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Revista Brasileira de Geociências 21(3):236-254, setembro de 1991 CLASSIFICAÇÃO ALOESTRATIGRÁFICA DO QUATERNÁRIO SUPERIOR NA REGIÃO DE BANANAL (SP/RJ) JOSILDA R.S. MOURA* & CLÁUDIO L. MELLO* ABSTRACT UPPER QUATERNARY ALLOSTRATIGRAPHIC CLASSIFICATION IN BANANAL RE- GION (SP/RJ), BRAZIL. Detailed stratigraphic studies, trying to distinguish allostratígraphic units, have allowed the ordenation of late Quaternary deposits found in Bananal region (SP/RJ) through identification of regional discontinuities. The characterization of these discontinuities, essential to understand evolutional dynamics, is based on stratigraphic and geomorphological arguments. The first regional records of Quaternary sedimentation correspond to colluvial deposits named Santa Vitória and Rio do Bananal alloformations. The latter preserves a paleohorizon A, dated in approximately 10.000 years (Pleistocene/Holocene boundary). The first Holocene sediments are fluvial-lacustrine organic clayey deposits called Rio das Três Barras Alloformation, dated in approximately 9.500 years. Following that, another phase of colluviation (Cotiara Alloformation) and a fluvial sandy sequence (Rialto Alloformation) are documented. In clear erosive unconformity above subjacent units, the Manso Alloformation gathers deposits characterized by a great sedimentologic heterogeneity; it contains three facies (Campinho, Que- bra-Canto and Fazendinha) closely interfingered. The following sequence of events records an intercalation of colluvial deposits (Piracema and Carrapato alloformations), responsible for recent landscape reworking, and fluvial deposits (Resgate Alloformation), proving other fluvial aggradation phase. The identified deposits represent alter- nated and/or contemporary events of integrated slopes and streams dynamics that probably transcends Bananal region (SP/RJ). Keywords: Quaternary, geomorphic evolution, allostratigraphy, slope deposits, alluvial deposits, discontinuities. RESUMO Uma análise estratigráfica detalhada, como tentativa para a adoção de unidades aloestratigráfícas, permitiu a ordenação dos depósitos neoquaternários encontrados na região de Bananal (SP/RJ), a partir da iden- tificação de descontinuidades regionais, cuja caracterização, indispensável ao entendimento da dinâmica evolutiva, baseia-se em argumentos estratigráfícos e geomorfológicos. Os primeiros registros da sedimentação quaternária reconhecidos regionalmente correpondem a depósitos coluviais, reunidos sob as denominações Aloformação Santa Vitória e Rio do Bananal, esta última preservando um paleo-horizonte A, datado em aproximadamente 10.000 anos (limite Pleistoceno/Holoceno). A sedimentação holocênica é inicialmente registrada nos depósitos argilosos, orgânicos, de origem flúvio-lacustre, da Aloformação Rio das Três Barras, datados em aproximadamente 9.500 anos. É documentada, a seguir, uma nova fase de coluviação (Aloformação Cotiara) e uma seqüência arenosa de origem fluvial (Aloformação Rialto). Em nítida discordância erosiva sobre as unidades subjacentes, a Aloformação Manso engloba depósitos sedimentologicamente bastante diversos, apresentando três associações de fácies (Cam- pinho, Quebra-Canto e Fazendinha) interdigitadas. A seqüência de eventos registra, a seguir, intercalação entre depósitos coluviais (Aloformações Piracema e Carrapato), responsáveis pelo reafeiçoamento recente da paisagem, e fluviais (Aloformação Resgate), testemunhos de uma nova fase de agradação fluvial. Os depósitos identificados representam eventos alternados e/ou contemporâneos da dinâmica integrada das encostas e fluxos canalizados, que provavelmente transcendem a região de Bananal (SP/RJ). Palavras-chaves: Quaternário, evolução geomorfológica, aloestratigrafia, depósitos de encosta, depósitos aluviais, descontinuidades. INTRODUÇÃO O reconhecimento estratigráfico dos de- pósitos sedimentares quaternários, especialmente dos depósi- tos continentais, tem representado um desafio pela falta de metodologias que os distingam com a necessária precisão, considerando o caráter descontínuo e irregular do registro sedimentar quartenário e os curtos intervalos de tempo geo- lógico envolvidos. Como reconhecido por Bowen (1978), os interessados nos estudos do Quaternário devem lidar com detalhamento e precisão temporal desconhecidos para os de- mais períodos de tempo geológico. Se, por um lado, os depósitos quaternários propiciam, em geral, interpretação relativamente fácil da gênese e do am- biente, por outro lado, dificultam o estabelecimento da litoes- tratigrafia, pelas freqüentes similaridades e recorrência de fácies e por ocorrerem distribuídos irregularmente sob as múl- tiplas formas de relevo, ou seja, geograficamente descontí- nuos. Faltam, além disso, na maioria dos casos, dados geocronológicos precisos. Dessa maneira, resultam ser pouco aplicáveis os métodos estratigráficos usados para as seqüên- cias sedimentares mais antigas. A necessidade de abordagem especial já era reconhecida por Fairbridge (1968), que, apesar de considerar os problemas da Estratigrafia do Quaternário essencialmente similares àqueles de outros tempos geológicos, admitia que as técnicas e métodos a serem utilizados para resolvê-los deveriam ser bastante diferentes. A obtenção de um enfoque metodológico mais específico à análise estratigrafica de seqüências sedimentares quater- nárias, e à conseqüente identificação de paleoambientes em períodos recentes, não pode prescindir do conhecimento das diversas situações de organização das paisagens - relação Gecmorfologia/Estratigrafia (Paepe, inédito). Se não consideradas em posições complementares, a significativa descontinuidade espacial dos depósitos quaternários frustra qualquer tentativa de adoção exclusiva de critérios estratigráficos convencionais, assim como evidências morfológicas são, por si só, insuficientes para a detecção de todas as unidades elaboradas em fases sucessivas de erosão e deposição. Nesse sentido, a visão morfoclirnática, adotada por Biga- rella & Andrade (1965) e Bigarella et al (1965) nos estudos do Quaternário brasileiro, embora atualmente reconhecida como de difícil aplicação (Mendes 1984), representou um avanço importante nos estudos da Estratigrafia do Quaterná- * Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão, Cidade Universitária CEP 21910, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

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Revista Brasileira de Geociências 21(3):236-254, setembro de 1991

CLASSIFICAÇÃO ALOESTRATIGRÁFICA DO QUATERNÁRIO SUPERIOR NAREGIÃO DE BANANAL (SP/RJ)

JOSILDA R.S. MOURA* & CLÁUDIO L. MELLO*

ABSTRACT UPPER QUATERNARY ALLOSTRATIGRAPHIC CLASSIFICATION IN BANANAL RE-GION (SP/RJ), BRAZIL. Detailed stratigraphic studies, trying to distinguish allostratígraphic units, have allowedthe ordenation of late Quaternary deposits found in Bananal region (SP/RJ) through identification of regionaldiscontinuities. The characterization of these discontinuities, essential to understand evolutional dynamics, is basedon stratigraphic and geomorphological arguments. The first regional records of Quaternary sedimentation correspondto colluvial deposits named Santa Vitória and Rio do Bananal alloformations. The latter preserves a paleohorizonA, dated in approximately 10.000 years (Pleistocene/Holocene boundary). The first Holocene sediments arefluvial-lacustrine organic clayey deposits called Rio das Três Barras Alloformation, dated in approximately 9.500years. Following that, another phase of colluviation (Cotiara Alloformation) and a fluvial sandy sequence (RialtoAlloformation) are documented. In clear erosive unconformity above subjacent units, the Manso Alloformationgathers deposits characterized by a great sedimentologic heterogeneity; it contains three facies (Campinho, Que-bra-Canto and Fazendinha) closely interfingered. The following sequence of events records an intercalation ofcolluvial deposits (Piracema and Carrapato alloformations), responsible for recent landscape reworking, and fluvialdeposits (Resgate Alloformation), proving other fluvial aggradation phase. The identified deposits represent alter-nated and/or contemporary events of integrated slopes and streams dynamics that probably transcends Bananalregion (SP/RJ).

Keywords: Quaternary, geomorphic evolution, allostratigraphy, slope deposits, alluvial deposits, discontinuities.

RESUMO Uma análise estratigráfica detalhada, como tentativa para a adoção de unidades aloestratigráfícas,permitiu a ordenação dos depósitos neoquaternários encontrados na região de Bananal (SP/RJ), a partir da iden-tificação de descontinuidades regionais, cuja caracterização, indispensável ao entendimento da dinâmica evolutiva,baseia-se em argumentos estratigráfícos e geomorfológicos. Os primeiros registros da sedimentação quaternáriareconhecidos regionalmente correpondem a depósitos coluviais, reunidos sob as denominações Aloformação SantaVitória e Rio do Bananal, esta última preservando um paleo-horizonte A, datado em aproximadamente 10.000anos (limite Pleistoceno/Holoceno). A sedimentação holocênica é inicialmente registrada nos depósitos argilosos,orgânicos, de origem flúvio-lacustre, da Aloformação Rio das Três Barras, datados em aproximadamente 9.500anos. É documentada, a seguir, uma nova fase de coluviação (Aloformação Cotiara) e uma seqüência arenosa deorigem fluvial (Aloformação Rialto). Em nítida discordância erosiva sobre as unidades subjacentes, a AloformaçãoManso engloba depósitos sedimentologicamente bastante diversos, apresentando três associações de fácies (Cam-pinho, Quebra-Canto e Fazendinha) interdigitadas. A seqüência de eventos registra, a seguir, intercalação entredepósitos coluviais (Aloformações Piracema e Carrapato), responsáveis pelo reafeiçoamento recente da paisagem,e fluviais (Aloformação Resgate), testemunhos de uma nova fase de agradação fluvial. Os depósitos identificadosrepresentam eventos alternados e/ou contemporâneos da dinâmica integrada das encostas e fluxos canalizados, queprovavelmente transcendem a região de Bananal (SP/RJ).

Palavras-chaves: Quaternário, evolução geomorfológica, aloestratigrafia, depósitos de encosta, depósitos aluviais,descontinuidades.

INTRODUÇÃO O reconhecimento estratigráfico dos de-pósitos sedimentares quaternários, especialmente dos depósi-tos continentais, tem representado um desafio pela falta demetodologias que os distingam com a necessária precisão,considerando o caráter descontínuo e irregular do registrosedimentar quartenário e os curtos intervalos de tempo geo-lógico envolvidos. Como reconhecido por Bowen (1978), osinteressados nos estudos do Quaternário devem lidar comdetalhamento e precisão temporal desconhecidos para os de-mais períodos de tempo geológico.

Se, por um lado, os depósitos quaternários propiciam, emgeral, interpretação relativamente fácil da gênese e do am-biente, por outro lado, dificultam o estabelecimento da litoes-tratigrafia, pelas freqüentes similaridades e recorrência defácies e por ocorrerem distribuídos irregularmente sob as múl-tiplas formas de relevo, ou seja, geograficamente descontí-nuos. Faltam, além disso, na maioria dos casos, dadosgeocronológicos precisos. Dessa maneira, resultam ser poucoaplicáveis os métodos estratigráficos usados para as seqüên-cias sedimentares mais antigas.

A necessidade de abordagem especial já era reconhecidapor Fairbridge (1968), que, apesar de considerar os problemas

da Estratigrafia do Quaternário essencialmente similaresàqueles de outros tempos geológicos, admitia que as técnicase métodos a serem utilizados para resolvê-los deveriam serbastante diferentes.

A obtenção de um enfoque metodológico mais específicoà análise estratigrafica de seqüências sedimentares quater-nárias, e à conseqüente identificação de paleoambientes emperíodos recentes, não pode prescindir do conhecimento dasdiversas situações de organização das paisagens - relaçãoGecmorfologia/Estratigrafia (Paepe, inédito). Se nãoconsideradas em posições complementares, a significativadescontinuidade espacial dos depósitos quaternários frustraqualquer tentativa de adoção exclusiva de critériosestratigráficos convencionais, assim como evidênciasmorfológicas são, por si só, insuficientes para a detecçãode todas as unidades elaboradas em fases sucessivas deerosão e deposição.

Nesse sentido, a visão morfoclirnática, adotada por Biga-rella & Andrade (1965) e Bigarella et al (1965) nos estudosdo Quaternário brasileiro, embora atualmente reconhecidacomo de difícil aplicação (Mendes 1984), representou umavanço importante nos estudos da Estratigrafia do Quaterná-

* Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão, Cidade Universitária CEP 21910, Rio deJaneiro, RJ, Brasil

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rio, associando à identificação de superfícies erosivas a ca-racterização de seus depósitos correlativos.

Frye & Willman (1962) propuseram unidades informais,denominadas morfoestratigráficas, que determinam corpos se-dimentares identificáveis primariamente pela forma apresen-tada em superfície, os quais podem ser distingüidos ou nãopela litologia e/ou pela idade das unidades adjacentes. Meis(1977) aplicou tal metodologia aos depósitos identificados nomédio vale do Rio Doce. Meis & Moura (1984) sugeriramque o conceito fosse restrito às condições nas quais fossepossível detectar, com base na estratigrafia, uma relação ge-nética direta entre o depósito e a forma topográfica, devendoser ainda considerado que o enfoque morfoestratigráfico su-bordina por demais a estratigrafia à percepção das formas derelevo (Moura & Meis 1986).

De maneira geral, os depósitos quaternários, especialmentecaracterizados por freqüentes similaridades litológicas, apre-sentam descontinuidades estratigráficas facilmente identificá-veis, que representam importantes variações nos processos desedimentação. Assim, podem ser melhor distingüidos, não porcritérios relacionados ao conteúdo litológico, mas por descon-tinuidades limitantes.

A aloestratigrafia foi introduzida pelo Código Norte-Ame-ricano de Nomenclatura Estratigráfica (NACSN 1983), como objetivo de identificar corpos estratiformes, mapeáveis, de-finidos com base em descontinuidades. Seu emprego foi ini-cialmente proposto para depósitos de idade neocenozóica,principalmente quaternários, distinguindo depósitos de litolo-gia similar superpostos, contíguos ou separados geografica-mente, ou distinguindo, como unidades únicas, depósitoscaracterizados por heterpgeneidade lítica. Em todos os casos,é indispensável à definição que os corpos sejam delimitadospor descontinuidades estratigráficas.

A aloestratigrafia, categoria material de classificação es-tratigráfíca (baseada em limites físicos), é adotada tentativa-mente neste trabalho, com a finalidade de estabelecer umaestratigrafia básica para os depósitos neoquatemários encon-trados na região de Bananal (SP/RJ). O estudo realizado re-presenta uma proposta fundamentada na necessidade deelaboração de colunas estratigráficas regionais, fornecendo abase indispensável à identificação e interpretação da seqüên-cia evolutiva quaternária.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA DE ESTUDOA região considerada situa-se no Planalto SE do Brasil, nosopé da Serra da Bocaina, dentro da área abrangida pelo médiovale do Rio Paraíba do Sul, englobando o município de Ba-nanal (SP) e parte de municípios vizinhos, no limite entre osEstados de São Paulo e Rio de Janeiro (Fig. 1).

Na área, afloram rochas metamórficas do embasameitocristalino pré-cambriano, litologicamente diversas. Predomi-nam gnaisses migmatíticos com estrutura bardada, ocorrendointercalações menores de quartzitos, micaxistos, rochas cal-cio-silicáticas, anfibolitos e granulitos (Almeida et al. 1981).São comuns diques de rochas mesozóicas básicas e interme-diárias. Tal embasamento, em virtude do predomínio de gnais-ses, fornece um caráter bastante uniforme como área-fonte desedimentos e na dinâmica evolutiva da paisagem. Em incon-formidade, destaca-se um significativo pacote de sedimentosquaternários, subdivididos em diversas seqüências coluviais ealuviais.

As feições estruturais mais destacadas correspodem a falhastranscorrentes de idade pré-cambriana, concentradas em feixescom direção NE-SW, reativadas por movimentos verticaisdurante o Terciário. Encontram-se associadas a essas falhas,faixas miloníticas mais ou menos espessas. Baseados em fei-ções dessa natureza, Hasui et al. (1978) enquadraram a regiãocomo parte do compartimento tectônico de Quebra-Cangalha,delimitado a SE pela falha de Taxaquara e a NW pela falha doAlto da Fartura. A região faz parte de uma depressão alongada

Figura 1 -Mapa com a localização da região de Bananal(SP/RJ)Figure l - Localization map of Bananal region (SP/RJ)

de origem tectônica, como foi identificado o médio vale do RioParaíba do Sul por Asmus & Ferrari (1978).

Caracteriza o relevo da área a feição de colinas rebaixadas,mapeadas como "mar de morros" por Ponçano et al. (1981),predominando segmentos convexos, com os segmentos côn-cavos aparecendo nas baixas encostas e em cabeceiras dedrenagem em anfiteatro. As feições estruturais consideradasfuncionam como forte condicionante para o padrão de drena-gem regional.

Condições paleo-hidrológicas e de nível de base mutáveiscontribuíram para a evolução complexa da paisagem, origi-nando as feições características do Planalto SE do Brasil (Meis& Monteiro 1979) - fundos de depressão mal drenados, co-linas isoladas, cabeceiras de drenagem em forma de alvéolose vales apresentando depósitos registrados em mais de umnível de terraço fluvial.

O clima tropical da região é evidenciado por duas estaçõesbem marcadas: verão chuvoso e inverno seco - regime estecondicionado pela atuação das frentes frias que atingem oSul e o Sudeste do Brasil. A temperatura média anual oscilaem torno de 20°C e a pluviosidade média anual é da ordemde 1.500 mm.

Estados realizados na região do médio vale do Rio Paraíbado Sul, abordando os depósitos quaternários, enfatizaram, demaneira geral, a estratigrafia dos materiais de encosta e arelação entre esses depósitos coluviais e a evolução das encos-tas (Moura & Meis 1980, Meis et al 1981, Meis & Moura1984, Moura & Meis 1986). Moura & Meis (1986) elaboraramuma coluna estratigráfica preliminar para o Quaternário Supe-rior na região de Bananal, na qual são reunidos sedimentoscoluviais, aluviais e flúvio-lacustres, registrando, ainda, fasesde pedogênese. A partir desse arcabouço estratigráfico, osautores procuraram mostrar as relações entre a litoestratigraf ia,aloestratigrafia, e da foestratigrafia e morfoestratigrafia nosdepósitos neoquaternários da região, fornecendo, também,uma proposta de classificação aloestratigráfica informal paraos depósitos coluviais estudados.

As seqüências sedimentares encontradas evidenciam des-continuidades morfológicas e estratigráficas que parecem es-tar relacionadas a eventos evolutivos diferenciados, cujoentendimento necessita de caracterização detalhada dos de-pósitos neoquatemários.

PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA A DEFINI-ÇÃO DAS UNIDADES PROPOSTAS A proposição

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formal das unidades aloestratigráficas definidas segue os pro-cedimentos recomendados pelo Código Norte-Americano deNomenclatura Estratigráfica (NACSN 1983) e, apesar de aaloestratigrafia não estar relacionada no recente Código Bra-sileiro de Nomenclatura Estratígráfíca (CENE/SBG 1986),foram consideradas as regras gerais contidas no Guia deNomenclatura para o estabelecimento de unidades estratigrá-ficas formais.

A definição das unidades, pela identificação de descontinui-dades estratigráficas nas seqüências deposicionais considera-das, baseou-se na existência de um arcabouço estratigráficopreliminar (Moura & Meis 1986); argumentos sedimentológi-cos e morfológicos contribuíram para a escolha dos limites.Nos depósitos fluviais, são identificadas descontinuidades ero-sivas nítidas, ressaltadas ou não por variações litológicas,sendo a principal delas associada à diferenciação entre osníveis de terraços fluviais. Quanto aos depósitos coluviais, adistinção é evidenciada a partir de levantamentos estratigráfi-cos detalhados, sendo auxiliada pela presença de feições pedo-genéticas (paleo-horizontes A) ou por linhas de seixos.

Relações geomorfológicas controlam a distribuição dosdepósitos identificados e, nesse sentido, foram efetuados ma-peamentos das feições morfológicas, com o uso de fotografiasaéreas na escala 1:25.000 (Terrafoto) e mapas topográficosnas escalas 1:25.000 (Ministério do Exército) e 1:10.000 (Es-tado de São Paulo), como suporte para o reconhecimento dasseqüências sedimentares a serem estudadas.

O estudo detalhado das seqüências deposicionais foi efe-tuado pelo levantamento sistemático de paredes expostas, ado-tando-se a técnica descrita por Paepe (in Moura & Meis 1986):definição, com o auxílio de um nível, de uma Unha horizontalque serve como referência para o desenho da parede exposta,pelo acompanhamento de descontinuidades sedimentológicase morfológicas. Foram também realizadas sondagens em áreasselecionadas, com o objetivo de considerar o comportamentotridimensional das unidades deposicionais, especialmente osdepósitos de encosta. Na escolha das seções de referência, foidocumentada a representatividade espacial das seqüências de-posicionais neoquatemárias preservadas na área de estudo(Fig. 2).

Identificadas as unidades aloestratigráficas, foi feita coletasistemática de amostras, visando a caracterização sedimento-lógica dos materiais, subdividida em análises texturais e mi-neralógicas (minerais leves e pecados). Os resultados obtidos,embora não decisivos à definição, forneceram elementos sig-nificativos à descrição das unidades.

A utilização do enfoque aloestratigráfico possibilita que osestudos detalhados exigidos para o entendimento da sedimen-tação quaternária tenham a base estratigrafica indispensável.A mapeabilidade das unidades definidas foi testada em diver-sas escalas, muitas vezes sendo necessário recorrer ao ma-peamento por associação de unidades para ser possívelrepresentar unidades subsuperficiais de grande significado naseqüência evolutiva, ficou evidenciado que não deve existiruma escala padrão de mapeamento; na verdade, o controleda sedimentação neoquatemária está ligado a unidades geo-dinâmicas de evolução (cabeceiras de drenagem em anfiteatro)que, por sua vez, ocorrem em escalas variadas, repercutindona diversidade de escalas de trabalho.

O reconhecimento e a extensão das unidades aloestrati-gráficas definidas, a partir das áreas-tipo, foram realizadospor meio da correlação das descontinuidades que as deli-mitam, da comparação de suas características sedimentoló-gicas e da observação de suas relações com as feiçõesgeomorfológicas associadas.

CLASSIFICAÇÃO ALOESTRATIGRÁFICA PROPOS-TA O registro sedimentar neoquaternário identificado naregião de Bananal (SP/RJ), ordenado com base em suas re-lações aloestratigráficas (Fig. 3), evidencia freqüentes inter-

calações entre depósitos de encosta e fluviais. As unidadesaloestratigráficas propostas representam seqüências sedimen-tares reconhecidas regionalmente.

Aloformação Santa Vitória Os mais antigos testemu-nhos da sedimentação quaternária reconhecidos regionalmen-te correspondem a depósitos coluviais, reunidos sob adenominação Aloformação Santa Vitória, nome provenientede um curso fluvial em cuja bacia de drenagem localiza-se aseção-tipo proposta para a unidade: Seção Treviso (Fig. 4a).

São indicadas como seções de referência suplementares asseções Bom Retiro (Fig. 5a), Fazendinha (Fig. 6b), Três Barras(Fig. 6c) e Rialto/Tl (Fig. 8a).

A Aloformação Santa Vitória é caracterizada por uma se-qüência de colúvios avermelhados, mapeáveis exclusivamen-te em subsuperfícies, encontrados, em geral, eminconformidade com o embasamento cristalino muito altera-do, algumas vezes delineado por linhas de seixos, estandopreservados em interflúvios ou encostas laterais (side slopes)de anfiteatros. Estas relações podem ser melhor visualizadaspela análise das sondagens efetuadas: Treviso (Fig. 4b), BomRetiro (Fig. 5b) e Bela Vista (Fig. Tb).

Regionalmente, os depósitos dessa unidade são identifica-dos como seqüência coluvial subdividida em duas camadasdescontínuas: a camada inferior é representada por materiaissilto-argilosos, de coloração avermelhada, com freqüentes grâ-nulos de quartzo; a camada superior é composta por materiaisareno-argilosos, avermelhados, com granules de quartzo. Es-ses depósitos são maciços, extremamente mal selecionados, eapresentam estrutura pedogenética prismática característica.Para as duas camadas que compõem a unidade Santa Vitóriaforam adotadas as denominações informais Treviso I e TrevisoH, respectivamente, propostas por Moura & Meis (1986). Nototal, apresentam espessuras variáveis, existindo registrosidentificados da ordem de até 6 m. Pela ausência de melhoresargumentos para os processos de alteração, geológicos e/oupedogenéticos, somada à pequena expressão estratigráfica daunidade, considera-se prematura sua subdivisão em duas alo-formações.

A Aloformação Santa Vitória parece corresponder a depó-sitos coluviais resultantes do retrabalhamento direto do em-basamento cristalino alterado, ao qual a camada inferiorassemelha-se bastante. A camada superior apresenta indíciosde forte pedogênese ferralítica. O fato de esses depósitosestarem associados a feições geomorfológicas quaternárias(rampas de colúvio), estratigraficamente abaixo de uma se-qüência coluvial cujo solo nela desenvolvido data de aproxi-madamente 10.000 anos, sugere idade pleistocênica para aAloformação Santa Vitória.

Aloformação Rio do Bananal Situada em discor-dância erosiva sobre os depósitos da unidade Santa Vitória,encontra-se uma seqüência coluvial cuja denominação Alo-formação Rio do Bananal é derivada do principal curso fluvialque corta a região, afluente direto do Rio Paraíba do Sul, eproposta em virtude da grande representatividade documen-tada para os depósitos dessa unidade.

Como estratótipo da unidade Rio do Bananal, é indicadaa Seção Bom Retiro (Fig. 5a), sendo utilizadas como suple-mentares as seções Treviso (Fig. 4a), Fazendinha (Fig. 6b),Ires Barras (Fig. 6c), Cerâmica Joana D'Arc/Tl (Fig. 8b) eCórrego do Resgate HI (Fig. 10c).

Os depósitos da unidade Rio do Bananal, mapeados nor-malmente apenas em subsuperfície, exceto em condições dealteração recente da paisagem, natural ou artificial, represen-tam uma espessa seqüência (espessuras variáveis, podendoser superiores a 8 m) constituída por materiais argilo-arenosos,amarelados, com freqüentes granules de quartzo, denominadainformalmente colúvio Bom Retiro (Moura & Meis 1986).Apresentam-se maciços, extremamente mal selecionados,

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Figura 2 - Mapa de localização das seções estratigráficas de referência às unidades definidas: 1. Seção Treviso/SondagemTreviso; 2. Seção Bom Retiro/Sondagem Bom Retiro; 3. Seção Campo Alegre; 4. Seção Fazendinha; 5. Seção Três Barras;6. Seção Cotiara; 7. Seção Bela Vista; 8. Seção Rialto/T1; 9. Seção Cerâmica Joana D'Arc/T1; 10. Seção Campinho; 11.Seção Turvo; 12. Seção Piracema; 13. Seção Rialío/T2; 14. Seção Cerâmica Joana D'Arc/T1; 15. Seção Córrego do ResgateIII; 16. Seção Córrego do Resgate IVFigure 2 - Localization map of reference stratigraphic sections: 1. Treviso Section/Treviso Drillhole; 2. Bom Retiro Section/Bom Retire Drillhole; 3. CampoAlegre Section; 4. Fazendinha Section; 5. Três Barras Section; 6. Cotiara Section; 7. Bela Vista Section; 8. Rialto/Tl Section; 9. Cerâmica Joana D'Arc/TlSection; 10. Campinho Section; 11. Turvo Section; 12. Piracema Section; 13. Rialto/T2 Section; 14 Cerâmica Joana D'Arc/T2 Section; 15. Córrego doResgate HI Section; 16. Córrego do Resgate TV Section

com estrutura pedológica em blocos, sendo comum o mos-queamento por óxidos de ferro.

O limite superior da Aloformação Rio do Bananal é fre-qüentemente marcado por uma feição pedogenética (paleo-horizonte A) com significado estratigráfico regional,apresentando fragmentos vegetais carbonizados datados em9.800 anos, o que leva os depósitos dessa unidade a serematribuídos à idade pleistocênica, próximo ao limite Pleistoce-no/Holoceno.

A seqüência coluvial que constitui a Aloformação Riodo Bananal parece representar uma fase de intensa atividadena dinâmica das encostas, produzindo um espesso pacotecoluvial que preencheu as reentrâncias dos anfiteatros

(hollows), como pode ser documentado nas sondagens BomRetiro (Fig. 5b) e Bela Vista (Fig. Tb), prolongando-se,localmente, sob forma de rampa suavemente inclinada, atéo fundo dos vales fluviais, onde pode ser reconhecido nabase do terraço fluvial superior (TI).

Aloformação Rio das Três Barras Os primeiros re-gistros de sedimentação no domínio dos cursos fluviais, iden-tificados regionalmente, correspondem a depósitos argilososenglobados sob a denominação Aloformação Rio das TrêsBarras, nome retirado de um curso fluvial afluente do Rio doBananal, situado próximo à seção-tipo escolhida para repre-sentar a unidade - Seção Cerâmica Joana D'Arc/Tl (Fig. 8b),

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Figura 3 - Coluna aloestratigráfica elaborada para o Qua-ternário superior da região de Bananal (SP/RJ). A subdivisãoem domínios de encosta e fluvial representa os comparti-mentos geomorfológicos em que os depósitos são encontrados,não indicando, necessariamente, sua gêneseFigure 3 - Upper Quaternary allostratigrafíc column for Bananal region(SP/RJ). Hillslope and fluvial domains represent geomorphological com-partments where the deposits are found. The genesis of the sedimentaryunits is not necessarily related to these domains

na qual as feições principais da unidade podem ser reconhe-cidas. São indicadas como seções suplementares à descriçãoas seções Campinho (Fig. 9a), Córrego do Resgate Dl (Fig.10c) e Córrego do Resgate IV (Fig. 10d).

Os depósitos da unidade Rio das Três Barras podem serregistrados somente em mapeamentos de subsuperfície, ocor-rendo descontinuamente na base dos terraços fluviais, emfreqüente discordância sobre a unidade Rio do Bananal.

Esses depósitos correspondem a uma seqüência argilosaque pode ser subdividida em duas camadas superpostas: acamada inferior é representada por argila cinza-escuro, apre-senta laminações horizontais milimétricas e preserva matériaorgânica em grande quantidade (troncos e restos vegetais emgeral); a camada superior constitui-se de material argiloso,rosado, também apresenta laminações horizontais milimétri-cas, com finos níveis de areia de granulometria fina intera-camados, indícios de bipturbação e restos vegetais. As duascamadas são caracteristicamente micáceas, sendo verificadaa passagem gradacional entre elas. São estimadas espessurasde até 3 m, mas possivelmente alcançam valores maiores.

Datações realizadas em troncos vegetais carbonizados, co-lhidos na camada inferior, registraram a idade de 9.545 ± 75anos (Moura & Meis 1986). Estudos palinológicos prelimi-narmente desenvolvidos indicam índices de humificação atri-buíveis a ambientes lacustres e associações de tipos polínicos

que caracterizam a transição de condições secas para úmidas(Pessoa 1987).

A gênese sugerida para os depósitos da unidade Rio dasTrês Barras parece estar ligada a paleolagos holocênicosresultantes de represamentos locais dos cursos fluviais pelaelevação de níveis de bases locais, associados ao entulhamentodos fundos de vale pelos depósitos de encosta que compõema aloformação Rio do Bananal. Reforça essa hipótese ocaráter descontínuo dos depósitos e a presença freqüente daAloformação Rio do Bananal na base dos terraços fluviais,além das características sedimentológicas apresentadas pelosdepósitos argilosos, distinguindo-os como argilas de origemflúvio-lacustre.

Aloformação Cotiara A denominação AloformaçãoCotiara é proposta para uma seqüência coluvial identificadaem discordância erosiva sobre os depósitos da AloformaçãoRio do Bananal, tendo seu nome derivado de um curso fluvialem cuja bacia de drenagem está localizada a seção-tipo indi-cada para a unidade - Seção Cotiara (Fig. 7a).

São indicadas, como seções de referência suplementar àdefinição da unidade, as seções Treviso (Fig. 4a), Bom Retiro(Fig. 5a), Fazendinha (Fig. 6b), Três Barras (Fig. 6c) e Pira-cema (Fig. 9c).

Os depósitos da unidade Cotiara caracterizam-se comomateriais argilo-arenosos a areno-argilosos, amarelados, comfreqüentes granules de quartzo, extremamente mal seleciona-dos, maciços, mas bastante friáveis, apresentando estruturapedológica granular e podendo preservar localmente o paleo-norizonte A. São registradas espessuras da ordem de até 8 m,mas existem evidências de que possam atingir espessurasmaiores. Esses depósitos, definidos informalmente por Moura& Meis (1986) como colúvio Campo Alegre, são litologica-mente bastante similares àqueles que constituem a Aloforma-ção Rio do Bananal.

Ao contrário das unidades subjacentes, os depósitos daunidade Cotiara podem ser mapeados em superfície e subsu-perfície. Ocorrem em situações particulares: freqüentementesão encontrados em posição de interflúvio, documentandoinversões na topografia das encostes e preenchendo reentrân-cias (hollows) suaves de anfiteatros. Essas relações podemser observadas nas sondagens Dom Retiro (Fig. 5b) e BelaViste (Fig. Tb), assim como nos mapeamentos efetuados (Figs,l i a 14). Os depósitos da unidade Cotiara podem ser facil-mente reconhecidos por meio desses critérios morfológicos.

A Aloformação Cotiara parece representar retrabalhamen-to da unidade Rio do Bananal, documentado pelas relaçõestexturais, que apresentam decréscimo na fração de finos, epelas relações mineralógicas, bastante semelhantes. É encon-trada somente no domínio das encostas, não tendo sido regis-tradas relações de contato direto com os depósitos fluviais;relações estratigráfícas indiretas sugerem ser a seqüência co-luvial representada pela Aloformação Cotiara posterior à de-posição das argilas da unidade Rio das Três Barras.

Aloformação Rialto A denominação AloformaçãoRialto é proposta para a uma seqüência arenosa com signifi-cativa expressão regional que, em muitos locais, forma oarcabouço sedimentar básico do nível superior de terraço flu-vial (T1). O nome é retirado da cidade de Rialto, distrito deBarra Mansa (RJ), nas proximidades da qual situa-se a seção-tipo proposta para representar a unidade: Seção Rialto/Tl(Fig. 8a).

As seções Cerâmica Joana D'Arc/Tl (Fig. 8b) e Córregodo Resgate III (Fig. 10c) são indicadas como seções de refe-rência suplementares à descrição da unidade.

Os depósitos da unidade Rialto, normalmente mapeáveisapenas em subsuperfície, são encontrados em discordânciaerosiva sobre as argilas da unidade Rio das Três Barras ou,menos freqüentemente, em discordância erosiva sobre os de-

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Figura 4 -A. Seção Treviso; B. Re constituição tridimensional do comportamento em subsuperficie das unidades aloestrati-gráficas no anfiteatro Treviso; localizadas na estrada Bananal (SP) - Rialto (RJ), a 4,5 km da cidade de Bananal, à esquerdado córrego Santa VitóriaFigure 4 - A. Tieviso Section; B. Threedimensional reconstruction of allostratigraphic units in Treviso amphitheater. Bananal (SP) - Rialto (RJ) road,4.5 km from Bananal city, on the left margin of Santa Vitória creek

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Figura 5 -A. Seção Bom Retiro (modificada de Moura & Meis 1986); B. Reconstituição tridimensional do comportamentoem subsuperfície das unidades aloestratigráficas no anfiteatro Bom Retiro; localizadas na estrada Bananal (SP) - Rialto(RJ), a 1,5 km da cidade de Bananal, à direita do córrego São JoãoFigure 5 - A. Bom Retiro Section (modified from Moura & Meis 1986); B. Threedimensional reconstruction of allostratigraphic units in Bom Retiroamphitheater. Bananal (SP) - Rialto (RJ) road, 1.5 km from Bananal city, on the right margin of São João creek

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Figura 6-A. Seção Campo Alegre (modificada de Moura & Meis 1986), localizada a 2 km a partir da SP-066, em umaestrada que acompanha o córrego do Campo Alegre, a 8 km da cidade de Arapeí (SP); B. Seção Fazendinha, localizada naSP-064, a 9 km da cidade de Bananal (SP), em frente à sede da Fazenda do Resgate; C. Seção Três Barras, localizada naSP-064, a 6,5 km da cidade de Bananal (SP)Figure 6 - A. Campo Alegre Section (modified from Moura & Meis 1986), situated 2 km from SP-066 through a road that follows Campo Alegrecreek,8 km from Arapeí city; B. Fazendinha Section, SP-064, 9 km from Bananal city, in front of Resgate Farm seat; C. Três Barras Section, SP-064, 6.5 kmfrom Bananal city

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Figura 7-A. Seção Cotiara, situada na localidade conhecida como Km-4, Cotiara (distrito de Barra Mansa, RJ), a apro-ximadamente 750 m a partir da RJ-157; B. Seção Bela Vista, reconstituição do comportamento em subsuperficie das unidadesaloestratigráficas, localizada na estrada Bananal (SP) - Rialto (RJ), a 13 km de Bananal (voçoroca da Fazenda Bela Vista)Figure 7 - A. Cotiara km-4 locality, Cotiara (Barra Mansa subdistrict RJ), 750 m from RJ-157; B. Bela Vista Section, undersurface arrangement ofallostratigraphic units, Bananal (SP) - Rialto (RJ) road, 13 km from Bananal

pósitos das unidades Rio do Bananal ou Santa Vitória, podendoainda ser identificados em inconformidade com o embasamen-to cristalino alterado. Parecem ser contemporâneos aos depó-sitos da unidade Cotiara, mas associados a ambientes distintos,não havendo relação de contato direto registrada.

A Aloformação Rialto é representada por uma seqüênciapredominantemente arenosa, onde podem ser reconhecidas

três camadas principais. A camada inferior é caracterizadapor areias médias a grossas, mal selecionadas, de coresvariadas, esbranquiçadas, amareladas, avermelhadas, com fre-qüentes níveis de oxidação, apresentando estratificações cru-zadas de médio porte, planares e acanaladas, com estratosbem desenvolvidos e níveis de cascalho fino. Cpmposicio-nalmente, são bastante quartzosas, algo feldspáticas, micá-

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Figura 8-A. Seção Rialto/T1, localizada na estrada Bananal (SP) - Rialto (RJ), a 17,5 km de Bananal; B. Seção CerâmicaJoana D'Arc/T1 (modificada de Moura & Meis 1986), localizada na SP-066, a 1,5 km da cidade de Bananal (SP), no terrenopertencente à antiga cerâmica Joana D 'Arc, à margem esquerda do Rio do BananalFigure 8 - A. Rialto/Tl Section, Bananal (SP) - Rialto (RJ) road, 17.5 km from Bananal; B. Cerâmica Joana D'Arc/Tl Section (modified from Moura &Meis 1986), SP-066, 1.5 km from Bananal city, on the left margin of Bananal river

ceas. Uma camada intermediária caracteriza-se pela inter-digitação de lentes arenosas, silticas e cascalhos; predominamareias de gramilometria média a grossa, amareladas, comestratificações cruzadas bem desenvolvidas, quartzosas, mi-cáceas, feldspátícas; lentes de areia síltica interacamadas,de coloração cinza, rosada ou amarelada, sem estrutura visível,micáceas, podendo ou não preservar matéria orgânica; lentesde cascalhos arenosos, com matriz de areia média a grossa,apresentando seixos subangulosos a subarredondados dequartzo e fragmentos de rocha, e estratíficações cruzadaspouco visíveis. A camada superior apresenta areias finas amédias, mal selecionadas, eshranquiçadas a acastanhadas,com estratificações cruzadas planares de pequeno porte; es-sencialmente quartzosas e micáceas.

Na sua totalidade, os, depósitos da Aloformação Rialtoapresentam espessuras registradas de até 5 m, havendo evi-dências de espessuras maiores.

A gênese das areias da unidade Rialto parece estar rela-cionada a ambiente fluvial do tipo braided, apresentando fá-cies que parecem ajustar-se àquelas sugeridas por Miall(1977). Existem, de fato, variações sedimentológicas que pre-cisam de análise mais detalhada sobre a caracterização dossubambientes fluviais responsáveis pela sedimentação das di-versas camadas.

Aloformação Manso Sob a denominação Aloforma-ção Manso são reunidos depósitos caracterizados por umaextrema heterogeneidade lítica, em nítida discordância erosiva

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Figura 9- A. Seção Campiriho (modificada de Moura & Meis1986), situada na localidade conhecida como Campinho, a5,5 km de Bananal (SP), próxima à confluência do córregoSão João com o Rio Manso; B. Seção Turvo, localizada naestrada Bananal (SP) - Rialto (RJ), a 15 km da cidade paulista.C. Seção Piracema, localizada na estrada Bananal (SP) -Rialto (RJ), a 14,5 km da cidade paulista, próxima ao gasodutoda Petrobrás (GASPAL)Figure 9 - A. Campinho Section (modified from Moura & Meis 1986),situated at Campinho, S.S km from Bananal, near the confluence betweenSão João creek and Manso river; B. Turvo Section, Bananal (SP) - Rialto(RJ) road, 15 km from Bananal; C. Piracema Section; Bananal (SP) - Rialto(RJ) road, 14.5 km from Bananal

sobre as unidades subjacentes, podendo mesmo ser encontra-dos em inconformidade com o embasamento cristalino alte-rado. São depósitos de expressivo significado estratigráficona região considerada, tendo sido a designação Manso pro-veniente de um curso fluvial de grande porte na área de estudo.Variações sedimentológicas e relações estratigráficas va-riadas tornam necessário, para que os depósitos da unidadeManso possam ser melhor representados, o estabelecimentode um estratótipo composto. Assim, foram escolhidas comoprincipais as seções Turvo (Fig.9b) e Piracema (Fig. 9c); comosuplementares, as seções Bom Retiro (Fig. 5a), Campo Alegre

(Fig. 6a), Fazendinha (Fig. 6b), Três Barras (Fig. 6c), Cotiara(Fig. 7a), Rialto/Tl (Fig. 8a), Cerâmica Joana D'Arc/Tl (Fig.8b), Campinho (Fig. 9a), Córrego do Resgate III (Fig. 10c) eCórrego do Resgate IV (Fig. 10d).

A Aloformação Manso engloba uma seqüência sedimentarconstituída por depósitos de encosta e fluviais intimamenteinterdigitados, sendo reconhecidas três associações de fáciessedimentares principais, informalmente denominadas comofácies Campinho, fácies Quebra-Canto e fácies Fazendinha,distinguíveis em superfície e subsuperfície. Essa subdivisãotornou-se necessária pois, ao individualizar depósitos commaiores similaridades sedimentológicas, permite abordagemmais detalhada, adequada ao entendimento da história evolu-tiva.

FÁCIES FAZENDINHA Sob a denominação fácies Fa-zendinha, são reunidos os depósitos coluviais identificadosna Aloformação Manso, encontrados em discordância erosivasobre os depósitos da unidade Cotiara. O nome Fazendinhaé proveniente de uma localidade em que esses depósitos po-dem ser tipicamente reconhecidos.

A fácies Fazendinha corresponde a materiais areno-argilo-sos, amarelados, maciços, com freqüentes grânulos de quart-zo, extremamente mal selecionados, micáceos, podendo sersubdivididos em duas camadas superpostas, informalmentedesignadas como Fazendinha I e Fazendinha II. Preservamrestos vegetais carbonizados e comumente apresentam óxidosde ferro e de manganês. Atingem espessuras variáveis, emgeral da ordem de alguns metros, existindo evidências de quepodem localmente atingir cerca de 5 m.

Os depósitos da fácies Fazendinha são identificados emrelação de interdigitação com aqueles que constituem as fáciesCampinho e Quebra-Canto, sendo comumente registradospróximo ao topo da Aloformação Manso. São tipicamenteencontrados em baixa encosta.

Litologicamente, assemelham-se aos depósitos da Alofor-mação Cotiara, porém, mais grossos, sendo necessária análiseestratigráfica detalhada para que possa ser identificado o li-mite descontínuo. Parecem resultar do retrabalhamento dosdepósitos da unidade Cotiara.

FÁCIES QUEBRA-CANTO A denominação Quebra-Can-to é proposta com o objetivo de individualizar depósitos decoloração arroxeada encontrados em notável discordância ero-siva sobre a Aloformação Cotiara, podendo mesmo ser identi-ficados em discordância erosiva sobre a unidade Rio doBananal, ou ainda diretamente em inconformidade com o em-basamento cristalino alterado. O nome Quebra-Canto é retira-do de um curso fluvial situado próximo a uma das principaisseções indicadas para representar a Aloformação Manso.

Esses depósitos são, caracteristicamente, arroxeados, tex-turalmente arenosos, areno-sílticos, areno-argilosos, muitomal selecionados, micáceos, feldspáticos. Encontram-se dis-tribuídos em camadas tabulares centimétricas, mais ou menoscontínuas, apresentando em sua totalidade espessuras da or-dem de até 10 m, podendo atingir espessuras maiores.

Uma característica significativa dos depósitos da fáciesQuebra-Canto é que, enquanto se encontram distribuídos emcamadas tabulares, de forma similar aos depósitos fluviaisenglobados na fácies Campinho, com os quais estão intima-mente interdigitados, apresentam feições sedimentológicaspróximas a dos depósitos coluviais, correspondendo a mate-riais de granulometria heterogênea, maciços, com freqüentesgranules de quartzo; os níveis mais arenosos apresentammaior similaridade sedimentológica com depósitos fluviais,podendo ser observadas estratificacões plano-paralelas maldesenvolvidas. Isso levou esses depósitos a serem reconheci-dos como aluvio-coluviais.

Outro fato importante é o reconhecimento de que os depó-sitos da fácies Quebra-Canto dispõem-se geometricamente sob

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Figura 10 - A. Seção Rialío/T2, situada na estrada Bananal (SP) - Rialto (RJ), a 18 km de Bananal ao lado da ponte sobreo Rio do Bananal, na margem esquerda deste curso fluvial; B. Seção Cerâmica Joana D'Arc/72 localizada na rodoviaSP-066, a 1,5 km de Bananal (SP), em terreno da antiga Cerâmica Joana D'Arc, a margem esquerda do Rio do Bananal;C. Seção Córrego do Resgaste III, localizada na margem direita do Córrego do Resgate, a aproximadamente 2,5 km a partirda SP-066, na área da Fazenda Fazendinha, a 13 km de Bananal (SP) rodovia; D. Seção Córrego do Resgate IV; localizadana margem direita do córrego do Resgate, a aproximadamente 3 km a partir da SP-066, na área da Fazenda Fazendinha,

Figure 10 – A Rialto/T2 Section Bananal; (SP) - Rialto (RJ) road, 18 km from Bananal, beside a bridge over Bananal river, on the left margin ofthis stream- B Cerâmica Joana D'Arc/T2 Section; SP-066, 1.5 km from Bananal, on the left margin of Bananal river, C. Córrego do Resgate III Section,Resgate creek right margin, 2.5 km from SP-066, 13 km from Bananal (Fazendinha Farm area); D. Córrego do Resgate IV Section, Resgate creek rightmargin,3 km from SP-066, 13.5 km from Bananal (Fazendinha Farm area)

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Figura 11 - Mapa das unidades aloestratígráficas em uma área do médio curso do Rio do Bananal (área da Fazenda TrêsBarras)Figure 11 - Allostratigraphic map of a specific area in middle Bananal river valley (Três Barras Farm area)

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Figura 12 - A. Mapa das unidades aloestratigráficas em uma área do baixo curso do Rio Piracema (área da Fazenda BelaVista); B. Mapa das unidades aloestratigráficas em uma cabeceira de drenagem no baixo curso do Rio Piracema (voçorocada Fazenda Bela Vista) - detalhe do mapa anteriorFigure 12 - A. Allostratígraphic map of an specific area in lower Piracema river valley (Bela Vista Farm area); B. Allostratigraphic map of a headwater inlower Piracema river valley (Bela Vista farm farmgully) - detail from preceding map

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Figura 13-A. Mapa das unidades aloestratigráficas na localidade Treviso; B. Mapa das unidades aloestratigráficas noanfiteatro Treviso - detalhe do mapa anteriorFigure 13 - A. Allostratigraphic map of Treviso site; B. Allostratigraphic map of Treviso amphitheater - detail from preceding map

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Figura 14 - Mapa das unidades aloestratigráficas no anfiteatro Bom RetiroFigure 14 - Allostratigraphic map of Bom Retiro amphitheater.

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a forma de canais que se prolongam desde o fundo dos valesaté a média encosta, o que pode ser facilmente identificadopelas sondagens Bom Retiro (Fig. 5b) e Bela Vista (Fig. Tb).

Considera-se que a formação desses depósitos está rela-cionada a um evento de erosão linear acelerada (paleovoço-rocas) de grande expressão regional, chegando a atingir, nascabeceiras de drenagem, o embasamento cristalino alterado.

Os depósitos da fácies Quebra-Canto estão freqüentementeassociados a anfiteatros que apresentam ruptura abrupta dasencostas laterais com o fundo piano-horizontal a subonzontaldas reentrâncias (hollows), correspondendo ao que Moura etal (1991) definem como HCP (anfiteatros com Hollow Côn-cavo-Plano). A identificação dessas feições geomorfológicasparticulares e significativas na região considerada é impor-tante no reconhecimento desses depósitos.

FÁCIES CAMPINHO A denominação Campinho é pro-posta para identificar os depósitos fluviais reconhecidos dentroda Aloformação Manso, caracterizados por heterogeneidadesedimentológica bastante significativa. A designação Campi-nho é proveniente de uma localidade onde esses depósitos flu-viais podem ser tipicamente identificados.

Os sedimentos que compõem a fácies Campinho são co-mumente encontrados em discordância erosiva sobre os de-pósitos das unidades Rialto e Rio das Três Barras, estandorepresentados nos terraços fluviais mais antigos (TI). Corres-pondem, muitas vezes, ao arcabouço sedimentar básico re-gistrado em muitos vales fluviais da área de estudo.

Os depósitos da fácies Campinho da Aloformação Mansodispõem-se em camadas mais ou menos contínuas, geralmentehorizontalizadas, com espessuras em torno de vários centí-metros. Essas camadas demonstram composição textural va-riável de argilas sílticas a areias grossas, sendo freqüentesgradações verticais e laterais; são materiais muito mal sele-cionados, apresentando cores variadas.

Os níveis arenosos possuem granulometria variável deareias sílticas, geralmente amareladas ou avermelhadas, aareias grossas com cascalho, esbranquiçadas ou amareladas,podendo apresentar estratificações cruzadas bem desenvolvi-das. São comuns níveis de oxidação e crostas ferruginosas.Mineralogicamente, são quartzosas, feldspáticas e micáceas.

As camadas de textura mais fina correspondem a argilassílticas e siltes argilosos, amarelados, rosados ou arroxeados,comumente apresentando laminações horizontais milimétri-cas e níveis gradacionais centimétricos; são, caracteristica-mente, micáceas, podendo preservar matéria orgânica emquantidade variável.

O topo da fácies Campinho é representado por uma se-qüência de areias sílticas e siltes arenosos, avermelhados eamarelados, sem estruturas sedimentares visíveis, e micáceos.

Em sua totalidade, os depósitos da fácies Campinho apre-sentam espessuras registradas da ordem de até 10 m, masexistem evidências indicativas de espessuras maiores.

Os depósitos que compõem a Aloformação Manso repre-sentam um importante marco estratigráfico dentro da seqüên-cia deposicional neoquaternária identificada na região deBananal (Moura & Mello 1989). A unidade Manso pareceregistrar uma fase de grande instabilidade na paisagem duranteo Holoceno, representada por intensa retomada erosiva nascabeceiras de drenagem. A seqüência evolutiva que tem sidoconsiderada destaca a grande expressão do fenômeno erosivo,que chegou a atingir o embasamento cristalino e produziu talquantidade de sedimentos que superou a capacidade dos cur-sos fluviais em transportá-los, sendo progressivamente entu-lhados (fácies Campinho), elevando-se o nível de base eprovocando a retenção dos materiais provenientes das encos-tas (fácies Quebra-Canto e Fazendinha) cada vez mais próxi-mo às fontes de suprimento. O resultado final parece ter sidoo entulhamento generalizado da paisagem, documentado emgrande parte da região estudada.

Por sua importância dentro do quadro evolutivo e expres-são regional os depósitos da Aloformação Manso são desta-cados nos mapeamentos efetuados (Figs. 11 a 14),recorrendo-se ao mapeamento por associação de unidades,quando registrados em subsuperfície.

Aloformação Piracema Sob a denominação Alofor-mação Piracema, são reunidos depósitos que constituem umaseqüência coluvial de grande expressão na região estudada,em nítida discordância erosiva sobre as unidades subjacentes.O nome é retirado do Rio Piracema, principal afluente do Riodo Bananal, e em cuja bacia estão localizadas muitas dasseções estratigráficas apresentadas.

A seção Bom Retiro (Fig. 5a) é indicada para representaro estratótipo da unidade Piracema. As seções Treviso (Fig.4a), Fazendinha (Fig. 6b), Três Barras (Fig. 6c), Cotiara (Fig.7a), Rialto/Tl (Fig. 8a), Cerâmica Joana D'Arc/Tl (Fig. 8b),Campinho (Fig. 9a), Turvo (Fig. 9b) e Piracema (Fig. 9c) sãoindicadas como suplementares.

Os depósitos dessa unidade são mapeáveis em superfície,demonstrando a maior representatividade espacial entre asunidades definidas. Podem ser encontrados em diversas si-tuações quanto à topografia das encostas, nos interflúvios,encostas laterais ou preenchendo as reentrâncias (hollows)dos anfiteatros, sendo registrados freqüentemente no topo dosterraços fluviais mais antigos (TI). Essas relações são docu-mentadas nas sondagens Treviso (Fig. 4b), Bom Retiro (Fig.5b) e Bela Vista (Fig. Tb), assim como nos mapeamentosrealizados (Figs. 11 a 14).

Podendo ser registrados em discordância erosiva sobretodas as unidades subjacentes, ou comumente em in-conformidade com embasamento cristalino alterado, osdepósitos da Aloformação Piracema são litologicamentecaracterizados por materiais de granulometria variada,extremamente mal selecionados, subdivididos em duascamadas superpostas, separadas por descontinuidade textura!.A camada inferior é representada por depósitosargilo-arenosos, castanho-avermelhados, com freqüentes grâ-nulos de quartzo; a camada superior diferencia-se por suatextura mais grossa, areno-argilosa, castanho-avermelhada,com granules de quartzo; ambas são maciças, apresentandoestrutura pedológica em blocos, alcançando no total espessu-ras registradas da ordem de até 5 m. Informalmente, sãoadotadas as denominações propostas por Moura & Meis(1986) para a identificação das camadas que compõem aunidade Piracema, respectivamente Piracema I e II. Estudosrecentes (Santos 1990) demostraram que as descontinuidadestexturais apresentadas pelas camadas Piracema I e II corres-pondem a diferenciações pedológicas em horizontes de solo.

Os depósitos da Aloformação Piracema parecem registraruma fase de grande atividade na dinâmica das encostas, re-sultando no retrabalhamento das unidades coluviais subjacen-tes, atingindo o embasamento cristalino e provocando oremodelamento da paisagem.

Aloformação Resgate Os depósitos fluviais que cons-tituem o arcabouço estratigráfico básico registrado no nívelintermediário de terraços fluviais (T2) são reunidos sob adenominação Aloformação Resgate, nome retirado de um cur-so fluvial afluente do Rio do Bananal - nessa bacia, os de-pósitos dessa unidade podem ser tipicamente reconhecidos.

As principais seções de referência escolhidas para repre-sentar os depósitos da unidade Resgate - seções-tipo - cor-respondem às seções Córrego do Resgate III (Fig. 10c) eCórrego do Resgate IV (Fig. 10d), sendo indicadas comosuplementares à descrição as seções Rialto/T2 (Fíg. 10a) eCerâmica Joana D'Arc/T2 (Fig. 10b).

A principal feição distintiva da Aloformaçíto Resgate cor-responde à notável discordância erosiva que separa a unidadedos depósitos fluviais mais antigos, relacionada a eventos,

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dentro da dinâmica neoquatemária de evolução da paisagem,de entalhe erosivo dos canais fluviais e formação do nívelintermediário de terraço fluvial (T2). Assim, os depósitos daunidade Resgate são encontrados em discordância erosivanítida sobre as unidades Manso, Rialto e Rio das Três Barras,coincidindo o limite superior com o topo do terraço fluvialintermediário (T2), superfície geomorfológica que permite oreconhecimento da unidade. Deve ser ressaltado que, apesarde representarem o arcabouço sedimentar básico identificadono nível de terraço intermediário, os depósitos da unidadeResgate não correspondem ao registro sedimentar único dessaunidade geomorfológica, que pode englobar seqüências maisantigas (nível de terraço parcialmente erosivo e parcialmentede agradação).

A Aloformação Resgate é mapeável em superfície, porémnão é encontrada em todos os subsistemas de drenagem daregião, como pode ser verificado nos mapeamentos realizados(Figs. 11 a 14). Moura & Mello (inédito) relacionam a des-continuidade espacial da unidade Resgate a condições parti-culares e significativas dentro da evolução dos sistemas dedrenagem na região de Bananal.

litologicamente, os depósitos da unidade Resgate com-põem-se de camadas areno-sflticas superpostas, com espes-suras variáveis, atingindo em sua totalidade espessurasregistradas de até 5 m. Os depósitos identificados iniciam-sepor uma camada de areias finas a grossas, de cores esbran-quiçadas, amareladas e acastanhadas, micáceas, moderada-mente selecionadas, mostrando estratificações cruzadas bemdesenvolvidas, planares e acanaladas, apresentando cascalhoarenoso na base, composto por seixos subarredondados asubançulosos de quartzo e fragmentos de rocha em matrizde areia grossa. Acima, caracteriza-se uma camada compostapor areias finas a médias, acastanhadas, finamente estrati-ficadas, micáceas, e níveis siltico-arenosos, castanhos, mi-cáceos. Outra camada, sobreposta, é constituída por siltescastanhos apresentando certo mosqueamento, podendo pre-servar matéria orgânica (restos vegetais). São encontrados,também, níveis argilosos de coloração cinza e rosada, gra-dacionais, bastante orgânicos, micáceos. Completando osdepósitos identificados na Aloformação Resgate, no topo dessaunidade, são observadas areias finas e sflticas, esbranquiçadasa acastanhadas, mostrando estratif icações cruzadas planaresde baixo ângulo, muito micáceas e relativamente bem se-lecionadas.

Existe significativa similaridade litológica entre as areiasque compõem as camadas inferiores da unidade Resgate eaquelas da Aloformação Rialto. A separação entre elas podeser bastante difícil, principalmente se a distinção morfológicaentre os níveis de terraço não for evidente. Análises minera-lógicas que vêm sendo realizadas têm demonstrado que essasunidades podem ser individualizadas com base em relaçõescomposicionais de minerais leves e pesados.

O significativo enriquecimento em finos em direção aotopo da unidade Resgate pode ser uma evidência importantepara a caracterização do ambiente fluvial relacionado, exis-tindo a necessidade de um estudo faciológico mais detalhadoque possa levar à identificação dos processos de sedimentaçãoassociados.

Aloformação Carrapato A última unidade individua-lizada na coluna estratigráfica proposta corresponde a umaseqüência coluvial definida sob a denominação AloformaçãoCarrapato. A designação geográfica é proveniente de um cursofluvial, componente da bacia do Rio Piracema, onde os de-pósitos da unidade Carrapato estão bem representados.

Para representar a unidade, foi escolhida como seção-tipoa Seção Bom Retiro (Fig. 5a), sendo indicada como suple-mentar à sua descrição a seção Treviso (Fig. 4a). Nas son-dagens Treviso (Fig. 4b), Bom Retiro (Fig. 5b) e Bela Vista(Fig. Tb), pode ser observada sua distribuição nas encostas.

Os depósitos da unidade Carrapato são encontrados emdiscordância erosiva sobre as unidades coluviais subjacentes;são mapeáveis em superfície, demonstrando representativida-de menor em relação às outras unidades identificadas, limi-tando-se a situações de baixa encosta, preenchendoreentrâncias (hollows) de anfiteatros.

A Aloformação Carrapato é litologicamente constituída pormateriais areno-argilosos castanhos, com granules de quartzo,extremamente mal selecionados, maciços, apresentando es-trutura pedológica incipiente, com espessuras registradas daordem de um metro. Esses depósitos foram informalmentedefinidos com o colúvio Bela Vista por Moura & Meis (1986).

A seqüência coluvial representada pela Aloformação Car-rapato parece registrar uma fase mais recente de remodela-mento das encostas, que seria o último dos principais eventosidentificados nos depósitos quaternários encontrados na regiãode Bananal, para a dinâmica das encostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A aloestratigrafia, comométodo de reconhecimento estratigráfico dos depósitos qua-ternários, toma possível a identificação de marcadores estra-tigráficos melhor reconhecidos e acompanhados do quequalquer outro aspecto litológico ou biológico presente, res-saltando o significado das descontinuidades estratigráficasdentro do registro sedimentar.

Ultimamente, a importância das descontinuidades na aná-lise estratigráfica tem sido reconhecida e utilizada de modomais amplo no tempo geológico, fundamentando propostasde individualização de seqüências sedimentares (Goodwin &Anderson 1985, ISSC 1987). Considerando as novas catego-rias surgidas recentemente na nomenclatura estratigráfica, tal-vez a mais debatida entre essas seja aquela das unidadeslimitadas por descontinuidades (Owen 1987).

A freqüência de descontinuidades estratigráficas observadana seqüência deposicional estudada, algumas vezes associadasà preservação de perfis completos de paleossolos, promoveargumentos que sugerem a compartimentação do registrosedimentar considerado em uma sucessão de eventos deinstabilidade e estabilidade dentro da evolução neoquaternáriada paisagem.

No Pleistocene, a dinâmica evolutiva regional é documen-tada por depósitos coluviais representados em duas fases deretrabalhamento dos regolitos e remodelamento das encostas- Aloformação Santa Vitória e Aloformação Rio do Bananal.Essa última, apresentando um paleo-horizonte A datado emaproximadamente 10.000 anos (limite Pleistoceno/Holoceno),teria sido responsável pelo entulhamento dos vales pluviais,localmente represados, originando uma rede descontínua depequenos lagos, cujo testemunho sedimentar é representadopelas argilas da Aloformação Rio das Três Barras, datadas emaproximadamente 9.500 anos (Moura & Meis 1986).

A seqüência de eventos registra, a seguir, nova fase deremodelamento das encostas, representada pela AloformaçãoCotiara. É provável que, contemporaneamente, tenha se ins-talado, nas calhas fluviais, o sistema de canais tipo braideddocumentado nos depósitos da Aloformação Rialto.

Uma fase de significativa instabilidade ambiental é regis-trada pelos depósitos da Aloformação Manso, nitidamente emdiscordância erosiva com as unidades subjacentes. Fenômenosde erosão linear acelerada promoveram o recuo das encostaspor meio de um sistema de paleovoçorocas, produzindo talquantidade de sedimentos que excedeu a capacidade dos cur-sos fluviais em transportá-los, resultando no completo entu-lhamento dos vales pluviais, ainda hoje preservado na grandemaioria das bacias de drenagem regionais.

Depósitos coluviais subseqüentes promoveram um maiorou menor remodelamento da topografia das encostas - Alo-formação Piracema e Aloformação Carrapato. Intercalada en-tre essas duas seqüências coluviais, a Aloformação Resgastedocumenta outra fase de entalhe erosivo e posterior agradação

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dos canais fluviais. Tal evento, no entanto, ocorreu somentenos poucos sistemas de drenagem que acompanharam a evo-lução dos coletores principais.

As unidades limitadas por descontínuidade são, por de-finição, diacrônicas. Porém, é reconhecido que possuem umimportante significado cronoestratigráfico, em função de asdescontinuidades representarem um marco lateral. Faltamdatações que permitam uma melhor definição do sentidotemporal das unidades aloestratígráficas definidas. A quan-tidade de restos orgânicos observados deve possibilitar aobtenção de idades mais precisas para os depósitos consi-derados, assim como fundamentar estudos palinológicos degrande relevância.

Os depósitos neoquaternários identificados na região deBananal (SP/RJ) apresentam significativa correlação comaqueles já estudados no médio vale do Rio Doce e em outrasáreas do médio vale do Rio Paraíba do Sul (Meis 1977, Meis& Monteiro 1979, Moura & Meis 1980, Machado &Moura 1982), com similaridades estratigráficas, morfo-

lógicas de idade. Torna-se importante, assim, o estabeleci-mento de uma nomenclatura estratígráfica estável, provávelde ser estendida a depósitos encontrados em outras regiõesdo Planalto Sudeste do Brasil.

Os argumentos apresentados no contexto metodológicodeste trabalho visam dimensionar a importância da aloestrati-grafia como básica às demais colunas estratigráficas do Qua-ternário Continental. Da mesma forma, constitui-se comosuporte para o mapeamento das formações superficiais, útil aodesenvolvimento de projetos agrícolas e de controle da erosão,assim como à utilização racional dos recursos naturais.

Agradecimentos Esse trabalho não poderia ter sidodesenvolvido sem o apoio financeiro da FINEP, CNPq, FA-PERJ e CEPG/UFRJ, bem como sem a dedicada colaboraçãode todos os membros do Grupo de Estudos em Geomorfologiae Estratigrafia do Quaternário - GEOQUAT (IGEO/UFRJ).Desejamos agradecer ao Prof. Josué Camargo Mendes porsuas relevantes sugestões e pela revisão critica do artigo.

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MANUSCRITO A638Recebido em 2 de janeiro de 1990

Revisão do autor em 3 de agosto de 1990Revisão aceita em 9 de agosto de 1990