cinquenta tons corporativos

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    Cinquenta Tons CorporativosUma Metfora Empresarial

    f|f|f|f|Sentido da Vida Parbola..........................................................................................02Apresentao..................................................................................................................04Introduo......................................................................................................................07

    Captulo 1Etimologia do termo Trabalho.....................................................................................10A Psicodinmica do Trabalho..........................................................................................16Trabalho nos dias de Hoje: Uma reflexo ou Inflexo....................................................19

    Captulo 2Estresse - Conceito..........................................................................................................27Tipos de Estresse.............................................................................................................29Causas e Consequncias..................................................................................................32

    Captulo 3Sndrome de Burnout - Definio....................................................................................35Sintomas..........................................................................................................................38Burnout, Estresse e Depresso.........................................................................................41Estratgias de Preveno.................................................................................................43

    Captulo 4Estudo de Caso Pesquisa de Campo.............................................................................46Descrio dos Objetivos..................................................................................................47Hipteses.........................................................................................................................48Metodologia ....................................................................................................................49Ferramenta de Coleta de Dados.......................................................................................5250 Tons Corporativos......................................................................................................54

    Captulo 5Resultados........................................................................................................................56

    Consideraes Finais ......................................................................................................73REFERNCIAS.............................................................................................................79

    APNDICES

    I - Carta de Apresentao da Ferramenta da Pesquisa.....................................................82

    II Prefcio do e-book Brinde.....................................................................................83

    III - Ferramenta de Coleta de Dados...............................................................................84

    IV - Carta de Agradecimento da Pesquisa.......................................................................87

    V Tabulao Quantitativa Completa ..........................................................................88

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    Cinquenta Tons CorporativosUma Metfora Empresarial

    fx|w wafx|w wafx|w wafx|w wa i|wai|wai|wai|wa cauacauacauacaua

    "Um barco, no ancoradouro, est seguro.

    Mas no para isso que os barcos so feitos."

    (William Shedd)

    As sandlias do discpulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedraque levavam aos pores do velho convento.

    Era naquele local que vivia um homem muito sbio. O jovem empurrou a pesada portade madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a poucaluminosidade.

    Finalmente, ele localizou o ancio sentado atrs de uma enorme escrivaninha, tendo umcapuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele faziaanotaes num grande livro, to velho quanto ele.

    O discpulo se aproximou com respeito e perguntou ansioso pela resposta:

    - Mestre, qual o sentido da vida?

    O idoso monge permaneceu em silncio. Apenas apontou um pedao de pano, um trapogrosseiro no cho junto parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, parao vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha.

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    Mais do que depressa, o discpulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de umapesada estante forrada de livros. Conseguiu alcanar a vidraa, comeou a esfreg-la

    com fora, retirando a sujeira que impedia a transparncia.

    O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros,dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotaes.

    Cheio de alegria, o jovem declarou:

    - Entendi mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que no permita o nossoaprendizado. Buscar retirar o p dos preconceitos e as teias das opinies que impedemque a luz do conhecimento nos atinja. S ento poderemos enxergar as coisas com maisnitidez.

    Fez uma reverncia e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o queaprendera.

    O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raiosquentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu odiscpulo se afastando, sorriu levemente e aprendeu com o discpulo que:

    - Mais importante do que aquilo que algum mostra o que o outro enxerga. Afinal, eus queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu.

    Fonte:http://reflexoeseutopias.wordpress.com/2011/07/05/sentidodavida/

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    TxxaTxxaTxxaTxxa

    ...Onde o que eu sou se afoga, meu fumo e minha ioga,

    voc minha droga, paixo e carnaval, meu zen,meu bem, meu mal....

    (Caetano Veloso)

    Cinquenta Tons Corporativo Uma Metfora Empresarial pega carona no maior

    hit literrio do momento Cinquenta Tons de Cinza1, para refletir como est

    qualidade das relaes interpessoais nos ambientes organizacionais, onde a submisso,

    tema da obra em destaque, um componente essencial que permeia o relacionamento

    empregador x empregado.

    possvel perceber que s vezes essa relao promove um duelo cruel entre o

    prazer e o sofrimento; outra temtica tratada naquele best-seller, onde o prazer,

    representado pela autorealizao, pelo status, pela segurana financeira, justifica o

    sofrimento ao submeter-se s regras perversas como abuso de autoridade, beirando o

    assdio moral; ambientes extremamente competitivos, metas intangveis ou desumanas.

    1Capa da revista Veja em agosto/12, Cinquenta tons de cinza tem se tornado motivo de polmica. Classificado comoertico por alguns e obsceno por outros, o livro o maior fenmeno literrio depois de Harry Potter. De autoriada escritora britnica E. L. James, ultrapassou a marca de 100 000 exemplares vendidos no Brasil, em apenas duassemanas. Na histria, o casal protagonista vive um trrido romance. Mas o jogo que move os dois , no mnimo,perturbador: existe um contrato entre eles, o qual determina que Anastasia seja submissa na cama a Christian Grey,um jovem milionrio. O sadomasoquismo explorado pela autora e vem da o motivo para tanta curiosidade entre osleitores principalmente entre leitoras.Fonte:http://www.odiario.com/blogs/luoliveira/2012/10/01/cinquenta-tons-de-cinza-o-sucesso-da-literatura/

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    Tudo isso personificado em colegas de trabalho desleais, lderes despreparados e

    modelos de gesto retrgrados, maquiados por discursos modernos em nome da alta

    performance competitiva, mas desconectados das melhores prticas humanistas.

    Porm importante ressaltar que essas observaes no assumem tom

    generalista; sabemos que existem empresas com gestores competentes e clima

    organizacional bem salutar e atrativo. Outro fator a ser levado em considerao que o

    sofrimento sempre fez parte da histria do Trabalho. No primeiro captulo, ao

    abordarmos a etimologia da palavra Trabalho, apresentamos um resgate histrico onde

    identificamos esse componente de maneira definitiva, ou seja, o sofrimento sempre

    esteve rondando essa atividade milenar.

    Na sequncia, ao perpetrar nos estudos do renomado Psiclogo Dr. Christophe

    Dejours, iremos identificar que sua teoria sobre a Psicodinmica do Trabalho tambm

    apresentou, como elemento do universo laboral, essa dualidade prazer e sofrimento.

    Segundo suas concluses, o Trabalho pode ser fonte destes dois opostos e que h um

    eterno prlio tentando eqalizar a manifestao equilibrada de ambos.

    Alm dessa abordagem terica onde trataremos de outros referenciais

    interessantes, apresentaremos os resultados da nossa dissertao de mestrado, onde

    fizemos um estudo de caso para investigar a manifestao da Sndrome deBurnoutemambientes corporativos. Por meio dos resultados alcanados, na Pesquisa de Campo, foi

    possvel constatar, com mais propriedade, a presena desse contraponto sofrimento x

    prazer no universo corporativo. Os 50 Tons Corporativos esto representados nos

    graus da Sndrome de Burnout, e sero mais detalhados no captulo que abordar a

    ferramenta de pesquisa.

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    Com esse livro, alm de promover o debate e a reflexo em torno da qualidade

    do ambiente organizacional, pretendo compartilhar a rica experincia que tive ao

    desenvolver minha dissertao de mestrado. Nesse exerccio pude constatar o poder das

    redes sociais que participaram ativamente respondendo a ferramenta da pesquisa, o que

    foi fundamental para o alcance dos objetivos propostos. Ao publicar este e-book

    expresso toda a minha gratido aos profissionais que dedicaram uma pequena parte do

    seu tempo contribuindo com essa jornada acadmica. Ainda nesse movimento de

    agradecimento deixarei o formulrio da Pesquisa ativo por mais um tempo, agora com a

    finalidade de oferecer uma ferramenta de autoconhecimento, uma vez que os

    respondentes recebem ao final o resultado do seu Questionrio Preliminar de

    Identificao daBurnoute um e-bookcomposto por textos e dicas de como identificar,

    prevenir e tratar essa Sndrome. Caso tenham interesse de conhecer ou at mesmo

    refazer o seu teste s acessar o link abaixo:

    http://www.pedagogiacorporativa.com/pesquisas/?ind=k_g&val=k.070

    Kathia de Castro Campos Tenor

    Outubro de 2012

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    \w\w\w\w

    O ser humano capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorvel,

    mas esta adaptao no ocorre impunemente.

    (Levi, 1971)

    O Trabalho ocupa uma dimenso essencial na existncia humana, sendo

    proeminente na concepo da identidade do cidado. O homem dedica boa parte do seu

    tempo produtivo para esta atividade. Seu desejo em conquistar e manter um sobrenome

    corporativo manifestado logo cedo na fase adulta.

    Imbudo pelo sentimento de ser, pertencer a um ambiente corporativo, e tambm

    pela necessidade de sobrevivncia em um mercado de trabalho cada vez mais recessivo,

    o ser humano, algumas vezes, prioriza seu emprego em detrimento a sua qualidade de

    vida. Por outro lado, os atuais modelos de gesto se configuram em valores distorcidos,

    com nfase nas exigncias capitalistas e mercantilistas predatrias. Essa perigosa

    equao promove vrios efeitos colaterais e um deles, o foco desta monografia, a

    Sndrome deBurnout.

    A Sndrome de Burnout tem sido mais pesquisada nos segmento da sade e

    educao. Em ambientes organizacionais temos ouvido muito pouco sobre sua

    manifestao. Partimos da premissa de que essa Sndrome tambm est presente nas

    empresas. O desenvolvimento deste trabalho pretende apresentar a Sndrome de

    Burnout ao mundo corporativo, com o objetivo de alertar seus habitantes sobre os

    efeitos danosos desse mal.

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    Primeiramente faremos um resgate histrico sobre a etimologia da palavra

    Trabalho que em sua essncia conceitual j sugere sofrimento. Falaremos tambm sobre

    a Psicodinmica do Trabalho utilizando a abordagem de Christophe Dejours,

    retratando que a equao homem x trabalho sempre exigiu esforos para se manter

    equilibrada. E para ilustrar com dados de realidade, cruzando a teoria com a prtica,

    aplicaremos uma Pesquisa de Campo para investigar a nossa Premissa.

    No temos a inteno de esgotar o tema, mas sim de fomentar esse debate de

    maneira objetiva. Alm disso, a ideia promover a conscientizao entre os

    profissionais que participarem da pesquisa, uma vez que ao final da pesquisa todos

    receberam o resultado do seu Questionrio Preliminar de Identificao daBurnouto que

    proporcionou a oportunidade de realizarem uma autoavaliao de seu estado emocional

    em relao a sua vida profissional.

    A ferramenta para coleta dos dados foi elaborada em 2 partes. A primeira parte

    com questes visando definir o perfil socioeconmico do participante e a segunda parte

    por questes que investigam alguns aspectos relacionados qualidade de vida e o

    Questionrio Preliminar de Identificao da Burnoutelaborado e adaptado por Chafic

    Jbeili, inspirado no Maslach Burnout Inventory MBI, contendo 20 itens.

    A amostra deste estudo foi composta por integrantes de grupo profissionais daInternet de vrios segmentos, mas principalmente de comunidades virtuais ligadas a

    Recursos Humanos. Os profissionais foram convidados a participar da pesquisa por

    meio da publicao de um linkeletrnico e responderam a ferramenta por adeso

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    Vrias literaturas nos do conta de que a Qualidade de vida no ambiente

    organizacional est cada vez mais ameaada. Nunca se investiu tanto em discursos

    sobre esse tema com to pouco retorno positivo sobre esses esforos. A crise de valores

    por que passa nossa sociedade reflete diretamente nas bases estruturais do mundo

    corporativo. O lado humano est cada vez ameaado pela poro capital. O sofrimento

    no trabalho vem ganhado contornos definitivos e velados de maneira sorrateira. O

    Estresse passou a fazer parte do ambiente empresarial de uma maneira to natural que

    question-lo causa mais desconforto do que incorpor-lo.

    Ao fomentarmos a reflexo sobre a qualidade do ambiente organizacional,

    alertamos para o fato de que preciso olhar com mais ateno esse aspecto, sob pena de

    termos que conviver com vrios efeitos transversais no meio empresarial.

    Consideramos fundamental conscientizar os profissionais sobre o risco a

    que eles esto expostos quando se submetem ao ambiente organizacional sem a devida

    cautela ou a proteo necessria contra esse mal que vem assolando o universo

    corporativo. Ao promover essa tomada de conscincia entre os profissionais ser mais

    fcil o despertar das empresas para esse debate e a reboque incitar o mundo corporativo

    para que reveja seus modelos de gesto.

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    Va DMVa DMVa DMVa DM

    X|z|a w x gaua{X|z|a w x gaua{X|z|a w x gaua{X|z|a w x gaua{Se os homens realmente amassem o trabalho,

    eles pagariam em vez de requerer

    o pagamento para faz-lo.

    (Henry Mayhew)

    (1812-1887)

    Ao iniciarmos este captulo com a frase de Henry Mayhew2 no

    pretendemos fazer apologia contra o trabalho. Nosso objetivo levantar elementos que

    possam nos ajudar a entender melhor o porqu dessa atividade milenar trazer em sua

    essncia sentimentos to contraditrios que vo de castigo a autorrealizao. Na

    sequncia iremos embarcar em uma breve viagem, oferecendo elementos relevantes e

    ilustrativos para compreendermos essa ambiguidade.

    2 Henry Mayhew: jornalista e escritor que viveu em Londres no sculo XVII, autor do Livro LondonLabour and London Poor, (Londres Trabalho e Londres Pobre), onde retratou os efeitos daindustrializao britnica, por meio de gravuras de madeira executadas a partir de daguerretipos que um processo fotogrfico feito sem uma imagem negativa.Fonte: http://www.fotoclubef508.com/post.php?id=220

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    A palavra trabalho geralmente est associada a algo que pesado, dolorido,

    difcil. Por exemplo, quando queremos dizer que algo no fcil dizemos isso vai dar

    trabalho, ou isso trabalhoso de mais. Outro costume em nossa linguagem coloquial

    nos referimos ao momento de extrema dor quando a mulher est parindo como

    Trabalho de parto. comum ouvirmos mes que ao reclamarem de seus filhos

    utilizando a expresso esse menino me d um trabalho!!. Antigamente os pais

    ameaavam os filhos adolescentes que no queriam estudar dizendo: se voc no

    estudar vai ter que trabalhar, como se a opo trabalho fosse realmente o castigo

    merecido para quem no quer estudar.

    Ao fazermos um resgate etimolgico da palavra trabalho iremos

    encontrar uma definio nada nobre para essa atividade humana. Durante nossa

    pesquisa nos deparamos com vrios autores fazendo referncia a origem desse termo

    com a palavra em latim tripalium, que era um instrumento de tortura. O estigma de

    experincia dolorosa, padecimento, cativeiro, castigo por muito tempo acompanhou o a

    palavra trabalho. (BUENO: 1988, p.25).

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    Codo (19993) alm de considerar o termo tripalium3 nos apresenta outra

    derivao. Segundo ele, a palavra trabalho pode ter sido originada do vocbulo latino

    trabaculu , que significava trava ou canga de escravos. (CODO, 1993, p.86).

    Canga: objeto de conteno para o transporte de comboios de africanos

    capturados no interior da frica, na viagem para o litoral. Consistia em

    uma forquilha numa extremidade que prendia o pescoo de um negro e

    terminava na outra ponta que repousava sobre a escpula do escravo queseguia o primeiro e assim sucessivamente. (MOURA, 2004, P.81).

    A fuso do conceito de castigo com o trabalho tem origem na tradio

    judaico-crist, como est registrado no Antigo Testamento (punio do pecado original).

    Na Bblia, em Gnisis, II, 19 est escrito: comers o teu po com o suor do teu rosto.

    At que voltes terra de que foste tirado; porque s p, e em p te hs de tornar.

    Na Grcia antiga eles utilizavam dois termos para designar trabalho:

    ponos, que se refere penalidade, e ergon que significa criao. Eles estabeleciam

    diferena entre trabalhar no sentido de penar, ponen, e trabalhar no sentido de criar

    ergazomai.

    3Tripalium era um instrumento feito de trs paus aguados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, noqual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho, para rasg-los, esfiap-los. A maioria dos dicionrios,contudo, registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o que teria sido originalmente, ou se tornado depois.

    Tripalium (do latim tardio "tri" (trs) e "palus" (pau) - literalmente, "trs paus") um instrumento romano de tortura,uma espcie de trip formado por trs estacas cravadas no cho na forma de uma pirmide, no qual eram supliciadosos escravos. Da derivou-se o verbo do latim vulgar tripaliare (ou trepaliare), que significava, inicialmente, torturaralgum no tripalium. comumente aceito, na comunidade lingustica, que esses termos vieram a dar origem, noportugus, s palavras "trabalho" e "trabalhar", embora no sentido original o "trabalhador" seria um carrasco, e no a"vtima", como hoje em dia.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tripalium

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    possvel identificar que a contradio trabalho-ponos e trabalho-ergon

    atravessou a histria e continua permeando a concepo moderna de trabalho. Se

    pesquisarmos o conceito de trabalho em diferentes lnguas (portugus, latim, francs

    alemo e outras) encontraremos em sua raiz sempre duas definies: esforo, fardo e

    criao, realizao. (ALBORNOZ: 1988, P23).

    Com o avano da civilizao o conceito de trabalho ganhou diversos

    matizes. Pela tradio crist, com a reforma Protestante, o trabalho passou a ser visto

    como um instrumento de salvao e como uma alternativa legtima de realizar a vontade

    divina. Para as religies ocidentais ele, o trabalho, era visto como uma atividade que

    promovia a harmonia dos homens com a natureza desenvolvendo o seu carter.

    A trajetria do termo trabalho ganhou outras dimenses. Segundo

    Sarmento, Bandeira e Dores (2000), a palavra trabalho utilizada com interpretaesdiferentes:

    A palavra trabalho usada em acepes diversas, pois tanto pode referir-se a toda e qualquer atividade humana (inclusive a puramente mental ouintelectual), ou a atividade de natureza exclusivamente econmica. Numaacepo mais restrita, trabalho respeita essencialmente a todo o esfororealizado com o corpo, ou seja, ao trabalho braal ou manual. Porm, numsentido um pouco mais abrangente, o trabalho normalmente associado produo ou troca, ou seja, a uma atividade econmica, no qual a pessoaque executa a tarefa ou que oferece a sua atividade em troca de uma

    remunerao designada de operrio, empregado ou trabalhador, e apessoa que aceita, dirige e paga o trabalho daquele como patro,empresrio ou empregador. (p.32).

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    Fiel em nossa proposta de sermos breve nessa viagem histrica e

    acreditando que os dados apresentados at presente momento j tenham sido suficiente

    para delinear a gnese do termo trabalho, pularemos para a Idade Moderna, onde o

    trabalho comea a ganhar outros contornos e a diferenciao entre trabalho

    qualificado e o no qualificado, entre produtivo e o no-produtivo, enfatizando a

    distino entre trabalho manual e o intelectual. Com surgimento e a consolidao

    da burguesia, o desenvolvimento das fontes produtivas e a evoluo da cincia,

    enfatizou-se a condenao do cio, santificou-se o trabalho e a produtividade. (KURZ:

    1997,P.3).

    O trabalho tornou-se uma atividade compulsiva e incessante; a servido

    tornou-se liberdade e a liberdade, servido (KURZ:1997, p3). A mxima Tempo

    Dinheiro ganha fora e o tempo livre vira sonho de consumo.

    A lgica do trabalho permeou a cultura, o esporte e, at mesmo, a

    intimidade. A maioria das aes humanas passa a ser desenvolvidas dentro o foco de

    Business Intelligence4 , ou seja, tudo visto como uma possibilidade de ganho, no h

    mais espao para atividades sem fins lucrativos.

    44Inteligncia empresarial (em inglsBusiness Intelligence), refere-se ao processo de coleta,organizao, anlise, compartilhamento e monitoramento de informaes que oferecem suporte a gestode negcios.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_empresarial

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    Em linhas gerais o nosso objetivo neste primeiro momento era traar um

    panorama bem sucinto sobre os alguns movimentos que o conceito do termo trabalho

    passou e ainda passa. possvel identificar que o esforo da sociedade em humanizar o

    trabalho no acabou de maneira eficaz com sofrimento, apenas alterou sua forma e

    transferiu sua dimenso de fsica para mental. Hoje em dia esse sofrimento se apresenta

    de forma velada, sem grandes alardes. Talvez resida a o fato de ser bem mais difcil

    enfrentar as questes negativas radicadas em seu bojo. De posse dessa informao

    poderemos entender um pouco mais esse rano de sofrimento que ainda permeia as

    relaes de trabalho.

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    T c|w||a w gaua{T c|w||a w gaua{T c|w||a w gaua{T c|w||a w gaua{

    "A psicodinmica5 vai bem,

    mas temos um paradoxo,

    o trabalho vai mal".(Christophe Dejours)

    A frase em epgrafe foi proferida por Christophe Dejours6, psiquiatra e

    psicanalista francs, quando esteve no Brasil em 1980, para lanamento de seu Livro

    sobre a Psicopatologia do Trabalho. Ela resume de maneira enftica a viso de que o

    mundo laboral precisa repensar suas prticas.

    As declaraes de Dejours abalaram o mundo corporativo e provocaram

    discusses importantes em relao s prticas de gesto de pessoas. Dentre elas, a

    questo sobre avaliao individual que tem como reflexo um grande impacto na sade

    mental do trabalhador.

    5Psicodinmica o estudo e teorizao sistemticos das foras psicolgicas que agem sobre ocomportamento humano, enfatizando a interao entre as motivaes consciente e subconsciente.[1] Oconceito original de "psicodinmica" foi desenvolvido porSigmund Freud.[2] Freud sugeriu que processos

    psicolgicos so fluxos depsicoenergia num crebro complexo, estabelecendo uma "psicodinmica" nabase da energia psicolgica, que refere-se libido.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicodin%C3%A2mica

    6 Christophe Dejours um psiquiatra e psicanalista francs, nascido em 1949, diretor do laboratrio depsychologie du travail no Conservatoire national des arts et mtiers. Ele aborda a questo do ponto devista da psychodynamique ocupacional, privilegiando temas como as distncias que separam atarefa exigida da realizada, os mecanismos de defesa contra o sofrimento, o sofrimento tico e oreconhecimento da atividade do salariado.Fonte: Psychiatry on line Brazil http://www.polbr.med.br/ano09/fran1109.php

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    A individualizao do desempenho isola o indivduo e o deixa mais frgil, uma

    vez que no tem como contar com a solidariedade dos colegas. Destruindo a cooperao

    que havia no passado. A incidncia de assdio moral, os adoecimentos mentais, e at

    mesmo suicdios relacionados ao trabalho crescem. Por isso, o trabalho vai mal.

    Dejours amplia os horizontes das prticas de gesto com sua nova denominao

    nos anos 90: Psicodinmica do Trabalho. Na dcada de 80, ele se utiliza da

    Psicopatologia do Trabalho para entender como os trabalhadores esto adoecendo em

    uma organizao fundamentalmente taylorista7. Dejours ao desenvolver sua teoria da

    Psicodinmica do Trabalho procura ressaltar as dimenses de sofrimento e prazer

    inerentes da insero do homem no ambiente organizacional.

    7Taylorismo uma concepo de produo, baseada em um mtodo cientfico de organizao dotrabalho, desenvolvida pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor (1856-1915). Em 1911, Taylor

    publicou Os princpios da administrao, obra na qual exps seu mtodo.A partir dessa concepo, o Taylorismo, o trabalho industrial foi fragmentado, pois cada trabalhador

    passou a exercer uma atividade especfica no sistema industrial. A organizao foi hierarquizada esistematizada, e o tempo de produo passou a ser cronometrado.

    Fonte: http://www.infoescola.com/administracao_/taylorismo/

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    Segundo sua anlise o trabalho que pode ser fonte de sofrimento patognico e

    desequilbrios, pode tambm ser construtor da sade mental. Neste exerccio ele prope

    uma anlise no que diz respeito necessidade de contextualizar o intercmbio entre

    sade mental e trabalho dentro da relao social. O norte dessa anlise deve levar em

    considerao a normalidade e no a loucura, pois a maioria dos trabalhadores, a

    despeito das presses que sofrem em seu ambiente de trabalho no descompensam

    psiquicamente. (Dejours, 1999)

    Perante as dificuldades que se apresentam nos ambientes organizacionais, os

    indivduos podem criar estratgias coletivas defensivas, que por sua vez, tem a

    possibilidade de alterar a percepo que eles tm da realidade geradora de sofrimento.

    Para Dejours e Abdoucheli (1994), a estratgia defensiva uma conveno do grupo

    que ameniza a tenso, minimizando o desprazer e, muitas vezes, gerando mais trabalho,

    pois estas estratgias surgem devido s presses organizacionais do trabalho, contra as

    quais so arquitetadas e que, para funcionarem, solicitam a participao de todos os

    membros do coletivo.

    Fica evidenciado, por meio dos seus estudos, que o trabalho mesmo gerando

    sofrimento patognico e desequilbrios, pode tambm promover a sade mental. Essa

    situao dialtica entre sofrimento e prazer no trabalho passa a ser o foco de estudo da

    psicodinmica do trabalho. Para Dejours e Abdoucheli (1994) o sofrimento intrnseco

    ao trabalho gera uma vivncia que se articula entre a sade e a doena, ou seja, umaexperincia intermediria entre estas duas dimenses. Portanto, a normalidade no

    pressupe ausncia de sofrimento e sim o resultado das diversas estratgias utilizadas

    pelos sujeitos para enfrentarem as situaes geradoras de sofrimento, transformando-as

    em prazer, mantendo a estabilizao psquica e somtica. Tal sofrimento inerente ao

    mundo do trabalho, isto , o encontro do homem, em sua trajetria individual e singular,

    com o mundo corporativo.

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    Os estudos nos apontam dois tipos de sofrimento que se originam no ambiente

    organizacional: o sofrimento criativo e o sofrimento patognico. O primeiro se

    manifesta quando o trabalhador consegue elaborar solues originais, que possam

    favorecer a sua sade. O sofrimento patognico ocorre quando foram explorados todos

    os recursos defensivos do indivduo, quando todas as fronteiras de liberdade na

    transformao, gesto e aperfeioamento da organizao do seu trabalho j foram

    utilizados sem sucesso, dando incio destruio e ao desequilbrio psquico do sujeito

    e, conseqentemente, ao aparecimento da doena. Isso acontece quando no h nada

    alm das presses fixas e rgidas, ocasionando a repetio e a frustrao, o medo, ou osentimento de impotncia. (Dejours, 1999) Diante dessa situao de desconforto no h

    vazo da energia no exerccio do trabalho e ocorre um acmulo no aparelho psquico,

    promovendo uma sensao de desprazer e tenso.

    Quando o sofrimento patognico se instala pode ocorrer o aparecimento de

    doenas. Essas doenas so somatizaes que surgem quando as defesas individuais so

    necessrias para lutar contra a doena mental e aliviar o sofrimento. Desta forma, o

    sofrimento , antes de tudo, manifestado no corpo, comprometido no mundo e nas

    relaes com o outro (Dejours, 1999). Muitas vezes as condies ofertadas pelo mundo

    corporativo provocam no trabalhador uma posio psicolgica desgastante, promovendo

    conflito com os valores do trabalho bem feito, o senso de responsabilidade e a tica

    profissional.

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    Bem, essas foram algumas das contribuies que a abordagem da Psicodinmica

    do Trabalho fez e continua a fazer para melhorar ou at conscientizar o mundo do

    trabalho. Nossa inteno ao trazer esse tema em tela era oferecer subsdios relevantes

    para apoiar nosso trabalho e anlise dos dados levantados em nossa pesquisa.

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    gaua{ w|a wx {}xMgaua{ w|a wx {}xMgaua{ w|a wx {}xMgaua{ w|a wx {}xMha xyx |yxha xyx |yxha xyx |yxha xyx |yx

    "... e sem o seu trabalho um homem no tem honra

    e sem a sua honra se morre, se mata...".

    (Gonzaguinha)

    (1945-1991)

    Aps a Segunda Guerra Mundial, durante trs dcadas aproximadamente, houve

    um crescimento econmico nas sociedades industrializadas, o avano tecnolgico e

    cientfico melhorou consideravelmente as condies de vida das pessoas. Assistimos a

    evoluo da humanidade caminhar com passos largos no campo da cincia e tecnologia,

    atingindo patamares sem precedentes na histria da civilizao. Porm nas ltimas

    dcadas, estamos sentindo mais de perto o processo da mundializao do capital, um

    dos efeitos da Globalizao8.

    8 Globalizao: O processo de globalizao um fenmeno do modelo econmico capitalista, o qualconsiste na mundializao do espao geogrfico por meio da interligao econmica, poltica, social ecultural em mbito planetrio. Porm, esse processo ocorre em diferentes escalas e possuemconsequncias distintas entre os pases, sendo as naes ricas as principais beneficiadas pela globalizao,

    pois, entre outros fatores, elas expandem seu mercado consumidor por intermdio de suas empresastransnacionais. Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm

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    Nem os pases do primeiro mundo conseguiram sair ilesos dessa crise

    generalizada. Os governos contraram dvidas astronmicas e o reflexo desse caos

    econmico respinga de maneira direta no mercado de trabalho que assume

    caractersticas de recesso. Poucos pases fogem dessa condio crtica, a maioria est

    enfrentando a crise do desemprego e a consequente degradao social.

    O mercado de trabalho no Brasil, na dcada de 90 sofre consequncia da

    reestruturao produtiva e, principalmente, os efeitos das polticas neoliberais que

    inserem nosso pas na dependncia direta com o FMI9 e o Banco Mundial. Esse efeito

    de submisso foi mais evidenciado no governo de Fernando Collor (abertura da

    economia) que, conforme Druck (1999), representou uma vitria de implementao das

    polticas neoliberais no Brasil. A promoo de circulo vicioso do neoliberalismo, na

    economia mundializada, provocou no mercado de trabalho brasileiro um processo

    estrutural de desemprego e de desigualdade social. Druck (200) resume bem esse

    panorama ao afirmar que:

    ....pode-se afirmar, por exemplo, que ampliou-se, nos anos noventa, o

    grau e a abrangncia da precarizao do mercado de trabalho brasileiro

    quer porque aumentou a proporo de pessoas ocupadas em atividades

    desprotegidas, que no tem acesso aos direitos sociais trabalhistas bsicos,

    quer porque ampliou-se a presena de outras formas de ocupao,

    distintas de assalariamento, que se caracterizam por terem em geral,

    piores condies de trabalho.(DRUCK,2000, p.24)

    A fotografia do Brasil nos anos 90 revela um pas marcado pela precariedade dos

    vnculos empregatcios, pela insegurana instalada at nos postos de trabalho mais

    avanados, considerados setores de ponta. Instaura desta maneira um processo de

    desestabilizao dos estveis.

    9FMI: Fundo Monetrio Internacional (FMI) uma organizao internacional que pretende asseguraro bom funcionamento do sistema financeiro mundial pelo monitoramento das taxas de cmbio e da

    balana de pagamentos, atravs de assistncia tcnica e financeira. Sua criao ocorreu pouco antes dofinal da segunda guerra mundial, em julho de 1944, e sua sede em Washington, DC, Estados Unidos.Atualmente conta com mais de 187 naes.

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    Podemos observar nesta dcada que h um crescimento do desemprego

    estrutural10 e um aumento da informalidade, que se configura como uma alternativa para

    minimizar os efeitos dos altos ndices de desempregos, absorvendo, desta forma, o

    excedente de mo-de-obra gerado pela prpria modernizao da indstria.

    Santos (2000), em seu Livro O Avesso da Maldio do Gnisis, relata o

    surgimento do termo desempregado. Segundo ele:

    At o sculo XVIII, o termo desempregado no existia. Na Europa falava-

    se de pobres, indigentes, mendigos, para designar os indivduos que nopodiam sobreviver seno como o suporte do seguro privado ou pblico.

    Esses termos no se referiam falta de emprego, mas de recursos. No

    sculo XIX, surge, ento, a primeira noo de desemprego que representa

    toda privao involuntria e passageira de trabalho. Ao longo desse sculo,

    a ociosidade era tida como perigosa. O trabalho era um dever mais que

    um direito: quem no trabalhava era considerado um deliquente. A

    assistncia e as instituies pblicas separavam: o pobre permanente os

    degredados, mendigos, vagabundos profissionais e os pobres de ocasio

    os desempregados. O desempregado passou a ser ento um pobre vlido

    cujo direito ao trabalho era legitimado pela Revoluo Industrial. Diante

    disso, o trabalhador se separa do pobre e o desempregado surge no sentido

    reverso do trabalho. (SANTOS, 2000, p.50)

    Conforme Maurice Comte (1995), somente a partir de 1925, o Bureau

    Internacional do trabalho BIT, em uma conferncia Internacional, defini o termodesemprego:

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fundo_Monet%C3%A1rio_Internacional10Desemprego Estrutural: uma forma particularmente grave e generalizada de desemprego que ocorre

    pelo desequilbrio entre a oferta e a procura de competncias de trabalho numa dada economia. causadopelo fato da fora de trabalho disponvel no possuir as competncias que as organizaes procuram.Uma vez que as pessoas desempregadas necessitam dispender tempo e esforo para se ajustarem snecessidades do mercado de trabalho, o desemprego estrutural pode manter-se durante um perodo longo

    de tempo.Fonte:http://www.portal-gestao.com/slideshow/management/item/6545-o-que-%C3%A9-o-desemprego-estrutural

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    O desemprego a situao de todo trabalhador que, podendo e querendo

    ocupar um emprego submetido a contrato de trabalho, encontra-se semtrabalho e na impossibilidade de, em consequncia do estado do mercado

    de trabalho, ser ocupado num tal emprego. (COMTE, 1995. pg. 100)

    Agora em pleno XXI nossa sociedade est assistindo uma redefinio radical do

    mercado de trabalho, em funo desse processo de globalizao, da reestruturao

    produtiva e das polticas neoliberais. Entre os resultados desse processo se destaca as

    altas taxas de desemprego, aumento da concentrao de riqueza, crescimento dadesigualdade e, principalmente, a crescente precarizao do trabalho com o incremento

    de atividades no regulamentadas e do trabalho informal. (Dedecca: Baltar. 1997).

    Desta forma se instala um processo de fragilizao da prpria sociabilidade do

    trabalho (Alves, 2000), formando indivduos menos arraigados famlia, a uma classe,

    etc. Essa nova estruturao do mundo do trabalho com sua essncia pautada na

    flexibilidade, exige cada vez mais trabalhos flexveis e vida flexvel, alterando a noo

    de tempo e de espao dos indivduos, conduzindo a uma racionalizao do tempo e da

    vida (Sennett, 2000, p.25), produzindo mecanismos de gesto de incertezas constantes e

    a uma situao de vulnerabilidade de massa, caracterizando uma nova questo

    social (Castel, 1998). E como resultado desse cenrio temos um processo de

    transformao da classe operria, ampliando-se o seu conceito, expresso na formulao

    classe-que-vive-do-trabalho, que congrega os mais diversos segmentos de

    trabalhadores em condies fragmentadas e heterogneas, tornando cada vez mais

    difcil ao coletiva (Antunes, 1999).

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    No incio deste sculo h uma nova reconfigurao das formas tradicionais de

    explorao e de acumulao do capital. Essa nova realidade traz como tipo ideal de

    operrio um ser mais polivalente, autnomo e flexvel, com uma ideologia pautada na

    ideia de integrao do operrio com as novas demandas da indstria como, por

    exemplo, adoo do PRL11 (Planos de Participao nos Lucros e Resultados), que no

    fundo no passam de mais uma forma de controle e explorao da fora de trabalho

    maior autonomia etc. e, por outro lado, aumentam os ganhos (empresariais) com a

    chamada flexplorao , termo cunhado por Bourdieu (1998) que traduz uma nova

    gesto do trabalho, pautada em uma realidade de extrema insegurana e instabilidade,

    levando os trabalhadores a um estado de submisso a explorao e ao capital,

    impulsionados pelo medo do desemprego. Toda essa situao, segundo Bourdieu

    (1998), caracteriza a gesto racional da insegurana, evidenciando condies frgeis

    de insero em forma de trabalho altamente precarizados. Tanto no setor privado, como

    no pblico temos um crescimento das posies temporrias nas organizaes e a

    instalao de novas formas de alienao.

    A precariedade est hoje em toda parte (...). A precariedade torna o

    futuro incerto, impede qualquer antecipao racional e o mnimo de

    crena e de esperana no futuro que preciso para se revoltar, sobretudo

    a coletividade. (BOUDIEU, 1998, p.120).

    11Programa de Participao nos Lucros e Resultados um tipo de remunerao varivel, umaferramenta, bastante utilizada pelas empresas, mundialmente, que auxilia no cumprimento das estratgiasdas organizaes. Tambm conhecido como PLR, esse programa visa o alinhamento das estratgias

    organizacionais com as atitudes da pessoas dentro do ambiente de trabalho, pois s ser feita adistribuio dos lucros aos funcionrios casos algumas metas pr-estabelecidas sejam cumpridas.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_Participa%C3%A7%C3%A3o_nos_Lucros_e_Resultados

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    Na essncia desse processo, tem-se a mundializao da economia que, para

    Antunes (1999), contribuiu para alteraes qualitativas na forma de ser do trabalho,

    acarretando uma reduo do capital varivel e um crescimento do capital constante, uma

    substituio do trabalho vivo (do trabalhador) pelo trabalho morto (pela mquina).

    Diante disso, temos uma reduo quantitativa do nmero de operrios tradicionais e no

    aspecto qualitativo, o trabalhador se qualifica em alguns ramos e desqualifica-se em

    tantos outros.

    Para encerrar este captulo quero abordar o conceito da Sndrome Subjetiva do

    Desemprego SSD definido por Santos (2000). Em sua pesquisa brasileira realizada

    com indivduos desempregados o professor Joo Bosco Feitosa dos Santos utilizou-se

    do conceito de sndrome subjetiva ps-traumtica12 de Dejours (1992), para propor um

    novo conceito referente ao desemprego na contemporaneidade. Essa Sndrome

    constituda por uma coletnea de problemas funcionais que tomam conta daqueles que

    perdem seus empregos provocando insegurana, incertezas quanto ao futuro, medo,

    vergonha, culpa, desgaste, desnimo e desalento.

    Em verdade, todas essas concepes dejourianas sobre o mundo do

    trabalho servem de fonte para minha busca de compor um conceito de

    uma sndrome subjetiva do desemprego - SSD, que se alastra no mundo

    moderno. (SANTOS. 2000, p.317)

    possvel afirmar com segurana que diante desse cenrio o fantasma do

    desemprego ronda o trabalhador ameaando a todo o momento quem est colocado no

    mercado. Para evitar essa maldio o trabalhador acaba por submeter s condies de

    insalubridade emocional cedendo s presses e se desrespeitando enquanto indivduo.

    12 Sndrome Subjetiva Ps-Traumtica: caracterizada por uma gama de problemas funcionais, ouseja, sem causa orgnica, que persistem aps um acidente e/ou patologia ocupacional. Muitas vezes estessintomas subjetivos retardam a volta ao trabalho, uma vez que provocam medo e sofrimento ao indivduo,

    reportando-o situao desagradveis do ambiente de trabalho. Fonte: http://www.lume.ufrgs.br

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    Va EMVa EMVa EMVa EMVx| wx XxxVx| wx XxxVx| wx XxxVx| wx Xxx

    Nossa ansiedade no esvazia o sofrimento de amanh,

    mas apenas a fora do hoje.

    (C. H. Spurgeon13)

    (1834-1892)

    Derivado da Fsica e Arquitetura, o termo stress, que em sua origem define a

    fora aplicada a um objeto com a inteno de deform-lo ou romp-lo, na Psicologia ele

    assume contornos semelhantes s que direcionado a resistncia emocional e no

    material. Sempre esteve presente na humanidade, desde a idade das cavernas, onde os

    homens primitivos experimentavam esse fenmeno em situao de perigo de vida e para

    sobreviver tinha que lutar contra o perigo ou fugir dele.

    Etimologicamente o termo stress uma palavra originada do latim stringere.

    Que foi amplamente utilizada durante o sculo XVII para traduzir Adversidade ou

    Aflio, (Silva, 2005, p. 13). Esse conceito adotado por Rossi:

    Estresse uma palavra derivada do latim, que foi popularmente usada

    durante o sculo XVII para representar adversidade ou aflio. Em

    fins do sculo XVIII, seu uso evoluiu para denotar fofoca, presso ou

    esforo, exercida primeiramente pela prpria pessoa, seu organismo e

    mente.(ROSSI, 1996, p.19)

    13Charles Haddon Spurgeon, comumente referido como C. H. Spurgeon, foi um pregador batista reformadobritnico. Converteu-se ao cristianismo em 6 de janeiro de 1850, aos quinze anos de idade. Aos dezesseis, pregou seuprimeiro sermo; no ano seguinte tornou-se pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire(Inglaterra). Desde o incio do ministrio, seu talento para a exposio dos textos bblicos foi considerado

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    No incio do sculo XX, adotando vrios significados, foi intensamente

    pesquisado pelas reas de medicina e biologia, que investigaram seus efeitos na sade

    fsica e mental dos indivduos, na sequncia foi adotado tambm pela psicologia.

    O mdico austraco Hans Selye, na dcada de 1930, considerado o pai da

    estressologia, observando pacientes identificou que todos, independente do tipo de

    suas respectivas doenas, sinalizavam sintomas comuns e gerais, tais como: perda de

    peso e apetite, cansao, astenia. A esses sintomas o mdico chamou de Sndrome do

    estar enfermo. Para aprofundar seus estudos desenvolveu vrios experimentos com

    ratazanas de laboratrio. Esses experimentos consistiam em provocar intensos

    exerccios fsicos nas cobaias para observar suas reaes. Como resultado de observao

    dessas pesquisas atestou o aumento dos hormnios supra-renais (ACTH, adrenalina e

    noradrenalina), a atrofia do sistema linftico e a presena de lceras gstricas. Para o

    conjunto dessas alteraes orgnicas o doutor Selye denominou de estresse biolgico.

    (SELYE, 1995).

    A evoluo das pesquisas do doutor Hans Selye comprovou que no s agentesfsicos nocivos atuando diretamente sobre o organismo animal so gatilhos para instalar

    o estresse, como, alm disso, no caso do homem, as convenes sociais, as ameaas

    inerentes ao seu habitat exigem um alto grau de capacidade de adaptao e,

    cosequentemente, estimulam os sintomas do estresse. Selye descreveu uma reao

    adaptiva nica e geral do corpo quando submetido agentes estressores e definiu como

    sndrome de adaptao geral. Esta sndrome acontece em trs fases:

    extraordinrio. E sua excelncia na pregao nas Escrituras Bblicas lhe deu o ttulo de O Prncipe dos Pregadores eO ltimo dos Puritanos

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    1-reao de alarme: onde ocorre a ativao do sistema nervoso simptico deixando o

    corpo pronto para enfrentar o desafio. Quando o organismo entra em contato com o

    agente estressor (briga, perda de pessoa querida, assalto, entre outros), percebe a

    situao e responde atravs de reaes fisiolgicas como acelerao dos batimentos

    cardacos e aumento da presso arterial, e psicolgicos, como euforia e tenso. Uma vez

    o agente estressor sendo eliminado, o organismo volta ao estado anterior e as respostas

    do organismo quela situao diminuem.

    2 - resistncia: caso o agente estressor no seja eliminado, o stress chega fase da

    resistncia, que constitui a tentativa do organismo de se adaptar situao. H um gasto

    de energia do organismo para se manter nesse estado e, conseqentemente, desgaste de

    energia do organismo. a fase em que o corpo, ainda que num grau menos intenso,

    mantm ativados seus recursos disponveis para o enfretamento da circunstncia;

    3- exausto: que acontece quando h uma exigncia prolongada de manter-se ativado osistema de defesa. Nesta fase o organismo entra em exausto e torna-se vulnervel,ocorre uma queda na capacidade de pensar, de lembrar e de agir. Atingindo o sistema

    imunolgico. (SELYE, 1995).

    O conceito de estresse tem sido foco de estudos e pesquisas de vrios estudiosos

    ao longo desses anos e vem assumindo vrias nuances em seu conceito. Para Myres

    (1999), psiclogo, entende que a situao de estresse est diretamente ligada ao modo

    de interpretao de cada indivduo.

    O modo como nos sentimos estressados depende da maneira como

    avaliamos os eventos. Uma pessoa sozinha numa casa pode ignorar os

    rangidos e no experimentar qualquer estresse; outra pode desconfiar da

    presena de um intruso e ficar alarmada. Uma pessoa pode encarar um

    novo emprego como um desafio bem vindo; outra pode consider-lo como

    um risco de fracasso. (MYERS, 1999, P.365)

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    J o doutor Khorol (1975), mdico sovitico, retomando as questes definidas

    por Selye, acredita que a capacidade de adaptao provavelmente a mais relevante.

    Ele considera que o estresse fruto da reao do indivduo perante a qualquer alterao,

    seja ela agradvel ou desagradvel. O conceito defendido pelo doutor Khorol assume a

    seguinte definio:

    Apesar de os desequilbrios possveis apresentarem uma gama variada, os

    sistemas do nosso organismo, como indica Selye, reagem em todos os casos

    de maneira idntica: observa-se uma hiperatividade na substncia

    cortical, nas glndulas suprarrenais e uma atrofia do timo (glndula

    endcrina). Esta reao do organismo geral. Em cada caso concreto

    difere apenas quanto a intensidade que proporcional amplitude do

    desequilbrio, sempre e quando os sistemas de adaptao funcionem

    normalmente. (KHOROL, 1975, p. 6)

    Perscrutando uma forma de delimitar a relevncia da dimenso psicolgica na

    recuperao de cardiopatas, a doutora Corte (1998) se apoiou na definio de sndrome

    geral de adaptao aos agentes estressores decorrentes das trs fases (alarme,

    resistncia e esgotamento), elaborada pelo doutor Selye, identificando as doenas de

    adaptao:

    Aps estas fases surgem as chamadas doenas de adaptao como a hipertenso,

    lcera pptica, leses miocrdias, etc. (...) Cannon relaciona o primeiro estgio da

    reao estgio de choque, marcado por uma descarga adrenrgica caracterizada

    por taquicardia, hemoconcentrao, oliguria, hiperglicemia, leucopenia e, aps,

    leucocitose. A seguir, no segundo estgio de contrachoque, as reaes hormonais e

    neurovegetativas se transformam devido hiperatividade do crtex suprarrenal.

    No terceiro estgio, o de esgotamento, ocorre falha de mecanismos adaptativos e

    as alteraes da primeira fase retornam levando o indivduo doena. (CORTE,

    1988).

    Aps os estudos pioneiros do doutor Hans Seley sobre estresse, tivemos uma

    avalanche de pesquisadores que procuraram, dentro de suas linhas de pesquisa e de seu

    referencial terico desvendar, conceituar e entender melhor todo universo que gira emtorno desse fenmeno. Em linhas gerais podemos admitir que o estresse seja

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    essencialmente um grau de desgaste no corpo e da mente, que pode atingir nveis

    degenerativos. Impresses de estar nervoso, agitado, neurastnico ou debilitado podem

    ser percepes de aspectos subjetivos de estresse. Contudo, estresse no implica

    necessariamente uma alterao mrbida: a vida normal tambm acarreta desgaste na

    mquina do corpo. O estresse pode ter at valor teraputico, como o caso no esporte e

    no trabalho, exercidos moderadamente. Assim, uma partida de tnis ou um beijo

    apaixonado podem produzir considervel estresse sem causar danos ao indivduo.

    g| wx Xxxg| wx Xxxg| wx Xxxg| wx Xxx

    Conforme j dissemos as pesquisas sobre estresse mostraram que ele no s

    negativo. Quando positivo, ocorre o aumento da adrenalina (um dos hormnios do

    estresse), melhora o desempenho fsico e intelectual, e nos auxilia a superar limites para

    cumprir metas e realizao de algo desafiador. Mas quando negativo, promove um nvel

    excessivo de adrenalina que pode desequilibrar todo o nosso funcionamento, em nvel

    corporal, fsico ou emocional. A pesquisadora Ana Maria Rossi atribuiu a seguinte

    definio:

    Existem dois tipos de estresse. O negativo (distress), que causado pelas

    frustraes e problemas dirios, e o positivo (eustress), causados pelas

    coisas excitantes que acontecem em nosso quotidiano, como, por exemplo,

    promoo no trabalho, gravidez, compra de uma casa. Embora esses dois

    tipos de estresse provoquem reaes emocionais completamente diferentes,

    fisiologicamente s respostas so idnticas. ROSSI (1994, p.27)

    Em outras palavras podemos admitir que o estresse pode ser tanto positivo como

    negativo dependendo de cada pessoa. Quando ele percebido como desafio, pode

    melhorar nossas atitudes, mas se ele provocar emoes negativas pode nos prejudicar e

    at promover doenas.

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    Vaa x Vx|aVaa x Vx|aVaa x Vx|aVaa x Vx|a indiscutvel que o acmulo de presses afeta o sistema de imunidade do

    indivduo. Portanto, importante determinar a causa do stress para que possa ser

    debelado corretamente. Para isso importante que o indivduo saiba diferenciar o que

    est sob seu controle e o que no est, aprendendo a controlar o que for razovel,

    tentando administrar da melhor forma as causas de estresse. Conforme a brilhante

    ponderao a seguir:

    O stress uma consequncia inevitvel da vida, mas h alguns estresses

    em relao aos quais, voc pode fazer algo e outros, voc no pode

    esperar, evitar ou controlar. O truque aprender a distinguir entre os dois

    de forma que voc no desperdice seu tempo e talento. ROSSI (2007, P.

    35).

    Quando essa diferenciao no ocorre satisfatoriamente podemos ter algumas

    causas desagradveis como aponta Fontana (1991).

    Diminuem os interesses e o entusiasmo no tem mais vontade de fazer nada,

    geralmente ficam depressivos.

    Cresce o uso de drogas tornam-se dependentes qumicos, como um modo de

    se refugiarem dos problemas. Rompem-se os padres de sono so comuns as insnias, por no conseguirem

    se desligar dos problemas.

    Aumenta o cinismo pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio.

    Ignoram-se novas informaes - ignoram o que as outras pessoas tm a lhe

    dizer.

    Responsabilidade transferida para os outros nunca se culpam pelos seus atos,

    sempre colocam a culpa em outras pessoas.

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    Resoluo de problemas superficialmente no procuram ir a fundo para

    resolver os seus problemas, no os encarando.

    Decrscimo da concentrao e ateno no conseguem se concentrar

    facilmente, e quaisquer coisas os tiram ateno.

    Aumentam os ndices de erros por no conseguir se concentrar cometem

    erros com mais freqncia na realizao de algumas atividades.

    Aumentam as iluses e distrbios de pensamento a mente torna-se

    perturbada, alguns acabam at vendo coisas onde no tem.

    E como consequncia desse acmulo de estresse, segundo o mesmo autor os

    indivduos considerados estressados assumem caractersticas comportamentais

    diferenciadas, tais como: (Fontana, 1991).

    Estilo de falar agressivo so pessoas que falam alto e muitas vezes com

    estupidez e grosseria.

    Apressado so pessoas que tem pressa para fazer tudo, comem correndo,

    falam rpido, sempre esto atrasados para algo.

    Entediado so pessoas chateadas, sentem um desgosto profundo, que faz que

    se olhe com repugnncia s pessoas, as coisas ou os fatos.

    Polifsico passa por muitas fases, para cada situao se mostra uma pessoa

    com personalidades diferentes.

    Egosta trata apenas de coisas que so de seu interesse.

    No observador no presta ateno nas coisas, no costuma observar o queesta ao seu redor.

    Sente-se desafiado acha problemas em tudo o que vai fazer e nas pessoas, ou

    seja, tudo que esta ao seu redor lhe oferece risco.

    Durante nossa pesquisa pudemos verificar que o stress no trabalho vem

    determinando os rumos da administrao empresarial dos tempos modernos, vimos que

    a cada dia que passa, aumenta as exigncias sobre o trabalhador, exigindo cada vez maisde sua competncia.

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    Infelizmente a sade fica sempre em segundo plano nesse mundo to conturbado

    e competitivo. O mais preocupante que o estresse acaba sendo mais um componente

    desse universo e tratado como lugar comum. Com conclui Rossi em sua colocao:

    (..) na vida diria dos profissionais, a sobrecarga de estresse aceita

    como rotina. Alguns acreditam inclusive que desempenham melhor sua

    atividade quando a situao de crise. ROSSI (1994, p. 39),

    O agravante dessa situao concluir que os profissionais j esto acomodados

    com as causas do stress, isto por que seu organismo chegou ao seu limite, ento eles vo

    levando esta situao at quando conseguirem aguentar. Nesse sentido, entendemos que

    o desgaste profissional e emocional que os trabalhadores se submetem diariamente

    poder gerar algum tipo de doena. Os modelos expostos no ambiente de trabalho so

    responsveis por diversos fatores, como: agentes estressantes de natureza diversas

    (fsica, biolgica, mecnica, social, etc.), conjunto de caractersticas pessoais (tipos de

    personalidade, modos de reao ao stress etc.), um conjunto de conseqncias

    relacionado sade do indivduo (doenas cardiovasculares, perturbaes psicolgicas

    etc.) e da organizao (absentesmo, acidentes, produtividade, desempenho etc.).

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    Va FMVa FMVa FMVa FM

    fwx wxfwx wxfwx wxfwx wxUUUU Wxy||Wxy||Wxy||Wxy||

    Que essa minha vontade de ir embora

    se transforme na calma e na paz que eu mereo

    Que essa tenso que me corri por dentro

    seja um dia recompensada

    Porque metade de mim o que eu penso,

    mas a outra metade um vulco.

    (Osvaldo Montenegro)

    Como pudemos constatar nos primeiros captulos o trabalho parece ser fonte de

    tenses e frustraes constituindo no s a principal fonte de rendimento, mas tambm

    fonte de problemas com consequncias nefastas para a sade do indivduo, ao nvel

    fsico, mental e social. Uma dessas consequncias desastrosas tem sido a Sndrome de

    Burnouttema desse nosso captulo.

    OBurnout, expresso inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar porexausto de energia, constitui atualmente um dos grandes problemas psicossociais,

    despertando interesse e preocupao por parte da comunidade cientfica e das empresas,

    devido severidade das suas consequncias, quer ao nvel individual, quer ao nvel

    organizacional.

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    O burnout, expresso inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar por

    exausto de energia. um termo psicolgico que descreve um estado de exausto,

    sendo uma composio de burn (queimar) e out (fora), ou seja, traduzindo para o

    portugus significa perda de energia ou queimar para fora, fazendo a pessoa

    adquirir esse tipo de stress tendo reaes fsicas e emocionais, passando a apresentar um

    tipo de comportamento agressivo e irritadio. De fato, o burnoutsendo um estado de

    esgotamento, decepo e perda do interesse pelo trabalho, produz sofrimento no

    indivduo e tem consequncias sobre o seu estado de sade e o seu desempenho, pois

    passam a existir alteraes pessoais e organizacionais. O Burnout um estado maisavanado do stress, encarado como um stress ocupacional crnico. (SILVA, 2005).

    Como descrevem os autores Rossi, Perrew e Sauter (2007):

    Ao contrrio das reaes agudas ao stress, que se desenvolvem em

    resposta a incidentes crticos especficos, o burnout uma reao

    cumulativa a estressores ocupacionais contnuos. No burnout, a nfase tem

    sido colocada mais no processo de eroso psicolgica e nas conseqncias

    psicolgicas e sociais desta exposio crnica, e no apenas nas fsicas.

    Rossi, Perrew e Sauter (2007, p.42).

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    O Burnout a maneira encontrada de enfrentar, mesmo que de forma

    inadequada, a cronificao do estresse ocupacional. Sobrevm quando falham outras

    estratgias para lidar com o estresse. Introduzido na psicologia cientfica pelas doutoras

    Cristina Maslach e Susana Jackson em 1981, a sndrome de Burnout definida como

    um conceito multidimensional caracterizado essencialmente por trs aspectos: (Frana e

    Rodrigues, 1997)

    1. Exausto Emocional: falta de energia, sentimento de esgotamento afetivo. Ocorre

    quando a pessoa percebe nela mesmo a impresso de que no dispe de recursos

    suficientes para dar aos outros. Surgem sintomas de cansao, irritabilidade, propenso a

    acidentes, sinais de depresso, sinais de ansiedade, uso abusivo de lcool, cigarros ou

    outras drogas, surgimento de doenas, principalmente daquelas denominadas de

    adaptao ou psicossomticas.

    2. Despersonalizao: Estabelecimento de relaes interpessoais de forma fria,

    caracterizando insensibilidade emocional. Corresponde ao desenvolvimento por parte

    do profissional de atitudes negativas e insensveis em relao s pessoas com as quais

    trabalha tratando-as como objetos.

    3. Baixa realizao pessoal: Auto-avaliao negativa, falta de motivao para o

    trabalho. H um sentimento de descontentamento pessoal, o labor perde o sentido e

    passa a ser um fardo. Sensao de ausncia de prazer de viver, de tristeza que afeta os

    pensamentos, sentimentos e o comportamento social.

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    f|af|af|af|a

    Vrios so os sintomas atribudos sndrome. Estes podem ser divididos, em 4

    categorias, fsicos, psquicos, comportamentais e defensivos, que podem ser apreciadas

    no quadro a seguir:

    Resumo esquemtico da Sintomatologia doBurnout

    Benevides -Pereira (2002), pg. 44.

    Devemos levar em considerao que as causas e os sintomas no so universais,

    e dependem das caractersticas de cada indivduo e das circunstncias em que este se

    encontra. Outro fator importante que o grau e as manifestaes tambm so diferentes.(Benevides - Pereira, 2001, pg.34).

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    importante ressaltar que nem todos que esto com a sndrome apresentaro

    todos estes sintomas e estes podem se expressar de forma diferente em momentos

    diferentes na mesma pessoa.

    Resumo Esquemtico dos Mediadores, Facilitadores e/ou

    Desencadeadores da Sndrome deBurnout.

    Adaptado de Benevides-Pereira, 2002, pg. 69.

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    importante destacar que a maneira como estas caractersticas se combinam

    entre si, podem vir a postergar ou facilitar o processo de burnout. Por exemplo, uma

    pessoa com alto nvel de resilincia14, em uma organizao com caractersticas

    predisponentes ao estresse ocupacional, pode vir a resistir um maior tempo quando

    comparada a outro colega de trabalho.

    No entanto, atravs do tempo, ou diante do aumento dos fatores negativos na

    instituio, ou vindo a sofrer dificuldades em nvel pessoal, este equilbrio pode se

    romper. Muitas vezes, um agente estressor, pode ser incuo para uma pessoa e

    extremamente pernicioso para outra. Pior, o mesmo elemento gerador de estresse pode

    ser assaz lesivo em um determinado momento e totalmente neutro em outro,

    dependendo dos processos de vida que esto sendo vivenciados, o que implica em uma

    dimenso complexa e muitas vezes difcil de ser determinada.

    14Resilincia um conceito oriundo da fsica, que se refere propriedade de que so dotados algunsmateriais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Atualmenteresilincia utilizado no mundo dos negcios para caracterizar pessoas que tm a capacidade de retornarao seu equilbrio emocional aps sofrer grandes presses ou estresse, ou seja, so dotadas de habilidadesque lhes permitem lidar com problemas sob presso ou estresse mantendo o equilbrio.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Resilincia

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    U?U?U?U? Xxx x WxxAXxx x WxxAXxx x WxxAXxx x WxxAA Sndrome de burnout tem sido comparada por alguns autores depresso e

    estresse O estresse considerado um termo genrico que se refere aos processos

    temporrios de adaptao, acompanhado por sintomas mentais e fsicos.

    Por outro lado o burnoutpode ser entendido como um estado final de falha na

    adaptao que resulta do desequilibro, a longo prazo, de um estresse laboral intenso.Incluindo ainda o desenvolvimento de atitudes e comportamentos disfuncionais para

    com os receptores dos servios ou cuidados, o emprego e a organizao. Salientamos

    que o estresse no obrigatoriamente acompanhado por tais atitudes e comportamentos.

    (Mendes, 1996; Queirs 1997).

    Com relao depresso, alguns estudos que apontam para a existncia de

    correlaes significativas entre os dois conceitos. possvel identificar que os

    indivduos com elevados nveis de burnout tero tendncia a desenvolver

    sintomatologia depressiva. Pode ainda afirmar-se que tem repercusses negativas a

    nvel sociofamiliar.

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    Contudo outros consideram que a sintomatologia difere. Os doentes depressivos

    so geralmente oprimidos por letargia e apatia e assaltados por sentimentos de culpa,

    enquanto as vtimas de burnout apresentam as suas queixas com muito mais vigor;

    sentem-se desapontados e agredidos. Tambm contrariamente depresso, o burnout

    tende a relacionar-se com a profisso e a situaes especficas, alterando todas as

    esferas da vida do indivduo (Gomes, 1996).

    Portanto, no devemos considerar depresso, estresse e burnout como trs

    conceitos sinnimos. Embora a exausto emocional denote uma sobreposio com a

    depresso, a realizao pessoal e a despersonalizao no se encontram includas na sua

    sintomatologia tpica.

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    XXXXaz|a wx cxxaz|a wx cxxaz|a wx cxxaz|a wx cxxA primeira medida para evitar a sndrome de Burnout conhecer suas

    manifestaes, os seus agentes deflagradores e os mediadores. Outras formas de

    preveno e que podem ser agrupadas em duas categorias: estratgias individuais, e

    estratgicas organizacionais. (Frana e Rodrigues, 1997)

    As estratgias individuais referem-se formao e capacitao profissional, ou

    seja, tornar-se sempre competente no trabalho, estabelecer parmetros, objetivos,

    participar de programas de combate ao stress. Alm dessas possibilidades destacamos

    algumas atitudes salutares tais como:

    1 Adotar hbitos de vida saudveis;

    2 Ter uma alimentao balanceada e em horrios regulares, no pulando refeies;

    3 Ter 8 horas dirias de sono ou mais, sendo que a necessidade pessoal de descansovaria de pessoa para pessoa;

    4 Praticar exerccios fsicos regulares, de preferncia exerccios aerbicos e ao ar livre;

    5 Utilizar o tempo livre para atividades prazerosas e Desenvolver talentos pessoais;

    6 Aprender a dizer NO! Respeitar os prprios Limites;

    7 Administrar o tempo. Distribuir as atividades dirias de forma compatvel com arealidade, levando em considerao no s as relativas ao trabalho, mas tambm as

    dedicadas s questes e cuidados pessoais e de lazer;

    8 Ter amigos: Investir em amizades uma atitude salutar.

    9 Ser mais flexvel: Algumas vezes no vale a pena o estresse da discusso.

    10 Neutralizar os agentes estressores.

    11 Relaxar. Utilizar tcnicas de relaxamento que ajudam no controle psicofisiolgicodos agentes estressores, permitindo um distanciamento necessrio;

    12 Psicoterapia pessoal. Esse suporte deve ser considerado em qualquer estgio, masprincipalmente quando a sndrome j est instalada.

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    importante ressaltar que a sndrome de burnout no traz conseqncias

    nocivas apenas para o indivduo que a padece. Com a perda na qualidade do trabalho

    executado, as constantes faltas, as atitudes negativas para com os que o cercam, assim

    como outras caractersticas peculiares, estas acabam por atingir tambm os que

    dependem dos servios deste profissional, os colegas de trabalho e a instituio. Os

    transtornos devido rotatividade, o absentesmo, os afastamentos por doena alm dos

    custos com a contratao e treinamento de novos empregados, oneram a folha de

    pagamento, alm da queda de produtividade e de qualidade que acabam por denegrir a

    imagem da empresa. Portanto necessrio que as empresas invistam em estratgias

    organizacionais para prevenir a instalao da Sndrome de Burnout. Dentre as

    possibilidades de aes nesse sentido destacamos:

    a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia;

    b) prevenir o excesso de horas extras;

    c) dar melhor suporte social s pessoas;

    d) melhorar as condies sociais e fsicas de trabalho;

    e) investir no aperfeioamento profissional e pessoal dos trabalhadores.

    Ao finalizarmos este captulo queremos deixar claro que no h aqui a pretenso

    de exaurir as ponderaes possveis relativas sndrome de burnout. Nossa inteno

    alm de buscar fundamentao para pesquisa de campo deflagrar a reflexo e

    discusso a respeito de um transtorno to presente nos dias atuais e, no entanto s vezes

    to ignorado entre ns.

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    imperativo avaliar que, pelo desconhecimento alguns profissionais que esto

    sofrendo as conseqncias da sndrome geralmente sentem-se incompreendidos e at

    mesmo culpados, fracassados, como se no fossem fortes o suficiente para fazer frente

    s situaes e houvessem sucumbido, no conseguindo enfrentar as vicissitudes de uma

    situao organizacional perversa, o que s vem a intensificar os sintomas. Na sndrome

    de burnout, diferentemente do estresse e da depresso, o contexto laboral possui

    determinao importante e decisiva no processo. Portanto, cabem a todos os

    profissionais comprometidos com a sade do trabalhador, e em especial as reas de

    Recursos Humanos, difundir e alertar o mundo corporativo sobre as causas e sintomas

    presentes nesta sndrome, a fim de impedir a promoo e proliferao desse flagelo

    emocional silencioso e desastroso.

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    Va GMVa GMVa GMVa GMXw wx VaXw wx VaXw wx VaXw wx Va cx|a wx Vacx|a wx Vacx|a wx Vacx|a wx Va

    Se realmente entendermos o problema, a resposta vir dele,

    porque a resposta no est separada do problema.

    (Krishmamurti)

    (1895-1986)

    Compartilhamos com o filsofo indiano Krishnamurit15 em sua linha de

    pensamento, expressada na frase que iniciamos este captulo. Tambm entendemos que

    h uma relao simbitica16 entre o problema e a soluo. Acreditamos que se

    aprofundarmos nosso conhecimento no problema estaremos no caminho correto para

    descobrir a soluo. Essa mxima norteou a escolha do tema desse trabalho em funoda minha experincia profissional acumulada nesses anos de dedicao em minha rea

    de atuao.

    15Jiddu Krishnamurti: foi um filsofo, escritor, e educador indiano. (...) ressaltou a necessidade de uma revoluo na psique decada ser humano e enfatizou que tal revoluo no poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, poltica ousocial. Uma revoluo que s poderia ocorrer atravs do autoconhecimento e da prtica correta da meditao ao homem liberto detoda e qualquer forma de autoridade. Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti

    16Simbitica ou simbiose a relao interespecfica (de espcies diferentes) que ocorre entre dois ou mais organismos deespcies diferentes, de forma mutuamente vantajosa. Fonte:http://www.infoescola.com/relacoes-ecologicas/simbiose/

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    Durante meus 25 anos de vivncia no segmento de Recursos Humanos pude

    perceber que o quadro funcional vem passando por uma srie de desgastes e que esse

    fato no tem sido debatido de maneira eficaz. Por meio desse estudo quero fomentar a

    reflexo sobre a qualidade do ambiente organizacional, alertando para o fato de que

    preciso olhar com mais ateno esse aspecto, sob pena de termos que conviver com

    vrios efeitos colaterais no ambiente organizacional.

    Todo esse trabalho tem o direcionamento de conscientizar os profissionais

    sobre o risco a que eles esto expostos quando se submetem ao ambiente organizacional

    sem a devida cautela ou a proteo necessria contra esse mal que vem assolando o

    universo corporativo. Ao promover essa tomada de conscincia entre os profissionais

    ser mais fcil o despertar das empresas para esse debate e a reboque incitar o mundo

    corporativo para que reveja seus modelos de gesto.

    Wx| w u}x|Wx| w u}x|Wx| w u}x|Wx| w u}x|:a) Objetivo Geral: Identificar o ndice de manifestao da Sndrome deBurnoutemambiente Corporativo. E quais os segmentos profissionais mais afetados.

    b) Objetivos Especficos:

    Promover a sensibilizao e o debate sobre a Sndrome de Burnout entre os

    profissionais de Recursos Humanos; Oferecer uma ferramenta de autoconhecimento para os participantes da

    pesquisa e um e-book sobre a Sndrome de Burnout;

    Identificar quais os fatores mais crticos das caractersticas psicofsicas emrelao ao trabalho sinalizado pelos participantes no Questionrio Preliminarde Identificao da Burnout

    Apresentar alternativas para administrar e minimizar os efeitos desastrososdessa Sndrome no mbito pessoal e organizacional.

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    [|xx[|xx[|xx[|xxO homem pode acreditar no impossvel,

    mas nunca pode acreditar no improvvel.

    (Oscar Wilde)

    (1854-1900)

    Oscar Wilde17 quando provoca com esse trocadilho, em epgrafe, entre oimpossvel18e improvvel19, nos convida a refletir sobre a oposio limiar entre essas

    duas palavras. Ao buscarmos o significado desses termos identificamos uma sutil

    diferena. Embora ambos queiram expressar a perspectiva desfavorvel de que algo

    venha a ocorrer, o conceito do termo improvvelse diferencia quando em seu descritivo

    encontramos a frase que no se pode provar ou evidenciar20 fazendo referncia

    necessidade de comprovao de algo em que se desconfia ser verdade.

    A formulao da nossa hiptese de que a Sndrome de Burnoutfaz parte do

    mundo corporativo foi permeada exatamente pelo desafio de comprovar essa

    possibilidade acreditando em sua probabilidade.

    As primeiras notcias que tivemos acesso em torno do tema Sndrome de

    Burnoutsempre deixaram claro que haviam mais pesquisas focadas na rea da sade e

    educao. Diante desse fato, entendemos que uma investigao no mundo corporativo,seria bem oportuna para averiguar o grau de manifestao dessa doena ocupacional,

    em um universo que assume, cada vez mais, contornos estressantes, descompensando a

    sade dos trabalhadores que o compe.

    17OscarWilde: Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde, um dos maiores escritores de lngua inglesa do sculo 19, tornou-se clebrepela sua obra e pela sua personalidade. Sofisticado, inteligente, dndi, adepto do esteticismo (da "arte pela arte"), escreveu contos("O Crime de Lord Arthur Saville"), teatro ("O Leque de Lady Windermere"), ensaios ("A alma do homem sob o socialismo"), eromances ("O Retrato de Dorian Gray"). (...) Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/oscar-wilde.jhtm

    18 Impossvel: Significa que algo no acontecer, no d para realizar. Fonte: http://www.achando.info/impossivel

    19 Improvvel: Que no tem probabilidades de se realizar. Que no se pode provar ou evidenciar. Fonte: http://www.achando.info/improvavel

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    `xwz|a`xwz|a`xwz|a`xwz|aO segredo no correr atrs das borboletas...

    cuidar do jardim para que elas

    venham at voc. "

    (Mario Quintana)

    (1906-1994)

    Nos primrdios dos nossos estudos em torno desse trabalho, antes mesmo da

    formulao do pr-projeto, havamos concebido a ideia de aplicar a pesquisa de campo

    dentro de uma empresa atravs da rea de Recursos Humanos. Porm, depois de

    algumas investidas sem sucesso, inferimos que as reas de Recursos Humanos

    consultadas, no estavam preparadas para chancelar um tema to controverso como esse

    sem se preocupar com suas consequncias, que de alguma forma, poderia denunciar

    falhas no modelo de gesto adotado. Outra perspectiva que nos ocorreu era a

    possibilidade dos participantes ficarem pouco vontade para responder uma pesquisa,

    com esse mote de investigao, promovida pela rea de Recursos Humanos de sua

    prpria empresa.

    Quando nos conscientizamos de que a pesquisa no poderia ser aplicada dentro

    de uma empresa e que a alternativa mais vivel, naquele momento, seria a publicao na

    internet, nossa metodologia foi pautada por cuidados adicionais com o objetivo de que

    toda ao, em torno da pesquisa de campo, fosse estruturada de maneira bem atrativa,

    pois a adeso dos participantes teria que ser conquistada de maneira definitiva, sob pena

    de comprometer seriamente o alcance do nosso objetivo acadmico.

    20Grifos nossos.

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    Tanto a aplicao da ferramenta de coleta de dados como o processo de

    tabulao dos resultados foi digitalizado por um web-designer21, contratado

    especialmente para nos fornecer o apoio tecnolgico durante todo o processo. Sob nossa

    orientao esse profissional digitalizou o material da pesquisa, criou os relatrios

    gerenciais para tabulao e tratamento dos dados parametrizados conforme os critrios

    que sero detalhados no prximo Captulo, onde abordaremos com mais profundidade a

    Ferramenta da pesquisa de campo. O acesso pesquisa era feito por meio de um link22

    eletrnico que foi publicado em mais de 120 grupos de debates informais doLinkedin23,

    pertinentes ao segmento de Recursos Humanos.

    O texto de publicao do Link, por restries tcnicas, tinha que conter no

    mximo 200 caracteres, nosso desafio era redigir essa chamada de maneira bem

    atrativa para estimular a participao dos internautas 24. Optamos por um formato em

    tease25 para anuncivamos o convite. Nesse breve texto provocvamos a discusso do

    tema com uma manchete intrigante, e na sequncia um convite expresso para

    participao da pesquisa com o objetivo de que o internauta averiguasse se ele j estava

    apresentando os sintomas dessa Sndrome. Alm disso, oferecamos o resultado do

    Questionrio Preliminar de Identificao da Burnout e um e-book de brinde. Segue,

    abaixo, a transcrio do texto padro:

    21web design pode ser visto como uma extenso da prtica do design, onde o foco do projeto a criao de web sites e documentos

    disponveis no ambiente da World, Wide e Web (internet). Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_design

    22 A palavra inglesa linkentrou na lngua portuguesa por via de redes de computadores (em especial a Internet), servindo de forma curta para designar as hiperligaes do

    hipertexto. O seu significado "atalho", "caminho" ou "ligao". Atravs dos links possvel produzir documentos no lineares interconectados com outros documentos ou

    arquivos a partir de palavras, imagens ou outros objetos.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Link

    23LinkedIn uma rede de negcios fundada em Dezembro de 2002 e lanada em 5 de Maio de 2003. comparvel a redes derelacionamentos, e principalmente utilizada por profissionais. Em Novembro de 2007, tinha mais de 16 milhes de usuriosregistrados, abrangendo 150 indstrias e mais de 400 regies econmicas (como classificado pelo servio). Em 3 de Novembro de2011, Linkedin possua mais de 135 milhes de usurios registrados em mais de 200 pases e territrios. O site est disponvel emingls, francs, alemo, italiano, portugus, espanhol, romano, russo, turco e japons. A relatou que Linkedin possua, mensalmente,21,4 milhes de visitantes nicos nos Estados Unidos e 47,6 milhes pelo mundo. Em Junho de 2011, Linkedin tinha 33,9 milhesde visitantes nicos, e cresceu 63% em comparao ao ano anterior, ultrapassando o. Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Linkedin24 Internauta entende-se o usurio de Internet, aquele que navega na Internet.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Internauta

    25 O teaser (em ingls "aquele que provoca" (provocante), do verbo tease, "provocar") uma tcnica usada em marketing para chamar a ateno.

    Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Teaser

  • 7/27/2019 Cinquenta Tons Corporativos

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    Cinquenta Tons CorporativosUma Metfora Empresarial

    Cuidado!! Quando o stress vira esgotamento abre a porta para a Sndrome deBurnout. As empresas precisam repensar seus modelos de gesto urgentemente!!!

    Sndrome de Burnout j faz parte do mundo corporativo. Saiba como voc estnessa fotografia, acesse o link abaixo, participe da pesquisa e receba o seuresultado e um e-book sobre esse tema como brinde.

    Link: http://www.pedagogiacorporativa.com/pesquisas/?ind=k_g&val=k.033

    A tabulao parcial26 da Pesquisa sobre esse tema revelou 72% dos profissionaisesto apresentando grau 2 e 3 numa escala de 0 a 4. A faixa etria de 67% estoentre 30 a 40 anos.

    Quando o participante clicava no link, era direcionado para a Carta deApresentao (Apndice I)e as demais etapas da Pesquisa. Essa Carta de Apresentao

    constava um release sobre o propsito da Pesquisa, uma breve descrio do conceito

    sobre a Sndrome deBurnoute as orientaes quanto ao seu preenchimento. Ao final o

    participante recebia uma mensagem (Apndice IV) constando o resultado pertinente a

    sua performance em relao aos sintomas da Sndrome e tambm um linkpara acessar

    seu brinde, um e-book sobre o tema em tela com contedo relativos a formas de

    identificao, controle e tratamento dessa doena ocupacional. No prefcio do e-book

    redigimos um texto (Apndice II) de agradecimento para aqueles que fizeram parte

    dessa ao acadmica.

    Nossa inteno era manter a pesquisa no ar por apenas dois meses, mas fomos

    surpreendidos por uma repercusso to positiva que optamos por deix-la mais alguns

    dias ativa. Porm, como o nosso prazo para concluso desta monografia j estava

    finalizamos definimos como data de corte o dia 09/07/12, para efetuarmos a tabulao

    dos dados, uma vez que, j havamos atingido e superado nossa meta de 500

    participantes e estvamos com um total de 512. Conforme mencionado anteriormente, o

    tratamento dos dados foi gerado a partir dos relatrios gerenciais fornecidos pelo

    sistema criado especialmente para essa pesquisa e sero abordados nos prximos

    captulos.

    26 Essa tabulao parcial era fruto do tratamento dos dados referente ao perodo em que publicamos a ferramenta para sua validao. E o interessante que esse

    percentual de 72 % se manteve constante at o perodo de corte que estabelecemos para iniciarmos a tabulao oficial da pesquisa.

  • 7/27/2019 Cinquenta Tons Corporativos

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    Cinquenta Tons CorporativosUma Metfora Empresarial

    Yxaxa wx Vxa wx WawYxaxa wx Vxa wx WawYxaxa wx Vxa wx WawYxaxa wx Vxa wx WawNo se pode administrar

    o que no se pode medir"

    (Morris A. Cohen)

    (2002)

    A ferramenta (Apndice III) de pesquisa foi estruturada em duas partes: a

    primeira com dados cadastrais genricos e a segunda composta por 03 questes

    objetivas que investigam alguns aspectos sobre hbitos relacionados sade dos

    participantes. Compondo a 2 parte temos o Questionrio Preliminar de Identificao

    da Burnout, elaborado e adaptado pelo Professor Chafic Jbeili27, inspirado noMaslach

    Burnout Inventory MBI, contendo 20 itens.

    O MBI Maslach Burnout Inventory o instrumento de avaliao da

    Sndrome de Burnoutmais utilizado mundialmente nos estudos sobre essa Sndrome.

    Ele foi elaborado porMaslach & Jackson e sua a primeira edio foi editada em 1981

    (Carlotto, 2004). Trata-se de um questionrio autoinforme (autopreenchimento),

    contendo 20 afirmaes, que devem ser respondidas atravs de uma escala do tipo

    Likert28, (sob a forma de afirmae