arise out of the em cabo polonio, em busca do tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences...

7
109 TAM NAS NUVENS 108 TAM NAS NUVENS | EXPERIENCES FOR RESTING CABO POLONIO Casinhas de madeira surgem no imenso areal de Cabo Polonio Wooden houses arise out of the immense sandy area of Cabo Polonio IN SEARCH OF LOST TIME EM BUSCA DO PERDIDO TEMPO TEXTO/TEXT ADRIANA CARVALHO FOTOS/PHOTOS CLAUS LEHMANN EM CABO POLONIO, UMA PENíNSULA A 260 QUILôMETROS DE MONTEVIDéU, NO URUGUAI, NãO EXISTE LUZ ELéTRICA, áGUA ENCANADA, ASFALTO OU INTERNET A CABO. MAS ACREDITE: VOCê NãO VAI SENTIR FALTA DE NADA DISSO. O LUGAR é RECHEADO DE PRAIAS VAZIAS, DUNAS, LEõES-MARINHOS, UM CéU CHEIO DE ESTRELAS E, MAIS IMPORTANTE, OPORTUNIDADES DE SOBRA PARA APROVEITAR O óCIO IN CABO POLONIO, A PENINSULA 160 MILES [260 KM] FROM MONTEVIDEO, URUGUAY, THEY DON'T HAVE ELECTRICITY, INDOOR PLUMBING, PAVEMENT OR BROADBAND INTERNET. BUT TRUST US: YOU WON'T MISS ANY OF THESE THINGS. THE PLACE DOES HAVE DESERTED BEACHES, DUNES, SEA LIONS, A SKY FILLED WITH STARS AND, MOST IMPORTANTLY, PLENTY OF OPPORTUNITIES FOR ENJOYING THE FREE TIME 108 ARGENTINA BRASIL CABO POLONIO URUGUAI MONTEVIDÉU Para descansar Cabo Polonio TAM NAS NUVENS | EXPERIENCES FOR RESTING CABO POLONIO

Upload: others

Post on 29-Dec-2019

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

109tam nas nuvens108 tam nas nuvens | experiences • for resting • cabo polonio

Casinhas de madeira surgem no imenso areal

de Cabo Polonio Wooden houses

arise out of the immense sandy area

of Cabo Polonio

In search of lost tIme

Em busca DO

perdido tempo

texto/text aDriana carvalhOfotos/photos claus lEhmann

Em Cabo Polonio, uma PEnínsula a

260 quilômEtros dE montEvidéu, no uruguai,

não ExistE luz ElétriCa, água EnCanada, asfalto

ou intErnEt a Cabo. mas aCrEditE: voCê não vai

sEntir falta dE nada disso. o lugar é rEChEado dE

Praias vazias, dunas, lEõEs-marinhos, um

Céu ChEio dE EstrElas E, mais imPortantE,

oPortunidadEs dE sobra Para aProvEitar o óCio

In Cabo PolonIo, a PenInsula 160 mIles

[260 km] from montevIdeo, uruguay, they don't

have eleCtrICIty, Indoor PlumbIng, Pavement or

broadband Internet. but trust us: you Won't mIss any of these thIngs. the

PlaCe does have deserted beaChes, dunes, sea lIons,

a sky fIlled WIth stars and, most ImPortantly, Plenty

of oPPortunItIes for enjoyIng the free tIme

108

ARGENTINABRASIL

CABO POLONIO

URUGUAI

mONTEVIDÉU

Para descansar cabo Polonio

tam nas nuvens | experiences • for resting • cabo polonio

Page 2: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

111tam nas nuvens110 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonio

ma babel se forma na carroceria aberta do caminhão 4x4 lotado de mochilas, violões e caixas de mantimentos. Ou-vem-se conversas em francês, in-glês, português e espanhol en-

tre os passageiros. O relógio marca 20 horas e o sol ainda está no alto de um céu muito azul. O veícu-lo sacoleja no longo e sinuoso caminho de areia e vegetação rala. Aos poucos deixa para trás a cida-de, com seu asfalto, trânsito, internet e corre-cor-re, para ingressar numa pequena península afas-tada de tudo na costa uruguaia: o Cabo Polonio. A 260 quilômetros da capital, Montevidéu, trata--se do lugar perfeito para quem quer descansar em praias semidesertas, onde o tempo passa devagar, leões-marinhos dormem nas rochas a poucos me-tros dos turistas, jantares são iluminados com ve-las e um farol orienta os navegantes.

A tower of Babel forms in the back of the 4x4 pick-up truck loaded with backpacks, acoustic guitars and boxes of groceries. The passengers are conversing in French, English, Portuguese and Spanish. The clock reads 8 p.m. and the sun is still high in the blue sky. The truck bounces up the long and winding dirt road, sparse with vegetation. Gradually, we leave the city behind, its pavement, traffic, internet and hustle and bustle, in order to enter a small peninsula away from it all on the coast of Uruguay: Cabo Polonio. A hundred and sixty miles [260 km] from the capital, Montevideo, it's the perfect place for those who want to relax on semi-deserted beaches, where time goes by slowly, sea lions sleep on the rocks just yards from the tourists, the dinners are candlelit and a lighthouse guides sailors.

“Do you live in Cabo Polonio?” I ask my com-panion in the back seat, a mature woman with long black hair. “Yes, for over 20 years,” she answers. “And what do you do here?” She's amused by the question, as if the answer were obvious: “I look over there, and over there,” she says, pointing to the wide horizon. “In short, I live life.” The Babel on four wheels exits the sandy desert and rolls freely on empty beaches. The seagulls bid us welcome and the sun begins the show, setting on the sea. The woman points to a small wooden house that stands out in the distance. “There, the one with the milky tea color, that's my house. Come visit me when you can,” she says, get-ting off the truck, as it stops there.

Further on, the truck reaches its final destination. The tourists get out and, loaded with luggage, try to get their bearings in the village where the streets are unnamed. Night starts to fall. With no electricity, people wonder how they'll find their way in the dark. The answer comes with the light from the rising moon and the lit candles inside makeshift lamps made out of recycled PET bottles. In addition, every “12 seconds of darkness,” as Uruguay-an songwriter Jorge Drexler sings, a beam of light in-vades the night. It's the time that it takes for the beacon

of the Cabo Polonio lighthouse, paid tribute to in the song, to rotate.

The room in the guesthouse is simple and comfortable, without ap-pliances like a TV and mini-bar. The perfect place to rest after a nearly four-hour trip. The little water that falls from the showerhead is heated by a solar panel and the lights in the

room are powered by a generator that runs for a few hours each day. It's turned off at midnight. While there's light, there's wi-fi. People have to hurry in or-der to make calls, answer texts and post stuff on social networks, still stuck in the hectic pace of city life. Only when the guesthouse is immersed in darkness do I sur-render to sleep, soothed by the sounds of the sea.

u“A senhora vive em Cabo Polonio?”, pergunto à

companheira de banco, uma senhora com longos cabelos negros. “Sim, há mais de 20 anos”, respon-de. “E o que faz aqui?” Ela se admira com a pergunta, como se a resposta fosse óbvia: “Olho para cá, olho para lá”, diz, apontando para o largo horizonte. “En-fim, vivo.” A babel sobre rodas sai do deserto de areia e agora roda livre por praias vazias. As gaivotas dão as boas-vindas e o sol começa a oferecer seu espe-táculo, deitando-se sobre o mar. A senhora apon-ta para uma pequena casinha de madeira que des-ponta ao longe. “Ali, aquela cor de chá com leite, é a minha casa. Venha me visitar quando puder”, diz ao saltar do caminhão, que faz ali uma parada.

Mais à frente, o caminhão chega ao ponto final. Os turistas descem e, cheios de bagagens, procu-ram se orientar na vila cujas ruas não têm nomes. Começa a anoitecer. Sem energia elétrica, fica a dúvida de como as pessoas vão se achar no escuro.

A resposta vem com o brilho da lua crescente e com as velas dentro de improvisados lampiões feitos com garrafas PET recicladas. Além disso, a cada “12 segundos de escuridão”, como canta o compositor uruguaio Jorge Drexler, um clarão invade a noite. É o tempo que leva cada giro do farol de Cabo Polonio, homenageado na música do cantor.

O quarto da pousada é simples e con-fortável, sem comodidades como TV ou frigobar. Perfeito para descansar depois de uma viagem de quase qua-tro horas. A pouca água do chuveiro é aquecida por meio de um painel de energia solar e a luz do quarto é pro-piciada por um gerador que funciona algumas horas ao dia. À meia-noite ele é desligado. Enquanto há luz, há wi-fi. Quem precisa corre para fazer ligações, responder mensagens e pos-tar nas redes sociais, ainda tomado pelo ritmo frenético da vida na cidade. Só quando a pousada mergulha na escuridão eu me rendo ao sono, vencida pelo embalo do barulho do mar.

a cada 12 segundos um clarão do farol invade a noite de cabo PolonioEvery 12 seconds a beam from the lighthouse invades the darkness in cabo Polonio

turistas chegam à península em

caminhões 4x4: vento no rosto e

belas paisagens para receber os visitantes tourists come to the

peninsula in 4x4 trucks: with the wind

in their faces and beautiful scenery to

welcome them

saíd

as em

ma

rço

e abrIl

PONtOs muLtIPLus

a Partir dE

dEsdE dEstinos naCionais

o trECho no PErfil ClássiCo

tam fidelidade leva você amontevidéu

Saiba learn more

Pág.Page 166

montevidéu

3 noites — Crystal

Palace Hotel

Hospedagem com café

da manhã

aéreo ida e volta

A partir de 10x

de R$ 123,47 ou

R$ 1.234,77 à vista

1 0 000

*mo

nte

vId

eo —

3 n

Igh

ts –

Cry

sta

l Pa

laC

e h

ote

l a

CC

om

mo

dat

Ion

s W

Ith

bre

akf

ast

ro

un

dtr

IP a

Irfa

re s

tart

Ing

at

10

Pay

men

ts o

f r$

123.

47 o

r r$

1234

.77

uPf

ron

t d

ePa

rtu

res

In m

arC

h a

nd

aPr

Il —

tam

fId

elId

ad

e ta

kes

you

to

mo

nte

vId

eo

sta

rtIn

g a

t 10

,00

0 m

ult

IPlu

s Po

Ints

Per

seg

men

t In

th

e C

láss

ICo

Pro

fIle

lea

vIn

g f

rom

des

tIn

atIo

ns

In b

raz

Il

Cabo polonio

Page 3: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

113tam nas nuvens112 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonio

na manhã seguinte, um leão-marinho repousa no último degrau da varanda da pousada à beira do mar. O enorme animal negro havia brigado com outros machos por causa de uma fêmea. Está ferido de amor, mas parece tranquilo — como tudo e todos por aqui, que vivem lentamente, sob a hipnose do sol, do mar e do vento. Quem chega a Cabo Polonio entra aos poucos nesse rit-mo. As únicas atividades são as caminhadas pela praia, e a água do mar é um tanto gelada mesmo no ve-rão. Baleias e grupos de golfinhos costu-mam fazer visitas, mas é comum que apa-reçam entre julho e novembro. Durante os passeios as conversas se transformam em longos minutos de um silêncio que não é incômodo, e sim contemplativo — e que quase sempre termina com a frase “Vida difícil a nossa, hein?”.

Depois da praia, é hora de conhecer a vila. Nenhuma casa é igual à outra: uma tem na frente uma bandeira pirata, outra é decorada com um grafite psicodélico. Al-gumas têm painéis solares; outras, uma es-

do mARa hipnose

não há uma casa igual à outra: coloridas ou decoradas com painéis psicodélicos, elas são atração do lugar. abaixo, um dos moradores mais antigos, o Piabano two houses are alike: whether colorful or decorated with psychedelic panels, they are one of the place's attractions. below, one of the oldest residents, Piaba

Durante os passeios as conversas se transformam num silêncio que não é incômodo, e sim contemplativo During the expeditions, conversations give way to a silence that is one of contemplation rather than annoyance

pécie de cata-vento que assobia forte com as golfadas de ar. Contêineres armazenam a água. Tudo é muito colorido. Quiosques com cara de feira hippie vendem artesa-nato: brincos com penas, biquínis de cro-chê, cangas, colares de contas. Perto dali, o Majuga serve empanadas caseiras e lan-ches de carne conhecidos como chivitos. O bar é propriedade de Piaba, como é co-nhecido Isaías Veiga, um senhor de 65 anos e pele dourada pelo sol. Ele conta que mora em Cabo Polonio desde os 18 anos e que foi pescador antes de ter o bar. Seu pai era ca-çador de leões-marinhos e o avô foi um dos primeiros funcionários do farol.

Fora da rua principal, mais casinhas se es-palham pelo campo de grama e areia. Numa delas, um grupo de crianças brinca no re-creio da única escola de Cabo Polonio. Um dos alunos nos convida a entrar, mas avisa que a mestra está muito ocupada. É a única funcionária do colégio, responsável por dar aulas, cozinhar a merenda e fazer a limpe-za. “É uma experiência encantadora dar au-las para a classe em que sete alunos de 5 a 11 anos se misturam”, diz a professora Laura Fontes, de 26 anos. “Eles sabem muito da na-tureza, não desperdiçam água porque é um recurso limitado. Brincam com seus jogos eletrônicos quando há energia, mas passam a maior parte do tempo ao ar livre.”

the hyPnosIs of the sea

The next morning, a sea lion settles on the top step of the guesthouse's veranda, by the edge of the sea. The enormous black creature had fought with other males over a female. He's heartbroken, but seems okay — like every-thing and everyone here, where life moves at a slow pace, under the hypnosis of the sun, the sea and the wind. Those who come to Cabo Polonio get into this rhythm gradually. The only activities here are walks on the beach, and the ocean water is chilly even in the sum-mer. Whales and groups of dolphins often pay visits, but they are most plentiful between July and November. During the expeditions, con-versations give way to long minutes of silence, out of contemplation rather than annoyance — and which are almost always broken by the comment, “Life is rough here, huh?”

After the beach, it's time to visit the village. No two houses are alike: one has a pirate flag in front; another is decorated with psyche-delic graffiti. Some have solar panels; others, a kind of windmill that whistles loudly when the wind blows. Water is stored in containers. Everything is very colorful. Stands with the look of a hippie market sell crafts: feather earrings, crochet bikinis, beach sheets, sea-shell necklaces. Nearby, Majuga serves home-made empanadas and beef snacks known as chivitos. The bar is owned by Isaías Veiga, a 65-year-old gentleman with golden brown skin who is known as Piaba. He says he's lived in Cabo Polonio since he was 18. Before the bar he was a fisherman. His father was a sea lion hunter and his grandfather was one of the first people to be employed at the lighthouse.

Away from the main street, other houses are scattered throughout a field of grass and sand. In one of them, a group of children play dur-ing recess in the only school in Cabo Polonio. One of the students invites us to come in, but warns us that the headmaster is very busy. She's the only employee at the school, responsible for teaching the classes, cooking meals and clean-ing up. “It's an enchanting experience teaching a class in which there's a mixture of students between age 5 and 11,” says 26-year-old teacher Laura Fontes. “They know a lot about nature. They don't waste water because they under-stand it's a limited resource. They play elec-tronic games when there's electricity, but they spend most of their time outdoors.”

Page 4: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

115tam nas nuvens114 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonio

Quem tiver um tempo sobrando durante a viagem pode procurar agências como a Cabalgatas Valiceras. Elas oferecem passeios a cavalo que duram até nove horas, nos quais se atraves-sam dunas e rios. Mas também dá para andar a pé. Uma das ca-minhadas mais concorridas é até o Cerro Buena Vista, o ponto mais alto de Cabo Polonio. Quem chega lá depois de uma longa jornada pelas dunas de areia é recompensado por uma vista pa-norâmica deslumbrante: além do mar, vê-se a Lagoa de Castillos, que fica nos arredores da península. Outro local para observar o vilarejo de cima é, claro, o topo do farol. O caminho até um dos principais pontos turísticos da cidade passa pelas rochas da orla e por um tapete formado por milhares de conchas.

A rota até o farol é também o melhor lugar para observar de per-to os leões-marinhos. Aqui e ali eles tomam sol e mergulham a pou-cos metros dos visitantes, mas a maioria se concentra em rochedos distantes no mar, conhecidos como Islas de Torres. O barulho que fazem lembra o de uma torcida de futebol. No final do século 19, o óleo retirado desses animais movimentava os motores do farol. Com a proibição da caça, hoje eles vivem tranquilos. Para chegar ao farol é preciso subir com cuidado a imensa escada em caracol verde e branca de 132 degraus, o equivalente a um prédio de nove andares. Lá de cima a visão de Cabo Polonio é arrebatadora.

115tam nas nuvens

Those with extra time on their hands during the trip can go to tour agencies like Cabalgatas Valiceras. They offer day trips on horseback which last up to nine hours, crossing dunes and rivers. But you can also go on foot. One of the most popular hikes is to Cerro Buena Vista, the highest point in Cabo Polo-nio. Those who arrive after a long journey across the dunes are rewarded with a panoramic view: aside from the ocean, you can see Laguna de Castillos, lo-cated on the outskirts of the peninsula. Another spot for observing the village from above is, of course, the top of the lighthouse. The road to one of the main tourist sights in the city passes rocks along the coast and a carpet formed out of thousands of shells.

The route to the lighthouse is also a great place to observe sea lions up close. Now and then, you'll see one sunbathing or swimming just yards away from visitors, but most of them gather on faraway rocks

in the ocean, known as the Islas de Torres. The noise they make is reminiscent of a cheer-ing crowd of sports fans. In the late 19th century, the oil ex-tracted from these ani-

mals fueled the lighthouse's motors. Since hunting them has been prohibited, they now live in peace. To get to the lighthouse, you need to carefully climb an immense green and white winding staircase of 132 steps, the equivalent of a nine-story building. From up top, the view of Cabo Polonio is breathtaking.

na página ao lado, o famoso farol de Cabo Polonio. acima, leões-marinhos; à esq., as praias semidesertas on the side page, Cabo Polonio's famed lighthouse. above, sea lions; left, the semi-deserted beaches

os leões-marinhos tomam sol e mergulham no mar a poucos metros dos turistassea lions sunbathe and swim in the ocean just yards away from tourists

114 tam nas nuvens | cabo polonio

o farol foi inaugurado em 1881The lighthouse was inaugurated in 1881

pAnoRâmiCospasseiosPanoramIc excursIons

Cabo polonio

Page 5: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

117tam nas nuvens116 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonio

mAnuAl do óCioo que você precisa saber sobre cabo polonioWhat you need to know about cabo Polonio

cabo polonio é uma área protegida, declarada Reserva natural da Biosfera pela unesco

cabo Polonio is a protected area, declared a natural biosphere reserve by unEscO

o inverno é muito gelado. por isso, prefira o verãoThe winter is freezing cold. so opt for the summer

partindo de montevidéu, há ônibus que vão até a entrada do parque nacional de cabo polonio

There are buses that run from montevideo to the entrance of cabo Polonio national Park

você também pode ir de carro e deixá-lo no estacionamento do parque. À vila só chegam veículos autorizadosYou can also go by car and leave it in the park's parking lot. Only authorized vehicles are allowed into the village

os veículos 4x4 partem a cada duas horas do terminal, diariamente. o último sai às 22 horas

4x4 vehicles leave from the terminal every two hours, every day. The last one leaves at 10 p.m.

se quiser paz de verdade, evite os feriadosif you want real peace and quiet, avoid going on holidays

comer nos restaurantes de cabo polonio não é muito barato. se quiser economizar, leve provisões

Eating out in cabo Polonio isn't cheap. if you want to save money, bring provisions

na vila dá para ficar em pequenos hotéis e albergues. há também casinhas para alugar

in the village, you can stay at small hotels and hostels. There are also houses for rent

na alta temporada há sessões de cinema ao ar livre e música ao vivo nos bares

During high tourism season, there are outdoor movie screenings and live music in the bars

manual for IDleness

Ilu

stra

çã

o: v

erId

Ian

a s

Ca

rPel

lI

Page 6: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

119tam nas nuvens118 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonio

do alto do farol é possível ver a casa cor de chá com leite — e resolvemos fazer uma visita. So-mos recebidos com a voz de Rita Lee cantando “Ma-nia de Você” no MP3 a pilha de Adriana Lagomarsino, a senhora dos longos cabelos negros que não aparen-ta seus 70 anos. Atriz, bailarina e coreógrafa, ela en-sinou artes cênicas na Comédia Nacional da capital uruguaia. Morou em São Paulo e em Brasília para fu-gir da ditadura de seu país e ficou amiga dos cario-cas da trupe Dzi Croquettes e de Hugo Rodas, dire-tor uruguaio radicado no Brasil. Ao retornar, amigos a convidaram para ir a Cabo Polonio. “Nunca mais fui embora”, conta. É tão encantada pela paisagem que quer pintar controles remotos como os de televisão no batente das janelas. “O programa a que assisto é este”, diz ela, mostrando o panorama da janela late-ral. Na despedida, aconselha a voltar à noite. “É o me-lhor lugar para ver estrelas”, afirma.

do que não fAzeR nAdA”

“nada melhor

From atop the lighthouse, you can see the milky tea-colored house — and we decided to pay a visit. We are greeted by the sounds of Rita Lee singing “Mania de Você” on an MP3 play-er owned by Adriana Lagomarsino, the 70-year-old wom-an with long black hair who doesn't look her age. Actress, dancer and choreographer, she taught performing arts at the Comedia Nacional in the capital of Uruguay. She once lived in São Paulo and Brasília to escape from the dictatorship in her own country and made friends with the Rio de Janeiro theater group Dzi Croquettes and the Uruguayan director Hugo Rodas, who resides in Brazil. When she came home, friends invited her to Cabo Polonio. “And I never left,” she says. She is so in love with the landscape that she wants to paint controls like the ones on a TV on the window rabbets. “This is the only show I watch,” she relates, pointing to the scenery. When saying goodbye, she advises us to come back at night. “It's the best place to look at the stars,” she affirms.

"o programa a que assisto é este", diz a moradora de cabo Polonio mostrando o panorama da janela lateral de casa "This is the only show i watch," says the cabo Polonio resident, showing off the panorama viewed from her house's side window

no verão anoitece tarde, o que torna o pôr do sol ainda

mais belo. abaixo, a atriz adriana lagomarsino e

detalhes de sua casaIt gets dark late in the

summer, making for even more beautiful sunsets. below, actress adriana

lagomarsino and close-ups of her home

onde ficarlA peRlA del CABo

É o hotel mais estruturado da região. conta com um bom restaurante e serviços como massagens em uma tenda armada em frente ao mar.It's the hotel WIth the best facIlItIes In the regIon. It features a gooD restaurant anD such servIces as massages In a tent set uP In front of the ocean.

laperladelcabo.net

posAdA sAntA mARAdonA

acomoda atÉ oito pessoas em uma charmosa casa afastada do centro de cabo polonio. Willy, o dono, prepara pastas, pães e conservas caseiras.It accommoDates uP to eIght PeoPle In a charmIng house DIstant from the center of cabo PolonIo. WIlly, the oWner, PrePares Pasta DIshes, breaD anD homemaDe Preserves.

posadasantamaradona.blogspot.com.br

“there's nothIng better than DoIng nothIng”

accommoDatIons

Page 7: arise out of the Em Cabo Polonio, Em busca DO tempo perdido · 108 tam nas nuvens | experiences •for resting •cabo polonio tAm nAs nuvens 109 Casinhas de madeira surgem no imenso

121tam nas nuvens120 tam nas nuvens | Cabo Polonio

Cabo polonioexperiências teatros londres

sacada de uma casa com vista para as dunas e, na página ao lado, um barco e a pousada santa maradona, do argentino Willy: redes, paz e noites estreladas balcony of a house overlooking the dunes and, on the side page, a boat and the santa maradona guesthouse, owned by Willy: hammocks, peace and starry nights

120 tam nas nuvens | cabo polonio

A dica não poderia ser mais acertada. O luar sobre a areia dá a impressão de que se caminha sobre o próprio astro. Paramos de tanto em tanto para admirar o céu, onde parece não haver lugar para tanta estrela. O passeio noturno inclui também um jantar na pousada Santa Maradona, vizinha à casa cor de chá com leite. Willy, apelido do jornalista argentino Guillermo Villalobos, nos espera à luz de velas na cozinha. Prepara sua especialidade, um delicioso ravióli casei-ro de queijo com pesto, e conta que escrevia para um jornal argentino antes de montar a pousada, há dez anos. Além dos raviólis, faz pães e conservas. “Adoro receber gente, tenho curiosidade de conhecer suas histórias, de trocar experiências”, diz ele. E gosta de exibir filmes para os convidados. “A parede da cozinha vira tela e uso um projetor movido a gerador”, conta. Em 2004 Willy diri-giu o documentário La Cocina, sobre o músico uruguaio Gustavo Pena Casanova, que tem ce-nas gravadas em Cabo Polonio.

Na volta do jantar vale uma parada no Bar de Joselo. O lugar só abre à noite: durante o dia é guardado por dois pastores-ale-mães e é bom levar bem a sério o aviso de “cuidado com os cães”. A entrada é apertada entre “muros” de vegetação, que também faz as vezes de teto verde sobre as mesas. A noite segue ao som do charango do músico Jesus e de muita música brasileira vinda de um tocador de CD. De volta à pousada, percebo que passei o dia sem olhar para o relógio. Já não importa que o gerador es-teja desligado ou que a água seja pouca no chu-veiro. Esqueço de trancar a porta — que não fe-cha bem — e me dou conta de que me desatei da cidade. Durmo tranquila.

This tip couldn't be any more appropriate. The moonlight on the sand gives the impression that you're walking on the moon. We stop to admire the sky, which looks like it doesn't have enough room for so many stars. The excursion also includes dinner at the Santa Maradona guesthouse, next to the milky tea-colored house. Willy, as Argentine journalist Guillermo Vil-lalobos is known, awaits us in the candlelit kitchen. He prepares his specialty, homemade ravi-oli with cheese and pesto filling, and tells us that he used to write for an Argentine newspaper before setting up the guesthouse 10 years ago. In addition to ravioli, he makes bread and pre-serves. “I love welcoming people here. I'm curious to hear their stories, to exchange experiences,” he says. And he likes showing movies to his guests. “The kitchen wall becomes a screen and

I use a projector powered by a generator,” he relates. In 2004, Willy directed the documentary La Cocina, about Uruguayan musician Gustavo Pena Casanova, which features scenes shot in Cabo Polonio.

On the way back from dinner, you can stop by Bar de Joselo. The place only opens at night: during the day it's guarded by two German shep-herds, and it's a good idea to take heed of the

“beware of the dogs” sign. The entrance is enclosed between two “walls” of vegetation, which also serves as a green roof over the tables. The night goes on to the sounds of the musician Jesus's charango and plenty of Brazilian music blasting from a portable CD player. Back at the guesthouse, I realize that I went the whole day without looking at my watch. I don't care if the generator is off or whether there's enough water in the shower. I forget to lock the door — which doesn't shut very well — and I notice that I'm not tied to the city anymore. I sleep peacefully.

Paramos para admirar o céu, onde parece não haver lugar para tanta estrela We stop to admire the sky, which doesn't seem to have enough room for so many stars

Cabo polonio