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Clayton Zorzi R.A. n° 002200300585 – 10° Semestre CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS TROPICAIS LATERÍTICOS PARA REFORÇO DE PAVIMENTOS Itatiba/SP 2008

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Clayton Zorzi

R.A. n° 002200300585 – 10° Semestre

CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS TROPICAIS

LATERÍTICOS PARA REFORÇO DE PAVIMENTOS

Itatiba/SP

2008

Clayton Zorzi

R.A. n° 002200300585 – 10° Semestre

CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS TROPICAIS

LATERÍTICOS PARA REFORÇO DE PAVIMENTOS

Projeto de pesquisa apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil da Universidade São Francisco, sob a orientação do Professor Mestre Ribamar de Jesus Gomes, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Itatiba/SP

2008

ZORZI, Clayton. “Caracterização dos Solos Tropicais Lateríticos para reforço de

Pavimentos”. Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado na Universidade São

Francisco em 10 de Dezembro de 2008 pela banca examinadora constituída pelos professores:

Professor Mestre Ribamar de Jesus Gomes

USF – Orientador

Professor Dr. Adão Marques Batista

USF – Examinador

Professor Dr. André Bartholomeu

USF - Examinador

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aos Professores

Pelo exemplo de profissionais que são: compromissados, orientadores, investigadores,

instigadores, pesquisadores, estimuladores, que me fizeram crescer pessoalmente e

profissionalmente.

AGRADECIMENTOS

 

A realização desta Monografia só foi possível pelos anos que passei nesta instituição,

que me deu a oportunidade de conhecer, trocar, aprender e aprimorar meu conhecimento com

grandes professores, mestres e doutores, onde a todos manifesto minha gratidão, em particular

ao meu professor e mestre Ribamar de Jesus Gomes, pela sua orientação, estímulo e

enriquecimento deste trabalho.

Aos meus colegas Fernando, Wendel, Saulo, Wilson, Carlos Eduardo, Ronald, entre

outros, que não apenas nesta fase final estiveram presentes, mas no decorrer deste curso, onde

discutimos criticamente, apoiamos, estudamos, aprendemos, trocamos e criamos um grande

laço de amizade.

Aos meus pais, que me deram a base de minha formação.

A minha esposa, que sempre me incentivou, apoiou, sendo o meu alicerce nos

momentos mais difíceis.

Ao meu filho, que mesmo pequenino sempre me esperou ao retorno da faculdade.

E enfim a Deus, exemplo que pelo caminho trilhado certo, mesmo se encontre

obstáculos, com garra, amor e determinação, conseguimos alcançar os nossos objetivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nas coisas pequenas, mais do que nas grandes, se conhece, muitas vezes, o esforço do

homem.

(Baldassaus Castiglione)

ZORZI, Clayton. “Caracterização dos Solos Tropicais Lateríticos para Reforço de

Pavimentos.” 2008. 63f. Trabalho de Conclusão de Curso (Título de Engenheiro Cívil) –

Curso de Engenharia Civil da Unidade Acadêmica da Área de Ciências Exatas e Tecnológicas

da Universidade Sâo Francisco, Itatiba.

RESUMO

Observando-se o grande número de rodovias e pavimentos em nossa região que sofrem

com a acomodação do solo ou o recalque e conseqüentemente através disto o surgimento de

depressões, buracos, rachaduras, etc, que ocorrem na malha viária devido à uma série de

fatores: como o aumento da frota de veículos, fluxo intenso de veículos, veículos cada vez

mais pesados e velozes, juntamente com a falta de manutenção em alguns casos e

principalmente o nosso tema de estudos, o solo, onde outros profissionais nem se dão conta

como este é o fator mais importante, ou até talvez o principal, que associado com outros,

desencadeie todos esses acontecimentos. Este trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tem

como objetivo através de pesquisas bibliográficas o conhecimento sobre solos Tropicais,

classificados como lateríticos, solo este que compõe a maioria do território brasileiro.

Apresenta também as recomendações das Normas técnicas vigentes para o manuseio correto

desse tipo de material, que impedira o surgimento das patologias mencionadas.

Palavras-Chave: Pavimento, solo, reforço

 

 

 

 

 

ABSTRACT

Observing the large number of roads and pavements in our region who suffer with the

accommodation of the soil or the repression and consequently through it the appearance of

depressions, holes, cracks, etc., that occur in the loop road due to a number of factors: such as

increasing the fleet of vehicles, intense flow of vehicles, vehicles increasingly heavy and fast,

along with the lack of maintenance in some cases and especially our theme of study, the soil,

where other professionals are not reported having such is the most important factor, or maybe

even the main, which combined with others, triggering all these events. Completion of this

work of Course (TCC), aims to bibliographic searches through the knowledge on Tropical

soils, classified as Lateritic, this land that makes up the majority of Brazil's territory. It also

presents the recommendations of the Technical Standards applying for the correct handling of

such material, which would prevent the emergence of diseases mentioned.

 

 

Keywords: FLOOR, PAVEMENT, GROUND, REIFORCEMENT

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE TABELAS

1 – INTRODUÇÃO 13

2 – OBJETIVO ____________ 15

3 – JUSTIFICATIVA 16

4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

4.1 – Solos 17

4.1.2 – Origem e Composição 19

4.1.2.1 – Solos Residuais 20

4.1.2.2 – Solos Transportados 22

4.1.2.3 – Solos Orgânicos 24

4.1.2.4 – Solos Pedogênicos 24

4.2 – Solo Tropical___ 25

4.2.1 – O Clima Tropical Úmido 26

4.2.2 – Equilíbrio Hídrico nas Regiões Tropicais 27

4.2.3 – Congelamento, Degelo e Gradiente Térmico no Subsolo 28

4.2.4 – Posição do Nível D’água 30

4.3 – Solo Laterítico__ 31

4.3.1 – Solos Superficiais Lateríticos 33

4.3.2 – Peculiaridades dos Solos Superficiais Lateríticos 34

4.3.2.1 – Latossolos 34

4.3.2.2 – Solos Podzólicos 35

4.3.2.3 – Terras Roxas Estruturadas 35

4.3.2.4 – Linha de Seixos 36

4.4 – Argila___ 38

4.4.1 – Argilas Lateríticas 39

4.5 – Materiais Granulares Empregados em Base, Sub-Base ou Reforços 40

4.6 – Solos e Solo - Agregado Empr. em Base, Sub-Base ou Reforços 43

4.7 – Lateritas, Saibros e Mat. Reciclados Empr. Base, Sub-Base e Refo. 47

4.8 – Materiais Cimentados Empregados em Base, Sub-Base ou Refor. 51

4.9 – Recomendações do DNIT para a Execução de Base

Estabilizada com Utilização de Solos Lateríticos_______________ 53

4.9.1 – Material 53

4.9.2 – Beneficiamento 54

4.9.3 – Características 54

4.9.4 – Equipamentos 56

4.9.5 – Execução da base 57

4.9.6 – Manejo Ambiental 57

4.9.7 – Controle do Material 58

4.9.8 – Controle da Execução 60

5 – CONCLUSÃO 61

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE FIGURAS  

Figura 1 – Perfil resultante da decomposição e rochas (DNER, 1996)

Figura 2 – Depósito de Tálus (DNER, 1996)

Figura 3 – Perfil esquemático de ocorrências de solos em ambientes tropicais

(NOGAMI et al, 2000)

Figura 4 – Perfil de solo mostrando os horizontes A,B e C (MARAGON, 2004)

Figura 5 – Ocorrência de solos Lateríticos no território Brasileiro

(NOGAMI et al, 2000)

Figura 6 – Brita graduada simples

Figura 7 – Brita corrida

Figura 8 – Macadame hidráulico

Figura 9 – Rachão

Figura 10 – Macadame seco

Figura 11 – Macadame seco: detalhe da graduação

Figura 12 – Solo-brita descontínuo: mistura na pista

Figura 13 – Solo-brita descontínuo: detalhe da camada compactada

Figura 14 – Solo-brita

Figura 15 – Solo-areia: mistura em pista

Figura 16 – Solo arenoso fino Laterítico LA

Figura 17 – Argila arenosa Laterítica LG

Figura 18 – Laterita “in natura”

Figura 19 – Saibro: camada compactada

Figura 20 – Saibro: detalhe da graduação

Figura 21 – Agregado reciclado de resíduo sólido

Figura 22 – Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil: detalhe da

graduação

Figura 23 – Escória de Acíaria

Figura 24 – Brita graduada tratada com cimento

Figura 25 – Brita graduada tratada com cimento: camada de sub- base

Figura 26 – Solo cimento

Figura 27 – Solo – Cal

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials

Al - Alumínio

CFA – Classificação Climática de Koppen “Clima subtropical úmido quente”

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT – Departamento Nacional de Infra - Estrutura de Transportes

DEF – Deficiência Hídrica Anual

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

EP – Evapotranspiração Potencial

EXC – Excedente Hídrico Anual

Fe – Ferro

GC – Grau de Compactação

IM – Índice de Umidade

IP – Índice de Plasticidade

IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo

IPR – Instituto de Pesquisa Rodoviária

ISC – Índice de Suporte Califórnia

ISSMFE – International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering

LA – Solo Arenoso Fino Laterítico

LG – Argila Arenosa Laterítica

LL – Limite de Liquidez

MCT – Miniatura, Compactado, Tropical; designação de uma metodologia de

ensaios geotécnicos

mm - Milímetro

PRE – Precipitação Pluviométrica

PRF – Precipitação Efetiva

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Decomposição de Rochas (DNER, 1996)

Tabela 2 – Equilíbrio Hídrico (Medina e Motta, 1989).

Tabela 3 – Quadro de Composição Granulométrica (DNIT, 098/2007).

Tabela 4 – Tolerância Máxima Granulométrica (mm) (DNIT, 098/2007).

Tabela 5 – Amostragem Variável (DNIT, 098/2007).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

13 

 

1. INTRODUÇÃO

Desde que se introduziu, no Brasil, no fim da década de 30, o uso da Mecânica dos

Solos na solução de problemas ligados à construção de pavimentos e rodoviários, foram

encontradas várias discrepâncias entre as previsões efetuadas com a aplicação dos princípios

desenvolvidos por essa especialidade e o real comportamento dos solos nas obras. Essas

discrepâncias têm sido atribuídas, em grande parte, às peculiaridades dos solos e do ambiente

tropical. Para que elas possam ser devidamente consideradas, há necessidade de caracterizá-

las apropriadamente, as peculiaridades dos solos tropicais são divididas nos itens:

a) Ocorrência de solos tropicais;

b) Constituição dos solos tropicais;

c) Fábrica de solos tropicais;

d) Propriedades e índices de solos tropicais;

e) Ambiente de solos tropicais.

Uma das dificuldades em abordar as peculiaridades dos solos tropicais reside na

ausência de uma terminologia consagrada para os mesmos. Disso resulta que termos iguais

são freqüentemente usados para significar materiais bastante diferentes e materiais iguais

podem receber várias designações. Confusões daí resultantes acontecem tanto no âmbito

nacional como internacional.

Solos Tropicais são aqueles que apresentam peculiaridades de propriedade e de

comportamento, em decorrência da atuação nos mesmos de processo geológico e/ou

pedológico, típico das regiões úmidas. Encontram-se os seguintes solos nas regiões tropicais:

lateríticos, saproliticos e transportados, o objetivo principal desse trabalho é o estudo do solo

laterítico para reforço de pavimentos.

Os solos Lateríticos, “Later” significa “tijolo” em latim e “Ito” significa material

Pétreo, são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas,

resultante de uma transformação da parte superior do subsolo pela atuação do intemperismo.

No processo de laterização há um enriquecimento no solo de óxido hidratado de ferro e/ou

alumínio e a permanência da caolinita como argilo-mineral predominante e quase exclusivo,

conferindo a estes solos uma coloração típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.

Solo Laterítico é definido pelo Comitê de Solos Tropicais da Associação Internacional

de Mecânica Solos e Engenharia de Fundações (ISSMEF) como aquele que pertence aos

horizontes “A” (camada mineral com enriquecimento de matéria orgânica) e “B” (apresenta

14 

 

máxima expressão de cor, estrutura e/ou que possuem materiais translocados), de perfis

drenados, desenvolvidos sob atuação de clima tropical úmido. Possuem sua fração argila

constituída essencialmente de argilominerais do grupo das caulinitas e de óxido e hidróxido

de ferro e/ou alumínio o que confere a estrutura poros e agregações altamente estáveis. Estes

solos têm tendências a possuírem uma grande parcela da sua granulometria menor que 2mm

de diâmetro e em alguns locais podem apresentar, inseridos em sua constituição, pedregulhos

lateríticos denominados de lateritas, que são massas consolidadas, maciças ou porosas, de

mesma mineralogia dos solos lateríticos e que tem sido muito aproveitada como materiais de

construção rodoviária.

Neste trabalho será apresentado o conhecimento disponível sobre o assunto, enfocando

a utilização do Solo Laterítico como material na construção de bases e sub-bases de

pavimento.

15 

 

2. OBJETIVO  

O objetivo deste projeto é estudar através de uma revisão bibliográfica as importâncias

dos solos no reforço de pavimentos para rodovias. Procurar entender melhor a influência do

solo no desempenho do pavimento e apresentar de um modo geral os tipos de solos mais

usados como subleito de rodovias e as suas características geológicas.

Serão apresentadas também particularidades dos solos tropicais lateríticos, pela sua

abrangência em grande parte do território nacional.

16 

 

3. JUSTIFICATIVA

Mediante aos inúmeros problemas que se tem tido nas rodovias da região de Itatiba/SP,

como afundamentos, trincas, etc e o tipo de solo destas rodovias é igual a quase toda parte do

território Brasileiro, ou seja, o solo Laterítico, juntamente com os veículos cada vez mais

pesados e velozes com fluxo mais intenso, torna-se imprescindível o estudo deste solo através

de uma revisão bibliográfica para deixar mais claro os cuidados necessários para a prevenção

desses problemas.

17 

 

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Solos

O termo “solo” vem do latim “solum”, e é a porção da superfície terrestre onde se anda

e se constrói, etc. Material da crosta terrestre, não consolidado, que ordinariamente se

distingue das rochas, de cuja decomposição em geral provém, por serem suas partículas

desagregáveis pela simples agitação dentro da água (definição do dicionário Aurélio).

Para NOGAMI et al (2000) o solo é um material natural não consolidado, isto é,

constituído de grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos relativamente suave,

como dispersão em água com uso de aparelhos dispersor de laboratório, e que podem ser

escavados com equipamentos comuns de terraplenagem (pá carregadeira,

motoescavotransportadora, etc.).

No âmbito da engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material orgânico ou

inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superfície da terra. Em

outras palavras, considera-se como solo qualquer material que possa ser escavado com pá,

picareta, escavadeira, em necessidade de explosivos. (DNER, 1996).

A parte mais superficial da crosta terrestre é o que chamamos de solo, de uma maneira

geral, os materiais constituintes da crosta terrestre que não satisfizerem a condição de solo

serão considerados como ROCHA, mesmo que isso contrarie as conceituações geralmente

adotadas em geologia e em pedologia. Cabe acrescentar que o solo no sentido aqui adotado

pode apresentar-se com estrutura natural ou artificial.

O solo terá estrutura artificial quando transportado e/ou compactado, como em aterros,

barragens de terra, reforços do subleito de pavimentos, etc., já o natural é como o

encontramos na natureza sem nenhuma intervenção humana.

Pela Engenharia Civil, o solo é definido como todo material da crosta terrestre que não

oferece resistência intransponível à escavação mecânica e que perde totalmente sua

resistência, quando em contato prolongado com a água.

Segundo (Vargas 1977) “o solo tem sua origem imediata ou remota na decomposição

das rochas pela ação das intempéries, fato que já lhe confere uma primeira possibilidade de

classificação: “Solo Residual” como sendo aquele que permanece no local da rocha matriz e

“Solo Transportado” para aquele que após a desagregação das rochas é levado por algum

agente (água, vento ou gravidade) para outros locais. Esta classificação geral implica em uma

18 

 

série de propriedades físicas e de comportamento que podem ser previstas para o material a

partir deste processo de formação”.

Nas obras de engenharia civil, a análise geotécnica que é realizada, sob o prisma da

Mecânica dos Solos, deve sempre se apoiar neste processo dinâmico do relevo e procurar

resgatar a história geológica do solo antes de qualquer projeto.

Especificamente sobre este processo dinâmico, Freire (1995), sintetiza informações de

vários pesquisadores do tema e ressalta: “o relevo e seu processo de transformação tem sido

abordado com destaque pelas várias disciplinas das Ciências Naturais. A Geografia Física

através da Geomorfologia, a Ecologia e principalmente a Geologia, têm demonstrado a

importância de tal consideração”.

A Geomorfologia faz uma abordagem ampla desta dinâmica ao considerar a atuação do

relevo como suporte das interações naturais e sociais. Destaca o antagonismo entre as forças

endógenas e exógenas sendo os trabalhos gerados entre tais forças, produtos em permanente

transformação, dada a constante ação e reação entre matéria e energia, interagindo através dos

diferentes componentes da natureza.

A tese ecológica do Desenvolvimento Sustentável, em um de seus grupos de ações

previstas, refere-se aos esforços do desenvolvimento científico e tecnológico voltados a

compatibilizar as atividades humanas com a dinâmica do meio físico.

Também num contexto ambientalista, Santos et al. (1998) comenta as intensas e

dinâmicas transformações internas e externas do planeta, forjadas pelo movimento de seu

calor interno e pela transformação da energia solar em trabalho mecânico, através

principalmente da movimentação das águas superficiais e subsuperficiais. Acrescenta ainda

que a Geotecnia, sendo uma interface entre a geologia e a engenharia civil, como ciência

natural e tecnológica, tem em seu material de trabalho e suas características gerais a

manifestação destas constantes transformações do relevo.

Freire (1995) comenta também em seu trabalho que varias abordagens tem sido feitas

pela comunidade geotécnica sobre a consideração deste aspecto. O Instituto Tecnológico do

Estado de São Paulo (IPT) ressalta ser a superfície do planeta o resultado entre as chamadas

forças internas que atuam no sentido de elevar a superfície da terra e as externas, que

tendem a arrasar estas elevações. Para o entendimento desta dinâmica natural Freire ressalta

ser fundamental a consideração dos processos de formação, que estão geralmente associados

a movimentos orogenéticos ou decorrentes da epirogêneses, e dos processos de erosão.

19 

 

Freire acrescenta os comentários de Wolle sobre a atuação antagônica da natureza: “de um lado o diastrofismo, através de dobramentos e flexuras ou através de tectônica rígida, falha mentos e basculamentos, cria os relevos acidentados, a elevação dos terrenos de que resultam serras e montanhas e os afundamentos que dão origem a vales, planícies, lagos e mares. Por outro lado ocorre a ação dos processos erosivos, através de seus agentes principais, que são a água e o vento, sob a condicionante básica da gravidade, procurando transportar para cotas mais baixas o material presente em maiores altitudes, numa permanente tendência a peneplanização”.

A partir destas considerações iniciais sobre o processo de formação dos solos de uma

forma geral e sua relação com a dinâmica do relevo, o presente trabalho pretende-se ater

especificamente sobre os solos denominados de “formação pedogenética” (LATERÍTICOS),

ou seja, aqueles que adquiriram características próprias em função da atuação das condições

climáticas, após e independentemente de sua condição de “residual” ou ‘transportado”.

4.1.2 Origem e Composição

Todo o solo tem sua origem imediata ou remota na decomposição das rochas pela ação

das intempéries. A formação originária dos solos depende de pelo menos cinco fatores: 1 – a

natureza da rocha mãe; 2 – o clima da região; 3 – o agente intempérico de transporte; 4 – a

topografia da região; 5 – os processos orgânicos.

Sob este ponto de vista, segundo VARGAS (1978), os solos seriam divididos em quatro

grandes grupos, que serão destacados na sequência.

20 

 

4.1.2.1 Solos Residuais

São aqueles proveniente da decomposição e alteração das rochas “in situ”. Sua

composição depende do tipo e da composição mineralógica da rocha original que lhe deu

origem. Todos os tipos de rocha formam solo residual. São bastante comuns no Brasil,

principalmente na região Centro-Sul, em função do clima. (DNER, 1996).

O quadro à seguir mostra alguns exemplos de formação de solos proveniente da

decomposição de rochas.

Tabela 1 - Decomposição de rochas (DNER, 1996)

TIPO DE ROCHA COMPOSIÇÃO

MINERAL

TIPO DE SOLOS COMPOSIÇÃO

Basalto Plagioclásio

Piroxênios

Argiloso (pouca

areia)

Argila

Quartzito Quartzo Arenoso Quartzo

Filito Micas (sericita) Argiloso Argila

Granito Quartzo Feldspato

Mica

Areno-argiloso

(micáceo)

Quartzo e a argila

(micáceo)

Calcário Calcita Argila

São subdivididos em horizontes e se organizam da superfície para o fundo. A transição

entre um horizonte e o outro é gradativa de modo que a separação entre eles pode ser

arbitrária. Não existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que originou.

Em geral tem-se o seguinte esquema, mostrado na figura abaixo:

21 

 

Figura 1 – Perfil resultante da decomposição e rochas (DNER, 1996)

A – Solo residual maduro: é o solo que perdeu toda a estrutura original da rocha madre e

tornou-se relativamente homogêneo. Não se consegue observar restos da estrutura da rocha

nem de seus minerais.

B – Solo de alteração de rocha (Saprolítico): já mostra alguns elementos da rocha madre,

mantendo a estrutura original inclusive veios intrusivos, fissuras, xistosidade e camadas, mas

perdeu totalmente a consistência. Pode ser confundido com rocha alterada, porém ao ser

pressionado pelos dedos esboroa-se completamente.

C – Rocha alterada: lembra a rocha madre no aspecto. É o horizonte em que a alteração

progrediu, preservando parte da estrutura e dos seus minerais. Sua dureza ou resistência é

inferior à da rocha madre.

D – Rocha sã: é a rocha inalterada.

22 

 

4.1.2.2 Solos Transportados

São solos sedimentados por um agente transportador. Formam geralmente depósitos

mais inconsolidados e fofos que os solos residuais e tem profundidades variáveis. De um

modo geral são menos homogêneos que os solos residuais. Ocorrem somente em áreas mais

restritas enquanto que os residuais são mais comuns e de ocorrência generalizada. (DNER,

1996).

De acordo com a capacidade do agente transportador podem exibir grandes variações

laterais e verticais na sua composição. De acordo com o agente transportador temos os

seguintes tipos: aluviais, coluviais, sedimentos e eólicos.

Os solos de aluvião são aqueles transportados pelas águas e depositados quando a

corrente sofre uma diminuição da velocidade. Quando o transporte é feito por grandes

volumes de água formam-se os terraços aluvionais das margens e as planícies recentes dos

deltas dos grandes rios. A princípio são carregados os detritos das erosões. Os primeiros a

serem depositados são os grandes blocos e depois os pedregulhos. Ao se perder a velocidade,

também vai se perdendo a capacidade de carrear os sedimentos e então os rios passam a

depositar as camadas de areia e em seguida os grãos de menor diâmetro formandos leitos de

areia fina e silte. Por fim, somente os micro-cristais de argila permanecem em suspensão na

água e sua sedimentação se dará por floculação. (VARGAS, 1978).

A variação do regime do rio possibilita o aparecimento de depósitos de aluviões

bastante heterogêneos segundo a granulometria do material. As águas dos rios em seu

caminho para o mar transportam os detritos de erosão e os sedimentam em camadas, na ordem

decrescente de seu diâmetro. Em princípio sedimentam-se as camadas de pedregulho, depois

de areia e siltes e por fim às camadas de argila. Os cascalhos encontrados ao longo do rio

Paraná são usados como agregado natural para concreto são exemplos de solos de aluvião

assim como a argila cerâmica do rio Tietê em São Paulo. (DNER, 1996).

Os solos Coluviais são aqueles cujo agente transportador é a gravidade, que faz cair

massas de solo e rochas ao longo dos taludes. Também são conhecidos por depósitos de talus.

Ocorrem via de regra ao pé de escavações e encostas. Sua composição depende do tipo de

rocha existente nas partes mais elevadas. Estes solos normalmente são desaconselháveis para

projetos de engenharia, pois são materiais inconsolidados, permeáveis e sujeitos a

escorregamentos. (DNER, 1996).

23 

 

Os depósitos assim constituídos são formados por grãos de tamanho muito variável,

inclusive blocos de rocha. Os grãos de argila são levados pelas enxurradas e carregados pelas

ribeiras que descem a serra. Porém nem todo transporte coluvial é tão violento, pois podemos

encontrar locais de topografia suavemente ondulada que é o resultado da erosão do topo dos

morros e cuja deposição coluvial se deu nos vales. (VARGAS, 1978).

A figura a seguir mostra exemplos de depósitos de talus:

Figura 2 – Depósito de Tálus (DNER, 1996)

Os sedimentos são incluídos na classe dos solos coluviais por serem solos constituídos

por camadas, recentes ou antigas, que não estejam ainda consolidados.

Os solos Eólicos são aqueles transportados pelo vento. Seus dois tipos mais comuns são

as dunas (encontradas nas praias litorâneas) e os depósitos “loess” (não identificados no

Brasil). Os ventos sopram sobre as areias e as carreiam, indo depositar seus grãos mais além,

formando as dunas. Uma característica deste tipo de formação é a uniformidade dos grãos,

pois a força do vento seleciona os pesos dos grãos que podem ser transportados. Os “loess”

são formados por partículas muito finas que são levadas pelos ventos a elevadas alturas e

depositadas a grandes distâncias. (VARGAS 1978).

24 

 

4.1.2.3 Solos Orgânicos

Segundo VARGAS (1978), a formação dos solos orgânicos ocorre pela impregnação de

matéria orgânica em sedimentos preexistente ou pela transformação carbonífera de materiais,

geralmente, de origem vegetal contida no material sedimentado.

Uma parte dos produtos da decomposição da matéria orgânica é um produto escuro e

relativamente estável que impregna os solos orgânicos, chamado húmus. E este só impregna

permanentemente solos finos como a argila e silte. Geralmente são os solos de cor escura das

baixadas litorâneas ou das várzeas dos rios interioranos. Não existem areias grossas ou

pedregulhos orgânicos, pois a alta velocidade de percolação carreia toda matéria orgânica.

Quando há grande deposição de folhas caules e troncos formam-se um solo fibroso

essencialmente de carbono, que se chama turfa, tendo esta uma densidade menor que os

outros solos orgânicos.

4.1.2.4 Solos Pedogênicos

Dá-se o nome de evolução pedogênica há uma complexa série de processos físico-

químico e biológico que governam a formação dos solos da agricultura. Compreendem a

lixiviação do horizonte superficial e concentração de partículas coloidais no horizonte

profundo e impregnação com húmus do horizonte superficial. Na engenharia, esta camada

recebe o nome de “solo superficial” e têm pouco interesse técnico.(VARGAS, 1978).

Um outro solo, de grande valor técnico para engenharia, são os chamados “solos

porosos”, cuja formação se deve a uma evolução pedogênica em clima tropical de alternância

secas (no inverno) e extremamente úmidas (no verão) resultando assim os solos lateríticos.

Estes solos recobrem extensas zonas do Brasil Centro-Sul e as espessuras podem atingir mais

de 10 metros.

As concreções formadas em clima de profunda alternância de estações secas e úmidas

recebem o nome de pedregulho laterítico, as chamadas lateritas, cuja importância técnica é

cada vez maior para a construção de base rodoviárias. (VARGAS, 1978).

Devido à sua grande utilização em obras rodoviárias e pavimentos, este tipo de solo será

abordado separadamente.

25 

 

4.2 Solo Tropical

Solo Tropical é aquele que apresenta peculiaridades de propriedades e de

comportamento, relativamente aos solos não tropicais, em decorrência da atuação no mesmo

de processo geológicos e/ou pedológicos, típicos das regiões tropicais úmidas (Committee on

Tropical Soils of ISSMFE. 1985).

Conseqüentemente, para que um solo possa ser considerado como Tropical, não basta

que tenha sido formado na faixa astronômica tropical ou em região de clima tropical úmido. É

indispensável que possua peculiaridades de interesse geotécnico, a serem consideradas à

seguir. Essa definição é essencialmente tecnológica: portanto, não necessariamente cientifica.

Nas regiões de solos tropicais, encontram-se os seguintes solos: LATERÍTICOS,

SAPROLÍTICOS E TRANSPORTADOS. Um perfil esquemático da ocorrência desses solos

pode ser visto na figura abaixo:

Figura 3 – Perfil esquemático de ocorrência de solos em ambientes tropical (NOGAMI

et al, 2000).

Grande parte das peculiaridades dos solos tropicais é atribuída às condições climáticas

vigentes nas áreas em que eles se situam ou na ocasião de sua evolução. Alguns solos

tropicais ocorrem, atualmente, em áreas de clima não tipicamente tropicais, estando, portanto,

em fase de transformação para se adaptar às novas condições climáticas.

26 

 

Vários problemas geotécnicos peculiares das áreas de ocorrência de solos tropicais

estão relacionados ao clima quente e úmido, típico da região climática tropical. Daí a

oportunidade de melhor caracterizar o ambiente tropical úmido e compará-lo com aqueles

prevalecentes nos climas temperados e frios, onde se desenvolveram grande parte dos

procedimentos adotados nas obras viárias. Só após melhor familiaridade com eventuais

diferenças ambientais, será possível desenvolver procedimentos mais apropriados para as

regiões tropicais úmidas, por isso a importância dos profissionais de engenharia estarem

realizando tais estudos para que sua obra tenha uma adequação de alta qualidade e garantia.

4.2.1 O Clima Tropical úmido

O clima tropical úmido caracteriza-se pelas altas temperaturas médias anuais,

geralmente superiores a 20° C, sem ocorrência de congelamento do subsolo, e elevada

pluviosidade, isto é, superior a 1000 mm/ano. Para fins comparativos, caracterizar-se essa

condição mediante o uso de classificações climáticas.

Uma das classificações climáticas mais adotadas é a de KOPPEN, (193l) que é bastante

antiga e simples. Assim, por exemplo, o clima CFA ocorre tanto no sul do Estado de São

Paulo, incluindo as cidades de Itapetininga e Juquiá, onde o ambiente é nitidamente tropical,

não ocorrendo portanto o congelamento do subsolo, como na região de Washington EUA.,

onde, durante cerca de um mês, o subsolo fica congelado.

No hemisfério Sul, o tipo climático CFA ocorre desde o sul do Estado de São Paulo,

onde predominam nitidamente solos tropicais lateríiticos, até as proximidades de Bahia

Branca, na Argentina, a cerca de 500 Km ao sul de Buenos Aires, onde o ambiente não é nada

tropical, com predominância de solos do grupo chernozêmico.

No estado atual de desenvolvimento da geotécnica das regiões tropicais, a

caracterização climática, mediante o uso das classificações disponíveis , pouco contribuiria

para o desenvolvimento de critérios geotécnicos e construtivos mais apropriados para as

regiões tropicais.

27 

 

4.2.2. Equilíbrio Hídrico nas Regiões Tropicais

O equilíbrio Hídrico de um solo, ou seja, o conhecimento deste é muito importante

quando se tem como finalidade atividades agrícolas e hidrológicas, na superfície do terreno,

isso é expresso pela fórmula abaixo, proposta por Thornthwaite, em 1948, e por Penman, em

1950:

PRF = precipitação efetiva, geralmente expressa em mm, que pode ser positiva ou

negativa: se positiva, haverá excesso d’água que se escoará por drenagem superficial ou

subterrânia; se negativa, o teor de umidade do solo tenderá a diminuir;

PRE = precipitação pluviométrica durante o período (geralmente um mês), expressa

quase sempre em mm;

EP = evapotranspiração potencial, isto é, a quantidade máxima de água possível de ser

evaporada no local, coberto por vegetação baixa e com suprimento ilimitado de água no solo,

expressa em mesma unidade de PRE. Esse valor pode ser determinado de várias maneiras,

sendo que geralmente é calculado em função da temperatura média mensal e da posição

geográfica do local. Valores aproximados de EP mensal podem ser obtidos multiplicando-se a

temperatura média mensal por 4 a 5.

A precipitação efetiva PRF positiva significa disponibilidade de água para alimentar a

evaporação potencial, não havendo, portanto perda de umidade junto da superfície do solo. Na

prática, o fenômeno é mais complexo, sendo necessário considerar uma evapotranspiração

real, porquanto poderá haver deficiência de água em certos períodos do ano. Além disso, o

solo funciona como reservatório de água, cedendo-a as plantas, quando há deficiência de

precipitação, e armazenando o excesso de precipitação, logo após o período de seca.

A caracterização anual do equilíbrio hídrico pode ser feita pelo uso do ÍNDICE DE

UMIDADE (IM), expresso pela formula:

100 EXC 60 DEFEP

EXC = excedente hídrico anual, geralmente em mm, obtido de gráficos de equilíbrio

hídrico;

28 

 

DEF = deficiência hídrica anual, geralmente em mm, obtida de gráficos de equilíbrio

hídrico;

EP = evapotranspiração potencial anual, obtida de gráficos de equilíbrio hídrico.

Segundo esse índice, a elevada temperatura tem grande efeito em diminuir o seu valor,

de maneira que mesmo com elevada precipitação anual pode resultar um IM relativamente

baixo, como acontece na cidade do Rio de Janeiro, onde esse índice é +5, como observaram

Medina e Motta (1989). Utiliza-se, em geral, para caracterização qualitativamente o equilibrio

hídrico, a escala a seguir:

Tabela 2 – Equilíbrio Hídrico (Medina e Motta, 1989)

TIPO ÍNDICE – IM

Superúmido >100

Úmido 20 a 100

Subúmido 0 a 20

Seco -20 a 0

Semi-Árido -40 a -20

Árido -60 a -40

Para o planejamento da construção de pavimentos e de outras partes de obras viárias,

geralmente, mais do que o valor de IM, há maior interesse de se conhecer o equilíbrio hídrico

apresentado sob formas gráficas.

4.2.3 Congelamento, Degelo e Gradiente Térmico no Subsolo

Uma das conseqüências da elevada temperatura média anual, prevalecente nos climas

tropicais, é a ausência do congelamento no subsolo e conseqüente degelo na primavera.

Os livros tradicionais de pavimentação, de origem estrangeira, enfatizam os efeitos

prejudiciais desse fenômeno, que se associa à expansão, perda de suporte e redução do

módulo de resiliência das camadas envolvidas. A expansão pode ocorrer tanto pelo aumento

da espessura das lentes de gelo, que se formam no subsolo, como conseqüente ao aumento do

teor de umidade na ocasião do degelo. A perda de suporte e a redução do módulo de

resiliência associam-se ao degelo da primavera, porquanto o gelo contribui para aumentar a

29 

 

capacidade de suporte e do módulo de resiliência, enquanto estiver presente. Segundo

AASHTO (1986), na ocasião do degelo, o módulo de resiliência pode atingir valores da

ordem de 20% daqueles prevalecentes no verão.

Outra peculiaridade do ambiente prevalecente nas camadas do pavimento e do subleito,

nas regiões tropicais, é o gradiente térmico predominante, que se estabelece da superfície do

pavimento para as camadas subjacentes. Nas regiões de clima tropical, este gradiente é

tipicamente decrescente, durante o dia, e crescente, durante a noite.

Nas regiões de climas frios e temperados, o gradiente térmico mais importante que se

estabelece é no sentido crescente, durante os períodos mais frios. Esse gradiente faz com que

o teor de umidade se desloque do subleito para as camadas mais superficiais do pavimento. E

isso pode ser altamente prejudicial, por quanto significa aumento no teor de umidade nas

camadas superficiais. Já nas regiões tropicais, o gradiente térmico diurno faz com que o teor

de umidade das camadas superficiais tenda a se deslocar em direção ao subleito.

Observe-se que a movimentação d’água sob o efeito do gradiente térmico, transferindo-

a das partes mais quentes para as mais frias, sob a forma de vapor, só é significativa se a

camada envolvida tiver vazios comunicáveis em quantidade elevada. Assim, se o solo for

argiloso e compactado nas condições de massa específica aparente seca máxima, a sua

importância só ocorre se essa camada for submetida a uma secagem prévia. Essa secagem não

só permite o estabelecimento de vazios intergranulares preenchidos de ar como, também, de

trincas e fissuras de contração.

Outra condição essencial para que o gradiente térmico proporcione significativa

movimentação d’água, é que esse gradiente seja elevado. Nas regiões tropicais, durante o dia,

a superfície do pavimento atinge temperaturas superiores a 60°C, enquanto que o subleito

permanece com temperatura de cerca da metade desse valor. Durante a noite, o gradiente

contrário que se estabelece é incapaz de inverter o processo de maneira completa, porquanto o

subleito nunca atingirá valores próximos de 60°C.

Para que a movimentação d’água do tipo em consideração tenha importância, é

necessário, ainda, que a camada em que o fenômeno ocorre esteja muito próxima da

superfície. Espessas camadas de revestimento ou base granular tornam o processo pouco

importante. Tudo indica que o processo pode ser relevante nos pavimentos que utilizam bases

arenoargilosas ou argilosas, revestidas por camadas betuminosas delgadas.

30 

 

4.2.4 Posição do Nível D’água

Uma das conseqüências das grande espessura das camadas saprolíticas e lateríticas é a

grande profundidade em que geralmente se situa o lençol freático. Admite-se que o horizonte

pedogenético de tipo laterítico só se desenvolve acima do nível d’água. A grande espessura da

camada saprolítica também é atribuída, em grande parte, ao abaixamento sucessivo do nível

d’água, à medida que o processo de intemperismo evolui.

Nas regiões tropicais úmidas, raramente o nível d’água nos cortes, onde ocorrem

espessas camadas lateríticas e saprolíticas, aparece a menos de cerca de 5 metros da superfície

do terreno. Nessas condições, raramente a plataforma da rodovia intercepta o lençol freático.

Observa-se que, nas regiões de climas frios e temperados úmidos, a emergência do lençol

freático nos cortes é muito freqüente, o que tem levado ao uso generalizado de valetas laterais

profundas.

31 

 

4.3 Solo Laterítico

É considerado solo de comportamento geotécnico laterítico, a não ser que

especificadamente observando o contrário. Aquele que é caracterizado por possuir uma série

de propriedades que levam a classificá-lo como solo de comportamento laterítico, segundo

classificação MCT.

No processo de laterização há um enriquecimento no solo de óxido hidratados de ferro

e/ou alumínio e a permanência da caolinita como argilo-mineral predominante e quase

exclusivo, conferindo a estes solos uma coloração típica: vermelho, amarelo, marrom e

alaranjado.

Pedologicamente, o solo laterítico é uma variedade de solo superficial pedogenético,

típico das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas. Nos meios rodoviários

brasileiros, o termo solo laterítico é freqüentemente usado como significando pedregulho

laterítico.

Segundo NOGAMI et al (1985) apud MARANGON (2004) solo laterítico é definido pelo Comitê de Solos Tropicais da Associação Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMEF) como aquele que pertence aos horizontes A (camada mineral com enriquecimento de matéria orgânica) e B (apresenta máxima expressão de cor, estrutura e/ou que possuem materiais translocados), de perfis bem drenados, desenvolvidos sob atuação de clima úmido. Possuem sua fração argila constituída essencialmente de argilominerais do grupo das caulinitas e de óxido e hidróxido de ferro e/ou alumínio o que confere a estrutura poros e agregações altamente estáveis.

Estes solos têm tendência a possuírem uma grande parcela da sua granulometria menor que 2 mm de diâmetro e em alguns locais podem apresentar, inseridos em sua constituição, pedregulhos lateríticos denominados de lateria, que são massas consolidadas, maciças ou porosas, de mesma mineralogia dos solos lateríticos e que tem sido muito aproveitadas como materiais de construção rodoviária.

Na figura a seguir é mostrado um perfil de solo onde pode-se identificar a distinção

clara entre os horizontes A, B (lateríticos) e C (saprolíticos):

32 

 

Figura 4 – Perfil de solo mostrando os horizontes A, B e C (MARANGON, 2004)

A figura abaixo mostra-se a ocorrência de solos lateríticos no território brasileiro:

Figura 5 – Ocorrência de solos lateríticos no território brasileiro (NOGAMI et al, 2000)

33 

 

4.3.1 Solos Superficiais Lateríticos

Os solos superficiais lateríticos apresentam uma mineralogia relativamente simples. O

quartzo é um mineral encontrado com muita freqüência e, quase sempre, de maneira

predominante nas frações areia e pedregulho desses solos, como acontece também nos solos

não tropicais. Aliás, esse mineral é considerado normal na Mecânica dos Solos tradicional.

Conseqüentemente, quando não se especifica o mineral da fração areia e pedregulho dos

solos, pode-se admitir que o constituinte é o quartzo.

Outro mineral (a rigor, uma associação de minerais) que freqüentemente ocorre nos

solos superficiais lateríticos, sobretudo na fração pedregulho, é a LATERITA ou

CONCREÇÃO LATERITICA, constituída essencialmente de óxidos hidratados de ferro e de

alumínio. A essa substância associam-se freqüentemente a magnetita, a ilmenita, a hematita e

sobretudo o quartzo.

A laterita possui uma série de peculiaridades como constituinte dos grãos de solos, das

quais se destacam as seguintes:

• Massa específica real consideravelmente maior que a do quartzo (cerca de 3,0 a

5,0 g/cm³);

• Resistência mecânica consideravelmente menor que o quartzo, podendo,

muitas vezes, ser fragmentada facilmente com uso de martelo de madeira;

• Absorção d’água da ordem de alguns porcentos.

Similarmente ao caso da fração areia, a constituição mineralógica desta fração é quase

sempre muito simples, sendo nítida a predominância do quartzo. Nos solos desenvolvidos

com contribuição importante de rochas básicas, sobretudo basaltos, podem ocorrer siltes nos

quais os constituintes predominantes são a magnetita e a ilmenita.

É bastante freqüente a presença de TORRÕES DE ARGILA, não totalmente

desagregáveis pelo processo de dispersão utilizado na separação desta fração para

determinação granulométrica. A porcentagem desses torrões, geralmente, varia muito com a

intensidade da dispersão mecânica e do defloculante utilizado.

A LATERITA (forma concrecionada de óxido hidratados de ferro e/ou alumínio)

também pode ocorrer nessa fração; contudo, e difícil de ser distinguida dos torrões de argila.

A fração argila dos solos lateríticos caracteriza-se por conter elevada porcentagem de

óxido e hidróxido de Fe e de Al. Em casos extremos, pode-se, inclusive, solos lateríticos nos

quais na fração argila predominam minerais não argílicos.

34 

 

O argilo-mineral geralmente presente na fração argila dos solos lateríticos é a caolinita,

que é o membro da família dos argilo-minerais menos ativo coloidalmente. Essa atividade é

ainda reduzida quando se associa aos óxidos e hidróxidos de Fe ou de Al. Esses óxidos

geralmente envolvem a caolinita, somando esses fatos às peduliaridades dos óxidos e

hidróxidos considerados, pode-se justificar o comportamento peculiar dos solos lateríticos.

4.3.2 Peculiaridades dos Solos Superficiais Lateríticos

Esses solos constituem perfis naturais caracterizados pedologicamente por conterem

horizontes B, designados:

1) “B” latossólicos, que integram perfis designados LATOSSOLOS,

2) “B” texturais, que integram designados SOLOS PODZOLIZADOS ou

PODZÓLICOS e TERRAS ROXAS ESTRUTURADAS.

As características desses horizontes pedológicos e dos perfis que integram, para

finalidades essencialmente pedológicas, podem ser encontradas nas referências seguintes.

Vieira e Vieira (1983), Committee on Tropical Soils of ISSMFE (1985), Topic 1.2; e

Camargo et al (1987).

De interesse geotécnico são sobretudo importantes as características descritivas

seguintes:

4.3.2.1 Latossolos

• Pequena diferenciação de horizontes, sendo que mesmo o horizonte vegetal ou

orgânico pode ser pouco distinto;

• Cores predominantemente vermelha, amarela e marrom ou (bruna);

• Grande espessura, podendo atingir mais de uma dezena de metros;

• Elevada porosidade aparente, elevada permeabilidade, com agregação

geralmente bem desenvolvida (torrões bem distintos);

• Variedade granulométricamente, desde argila até areia argilosa;

• Principais grupos pedológicos: Latossolo Roxo (Terra Roxa Legítima);

Latossolo Vermelho-Escuro; e Latossolo Vermelho-Amarelo.

35 

 

4.3.2.2 Solos Podzólicos

• Diferenciação de horizontes bastante nítida, podendo-se distinguir o horizonte

orgânico ou vegetal (horizonte pedológico A), que se sobrepõe a um horizonte

nitidamente mais rico em argila, designado horizonte B textual;

• Cores predominantes: vermelha e amarela no horizonte B;

• Espessura: desde menos de um metro a até alguns metros;

• Fábrica caracterizada por possuir, freqüentemente, agregados (torrões) bem

desenvolvidos nas variedades argilosas e presença de cerosidade (superfície argilosa

brilhante);

• Condições de drenagem freqüentemente prejudicadas pela presença do

horizonte argiloso;

• Granulometria variada, desde variedades arenosas até argilosas;

• Grupos pedológicos mais freqüentes: Podzólico Vermelho-Amarelo; Podzólico

Vermelho-Escuro, Podzólico Bruno-Acinzentado; Podzólico Amarelo.

4.3.2.3 Terras Roxas Estruturadas

• Diferenciação dos horizontes pouco nítidas, sobretudo no que se refere à cor;

• Cores predominantes: vermelha e marron (bruna), semelhante aos latossolos

roxos;

• Possuem um horizonte “B” textural, isto é, um enriquecimento nítido de argila

nesse horizonte, que possui granulometria tipicamente de argila;

• O horizonte “B” apresenta uma agregação muito desenvolvida, caracterizada

por formar blocos centimétricos, que se desagregam intensamente quando expostos às

intempéries, porosidade aparente e permeabilidade elevadas;

• O horizonte “B” apresenta cerosidade muito nítida;

• Espessura da ordem de até vários metros;

• Dão efervescência com água oxigenada e contêm elevada porcentagem de

grãos de óxido de ferro anidros (magnetitas e ilmenita, principalmente), associando-se

às rochas básicas;

36 

 

• Grupos pedológicos mais freqüentes: Terra Roxa Estruturada, Terra Bruna

Estruturada.

4.3.2.4 Linha de Seixos

Uma feição muito comum no horizonte superficial ou no seu limite inferior é a presença

de uma linha de seixos (“Stone line”, em inglês). Essa feição não se restringe aos perfis

tipicamente tropicais, porém é nos solos lateríticos que essas linhas aparecem com maior

freqüência e desenvolvimento.

De uma maneira geral, a presença da linha de seixos significa descontinuidade genética

no perfil.

Quase sempre o solo sobrejacente à linha de seixos tem origem diferente daquele

subjacente. Devido a esse fato, em pedologia, costuma-se caracterizar as partes geneticamente

distintas, separadas por linhas de seixos, por números romanos.

Geotecnicamente, a linha de seixos tem em geral significado prático importante. Isso

porque, com freqüência, essa linha limita inferiormente o horizonte superficial laterítico.

Abaixo da linha de seixos, podem ser encontrados tanto solo saprolítico como transportado e,

mais raramente, o pedogenético superficial.

Se a camada subjacente for saprolítica, portando de origem residual, certamente o

horizonte superficial não será mais residual e sim, transportado. Além disso, a camada

saprolítica terá propriedades e comportamento bastante diferentes do horizonte superficial

sobrejacente.

Se, abaixo da linha de seixos, o solo for de origem transportada, o mesmo terá também

propriedades e comportamento bem distintos do horizonte superficial sobrejacente à linha de

seixos. Isso porque o solo sobrejacente à linha de seixos, apesar de também ser transportado,

teve processo de transporte geralmente bem diferente; além disso, foi submetido a intensos

processos pedogenéticos de laterização.

A linha de seixos pode ter várias origens, existindo uma razoável bibliografia sobre o

assunto. Do ponto de vista geotécnico e para as regiões de clima tropical úmido, têm

importância sobretudo aquelas originadas:

a) Pelo coluvionamento superficial, isto é, deslocamento ao longo de

encostas, devido sobretudo à ação da gravidade e sucessivos umedecimentos e

secagens. Esse tipo de linha de seixos geralmente associa-se a uma fonte definida de

37 

 

seixos, que pode ser tanto de origem sedimentar como magmática ou metamórfica.

Quando de origem magmática ou metamórfica, os seixos são angulosos;

b) Pelas mudanças de clima seco para úmido. O clima possibilita o

acúmulo de seixos na superfície do terreno. A mudança de clima, com aumento de

pluviosidade, faz com que se desenvolva nova superfície do terreno, que, em muitos

lugares resulta em sobreposição de material transportado sobre a camada de seixos.

Observe-se que, em grande parte das áreas atualmente úmida do Brasil, o clima

precedente foi tipicamente seco.

c) Muitas linhas de seixos são de origem fluvial e de origens mistas,

envolvendo, sobretudo, processos de formação de concreções e couraças lateríticas. A

interpretação apropriada dessas linhas de seixos requer razoável treino em geologia e

em pedologia.

38 

 

4.4 Argila

Aglomerado de argilo minerais e de outros elementos tais como quartzo, feldspato e

mica, e ainda certo teor de impurezas, tais como óxido de ferro e matéria orgânica. Quanto a

influência dos processos geológicos e da composição dos solos no seu comportamento, a

composição mineralógica pode ser um dado valioso para prever ou resolver alguns problemas

pouco usuais na engenharia de solos. Entretanto, sozinha é insuficiente para explicar o

comportamento dos solos, havendo a necessidade da consideração de outros fatores: arranjo

das partículas, origem geológica, tamanho e forma das partículas, características do fluído dos

poros e dos íons adsorvidos, e finalmente da natureza complexa das características

mineralógicas dos solos naturais (Massad, 1996).

Com relação ao processo de formação, como foi comentado no item anterior, todo solo

tem sua origem imediata ou remota na decomposição das rochas pela ação das intempéries.

Concomitantemente com a fragmentação pela expansão e contração térmica a rocha sofre

oxidação e ataque de águas aciduladas por ácidos orgânicos. A argila é formada através da

decomposição dos feldspatos e mica, pela água acidulada.

O termo argila não pode ter em mecânica dos solos o significado de rocha que tem em

geologia, pois se referirá sempre a um solo. (Vargas, 1977).

A primeira característica que diferencia o solo é o tamanho das partículas que os

compõe. Existem grãos de areia com dimensões de 1 a 2 mm e existem partículas de argila

com espessura da ordem de 10 angstrons (0,000001 mm). Há porém situações de grãos de

areia envoltos por grande quantidade de partículas argilosas finíssimas ficando com o mesmo

aspecto de uma aglomeração formada exclusivamente de partículas argilosas. Quando secas

as duas formações (areia/argila) são dificilmente diferenciadas, quando úmidas, entretanto a

aglomeração de partículas argilosas, se transforma em uma pasta fina enquanto a partícula

arenosa revestida é facilmente reconhecida pelo tato. (Sousa Pinto, 1998).

Granulometricamente os solos são classificados em quatro tipos básicos (pedregulho,

areia, silte e argila), a partir do diâmetro médio dos grãos, conforme especificado em Vargas

(1977), apresentado a seguir:

Pedregulho – diâmetro médio > 2 mm

Areia – 0,02 mm < diâmetro médio < 2 mm

Silte – 0,002 mm < diâmetro médio < 0,02 mm

Argila (micro cristais) – diâmetro médio < 0,002 mm

39 

 

4.4.1 Argilas Lateríticas

Grandes áreas do território brasileiro, assim como de muitos outros países tropicais,

estão cobertas de um manto de solo com características pedogenéticas, ou seja, estruturados a

partir da laterização: fenômeno característico de regiões de clima tropical e intertropical

(quente e úmido), condicionado pela lixiviação de bases e sílica produzidos por hidrólise,

acumulação de sesquióxidos de ferro e alumínio e produção de argilo minerais do grupo

caulinítico. A denominação de lateríticos se incorporou na terminologia dos engenheiros,

embora não seja mais usada nas classificações pedológicas que atualmente utilizam o termo

Latossolo (EMBRAPA, 1999). Os solos lateríticos têm sua fração argila constituída

predominantemente de minerais cauliníticos e apresentam elevada concentração de ferro e

alumínio na forma de óxido, hidróxidos e oxihidróxidos donde sua peculiar coloração

avermelhada. Estes sais se encontram, geralmente, recobrindo agregações de partículas

argilosas.

Os solos lateríticos apresentam-se, na natureza, geralmente não saturados, com índice de

vazios elevado, e conseqüentemente pequena capacidade de suporte, porém podendo ser

reestruturado a partir de compactação. Por isto são muito empregados em pavimentação. Após

compactado, apresenta contração se o teor de umidade diminuir, mas não apresenta expansão

na presença de água (Sousa Pinto, 1998).

40 

 

4.5 Materiais Granulares Empregados em Bases, Sub- Bases ou Reforços

Os Materiais Granulares mais empregados em base, sub – base ou reforço de

pavimentos são a Brita Graduada Simples, figura 6, Brita Corrida, figura 7, Macadame

Hidráulico, figura 8, Rachão, figura 9 e o Macadame Seco, figura 10 e 11.

Figura 6 - Brita graduada simples

Figura 7 - Brita corrida

41 

 

Figura 8 - Macadame Hidráulico (Foto: Nogami, década de 1950, Rodovia Presidente Dutra)

Figura 9 - Rachão

42 

 

Figura 10 - Macadame Seco

Figura 11 - Macadame seco: detalhe da graduação  

 

 

 

43 

 

4.6 Solos e Solo - Agregados Empregados em Bases, Sub-Bases ou Reforços

Os Solos e Solos-Agregados mais empregado em Bases, Sub-Bases ou Reforço de

pavimentos são: Solo-Brita descontínuo (misturado em pista), figura 12 e 13, Solo-Brita,

figura 14, Solo-Areia (misturado em pista), figura 15, Solo Arenoso fino Laterítico (LA),

figura 16 e a Argila Arenosa Laterítica (LG), figura 17.

Figura 12 - Solo-brita descontínuo: mistura em pista

44 

 

Figura 13 - Solo-brita descontínuo: detalhe da

camada compactada

Figura 14 - Solo-brita

45 

 

Figura 15 - Solo-areia: mistura em pista

Figura 16 - Solo arenoso fino laterítico LA’: trincas devido

à perda de umidade da camada compactada

46 

 

Figura 17 - Argila arenosa laterítica LG’: trincas devido

à perda de umidade da camada compactada

47 

 

4.7 Lateritas, Saibros e Materiais Reciclados Empregados em Bases

Reforços, Sub – Bases

As Lateritas, Saibros e Materiais Reciclados mais Empregados em Bases, Reforços e

Sub-Bases são as Lateritas (in natura) figura 18, Saibro, figura 19 e 20, os Agregados

Reciclados de Resíduo Sólido da Construção Civil, figura 21 e 22 e Escória de Aciaria, figura

23.

 

Figura 18 - Laterita in natura

48 

 

Figura 19 - Saibro: camada compactada

Figura 20 - Saibro: detalhe da graduação

49 

 

Figura 21 - Agregado reciclado de resíduo sólido

da construção civil

(Foto: Abdou, 2005)

Figura 22 - Agregado reciclado de resíduo sólido da

construção civil: detalhe da natureza e graduação

(Foto: Abdou, 2005)

50 

 

Figura 23 - Escória de aciaria

51 

 

4.8 Materiais Cimentados Empregados em Bases, Sub - Bases ou Reforço

Os materiais Cimentados mais Empregados em Base, Sub-Bases ou Reforço de

pavimento são a Brita graduada tratada com cimento, figura 24 e 25, Solo – Cimento, figura

26 e o Solo – Cal, figura 27.

Figura 24 - Brita graduada tratada com cimento

Figura 25 - Brita graduada tratada com cimento:

camada de sub-base

52 

 

Figura 26 - Solo-cimento

Figura 27 - Solo-cal: trincas devido à retração  

 

 

53 

 

4.9 Recomendações do DNIT para execução de Base Estabilizada com

Utilização de Solos Lateríticos

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), criou juntamente

com o Instituto de Pesquisa Rodoviárias (IPR) a Norma DNIT 098/2007-ES, para servir no

estabelecimento da sistemática a ser empregada na execução de camada de base de

pavimentos com solo Laterítico, e está formatado de acordo com a Norma DNIT 001/2002-

PRO.

Este item prescreve a sistemática empregada na execução da camada de base de

pavimento utilizando solos lateríticos de graduação graúda e estabelece os requisitos

concernentes a material, equipamento, manejo ambiental, execução e controle da qualidade

dos materiais empregados, além dos critérios para aceitação, rejeição e medição dos serviços.

Este solo pode ser empregado como encontrado “in natura” ou beneficiado.

Para efeito desta Norma, é adotada a seguinte definição:

Base com solo laterítico – camada granular de pavimentação, utilizando solo laterítico,

executada sobre a sub-base, subleito ou reforço do subleito, devidamente regularizado e

compactado.

Para efeito desta Norma, é adotada a seguinte condição:

Não se deve permitir a execução dos serviços, objeto desta Norma, em dias chuvosos.

4.9.1 Material

Os materiais constituintes são solos lateríticos de graduação graúda, entendendo-se

como tais aqueles cuja relação molecular sílica-sesquióxido, determinada pelo Método

DNER-ME 030/94, for menor que 2, e que apresentarem expansão inferior a 0,2%, medida no

ensaio DNER-ME 049/94 Solos – determinação de Índice Suporte Califórnia, utilizando

amostras não trabalhadas, com 26 ou 56 golpes por camada.

0²60

²0³102

²0³160

Onde:

S/R = Relação molecular sílica-sesquióxido

54 

 

SiO² = Sílica

Al²O³ = Sesquióxido de alumínio

Fe²O³ = Sesquióxido de ferro

Admite-se valor da expansão até 0,5% no ensaio de ISC desde que , no ensaio de

expansibilidade DNER-ME 029/94, o valor obtido seja menor que 10%.

4.9.2 Beneficiamento

Os solos lateríticos “in natura”, de graduação graúda, para efeito do emprego e

aceitação, podem ser beneficiados por um ou mais dos seguintes processos:

a) Britagem;

b) Mistura com outros solos arenosos;

c) Desagregação na pista;

d) Peneiramento com ou sem lavagem.

4.9.3 Característica

Os materiais lateríticos graúda “in natura” ou beneficiados, destinados à construção da

base, quando submetidos aos ensaios DNER-ME 054/97, DNER-ME 080/94, DNER-ME

082/94 e DNER-ME 122/94, devem apresentar as seguintes características:

a) O Índice de Suporte Califórnia (ISC) deverá obedecer aos seguintes

valores relacionados ao número N de operações do eixo padrão de 8,2t, para o período

de projeto:

ISC > 60% para N < 5x10(elevado à sexta)

ISC > 80% para N > 5x10(elevado à sexta)

b) O material será compactado no laboratório, conforme a norma DNER-

ME 49/74, com 26 ou 56 golpes por camada, para atender aos valores mínimos de ISC

especificados no item a. Os valores mínimos do ISC devem ser verificados dentro de

uma faixa de variação de umidade, a qual será fixada pelo Projeto e pelas

Especificação Particulares.

c) A fração que passa na peneira n° 40 deverá apresentar limite de liquidez

inferior ou igual a 40% e índice de plasticidade inferior ou igual a 15%.

55 

 

d) Os solos lateríticos com IP > 15% poderão ser usados em misturas

como outros materiais de IP < 6%, satisfazendo a mistura resultante aos seguintes

requisitos:

- LL < 40% e IP < 15%

- A relação S/R e a expansão e/ou expansibilidade definidas nesta Especificação.

- Ausência de argilas das famílias das nontronitas e/ou montmorilonitas, constatadas

em análises mineralógicas.

-E a todos os demais requisitos desta Especificação.

e) O agregado retido na peneira de 2mm deve ser constituído de partículas

duras e duráveis, isentas de fragmentos moles, alongados ou achatados, isento de

matéria vegetal ou outra substância prejudicial e apresentado valores de abrasão “Los

Angeles” menores ou igual a 65%.

f) Possuir composição granulométrica satisfazendo uma das faixas do

Quadro a seguir:

Tabela 3 - Quadro de Composição Granulométrica (DNIT 098/2007)

Peneira Abertura (mm) Faixas

Granulométricas (%,

em Peso Passando) –

Faixa A

Faixas

Granulométricas (%,

em Peso Passando) –

Faixa B

2” 50,8 100-100 -

1” 25,4 100-75 100-100

3/8” 9,5 85-40 95-60

N° 4 4,8 75-20 85-30

N° 10 2,09 60-15 60-15

N° 40 0,42 45-10 45-10

N° 200 0,075 30-5 30-5

A curva granulométrica, indicada no projeto poderá apresentar as seguintes tolerâncias

máximas:

56 

 

Tabela 4 – Tolerâncias Máxima Granulométricas (mm), (DNIT 098/2007)

Peneiras Mm % em Pesso Passando

3/8” – 1” 9,5 – 25,4 +ou- 7

N° 40 – N° 4 0,42 – 4,8 +ou- 5

N° 200 0,074 +ou- 2

g) O equivalente em areia deverá ser maior que 30%.

h) A percentagem do material que passa na peneira n° 200 não deve ultrapassar

2/3 da percentagem que passa na peneira n° 40.

i) Quando submetido aos Ensaios DNER-ME 049/94 e DNER-ME 129/94

(Método C), o agregado retido na peneira n° 10 deverá ser constituído de partículas duras

e resistentes, isentas de fragmentos moles, alongados ou achatados, e isentas de matéria

vegetal ou outra substância prejudicial. Quando submetido ao ensaio Los Angeles

(DNER-ME 035/94), não deve apresentar desgaste superior a 65%, admitindo-se a não

realização desse ensaio nos casos em que utilização anterior do material tenha apresentado

desempenho satisfatório.

4.9.4 Equipamentos

Constituido por:

a) Motoniveladora;

b) Escarificador;

c) Carro-tanque distribuidor de água;

d) Rolos compactadores tipos pé-de-carneiro, liso-vibratório e

pneumático;

e) Grade de discos;

f) Pulvimisturador;

g) Central de mistura.

Além destes poderão ser usados outros equipamentos aceitos pela Fiscalização.

57 

 

4.9.5 Execução da Base

Compreende as operações de mistura e pulverização, umedecimento ou secagem dos

materiais (realizados na pista ou em central de mistura), bem como espalhamento,

compactação e acabamento na pista, devidamente preparada na largura desejada com as

quantidades de material que permitam, após compactação, atingir a espessura projetada.

Os materiais de base serão explorados, preparados e espalhados de acordo com

Especificações Complementares.

A compactação será executada com o teor de umidade dentro dos limites para os quais

se verifica o valor mínimo do ISC especificado pelo projeto.

A espessura mínima da camada de base será de 10 cm, após a compactação.

Quando o projeto fixar a camada de base com espessura final superior a 20 cm, esta será

subdividida em camadas parciais, nenhuma delas excedentes a espessura de 20 cm.

O grau de compactação deverá ser, no mínimo, 100%, em relação a massa especifica

aparente, seca, máxima, obtida segundo o método adotado.

Concomitantemente às operações de execução da base, serão realizados os controles

prescritos nos itens 9.7.e 9.8.

4.9.6 Manejo Ambiental

Visando a preservação do meio ambiente, no decorrer das operações destinadas à

execução da camada de base estabilizada granulometricamente, devem-se observar os

seguintes cuidados:

De modo geral:

a) Atender às recomendações preconizadas na Norma DNER-ES 281/97,

no Manual para atividades ambientais rodoviárias e nas Diretrizes básicas para

elaboração de estudos e programas ambientais rodoviários: escopos básicos/ instruções

de serviço.

De modo particular, em relação à exploração das ocorrências de materiais (pedreiras):

a) Apresentar a Licença Ambiental de Operação da pedreira, para

arquivamento de uma cópia anexada ao Livro de Ocorrências da Obra.

b) Evitar a escolha de pedreira e a instalação de britagem em área de

preservação ambiental.

58 

 

c) Planejar adequadamente a exploração da pedreira de modo a minimizar

os danos durante essa fase e a possibilitar a recuperação ambiental após a retirada dos

equipamentos e materiais.

d) Impedir o emprego de queimadas como forma de desmatamento.

e) Seguir as recomendações da Norma DNER-ES 279/97 na implantação

de estradas de acesso (ou caminhos de serviços).

f) Usar bacias de sedimentação junto às instalações de britagem para

retenção do pó de pedra produzido em excesso ou dos resíduos da lavagem da brita,

evitando o carregamento indesejável para cursos d’água.

g) Disciplinar e sinalizar o tráfego e o estacionamento de veículos e

equipamentos para evitar acidentes, a poluição e outros danos ao meio ambiente. Em

especial, proibir o tráfego pesado e desordenado fora do corpo estradal e localizar as

áreas de estacionamento e de serviço de manutenção dos equipamentos de forma que

os resíduos de lubrificantes e combustíveis não sejam levados aos cursos d’água.

h) No caso em que a brita seja fornecida por terceiros, exigir

documentação atestando a regularidade das instalações e da operação e exibi-a ao

órgão ambiental competente.

4.9.7 Controle do Material

Devem ser adotados os seguintes procedimentos:

a) Ensaio de caracterização do material espalhado na pista. Usar os

métodos DNER-ME 054/97, DNER-ME 080/94, DNER-ME 082/94 e DNER-ME

122/94 em locais escolhidos aleatoriamente. Deve-se coletar uma amostra por camada

para cada 300m de pista ou por jornada de 8 horas de trabalho. No caso de emprego de

materiais homogêneos, pode-se reduzir para uma amostra por camada para cada

1000m de extensão. No caso de emprego de usina de solos, as amostras

correspondentes serão coletadas na saída do misturador.

b) Ensaios de compactação. Usar o método DNER-ME 129/94 (Método C)

com materiais coletados na pista, em locais escolhidos aleatoriamente. Em relação ao

número de amostras e ao uso de usina de solo, adotar as indicações do item “a”. Nota:

Quando for usado material laterítico britado, com ou sem mistura de solo, a energia de

compactação de projeto deverá ser modificada quanto ao número de golpes, de modo a

59 

 

atingir o máximo da densificação, determinada em trechos experimentais em

condições reais de trabalho no campo.

c) Ensaios de Índice Suporte Califórnia (ISC) e expansão.Usar o método

DNER-ME 049/94, para material coletado na pista em locais escolhidos

aleatoriamente. Em relação ao número de amostras e ao uso de usina de solo, adotar as

indicações do item “a”. Nota: O número de ensaios e de determinação de controle do

material será definido pelo executante em função do risco de rejeitar um serviço de

boa qualidade, conforme a tabela seguinte:

Tabela 5 - Amostragem Variável (DNIT 098/2007)

Onde “N” é o número de amostras, “K” o coeficiente multiplicador e “α” o risco do

executante.

N K Α

5 1,55 0,45

6 1,41 0,35

7 1,36 0,30

8 1,31 0,25

9 1,25 0,19

10 1,21 0,15

11 1,19 0,13

12 1,16 0,10

13 1,13 0,08

14 1,11 0,06

15 1,10 0,05

16 1,08 0,04

17 1,06 0,03

19 1,04 0,02

21 1,01 0,01

60 

 

4.9.8 Controle da Execução

a) Ensaio de umidade higroscópica do material, feiro imediatamente antes da

compactação, por camada, para cada 100m de pista a ser compactada, em locais

escolhidos aleatoriamente. Usar os métodos DNER-ME 052/94 ou DNER-ME 088/94. As

tolerâncias admitidas para a umidade higroscópica serão de +ou- 2% em torno da umidade

ótima.

b) Ensaio de massa especifica aparente seca “in situ” , feito em locais escolhidos

aleatoriamente, por camada, para cada 100m de extensão, pelos métodos DNER-ME

036/94 e DNER-ME 092/94. Para pistas de extensão inferior a 4000 m², deverão ser feitas

no mínimo cinco determinações para o calculo do Grau de Compactação (GC). Nota 1: Os

cálculos para GC maior do que 100% utilizarão os valores da massa especifica aparente

seca obtidos no laboratório e da massa especifica “in situ” obtida no campo. Nota 2: O

número de determinações do GC será definido em função do risco de rejeição de um

serviço de boa qualidade assumido pelo executante, de acordo com a tabela do item 9.7.c

acima.

61 

 

5. CONCLUSÃO

As pesquisas realizadas e apresentadas neste trabalho demonstram que é de suma

importância o tipo de solo utilizado no subleito de pavimentos de rodovias.

Prova ainda mais que para se ter uma boa pista de rodagem e necessário que o solo seja

adequado, ou seja, preparado para o tipo de carregamento, intensidade, velocidade, pela qual

a rodovia se proponha a oferecer.

Para isso é preciso realizar vários estudos de compactação, grau de umidade,

preocupação com a fauna e flora e acima de tudo perceber que tipo de solo estamos lidando,

pois isto é que vai determinar realmente se a rodovia irá corresponder com a expectativa

prevista em projeto, e em muitos casos substituindo o solo se necessário, para evitar

problemas futuros.

No caso dos solos lateríticos, deve-se tomar cuidado com a reação com água por

apresentar problemas de contração, entretanto quando reestruturados por compactação,

apresentam um bom comportamento em bases, sub-bases e reforço de pavimentos.

62 

 

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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63 

 

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