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Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Caracterização dos ecossistemas aquáticos do Cerrado Claudia Padovesi Fonseca Departamento de Ecologia Universidade de Brasília Brasília - DF Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Capítulo 25 Caracterização dos ecossistemas aquáticos do Cerrado Claudia Padovesi Fonseca Departamento de Ecologia Universidade de Brasília Brasília - DF FOTO: MARIA JÚLIA MARTINS SILVA FOTO: MARIA JÚLIA MARTINS SILVA

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Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25

Caracterização dosecossistemasaquáticos do

CerradoClaudia Padovesi Fonseca

Departamento de EcologiaUniversidade de Brasília

Brasília - DF

Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25Capítulo 25

Caracterização dosecossistemasaquáticos do

CerradoClaudia Padovesi Fonseca

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Ecossistemas aquáticos

INTRODUÇÃO

A região nuclear do Cerrado noBrasil, considerada mais característica econtínua, ocupando dois milhões dekm2, está situada no Planalto CentralBrasileiro (Brasil, 1998). O relevoapresenta extensas superfícies planas asuaves onduladas, as chapadas, situadasem cotas elevadas de altitude (acima de1000m). A predominância de terras altasnesta região fornece condições para queas suas águas superficiais sejamdrenadas por três principais baciashidrográficas do país: Tocantins/Araguaia, São Francisco e Paraná(Ferrante et al., 2001). Com isso, estaregião representa o principal divisor daságuas no país. Nascentes e uma infinitarede de ecossistemas lóticos de pequenoporte, como riachos e córregos, fluemem profusão. Lagoas naturais e zonasúmidas são formadas pelo afloramentodas águas subterrâneas. Com isso, aregião nuclear do bioma Cerrado éconsiderada o “berço das águas”brasileiras.

A obtenção de águas de boaqualidade para diversos usos pelahumanidade é considerada uma das

questões mais contundentes naatualidade. Água é um recurso de altovalor, com potenciais usos como:geração de energia elétrica,abastecimento doméstico e industrial,navegação, irrigação, recreação,piscicultura e pesca, entre outros.Constitui, dessa forma, uma das maioresriquezas do planeta.

A posse das fontes naturais enascentes é elemento-chave para aobtenção de água e na gestão de recursoshídricos regionais. O Brasil detém umaparcela expressiva dos deflúvios dos riosdo mundo, ou seja, 12,7% de deflúvioestão em suas redes hidrográficas (Brasil,1998). O bioma Cerrado oferecemananciais ainda preservados e muitovalorizados. Grande parte das nascentesestá localizada em áreas de proteçãoambiental e de difícil acesso, o que dealguma forma impede o avanço daocupação e uso dos recursos ambientaispela população nestas áreas, emborauma parcela significativa seja ocupadairregularmente.

Se por um lado o núcleo do Cerradobrasileiro é especial por representar aregião de nascentes e divisor de águas,

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por outro lado, há de ter habilidades nagestão de seus recursos hídricos pelasdificuldades inerentes em acumular eutilizar esta profusão de águassuperficiais e subterrâneas. O volume deágua nos continentes é finito e osmananciais estão irregularmentedistribuídos. Atualmente, sua disponi-bilidade diminui gradativamente devidoà degradação ambiental, ao crescimentopopulacional desordenado e à expansãode fronteiras agrícolas (Klink, et al.,1995).

O lençol freático, que é a parte daságuas subterrâneas localizada mais pertoda superfície, é bem raso, e chega aaflorar em alguns pontos, formando asnascentes. A primeira impressão é quenesta região a água é abundante. Narealidade, a água é de boa qualidade,mas é escassa. Os assentamentoshumanos em áreas de recarga queabastecem os lençóis freáticos tornaram-se um dos principais problemas no usoda água nesta região dos cerrados. Osaqüíferos tendem a ser de pequeno porte,e os assentamentos humanos rurais eurbanos atendidos com águas subter-râneas reduzem expressivamente a suarecarga. Com isso, muitos olhos d´águae até lagoas naturais estão secando(Campos & Freitas-Silva, 1998).

O Cerrado representa um dosmaiores biomas pertencente ao domíniomorfoclimático do Brasil e da Américado Sul, com uma biodiversidade compa-rada à amazônica (Oliveira & Marquis,2002). Além da alta biodiversidade, oCerrado é considerado um bioma comelevado grau de endemismo (Myers etal., 2000). As atividades humanas, comoagropecuária e mineração, propiciaramum avanço econômico no centro-oestedo Brasil, com quase 35% de sua áreasubstituída por pastagens emonocultivos (Klink et al., 1995). Com

estas atividades realizadas de formainadequada, foram produzidos diversosimpactos sobre o meio ambiente. Acontaminação das águas subterrâneas esuperficiais, assoreamento dos cursosd´água e perda de matas ripáriasconstituem os principais impactos sobrea biota aquática no Cerrado.

É consenso que, apesar dos esforçosde estudos sobre a fauna e flora doCerrado, com a estimativa de 160 milespécies, ainda pouco se conhece sobrea biodiversidade deste bioma. Estasituação é notável para diversidade degrupos aquáticos, como invertebrados,algas, macrófitas aquáticas e peixes(Conservation International, 1999).

O presente capítulo apresenta umacaracterização geral dos ecossistemasaquáticos naturais do Cerrado e suaimportância sobre a comunidadeaquática. A biota aquática é apresentadacom limitações devido ao seu poucoconhecimento dentro deste bioma.

CARACTERIZAÇÃO DOSECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

O Cerrado apresenta uma variedadede ecossistemas aquáticos naturais. Alémde corpos d’água lóticos (águas cor-rentes) e lênticos (águas paradas), têm-se a presença de outros sistemasaquáticos específicos para esta região,que estão associados às áreas inun-dáveis, inseridas nas categorias daszonas úmidas. Segundo a Convenção deRamsar (1971), é considerada zonaúmida toda extensão de pântanos,charcos e turfas, ou superfícies cobertasde água, de regime artificial ou natural,permanentes ou temporárias, doce,salobra ou salgada.

A presença e ampla extensão dezonas úmidas no Cerrado brasileiro é

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uma peculiaridade notável, trazendouma amplificação entre os meiosambientes terrestre e aquático, e umaárea de investigação científica aindamuito pouco explorada.

ECOSSISTEMAS AQUÁTICOSLÓTICOS

Os ecossistemas aquáticos lóticoscompõem os cursos d´água superficiaisdos continentes. Um grande número deriachos e de ribeirões participa dossistemas de drenagem no Cerrado. É umarede hidrográfica de pequenos cursosd’água que nascem nas encostas daschapadas, e na porção inicial e mais alta,são originalmente protegidos por umadensa mata de galeria (Ribeiro et al.,2001). Em condições naturais são muitopobres em nutrientes, levemente ácidose com baixa condutividade elétrica (até10µS/cm). Por serem rasos, de pequenoporte e sombreados, a temperatura daágua não varia muito ao longo do ano(17 a 20 oC). Em certos casos, riosconsiderados mais quentes, atemperatura da água pode chegar a25 oC na época chuvosa (Rocha, 1990).

As características hidrológicas,químicas e biológicas de um córregorefletem o clima, a geologia e a coberturavegetal de sua bacia de drenagem(Hynes, 1970; Giller & Malmqvist, 1999).Os cursos d´água desta região são deplanalto e perenes, com as principaisbacias hidrográficas identificadas por umpadrão de drenagem radial (Ferrante etal., 2001). Pelas características de riosde planalto, é comum apresentaremcorredeiras ou mesmo grandes quedasd´água, formando cachoeiras.

Os ecossistemas lóticos de pequenoporte são caracterizados por ummovimento d´água ao longo de seu eixolongitudinal, com materiais dissolvidos

e partículas em suspensão. Estesmateriais, tanto dissolvidos como emsuspensão, são em grande parteprovenientes da bacia de drenagem, comuma ampla superfície de interação como ambiente terrestre. Esta tendênciadecorre do fato destes riachos seremmais extensos que largos, além de serembem rasos (Wetzel & Likens, 2000).

A vegetação ribeirinha é formada pormatas formando corredores fechados, asmatas de galeria (Ribeiro e Walter, 1998).Estas matas são localizadas em fundosde vales ou nas cabeceiras dos riachos,e acompanham os cursos d´água depequeno porte. Em riachos de médio egrande porte do Cerrado, a vegetaçãoripária sofre modificações, com faixasmais estreitas e sem a formação degalerias, descrita como mata ciliar(Ribeiro e Walter, op. cit.).

A proporção de chuvas que entra nosriachos depende de vários fatoresregionais, como o tipo de solo edesenvolvimento da vegetação marginal,relevo, entre outros. O climapredominante na região do Cerrado é“tropical de savana”, segundoclassificação de Köppen. Apresenta umaestação chuvosa e mais quente, entreoutubro e abril, e uma estação seca emais fria, entre maio e setembro. Aregião pode ficar sem chuvas por até trêsmeses, diminuindo expressivamente avazão e velocidade de corrente dosriachos, em especial nos trechos maisplanos e sinuosos (Abreu, 2001).

Após um período seco prolongadono Cerrado, as primeiras chuvasgeralmente são incorporadas pelavegetação e solos da bacia, não atingindodiretamente os cursos d´água. As chuvassubseqüentes tendem a entrar nosriachos, aumentando a vazão e acorrenteza, notadamente em trechossituados perto das cabeceiras. Durante

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a época chuvosa, os cursos d´água ficammais largos e um pouco mais profundos.As chuvas neste período são freqüentese quase diárias, mas com intensidade evolume variáveis, produzindo picos devazão.

Na região do Cerrado, os soloshidromórficos são importantes ao longodos córregos e nascentes dos principaisrios (Ferrante et al., 2001). Estes solossão associados ao afloramento do lençolfreático, com relevos geralmente deplanos a suave ondulados. A vegetaçãode mata de galeria é típica deste tipo desolo, e pode também ocorrer em camposde murundus e nascentes. Apesar de amata ciliar acompanhar um cursod´água, não está relacionada com lençolfreático superficial (Ribeiro & Walter,1998).

A presença da vegetação ripária emcursos d´água no Cerrado exerce papelfundamental na preservação dabiodiversidade da biota aquática. Acobertura densa desta vegetação impedea incidência direta de raios solares, o quetende a reduzir a produtividade primáriarealizada pelos vegetais aquáticos. Aescassez de luz associada à correntefluvial e pobreza de nutrientes limitamo desenvolvimento de organismosaquáticos, e, por conseguinte influen-ciam toda a rede alimentar. Por outrolado, a presença de vegetação ripáriaevita o aquecimento excessivo da água,fornece energia alóctone com a entradade folhas, frutos e sementes no cursod´água, além de evitar a erosão dasmargens e fornecer condições ambientaispara reprodução de muitas espécies. Osmateriais alóctones, como restos vegetaisou mesmo insetos, são fontes adicionaisde alimento ao sistema lótico, conferindoelos na amplificação da rede alimentar(Margalef, 1983). Dessa forma, espéciespresentes no Cerrado exercem papel

relevante no estudo da biodiversidade,pois muitas ocorrem sob condiçõesambientais diferenciadas e endêmicas àregião.

Atualmente, em extensas áreas, avegetação ripária no Cerrado se encontrabastante alterada ou até inexistente, emuitas vezes substituída por gramíneas(Ribeiro et al., 2001). Erosão das margense assoreamento dos cursos d´água, alémde poluição e contaminação de suaságuas são as principais conseqüênciasdos usos das bacias de drenagem pelapopulação humana. Atividades comomineração, com a retirada de cascalhodo leito dos rios, lançamentos de esgotosdomésticos e agrotóxicos usados naagricultura representam os principaisagentes de degradação da qualidade deágua e perda de biodiversidade aquáticado Cerrado. Organismos bentônicos sãoexcelentes como bioindicadores dequalidade ambiental. Riachos do Cerradosituados em áreas urbanizadas podemapresentar alto nível de poluição, e acomunidade bentônica reflete ascondições ambientais do local(Fernandes, 2002).

ECOSSISTEMAS AQUÁTICOSLÊNTICOS

Lagos são corpos d´água continen-tais com delimitações de extensão eprofundidade geralmente bem definidas(Margalef, 1983; Esteves, 1998). Cadalago ou cada grupo de lagos apresentacaracterísticas físicas e químicaspróprias. Estas características sãoreflexos das condições da baciahidrográfica em que o lago está inserido,como tipo de solo, relevo, geologia, entreoutros. Os lagos surgem e desaparecemao longo do tempo geológico, econstituem elementos transitórios napaisagem. A curta durabilidade dos lagos

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está associada a vários fenômenos, comoa entrada de sedimentos da bacia dedrenagem e de afluentes e o acúmulo demateriais no sedimento.

Um grande número de lagosexistente na Terra é considerado raso epequeno, inclusive os lagos brasileiros,e neste caso, muitos deles são lagoas(Esteves, op. cit.). No caso de lagoa, estaé um corpo d´água raso em que aradiação solar pode atingir o fundo e todaa coluna d´água é iluminada,propiciando o crescimento de macrófitasaquáticas.

O Cerrado brasileiro apresenta umagrande variedade de lagoas naturaisformadas pelo afloramento de águassubterrâneas. Grande parte delas aindanão foi objeto de estudo científico. Acolonização de macrófitas aquáticasrepresenta uma heterogeneidadeambiental e exerce influência sobre ometabolismo destas lagoas (Esteves,1998), conferindo uma amplificação dosgrupos ecológicos e da biodiversidadelocal. As lagoas tendem a ficar mais rasasno período seco, e na estação chuvosahá flutuação no nível de água das lagoasdependendo do regime de chuvas.Durante o período chuvoso, a água ficamais turva, devido à entrada desedimentos oriundos dos solos ao redor,ou de veios d´água de nascentes.

As lagoas podem ficar mais isoladasou inseridas em áreas alagadas, em umconjunto de brejos, campos úmidos ecórregos. No Estado de Tocantins háregiões preservadas, como a do Jalapãoe do Vale do rio Paranã, como exemplosde paisagem de áreas alagadas comlagoas, onde a água subterrânea fluiabundantemente. A lagoa Mestred´Armas (lagoa Bonita), localizada naEstação Ecológica de Águas Emendadas,Distrito Federal, é um exemplo de lagoasmais isoladas, sem a formação dealagados.

Mesmo estando em áreas maispreservadas, algumas lagoas naturais jáse encontram alteradas devido àexpansão agrícola e assentamentoshumanos. Como são formadas peloafloramento do lençol freático, o usoindevido da água pela população diminuia recarga dos aqüíferos e afeta aqualidade da água, inviabilizando o seuuso para diversos fins (Campos & Freitas-Silva, 1998).

Como exemplo, com o uso da águasubterrânea de forma indiscriminada pormeio de construção de poços, lagoaslocalizadas em áreas urbanas podemficar completamente secas, como foi ocaso da lagoa do Jaburu, em área urbanade Brasília, Distrito Federal.Assoreamento e contaminação tambémrepresentam impactos ambientais sobrelagoas e olhos d´água localizados emregiões agrícolas e assentamentoshumanos.

Uma parcela significativa destaslagoas está situada em áreas de proteçãoambiental. Nesta região de planalto,podem estar em locais elevados edivisores de águas, funcionando comocorredores ecológicos, com a interligaçãoda flora e da fauna de bacias contíguas.Estas áreas do bioma Cerrado podemabrigar espécies ameaçadas de extinçãoe endêmicas, revelando um enormepatrimônio genético (Oliveira & Marquis,2002).

ZONAS ÚMIDAS

O desenvolvimento de zonas úmidastípicas do Cerrado promove umapaisagem bastante peculiar à região.Nestas áreas, o lençol freático tende aser raso, e muitas vezes aflora àsuperfície, e os solos permanecemgrande parte do tempo saturados de

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água. O desenvolvimento da vegetaçãoé condicionado por vários outros fatores,como tipo de solo e sua fertilidade, onível de saturação de água no solodurante a estação seca, além daprofundidade e flutuações de volume daságuas subterrâneas. Em áreas bemdrenadas e mais altas, a cobertura vegetalé composta de gramíneas, arbustos epequenas árvores. Em áreas mais baixase com solos saturados de água, avegetação fica predominantementegraminosa. Ao longo dos cursos d’águase desenvolvem as matas de galeria. Estaseqüência de vegetação de Cerrado,campo alagado e mata de galeria compõeuma paisagem característica da regiãocentral do Brasil (Eiten, 1982) (Figura1). Em terras mais altas que permanecemúmidas, a cobertura vegetal é compostapor plantas típicas da região, os buritis(Mauritia flexuosa). Descrições maisdetalhadas sobre as fitofisionomias dezonas úmidas no Cerrado brasileiropodem ser encontradas em Eiten (1982),Furley & Ratter (1988) e Ratter et al.(1997).

VEREDAS

As veredas são fitofisionomias muitocomuns no Planalto Central Brasileiroque ocorrem em solo permanentementesaturados de água. Apresenta uma densacamada de vegetação rasteira compostade espécies herbáceas paludícolas, que

vivem em charcos, como gramíneas,ciperáceas e pteridófitas. No outro estratodas veredas ocorre uma faixa de buritis(Mauritia flexuosa), palmeiras proe-minentes, alcançando, muitas vezes,mais de 20 metros de altura. As veredassão muito importantes em termosecológicos, pois funcionam como localde pouso, nidificação e alimentação paraa avifauna e como área de refúgio, abrigoe reprodução, além de fonte de alimentospara a fauna terrestre e aquática.

CAMPOS ÚMIDOS

Os campos úmidos constituem umtipo de brejo com ampla distribuição noCerrado do Brasil Central. Estes camposse desenvolvem sobre solo inclinado nasencostas dos vales ao longo de margensdas matas de galeria. O lençol freáticopermanece na superfície do solo duranteparte do ano, especialmente na estaçãochuvosa, e na seca o solo fica encharcadonas camadas subsuperficiais. Avegetação é composta por gramíneas, deestrato herbáceo, com solo altamenteorgânico (não-turfoso) e esponjoso. Aságuas superficiais e mais profundas dosolo tendem a ser levemente ácidas (pHao redor de 5), pobres em íons(condutividade elétrica abaixo de 10μmS/cm), temperaturas mais baixas (até22oC) e bem oxigenada (acima de 60%)(Reid, 1993a).

Figura 1Esquema geral dogradientelongitudinal dezonas úmidas dobioma Cerrado(sem escaladefinida).

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Os campos úmidos se situam entrematas de galeria e campo cerrado ouveredas. Suas bordas com o cerrado naencosta acima e com a mata de galeriana encosta abaixo geralmente são muitonítidas. A composição de espécies deplantas graminosas e juncos em áreasde campo úmido é bem diversificada, eapresenta um zoneamento espacial bemdemarcado (Goldsmith, 1974). Em áreasmenos encharcadas podem serencontradas plantas de brejo,pertencentes aos gêneros Drosera,Sphagnum e Utricularia. Em áreassaturadas de água, na superfície sedesenvolvem complexas redes defilamentos de algas.

CAMPO DE MURUNDUS

O interior dos campos úmidos podeapresentar áreas com solos maiselevados e expostos, os chamadosmurundus. Os murundus são ilhas decampo limpo ou de campo cerrado,arredondadas e um pouco mais altas,com cerca de 1 a 10 metros de diâmetroe alguns decímetros de altura. Sãoformados por erosão diferencial doterreno e muitas vezes ocupados porcupins.

Segundo Furley (1986), há duassituações para formação de murundus.Em áreas situadas em terrenos maisbaixos dos vales, a formação demurundus é afetada pelo afloramento dolençol freático, localizado muito perto dasuperfície do solo. Neste caso, os solosao redor de murundus geralmente sãoorgânicos e permanentementeencharcados. A outra situação ocorre emáreas mais planas, e os murundus sãomenos perceptíveis, e a sua formação éinfluenciada pelo ciclo sazonal de chuvase escoamento superficial da água, tendopouco contato com a água subterrânea.

Os murundus presentes em áreas decampos úmidos formam um arranjoespacial descontínuo ao longo de umeixo longitudinal até as bordas, e dealguma forma influencia na distribuiçãoe abundância dos organismos aquáticos.

BIOTA AQUÁTICA

O alto grau de endemismo da biotado Cerrado já é reconhecido, com umaexcepcional riqueza biológica (Oliveira& Marquis, 2002). Diante disso, éconsiderado um dos hotspots mundiais,ou seja, é um dos biomas mais ricos eameaçados do planeta (Myers et al. ,2000). As áreas mais importantes parapreservação biológica concentram-se aolongo do eixo central do Cerradobrasileiro (Conservation International,1999).

O Brasil central, por ser uma regiãode nascentes e divisor de águas dasprincipais bacias hidrográficas do país,exerce um papel de grande valor nadiversidade biológica. O forteendemismo no bioma Cerrado reforça aimportância para a conservação dadiversidade biológica, e em especial dabiota aquática. As áreas de conexão entreas bacias, que compreendem as suascabeceiras de drenagem, são focos deendemismo para muitas espécies de águadoce, representando uma das áreasprioritárias para a conservação dabiodiversidade aquática (ConservationInternational, 1999).

Os cursos d’água que nascem nestaregião do Cerrado fluem naturalmentepara as bacias contíguas, constituindomuitas vezes corredores ecológicos paramuitas espécies aquáticas. Dependendoda capacidade de adaptação dasespécies, aliada às condições adequadaspara o seu estabelecimento em outrasregiões, os deflúvios do Cerrado podem

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representar caminhos de dispersão deespécies aquáticas. Dessa forma, oCerrado brasileiro representa uma dasáreas indispensáveis para a preservaçãoda diversidade biológica aquática e doseu patrimônio genético. Além disso,esta necessidade se torna iminente, poismenos de 0,5% do Cerrado estácontemplado por unidades deconservação genuinamente aquáticas(Conservation International, 1999).

No entanto, pouco se conhece arespeito da riqueza de espécies aquáticase sua distribuição dentro do biomaCerrado. Os dados obtidos até omomento são esparsos e centrados empoucos grupos de organismos. A riquezada biota aquática do Cerrado brasileiroé estimada na ordem de 9.580 espécies(Dias, 1996; Martins-Silva et al., 2001;Padovesi-Fonseca et al., 2001). Os dadosem relação à riqueza de espéciesaquáticas do Cerrado são apresentados

na Tabela 1. Apesar de vários gruposde organismos apresentarem umaelevada riqueza de espécies, esta éestimada, considerando a potencialidadee abrangência do bioma Cerrado emabrigar uma elevada biodiversidade, emespecial da biota aquática. Além disso,riqueza de espécies de vários outrosgrupos, como macrófitas aquáticas,perifíton e meiofauna, não foi sequerestimada.

A diversidade de espécies daictiofauna no Cerrado é bastanteexpressiva. Estimativas apontam aocorrência de quase 3.000 espécies depeixes na América do Sul, sendo quemais de 500 espécies podem serencontradas no Cerrado. Este númeropode ser bem maior, pois há estimativasque entre 30 e 40% das espécies depeixes de água doce no Brasil continuamdesconhecidas, além de registros nãopublicados. Informações sobre a

Tabela 1. Riqueza estimada (ordem de grandeza) de espécies da biotaaquática do Cerrado.

Fonte: Dias, 1996 (1); Padovesi-Fonseca et al., 2001(2); Martins-Silva et al., 2001 (3).

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ictiofauna das bacias hidrográficas doBrasil central destacam uma composiçãode espécies nativas, incluindo as espéciesmigradoras (Ribeiro, 1998).Considerando o potencial para oendemismo no Cerrado, e ameaças deextinção de ictiofaunas em várias regiõesdo Cerrado, é imprescindível a ampliaçãodo pouco conhecimento desta fauna, emespecial nas cabeceiras.

O conhecimento sobre osinvertebrados aquáticos no Cerradoainda é incipiente e muito incompleto.Entre os microinvertebrados, os Protozoasão o grupo menos conhecido (Brasil,1998). Apesar de sua importância nofuncionamento dos ecossistemasaquáticos, especialmente como elosadicionais na rede alimentar, hánecessidade de técnicas especiais emuitas vezes onerosas para amostrageme identificação dos organismos, o quede alguma forma limita o seu estudo.Entre os grupos de Protozoa, osflagelados representam o de menorconhecimento, pois a sua diversidadesequer pode ser estimada. Entre ossarcodinos, as tecamebas são as maisconhecidas com uma riqueza estimadana ordem de 400 espécies para o Cerradobrasileiro (Tabela 1). No entanto, emestudos realizados no Brasil até omomento, foram identificados cerca de20 gêneros e 150 espécies de tecamebas(Brasil, 1998). Os ciliados são osprotozoários mais expressivos em termosde riqueza de espécies, além de seremúteis como indicadores na avaliação daqualidade da água. Das 8.000 espéciesdescritas no mundo, o Cerrado brasileiroapresenta uma riqueza estimada naordem de 1.500 espécies (Tabela 1), com147 gêneros registrados no Brasil.

Considerando os microinvertebradosplanctônicos, além dos protozoários,devem ser evidenciados representantesdo Filo Rotifera, e dos microcrustáceosCladocera e Copepoda. Grande parte das

espécies de rotíferos apresenta umadistribuição ubíqua, presente em quasetodos os tipos de habitats de água doce.Das 457 espécies brasileiras conhecidas,pelo menos 30% estão em águas docedo Cerrado, com 4% das espéciesprovavelmente endêmicas. OsCopepoda, junto com os Cladocera, sãoos dois grupos mais representativos demicrocrustáceos nas águas doces. Aestimativa da riqueza de espécies paraos microcrustáceos no Cerrado até omomento é bastante grosseira, podendoatingir até 100 espécies (Tabela 1). O graude endemismo das espécies destesgrupos é elevado, e associado ao poucoestudo realizado no Cerrado, abre umaperspectiva de aumento dabiodiversidade no país.

Nos substratos e sedimentos deriachos e lagoas do Cerrado há umafauna bentônica, onde se encontram osmacroinvertebrados ou zoobentos. Estesanimais são sedentários e com ciclo devida longo, e com isso, não são capazesde evitar, rapidamente, mudançasprejudiciais e exibem variados graus detolerância à poluição (Metcalfe, 1989).Como são muito sensíveis aos distúrbiosque ocorrem no meio ambiente, eles têmsido amplamente utilizados comobioindicadores de qualidade de água(Navas-Pereira & Henrique, 1996).Representam também um papelimportante na decomposição de matériaorgânica e ciclagem de nutrientes(Esteves, 1998), e como fonte dealimento para níveis tróficos superiores,como peixes (Devái, 1990).

A comunidade macrobêntica écomposta por vários grupos, comocnidários, anelídeos, moluscos e insetosaquáticos, entre outros (Martins-Silva etal., 2001). A grande maioria dos estudosaborda os insetos aquáticos. Estudosrealizados em vários riachos do Brasilcentral revelaram uma fauna bastantevariada, embora com resultados

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abordando diferentes níveis taxonô-micos, com poucos taxa identificados atéespécie (Medeiros, 1997, Bispo et al.,2001, Martins-Silva et al., 2001,Fernandes, 2002). Dessa forma, acomposição faunística da comunidadebentônica no Cerrado apresenta aindauma configuração generalizada, comperspectivas para ampliar a biodiver-sidade, inclusive com o potencial deocorrência de espécies novas para aregião.

A flora aquática do Cerrado,considerando macrófitas aquáticas,fitoplâncton e perifiton, tem sido poucoavaliada em ambientes aquáticosnaturais. Leite (1990) encontrou umamicroflora riquíssima composta por algasdesmidiáceas em estudo realizado naLagoa Bonita. Em cursos d´água da baciado lago do Descoberto, Caramasch et al.(1997) realizaram estudo preliminar decomunidades planctônicas. Por sua vez,ao longo de um tributário da mesmabacia, Abreu (2001) revelou umacomunidade fitoplantônica com elevadonúmero de taxa (acima de 160), apesarda baixa freqüência de ocorrência edensidade numérica dos organismos.Elevada riqueza de organismos decomunidade perifítica associada amacrófitas aquáticas em ambiente lóticofoi observada por Mendonça-Galvão(2002), no córrego Roncador, situado naReserva Ecológica do IBGE, DistritoFederal, com a detecção de 171 taxa.Estes poucos trabalhos revelam a elevadabiodiversidade dos ecossistemasaquáticos naturais do bioma Cerrado, ecom isso, a necessidade de intensificaros estudos nesta região.

A presença de ecossistemas alagadosem áreas de cerrado amplia o leque deestudos do inventário de espéciesaquáticas no país. A comunidadeaquática que se desenvolve nas áreasalagadas do Brasil Central é pouco

estudada. Ainda assim, os trabalhosdesenvolvidos nesta região detectaramuma diversidade biológica bastanteexpressiva e com espécies endêmicas.Invertebrados bentônicos são numerosose os peixes são de pequeno porte. Dentreeles, o pirá-brasília (Cynolebias boitonei)é endêmico nas veredas do DistritoFederal e está ameaçado de extinção(Rocha, 1990). Esta espécie apresentauma beleza física exuberante, sendousado como peixe ornamental. Análisetaxonômica de algas em áreaspreservadas foi realizada por Senna &Ferreira (1986, 1987), com a observaçãode uma elevada variedade fitoplanc-tônica. Em áreas alagadas e riachos daregião do Vale do Paranã (TO), Adamo& Padovesi-Fonseca (2003) observaramuma fauna associada bastante variada ecomposta por taxa novos e ainda nãodescritos. Em estudos da meiofauna decampos úmidos, Reid (1982, 1984, 1987,1993b) encontrou uma comunidadedominada por nematóides, rotíferos ecopépodos harpacticóides, além deprotozoários, turbelários, copépodosciclopóides, cladóceros, ostrácodes,oligoquetos, hidrocarinos e váriasfamílias de larvas de insetos. Pelo menos10 espécies de Copepoda foramclassificadas pela primeira vez, eidentificadas como espécies novas eendêmicas à região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o Cerrado ser consideradoum dos biomas mais biodiverso eameaçado do mundo, pouca atenção temsido dirigida para a conservação dosecossistemas aquáticos naturais e dabiota aquática.

O grau de endemismo no Cerrado éelevado, e aliado ao desconhecimentocientífico de uma parcela significativa

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Ecossistemas aquáticos

dos ecossistemas aquáticos naturais e desua biota, revelam lacunas importantespara a avaliação da biodiversidade econservação deste bioma.

As áreas definidas para aconservação ambiental raramentecontemplam os ambientes aquáticos esua biota. Este aparente desinteresse deinclusão de ambientes aquáticos podeestar associado à aceitação geral que aoproteger os ambientes terrestresautomaticamente os aquáticos sãoprotegidos, como foi discutido por Junk(1983) e Tundisi & Barbosa (1995).

Considerando a potencialidade eabrangência do bioma Cerrado emabrigar uma elevada biodiversidade, aflora e a fauna aquáticas devem serconsideradas e avaliadas com o intuitode fornecer subsídios necessários eessenciais para a definição de fer-

ramentas que favoreçam a conservaçãoambiental da região.

Um dos aspectos particularmenteimportantes em relação à conservaçãode ambientes aquáticos é a ausência dedados sobre sistemas prístinos doCerrado. Além de compor uma fonteessencial para a biodiversidade, pode-se constituir uma referência paraprogramas de recuperação de sistemasperturbados por atividades humanas.

Diante deste contexto, torna-seevidente a necessidade de intensificaresforços nos estudos destes ecossistemaspeculiares à região, bem como dabiodiversidade e distribuição de suasespécies aquáticas. Tais propósitos vêmao encontro de garantir embasamentoteórico para a preservação e usosustentável de fontes de água paragerações futuras.

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