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    Carta Arqueolgica do Concelho de Abrantes

    J. Candeias da Silva, lvaro Baptista, Filomena GasparPrefcio de Jorge Alarco.

    I Recenso breve

    II Parecer sobre o interesse do apoio publicao

    I Recenso breve

    Uma carta ar!eol"gica do territ"rio de !m concel#o $, o%viamente, !mempreendimento ar!eologicamente am%&g!o e com !m valor cient&fico e doc!mental

    contestvel.'m primeiro l!gar por!e !m concel#o no constit!i !m territ"rio ar!eologicamenterelevante, nem $ leg&timo se!er conce%er !m territ"rio com relev(ncia ar!eol"gicacom transversa%ilidade cronol"gica, isto $, f!ncional como es!ema de anlise darela)o #!mana com o territ"rio relevante para todos os per&odos da #ist"ria do #omem.'m seg!ndo l!gar por!e, como meio de doc!menta)o, o! g!ia de doc!menta)o, crian&veis e plataformas de estr!t!ra)o da informa)o e dos dados !e raramente socoincidentes com os modelos de estr!t!ra)o da informa)o propostas pela ar!eologia.A id$ia de promover !m programa nacional de inventrio e cartografia da informa)oar!eol"gica estr!t!rada por concel#os, em !e interviessem vrios segmentos !er dasinstit!i)*es p+%licas e privadas !er da sociedade civil, s!rgi! de !m conteto pol&tico-c!lt!ral %em determinado e tin#a f!ndamentalmente mais v&nc!los a !ma determinadaid$ia de socialia)o e apropriamento social do patrim"nio c!lt!ral, do !e /necessidade de estr!t!rar a informa)o ar!eol"gica.'m res!ltado destas am%ig!idades, as cartas ar!eol"gicas dos concel#os, tal como soconce%idas pelo normativo formal e informal !e oriento! a s!a concep)o, soinstr!mentos de promo)o do patrim"nio e do interesse social pelo patrim"nio, dediv!lga)o, mais do !e de doc!menta)o e de estr!t!ra)o da doc!menta)oar!eol"gica. Foi por essa rao !e a parti)o do territ"rio em !nidades de anlise e dedoc!menta)o ar!eol"gica coincidi! com a parti)o administrativa.Para real)ar tal am%ig0idade, resta registar !e o programa da Carta Ar!eol"gica de

    Port!gal era instit!cionalmente !m programa de !m departamento da administra)ocentral, 1PPC, depois 1PPA2, mas estr!t!rado por concel#os.'stas am%ig!idades preliminares foram !ltrapassadas em alg!ns raros casos e foramrealiados, dentro deste es!ema restrito, alg!ns ecelentes doc!mentos com realinteresse ar!eol"gico, vlidos como empreendimentos de estr!t!ra)o da informa)oar!eol"gica.'ste inventrio foi realiado fora do (m%ito instit!cional do Programa da CartaAr!eol"gica de Port!gal, sem s!%s&dios nem apoios da administra)o central, por doisar!e"logos ass!midamente amadores, o! en!anto amadores, como tal recon#ecidos

    pelo pr"prio a!tor do Prefcio.3 "%vio !e $ m!ito dif&cil a !em !er !e se4a esta%elecer o !e se4a !m ar!e"logo

    amador. Por norma, esta%elece!-se !e !m ar!e"logo no amador ser a!ele !e seintegro! no sistema instit!cional administrativo !e interv$m so%re a ar!eologia, o !e

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    permiti!, em vrios contetos, !e m!itos investigadores e docentes intervindo na reada ar!eologia, mesmo em !niversidades, p!dessem no ser recon#ecidos pelasentidades administrativas como ar!e"logos. Poder&amos citar mesmo directores de1nstit!tos de Ar!eologia e docentes de cadeiras de Ar!eologia de vrias !niversidades

    p+%licas e privadas.

    6%4ectivamente, a principal conse07ncia !e adv$m do facto de o a!tor de !ma cartaar!eol"gica no ser recon#ecido como ar!e"logo profissional $ o facto de no poderrealiar escava)*es. Se tiver opositores mais radicais, em casos caricatos, nem podefaer recol#as s!perficiais, nem andar pelos campos, nem ol#ar para as pedras, nem

    pron!nciar-se so%re ass!ntos ar!eol"gicos.6 pr"prio a!tor do Prefcio regista com apre)o o facto de os a!tores n!nca terem

    pretendido escavaes, como $ de %om tom para o mel#or amadorismo, em%ora da&res!ltem grande parte das indefini)*es das classifica)*es de s&tios e ac#ados.A mais efica forma de !m amador prod!ir !m tra%al#o !e possa ser recon#ecido por!m instit!cional $ fae-lo no respeito estrito pelos crit$rios instit!cionalmenteesta%elecidos, reprod!indo os res!ltados e as concl!s*es da investiga)o

    instit!cionaliada. 2eprod!indo mesmo a nomenclat!ra !e a ar!eologia instit!cionalesta%elece! para a realia)o e apresenta)o de !ma carta ar!eol"gica concel#ia.3 esta a rao por!e todas as cartas ar!eol"gicas concel#ias, res!ltem o! no de !mainvestiga)o estr!t!rada !e incl!a escava)*es, se tornaram repetitivas e id7nticas,mesmo !ando so realiadas por ar!e"logos amadores.

    8o dier do pr"prio a!tor do Prefcio, a carta ar!eol"gica po!cas novidades podetraer, por!e no foram feitas escava)*es em s&tios nevrlgicos, como o Castelo deA%rantes e Alvega, press!posta Ariti!m 9et!s. Pelo !e a implementa)o de !m %om

    programa de escava)*es estr!t!rado por anlise rigorosa dos temas estr!t!rantes daar!eologia regional, deveria ser o empreendimento preliminar para !ma cartaar!eol"gica concel#ia realmente relevante. :as as escava)*es no so feitas por!eno interessam ao a!tor do Prefcio e a o!tros. Sendo assim, dier, com os dados de !edispomos sem escava)*es sistemticas, !e Ariti!m 9et!s reside em Alvega, s" podeter relev(ncia para a ar!eologia por!e consagra a do!trina do a!tor do Prefcio. Porisso pode afirmar !e, mesmo sem escava)*es, se trata de !ma das mel#ores cartasar!eol"gicas concel#ias.

    6ra, foi eactamente por!e tento! reprod!ir a estr!t!ra e os re!isitos de !ma cartaar!eol"gica concel#ia tal como $ form!lada no (m%ito da pr/tica !e seinstit!cionalio! no programa da Carta Ar!eol"gica de Port!gal, !e esta carta se podeapresentar como !m empreendimento descoordenado de apresenta)o c!m!lativa de

    dados e informa)*es, m!itas vees irrelevantes por!e no partiram da form!la)o de!m programa estr!t!rado.Uma carta ar!eol"gica concel#ia deve partir da pr$via form!la)o de !m programa !etem !e intervir em vrios dom&nios, esta%elecendo orienta)*es. Prospec)odoc!mental, prospec)o de campo, selec)o dos meios de prospec)o e detec)o,itinerrio de doc!menta)o, programa de sondagens, estr!t!ra)o de t"picos, anliseestr!t!rada da rede viria transterritorial. Sem !m programa destes, os registos vo-seac!m!lando / medida de !ma progresso con4!nt!ral no territ"rio, sem orienta)o, sem

    perspectiva de anlise so%re a s!a relev(ncia e posi)o no con4!nto.S" a a!s7ncia de !m programa preliminar 4!stifica a integra)o na carta ar!eol"gicaconcel#ia dos relat"rios !ase integrais de escava)o de s&tios como o 6lival Comprido,

    a Fonte do Sapo, Aneiro, o! o Adro 9el#o de So 9icente, ar!eologicamenteirrelevantes face / form!la)o #ipot$tica do !e podem ser os grandes t"picos da

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    ar!eologia regional se as interven)*es ar!eol"gicas forem estr!t!radas por !mprograma coerente. A impresso !e fica $ a de !e foram integrados pela simples raode !e foram as po!cas !e os a!tores, o! !m deles, foi a!toriado a realiar.3 tam%$m contestvel o crit$rio da insist7ncia na reprod!)o grfica e, por vees, noregisto de materiais m!itas vees irrelevantes, provenientes de prospec)*es

    desestr!t!radas de s!perf&cie, desinseridas de aprof!ndamentos de conteto. 8o secompreende o !e os a!tores pensam !e o leitor e !tiliador do se! tra%al#o podeded!ir do registo do aparecimento de !m prod!to sec!ndrio de tal#e l&tico, n!mca%e)o !al!er da Freg!esia de Bemposta, nas imedia)*es do !al no conseg!emfaer o!tro registo.

    A Carta Ar!eol"gica do Concel#o de A%rantes agora analisada parece-me pois !mdoc!mento precoce, registo de dados c!m!lativos sem orienta)o de recol#a, sem !malin#a programtica de realia)o, !e, adicionando todavia alg!ns dados novos deinforma)o com elevado interesse mas m!ito espec&fico, no os conseg!e inserir n!maa%ordagem coerente de con4!nto, !e possa se!er introd!ir a !ma tentativa de

    compreenso da rela)o #ist"rica do #omem com o territ"rio regional. Parece-me paraal$m do mais minimalista, desvaloriadora da potencialidade #ist"rico-ar!eol"gica e#ist"rico-c!lt!ral de !m territ"rio !e a tradi)o #istoriogrfica sempre assinalo! comocentro f!lcral da estr!t!ra)o do territ"rio penins!lar, dada a s!a sit!a)o geogrfica noc!rso estrategicamente determinante do se! maior rio.2esta registar !e os a!tores, nomeadamente J. Candeias da Silva, !e se t7m afirmadoatrav$s de !m etenso c!rr&c!lo de interven)*es monogrficas so%re vrios interessantesass!ntos da ar!eologia e #istoriografia regional, disp*em de prof!nda informa)oso%re alg!ns temas e ass!ntos !e verteram, ainda !e de forma desestr!t!rada, nestetra%al#o.

    II. Parecer sobre o interesse do apoio publicao.

    1ndependentemente de !al!er 4!&o !e possamos o! ten#amos 4 form!lado so%re a!alidade e a ade!a)o aos se!s fins desta carta ar!eol"gica, a s!a p!%lica)o teria anosso ver grande interesse, de vrios pontos de vista.'m primeiro l!gar, trata-se da mel#or eposi)o do !e se sa%e e das ra*es por!e nose sa%e mais so%re a #ist"ria antiga do territ"rio a%rantino e do papel das prticasar!eol"gicas, o! de !m determinado tipo de prticas ar!eol"gicas, na constit!i)o

    deste panorama. A avalia)o em prof!ndidade desta !esto $ indisc!tivelmente oprimeiro passo para a reform!la)o de !m programa estr!t!rado de interven)oar!eol"gica na regio.

    8o pode ficar mais claro por!e se sa%e to po!co so%re a #ist"ria antiga do per&metro!r%ano f!ndador de A%rantes, por!e se contin!a a localiar o oppidum Ariti!m 9et!sna le&ria de Alvega, por!e no se associa o fen

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    'm seg!ndo l!gar, parece-me indisc!t&vel !e os a!tores deste tra%al#o so incansveisinvestigadores dos ass!ntos da ar!eologia e da #ist"ria regional, simplesmentedesinseridos dos interesses m!itas vees incompreens&veis da ar!eologia instit!cional,e os limites do se! tra%al#o reflectem no s" os limites da ar!eologia instit!cional, mastam%$m os impedimentos !e a ar!eologia instit!cional pode constit!ir e constit!i /s

    prticas ar!eol"gicas dos agentes desinseridos.Por esta rao, a p!%lica)o deste tra%al#o poder ser o mel#or motivo para a promo)ode !m prof!ndo de%ate so%re os motivos dos limites do con#ecimento ar!eol"gico doterrit"rio a%rantino, canaliando a recon#ecida compet7ncia t$cnica e cient&fica e aenergia de tra%al#adores incansveis da investiga)o dos a!tores para !m programa dea%ordagem e de refleo dos temas da ar!eologia a%rantina e para a tomada deconsci7ncia da origem dos limites do se! tra%al#o.6 apoio por parte da F'PP>A / edi)o deste tra%al#o poder colocar a f!nda)o,recon#ecida e ass!midamente, no cerne de !ma reavalia)o estr!t!rada einstit!cionalmente partil#ada do panorama do con#ecimento ar!eol"gico so%re aregio.

    A%rantes, ? de 8ovem%ro de ;@@=.

    :an!el de Castro 8!nes