cerrados insubmissos e comunicação compartilhada no sul global · 2019. 10. 18. · na civitas,...

19
1 Casa das Palavras, uma escola popular - Cerrados insubmissos e comunicação compartilhada no sul global Nilton José dos Reis Rocha* 1 Rafaela F. Rocha* Leôncio da Silva Neto* Resumo: Em quatro décadas na relação, intensa e difícil, dos movimentos sociais e povos originários com a universidade, via esfera da comunicação, chega-se à ideia simples e urgente: uma escola popular de comunicação compartilhada para formar jornalistas, radialistas e cineastas que possam dar conta dos processos de produção e circulação da informação, bens culturais e conhecimento que interessam a seus grupos sociais. A proposta brota na formação em-e-na rádio livre comunitária do acampamento Dom Tomás Balduino, ao se preparar para ocupar, 2013, terra ex-presidente do Senado, em Corumbá de Goiás. Mulheres e homens simples (Martins,2004) percebem, no retorno ao campo, que latifúndios se sustentam, invisíveis, na comunicação burguesa. A disputa pela terra incluirá, agora, os embates pelas justiças cognitiva e simbólica. Um fazer social insubmisso que articule e gestione, na ocupação da terra, uma outra comunicação (e outro jornalismo) de matizes populares, independente e não-hegemônico. Uma comunicação como esfera de ação política concreta. 1 Professor de jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG)/ Pós-Graduando em CES-Coimbra/ Coordenador do coletivo Magnífica Mundi * Graduanda do curso de jornalismo na Universidade Federal de Goiás/Membro do coletivo Magnífica Mundi * Graduando do curso de jornalismo da Universidade Federal de Goiás /Membro do coletivo Magnífica Mundi.

Upload: others

Post on 13-Feb-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 1

    Casa das Palavras, uma escola popular

    - Cerrados insubmissos e comunicação compartilhada no sul global

    Nilton José dos Reis Rocha* 1

    Rafaela F. Rocha*

    Leôncio da Silva Neto*

    Resumo:

    Em quatro décadas na relação, intensa e difícil, dos movimentos sociais e

    povos originários com a universidade, via esfera da comunicação, chega-se à

    ideia simples e urgente: uma escola popular de comunicação compartilhada

    para formar jornalistas, radialistas e cineastas que possam dar conta dos

    processos de produção e circulação da informação, bens culturais e

    conhecimento que interessam a seus grupos sociais.

    A proposta brota na formação em-e-na rádio livre comunitária do

    acampamento Dom Tomás Balduino, ao se preparar para ocupar, 2013, terra

    ex-presidente do Senado, em Corumbá de Goiás. Mulheres e homens simples

    (Martins,2004) percebem, no retorno ao campo, que latifúndios se sustentam,

    invisíveis, na comunicação burguesa. A disputa pela terra incluirá, agora, os

    embates pelas justiças cognitiva e simbólica.

    Um fazer social insubmisso que articule e gestione, na ocupação da terra, uma

    outra comunicação (e outro jornalismo) de matizes populares, independente e

    não-hegemônico. Uma comunicação como esfera de ação política concreta.

    1 Professor de jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG)/ Pós-Graduando em CES-Coimbra/

    Coordenador do coletivo Magnífica Mundi * Graduanda do curso de jornalismo na Universidade Federal de Goiás/Membro do coletivo Magnífica

    Mundi

    * Graduando do curso de jornalismo da Universidade Federal de Goiás /Membro do coletivo Magnífica

    Mundi.

  • 2

    Algo articulado e articulador que, evocando a morte do telos aristotélico, se

    consolide como maneira, eficaz e livre, de fazer circular informação, bens

    culturais e conhecimento

    Inventiva social, de experiências diversas fora do estabelecido, como revisão

    cuidadosa dos processos contemporâneos onde revoltas se convertem no

    elemento que rompe a dinâmica das megas narrativas (Lander, 2005).

    Existências e lutas atadas à defesa do território, “un lugar histórico de creación

    del contenido simbólico de la cultura y de conformación secular de las práticas

    de la vida” (Ceceña, 2005:85)

    As quase cem micro experiências da Casa das Palavras ousam a dar corpo à

    uma rede internacional de comunicação compartilhada, pela humanidade (idem).

    Com outro tipo de alcance em comparação com os sistemas de transmissão

    massivos (Peruzzo et al, 2011), por perseguir lógica horizontal, participativa em

    todas etapas do processo de articulação e distribuição da volumosa esfera

    simbólica popular.

    No sul global, geográfico e/ou metafórico, esta gente dos cerrados centrais – que

    co-evolui com a natureza nos últimos 18 mil anos (Barbosa, 2005) – reivindica,

    do ponto de vista epistémico, o reencontro com sua civilização da reciprocidade

    (Ribeiro, 2005), cujas tecnologias e saberes ancestrais são indispensáveis à

    humanidade para superar a crise a que foi abatida pelo capital e suas

    multinacionais do veneno, material e simbólico (Rocha e Talga, 2011).

    1.Uma Introdução (mais que oportuna, com sabores conclusivos)

    Os tempos, naquele instante, eram valentes. Tempos de embates intensos entre

    dois projetos de sociedade: o higroagronegócio apropriador das riquezas e

    responsável, em boa dose, pelo esgotamento da terra e as três mil pessoas que,

    num comboio de 20 quilômetros, e na herança camponesa ocuparam o latifúndio

    com 92 escrituras (algumas delas confiscadas)2 do então presidente do Senado,

    2 . Conferir Indriunas, 2018: “Dono de uma fortuna de R$ 89 milhões, Eunício de Oliveira tinha 24 fazendas em 1997

    e, após pressionar camponeses, agora possui 107 propriedades em Goiás”. Ainda o documentário Passarim (Freitas,

  • 3

    Eunicio de Oliveira, no meio do caminho entre Goiânia e Brasília. 70% desta

    gente eram mulheres; delas, 70% negras.

    Ao cortar as cercas da fazenda Santa Mônica, em Corumbá de Goiás, estas

    mulheres e estes homens simples (Martins, 2004) sinalizam, de início, três

    coisas: a determinação do imaginário popular de retorno ao campo3; ao mesmo

    tempo, o fracasso da cidade como projeto de felicidade e abundância nos

    cerrados centrais; as pulsões do desejo ancestral, incontido e insurgente, do

    reencontro com um mundo sem limites das cercas, sem senhora/or e gente

    escravizada, tudo fôrro4, tudo livre.

    E, não por acaso, as mulheres, também negras em sua maioria, cravam os

    ventos desta rebeldia, na sua capacidade organizativa e como seres da

    insubmissão histórica e ancestral. E, no mesmo movimento, quando as/os sem

    terrinhas, em manifestação pública, marcaram, com suas mãos pequenas e tinta

    guache, as paredes da secretaria de educação – ao reivindicar escola e o direito

    de aprender determinadas coisas -, receberam ameaças de um processo

    judicial.

    A rádio comunitária local, à solicitação de espaço para programa produzido por

    crianças e adolescentes do acampamento Dom Tomas Balduino, reagiu com três

    argumentos, via dono emissora: 1. “Mande as notícias, que a gente lê; 2. Custa

    muito ter uma rádio, aí temos que vender os espaços para as igrejas”; 3. “Tinha

    a rádio antes, vendi por 1 milhão para a rede Tupi, que agora, fica lá em Águas

    2003): “Ele quer boi, então destrói barraca, destrói casa, destrói fruteira, destrói a floresta. Ele não respeita a lei e a

    lei não disciplina ele” (apud Indriunas, op. cit) 3 . A maioria fora mobilizada e articulada nas periferias urbanas de Anápolis e Goiânia, principalmente.

    4 . O conceito vem de Mello ( Elomar Filgueira ), em Violeiro, LP Das Barrancas do Rio Gavião - 1972); “Ai cantadô já curri o mundo intêro/Já inté cantei nas portas di um castelo/Pode acriditá meu companhêro/o rei mi disse fica, eu

    disse não [...}Si eu tivesse di vivê obrigado/um dia inantes dêsse dia eu morro/Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro/já

    vi iscrito no Livro Sagrado/qui a vida nessa terra é u'a passage”

  • 4

    Lindas”. Antes de se despedir, ameaçou: o pessoal da Anatel, quando vem aqui,

    fica na minha casa.

    Em resposta, dois dias depois, entra no ar a Rádio do Trabalhador, FM 104,9

    comunitária livre, de algum lugar no grande acampamento, estabelecendo, desta

    maneira, a disputa efetiva também no campo do simbólico no município, com

    programação a partir das 6 manhã, sob responsabilidade exclusiva de

    acampadas/os. O que remete a assentado do Oziel, em Baliza (no Rio Araguaia),

    em programa na rádio comunitária: “as palavras não são pássaros, nas voam.

    Temos que ajudar a fazer a reforma agrária do ar”5.

    Depois, em conversa em pressa, completa sua inquietação de que, como

    camponês achava que tudo se dava no chão concreto das coisas. “Agora, com

    a rádio, percebo que as coisas mais importantes estão soltas no ar. É preciso

    compreendê-las ainda que invisíveis”. O que leva. Dussel a precisar que “a

    burguesia se especializou, antes de tudo, na apropriação da mais valia simbólica

    da humanidade” e Santos de que “as coisas invisíveis justificam as visíveis”.

    Ao compreender as dimensões do simbólico, nas suas vidas e nas suas lutas,

    os grupos e movimentos sociais populares, além de povos originários e/ou

    transportados, não só têm construído processos antecipatórios desta

    radicalidade nestas esferas e estimulado , também, a urgência de compreender

    a necessidade de uma plataforma simbólica capaz de articular estas narrativas

    outras oriundas destes universos, para contrapor as meganarrativas da aliança

    hidroagronegócio e a mídia burguesa ( ) brasileira.

    O que o movimento de posseiros/as urbanas/os, em caráter antecipatório,

    percebeu e construiu a partir de 1979, com as lutas urbanas em Goiânia, ao

    utilizar as ocupações enquanto método e eleger, depois, o simbólico como esfera

    da disputa, se imporia, nas décadas seguintes, pela conquista e uso do solo

    urbano. Além da palavra, rádios livres, boletins, jornal Quatro de Outubro, teatro,

    5 . cf. Rocha et al, 2014:

  • 5

    poetisas-e-poetas, cantadores, tv ambulante (câmera portátil em cores), foram

    as ferramentas deste embate e seus combates cotidianos

    Base imaterial decisiva em Goiânia e Brasília, exemplos mais acabados e

    deslumbrantes da cidade planejada para as elites letradas (Rama, ).De fato,

    brotam como bases guerreiras da conquista dos cerrados e do sobre o interior

    do país, reforçada pela Frente para o Oeste como primeiro passo para as bases

    da revolução verde de Rockefeller a produção de alimentos para abastecer,

    como prioridade, as metrópoles parasitárias (Wu Ming, ), com seu

    hidroagronegocio predador e violento.

    O que estimula, do ponto de vista do interesse teórico, introduzir a contradição,

    radical e profunda, quanto aos direitos plenos, aqui definida

    como cerradania. Afinal, Gonzalez Stephan, partindo das teses de Rama, sugere

    que a invenção da cidadania, como projeto moderno, esteve sempre centrada

    na civitas, seletiva e letrada, postada como de funil punitivo onde só passaria o

    homem branco, católico, proprietário e heterossexual (apud Castro-Gómez,

    2005: 82).

    A aquisição da cidadania[1] é, então, um funil pelo qual só passarão aquelas

    pessoas cujo perfil se ajuste ao tipo de sujeito requerido pelo projeto da modernidade: homem, branco, pai de família, católico, proprietário, letrado e heterossexual. Os indivíduos que não cumpram com estes requisitos (mulheres, empregados, loucos,

    analfabetos, negros, hereges, escravos, índios, homossexuais, dissidentes) ficarão de fora da cidade letrada, reclusos no ‚âmbito da ilegalidade, submetidos ao castigo e à terapia por parte da mesma lei que os excluí (Gonzalez Stephan apud Castro-Gómez, 2005: 82)

    [1] . “A constituição venezuelana de 1839 declara, por exemplo, que só podem ser cidadãos os homens casados, maiores de 25 anos, que saibam ler e escrever, que sejam proprietários de bens de raiz e que tenham uma profissão que gere rendas anuais não inferiores a 400 pesos (Gonzalez Stephan, 1996: 31)” (ibid.:82)

    https://mail.google.com/mail/u/0/#m_-6286738468163426013__ftn1https://mail.google.com/mail/u/0/#m_-6286738468163426013__ftnref1

  • 6

    Assim, neste pêndulo insurgente, que não começa hoje (Brito, 2011),

    movimentos e povos atiram elementos e estímulos para, conceitual e

    pragmaticamente, avançar rumo à cerradania, esta teimosia em não esperar o

    Gênesis e o seu mundo criado, co-evoluir com a natureza (Porto Gonçalves, ).

    Ao assumir a condição de criaturas e criadora/or (Gomes et al,2011) se bater -

    de maneira incansável - garantir ou arrancar os direitos plenos à toda

    humanidade e à sua natureza, nestas partes do mundo. Tudo fôrro.

    2. Dos saberes e da cerradania – uma longa história

    Neste contexto, de longa duração ( Burke, ), o projeto Casa das Palavras –

    uma escola popular de comunicação compartilhada se (re)articula, em sua etapa

    mais recente, no bojo das lutas sociais contra as monoculturas discursivas - do

    ponto de vista epistémico como de suas facetas projetadas e assumidas no

    hidroagronegócio-mídia brasileira (Nogueira e Bandeira, 2019) - no presente e

    na trajetória histórica do país e, neste caso, dos povos e culturas dos cerrados

    centrais, cerradeiras/os e savaneiras/os.

    E se constitui no processo histórico-cultural e, também, do Abya Yala e de suas

    epistemologias do sul (Santos e Meneses, 2011), na trajetória da/o mullier/homo

    cerratensis (Beltran apud Barbosa, 2016) que, de modo específico, estimula(m),

    agora com vínculos acadêmicos, projetos de sociedade e de futuro, que

    carregam historicamente, e oferecem à humanidade proposta de direitos plenos

    aos seres humanos, não-humanos e à natureza, a cerradania (Rocha e Costa,

    2016; Barbosa, 2017).

    Assim, portanto, se propõe, antes de mais nada, e partindo dos universos sociais

    em que a extensão se encontra implicada e, num diálogo ousado e criativo com

    a pesquisa e o ensino (formais e informais, para além de limites pré-existentes),

    recriar as condições indispensáveis para reencontro com esta memória histórica,

    que se inicia há 18 mil anos (Barbosa, 2005), e as tecnologias ancestrais - que

    são portadoras/es - indispensáveis à humanidade, hoje, nas suas ambições de

    continuidade.

  • 7

    Neste reencontro – histórico, metafórico e mítico - com as sociedades da

    reciprocidade (Ribeiro,2005), formar narradoras/es populares (jornalistas,

    cineastas, fotógrafas/os, comunicadoras/es produtoras/es culturais,) e se

    implicar no movimento por outras epistemologias e métodos libertárias/os6 e, daí,

    articular rede de comunicação e conhecimento ( Martins, ; Rocha, 2011), como

    contraponto às multinacionais do veneno simbólico (Rocha e Talga, 2016) e sua

    arrogante monocultura discursiva ( Lander, 2005).

    Casa das Palavras, então, se apresenta como plataforma extensionista

    permanente - convicta e apta - às práticas, estudos, reflexão, ensino e pesquisas

    em jornalismo compartilhado e como núcleo articulador da ABPcom - Associação

    Brasileira de Pesquisadoras/es e Comunicadoras/es em Comunicação Popular,

    Comunitária e Cidadã. Ou seja, em síntese, plataforma- também compartilhada

    – no esforço por outra epistimé e, como projeto articulado, rumo à universidade

    popular concreta e criativa.

    2.1. Da vida e da teoria no campo popular

    A proposta de uma escola popular de comunicação, nos cerrados centrais,

    ganha mais corpo nas lutas sociais dos últimos 40 anos. Isso com ocupações

    vitoriosas do Jardim Nova Esperança do movimento das posses urbanas e suas

    escolas populares de fundo de quintal que, em caráter antecipatório - conceitual

    e pragmático - percebe que, ao lado da terra, se teria que travar e ganhar

    também a batalha da informação (Azevedo apud Rocha, 1987) no intenso

    processo de conquista do solo urbano em Goiânia.

    Ao utilizar a ocupação - enquanto método e elemento determinante da tradição

    camponesa de origem - e eleger o simbólico como esfera de embate/combate,

    esta mulher e este homem simples atropelam, ainda, a perspectiva elitista da

    comunicação como responsabilidade de um grupo, a burguesia e seus

    6 . Freire, ; Brandão, : Rancière, ; Fals Borda, ; Gutierrez, ;

  • 8

    intelectuais homologados, na iniciativa da palavra pública por seus próprios

    meios de comunicação e ao se vincular à mais radical esfera simbólica, as (suas)

    rádios livres.

    Assim, dos comunicados aos boletins; das escolas de fundo de quintal ao jornal

    Quatro de Outubro, “Quem sabe, escreve; quem não sabe ainda, dita” –; do

    teat(r)o popular às poetisas e poetas; dos cantadores e repentistas; da tv

    ambulante, a primeira portátil e em cores da cidade, às rádios em ondas livres,

    chega-se à uma aliança, crítica e criadora, com a Projornal e, depois, com o

    Curso de Jornalismo e o seu programa A Outra Face, por sete anos até ao veto

    na Rádio Universitária.

    Trajetória compartilhada que se articula, à época, com a Rádio livre Meia Ponte,

    Pirenópolis, e se espalha pelos povos e grupos sociais cerradeiros e savaneiros.

    Onde se destacam, de certo modo, o TV Criança Lambança, no Pompéia; Terra

    Encantada- gente miúda, direitos integrais, no Sertão, Alto Paraíso; e TV Che,

    em Itaberaí; e o Bafo do Dragão, em Jorge, Alto Paraíso - bases constitutivas

    ousados em educomunicação e jornalismo popular, assumidas, no caso, por

    crianças e adolescentes.

    Antes, entretanto, a comunicação, com bases comunitárias – que se converte

    em disciplina graças a um movimento nacional dos estudantes comunicação,

    1984 – contribui nas relações ativas do curso de jornalismo (UFG) com

    movimentos sociais populares, na cidade e no campo. Capacidade de trabalho

    compartilhado que a universidade herda da experiência e dos quadros da

    Projornal- ex-cooperativa de jornalistas profissionais, que foram ou são

    professoras/es do curso.

    Assim, além de posseiras/os urbanas/os, os projetos, ainda que via disciplinas

    curriculares, se envolveram em construções ricas com outros movimentos.

    Como o negro, das prostitutas, de meninas/os em situação de rua, deficientes

    físicos, visuais e mentais, escolas públicas, portadoras/es de hanseníase, de luta

    pela reforma agrária, povos originários e a marcante contribuição no esforço

  • 9

    simbólico, bem sucedido, do povo Calunga em barrar a hidrelétrica Foz do

    Bezerra, de Furnas, pelo Plano 2010.

    Práticas da comunicação - produção de informação, bens culturais e

    conhecimento - nos movimentos sociais, povos e escola pública que, apesar das

    dificuldades e desafios, às vezes imensos, foram os ambientes estimulantes,

    enquanto possibilidade e método, que levará, a prêmios, parcerias e participação

    em eventos e festivais internacionais. Ou seja, uma prática, insubmissa, que se

    constitui e ganha alma na luta pela posse /vivência com terra, nos espaços da

    cidade e do campo.

    Alguns projetos mais recentes, a exemplo do Berra Lobo – comunicação e

    conhecimento compartilhados contribuíram com esta perspectiva de que, nos

    universos sociais populares, as coisas e gente se movem de maneira holística

    (Coronil apud Lander, 2005) e em tempos distintos do imposto o capital

    (Visvanathan, 2004). Núcleos e projetos diversos se articulam, pacientemente,

    no reencontro de saberes e tecnologias ancestrais e, assim também, do buen

    vivir, do teko porá, do impej (Gomes et al, op.cit ).

    3. E assim foi: berra lobo como eixo articulador

    O berra lobo, enquanto projeto e portal, estimulado a se deslizar e compreender

    as relações e dimensões que os grupos populares, neste continuum cidade-

    campo e ao assumiu atividades de educomunicação em escolas, rurais e urbana,

    bem como alia o cinema como esfera de diálogo simbólico nestes grupos, com

    o Cine Sereno – as estrelas de nosso caminhar, ajuda a avançar a compreensão

    e o esforço de se criar, também, um circuito popular de produção e exibição de

    filmes e documentários.

    Processos, articulados e articuladores, que geram o complexo Magnífica Mundi

    e seu coletivo gestor. Com webtv e webrádio, laboratórios e ferramentas de

    radiodifusão comunitária, em FM, teatro, produção em cinema e audiovisual,

    jornalismo do traço, publicações e livros, além de parcerias nacionais e

    internacionais – como plataforma, simbólica e pedagógica, a Magnífica surge na

  • 10

    corresponsabilidade de, no tempo e espaço, formatar, num esforço conjunto e

    compartilhado, uma universidade popular nos cerrados e savanas.

    A decisão recente de se pensar – e articular – escola popular de comunicação

    surge nas dinâmicas e reflexões do ciclo de capacitação de jornalistas e

    radialistas populares no Centro de Formação Santa Dica dos Sertões, em

    Corumbá de Goiás. Isso em uma iniciativa do Núcleo de Comunicação e

    Educação do Acampamento D. Tomas, do MST, e os Laboratórios Integrados

    em Jornalismo Compartilhados e Coletivo Magnífica Mundi, do Curso de

    Jornalismo-UFG, durante oficinas em rádio comunitária, em 2014.

    Em oito encontros, tendo a Rádio livre do Trabalhador, FM, 104.8, como

    laboratório e ferramenta de construção de narrativas coletivas sobre o

    movimento e a disputa/ocupação de terras. Solos que, em sua maioria, estão

    confiscados, segundo o movimento, por Eunício de Oliveira, entre os municípios

    de Corumbá e Alexânia, depois que a emissora comunitária local se recusou.

    Contrariando assim a lei, em assegurar espaço para um programa a ser

    produzido e apresentado por crianças do acampamento.

    Mesmo depois da ida da maioria absoluta dos acampados para Formosa ou

    outros assentamentos , as demandas pela continuidade da formação de

    jornalistas e radialistas populares, bem como das rádios comunitárias, em onda

    ou pela web, se ampliaram para outros municípios, sobretudo dentro do Projeto

    Berra Lobo e sua parceria com os Territórios da Cidadania, que envolveram,

    também, as escolas família agrícola e os encontros da juventude no Médio

    Araguaia, Vale do Araguaia, Norte e Estrada de Ferro.

    Ao mesmo tempo, foram determinantes, como convencimento e articulação,

    oficinas em comunicação compartilhada, no campus UFG-Catalão, tendo a

    Associação de Docentes/UFG-Catalão, ADCAC e grupos populares e culturais

    locais, agora articulados com o campo e os Atingidos pela Mineração e pelas

    Barragens, assumindo as corresponsabilidades nos processos de formação e de

    construção de uma rede de comunicação controlada e alimentada e co-gerida

    por quem trabalha e produz, de fato.

  • 11

    Nestes universos e nestes fluxos é que ganham corpo, como necessidade

    estratégica , a organização e consolidação da escola popular de comunicação

    que, face às urgências e como espaço para formação de jornalistas, radialistas,

    fotógrafas/os e câmeras, web designers e programadoras/es, publicitárias/os e

    produtoras/es e animadoras/es culturais populares, que possa(m) , ao mesmo

    tempo, co-construir rede, também popular, de comunicação, bens culturais e

    saberes/conhecimento.

    Com a ambição, ainda, de, ao se articular com outras esferas do conhecimento

    e da existência. Devolvendo a comunicação – onde o jornalismo popular

    compartilhado se situa, convicto – ao cruzamento das ciências sociais e, daí,

    avançar, num mergulho mais profundo, na compreensão e formulação de outras

    teorias, calcadas num diálogo criativo e vivencial com a sociologia, a filosofia, a

    antropologia, a história, na educação física e artes cênicas e corporais, bem

    como as ciências da vida e da terra.

    Ao lado de metodologias e vertentes teóricas compartilhadas que atendam –

    compreendam e fortaleçam – esta dimensão da cultura. Tudo em uma sólida e

    contínua construção epistêmica insubmissa, considerando que as práticas de

    rádio livrismo, como esfera do midialivrismo, se vinculam ao que existe de mais

    radical nos embates contra os latifúndios imateriais e as suas multinacionais do

    veneno simbólico e suas retransmissoras em ondas e imagens – alienadas e

    alienantes – em cada estado e cidade

    Assim, a proposta germina nas urgências socioculturais e políticas, de

    participação em diferentes escalas , das articulações de povos, movimentos e

    grupos sociais, e, evidente, das condições objetivas advindas da revolução

    tecnológica, - ou seja, a era bens comuns - e da necessidade/dever ético/moral

    de se trabalhar para uma justiça material, simbólica e cognitiva nas várias

    esferas do local, do nacional e do global – uma profunda distribuição de bens

    materiais e imateriais em cogestão popular.

    Como núcleo de formação e produção, compartilhadas, tem claro que isto só

    será possível no caminhar, conjunto, movimentos sociais/povos originários e

  • 12

    transportados-universidade, dentro, agora, também de um projeto de

    universidade-popular com a convicção, epistêmica e metodológica, de que a

    liberdade de informar e se informar no mundo contemporâneo dependerá de

    arrancar das elites o monopólio de falar a grupos maiores e à distância que, se

    nota , está muito além da ocupação solitária das redes sociais.

    4. Da peleja pelas liberdades plenas – as rádios livres

    Há exatos 40 anos, depois que Robinho Azevedo sugeriu travar e ganhar ,

    também, a batalha da informação ( Rocha,op.cit ). A primeira rádio comunitária,

    em cogestão de movimentos sociais populares, Noroeste FM, 87.9, fez sua

    transmissão experimental consolidando, assim, a trajetória de luta do movimento

    de posseiras/os urbanas/os pelo direito em distribuir , para o todo social,

    conteúdos em informação, bens culturais e conhecimento , sem mediação do

    capital e de suas elites locais.

    Sua inauguração, em março, Morada do Sol, segue, ainda que de maneira

    indireta, 7a trajetória da Rádio Alternativa, 104, FM. Rádio que, por muito tempo,

    funcionou de maneira livre - e clandestina – na Nova Esperança, com

    intervenção simbólica e política

    no bairros da região e em outros movimentos sociais. Práticas que valeram

    processo, na polícia e justiça federais 8. Pois, à época, o radiolivrismo era

    7 O processo recai sobre Helio Antonio Oliveira,então presidente da Associação de Moradores da Nova

    Esperança

    8.Conferir, neste sentido, A Rádia é Legal ( Rocha, Ferraz e et al ,1995). Ainda Cruz (1995), Lima (1995) e

    Sntos ( 1995)

    9Algo bem retratado no documentário Piratas para quem? (Gomides e Peixoto, 2018)

  • 13

    enquadrado na lei de segurança nacional (Matellart, op.cit; Coelho, 2002; Negri

    et al, 1986).

    A história das rádios livres comunitárias, em Goiás, inicia com dois polos

    marcantes: Meia Ponte9, em Pirenópolis, a 125 quilômetros de Goiânia, e as

    emissoras - ao lado e, às vezes, utilizando o mesmo nome da Alternativa - do

    movimento pelo solo urbano. Os riscos da repressão policial-jurídico, a

    inexistência da internet e altos custos de equipamentos dificultavam, ao contrário

    de hoje, a construção destas rádios apesar da eficiência e forte apelo popular.

    Assim, foi necessário um esconde-esconde3.

    São coisas que vão acontecendo porque a cada “taca” da polícia, você tinha que discutir a próxima estratégia. A polícia pegou nós aqui... então não podemos repetir esse erro. Uma vez polícia prendeu nossas cornetas. Então não dava pra gente dar bandeira de novo com as cornetas. A polícia queria me prender uma ver com uma câmera Panasonic. Bom, se a polícia prendesse aquela câmera, pronto, acabou a TV AMBULANTE, era a única coisa que nós tínhamos. Então, em cada momento você vivia uma tática... ‘a própria forma de você toriar o pau é que o tom do machado´. A polícia vai prender as cornetas, então amarra as cornetas lá na galha do pau, porque na hora que a polícia chegar, você pega apenas o microfone com o amplificador e sai correndo. Então, a corneta vai fiar lá em cima e policial não via subir em poste para tirar corneta. Então, você vai criando fatos e condições, que vai permitindo você sobreviver. Por exemplo assim funcionava a rádio... e era uma maneira... é claro que uma corneta em cima de um fusca, ela tinha uma área de alcance, lá no poste ela tinha outro. Então, essas técnicas você via, vivendo (idem: 91)

    A internet, além de permitir transmissão dois-em-um, com longo alcance – em

    ondas eletromagnéticas e via web - facilita a cogestão, produção e apresentação

    de programas à distância, via computador celular. Além de que, em certos casos,

    ajuda driblar a vigilância e repressão policial pois os estúdios não precisam,

    necessariamente, estar, como antes, junto aos transmissores. Na Nova

    Esperança, a rádio mudava de endereço. Até à aliança tática com policiais, do

    bairro, e dividiu muro com o posto da Polícia Militar.

  • 14

    ...A polícia liquidou Rádio Alice, (purchassés) condenou os programadores, seus locais foram

    pilhados, mas seu trabalho revolucionário de desterritorialização persiste (persegue?) (inlassablement) até as fibras nervosas de seus persecutores. » (Guatari, 1977, apud Berardi,2011).

    Assim, posseiras/os se inserem no movimento nacional de rádios livres e se

    ligarem. De maneira objetiva, à vertente mundial da disputa popular pela

    democracia simbólica radical (Guatari,1985; Berardi, op.cit; Dowing, op.cit; Magri

    et al, op.cit.; Coelho, 2002; Rocha, o.cit.), porque efetiva, da produção e

    distribuição de conteúdos imateriais, nas sociedades. As rádios, como

    instrumentos específicos, e o próprio movimento, em si, acabam sendo espaços

    de aprendizados e articulação.

    Recebido com desconfiança no Brasil - temia-se à violenta repressão - o

    movimento, portanto, pertence a quem o constrói, todas e todos – “são uma

    legião “– que sabem que jamais “poderão se exprimir de maneira conveniente

    nas mídias oficiais”. O esforço articulador é criar “as melhores condições de força

    possíveis para os movimentos de emancipação dos jovens, das mulheres, dos

    negros, dos trabalhadores, das minorias sexuais, dos ecologistas, dos pacifistas,

    etc.” (Guatari apud Magri et al: ).

    Para o autor, as rádios livres não são filhas fantasmagóricas da “belle époque

    dos meia-oito”, segundo jornalista da Folha de S.Paulo, “trata-se, pelo contrário,

    de um movimento que se instalou, nos anos 70, como reação à uma certa utopia

    abstrata dos anos 60”. Representam, antes de mais nada, “uma utopia concreta,

    suscetível de ajudar os movimentos de emancipação desses países a se

    reinventarem” (idem ) Ao cumprir sua função mobilizadora, de embate e

    combate, contribuem, portanto, na organização permanente das sociedades e

    suas comunidades; uma escola popular

  • 15

    Trata-se de um instrumento de experimentação de novas modalidades de democracia, de uma democracia que seja capaz não apenas de tolerar a expressão das singularidades individuais e sociais, mas também de encorajar a sua expressão, de lhes dar a devida importância no campo social global. Isso quer dizer que as rádios livres não são nada em si mesmas. Elas só tomam sentido como componentes de agenciamentos coletivos de expressão de amplitude mais ou menos grande. Elas devem se contentar em cobrir pequenos territórios; poderão pretender entrar em concorrência, através de redes, com as grandes mídias: a questão fica em aberto. O que, a meu modo de ver, a resolverá é a evolução das novas tecnologias (ibid: ).

    Descentrar as redes de produção e difusão não garantirá a pluralidade dos

    enfoques, para Magri. Rádio e tv, no país, são a convergência – nunca

    democrática - do aparelho estatal, redes de comunicação e distribuição

    simbólica, sistema publicitário e indústria fonográfico, organizados em forma de

    pool. “A sociedade está excluída do monopólio que elas fabricam, pois só atua a

    nível de receptora de informação, mas ela própria não pode produzir e distribuir

    a informação que lhe interessa” (Magri et al, op.cit: 16)

    Após a fase de dispersão, esboçou-se um processo de recomposição do movimento (palavra

    também muito importante no novo vocabulário italiano: Rádio Alice é uma rádio no movimento) [...]. A originalidade de Alice era o de ultrapassar o caráter puramente “sociológico”, digamos assim, das rádios independentes, e de se assumir como projeto.Rádio Alice entrou no olho do furacão cultural – subversão da linguagem, surgimento de um jornal A/traverso. Mas ela também estava diretamente mergulhada na política e quis “transversalizar” (57

    Dois projetos, portanto, passaram a cumprir este papel fundamental, segundo

    Guatari, de ser “rádio no movimento” e, portanto, em movimento: a(s) Alternativa

    (s) das posses urbanas10, e a Magnífica Mundi11, com laços afetivos e informais

    com o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás. Rádios livres

    fechadas, pela Anatel/polícia federal. A primeira, emprestada ao Movimento de

    Resgate da Cultura Popular; outra, no bairro junto ao Campus II, em parceria

    com o projeto Faz Arte.

  • 16

    Assim, as transmissões desta natureza se multiplicaram em assentamentos

    ou acampamentos de reforma agrária, escolas da rede pública estaduais e

    municipais, mulheres, sindicalistas. Algo que possível graças à aliança

    movimento de posseiras/os, ex-cooperativa de jornalistas de Goiás e o núcleo

    da comunitária da Universidade Federal de Goiás que, de maneira consorciada,

    cogeriam o uso de transmissores que rodavam segundo as demandas de

    movimentos sociais e escolas de comunicação pelo país.

    Não dá para dizer, rádio livre é isso ou é aquilo outro, pelo simples fato de que qualquer um ou uns podem fazer a sua própria rádio, falar do que bem entender ou não falar, tocar música ou cânticos, fazer entrevistas com a mãe ou a vizinha, discursar contra a morte de fulano ou o barulho das beija-flores, reclamar do salário atrasado, dos políticos corruptos, da chatice das novelas da Globo e do SBT e da Manchete, propor melhorias para o bairro onde mora, candidatar-se a presidente do mundo, prometer acabar com a burrice travestida de inteligência do Jornal Nacional e dos meios de informação tradicionais, conversar com o papagaio do vizinho e entrevistar o filho recém-nascido da cunhada do irmão. Uma lista infindável. Livre é livre (Magri, op.cit: 33).

    Rádio livre é, portanto, a comunicação compartilhada e postura política de recusa

    aos meios de comunicação do capital, mas, sobretudo, tratar das liberdades e

    dos direitos plenas/os. O que garante às crianças co-gerenciar a tecnologia,

    gerar e distribuir conteúdo à cidade, em ondas eletromagnéticas. Ao tentar torná-

    las invisíveis, “isto é:exterminar”, a “emissão dos meninos de rua de Goiânia é

    uma conexão direta com as experiências mais significativas de rádios livres que

    o mundo conheceu” (Vaz,1996: 9)68

    8 . “Do ponto de vista da autonomia sobre esta questão dos meios de comunicação de massa é que cem flores desabrochem, que cem rádios transmitam....

    A guerrilha da informação, a subversão organizada da circulação das informações, a ruptura da relação entre emissão e circulação de dados... situa-se no interior

    da luta geral contra a organização e a dominação do trabalho…

    A interrupção e a subversão dos fluxos de produção e circulação de signos emitidos pelo poder são um campo sobre o qual podemos agir diretamente.”.. (Guatari,

    1986: 57).

  • 17

    Bibliografia

    BARBOSA, Altair Sales ( 2002) Andarilhos da Claridade – os primeiros habitantes do Cerrado.

    Goiânia: Universidade Católica de Goiás. Instituto do Trópico Sub-úmido.

  • 18

    BRITO, Adilson J. Ishishara ( 2008) “ Viva a Literté”: cultura política popular, revolução e

    sentimento patriótico na independência do Grão Pará , 1790-1824”. Dissertação (Mestrado).

    Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

    BURKE, Peter (1989) Cultura popular na idade moderna. S. Paulo: Companhia das letras

    CASTRO- GOMEZ ( 2005) “Ciências sociais, violênncia epistêmica e o problema da invenção do

    outro In LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais.

    Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad

    Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro.

    CECEÑA, Ana Esther (2004) Los desafios del mundo em que caben todos los mundos y la

    subversión del saber histórico de la lucha. Revista Chiapas 16. ERA-IIEc México. Acedido em.

    10.02.2008 www.ezln.org/revistachiapas. Acesso em 10.09.2019.

    DUSSEL, H ( 1977). Filosofia y ética latinoamericana. Edicol. Ciudad de México

    GOMES, Ana Clara et al (2013) “O Buen vivir como resposta à desordem do mundo – a

    cosmovisão latino-americana em oposição à modernidade e seus tempos. In FERNANFES, Ana

    Rita Vidica, SATLER, Lara Lima e DIAS, Luciene de Oliveira (orgs). Ressignificar as Fronteiras

    da Informação e Comunicação. Goânia:Contato.

    LANDER, Edgardo ( 2005). “Ciencias sociais: saberes coloniais e eurocêntricos”. En libro: A

    colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas.

    Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires,

    Argentina. Setembro. Pp.21-53.

    PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter 2009) “ O Latifúndio Genético e a R- Existência

    Indígeno Campesina. In Geographia. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense. In

    www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/.../86

    MARTINS, José de Sousa (2000) A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Hucitec.

    http://www.ezln.org/revistachiapashttp://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/.../86

  • 19

    PERUZZO, Cicilia M.K.; TUFTE, Thomas; CASANOVA, Jair Vega (Orgs.). Trazos de una otra

    comunicación en América Latina: Prácticas comunitarias, teorias y demandas sociales.

    Barranquila, Col: Universidad del Norte, 2011, 352 p.

    RAMA, Angel (2015) A Cidade das Letras. S. Paulo: Boitempo.

    ROCHA, Nilton José dos Reis e TALGA, Dagmar Olmo ( 2016) “Mídia e Agrotóxicos no

    Agronegócio do Capital, Envenenamento Humano e Simbólico do Planeta”. In Razón y Palabra,

    vol. 20, núm. 94, septiembre-diciembre, pp. 770-790 Universidad de los Hemisferios Quito,

    Ecuador

    SANTOS, Boaventura de Sousa.(Org.) (2004). Pensamento Prudente para Uma Vida Decente.

    S, Paulo: Cortez

    SANTOS, Boaventura de Sousa e MENESES, Maria Paula.(Org.) (2009). Epistemologia do Sul.

    Porto.Afrontamento.

    VISVANATHAN, Shiva ( 2004) “ Um convite para a guerra da ciência”. In SANTOS,

    Boaventura de Sousa. Conhecimento Prudente para uma Vida Decente. S. Paulo: Cortez Editora.

    pp. 757-776

    WU MING 5( 2008) “ El tiempo de la metropolis ha terminado”. In Areaciega –espacios públicos

    de resistencia . areaciega.net/.../txt_art_WuMing_metropoli.pdf – Acesso em setembro.

    http://areaciega.net/.../txt_art_WuMing_metropoli.pdf