biomedical image representation: principles for analysis
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XVII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (XVII ENANCIB)
GT 02 - Organização e Representação do Conhecimento
REPRESENTAÇÃO DE IMAGENS BIOMÉDICAS: princípios para análise
BIOMEDICAL IMAGE REPRESENTATION: principles for analysis
Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza1, Elan Cardozo Paes de Almeida2
Modalidade da apresentação: Comunicação Oral
Resumo: A proliferação de imagens fotográficas na atual sociedade da informação é constatada a
partir da grande produção de imagens digitais. Exames de imagens como tomografia computadorizada,
radiografia e ressonância magnética, além de comporem os prontuários médicos dos pacientes, são
fontes de informação potenciais para pesquisadores e recursos para o processo de ensino-aprendizagem dos profissionais da área da saúde. Objetiva-se investigar procedimentos para a
representação de imagens de lâminas histopatológicas produzidas no âmbito da disciplina de Patologia
Geral, do Departamento de Ciências Básicas (FCB) do Campus de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (UFF), visando à obtensão de subsídios para reflexão e desenvolvimento de
modelos para indexação de imagens de lâminas em bancos de imagens. Consiste-se em pesquisa
qualitativa, de caráter exploratório, com orientação analítico-descritiva, mediante a identificação de elementos de análise para definição de atributos a serem observados na análise conceitual de imagens
de lâminas histopatológicas, visando a atender demandas de pesquisadores, docentes e discentes na
área da Patologia. A partir do estudo de autores que abordam a representação de imagens e orientações
para a elaboração da descrição morfológica, foi possível identificar elementos a serem aplicados na indexação de imagem de lâminas histopatológicas. A identificação de aspectos a serem apontados por
ocasião da análise conceitual permitirá uma padronização da legenda informativa da imagem da
lâmina, que é realizada pelo docente/discente da área de saúde, como também possibilitará a identificação dos pontos de acesso para sua recuperação no futuro banco de imagens de lâminas
histopatológicas do FCB.
1 Professora adjunta do Departamento de Ciência da Informação (GCI) do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS), Universidade Federal Fluminense (UFF) 2 Professora adjunta de Patologia Geral e Celular do Departamento de Ciências Básicas (FCB) do Instituto de Saúde de Nova Friburgo, Universidade Federal Fluminense (UFF)
Palavras-chave: Imagem biomédica. Análise conceitual. Imagem de lâmina histopatológica.
Patologia Geral. Representação de imagem.
Abstract: The large production of digital images evidences the current proliferation of pictures in
today's information society. Imaging tests such as CT, X-ray and MRI, aren't only composers of
patients' medical records, but also potential sources of information for researchers and resources for
the teaching-learning process of health professionals. The objective is to investigate procedures for representation of histopathological slides images produced within the discipline of General Pathology,
Departamento de Ciências Básicas (FCB) Campus de Nova Friburgo, Universidade Federal
Fluminense (UFF), seeking to gather enough information to enable the study and development of models for indexing images in images databank. It consists of a qualitative research of exploratory
nature, featuring an analytical and descriptive approach when identifying the elements of analysis
needed to determine the attributes which will be examined through the conceptual analysis of
histological slides of images; thus, aiming to meet the demands of researchers, teachers and students of the area of Pathology. The study of authors on the representation of images and on the guidelines
for the establishment of morphological description made it possible to identify the elements required
to take into account when indexing the histopathologic slides image. The identification of aspects to be highlighted during the conceptual analysis will allow the standardization of the caption of images,
which will be carried out by a Health professor or undergraduate, as well as providing the
identification of means of access to these images' recovery in the future image databank of FCB.
Keywords: Biomedical image. Conceptual analysis. Histopathologic slide image. General Pathology.
Image representation.
1 INTRODUÇÃO
A proliferação de imagens fotográficas na atual sociedade da informação é constatada
a partir da grande produção de imagens digitais. Com as atuais tecnologias, é possível
capturar digitalmente imagens não previstas anteriormente. Exames de imagens como
tomografia computadorizada, radiografia e ressonância magnética, além de comporem os
prontuários médicos dos pacientes, são potenciais fontes de informação para pesquisadores e
também recursos para o processo de ensino-aprendizagem dos profissionais da área da saúde.
O objeto de nossa pesquisa são as imagens fotográficas de lâminas histopatológicas
produzidas como material didático no âmbito da disciplina de Patologia Geral, do
Departamento de Ciências Básicas (FCB) do Campus de Nova Friburgo da Universidade
Federal Fluminense (UFF). A disciplina em questão atende cerca de 190 alunos dos cursos de
Biomedicina, Fonoaudiologia e Odontologia, e tem como objetivo "capacitar o aluno ao bom
entendimento dos processos patológicos gerais, a fim de lhe proporcionar uma base segura
para a compreensão das demais disciplinas da área básica e profissional [...]"
(UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2009), permitindo ao discente a conexão
entre as ciências básicas e a prática clínica.
Patologia é o estudo das doenças a partir de diferentes métodos (clínicos, bioquímicos,
fisiológicos, bacteriológicos, imunológicos, etc.). É um campo complexo que tem como fim a
compreensão dos mecanismos de lesão celular e tecidual, como também os mecanismos de
defesa e de reparo do organismo (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2014).
As imagens biomédicas, apesar de importantes para o processo de definição do
diagnóstico morfológico e clínico, não recebem o tratamento informacional adequado, como
já pontuado por Bentes Pinto (2008). Por mais que observemos na Ciência da Informação
diferentes estudos sobre a representação de imagens, não foram identificados trabalhos que
focalizassem especificamente a definição de atributos para a representação de imagens de
lâminas histopatológicas. A identificação de elementos para a análise de imagens de lâminas
histopatológicas se fundamentará na literatura que trata da organização e representação da
informação, com enfoque nos atributos a serem aplicados na representação de imagens.
Entendemos que a partir do estudo dos diferentes autores, será possível desenvolver
aspectos que devam ser observados por ocasião da indexação de imagens de lâminas, no
contexto de ensino-aprendizagem da disciplina de Patologia Geral.
O grande volume de imagens médicas produzido tornou necessária a organização,
tratamento e recuperação das mesmas, quer seja para tomada de decisão, quer seja para
fundamentar uma hipótese de pesquisa. Para tanto, observa-se o desenvolvimento de sistemas
capazes de indexar e recuperar as imagens com base no conteúdo, onde são consideradas as
características de baixo nível (LANCASTER, 2004, p. 214), como forma, cor e textura.
Constata-se também a expansão da informática de imagens biomédicas, que "compreende a
aquisição de imagem e seu gerenciamento, controle de qualidade, extração de informações
(análise da imagem), modelagem, detecção e diagnóstico auxiliado por computador,
recuperação de imagens baseado em conteúdo (CBIR) e sua visualização" (SOUZA; PAES-
DE-ALMEIDA, 2014, p. 780). Como exemplo, citamos o BIRAM (Base de Imagens
Relacional de Algoritmos e Métricas) (MORENO; FURUIE, 2006), que tem como
funcionalidades o armazenamento de imagens no padrão de metadados DICOM (Digital
Imaging and Communications in Medicine), utilizado mundialmente para a descrição de
imagens de diagnóstico; indexação de imagens usando algoritmos, entre outras.
Um dos questionamentos levantados por ocasião da construção de sistemas de
representação e recuperação da informação é como o assunto dos documentos pode ser
identificado, organizado e representado. Mesmo com o avanço constante das tecnologias de
informação e comunicação, que proporcionam o rápido acesso e a implantação da extração
automática de termos para a elaboração de índices, ainda persistem as investigações sobre
como analisar e identificar os assuntos capturados pelas imagens fotográficas. Além das
questões tecnológicas, ressaltam-se os processos de identificação por parte do profissional que
descreve a imagem e dos usuários, que consistem em etapas mentais ainda não substituídas
pelas máquinas. No caso das imagens das lâminas histopatológicas, após a captura e
aprimoramento das imagens, são adicionados textos explicativos contendo a descrição
morfológica do processo patológico, associados ao conteúdo programático da disciplina de
Patologia Geral, para posterior divulgação online para os alunos. Contudo, tais legendas não
obedecem a uma metodologia de análise.
A representação do conteúdo imagético suscita as seguintes perguntas: como as
imagens biomédicas, mais precisamente imagens de lâminas histopatológicas, podem ser
indexadas visando à recuperação em bancos de imagens? Quais elementos devem ser
destacados na imagem? Como garantir a recuperação da imagem pelo usuário do sistema?
Nesse sentido, a partir de abordagem interdisciplinar entre Patologia Geral e Ciência
da Informação, objetivamos investigar procedimentos para a representação de imagens de
lâminas histopatológicas produzidas no âmbito da disciplina de Patologia Geral do FCB,
visando a obtenção de subsídios para reflexão e desenvolvimento de modelos para indexação
de imagens de lâminas em bancos de imagens. Especificamente, objetiva-se explorar o
potencial informativo da imagem de lâminas histopatológicas visando à representação da
informação imagética e à identificação de elementos de análise para definição de atributos a
serem observados na análise conceitual de imagens de lâminas histopatológicas, almejando
atender demandas de pesquisadores, docentes e discentes na área de Patologia.
Após esta introdução, apresentamos conceitos pertinentes à representação da
informação imagética, apontando autores que oferecem orientações em como analisar uma
imagem. Na terceira seção, nos detemos nos autores que abordam a representação da imagem
biomédica, seja de forma atributiva ou automática. O marco empírico e a metodologia adotada
no presente artigo são dissertados na seção quatro, seguido da discussão e resultado. Na seção
seis discorremos as considerações finais seguidas pelas referências citadas.
2 REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO IMAGÉTICA
Representar consiste em colocar um representante no lugar de um representado,
indicando um conteúdo significativo, seja de origem intelectual ou sensível. A representação
de origem sensível exprime a interação do sujeito e do objeto, a ação do mundo sobre o
homem e a interpretação do mundo pelo homem. Quando se representa a informação de um
determinado dado, a representação manifesta a primeira significação do assunto contida na
imagem, por exemplo. Dessa representação surgirão desdobramentos, ampliando o escopo do
analista indexador e do usuário que recupera a informação.
Brascher e Café (2008) definem representação da informação como um “conjunto de
elementos descritivos que representam os atributos de um objeto informacional específico”
(BRASCHER; CAFÉ, 2008, p. 4). O processo descritivo compreende tanto descrição física
(relativa ao suporte da informação), quanto descrição do conteúdo (conhecimento enquanto
resultado da cognição).
Analisando a representação de imagens a partir da semiologia de Peirce (2005), o
autor esclarece em seus estudos que a divisão de signos mais importante é a que diz respeito à
associação do signo em relação ao seu objeto: ícone, índice e símbolo (PEIRCE, 2005, p.64).
Peirce insere imagem dentro da categoria ícone e explica que “um signo por Primeiridade é
uma imagem de seu objeto e, em termos mais estritos, só pode ser uma ideia, pois deve
produzir uma ideia Interpretante, e um objeto externo excita uma ideia através de uma reação
sobre o cérebro” (PEIRCE, 2005, p. 64). Com base no exposto pelo autor, infere-se que a
imagem de lâmina histopatológica apresenta semelhança com o que foi capturado pelo
microscópio, apresentando qualidade representativa ao observador, no nosso caso, o usuário
da informação acadêmica sobre saúde, ou seja, o pesquisador, discente ou docente de
Patologia.
A imagem enquanto analogia de outra coisa é inserida na categoria das representações.
Enquanto semelhança, a função da imagem é evocar, significar alguma coisa que não seja ela
própria. No caso das lâminas histopatológicas, as imagens capturadas são representações
visuais de fenômenos, sendo pertinente o estudo de como o interpretante, os alunos no escopo
da disciplina de Patologia Geral, consegue nomear o que percebe na imagem.
Segundo Shatford Layne (1994, p. 587), são escassos os estudos qualitativos que
focam a relação entre o pesquisador de imagens e a seleção de atributos a serem usados na
indexação, e que sejam potencialmente úteis para a recuperação. No tocante à análise do
conteúdo da imagem, nos apoiaremos na literatura que foca os atributos aplicados na
representação de imagens, com destaque para os estudos de Shatford (1986), Smit (1996) e
Jorgensen (1998).
Shatford (1986) propõe embasamento teórico para identificar e classificar os diferentes
tipos de objetos representados em uma imagem. A análise conceitual de imagens visa a
possibilitar o acesso temático por parte do usuário ao acervo imagético, sem perder de vista o
propósito desse acervo e seu uso. Para isso, a autora (SHATFORD, 1986) aponta a
importância em se explorar o potencial do acervo de imagens para os possíveis futuros
usuários. Essa preocupação com o potencial informativo é observada por Hjorland (1992) em
artigo que afirma que a “chave” para a definição do conceito de assunto encontra-se na
investigação epistemológica, no questionamento de como vamos saber o que precisamos
saber sobre determinado documento para, a partir daí, descrevê-lo de forma a facilitar sua
recuperação em um sistema de informação.
Fazendo um paralelo com as categorias ranganathianas Personalidade, Matéria,
Energia, Espaço e Tempo, Shatford (1986, p. 48) apresenta o desenvolvimento de uma
classificação facetada para análise da imagem, adotando as facetas Quem, O quê, Onde,
Quando. A primeira faceta Quem (Personalidade e/ou Matéria) corresponde aos seres ou
objetos que estão na imagem. Esse questionamento se desdobra em aspectos genérico e
específico: DE quem ESPECIFICAMENTE (ou GENERICAMENTE) é essa imagem?
Correspondendo à categoria Energia, a autora (SHATFORD, 1986, p. 52) associa a faceta O
quê? para determinar eventos, ações, condições e emoções dos seres ou objetos retratados na
imagem. Nessa faceta observa-se, além do DE GENÉRICO e DE ESPECÍFICO, o SOBRE
uma vez que são traduzidas ideias abstratas ou simbólicas representadas. Respondendo à
faceta Onde (Espaço), obtêm-se áreas geográficas, espaços arquitetônicos ou locais. O aspecto
DE GENÉRICO representa conceitos não específicos de um dado lugar, como por exemplo,
selva, paisagem. Já o aspecto DE ESPECÍFICO identifica aspectos geográficos individuais,
como cidade de Niterói, planeta Marte, etc. Já a faceta Quando (Tempo) representa tanto o
tempo linear (DE ESPECÍFICO) quanto o cíclico (DE GENÉRICO). O tempo linear consiste
em datas ou períodos de tempo, enquanto que o tempo cíclico é representado pelas estações
do ano ou parte do dia, por exemplo.
No panorama nacional, Smit (1987) destaca que a descrição de uma imagem exige
orientações para nortear sua análise. Segundo a autora, “analisar uma imagem significa, quer
queiramos quer não, [pressupõe] ‘traduzir’ certos elementos dessa imagem de um código
icônico para um código verbal” (SMIT, 1987, p. 103). Para Smit, mesmo adotando uma
linguagem documentária (artificial) para padronizar a linguagem utilizada no sistema de
informação, a transcodificação da linguagem visual para a verbal não garante unanimidade na
interpretação. A fim de garantir uma grande revocação, ou seja, ao fazer uma busca, para que
o usuário tenha um grupo de imagens do qual possa selecionar a que melhor atenda suas
demandas informacionais, Smit indica que a descrição de imagens siga os aspectos: “QUEM
(seres vivos), ONDE (ambiente), QUANDO (tempo), ONDE (espaço), O QUÊ (ação) e
COMO (técnica)” (SMIT, 1987, p. 109).
Smit (1996, p. 33) destaca ainda dois pontos que devem ser considerados por ocasião
da seleção da informação imagética: o número necessário de descritores para descrever uma
imagem, de modo a atender seus usuários; e quais critérios devem-se adotar para analisar uma
imagem e consequentemente identificar as categorias para sua organização. A autora propõe
duas formas de leitura da imagem: o conteúdo informacional e a expressão fotográfica, que
foi definida como a “forma adotada para expressar o que se quer transmitir pela imagem”
(SMIT, 1996, p. 34).
Concordando com Smit, Manini (2004) destaca a importância da expressão fotográfica
e acrescenta que alguns aspectos serão observados por ocasião da análise documentária da
imagem, denominado pela autora como dimensão expressiva da imagem fotográfica.
Com o objetivo de identificar os atributos designados na atividade de descrição de
imagens, Jorgensen (1998) empreendeu uma pesquisa exploratória com base nas declarações
de assunto dos participantes. Aplicando o método de análise de conteúdo e estatística, a autora
identificou 47 atributos agrupados conceitualmente em 12 classes, conforme descritas a
seguir:
Atributos Perceptivos: 1.Objetos (Objetos, Texto, Parte do Corpo, Vestuário);
2. Pessoas (Pessoas); 3. Cor (Cor); 4. Elementos visuais (Composição, Ponto
Focal, Movimento, Orientação, Perspectiva, Foco, Textura, Componente
visual); 5. Localização (Localização – geral, Localização – específico).
Atributos Interpretativos: 7. Atributos relacionados a pessoas
(Relacionamento, Status social, Emoções); 8. Informação histórico-artística
(Artista, Formato, Mídia, Representação, Estilo, Técnica, Referência de tempo,
Tipo); 9. Conceitos abstratos (Abstração, Atmosfera, Estado, Aspecto
simbólico, Tema); 10. Conteúdo/estória (Atividade, Categoria, Evento,
Cenário, Aspectos de tempo); 11. Relações externas (Comparação,
Similaridade, Referência).
Atributos Reativos: 12. Resposta do observador (Reação pessoal, Conjectura,
Extração, Incerteza).
Além dos teóricos que apresentam ao analista indexador formas para se "ler a
imagem", a identificação de atributos também pode ser balizada pelas pesquisas efetuadas
pelos usuários em coleções de imagens. Em seus estudos, Fidel (1997, p. 189) esclarece que a
imagem possui diferentes usos, podendo ser fonte de dados e objetos. A autora propõe a
análise da natureza da busca fundamentada na ideia de polos: no Polo de Dados, as imagens
são usadas como fonte de informação; no Polo de Objetos, as imagens são necessárias como
objetos.
No escopo de nosso trabalho, as imagens de lâminas histopatológicas se inserem no
Polo de Dados, por atenderem a uma demanda de informação por parte do usuário, ou seja, a
partir de um estado anômalo de informação o usuário faz a busca para obter respostas para
uma necessidade informacional. Os autores que discutem a representação de imagem
biomédica são apresentados a seguir.
3 REPRESENTAÇÃO DE IMAGENS BIOMÉDICAS
Tanto na literatura da área da Saúde como na da Ciência da Informação há poucos
autores que se dedicam especificamente à análise conceitual e indexação de imagens
biomédicas. Em diferentes artigos observamos a preocupação de recuperar a informação
existente em textos e imagens biomédicas, mas sempre associada ao sistema de recuperação e
tratamento automático da informação. Identificamos, também, trabalhos que relatam e
construção de vocabulário controlado e de ontologia na área da Saúde.
No âmbito da Ciência da Informação, visando a estabelecer a representação de
imagens médicas a partir de seus atributos visuais, Bentes Pinto (2008) analisa modelos de
tratamento e organização de imagens e sua aplicação na área da saúde. A autora (BENTES
PINTO, 2008, p. 326) discorre sobre o modelo teórico do Sistema de Representação Indexal e
de Recuperação de Informações Imagéticas (Sirimag), sistema híbrido que permite indexação
e recuperação de informações morfossemânticas de imagens, ou seja, a partir de atributos
visuais — cores, forma e textura — e de termos extraídos dos laudos. O sistema em questão
possui um banco de imagens que permite a descrição padronizada das imagens. Contudo, no
referido artigo, a autora não detalhou os aspectos a serem considerados na descrição.
O aumento exponencial na produção de informação na área da saúde fez com que
instrumentos fossem elaborados para garantir consistência na recuperação de informações.
Apesar de tratar de representação temática de informação textual contida nos prontuários
médicos, Neves (2009) relata as etapas do projeto de construção de vocabulário controlado a
ser aplicado no arquivo do setor de pediatria do Hospital Universitário da UFPB
(Universidade Federal de Pernambuco). Segundo a autora, para compor o instrumento serão
identificados os termos relativos aos nomes das doenças e os princípios ativos dos
medicamentos prescritos. Infere-se que serão esses os aspectos temáticos a serem
considerados na indexação dos prontuários.
Focando na comunicação entre humanos e máquinas, Bentes Pinto e Ferreira (2010)
apresentam uma ontologia de domínio de imagens em Nefrologia, a partir de seus atributos
visuais, dos laudos e dos prontuários médicos, de modo a preservar e recuperar informações.
Com o desenvolvimento da pesquisa foi possível mapear a terminologia da área e organizar
uma base de conhecimento em Nefrologia, formada pelas subclasses: Histologia, Anatomia,
Atores, Fisiologia, Prontuário do Paciente e Sistema Urinário.
Em estudo sobre a indexação de imagens biomédicas realizada pelo usuário, Kim
(2013) defende a indexação colaborativa no contexto educacional, destacando a relação entre
indexação atributiva e recuperação. Para isso, o autor selecionou 39 imagens de histologia
para que fossem indexadas por 16 estudantes de medicina a partir das legendas das imagens.
Caso as mesmas não fossem claras, foram orientados a pesquisar na base MEDLINE.
Também foi oferecido um vídeo com orientações de como fazer a indexação. O estudo
objetivou medir a definição dos conceitos (concept completion) atribuídos e a efetividade na
recuperação. Ao medir a definição dos conceitos, levou-se em consideração a completude na
identificação das unidades indexáveis da imagem, ou seja, se o usuário identificou todos os
aspectos a serem indexados ao analisar a imagem. Os conceitos atribuídos pelos estudantes
foram comparados com os conceitos atribuídos por especialistas na área. Efetividade na
recuperação foi definida pelo autor como a habilidade em recuperar a informação desejada e
evitar a informação indesejada. Como resultado, Kim verificou grande interesse dos
estudantes pelo vídeo que orientava sobre os aspectos a serem observados por ocasião da
análise das imagens. O autor conclui defendendo que, com o avanço das tecnologias das
imagens biomédicas, é relevante combinar descrição com atribuição de descritores temáticos
na representação de imagens biomédicas.
Destacando a importância de se oferecer informação biomédica organizada para fins
de recuperação, Ehsani et al (2008) afirmam que as bases de dados de espécimes patológicas
podem ser usadas tanto pelos clínicos quanto em futuras pesquisas. Para tanto, é necessário
organizar as bases de forma a permitir análises retrospectivas e comparativas. Os autores
apresentam metodologia para digitalização de 30.000 documentos textuais com conteúdo de
patologia, com o mínimo de ingerência humana no processo. Após a digitalização, usa-se o
software OCR (Optical Character Recognition — Reconhecimento Ótico de Caracteres) para
gerar texto a partir do arquivo PDF (Portable Document Format — Formato Portátil de
Documento). Com base na definição de um modelo de relatório ou laudo patológico, foi
possível extrair informações sobre o número do caso, data de acesso, nome do paciente, idade,
sexo, número do prontuário, nome do patologista e informações sobre o diagnóstico. A
representação da informação contida nos documentos textuais foi realizada de forma
automática, a partir de um software com base em Java, onde os parágrafos foram condensados
em termos que foram compatibilizados com a classificação da Organização Mundial da Saúde
(OMS) sobre tumores no sistema nervoso central.
Smith, Barnes e Chiosea (2011) discorrem em seu artigo sobre como dar acesso ao
acervo de um arquivo histórico de patologia, assim denominado por ser em suporte papel e
possuir lâminas e blocos de parafina com cortes histopatológicos. Para isso, os autores
digitalizaram cerca de 120.000 laudos anatomopatológicos, do período de 1956 a 1979, que
foram submetidos ao reconhecimento ótico de caracteres. Além de relatar os procedimentos a
serem adotados para garantir um arquivo íntegro, Smith, Barnes e Chiosea apontam questões
éticas e legais a serem consideradas na construção de um arquivo digital de natureza
patológica. Os autores não focaram em uma política a ser adotada na representação do
conteúdo dos documentos.
Simpson et al (2014) descrevem a solução encontrada para a indexação e recuperação
de imagens biomédicas em artigos: mapeamento global de características (global feature
mapping — GFM), que consiste em sistema híbrido onde a recuperação é feita com base nas
anotações atribuídas à imagem, como legendas e textos dos artigos, associadas aos atributos
da imagem (cor, forma e textura). O diferencial, segundo os autores, é a formação de grupos
de palavras (clusters) relacionados a determinadas imagens, fazendo com que a recuperação
seja mais precisa. Simpson et al também apontam problemas, como o caso de legendas que
não descrevem adequadamente a imagem.
Na próxima seção, apresentaremos a abordagem empírica e a metodologia adotada na
análise da imagem de lâmina histopatológica.
4 MATERIAL E MÉTODO
Como exposto na introdução, as imagens de lâminas histopatológicas de processos
patológicos gerais são produzidas no âmbito da disciplina de Patologia Geral com o objetivo
de ser recurso didático para os alunos dos cursos de Odontologia, Fonoaudiologia e
Biomedicina nas aulas práticas e teóricas. O conteúdo dado em sala é reforçado com estudos
dirigidos e estudos de casos clínicos, por meio do qual o discente, a partir da imagem
analisada, discute e infere o diagnóstico morfológico. O oferecimento das imagens de lâminas
no website da disciplina (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2014) permite o
acesso ao acervo pelo aluno, de modo que se dedique ao estudo dos casos clínicos em
qualquer momento ou lugar.
Atualmente, as imagens estão organizadas no website em macroscopia e microscopia,
e dentro de cada categoria, por tipo de lesão, obedecendo a apresentação do conteúdo
programático da disciplina de Patologia Geral. Não há recursos para recuperação das imagens
por tipo de lesão, diagnóstico, coloração, etc. As imagens apresentam uma breve legenda
descrevendo o tipo de lesão e coloração de rotina usada na microscopia. Apesar de atender
aos alunos da disciplina, observa-se que as informações fornecidas são sucintas demais para
serem recuperadas e reutilizadas por potenciais pesquisadores da área.
Para "ler" a imagem de lâmina histopatológica, tencionamos identificar aspectos a
serem observados na lâmina por ocasião de sua descrição, de modo a ser reusada por usuários
de informação acadêmica da área de saúde. Com esse objetivo, a partir da imagem da lâmina
histopatológica, adotamos como procedimento o modelo usado na prática da análise
patológica, ou seja, o que o patologista deve focar no momento em que analisa material
histopatológico.
Em consulta à docente da disciplina de Patologia Geral do Departamento de Ciências
Básicas (FCB) da UFF, foi-nos informada a existência de uma orientação informal para a
descrição de lâminas a ser seguida pelos docentes e discentes. Os seguintes aspectos devem
ser sinalizados: qual o órgão e tecido, qual a lesão principal, descrição da lesão principal,
lesões secundárias, descrição das lesões secundárias e diagnóstico patológico.
Já o Guia de descrição de lâminas do Laboratório de Patologia Veterinária da
Universidade Federal de Santa Maria (2006) dá as seguintes orientações gerais para a
descrição morfológica: descrever de forma concisa, com no máximo sete frases; adotar
sequência decrescente de importância; considerar o leitor ao redigir a descrição de modo que
ele consiga concluir o diagnóstico; ser direto; descrever os órgãos de maneira sistemática e
constante, adotando um padrão; observar e descrever as células no todo, apontando aspectos
anormais; fazer uso de terminologia específica; mencionar tamanho e forma; interpretar
lesões, colocando entre parênteses as opiniões pessoais; evitar redundâncias e erros de
ortografia e gramática.
Nas orientações específicas, o guia (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
MARIA, 2006) separa as descrições por neoplasmas e lesões não neoplásicas, orientando o
conteúdo a ser destacado em cada frase. Por exemplo, no caso de neoplasma, após informar o
órgão, na primeira frase deve constar: descrição submacroscópica, localização, tamanho, se é
ou não densamente celular, se é bem demarcado ou mal demarcado, a forma (nodular,
multinodular, verrucoso, etc.), se é expansivo ou infiltrativo, se é encapsulado ou não-
encapsulado. Na segunda frase, descrevem-se os padrões celulares e tipo de estroma. Na
terceira frase, aspectos citológicos (forma, tamanho, limite, citoplasma, núcleo, nucléolo). Na
quarta frase focam os aspectos singulares (células multinucleadas, variação nas células
(anisocariose, anisocitose, cariomegalia, etc.). Na quinta frase, atividade mitótica. A evidência
de malignidade é descrita na sexta frase. Na sétima frase, descrevem-se observações
consideradas importantes.
Na descrição de lesões não neoplásicas, após identificar o órgão, descreve-se na
primeira frase a localização, distribuição e tamanho. Os componentes são descritos na
segunda frase: tipos celulares, componentes celulares e não-celulares, quantidade e
interpretação por parte do patologista; seguidos do agente etiológico na terceira frase:
localização, tamanho e forma, e interpretação (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
MARIA, 2006).
As orientações acima têm como objetivo direcionar o olhar do patologista na análise
das lâminas histopatológicas, para que haja uma padronização tanto no processo — descrição
morfológica — quanto no produto, que é o diagnóstico morfológico. Para o diagnóstico
morfológico é necessário descrever: órgão, local (especificar o local no órgão), lesão, duração
(aguda, subaguda, crônica), distribuição (focal, multifocal, multifocal, coalescente, e difusa),
intensidade (mínima, leve, moderada, acentuada).
Na Figura 1 descrevemos a imagem a partir das orientações atualmente adotadas no
âmbito da disciplina de Patologia Geral do FCB da UFF.
Figura 1 - Descrição de imagem de lâmina histopatológica segundo orientação da disciplina de
Patologia Geral do FCB/UFF.
Órgão tecido: Coração
Tecido: miocárdio
Coloração: hematoxilina e eosina (HE) Aumento : 40X
Diagnóstico: Infarto agudo do miocárdio
Lesão principal: necrose de coagulação (2) Lesão secundária: infiltrado inflamatório agudo neutrofílico (1)
Descrição: Cardiomiócitos apresentando necrose de coagulação (“células fantasmas”),
mostrando contornos celulares definidos, aumento de acidofilia citoplasmática, núcleos em
cariólise. Entre os cardiomiócitos existe infiltrado inflamatório agudo composto por neutrófilos.
Fonte: as autoras, 2016.
Analisando as orientações das duas instituições, verificamos que os aspectos a serem
observados na descrição da lâmina coincidem, como: órgão, tecido, localização anatômica,
lesão principal, lesões secundárias, interpretação da lesão, coloração e aumento, e diagnóstico
patológico. A principal diferença é a ordem de apresentação dos diferentes aspectos. A seguir,
discutimos o modelo de descrição de lâmina histopatológica com base na literatura sobre
representação de imagem.
5 DISCUSSÃO E RESULTADOS
Submetemos a descrição morfológica (Figura 1) aos atributos elencados por Shatford
(1986), Smit (1996) e Jorgensen (1998) com o intuito de identificar um possível modelo para
analisar a imagem de lâmina histopatológica para fins de compor um banco de imagem. Para
a recuperação da informação é necessário o tratamento documental tendo em vista a coleção
de documentos, a missão da instituição que abriga o acervo e seus usuários.
Shatford (1986) e Smit (1996) apresentam atributos similares, destacando Quem, O
quê, Como, Onde e Como. Entretanto, esses aspectos se mostram insuficientes para a análise
e representação da imagem biomédica, objeto do nosso estudo.
Mesmo que o contexto de sua pesquisa não tenha sido a área de saúde, ao propor a
análise de imagens a partir do ponto de vista do usuário, Jorgensen (1998) oferece três tipos
de atributos aplicáveis na análise da imagem de lâmina histopatológica. Constatamos que o
atributo Perceptivo inclui aspectos relacionados à experiência direta do usuário, enquanto que
os atributos Reativos compreendem as respostas (ou inferências) do usuário à imagem. Nos
atributos Interpretativos é permitido determinar o significado da imagem a partir da
contraposição de pelo menos dois elementos, indicando comparação, similaridade e
referência.
Na Figura 2, correlacionamos os elementos da descrição morfológica (Figura 1) com
os atributos propostos por Jorgensen (1998). Verificamos que, conforme afirmado pela autora,
o atributo Perceptivo está diretamente relacionado à experiência do usuário, no nosso
contexto, o docente ou discente de Patologia Geral. Para identificar a localização, cor,
elementos visuais e os objetos (as lesões) é necessário competência técnica na área. O atributo
Perceptivo está presente em todos os aspectos da descrição morfológica da lâmina
histopatológica. Já os atributos Interpretativos são observados na definição dos tipos de lesões
e na própria descrição morfológica, em que o usuário descreve o que observa ao mesmo
tempo em que determina o que vê, com base no conhecimento prévio sobre o assunto. O
atributo Reativo é evidenciado no diagnóstico, no qual, a partir dos objetos e da identificação
das lesões, o usuário infere a natureza e a causa da afecção.
Figura 2 - Correlação de elementos da descrição morfológica com os atributos de Jorgensen
ELEMENTOS DA DESCRIÇÃO
MORFOLÓGICA
ATRIBUTOS PARA DESCRIÇÃO DE IMAGENS
(JORGENSEN, 1998)
Atributos
Perceptivos
Atributos
Interpretativos
Atributos
Reativos
Órgão tecido: Coração Localização -
geral
Tecido: miocárdio Localização -
específico
Coloração: hematoxilina e eosina (HE) Cor
Aumento : 40X Elementos visuais
Diagnóstico: Infarto agudo do
miocárdio
Objetos Relações externas
(Comparação,
Similaridade,
Referência).
Resposta do
observador
(Reação
pessoal,
Conjectura,
Extração,
Incerteza).
Lesão principal: necrose de coagulação
(2)
Objetos Relações externas
(Comparação,
Similaridade,
Referência).
Lesão secundária: infiltrado
inflamatório agudo neutrofílico (1)
Objetos Relações externas
(Comparação,
Similaridade,
Referência).
Descrição: Cardiomiócitos
apresentando necrose de coagulação
(“células fantasmas”), mostrando
contornos celulares definidos, aumento
de acidofilia citoplasmática , núcleos
em cariólise . Entre os cardiomiócitos
existe infiltrado inflamatório agudo
composto por neutrófilos.
Objetos Relações externas
(Comparação,
Similaridade,
Referência).
Fonte: as autoras, 2016.
Em primeira análise, deduzimos que a classificação proposta por Jorgensen (1998) é
aplicável na análise da imagem de lâmina histopatológica por compreender etapas a serem
observadas pelo patologista no momento de descrição da mesma. Por exemplo, a identificação
de padrões no corte histopatológico está inserida em Atributos Perceptivos. Os padrões fora
da normalidade seriam uma indicação da ocorrência de alguma anomalia ou lesão. Os
Atributos Interpretativos englobariam a análise da imagem a partir de um conhecimento
prévio, indicando a associação das alterações observadas na imagem da lâmina com o nome
de alguma patologia. Já o Atributo Reativo seria o diagnóstico morfológico em si.
Os aspectos a serem observados na análise comungam com os metadados elaborados
por Souza, Souza e Almeida (2015) para descrição de imagens de lâminas histopatológicas. A
partir do uso do padrão internacional Dublin Core nos metadados para a descrição dos
elementos de conteúdo, as autoras acrescentaram os metadados tipo de lesão, órgão e
diagnóstico morfológico para garantir consistência na busca e recuperação. De que trata a
lâmina histopatológica é representado no metadado dc.subject, guardando relação com a
descrição realizada pelo patologista. A coloração e o aumento da amostra foram considerados
como metadados para a descrição dos elementos de instanciação.
A identificação dos aspectos a serem considerados na análise será validada junto aos
docentes da disciplina de Patologia Geral, com o intuito de formular um modelo a ser adotado
pelos monitores e participantes do projeto de elaboração do banco de imagens de lâminas
histopatológicas do Departamento de Ciências Básicas (FCB). O presente artigo indica uma
possível resposta para nosso questionamento sobre os elementos a serem observados na
representação de imagens de lâminas histopatológicas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao propor a definição de atributos para a representação de imagens de lâminas
histopatológicas, objetivou-se atender a comunidade usuária do Departamento de Patologia
Geral da UFF (professores, alunos de graduação e pós-graduação) no que diz respeito a dar
respaldo para a representação e recuperação das imagens macro e microscópicas. Para isso,
considerou-se as pesquisas pelos diferentes processos patológicos, permitindo a reutilização
do acervo de lâminas como recurso informacional em diferentes contextos (reuniões e
encontros científicos, palestras, material didático, etc.).
Verificamos que o tema análise de imagens de lâminas macro e microscópicas em
Patologia Geral é pouco explorado na literatura da Ciência da Informação. Do ponto de vista
da Educação, o objetivo do trabalho tem inserção no processo de ensino-aprendizagem por
entender que a representação da informação imagética das lâminas macro e microscópica
auxiliará o desempenho acadêmico dos alunos da disciplina de Patologia. Para tanto, é
necessário que a análise conceitual das imagens biomédicas seja realizada pelo especialista do
domínio. A descrição aponta as áreas em que ocorrem as lesões, de modo que o aluno aprenda
a identificar os padrões com os nomes das lesões e definir o diagnóstico morfológico.
Por outro lado, a identificação dos aspectos a serem observados por ocasião da análise
auxiliará na recuperação, além de orientar a representação de imagens no futuro banco de
imagens de Patologia. Os aspectos analisados pela patologista ao fazer a análise morfológica
estão de acordo com os Atributos Perceptivos, Interpretativos e Reativos apresentados por
Jorgensen (1998). Logo, infere-se que a análise da imagem de lâmina, sob o ponto de vista
documentário, pode obedecer aos seguintes critérios: em que órgão e tecido surgiu a lesão,
qual é a lesão principal, quais são as lesões secundárias, descrição das lesões identificadas e
diagnóstico morfológico.
A partir da definição de modelo de descrição de imagem de lâmina histopatológica,
um novo desafio se apresenta no contexto de nosso estudo: identificar os conceitos que
compõem a descrição e verificar se os vocabulários controlados existentes em português na
área de saúde atendem o nível de especificidade exigido para a representação da imagem
biomédica, produzida no âmbito da Patologia Geral.
Pesquisa realizada com auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq
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