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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO UNIVERSIDADE DO PORTO AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES SAUDÁVEIS DO 1º E 2º CICLO DE ESCOLARIDADE E SEUS PROGENITORES ……………………………………………………………………………………………….. ASSESSMENT OF EATING ATTITUDES AND BEHAVIOURS FROM 1 ST AND 2 ND SCHOOL GRADE HEALTHY CHILDREN/ADOLESCENTS AND THEIR PARENTS Rita Barbosa Martins da Costa Orientador: Mestre Diana Silva Tipo de documento: Trabalho de investigação - Porto 2008 –

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Page 1: AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES …€¦ · comportamentos alimentares, estabelecidos e influenciados por diversos factores culturais, sociais, ambientais e

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO UNIVERSIDADE DO PORTO

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS

ALIMENTARES DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES

SAUDÁVEIS DO 1º E 2º CICLO DE ESCOLARIDADE E

SEUS PROGENITORES

………………………………………………………………………………………………..

ASSESSMENT OF EATING ATTITUDES AND

BEHAVIOURS FROM 1ST AND 2ND SCHOOL GRADE

HEALTHY CHILDREN/ADOLESCENTS AND THEIR

PARENTS

Rita Barbosa Martins da Costa

Orientador: Mestre Diana Silva

Tipo de documento: Trabalho de investigação

- Porto 2008 –

Page 2: AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES …€¦ · comportamentos alimentares, estabelecidos e influenciados por diversos factores culturais, sociais, ambientais e

Agradecimentos

À Mestre Diana Silva, por todo o apoio prestado na orientação deste

trabalho.

Ao Serviço de Estatística Médica da Faculdade de Medicina da Universidade

do Porto pela valiosa colaboração no tratamento e análise estatística.

Aos agrupamentos escolares, pais e crianças participantes do estudo.

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Avaliação das Atitudes e Comportamentos Alimentares de Crianças e Adolescentes

Saudáveis do 1º e 2º Ciclo de Escolaridade e Seus Progenitores

RESUMO

Introdução: Atitudes e comportamentos alimentares contraídos na infância e

adolescência podem influenciar a saúde dos indivíduos. O ambiente familiar e o

nível sócio-económico do agregado desempenham um papel preponderante na

aquisição e desenvolvimento de atitudes e comportamento alimentares de

crianças/adolescentes.

Objectivos: Avaliar atitudes e comportamentos alimentares de

crianças/adolescentes saudáveis e seus progenitores.

Material e métodos: Foram avaliadas 66 crianças/adolescentes e seus

progenitores de dois agrupamentos escolares do 1º e 2º ciclo de escolaridade

pertencentes a uma escola pública (Agrupamento Escolar Irmãos Passos em

Guifões –IP) e a um colégio privado (Colégio Alemão do Porto – CA).

De acordo com a idade cronológica, a amostra foi dividida em dois grupos: GA

( 6 9 anos) e GB ( 10 13 anos). Procedeu-se à aplicação de um protocolo

que incluiu a avaliação antropométrica de crianças/adolescentes e seus

progenitores, da satisfação/insatisfação da imagem corporal, das atitudes e

comportamentos alimentares das crianças/adolescentes pela escala de ChEAT

(Children’s Eating Attitude Test) e dos progenitores pela escala de EAT (Eating

Attitude Test).

Resultados: Do total de crianças/adolescentes estudados, 40,9% são do sexo

masculino, 59,1% do sexo feminino, com uma média de idades de 9,03 ± 1,65.

41,2% das crianças/adolescentes do grupo IP apresenta excesso de

peso/obesidade. Observa-se uma prevalência mais elevada de excesso de

peso/obesidade nos progenitores das crianças/adolescentes do agrupamento

escolar IP (mães=61,7%; pais=64,7%). Apesar dos valores médios

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encontrados da escala global do ChEAT e respectivas subescalas, o score total

do ChEAT, utilizando o valor 20 como ponto de corte, determinou que 13,6%

das crianças/adolescentes estudados pode apresentar alterações do

comportamento alimentar. A relação entre a satisfação/insatisfação com a IC

das crianças/adolescentes vs as atitudes e comportamento alimentares

avaliados pelo ChEAT apresenta significado estatístico na subescala 3

(controlo da ingestão alimentar), onde p=0,047.

Conclusões: Os resultados mostram que crianças/adolescentes com excesso

de peso/obesidade apresentam fraca imagem corporal e maior envolvimento

em comportamentos de dieta e restrição da ingestão alimentar.

É da maior importância o estudo das atitudes e comportamentos alimentares

das crianças/adolescentes e seus progenitores, de modo a identificar

precocemente possíveis perturbações do comportamento alimentar.

Palavras-chave: comportamento alimentar, ChEAT, EAT.

ABSTRACT

Introduction: Eating attitudes and behaviours acquired during childhood and

adolescence can influence the health of individuals. The family environment and

the social-economic standard play an important role in the acquisition and

development of the children/adolescents eating attitudes and behaviours.

Objective: Assess eating attitudes and behaviours from healthy

children/adolescents and their parents.

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Saudáveis do 1º e 2º Ciclo de Escolaridade e Seus Progenitores

Materials and methods: The assessment was done to a sample of 66

children/adolescents from the 1st and 2nd school grade that frequent either a

public school (Agrupamento Escolar Irmãos Passos em Guifões – IP) or a

private school (Colégio Alemão do Porto – CA). The sample was divided in two

different groups according to the chronological age of the children/adolescents:

GA ( 6 9 years-old) and GB ( 10 13 years-old). It was applied a protocol that

included the anthropometric assessment of children/adolescents and their

parents, body image satisfaction/dissatisfaction assessment and

children/adolescents and their parents eating attitudes and behaviours

assessment as per the ChEAT scale (Children’s Eating Attitude Test) and EAT

scale respectively.

Results: From the total sample of studied children/adolescents 40,9% are male

and 59,1% female with an average age of 9,03 ± 1,65 and 41,2% of the IP

group has overweight/obesity. It was observed a higher prevalence of

overweight/obesity in the parents from the group IP children/adolescents’

(Mothers=61,7%; Fathers=64,7%). Although the average values found in the

global scale of ChEAT and its subscales, the total score of ChEAT using the

value 20 as cut-off point established that 13,6% of the children/adolescents

studied can present eating disorders. The relationship between

children/adolescents satisfaction/dissatisfaction with body image versus their

eating attitudes and behaviours estimated with ChEAT have statistical

relevance (p=0,047) for the subscale 3 (eating behaviour control).

Conclusions: The results point out that children/adolescents with

overweight/obesity present a higher dissatisfaction with their own body image

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and higher involvement in dieting and restricting behaviours. It is of the upmost

importance to study the children/adolescents and their parents eating attitudes

and behaviours to enable a precocious identification of possible eating

behaviour disorders.

Keywords: eating behaviour, ChEAT, EAT.

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Avaliação das Atitudes e Comportamentos Alimentares de Crianças e Adolescentes

Saudáveis do 1º e 2º Ciclo de Escolaridade e Seus Progenitores

Rita Barbosa Martins da Costa 2007/2008

ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................. 2

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 3

OBJECTIVOS ........................................................................................................ 3

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 9

RESULTADOS..................................................................................................... 15

DISCUSSÃO........................................................................................................ 29

CONCLUSÕES E SUGESTÕES ......................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 35

ANEXOS .............................................................................................................. 46

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LISTA DE ABREVIATURAS

CA- Agrupamento Escolar Colégio Alemão

CDC – Centers for Disease Control and Prevention

ChEAT – Children’s Eating Attitude Test

dp – desvio padrão

DSM-IV – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – 4th Edition

EAT – Eating Attitude Test

IC – imagem corporal

IMC – Índice de Massa Corporal

IP – Agrupamento Escolar Irmãos Passos

M - média

OMS – Organização Mundial de Saúde

p – nível de significância

Pc – percentil

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INTRODUÇÃO

A alimentação é um acto de sobrevivência. Todos os seres vivos precisam de se

alimentar - existe uma capacidade inata para a procura de alimento.

A ingestão de alimentos é essencial para que possamos obter a energia

necessária ao funcionamento do nosso organismo e à realização das mais

diversas tarefas e actividades. Este simples acto, aparentemente biológico,

evoluiu com a espécie humana ao longo dos séculos tornando-se muito

complexo.

Não apenas nos alimentamos, como somos dotados de um comportamento

alimentar que se rege por normas e valores culturais, princípios e crenças.

Em pleno século XXI, a alimentação serve inúmeros propósitos – deixou de ser

somente indispensável à vida e tornou-se num dos principais actos sociais e

humanos.

A cultura dita as premissas sobre como os adultos e as crianças se devem

comportar, e alimentar. Por outro lado, os seres humanos desenvolvem padrões

de ingestão e hábitos alimentares sob uma norma social. Surgem, assim,

comportamentos alimentares, estabelecidos e influenciados por diversos factores

culturais, sociais, ambientais e psicológicos.

Se por um lado a biologia humana requer que nos alimentemos, a conjugação da

influência dos factores supra-citados é que define o comportamento alimentar.

Apesar do primeiro contacto fisiológico com o ambiente alimentar ocorrer durante

a gravidez, é durante a infância que se inicia a regulação da fome e da saciedade,

de certa forma influenciada pelas experiências precoces1.

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Os pais são os principais responsáveis pela modelação do ambiente alimentar

dos seus filhos: inicialmente, através da escolha e da forma de alimentação do

lactente; e posteriormente, através dos diferentes alimentos disponíveis em casa1.

Por sua vez, alimentar-se é também um acto social. Neste sentido, o

envolvimento dos outros (familiares e pares) vai influenciando o desenvolvimento

de preferências, atitudes e comportamentos alimentares da criança e do

adolescente 2,3.

O contexto no qual se desenvolvem os padrões alimentares na infância torna-se

fundamental. A interacção social às refeições permite à criança experiências

alimentares construtivas, podendo facilitar a aquisição de atitudes positivas

perante os alimentos, que podem perdurar por muitos anos4.

O ambiente familiar tem uma grande influência no desenvolvimento dos hábitos

alimentares da criança/adolescente no que diz respeito não só à quantidade

(ingestão calórica) mas também à qualidade (preferências alimentares)5-9. De

facto, é natural que os jovens rejeitem novos alimentos, com excepção dos doces

e salgados, e ofereçam resistência na mudança de hábitos alimentares1.

Experiências de aprendizagem com os alimentos incluem exposição,

condicionamento associativo, aprendizagem de sabores, modelação parental e

dos pares e influência da exposição à publicidade de géneros alimentícios10,11.

Os pais devem funcionar como modelos, onde a escolha e oferta de alimentos

pode influenciar preferências alimentares da criança/adolescente12. Este tipo de

atitudes tem sido repetidamente descrito como um dos mais importantes

determinantes sobre a ingestão alimentar dos seus filhos13.

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A modelação dos comportamentos por parte dos jovens e a influência que os pais

exercem sobre estes são fundamentais para a aquisição de hábitos alimentares

saudáveis1.

A família desempenha, assim, um papel central na socialização e na

aprendizagem de atitudes e comportamentos relacionados com a

alimentação14,15.

É essencial ter presente que a alimentação da criança é adquirida por uma

aprendizagem contínua veiculada pelos adultos, embora esse processo decresça

à medida que desenvolvem os seus próprios processos de autonomia16.

A idade escolar é a fase crucial para o desenvolvimento de hábitos alimentares e

estilos de vida saudáveis que persistem durante a idade adulta17.

Contudo, é necessário esclarecer que a vida familiar sofreu muitas alterações nas

últimas décadas. As necessidades económicas, os horários de trabalho e o ritmo

acelerado de vida dos pais e das famílias podem funcionar como obstáculos para

a implementação de hábitos alimentares saudáveis e equilibrados nas suas

crianças18.

Sobra cada vez menos tempo aos pais para se dedicarem à preparação de

refeições em casa, sendo que a tendência é privilegiar a compra de alimentos

pré-confeccionados e a conveniência das refeições fora de casa18.

Preparar as refeições em casa é uma oportunidade para toda a família planear

menus, tendo em conta preferências alimentares, o que funciona como cenário

ideal para que os adultos implementem atitudes e comportamentos alimentares

saudáveis nos mais novos.

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Realizar refeições em família pode encorajar uma ingestão alimentar

nutricionalmente mais equilibrada por parte de crianças e adolescentes19.

Muitos estudos demonstram que as crianças e adolescentes que fazem um maior

números de refeições num ambiente familiar consomem normalmente alimentos

mais saudáveis20,21.

Alguns autores consideram que os factores comportamentais que influenciam a

ingestão e interagem com o ambiente familiar, ou mesmo com a predisposição

genética, originam padrões de preferências alimentares e de consumo

alimentar17. Por exemplo, o comportamento alimentar adquirido pode ser um

importante mediador do bom ou mau estado nutricional do indivíduo22. Maus

hábitos alimentares e estilos de vida sedentários têm sido descritos como

principais causas no aumento drástico da prevalência de excesso de

peso/obesidade nas últimas décadas, tanto nos países desenvolvidos como em

via de desenvolvimento23,24.

É hoje unanimente aceite pela comunidade científica que os hábitos alimentares

contraídos na infância e na adolescência podem potencialmente influenciar o

desenvolvimento físico, intelectual e emocional dos indivíduos. Considera-se que

hábitos alimentares pouco saudáveis, instalados precocemente, têm efeitos

negativos na saúde das populações adultas25,26.

A influência parental sobre a ingestão alimentar da criança/adolescente pode

estar na origem do desenvolvimento de um distúrbio alimentar19. De facto, as

atitudes e o comportamento da mãe perante a alimentação da família podem ser

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um marco importante do estado nutricional da criança4. Alguns estudos concluem

mesmo que a falta de atenção por parte dos pais é um factor obesogénico27-29.

O desenvolvimento de distúrbios alimentares caracteriza-se pela existência de um

conjunto de hábitos alimentares e de actividade física desajustados, práticas

obsessivas de controlo de peso, atitudes e comportamentos sobre a alimentação

acompanhados de uma insatisfação com a imagem corporal e de alterações

psicológicas30. A avaliação da satisfação/insatisfação da imagem corporal pode

associar-se a práticas alimentares incorrectas.

Também os factores sociais, no seio familiar, influenciam fortemente os padrões

de ingestão alimentar e de actividade física. De acordo com a literatura, parece

bastante consistente o facto de o nível de educação e sócio-económico dos pais

influenciar as escolhas de estilo de vida dos filhos31.

Parece que o nível educacional dos pais, bem como o nível sócio-económico da

família, influencia de certo modo a escolha alimentar dos filhos2,32.

Estudos mostram que um nível sócio-económico mais baixo prediz normalmente

um estilo de vida menos saudável, tanto no que se refere a hábitos alimentares

como de actividade física, aumentando o risco de obesidade e de doença

cardiovascular33,34.

Tal como nos adultos, as crianças e adolescentes de nível sócio-económico mais

baixo parecem ter uma ingestão alimentar menos saudável (menor ingestão de

fruta e vegetais e maior consumo de alimentos densamente energéticos como

doces, bebidas açucaradas e alimentos com alto teor lipídico) comparativamente

às de melhor nível sócio-económico35-37.

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Um outro estudo qualitativo salientou que os pais de nível sócio-económico mais

carenciado são menos sensíveis a transmitir regras alimentares saudáveis nas

suas casas do que os de nível sócio-económico mais elevado38.

Mães economicamente desfavorecidas podem estar preocupadas em fazer face

às dificuldades do dia-a-dia, demonstrando menor capacidade para atender às

necessidades nutricionais dos seus filhos1.

Da mesma forma, a comunidade científica suporta que o nível superior de literacia

dos pais se correlaciona com padrões mais saudáveis de ingestão alimentar e de

actividade física das crianças39.

Quando se consideram diferentes factores sociais e culturais, a competência

académica dos pais parece ser significante quer em termos de escolhas de

padrões alimentares saudáveis quer na aquisição dos conhecimentos sobre

alimentação e nutrição40,41.

É da responsabilidade dos pais a oferta de alimentos saudáveis num contexto

familiar agradável, e cabe à criança/adolescente a possibilidade de aprender

gradualmente o que deve ingerir42,43.

Contudo, não parece ser justo colocar a total responsabilidade nos pais/filhos,

pois os padrões culturais da sociedade actual vão influenciar fortemente o estilo

de vida resultante1.

Perante o exposto, uma variedade de factores ambientais, psicológicos e sócio-

culturais pode estar associada a padrões individuais e familiares de alimentação e

de actividade física pouco saudáveis, sendo na maioria das vezes responsáveis

pelas alterações do comportamento alimentar durante a infância e a

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adolescência19.

OBJECTIVOS

- Avaliar as atitudes e comportamentos alimentares de crianças e adolescentes

saudáveis e seus progenitores de dois agrupamentos escolares (Colégio Alemão

do Porto – CA; Agrupamento Escolar Irmãos Passos em Guifões – IP), na

totalidade da amostra e relativamente ao grupo etário.

- Identificar a relação entre atitudes e comportamentos alimentares das

crianças/adolescentes vs nível sócio-económico do agregado familiar.

- Relacionar a satisfação/insatisfação da imagem corporal e o estado de nutrição

da criança/adolescente vs escala global do ChEAT e respectivas subescalas.

- Avaliar as atitudes e comportamentos alimentares dos progenitores pela escala

do EAT.

MATERIAL E MÉTODOS

Selecção da Amostra:

A população é constituída num total de 66 crianças e adolescentes saudáveis de

ambos os sexos com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos de idade e

seus progenitores, provenientes de dois agrupamentos escolares do 1º e 2º ciclo

de escolaridade pertencentes a uma escola pública (Agrupamento Escolar Irmãos

Passos em Guifões –IP) e a um colégio privado (Colégio Alemão do Porto – CA).

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De acordo com a idade cronológica, a amostra foi dividida em dois grupos: GA (

6 9 anos) e GB ( 10 13 anos).

A amostra foi aleatoriamente seleccionada mediante a listagem do número de

alunos de cada turma, correspondente aos dois ciclos, em cada agrupamento

escolar.

Foram convocados 50 alunos de cada um dos ciclos escolares, num total de 100

alunos por agrupamento escolar. Apenas responderam à convocatória 66 alunos:

34 do IP e 32 do CA.

Previamente foi enviada carta a todas as crianças/adolescentes seleccionados e

seus progenitores com os objectivos do trabalho a realizar e também com a

declaração de consentimento informado de acordo com a Declaração de

Helsínquia44. Posteriormente, definiram-se os dias e os horários para realização

das respectivas avaliações em meio escolar, tendo-se utilizado um sistema de

codificação alfa-numérico para emparelhamento dos dados familiares.

Todas as avaliações foram efectuadas de acordo com a metodologia e técnicas

internacionalmente recomendadas.

As crianças/adolescentes e seus progenitores foram entrevistados

individualmente pelo mesmo elemento responsável pelo trabalho.

Protocolo de Avaliação:

Procedeu-se à aplicação de um protocolo de avaliação antropométrica, da

imagem corporal e do comportamento alimentar em relação a cada criança e

adolescente e seus progenitores.

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Este protocolo incluiu ainda a caraterização sócio-económica e cultural da

população estudada.

Avaliação Antropométrica:

A avaliação antropométrica da criança/adolescente e respectivos progenitores foi

realizada no momento da entrevista, tendo-se determinado a estatura através de

estadiómetro “Seca” (sensibilidade 0,5cm) e o peso em balança “Seca”

(sensibilidade 100g).

O IMC foi calculado através da fórmula de Quetelet [IMC = peso(kg)/altura2(m)].

Define-se uma criança com excesso de peso quando o 85 Pc<95 e obesidade

quando o Pc 95, segundo o IMC para o sexo e idade45.

Ainda no que diz respeito às crianças/adolescentes, foram também calculados os

z-scores do peso, estatura e IMC das crianças/adolescentes, utilizando como

referência as tabelas do CDC, de acordo com a idade e o sexo46.

Para a determinação do grau de obesidade dos progenitores foi utilizada a

classificação do IMC segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)47.

Quadro 1 – Classificação do grau de obesidade de acordo com o IMC, segundo a OMS.

Classificação IMC

Baixo peso 18,5

Peso normal 18,5 a 24,9

Excesso de peso 25 a 29,9

Obesidade grau 1 30 a 34,9

Obesidade grau 2 35 a 39,9

Obesidade grau 3 40

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Caracterização sócio-económica:

A determinação da classe sócio-económica dos progenitores foi obtida através da

utilização da Escala de Classificação Social de Graffar, constituída por cinco

questões, permitindo agrupar os indivíduos em cinco classes sócio-económicas

distintas: I – classe alta, II – classe média-alta, III- classe média, IV – classe

média-baixa e V – classe baixa48. Às menores pontuações correspondem classes

sócio-económicas mais altas.

A classificação sócio-económica e cultural da família foi obtida pelo depoimento

dos progenitores no momento da avaliação.

Para apresentação de resultados, a classe social foi reagrupada em: classe alta

(classes I e II), classe média (classes III) e classe baixa (classes IV e V).

Avaliação da insatisfação corporal:

A avaliação da imagem corporal das crianças/adolescentes foi obtida por

observação de uma escala constituída por 7 figuras de crianças e adolescentes

de ambos os sexos, compreendidas entre a magreza (F1) e a obesidade (F7)49. A

criança/adolescente respondeu às questões: “Qual a figura que acha que tem?” e

“Qual a figura que gostaria de ter?”.

A insatisfação corporal foi determinada pela diferença entre a Imagem Corporal

que acha que tem e a Imagem Corporal que gostaria de ter .

Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares:

Criança/Adolescente

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O comportamento alimentar foi avaliado por uma escala – ChEAT: Children’s

Eating Attitude Test50 – constituída por 26 items, versão para

crianças/adolescentes adaptada do EAT - Eating Attitude Test51, sendo as

respostas assinaladas numa escala do tipo Likert (1-6) compreendida entre o

sempre (1) e o nunca (6).

Os 26 itens estão divididos em três subescalas: 1 – aspectos relativos ao

cumprimento da dieta – reflecte a recusa patológica a alimentos de elevado valor

calórico e preocupação com a imagem corporal (itens: 1, 6, 7, 10, 11, 12, 14, 16,

17, 22, 23, 24 e 25); 2 – preocupação com a comida e bulimia – refere-se a

episódios de ingestão compulsiva, purgação e outras técnicas de controlo de peso

(itens: 3, 4, 8, 18, 21 e 26); 3 – controlo da ingestão alimentar – demonstra o auto-

controlo em relação aos alimentos e reconhece forças sociais no ambiente que

estimulam a ingestão alimentar (itens: 2, 5, 9, 13, 15, 19, 20). Para a

recodificação de cada item, dividido em 3 escalas do tipo Likert, atribuíram-se

pontos de 0 a 3, dependendo da escolha (sempre = 3 pontos, quase sempre = 2

pontos, frequentemente = 1 ponto, algumas vezes = 0 pontos, raramente = 0

pontos e nunca = 0 pontos). O único item que apresenta pontos em ordem

invertida é o 25, sendo que para respostas mais sintomáticas, como sempre,

quase sempre e frequentemente, não são atribuídos pontos, e para as

alternativas algumas vezes, raramente e nunca, são conferidos 1, 2 e 3 pontos,

respectivamente.

A pontuação total do ChEAT varia entre 0 e 78, e valores mais elevados

correspondem a maior presença de sintomatologia. Valores acima de 20,

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considerado o ponto de corte, são sugestivos de perturbação do comportamento

alimentar – pontuações iguais ou superiores a 20 têm uma alta probabilidade de

estar associadas a uma perturbação do comportamento alimentar segundo

critérios DSM IV52.

O questionário foi validado para populações femininas e masculinas53. Foi

traduzido e validado para várias línguas e culturas. A versão em português,

utilizada neste estudo, foi validada no Brasil54.

Progenitores

A todos os progenitores foi aplicado o questionário Eating Attitude Test (EAT),

desenvolvido pelos autores acima referidos, sendo as respostas igualmente

assinaladas numa escala tipo Likert de 1 a 651.

Tratamento Estatístico

Para descrever os participantes do estudo foram utilizadas estatísticas descritivas

apropriadas. As variáveis categóricas foram descritas através de frequências

absolutas e relativas (%). As variáveis contínuas foram descritas através da média

e desvio padrão ou medianas, percentil 25 e 75 consoante a simetria das

variáveis.

Nos estudos comparativos foram utilizados: o teste Exacto de Fisher, teste de

Qui-Quadrado para a independência de Pearson para comparar grupos.

Em todas as análises considerou-se com significado estatístico um valor de

p<0.05.

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Rita Barbosa Martins da Costa 2007/2008

Foi utilizado o software de análise estatística Stastistical Package for the Social

Sciences v15.0 (SPSS®).

RESULTADOS

1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

1.1. População

1.1.1. Grupo Colégio Alemão - CA

Responderam à convocatória e foram avaliados 32 crianças/adolescentes e

respectivos progenitores do 1º e 2º ciclo de escolaridade do Colégio Alemão do

Porto, representando 48,5% da amostra total.

Nenhuma dos agregados familiares é monoparental.

1.1.2. Grupo Agrupamento Escolar Irmãos Passos – IP

Responderam à convocatória e foram avaliados 34 crianças/adolescentes e

respectivos progenitores do 1º e 2º ciclo de escolaridade do Agrupamento Escolar

Irmãos Passos, representando 51,5% da amostra total.

Quatro dos agregados familiares são monoparentais.

1.2. Caracterização dos agregados familiares dos dois grupos escolares (CA

e IP)

1.2.1. Crianças/Adolescentes (CA; IP)

Do total de crianças/adolescentes estudados (n=66), 40,9% eram do sexo

masculino e 59,1% do sexo feminino, com uma média de idades de 9,03 ± 1,65.

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1.2.2. Progenitores (CA; IP)

Do total de pais (n=62) e de mães (n=66), a média de idades é, respectivamente,

40,7 ± 6,7 e 38,1 ± 6,6.

Os resultados referentes ao grau de escolaridade dos progenitores encontram-se

representados no Quadro 2.

Quadro 2 – Progenitores (CA=32; IP=34). Grau de escolaridade em função do grupo de estudo.

1ºCiclo 2º e 3º Ciclo Secundário Superior

n % n % n % n %

Pai 0 0 0 0 5 15,6 27 84,8CA

Mãe 0 0 0 0 3 9,4 29 90,6

Pai 5 14,7 22 64,7 1 2,9 2 5,9 IP

Mãe 8 23,5 21 61,8 4 11,8 1 2,9

1.3. Caracterização sócio-económica e cultural dos agregados familiares –

CA e IP

A maioria da população estudada pertence às classes I (40,9%) e III (24,2%) da

classificação de Graffar (Quadro 3)

Quadro 3. Distribuição percentual dos agregados familiares segundo a classificação de Graffar

(CA=32; IP= 34)

I II III IV V CA % 84,4 15,6 0 0 0 IP % 0 11,8 47,1 38,2 2,9

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1.4. Caracterização do estado nutricional dos agregados familiares

1.4.1. Crianças/Adolescentes (CA; IP)

Os resultados referentes ao estado de nutrição das crianças/adolescentes dos

dois agrupamentos escolares estudados (CA e IP) por z-scores de peso, estatura

e IMC estão representados na Figura 1.

Figura 1. Crianças/adolescentes. Caracterização do estado nutricional em médias dos z-scores

nos dois agrupamentos escolares (CA=32; IP=34).

Verifica-se que 41,2% das crianças/adolescentes da escola IP apresenta excesso

de peso/obesidade, contrariamente ao que acontece na escola CA onde nenhuma

criança/adolescente é obesa e apenas 28,1% tem excesso de peso (Figura 2).

Figura 2. Crianças/adolescentes. Percentagem com excesso de peso e obesidade nos dois

agrupamentos escolares (CA=32; IP=34).

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1.4.2. Progenitores (CA; IP)

Os resultados referentes à caracterização do estado nutricional dos progenitores

de acordo com o seu IMC estão representados no Quadro 4.

Quadro 4. Progenitores. Caracterização do estado de nutrição de acordo com o IMC

(CA=32;IP=34)

BaixoPeso

Peso Normal Excesso de Peso

OB grau 1 OB grau 2

OB grau 3

n % n % n % n % n % n %

Pai 0 0 19 59,4 11 34,4 2 6,3 0 0 0 0 CA

Mãe 2 6,3 21 65,6 8 25,0 1 3,1 0 0 0 0

Pai 0 0 8 23,5 14 41,2 6 17,6 2 5,9 0 0 IP

Mãe 1 2,9 12 35,3 13 38,2 4 11,8 1 2,9 3 8,8

1.5. Avaliação da satisfação/insatisfação da imagem corporal de

crianças/adolescentes nos dois agrupamentos escolares (CA; IP)

Os resultados referentes à satisfação/insatisfação das crianças/adolescentes com

a imagem corporal na totalidade da amostra e por agrupamento escolar estão

representados no Quadro 5, e por sexo no Quadro 6.

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Quadro 5. Crianças/adolescentes. Satisfação/insatisfação com a imagem corporal por

agrupamento escolar e na totalidade da amostra (CA=32; IP=34; TOTAL=66).

Deseja ser mais gordo Está satisfeito Deseja ser mais magro

n % n % n %

CA 2 6,3 14 43,8 16 50

IP 6 17,6 12 35,3 16 47,1

TOTAL 8 12,1 26 39,4 32 48,5

Quadro 6. Crianças/adolescentes. Associação entre a satisfação/insatisfação com a imagem

corporal e o sexo (n=66).

Desejo ser mais gordo

Satisfeito Desejo ser mais magro

n % n % n %

Sexo Masculino (n=27)

6 22,2 9 33,3 12 44,4

Sexo Feminino (n=39)

2 5,1 17 43,6 20 51,3

Observa-se no Quadro 7 que 87,0% das crianças/adolescentes que têm excesso

de peso/obesidade desejam ser mais magras.

Quadro 7. Crianças/adolescentes. Associação entre o estado ponderal e a satisfação/insatisfação

com a imagem corporal (n=66).

Desejo ser mais gordo Satisfeito

Desejo ser mais magro

n % n % n %

Sem excesso de peso/obesidade (IMC<P85) (n=43) 7 16,3 24 55,8 12 27,9

Com excesso de peso (IMC Pc 85<95) /obesidade (IMC Pc P95) (n=23) 1 4,3 2 8,7 20 87,0

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2. CARACTERIZAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS

ALIMENTARES DAS CRIANÇAS/ADOLESCENTES

2.1. Crianças/adolescentes por agrupamento escolar (CA; IP)

Pela análise do score total do ChEAT, e utilizando o valor 20 como ponto de corte,

determinou-se que 13,6% das crianças/adolescentes estudados podem

apresentar alterações do comportamento alimentar.

Os valores médios referentes à escala global do ChEAT e de cada uma das

subescalas estudadas (1 – aspectos relativos ao cumprimento da dieta; 2 –

preocupação com a comida e bulimia; 3 – controlo da ingestão alimentar) das

crianças/adolescentes nos dois agrupamentos escolares (CA e IP) estão

representados no Quadro 8.

Quadro 8. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT e respectivas subescalas, por agrupamento escolar: média e desvio padrão

(CA=32; IP=34).

Teste Mann Whitney

Nos Quadros 9, 10 e 11 encontram-se representados os valores médios por

agrupamento escolar, relativos a cada um dos itens das subescalas estudadas: 1

CA IPM (dp) p M(dp) 9 (8) ChEAT (escala global) 0,067 11 (7) 4 (5) Aspectos relativos ao cumprimento da dieta 0,127 5 (5) 1 (2) Preocupação com a comida e bulimia 0,289 1 (2) 4 (4) Controlo da ingestão alimentar 0,490 5 (4)

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– aspectos relativos ao cumprimento da dieta; 2 – preocupação com a comida e

bulimia; 3 – controlo da ingestão alimentar (CA, IP).

Quadro 9. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 1 - aspectos relativos ao cumprimento da dieta) , por agrupamento

escolar: média e desvio padrão (CA=32; IP=34).

CA IP TOTAL M(dp) M (dp) M(dp) p

Tenho medo de estar com excesso de peso 5 (1) 4 (2) 5 (2) 0,672 Sei quantas calorias contêm os alimentos que como 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,104

Tento manter-me afastado de alimentos como pão, batata e arroz 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,591

Sinto-me muito culpado após comer 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,131 Penso muito em ser mais magro 4 (2) 4 (2) 4 (2) 0,769 Penso em queimar calorias quando faço exercício físico 4 (2) 5 (2) 4 (2) 0,301

Penso muito sobre ter gordura no meu corpo 5 (1) 5 (2) 5 (2) 0,968 Afasto-me de comidas que contenham açucar 4 (1) 5 (2) 5 (2) 0,453 Como comida de dieta 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,418 Sinto-me desconfortável quando como doces 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,172

Estou a fazer dieta 5 (1) 5 (2) 5 (1) 0,974 Gosto do meu estômago vazio 5 (1) 6 (1) 5 (1) 0,109

Gosto de experimentar novas comidas calóricas 3 (1) 4 (2) 4 (1) 0,329 Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

Quadro 10. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 2 – preocupação com os alimentos e bulimia), por agrupamento

escolar: média e desvio padrão (CA=32; IP=34).

CA IP TOTAL M(dp) M(dp) M(dp) p

Penso em comida muitas vezes 4 (1) 4 (1) 4 (1) 0,219 Já tive ataques de voracidade nos quais sentia

que não ia conseguir parar de comer 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,741

Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais 5 (1) 4 (2) 5 (2) 0,163

Penso que a comida controla a minha vida 5 (1) 5 (2) 5 (1) 0,802 Dedico muito tempo e pensamento à comida 4 (1) 5 (1) 5 (1) 0,170 Tenho a urgência de vomitar após comer 6 (0) 6 (1) 6 (1) 0,299

Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

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Quadro 11. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 3: controlo da ingestão alimentar) por agrupamento escolar: média e

desvio padrão (CA=32; IP=34).

CA IP TOTAL

M(dp) M(dp) M(dp) p

Mantenho-me afastado da comida quando tenho fome 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,731

Corto a comida em pedaços pequenos 3 (1) 3 (2) 3 (2) 0,485

Vomito após comer 6 (0) 6 (1) 6 (0) 0,983

As outras pessoas pensam que sou muito magro 5 (1) 5 (2) 5 (1) 0,512

Demoro mais tempo a comer uma refeição do que os outros 4 (1) 4 (2) 4 (2) 0,714

Posso demonstrar controlo na comida que como 3 (1) 3(1) 3 (1) 0,879

Sinto que os outros me pressionam para comer 5 (1) 5 (2) 5 (2) 0,723 Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

2.2. Crianças/adolescentes por grupo etário (GA; GB)

Não se encontraram diferenças significativas entre as atitudes e comportamentos

alimentares das crianças/adolescentes pela escala de ChEAT nos dois grupos

etários (GA 6 9, GB 10 13, relativamente aos valores médios da escala global e

respectivas subescalas (Quadro 12).

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Quadro 12. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT e respectivas subescalas, por grupo etário: média e desvio padrão (GA=43,

GB=23).

GA 6 9 anos GB 10 13 anos

M(dp) p M (dp)

10 (7) ChEAT (escala global) 0,787 10 (9)

4 (4) Aspectos relativos ao cumprimento da dieta 0,189 6 (6)

1 (2) Preocupação com a comida e bulimia 0,206 1 (2)

5 (4) Controlo da ingestão alimentar 0,319 4 (4) Teste de Mann Whitney

Os valores médios das subescalas avaliadas pelo ChEAT relativamente a cada

um dos grupos etários (GA=43, GB=23) estão representados nos Quadros 13, 14

e 15

Quadro 13. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 1 - aspectos relativos ao cumprimento da dieta) , por grupo etário:

média e desvio padrão (GA=43, GB=23).

GA 6 9 GB 10 13 TOTAL M(dp) M(dp) M (dp) p

Tenho medo de estar com excesso de peso 5 (2) 4 (2) 5 (2) 0,144 Sei quantas calorias contêm os alimentos que como 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,002

Tento manter-me afastado de alimentos como pão, batata e arroz 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,083

Sinto-me muito culpado após comer 5 (1) 4 (2) 5 (1) 0,013 Penso muito em ser mais magro 5 (2) 4 (2) 4 (2) 0,028 Penso em queimar calorias quando faço exercício físico 5 (2) 3 (2) 4 (2) 0,001

Penso muito sobre ter gordura no meu corpo 5 (1) 4 (2) 5 (2) 0,004 Afasto-me de comidas que contenham açucar 5 (2) 4(1) 5 (2) 0,149

Como comida de dieta 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,024 Sinto-me desconfortável quando como doces 5 (1) 4 (1) 5 (1) 0,105

Estou a fazer dieta 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,022 Gosto do meu estômago vazio 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,494 Gosto de experimentar novas comidas calóricas 3 (2) 4 (1) 4 (1) 0,361 Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

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Quadro 14. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 2 – preocupação com os alimentos e bulimia), por grupo etário:

média e desvio padrão (GA=43, GB=23).

GA 6 9 GB 10 13 TOTAL

M(dp) M(dp) M (dp) p

Penso em comida muitas vezes 4 (1) 4 (1) 4 (1) 0,310

Já tive ataques de voracidade nos quais sentia que não ia conseguir parar de comer 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,424

Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais 5 (2) 5 (2) 5 (2) 0,250

Penso que a comida controla a minha vida 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,119

Dedico muito tempo e pensamento à comida 4 (2) 5 (1) 5 (1) 0,235

Tenho a urgência de vomitar após comer 6 (1) 6 (0) 6 (1) 0,649 Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

Quadro 15. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 3: controlo da ingestão alimentar) por grupo etário: média e desvio

padrão (GA=43, GB=23).

GA 6 9 GB 10 13 TOTAL

M(dp) M(dp) M(dp) p

Mantenho-me afastado da comida quando tenho fome 6 (1) 5 (1) 5 (1) 0,002

Corto a comida em pedaços pequenos 3 (2) 3 (2) 3 (2) 0,138 Vomito após comer 6 (1) 6 (0) 6 (0) 0,297 As outras pessoas pensam que sou muito

magro 5 (2) 5 (1) 5 (1) 0,289

Demoro mais tempos a comer uma refeição do que os outros 4 (1) 4 (2) 4 (2) 0,714

Posso demonstrar controlo na comida que como 3 (1) 3 (1) 3 (1) 0,754

Sinto que os outros me pressionam para comer 5 (2) 5 (2) 5 (2) 0,168

Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

Page 31: AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES …€¦ · comportamentos alimentares, estabelecidos e influenciados por diversos factores culturais, sociais, ambientais e

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2.3. Crianças/adolescentes: estudo comparativo com a classe de Graffar

A associação entre a escala global do ChEAT e respectivas subescalas vs o nível

sócio-económico e cultural determinado pela Escala de Graffar não revelou

diferenças estatisticamente significativas (Quadro 16).

Quadro 16. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT e respectivas subescalas, por classe social: média e desvio padrão (n=66).

Classe Alta

Classe Média

Classe Baixa

M (dp) M (dp) M (dp) p

9 (7) 10 (6) 13 (9) ChEAT (escala global) 0,175

4 (5) 5 (5) 6 (5) Aspectos relativos ao cumprimento da dieta 0,152

1 (2) 1 (1) 2 (3) Preocupação com a comida e bulimia 0,658

4 (4) 4 (4) 5 (4) Controlo da ingestão alimentar 0,668 Teste Kruskal Wallis

2.4. Crianças/adolescentes: avaliação do ChEAT vs estado ponderal

Apesar de não se terem encontrado diferenças significativas entre a associação

da escala global do ChEAT e o estado ponderal das crianças/adolescentes

estudados, esta associação parece ter maior significado quando comparamos a

subescala 3 - controlo da ingestão alimentar - vs estado ponderal, onde p=0,058

(Quadro 17).

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Quadro 17. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT e respectivas subescalas, de acordo com o estado ponderal: média e desvio

padrão (n=66).

IMC<Pc85 IMC Pc85

M(dp) p M(dp)

10 (8) ChEAT (escala global) 0,808 10 (8)

4 (5) Aspectos relativos ao cumprimento da dieta 0,142 6 (6)

1 (2) Preocupação com a comida e bulimia 0,132 1 (2)

5 (4) Controlo da ingestão alimentar 0,058 3 (3) Teste de Mann Whitney

Nos Quadros 18, 19 e 20 estão representadas as associações entre os diferentes

itens das 3 subescalas do ChEAT relativamente ao estado ponderal das

crianças/adolescentes estudados.

Quadro 18. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 1 - aspectos relativos ao cumprimento da dieta), de acordo com o

estado ponderal: média e desvio padrão (n=66).

IMC<Pc85 IMC Pc85 TOTAL M (dp) M (dp) M (dp) p

Tenho medo de estar com excesso de peso 5 (1) 4 (1) 5 (2) 0,000 Sei quantas calorias contêm os alimentos que como 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,129 Tento manter-me afastado de alimentos como pão,

batata e arroz 6 (1) 5 (1) 5 (1) 0,141

Sinto-me muito culpado após comer 5 (1) 4 (2) 5 (1) 0,001Penso muito em ser mais magro 5 (2) 3 (2) 4 (2) 0,001

Penso em queimar calorias quando faço exercício físico 5 (2) 4 (2) 4 (2) 0,123

Penso muito sobre ter gordura no meu corpo 5 (1) 4 (1) 5 (2) 0,000 Afasto-me de comidas que contenham açucar. 4 (2) 5 (1) 5 (2) 0,343 Como comida de dieta 5 (1) 5( 1) 5 (1) 0,142 Sinto-me desconfortável quando como doces. 5 (1) 5( 1) 5 (1) 0,105

Estou a fazer dieta 6 (1) 5 (2) 5 (1) 0,003 Gosto do meu estômago vazio 6 (1) 5 (1) 5 (1) 0,826

Gosto de experimentar novas comidas calóricas 4 (1) 3 (1) 4 (1) 0,024 Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

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Quadro 19. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 2 – preocupação com os alimentos e bulimia), de acordo com o

estado ponderal: média e desvio padrão (n=66).

IMC<Pc85 IMC Pc85 TOTAL M(dp) M(dp) M(dp) p

Penso em comida muitas vezes 4 (2) 4 (1) 4 (1) 0,370

Já tive ataques de voracidade nos quais sentia que não ia conseguir parar de comer 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,004

Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais 4 (2) 5 (1) 5 (2) 0,025

Penso que a comida controla a minha vida 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,488 Dedico muito tempo e pensamento à comida 5 (1) 4 (1) 5 (1) 0,315 Tenho a urgência de vomitar após comer 6 (0) 6 (1) 6 (1) 0,505

Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

Quadro 20. Crianças/adolescentes. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela

escala de ChEAT (subescala 3: controlo da ingestão alimentar) de acordo com o estado ponderal:

média e desvio padrão (n=66).

IMC<Pc85 IMC Pc85 TOTAL M(dp) M (dp) M (dp) p

Mantenho-me afastado da comida quando tenho fome 5 (1) 5 (1) 5 (1) 0,024

Corto a comida em pedaços pequenos 3 (2) 3 (2) 3 (2) 0,967 Vomito após comer 6 (0) 6 (1) 6 (0) 0,634

As outras pessoas pensam que sou muito magro 4 (2) 6 (1) 5 (1) 0,003

Demoro mais tempo a comer uma refeição do que os outros 3 (2) 5 (1) 4 (2) 0,005

Penso demonstrar controlo na comida que como 3 (1) 3 (2) 3 (1) 0,651

Sinto que os outros me pressionam para comer 4 (2) 5 (1) 5 (2) 0,006

Teste de Mann Whitney (1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca)

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2.5. Crianças/adolescentes: avaliação da satisfação/insatisfação da IC vs

ChEAT

Apenas foram encontrados resultados com significado estatístico na associação

entre a subescala 3 do ChEAT (controlo da ingestão alimentar) vs a

satisfação/insatisfação com a imagem corporal das crianças/adolescentes

estudados (Quadro 21).

Quadro 21. Crianças/adolescentes. Associação entre a satisfação/insatisfação da imagem

corporal e atitudes e comportamentos alimentares pela escala de ChEAT e respectivas

subescalas: média e desvio padrão (n=66).

Ser + gordo Satisfeito Ser + magro M (dp) M (dp) M(dp) p

11,13 (4,79) 9,15 (7,12) 10,50 (8,58) ChEAT (escala global) 0,457

3,00 (2,83) 3,35 (3,98) 5,72 (5,88) Aspectos relativos ao cumprimento da dieta 0,313

1,00 (1,60) 0,96 (2,05) 1,50 (2,48) Preocupação com a comida e bulimia 0,4057,13 (4,97) 4,85 (3,71) 3,28 (3,29) Controlo da ingestão alimentar 0,047 Teste Kruskal Wallis

3. AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DOS

PROGENITORES

A avaliação das atitudes e comportamentos alimentares dos progenitores

(mães=66; pais=62) estudados pela escala de EAT estão representados na

Tabela 1 (Anexo 1).

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DISCUSSÃO

A identificação precoce de distúrbios do comportamento alimentar tanto nas

crianças como nos adolescentes parece ser um dado precioso para uma melhor

compreensão de algumas situações clínicas, nomeadamente o excesso de

peso/obesidade55.

As pressões culturais actuais apelam à ingestão energética excessiva e à

actividade sedentária, desencadeando sérios problemas físicos e

psicológicos56,57.

Tal como podemos observar em estudos recentes, nas fases iniciais dos

distúrbios alimentares devem ser estudadas as medidas para detectar alterações

do comportamento alimentar. Contudo, existem poucos instrumentos para avaliar

atitudes e comportamentos alimentares em crianças e pré-adolescentes58.

O EAT é o teste que tem sido mais utilizado, para avaliar distúrbios alimentares

em adultos e adolescentes numa variedade de culturas e amostras51.

Um dos instrumentos actualmente mais utilizado neste grupo etário é a versão

reduzida do EAT que compreende 26 itens – ChEAT. Este instrumento foi

desenhado para medir um grande número de atitudes e comportamentos

alimentares em crianças/adolescentes com menos de 15 anos58.

Apesar da distribuição uniforme por sexo, considerou-se igualmente importante

dividir a amostra em dois grupos etários (GA 6 9; GB 10 13) de maneira a ser

possível estudar algumas variações da escala do ChEAT nestes dois grupos.

Observa-se que 13,6% das crianças/adolescentes estudados podem apresentar

alterações do comportamento alimentar, pela análise do score total da escala do

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ChEAT e utilizando o valor 20 como ponto de corte. Resultados estes um pouco

superiores aos de outros estudos realizados em países desenvolvidos, em que se

utilizou o mesmo ponto de corte, nos quais a percentagem do score total obtido

variou entre 6,9% e 8,3%59,60.

Apesar de não se terem encontrado diferenças significativas nos dois

agrupamentos escolares (CA e IP), os resultados relativos à subescala 1 do

ChEAT (aspectos relativos ao cumprimento da dieta) apresentam algumas

associações interessantes, nomeadamente no que diz respeito ao deficiente

conhecimento da informação nutricional dos alimentos ingeridos (Quadro 9). O

mesmo também se verifica nos progenitores avaliados (mães=30,3%;

pais=40,9%) (Anexo 1 - Tabela 1).

Embora raramente se envolvam em comportamentos de dieta, as

crianças/adolescentes dos dois agrupamentos escolares (CA e IP) apresentam

preocupações com o peso ou com a imagem corporal (Quadro 9).

De salientar que as crianças/adolescentes do agrupamento escolar IP

apresentam maiores preocupações com o excesso de peso, comparativamente

com as do agrupamento escolar CA.

Ainda que não se observem diferenças significativas nos dois agrupamentos

escolares (CA e IP), parece haver uma maior tendência para experimentar novos

alimentos energéticos por parte das crianças/adolescentes do agrupamento

escolar CA, cujo nível sócio-económico é mais elevado (Quadro 9).

Verifica-se que o grupo dos mais velhos (GB 10 13) tem maior preocupação com

o desejo de ser mais magro e maior percepção do exercício físico como forma de

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controlo de peso relativamente ao grupo mais jovem (GA 6 9), com diferenças

significativas de p=0,028 e p=0,001, respectivamente (Quadro 13). Quando

comparamos o total da amostra por grupo etário (GA, GB) encontram-se

diferenças significativas relativamente aos itens das subescalas estudadas:

sentimentos de culpa após ingestão alimentar (p=0,013), maior envolvimento em

comportamentos de dieta (p=0,022) e de restrição alimentar (p=0,002).

As diferenças encontradas devem-se, provavelmente, ao maior desenvolvimento

psicológico e cognitivo das crianças/adolescentes do grupo GB, bem como a uma

maior exposição às pressões sócio-culturais existentes.

O nível sócio-económico dos agregados familiares, bem como o contexto social e

cultural, pode influenciar o seu estilo de vida39. Estes factores desempenham um

papel importante no desenvolvimento de padrões alimentares e de actividade

física da criança/adolescente61.

A literatura sugere que o nível sócio-económico do agregado familiar se

correlaciona com os comportamentos alimentares das crianças/adolescentes36,37.

O preço dos alimentos, por exemplo, é relevante quando se consideram as

implicações do rendimento económico nos padrões alimentares das crianças62.

Apesar da população estudada pertencer a classes sócio-económicas e culturais

distintas (Quadro 3), não se encontraram diferenças significativas no que diz

respeito às atitudes e comportamentos alimentares das crianças/adolescentes

pela escala global do ChEAT e subescalas nas diferentes classes sociais (Quadro

16).

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Para o rastreio da obesidade pediátrica, a OMS recomenda a utilização do cálculo

do IMC segundo a fórmula de Quetelet [IMC=peso(kg)/altura(m)2], por apresentar

uma forte correlação com a percentagem de gordura corporal63-66.

Verificam-se percentagens mais elevadas de excesso de peso/obesidade no

agrupamento escolar público (41,2%) comparativamente ao agrupamento escolar

privado (28,1%), de realçar que só se encontram crianças/adolescentes com

obesidade no agrupamento escolar IP (Figura 2).

Tratando-se de uma população muito jovem, a acentuada prevalência de excesso

de peso/obesidade determinada pelo IMC no grupo IP sugere um elevado risco de

mau prognóstico no futuro.

Estudos longitudinais mostram que a obesidade depois dos 3 anos de idade se

associa com maior risco de obesidade em idade adulta, maior morbilidade e

mortalidade, maior prevalência de distúrbios metabólicos, bem como com maior

risco de doença cardiovascular e certos tipos de cancro67-69.

Alguns autores referem que é nas classes sociais mais desfavorecidas que se

verifica maior prevalência de excesso de peso/obesidade tanto nas

crianças/adolescentes como nos seus progenitores70-74.

O grau de obesidade dos progenitores foi definido com base nos critérios da

OMS. Na população estudada, verifica-se uma elevada percentagem de excesso

de peso/obesidade nos progenitores do agrupamento escolar IP (mães=61,7%;

pais=64,7%), relativamente aos progenitores do agrupamento escolar CA

(mães=28,1%; pais=40,7%).

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A forte associação entre o excesso de peso/obesidade dos progenitores e dos

seus filhos62-65 implica que qualquer intervenção para melhorar o estado

nutricional da criança/adolescente necessite de envolvimento familiar, crucial para

a mudança de atitudes e comportamentos alimentares63,66,75.

No estudo realizado observam-se diferenças significativas entre alguns itens das

subescalas do ChEAT e o estado ponderal das crianças/adolescentes (IMC<Pc85

e IMC Pc85): medo de estar com excesso de peso (p=0,000), sentimentos de

culpa após ingestão alimentar (p=0,001), pensamentos sobre ser mais magro

(p=0,001) ou ter gordura no corpo (p=0,000), envolvimento em comportamentos

de dieta (p=0,003), de ingestão compulsiva (p=0,004) e de restrição alimentar

(p=0,024). Significa que as crianças/adolescentes com excesso de

peso/obesidade têm maiores preocupações com o excesso de peso, sentem-se

mais culpadas após comer e evitam alimentos, comparativamente com os de

IMC<Pc85 (Quadros 18 e 20).

Vários estudos têm focado a atenção para a satisfação/insatisfação da imagem

corporal desde idades muito precoces76,77. A insatisfação da criança/adolescente

com a imagem corporal pode ser atribuída a diversos factores, dos quais se

destaca o criticismo dos pais ou pares78,79.

Alguns autores demonstram que a insatisfação com a imagem corporal é mais

frequente nas crianças/adolescentes do sexo feminino80,81. Embora a prevalência

de insatisfação da imagem corporal seja elevada nas crianças/adolescentes de

ambos os sexos, 51,3% das raparigas do total da amostra deseja ser mais magra

(Quadro 6).

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Alguns trabalhos sugerem que o IMC pode comportar-se como mediador das

alterações do comportamento alimentar e da insatisfação corporal77,82.

Os distúrbios do comportamento alimentar e a insatisfação com a imagem

corporal têm uma elevada prevalência entre as crianças e os adolescentes que

apresentam excesso de peso/obesidade83.

De salientar que 87,0% do total de crianças/adolescentes estudados com excesso

de peso/obesidade desejam ser mais magros (Quadro 7).

O desejo de ser mais magro é também maior nos progenitores do sexo feminino

(Mãe=34,8%) relativamente aos pais que raramente ou nunca pensam em ser

mais magros (60,6%) (Anexo 1 - Tabela 1).

Observa-se uma maior percentagem de mães (19,6%) que têm comportamentos

de dieta comparativamente com os pais (7,6%) (Anexo 1 - Tabela 1).

Apesar de o presente estudo não contemplar a associação entre alguns itens da

escala do ChEAT vs EAT, alguns estudos mostram que as raparigas que fazem

dieta são mais susceptíveis de ter mães que fazem dieta e que os pais que

reportam desinibição em fazer dieta e têm problemas de controlo de ingestão são

mais susceptíveis de ter filhas com comportamentos semelhantes84,85.

Não se encontrou nenhuma associação entre a satisfação/insatisfação da imagem

corporal das crianças/adolescentes avaliadas com as atitudes e comportamentos

alimentares estudados pela escala global do ChEAT e respectivas subescalas,

excepto no que diz respeito à subescala do controlo da ingestão alimentar

(p=0,047).

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Os resultados do presente trabalho apresentam baixos indicadores de alterações

do comportamento alimentar em ambos os agrupamentos escolares estudados.

Os resultados apontam que crianças/adolescentes com excesso de

peso/obesidade apresentam maior insatisfação com a imagem corporal e maior

envolvimento em comportamentos de dieta e restrição alimentar.

Embora o nível sócio-económico do agregado familiar possa influenciar o seu

estilo de vida, as diferenças sócio-económicas e culturais entre a população

estudada não demonstraram influenciar atitudes e comportamentos alimentares.

É da maior importância o estudo das atitudes e comportamentos de

crianças/adolescentes e seus progenitores, de modo a identificar precocemente

possíveis perturbações do comportamento alimentar.

As intervenções no sentido de adquirir estilos de vida mais saudáveis devem

basear-se na alteração dos comportamentos alimentares e dos padrões de

actividade física, envolvendo a criança e a família.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Tabela 1. Progenitores. Avaliação das atitudes e comportamentos alimentares pela escala de

EAT: distribuição do valor percentual em escala tipo Likert 1-6 (mães=66; pais=62)

MÃE PAI

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6

Gosto de comer com outras pessoas 36,4 27,3 19,7 10,6 6,1 0 25,8 36,4 16,7 9,1 4,5 1,5

Preparo comida para os outros mas não como 3,0 1,5 9,1 24,2 28,8 33,3 1,5 0 1,5 3,0 28,8 59,1

Fico ansioso antes de comer 4,5 4,5 7,6 18,2 22,7 42,4 1,5 3,0 3,0 22,7 25,8 37,9

Tenho pavor de estar com excesso de peso 13,6 9,1 9,1 45,5 13,6 9,1 3,0 0 7,6 18,2 28,8 36,4

Evito comer quando estou com fome 1,5 3,0 7,6 19,7 31,8 36,4 0 0 1,5 15,2 27,3 50,0

Preocupo-me com a comida 18,2 22,7 33,3 15,2 4,5 6,1 7,6 21,2 21,2 25,8 12,1 6,1

Já tive ataques de voracidade 0 1,5 4,5 22,7 21,2 50,0 0 0 6,1 15,2 13,6 59,1

Corto a minha comida em pedaços pequenos 21,2 13,6 13,6 12,1 21,2 18,2 10,6 13,6 18,2 10,6 12,1 28,8

Sei quantas calorias contêm os alimentos que como 0 3,0 19,7 28,8 18,2 30,3 1,5 1,5 3,0 24,2 22,7 40,9

Tento manter-me afastado de alimentos como pão, batatas e arroz

1,5 10,6 13,6 37,9 21,2 15,2 1,5 3,0 4,5 22,7 27,3 34,8

Sinto-me inchado após comer 0 10,6 10,6 33,3 37,9 7,6 0 1,5 1,5 47,0 33,3 10,6

Sinto que os outros preferiam que eu comesse mais 3,0 0 6,1 13,6 27,3 50,0 0 1,5 3,0 12,1 27,3 50,0

Vomito após comer 0 0 1,5 9,1 3,0 86,4 0 0 0 1,5 1,5 90,9

Sinto-me muito culpado após comer 1,5 1,5 10,6 21,2 22,7 42,4 0 0 0 6,1 15,2 72,7

Estou preocupado com o desejo por ser mais magro 7,6 13,6 13,6 34,8 18,2 12,1 3,0 1,5 4,5 24,2 30,3 30,3

Faço execício físico intenso para queimar calorias 3,0 3,0 12,1 21,2 33,3 27,3 9,1 6,1 4,5 30,3 16,7 27,3

Peso-me várias vezes ao dia 0 0 0 6,1 22,7 71,2 0 0 0 3,0 10,6 80,3

Gosto que as minhas roupas fiquem justas 3,0 10,6 15,2 25,8 18,2 27,3 1,5 1,5 3,0 13,6 25,8 48,5

Gosto de comer carne 7,6 15,2 40,9 30,3 6,1 0 12,1 24,2 39,4 15,2 3,0 0

Acordo cedo de manhã 42,4 43,9 3,0 6,1 5 0 40,9 36,4 12,1 3,0 1,5 0

Como as mesmas comidas todos os dias 0 3,0 6,1 30,3 42,4 18,2 0 3,0 12,1 22,7 36,4 19,7

Penso em queimar calorias quando faço exercício 15,2 13,6 9,1 15,2 30,3 16,7 13,6 6,1 13,6 12,1 27,3 21,2

Tenho períodos menstruais regulares 62,1 21,2 4,5 9,1 0 1,5

As outras pessoas pensam que estou muito magro 3,0 0 4,5 22,7 36,4 33,3 4,5 0 3,0 18,2 22,7 45,5

Preocupa-me pensar que tenho gordura no corpo 12,1 13,6 19,7 34,8 13,6 6,1 3,0 7,6 10,6 24,2 24,2 24,2

Demoro mais tempo a comer uma refeição que os outros 6,1 1,5 3,0 28,8 33,3 27,3 1,5 9,1 4,5 27,3 33,3 18,2

Gosto de comer em restaurantes 9,1 12,1 16,7 43,9 13,6 4,5 6,1 13,6 25,8 36,4 12,1 0

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Tomo laxantes 3,0 0 1,5 4,5 9,1 81,8 0 0 0 1,5 1,5 90,9

Evito alimentos que contenham açúcar 3,0 13,6 13,6 42,4 16,7 10,6 1,5 9,1 7,6 22,7 33,3 19,7

Como comida de dieta 1,5 0 10,6 34,8 28,8 24,2 1,5 1,5 4,5 22,7 28,8 34,8

Sinto que a comida controla a minha vida 4,5 6,1 6,1 12,1 21,2 50,0 1,5 1,5 1,5 12,1 18,2 59,1

Penso que a comida controla a minha vida 6,1 4,5 9,1 9,1 21,2 50,0 1,5 1,5 3,0 12,1 19,7 56,1

Sinto que os outros me pressionam para comer 0 1,5 0 12,1 28,8 57,6 1,5 0 0 7,6 16,7 68,2

Dispenso muito tempo e pensamento para a comida 3,0 3,0 18,2 16,7 19,7 39,4 1,5 0 9,1 19,7 24,2 39,4

Sofro de obstipação 6,1 3,0 4,5 30,3 21,2 34,8 0 1,5 0 12,1 25,8 54,5

Sinto-me desconfortável após comer doces 3,0 1,5 4,5 40,9 28,8 21,2 0 3,0 1,5 12,1 21,2 56,1

Tenho comportamento de dieta 1,5 4,5 13,6 31,8 21,2 27,3 0 1,5 6,1 15,2 25,8 45,5

Gosto do meu estômago vazio 0 1,5 10,6 13,6 33,3 40,9 0 0 4,5 18,2 19,7 51,5

Gosto de experimentar novas comidas calóricas 15,2 0 9,1 28,8 28,8 18,2 4,5 3,0 12,1 25,8 31,8 16,7

Tenho impulsos para vomitar após comer 0 0 1,5 6,1 1,5 90,9 0 0 0 1,5 6,1 86,4

1=sempre; 2= quase sempre; 3= frequentemente; 4= algumas vezes; 5= raramente; 6= nunca