novamente - uma questo de vontade, na verdade. Podemos ser anatomicamente idnticos a vocs se quisermos. A maioria de ns nem mesmo possui um corpo, existindo como puro pensamento e energia para melhor desempenhar suas tarefas, outros no possuem mais do que uma semelhana superficial com os seres humanos e no se interessam por detalhes anatmicos como sistemas reprodutores. - ele voltou a apoiar-se no balco da cozinha enquanto Gabriel continuava de p do outro lado da mesa e Bob sentava-se novamente com uma desagradvel sensao de que era sua vez de lavar a loua do caf.- Ento vocs dois escolheram ser anatomicamente idnticos a ns da cintura pra baixo?Michael sorriu, divertido.- Sim. Os anjos que entram mais em contato com a sua espcie acabam adotando alguns de seus traos, por escolha prpria e por curiosidade. - ele olhou com afeto para Gabriel- Eu fui o primeiro de ns dois e Gabriel apenas me seguiu para me agradar.Era realmente interessante, pensou Bob ao olhar para Gabriel, de repente descobrir que anjos podiam corar.- Mas naquela noite foi a primeira vez que voc reagiu daquela forma, Michael. - disse Gabriel em um tom de curiosidade, pegando Bob de surpresa uma vez mais. - E foi a primeira vez que eu respondi a suas provocaes com um ardor que eu jamais tinha experimentado antes.- Wow. Primeira vez que vocs tiveram um caso de pau durice um pelo outro? - Bob assoviou. - Eu realmente no esperava por essa. Estou falando com os virgens mais velhos que j conheci na vida.Gabriel ps a mo sobre os olhos e encostou na parede. Aquela conversa era um pesadelo para ele mas Michael parecia estar se divertindo. Por outro lado, Michael sempre se divertia em faz-lo sofrer.- Estvamos sob muita presso, Gabriel e aqui as sensaes se tornam mais... terrenas, por assim dizer. O outro arcanjo meneou a cabea parecendo considerar aquilo como tendo algum sentido ento deu de ombros. Era fascinante ver as asas dele encolherem-se com o gesto como se tivessem vida prpria e Bob teve que se forar a virar o rosto de volta para Michael...e a pia com as louas para lavar. Michael pareceu perceber a direo de seu olhar e Bob imediatamente procurou mais algumas perguntas.- Isso quer dizer que ontem a noite foi a primeira vez de vocs ou o reencontro no foi assim to apimentado quanto eu imaginei?Com um ltimo suspiro exasperado Gabriel foi at Michael e o empurrou de lado com uma das asas para poder alcanar a pia. Resolvera que lavar a loua era mais interessante do que continuar ali parado ouvindo um mortal e seu irmo dissecarem a intimidade dos dois. No passou despercebido a Michael o alvio na expresso de Bob ao ver outra pessoa se encarregando da tarefa, claro.- Voc tem certamente uma imaginao frtil. - foi a resposta de Michael e Bob percebeu que a disposio dele para responder aquele tipo de perguntas tinha acabado pelo menos por hora.Quando Bob voltou para o quarto para trocar de roupa e verificar suas bandagens Michael aproveitou para se aproximar do irmo, que o olhou de lado enquanto enxaguava sua caneca de pandinha.- No fique de to mau humor, Gabriel. normal que ele fique curioso... no sempre que se pode discutir o sexo dos anjos com dois anjos. - Voc estava se divertindo. Voc ainda est se divertindo, Michael. Se era isso o que queria me mostrar a respeito do bem de que eles so capazes eu no estou vendo nenhuma maravilha at o momento.Michael no disse nada, apenas revirou os olhos e estendeu a mo para correr os dedos cuidadosamente pelas plumas curtas na curva das asas de Gabriel. O arcanjo estremeceu e o olhou feio. Quando Michael repetiu o gesto e aproximou-se mais, os lbios perigosamente prximos da orelha do maior, Gabriel abriu a asa jogando o irmo para o outro lado da cozinha.O barulho de um arcanjo sendo jogado contra a parede atraiu imediatamente a ateno do humano paranoico no quarto dos fundos e Bob apareceu no corredor, sem camisa e carregando a espingarda, j procurando a origem do conflito. Ao ver Gabriel calmamente puxando um pano de prato para comear a secar a loua e Michael do outro lado da cozinha tentando se levantar do cho com o mximo de dignidade que era esperada de um General das Foras Anglicas, o homem suspirou e baixou a arma.- Arrumem um quarto, pelo amor de Deus. - disse e voltou para o seu prprio para terminar de se vestir.

ooo000oooTBC...E no prximo (e ltimo captulo) finalmente o Lemon!! (povo ainda chama de Lemon...)