batalha de stalingrado - stalingrad battle - duelo zaitsev x koenings

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  • 8/6/2019 Batalha de Stalingrado - Stalingrad Battle - Duelo Zaitsev x Koenings

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    HISTRIA MILITAR

    Em plena Batalha de Stalingrado o duelo mortal entre Zaitsev e Knings

    o ser iniciada a Batalha de Stalingrado, durante a Segunda Grande Guerra- aquela que considerada ainda hoje a maior Batalha de toda astria, travada entre alemes e russos e que durou de agosto de 1942 a fevereiro de 1943 - Stalin, sabedor da importncia vital da

    esma, nomeou para Comandante em Chefe da defesa da cidade um General de 42 anos de idade, chamado Vasili Chuikov, e ordenou-lhee defendesse Stalingrado at o ltimo homem. Ao que este lhe respondeu: "Camarada Stalin, a cidade muito querida pelos nossos...

    udo faremos para defend-la. Prometo que jamais abandonaremos Stalingrado : a defenderemos ou ento ...pereceremos! ".

    em , este General depois escreveu um livro interessantssimo, que leva o nome da citada batalha. Trancrevo abaixo, nas palavras doprio Chuikov, trechos da volumosa obra, que tive oportunidade de ler h 7 ou 8 anos atrs.

    "Os alemes, com a sua superioridade no ar, no desdobravam as suas foras com particular cuidado e mal camuflavam os ataque queeparavam contra ns. Agiam com audcia e insolncia.

    soldados alemes, ao entardecer ou durante a noite, muitas vezes gritavam:

    l Russos! Amanh, tiroteio!

    essas ocasies sabamos, com certeza, que no dia seguinte seramos atacados por grandes efetivos precisamente naquela rea. Osemes, naturalmente, imaginavam que cada novo e poderoso ataque lhes traria xito e os seus gritos tinham o bvio propsito de causareito no esprito de nossos soldados.

    os combates contra esses diablicos rufies elaboramos a nossa prpria ttica, os nossos prprios mtodos. Antecipvamo -nos aos seusaques com contra-ataques e contrapeparativos e no os deixvamos em paz, noite e dia.

    Demos particular ateno ao desenvolvimento de um movimento de franco-atiradores entre as nossas tropas. O Conselho Militar doxrcito apoiou a medida. O Dirio do Exrcito Em Defesa do Nosso Pas publicava, todos os dias, cifras do nmero de alemes mortoslos nossos franco-atiradores e publicava fotografias daqueles que tinham a pontaria mais certeira...E ai dos boquiabertos nazistas!ntenas, milhares deles foram mortos pelos nossos "caadores de animais de duas pernas".

    Encontrei muitos dos franco-atiradores mais conhecidos, como Vasili Zaitsev, Anatoli Tchecov e Viktor Mendvev; conversei com eles,udei-os tanto quanto pude e freqentemente os consultava.

    ses soldados no se distinguiam , de maneira particular, dos demais.

    Os franco-atiradores saiam " caa", s primeiras horas da manh, para locais previamente selecionados e preparados, camuflavam-seidadosamente e esperavam, pacientemente, o aparecimento de seus alvos. Sabiam que a mais ligeira negligncia ou pressa levaria a morterta: o inimigo mantinha cuidadosa vigilncia sobre os nossos atiradores. Eles gastavam poucas balas, mas todo tiro partido dles

    gnificava morte ou ferimento para qualquer alemo colhido em seu campo de viso.

    Vasili Zaitsev fora ferido nos olhos. Um franco-atirador alemo naturalmente teve pacincia de descobrir a pista do "caador" russo queha cerca de 300 mortos alemes a seu crdito. Ao se recuperar, Zaitsev voltou ao servio ativo.Todo franco -atirador famoso em regrassava adiante sua experincia, ensinava a jovens atiradores a arte de atirar. Da que os nossos soldados costumassem dizer:

    Zaitsev treina seus coelhinhos e Mendvev os seus ursinhos. Todos eles matam alemes e no erram...(O nome Zaitsev deriva da palavrassa para coelho e Mendvev da palavra russa para urso). Viktor Mendvev foi conosco at Berlim. Matou mais alemes do que Zaitsev,u professor.

    As atividades dos nossos franco-atiradores causavam grande intranqilidade aos generais alemes, que decidiram voltar contra ns,mbm, essa habilidade militar. Isto aconteceu em setembro(de 1942). Uma noite as nossas patrulhas trouxeram um prisioneiro para fins

    identificao que nos disse que o Chefe da Escola Alem de Franco-Atiradores, Major Knings, tinha chegado de avio de Berlim e foracumbido , antes de tudo, de matar o mais eminente dos franco- atiradores soviticos.

    .O Comandante de Diviso, Coronel N. F. Batyuk, convocou os atiradores e lhes contou o que havia:

    l Penso que o super-atirador de Berlim ser prsa fcil para os nossos franco-atiradores. Estou certo, Zaitsev?

    l Est certo, camarada Coronel- respondeu Zaitsev.

    gora o prprio Zaitsev quem narra o que ocorreu:

    A chegada do atirador nazista trouxe-nos uma nova tarefa: tinhamos de encontr-lo, estudar os seus hbitos e mtodos e esperarcientemente o momento justo para um, smente um, certeiro tiro.

    u conhecia o estilo dos atiradores nazista pelo seu fogo e pela sua camuflagem e podia, sem dificuldade, distinguir os experimentados dosvatos, os covardes dos tenazes e resolutos. Mas o carter do chefe da escola era ainda um mistrio para mim. Presumivelmente alteravaua posio com freqncia e me procurava to cuidadosamente quanto eu a ele.

    nto alguma coisa aconteceu. O meu amigo Morozov foi morto e Sheykin ferido por um fuzil com mira telescpica. Eram consideradosradores experimentados, muitas vezes tinham sado vitoriosos das mais difceis escaramuas com o inimigo.

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    Agora no havia mais dvida. Tinham dado com o super-atirador nazista que eu procurava. Pela madrugada sa com Nikolay Kulikovra as mesmas posies que os nossos camaradas- Morozov e Sheykin- haviam ocupado na vspera. Inspecionando as posies denguarda do inimigo, que havamos passado muitos dias estudando e conhecamos bem, nada encontrei de novo. O dia estava chegandoseu trmo. Ento, acima de uma trincheira alem surgiu inesperadamente um capacete, movimentando -se vagarosamente ao longo dela.

    everia eu atirar? No! Era um ardil, o capacete movimentava-se de modo irregular e presumivelmente estava sendo levado por algume ajudava o atirador, enquanto ele esperava que eu atirasse.

    Onde estar escondido?" - perguntou Kulikov, quando deixamos a emboscada sob a proteo da escurido. Pela pacincia que o inimigomonstrara conjeturei que o atirador de Berlim estava ali. Era necessrio vigilncia especial.

    assou-se um segundo dia. De quem seriam os nervos mais resistentes? Quem venceria?

    O dia seguinte rompeu como sempre. ...travou-se batalha perto de ns, obuses silvavam acima de nossas cabeas, mas, colados s mirasescpicas, mantivemos o olhar dirigido para o que acontecia nossa frente..

    L est ele! Eu o indicarei para voc! - disse, de repente, o instrutor poltico, excitado. Ele mal se elevou, literalmente por um segundo,as sem cuidado, acima do parapeito, mas isso bastou para que o alemo o atingisse e ferisse. Esta espcie de disparo, naturalmente, sdia provir de um franco- atirador experiente.

    Durante muito tempo examinei as posies inimigas... pela velocidade com que disparara cheguei concluso que o atirador estava emgum ponto diretamente nossa frente. Coloquei-me na posio do inimigo e pensei- que lugar melhor para um atirador? Sim, ele deveriatar sob uma chapa de ferro, prxima a uma pilha de tijolos quebrados, que ficava nossa frente. Resolvi certificar-me. Pus uma luva nanta de um pau e a elevei. O nazista caiu nessa. Abaixei, cuidadosamente o pau na mesma posio e examinei o orifcio aberto pela bala.a a atingira diretamente, pela frente: isto significava que o nazista estava debaixo da chapa de ferro.

    est o nosso atirador! Disse Nikolay Kulikov, com a sua voz calma, do seu esconderijo perto do meu.....Veio ento o problema deair ainda que parte de sua cabea para a minha mira. Era intil tentar faz -lo agora. Precisvamos de tempo. Mas eu pudera estudar omperamento do alemo. Ele no abandonaria a boa posio que havia encontrado. Devamos, portanto, mudar de posio.

    Trabalhamos durante a noite. Ficamos em posio pela madrugada.... A luz chegou com rapdez e ao raiar o dia a batalha que sesenvolvia vizinha a ns aumentou de intensidade. Mas nem o troar dos canhes nem a exploso de bombas e obuses, nada nos poderiastrair do trabalho que tnhamos mo.

    Sol se elevou no cu. Kulikov deu um tiro s cegas: tnhamos de despertar a curiosidade do atirador. Havamos decidido passar a manhespera, pois poderamos ser localizados pelo reflexo do sol nas nossas miras telescpicas. Aps o almoo os nossos fuzis estavam nambra e o sol brilhava diretamente sobre a posio do alemo. Na ponta da chapa de ferro alguma coisa brilhava: um pedao qualquer dedro ou uma mira telescpica? Cuidadosamente, Kulikov comeou, como smente podem faz-lo os mais experimentados, a levantar ou capacete. O alemo disparou. Por uma frao de segundo Kulikov se levantou e gritou. O alemo acreditou que finalmente apanhara o

    rador sovitico que vinha caando h quatro dias e levantou a meio a cabea de debaixo da chapa de ferro. Era com isto que eu contava.z uma pontaria cuidadosa e atirei. A cabea do alemo caiu para trs e a mira telescpica do seu fuzil ficou sem movimento, brilhando aol, at que a noite caiu...."

    gora quem conclui Chuikov, o autor do livro: "Esta era a espcie de franco-atiradores que tnhamos no 62o Exrcito."

    crescento: Stalingrado marcou a reviravolta da Segunda Guerra. Os russos a defenderam valentemente, sem medir o volume de sanguerramado. Terminou com a derrota do Sexto Exrcito alemo, comandado por Friedrich Von Paulus, que foi totalmente aniquilado. Dosrca de 300.000 homens, foram feitos 100.000 prisioneiros ( o restante morrera em combate ou de doenas- de tifo e grangrena,ncipalmente) e, destes, apenas 5.000 estavam vivos quando findou a guerra. O pai de meu amigo Klaus, que possuiu em Sobral um baruado na Praa do So Francisco-A Casa do Alemo- lutou na batalha e foi um dos 5.000 sobreviventes.

    o se renderem os alemes aos russos, depois de seis meses de durssimos combates , estes permitiram aos soldados e oficiais prisioneirosuso de suas condecoraes e espadas, o que no era permitido at ento. Von Paulus, ao assinar a rendio perante o Alto Comandovitico, depois de saudar militarmente aos seus vencedores, pegou uma taa de vinho e a ergueu, dizendo: "Aos russos, que nosnceram!" .

    Daniel Caetano de Figueiredo- Professor Universitrio - Engenheiro Civil