classification and adaptations of muscle fibers: a review
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I S S N : 1 8 0 9 - 2 9 5 0
FISIOTERAPIA^, PESQUISA
REVISTA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO
Volume 12 - nmero 3 Setembro - Dezembro 2005
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Fisioterapia e Pesquisa
em continuao a Revista de Fisioterapia da Universidade de So Paulo.
P u b l i c a o quadrimestrall do Curso d e Fis ioterapia da F a c u l d a d e d e M e d i c i n a da U S P
Fisioterapia e Pesquisa visa disseminar conhecimento cientfico rigoroso de modo a subsidiar tanto a docncia e pesquisa na rea quanto a fisioterapia clnica. Publica, alm de artigos de pesquisa originais, revises de literatura, relatos de caso/s, bem como cartas ao Editor.
I N D E X A D A E M : LILACS - Latin American and Caribbean Health Sciences; LATINDEX - Sistema
Regional de Informacin en Lnea para Revistas Cientificas de Amricas; e C INAHL - Cumulative
Index to Nursing and Allied Health Literature.
Tiragem: 1.000 exemplares
E D I T O R A C H E F E
P r o f a . D r a . A m l i a P a s q u a l M a r q u e s
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P r o f a . D r a . I s a b e l d e C a m a r g o N e v e s S a c c o
P r o f a . D r a . S l v i a M a r i a A m a d o J o o
C O N S E L H O C O N S U L T I V O ( F O F I T O / F M / U S P )
P ro f . D r . C a r l o s R o b e r t o R. d e C a r v a l h o
P r o f a . M s . C a r o l i n a F u
P r o f a . D r a . C e l i s a T i e m i N . S e r a
P ro f . D r . C e l s o R i c a r d o F. d e C a r v a l h o
Pro fa . D r a . C l a r i c e T a n a k a
P r o f a . D r a . F t i m a A p a r e c i d a C a r o m a n o
P r o f a . D r a . R a q u e l A p a r e c i d a C a s a r o t t o
P r o f a . D r a . M a r i a E l i s a P i m e n t e l P i e m o n t e
S E C R E T A R I A
A n a A s s u m p o
E D I O D E T E X T O
T ina A m a d o
N O R M A L I Z A O B I B L I O G R F I C A E I N D E X A O
S e r v i o de B ib l i o teca e D o c u m e n t a o da F M U S P
e-mail: pub l i sh@b ib l i o t eca . fm .usp .b r
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A l b a A . G . C e r d e i r a R o d r i g u e s
D I A G R A M A O
D a n i e l C a r v a l h o
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G r f i c a U N I N O V E
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P r e s . P r u d e n t e
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Curso de Fisioterapia Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupac ional - FOF ITO/FM/USP R. Cipotnea 51 Cidade Universitria 05360-160 So Paulo SP e-mail: [email protected] http://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php
A P O I O INSTITUIES COLABORADORAS
S I Bi M Itl^ CREFITO -3
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRO P R E T O / U S P
mailto:[email protected]:[email protected]://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php
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SUMRIO CONTENTS
Editorial 5
Editorial
PESQUISA ORIGINAL
ORIGINAL RESEARCH
Interferncia de ondas curtas pulsadas na adesividade e na fagocitose de macrfagos em
ratos com desnutrio neonatal 6
Interference of pulse short waves on macrophage adhesion and phagocytosis in rats with neonatal malnutrition
Eduardo J. N. Montenegro, Paula Roberta T. Hirakawa, Maria D. Costa, Mrcio B. Pedroza, Ana
Carine M. Gouveia, Raul M. de Castro, Clia M. M. B. de Castro
Anlise morfomtrica de tecido muscular de coelhos submetido a ultra-som pulsado e contnuo de 1 MHz 15
Morphometric analysis of rabbit muscle tissues submitted to pulse and continuous 1 MHz ultrasound
Lara G. Lopes, Snia M.M.G.Bertolini, Eguimar E. R, Martins, Pedro M. Gewehr, Mrio S. Lopes
A contribuio da extenso comunitria para a formao acadmica em Fisioterapia 22
Contribution of community extension to the academic training of physiotherapists
Ktia Suely Q. S. Ribeiro
Fisioterapia e complicaes fsico-funcionais aps tratamento cirrgico do cncer de mama 30
Physical therapy and physical-functional complications after breast cancer surgical treatment
Adriane P. Batiston, Silvia M. Santiago
Efeitos de um programa de exerccios fsicos na tolerncia ao esforo de indivduos com tuberculose pulmonar 34
Effects of a physical exercise program in the effort tolerance by patients with pulmonary tuberculosis
Viviane V. Reck, Daisy Bervig, Lenice F. Rodrigues, Cristiano Sanches, Roberto Frota
RELATO DE CASOS CASE REPORT
Mobilizao pelo mtodo Maitland para correo da discrepncia de membros inferiores: estudo de caso 41
Mobilization by the Maitland method to correct lower limb length discrepancy: a case study
Daniela B. Gonzalez, Danielli Cristina B. Ttora, Elaine L. Mendes
Fisioterapia respiratria na doena de Parkinson idioptica: relato de caso 46
Respiratory physical therapy in idiopathic Parkinson's disease: case report
Luiz Antonio Alves, Ana Cludia Coelho, Antonio Fernando Brunetto
REVISO REVIEW
Classificao e adaptaes das fibras musculares: uma reviso 50
Classification and adaptations of muscle fibers: a review
Viviane B. Minamoto
Instrues para autores 56
Ficha de assinatura 59
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EDITORIAL EDITORIAL
Este foi u m a n o importante para a revista Fisioterapia e Pesquisa. O que era um
p r o j e t o n o i n c i o d e 2 0 0 5 t r a n s f o r m o u - s e e m r e a l i d a d e : n o v o t t u l o ,
quadr imestra l idade, prof issional izao da ed io de texto, parcerias etc. G raas
a o aux l io f inancei ro do Crefi to-3 e do Sistema Integrado de Bib l io tecas (S IB i ) , bem
c o m o parcer ia c o m U N I N O V E - Cent ro Univers i tr io N o v e de Ju lho - que
disponibi l izou os servios grficos, foi possvel terminar o ano c o m a sensao de
d e v e r c u m p r i d o . A pa rce r i a c o m o Cre f i to -3 t a m b m v i a b i l i z o u o acesso
pub l i cao na internet (em www.cref i to3.org.br, " revistas") .
Para os f isioterapeutas brasileiros, 2005 foi a inda o ano do X V I C O B R A F - C o n g r e s s o
Brasi le i ro de Fisioterapia - que agregou um nmero indito de part icipantes, cujos
resumos dos t raba lhos const i tu ram o v o l u m o s o sup lemento de Fisioterapia e
Pesquisa n.2 de 2005 .
H o j e nossa revista indexada nas bases de dados L I L A C S - Latin Amer i can and
Car ibbean Hea l th Sc iences , L A T I N D E X - Sistema Regional de Informacin en Lnea
para Revistas Cient f icas de Amr i cas e C I N A H L - Cumula t i ve Index to Nursing
and A l l ied Hea l th Literature. Dessa forma, na c lassi f icao de per idicos cientf icos
da C A P E S , na rea 21 (Educao Fsica, onde a Fisioterapia est inserida), a revista
passou para a categoria Internacional C .
O s planos para 2006, po rm, no param. N o prximo ano pretendemos apresent-
la a outras bases d e dados , in format izar todo o p rocessamento dos or ig inais
submetidos e prepar- la para a per iod ic idade trimestral.
Este o momento de agradecer a todos os que , neste ano , co laboraram de diversas
formas c o m a revista e contr iburam para que as mudanas fossem implementadas
c o m sucesso.
Profa. Dra . Am l ia Pasqual Marques
Ed i to ra -Che fe
http://www.crefito3.org.br
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Interferncia de ondas curtas pulsadas na adesividade e na fagocitose
de macrfagos em ratos com desnutrio neonatal
Interference of pulse short waves on macrophage adhesion and phagocytosis in rats with neonatal malnutrition
Eduardo J. N. Montenegro1, Paula Roberta T. Hirakawa2, Maria D. Costa3, Mrcio B. Pedroza4, Ana Carine M.
Gouveia5, Raul M de Castro6' Clia M. M. B. de Castro7
1 Fisioterapeuta; Prof, do Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
2 4 5 Alunos do Curso de Fisioterapia da UFPE
3 Aluna do Curso de Medicina da U F P E
6 Mdico; Prof, do Depto. de Nutrio da UFPE
do Mdica; Profa. Laboratrio de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) do Depto. de Medicina Tropical da UFPE
ENDEREO PARA
CORRESPONDNCIA
Clia M . M. B. de Castro Hospital das Clnicas bl. A Av. Moraes Rego s/n Cidade Universitria 53670-910 Recife PE e-mail: [email protected]
ACEITO PARA PUBLICAO
mar. 2005
RESUMO: Tendo em vista a relao estabelecida entre desnutrio neonatal e
atividade celular ligada ao sistema imune, macrfagos peritoniais de ratos
Wistar machos, desnutridos e recuperados, foram expostos diatermia de
ondas curtas pulsadas ( D O C P ) e a campo magntico (CM) alternado em
freqncia ultrabaixa para verificar in vitro as possveis alteraes no ndice
de aderncia e na at iv idade fagoct ica. Foram submetidos a D O C P
modulada em 30 Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica de Schliephake e na
tcnica convencional em paralelo, e a um C M de 60 Hz. Foi constatado
aumento no ndice de aderncia celular nos grupos experimentais de 30
Hz e 50 Hz na tcnica de Schliephake e ao C M de 60 Hz em relao ao
controle (p
-
acarretar danos no desenvolvi-
mento e f unc ionamen to das
funes do sistema imune 7 . As
interaes entre o encfalo, a hi-
pf ise e o t imo em estgios
precoces de desenvolvimento tm
sido estudadas e os resultados de-
monstram uma relao clara entre
o encfalo, a hipfise e o timo na
fase embrionria, ou seja, entre o
sistema nervoso, o sistema end-
c r ino e o s istema i m u n e 8 . A
maioria dos estudos a respeito
realizada em animais desnutridos,
mas que no foram recuperados
totalmente ou parcialmente da
desnutrio, deixando com isso
lacunas no esclarecimento do
comportamento do sistema imune
aps recuperao total ou parcial
do quadro de desnutrio pro-
movido durante esse perodo.
Progressos recentes em imu-
nologia enfatizam o papel dos
macrfagos no sistema imune,
como reguladores da homeostase
ou como clulas efetoras nas in-
feces, tumores e ferimentos9. A
desnutrio neonatal acarreta no
rato adulto seqela duradoura na
atividade funcional do macrfago
alveolar 1 0 . A desnutrio, mesmo
aps recuperao nutricional, pa-
rece deixar seqelas irreversveis
sobre os elementos do sistema
imune, a exemplo dos macr-
fagos 1 0.
O s macrfagos so inf luen-
ciados tambm pela ao dos cam-
pos eletromagnticos, alterando-se
sua capacidade de resposta dian-
te de antgenos 1 1. Na Fisioterapia,
tem aumentado o emprego das
irradiaes eletromagnticas em
diversos tipos de tratamento. Nos
hospitais pblicos atende-se dia-
riamente, no setor de Fisioterapia,
um grande nmero de pacientes
que utilizam esse recurso. A per-
gunta que surge ento na ativida-
de da clinica diria : os "renu-
tridos" respondem s teraputicas
vigentes, que em geral no levam
em conta eventual desnutrio
pregressa?
O objetivo deste estudo in-
vestigar a influncia da diatermia
de ondas curtas pulsadas (DOCP)
e do campo magntico (CM) de
freqncia ultrabaixa sobre a ati-
vidade fagoctica e o ndice de
aderncia (mecanismos bsicos
das c lu las fagoc t i cas) de
macrfagos peritoniais de ratos
desnutridos durante o perodo de
desenvolvimento do sistema imu-
ne e posteriormente submetidos a
recuperao nutricional.
METODOLOGIA
Obteno das clulas
Foram utilizados 24 ratos ma-
chos Wistar com idade entre 60 e
90 dias (nessa idade os animais
so considerados adultos), desnu-
tridos, aleitados por mes subme-
tidas a dieta nutricional deficien-
te* durante o perodo de lactao,
aproximadamente 24 dias ps-na-
tal. Aps o desmame os animais
foram mantidos no biotrio sob
temperatura de 23 2 C e ciclo
claro/escuro de 12 horas, receben-
do a dieta padro do biotrio
(LABINA) e gua ad libitum at o
sacrifcio. Quatro dias antes do
experimento, os animais foram es-
* A dieta insuficiente das mes foi calculada com base na Dieta Bsica Regional (DBR), modelo diettico da alimentao consumida por comunidades do Nordeste do Brasil, que comprovadamente causa desnutrio (Tabela 1).
Tabela 1 Composio centesimal da D B R
Ingredientes g % Protena C a rbo id ratos Lipdeos Cinzas Fibras K c a l
Feijo cozido e seco 18,34 i 99 10,66 0,24 0,57 1,09 60,76
Farinha de mandioca 64,81 0,84 48,59 0,12 0,43 5,64 198,8
Carne seca salgada 3,74 2,74 . - 0,06 0,06 - 11,50
Gordura da carne salgada e seca 0,35 - - 0,35 - - 3,15
Batata doce 12,76 0,30 9,99 0,03 0,20 0,48 41,43
Total 100,00 7,87 69,24 0,80 1,26 7,21 315,64
Adaptado de Teodsio et al.u
A desnutrio um dos proble-
mas mais importantes de sade
pblica no mundo. Estima-se que
cerca de metade da populao
mundial sofra de algum tipo de
desnutrio 1 . A prevalncia de
molstia infecto-contagiosa em
reas onde a fome endmica
torna a situao mais agravante,
uma vez que a resistncia a in-
feces nessas populaes apre-
senta-se reduzida. Como con -
seqncia, a severidade dos pro-
cessos infecciosos e a mortalida-
de na populao malnutrida so
maiores do que na populao
hgida 2.
Dados epidemiolgicos e clni-
cos demonstram que a deficin-
cia nutricional altera o comporta-
mento do sistema imune 3 , promo-
vendo enfraquecimento na imuni-
dade mediada pelas clulas, na
funo fagoctica, na concentra-
o de anticorpos nos lquidos or-
gnicos, na produo de citocinas;
a l tera-se tambm o sistema
complemento, aumentando com
isso o risco de infeco 4.
A deficincia de nutrientes sim-
ples, como zinco, selnio, ferro,
cobre, vitaminas A, E, C, B-6 e
cido flico, resulta em alterao
da resposta imune, mesmo quan-
do o estado de deficincia relati-
vamente pequeno 5. Esses nutrien-
tes esto envolvidos nos efeitos
regulatrios da funo imune
adaptativa, principalmente quan-
do mediados por citocinas 6 . H
indcios de que a desnutrio du-
rante o perodo crtico de desen-
vo lv imento do encfa lo pode
-
t imulados com in jeo intra-
peritonial de 5 ml de caseinato de
sdio a 6% estril (substncia in-
dutora de diferenciao de mon-
citos em macrfagos).
Aps pesagem e sedao, os
animais foram sacrificados por
seco medular para realizao
do lavado peritonial (mtodo uti-
lizado pelo laboratrio e aceito
pelo Comit de tica). Fez-se a
l impeza da rea c o m l coo l
iodado, inciso da pele na poro
mediana do abdome e injeo de
10 ml de soluo salina estril.
Aps massagem digital, realizou-
se a inciso na membrana perito-
nial e aspirao de todo o lqui-
do. Todo volume do exudate re-
cuperado foi quantificado e centri-
fugado a 1500 rpm por 10 minu-
tos. As c lu las foram ressus-
pendidas em 2 ml de NaCI 0,2%
estril para lisar as hemcias, por
dois minutos, e o volume final do
lavado recuperado com N a C I
0 ,9% estr i l para nova c e n -
trifugao (10 minutos/1500 rpm).
As clulas foram ressuspendidas
em meio de cultura RPMI 1640
completo (penicilina 100U/ml e
estreptomicina 100|ig/ml - Sigma)
com o vo lume equivalente ao
volume final do lavado, para con-
tagem. Para cada animal obteve-
se em mdia 40 mi lhes de
macrfagos, dos quais 9 5 % eram
clulas morfologicamente aceitas
pelas tcnicas de colorao de
Giemsa, no qual se utiliza um
reagente no 1 que contm eosina
e azul de metileno e o reagente
no 2 contendo azul II (80mg/dl) e
eosinato de azul II (100 mg/dl). A
v iabi l idade testada foi sempre
maior que 95% pela excluso com
azul tripan.
Equipamentos e irradiao das clulas
Para obteno das culturas de
macrfagos irradiados, parte da
suspenso das clulas provenien-
tes de cada animal (em triplicata),
aps o lavado per i ton ia l , foi
submetida a um campo magnti-
co seno ida l de f reqnc ia
ultrabaixa (60 Hz) com densida-
de de campo magntico de 1OuJ
(microTesla) e a um emissor de
D O C P (Diatermax L M 9006 da
KLD) com onda portadora senoidal
modulada em freqncia ultra-
baixa em bursts (pulsos), com os
parmetros de exposio que cons-
tam do Quadro 1 , com emisso de
40% de sua potncia total, como
indicado pelo fabr icante 1 3 uti-
lizando a tcnica de Schliephake
(que consiste em um distanciamen-
to dos eletrodos da rea tratada
de 10 a 20 cm) e a tcnica con-
vencional em paralelo (que con-
siste em um distanciamento dos
eletrodos da rea tratada de 2 a 4
cm). Note-se que os campos el-
tricos gerados foram dependentes
da potncia emitida, da distncia
da fonte emissora (eletrodos) e da
modulao da freqncia. A den-
sidade de potncia do campo foi
medida fora do meio de cultura
R P M I 1640 onde se encontra a
amostra. A condutividade do meio
RPMI-1640 de 7,64 mSiemens
(~164 ohm) e a resistncia do ar
aproximadamente 377 ohm. Com
esses valores verificou-se que a
resistividade do meio no interfe-
re na potncia do campo medido.
As amostras irradiadas foram
colocadas a 15 cm de distncia
dos eletrodos da D O C P na tcni-
ca de Schliephake (valor mdio
das distncias de 10 a 20 cm) e
na tcnica convencional em pa-
ralelo foram colocadas a 3 cm de
distncia do eletrodo (valor m-
dio das distncias de 2 a 4 cm)
que, nesse local, gerou uma ten-
so de campo eltrico alternado.
A tenso do campo eltrico gera-
do pela D O C P foi medida por
osc i l oscp io digi tal (marca
Hewlett Packard 54600B) acopla-
do a uma bobina indutora de cam-
po eletromagntico proveniente de
um multmetro {Logger Multimeter)
no local onde o tubo de vidro es-
tava com a amostra. Esse proce-
dimento teve como objetivo ga-
rantir que qualquer elevao em
termos de energia fornecida ao
sistema (clulas) fosse exclusiva-
mente dependente da freqncia
e no do aumento de tenso. A
distncia entre os eletrodos foi de
30 cm. As amostras foram colo-
cadas em estante de isopor
(poliestireno expandido, 2 % de
poliestireno e 98% de ar) durante
a exposio. Os eletrodos emis-
sores da D O C P tambm foram fi-
xados em suportes de isopor. As
amostras que serviram de contro-
le foram colocadas em ambiente
seguro, afastado da emisso do
campo. Foi efetuada no ambien-
te, antes da exposio, uma var-
redura para mapear qualquer cam-
po que pudesse interferir com o
campo experimental. O equipa-
mento utilizado foi o Trifield Na-
tural EM Meter e o referido oscilos-
cpio digital. No foi identifica-
do qualquer campo com intensi-
dade suficiente para interferir no
experimento (o campo eltrico al-
ternado ambiental foi de 47,8 mV).
A densidade da potncia do cam-
po foi medida pelo equipamento
Anritsu Power Meter ML 4803A.
Quadro 1 Esquema de irradiao para D O C P com 40% de potncia de sua emisso total
Tratamento Tempo Freqncia Vp-p D.P.C
(minutos) (Hz)
Controle 0 0 0 0
Schliephake 15 30 7,8 V 0,381 u W / c m 2
Schliephake 15 50 7,8 V 0,65uW/cm 2
Schliephake 15 430 7,8 V 6,35uW/cm 2
Convencional 15 30 32 V 6,36|iW/cm 2
Convencional 15 50 32V 11uW/cm 2
Convencional 15 430 32 V 91,37|iW/cm 2
Hertz (Hz): nmero de ciclos por segundo; Vp-p: Voltagem pico a pico da onda eletromagntica (burst); D.P.C: Densidade de potncia do campo em microWatts/centmetro quadrado
-
Para obteno dos macrfagos
irradiados com o campo magnti-
co senoidal de freqncia ultra-
baixa (60 Hz) com densidade de
fluxo magntico de 10uT, foi uti-
lizado um autotransformador ATS
Line de 500 VA. As amostras fo-
ram colocadas em uma estante de
Poliestireno expandido a uma dis-
tncia de 11,5 cm em sentido ver-
tical da fonte emissora do campo
por um perodo de 1 hora. O cam-
po magntico foi mensurado atra-
vs do equ ipamen to Tr i f ie ld
Broadband Meter. O mesmo pro-
cedimento de segurana utiliza-
do para a D O C P foi tomado em
relao exposio baixa fre-
qncia.
ndice de aderncia
Para o experimento, macrfa-
gos provenientes do lavado peri-
tonial irradiados ou no e dividi-
dos em triplicata foram transferi-
dos para poos de 35 mm de
dimetro em placas de culturas
com 6 poos cada, em uma den-
sidade de 2 X 106clulas/ml com
total de 2 ml por poo. As placas
foram mantidas em estufa a 37C,
sob atmosfera mida com 5 % de
C 0 2 por 60 minutos. Em seguida,
alquotas de 10uJ da amostra fo-
ram retiradas para contagem das
clulas no-aderidas, em diluio
de 1/10 em azul tripan na cmara
de Neubauer.
O clculo do ndice de ade-
rncia foi realizado empregando-
se a frmula de Segura et al.u:
IA=100 - clulas no aderidas X 100
n iniciai de clulas/ml
Atividade fagoctica
Macrfagos recuperados do la-vado peritonial foram divididos em triplicata, como descrito aci-ma. Para se aval iar a taxa de fagocitose, foram utilizados fun-gos Saccharomyces sp. Os fungos foram lavados trs vezes com So-luo Sa l ina B a l a n c e a d a de Hanks' (HBSS) . Em seguida, 10 8
fungos/ml foram misturados em suspenso, contendo 10 6 macr-fagos/ml de meio RPMI 1640.
As clulas (macrfagos e fun-
gos) irradiadas ou no foram dis-
t r ibudas em lmina para
microscopia ptica e incubadas a
3 7 C , em atmosfera mida, por um
perodo de uma hora. Aps esse
perodo as lminas foram lavadas
com H B S S , secadas temperatu-
ra ambiente e coradas com Diff-
Quik set (Baxter Dade, Ddinen,
Switzerland). A leitura foi feita em
microscpio ptico, com objetiva
de 100X sob imerso. A taxa de
fagocitose foi obtida, em per-
centual, pela contagem de macr-
fagos que fagocitaram o fungo, em
um total de 200 clulas.
ultrabaixa de 30 Hz (2), 50 Hz (3),
430 Hz (4) e campo magntico de
60 Hz (5). Aumento significativo
no ndice de aderncia foi de-
tectado nos grupos experimentais
na tcnica de Schliephake de 30
Hz e 50 Hz e no C M de 60 Hz
aps um perodo de exposio de
15 minutos para a D O C P e 60
minutos para o C M . O grupo ex-
perimental de 430 Hz no apre-
sentou aumento no ndice de ade-
rncia. A mdia e o desvio padro
do IA no controle foi de 54,13
4,86 em relao a 71,7 9,54
para D O C P de 30 Hz, 68,86
6,64 para D O C P de 50 Hz, 64,28
Anlise estatstica
Para anlise comparativa entre
o grupo controle e o grupo expe-
rimental, tanto para a fagocitose
quanto para o ndice de adern-
cia, foi ut i l izado o Teste-t de
Student com nvel de signif i-
cncia de p
-
dia e o desvio padro da ativida-
de fagoctica no controle foi de
22,75 2,18 em relao a 11,83
2,16 para D O C P de 30 Hz, 11,75
2,40 para D O C P de 50 Hz, 21,83
0,98 para D O C P de 430 Hz e
9,75 1,4 para C M de 60 Hz
(p0,05).
Tampouco qualquer efeito sig-
nificativo foi observado na ativi-
dade fagoctica nos grupos da
D O C P na tcnica convencional
em para le lo com modu lao
ultrabaixa de 30 Hz, 50 Hz e 430
Hz, aps um perodo de exposi-
o de 15 minutos (Fig.4). A m-
dia e o desvio padro da ativida-
de fagoctica no controle foi de
22,57 3,59 em relao a 20,85
4,59 para D O C P de 30 Hz, 22,28
3,19 para D O C P de 50 Hz, 22,71
4,99 para D O C P de 430 Hz
(p>0,05).
DISCUSSO
Neste estudo a adesiv idade celular de macrfagos peritoniais de ratos foi avaliada por meio do ndice de aderncia (IA), aps a exposio das clulas dos animais desnutridos e recuperados da des-nutrio aos campos de D O C P e C M de 60 Hz. Foi observado au-mento da adesividade celular aps um tempo de exposio de 15 minutos para as freqncias mo-duladas em ultrabaixa freqncia de 30 Hz e 50 Hz na tcnica de Schliephake e de 60 minutos para
-
os C M de 60 Hz, cujos parmetros
so utilizados na prtica fisiote-
rpica e encontrados em ambien-
tes de trabalho respectivamente.
Os campos de D O C P modulados
em freqncia ultrabaixa de 30
Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica
convencional em paralelo e de
430 Hz na tcnica de Schliephake
no alteraram a adesividade ce-
lular.
A desnutrio energtica pro-
teica modifica tanto a resistncia
especfica como a no-especfica
do organismo para agentes in-
fecciosos 1.
Os macrfagos so reconheci-
dos por sua atuao na defesa
contra a invaso do organismo por
antgenos estranhos. Essas clulas
podem migrar para o interstcio do
foco de reao aps aderir s c-
lulas endoteliais 1 4. A desnutrio
energtica protica altera esse
mecanismo reduzindo a expresso
de molculas de adeso e a ati-
vao de macrfagos 1 4 1 6 , poden-
do assim interferir de forma nega-
tiva no mecanismo de sinalizao
celular dos macrfagos, como o
fluxo de clcio e a fosforilao
das protenas quinases 1 6. Alm dis-
so, a atividade da cadeia trans-
portadora de eltrons drastica-
mente reduzida na desnutrio,
ocorrendo menor produo de ATP
para as clulas 1 6 . O ATP tem como
principal funo fornecer energia
para o equilbrio entre o processo
de fosforilao e desfosforilao
de protena especfica na sinali-
zao celular 1 7.
A interao adesiva mediada
por molculas proteicas transmem-
branares dependentes ou no dos
ons clcio. As molculas adesi-
vas dependentes de clcio apre-
sentam fortalecimento na adeso
quando em presena desse on 1 8 .
Molculas independentes de cl-
c io so eletronegativas (cido
silico) e quanto maior for essa
eletronegatividade, menor ser a
fora de adeso. Caso essas mo-
lculas se tornem menos e le -
tronegativas, o processo de ade-
so fortalecido 1 9 . Estudos da
d inm ica de adeso ce lu la r
demonstraram que esse tipo de
interao responde pelas leis que
regem as atividades enzimticas
tendo sua velocidade diminuda
na presena de baixas temperatu-
ras 2 0.
O s campos eletromagnticos
alteram no s a concentrao do
clcio intracelular como tambm
interferem na atividade enzim-
tica das clulas imunes 2 1 . Esse
efeito pode interferir na sinali-
zao e no comportamento celu-
lar, mecanismo ainda no total-
mente compreendido 2 1 2 3 .
Pelos resultados deste trabalho,
sugere-se que a D O C P com a po-
tncia e a freqncia modulada
de 30 Hz e 50 Hz na tcnica de
Schliephake, bem como o C M de
60 Hz entraram em ressonncia
com o sistema (clulas), defla-
grando aumento da adesividade
celular e interferindo no com-
portamento do clcio. Neste tra-
balho os animais foram subme-
tidos a uma desnutrio severa
durante o perodo de formao do
sistema imune e foram recu-
perados aps essa fase. Apesar de
a literatura indicar que a desnu-
trio energtica proteica promo-
ve eventos como desarranjo na
expresso de molculas de ade-
s o 1 4 1 6 , reduo da ativao de
macrfagos, interferncia na sina-
l i zao in t race lu la r dos
macrfagos 1 7, no presente estudo
os campos eletromagnticos au-
mentaram o ndice de aderncia
que, em parte, est diretamente
relacionado com os ons clcio,
fortalecendo esse fenmeno celu-
lar. O mecanismo pelo qual isso
ocorre ainda no conhecido.
A adesividade celular no so-
freu influncia da D O C P na tc-
nica convencional em paralelo na
m o d u l a o de f reqnc ias
ultrabaixas de 30 Hz, 50 Hz e 430
Hz, como tambm no sofreu in-
fluncia na tcnica de Schliephake
na freqncia ultrabaixa de 430
Hz. Isso sugere que a potncia de
densidade do campo, que em par-
te foi dependente da freqncia
modulada, no se encontra na fai-
xa de janela especfica do siste-
ma celular. Deve ser observado
que a D O C P de 430 Hz na tcni-
ca de Schl iephake gerou uma
densidade de potncia no local
das amostras de 6,35uA/V/cm 2,
coincidente com a potncia ge-
rada na D O C P de 30 Hz com a
tcnica convencional em paralelo
(6,36uW/cm 2 ) . Neste trabalho, o
que podemos observar que o
campo eletromagntico com os
parmetros utilizados no foi efi-
caz em alterar o comportamento
das molculas de adeso celular.
O processo de ativao celu-
lar promovido puramente pelos
campos no-ionizantes muito
discutido. Alguns resultados de-
monstram que esse processo s
possvel caso a clula j tenha si-
do pr-estimulada com alguma
substncia 2 4. Resultados recentes
apresentam evidncias de que
esses campos podem ativar a
clula de forma d i re ta 2 5 2 6 mas,
como j comentado, o mecanismo
exato dessa ativao permanece
d e s c o n h e c i d o 2 0 2 3 . H ip teses
existem; uma delas que a cadeia
de s ina l izao que envo lve o
inositol trifosfato (IP3) poten-
c ia l i zada pelos campos no-
ionizantes. O IP3 abre os canais
de clcio no retculo endoplas-
mtico, elevando a concentrao
desse on no interior da clula e
de f lagrando assim todos os
processos de sinalizao celular
promovidos pelo c l c i o 2 7 . No
momento em que o macrfago
entrou em contato com o plstico
da placa, a exposio prvia aos
campos agiu como um co-est-
mulo, aumentando a afinidade
pela interferncia nos ons clcio.
A provvel apl icao clnica
deste conhec imen to que a
D O C P pode ser utilizada em pro-
cesso inflamatrio onde clulas
necessitam de adeso para migrar
ao foco inflamatrio (leses trau-
mticas agudas e crnicas). J foi
demonstrado c l in icamente em
idosos, que apresentam natu-
ralmente aumento da adeso de
macrfagos, que esse fenmeno,
quando instalado crnicamente,
no benfico para o organismo,
pois est ligado formao de
aterosclerose 2 8. A utilizao des-
se tipo de irradiao (DOCP) deve
-
ser por tempo relativamente cur-
to e a anlise foi efetuada aps
uma hora da irradiao in vitro,
no se sabendo ento como esse
processo se comporta aps tempo
mais longo. Com o C M de 60 Hz,
o perodo de exposio de 60 mi-
nutos foi suficiente para deflagrar
o mesmo processo. A preocupa-
o inicial com esse tipo de irra-
diao que ela encontrada em
ambientes de trabalho industrial que
utilizam equipamentos eltricos,
onde pessoas permanecem por pe-
rodos de at oito horas dirias 2 9.
A atividade fagoctica demons-
trou uma reduo aps a exposi-
o a D O C P modulada em fre-
qncia ultrabaixa na tcnica de
Schliephake de 30 Hz e 50 Hz e
ao C M de 60 Hz. A ativao fisio-
lgica do macrfago est asso-
ciada fagocitose e aumenta a
formao de espcies reativas de
oxignio. Caso contrrio, se a ati-
vidade fagoctica reduzida, a
formao de espcies reativas de
oxignio d e c a i 2 2 . A at ivao
deflagrada por estmulos na mem-
brana celular, que transduzida
para o interior citoplasmtico pe-
las cascatas de sinalizao celular30.
No caso particular deste estudo, foi
utilizada a levedura Saccharomyces
sp para ativar a resposta fagoci-
tria dos macrfagos.
Macrfagos obtidos de animais
com de f i c i nc ia energ t ica
proteica, de vitamina D3 e A apre-
sentaram baixa atividade fagocti-
ca e anti tumoral 3 1 3 3 . A associao
entre def icincia nutricional e
aumento na susceptibilidade s
doenas infecciosas j bem co-
nhecida 3 4 . Uma diminuio na
atividade fagoctica com aumen-
to nos nveis de clcio intracelular
foi conseguida com campo mag-
ntico contnuo 3 5 e com microon-
das de baixssima intensidade 3 6.
As variaes nos nveis do on
clcio intracelular promovem al-
teraes tanto estimulatrias como
inibitrias nas clulas do sistema
imune 3 7 . Os dados experimentais
levam a crer que campos eletro-
magnticos aumentam a permeabi-
l idade da membrana c i toplas-
mtica para ons clcio pelos ca-
nais de clcio, podendo tambm
inibir o efluxo desse on para o ex-
terior da clula. A reserva de clcio
no retculo endoplasmtico li-
berada por mensageiros celulares
e a prpria captao para o inte-
rior do retculo endoplasmtico
pode ser alterada pelos campos
eletromagnticos, com isso man-
tendo as concentraes do on ele-
vadas no citosol 3 8.
Cations divalentes como o cl-
cio foram identificados como dos
fatores mais importantes para in-
fluenciar a fagocitose. O aumen-
to intracelular est associado com
a diminuio da fagocitose de
partculas estranhas 3 9 4 0 .
A dificuldade para entender a
resposta celular aos campos no-
ionizantes que ele se apresenta
de forma no-linear e no-limiar,
ou seja, pequenas intensidades
podem apresentar grandes efeitos,
altas intensidades podem passar
despercebidas pela c lu la 3 5 . A
adesividade celular e a atividade
fagoct ica dos macrfagos dos
animais desnutridos e recupe-
rados, estudados neste trabalho,
foram alteradas com campos que
apresentaram menor densidade de
potncia de energia (30 Hz e 50
Hz na tcnica de Schliephake e
C M de 60 Hz) em relao a cam-
pos com maiores densidades (430
Hz na tcnica de Schliephake e
30 Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcni-
ca convencional em paralelo).
Os macrfagos residentes dos
tecidos conjuntivos representam a
primeira linha de defesa contra
processos infecciosos9. Caso o sis-
tema tenha sua atividade dimi-
nuda, agentes externos e internos
podem proliferar-se com maior
facilidade, pois encontrariam pou-
ca resistncia a seu avano; isso
traz preocupao quanto expo-
sio do terapeuta e do trabalhador
a campos dessa ordem, por tem-
po indeterminado. Pacientes que
sofreram desnutrio durante a
fase crtica de desenvolvimento
do sistema imune podero natu-
ralmente apresentar diminuio na
atividade fagoctica, que poder
ser potencializada pela aplicao
da D O C P ou da exposio ao C M
de 60 Hz.
CONCLUSO
A D O C P modulada em ultra-
baixa freqncia de 430 Hz na
tcnica de Schliephake e de 30
Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica
convencional em paralelo no
interfere no ndice de aderncia
e na atividade fagoctica dos ra-
tos desnutridos e recuperados. A
D O C P modulada em ultrabaixa
freqncia de 30 Hz e 50 Hz na
tcnica de Schliephake e o C M
de 60 Hz aumentam o ndice de
aderncia (IA) e reduzem a ativi-
dade fagoctica dos macrfagos
dos ratos desnutridos e recupera-
dos, podendo ter aplicaes pr-
ticas em processos traumticos
agudos que necessitem de inter-
ferncia na adesividade celular e
na atividade fagoctica.
-
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Anlise morfomtrica de tecido muscular de coelhos submetido a ultra-som pulsado e contnuo de 1 MHz I
Morphometric analysis of rabbit muscle tissues submitted to pulse and continuous 1 MHz ultrasound
Lara G. Lopes1, Snia M.M.G.Bertolini2, Eguimar E. R. Martins3, Pedro M. Gewekr4, Mrio S. Lopes5
Fisioterapeuta; Prof, do Curso de Fisioterapiada Universidade Para na ens e (UNIPAR) e do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica e Informtica Industrial (CPGEI) do Centro Federal de Educao Tecnolgica do Paran (CEFET-PR)
Fisioterapeuta; Prof, da Universidade Estadual de Maring ( U E M )
Graduando em Fisioterapia na UNIPAR
Engenheiro e I I: r i c; o ; Pro l do CPGEI do CEFET-PR
Fisioterapeuta; Prof, do Curso de Fisioterapia da UNIPAR
ENDEREO PARA CORRESPONDNCIA
Lara Gurios Lopes Av. Duque de Caxias 4410 87504-040 Umuarama PR e-mail: [email protected]
Dissertao desenvolvida no Programa de Ps-Graduao CPGEI do CEFET-PR para obteno do ttulo de Mestre em Cincias.
ACEITO PARA PUBLICAO
maro 2005
RESUMO: Visando estabelecer uma relao entre os efeitos do ultra-som e a variao da rea da clula muscular, este estudo analisou os efeitos do ultra-som (US) de 1 M H z , pulsado e contnuo, uti l izado com a intensidade mxima de 3 W / c m 2 , em tecido muscular sadio do msculo vasto lateral de coe lhos (Oryctolagus Cuniculus) machos adultos. Uti l izaram-se dois grupos, cada um com 5 coelhos, sendo um para o U S pulsado e o outro para o U S contnuo. Uti l izou-se a coxa esquerda dos coelhos como antmero experimental, sendo a direita o controle. Em ambos os grupos foram realizadas 10 sesses consecutivas de U S de 1 M H z , com intensidade de 3 W / c m 2 / durante 12 minutos. Ao trmino das 10 sesses os coelhos foram sacrificados, retirando-se o msculo vasto la tera l , b i la te ra lmente , para p reparao das lminas, que foram analisadas histomorfometricamente. Consideraram-se sempre 10 clulas musculares em cada extremidade da lmina analisada - superior, inferior, direita e esquerda. Obtiveram-se assim 40 clulas analisadas, em cada antmero de cada coelho. Pela anlise estatstica (teste t-Student) da mdia das reas destas clulas, verificou-se que no houve diferena significativa entre o antmero experimental e o controle em ambos os grupos. Conclui-se que, com a metodologia empregada nesta pesquisa, o U S no produz efeitos morfomtricos no tecido muscular sadio de coelhos.
DESCRITORES: Engenharia biomdica; Tcnicas de fisioterapia; Msculos/ ultrasonografia; Coelhos
ABSTRACT: In order to seek a relation between applied ultrasound (US) and variation of muscle cell area, this study analysed the effects of 1 M H z U S , in pulsed and continuous mode, at the maximum intensity of 3 W / c m 2 , in healthy muscle tissue of adult male rabbits' (Oryctolagus Cuniculus) vast lateral muscle. Rabbits' left thighs were tested in the experiment, the right ones being taken as control. Two groups of 5 rabbits each were formed, one for pulsed U S and the other for continuous U S . In both groups were applied 10 consecutive sessions of 1 M H z U S with intensity of 3 W / c m 2 during 12 minutes. At the end of the 10 sessions the rabbits were sacrificed and both thighs lateral muscles were excised, prepared and fixed to slides for microscopic analysis of the cells area. Ten cells were considered at each slide sector (upper, lower, right and left), thus a total of 40 cells were analysed from each thigh. The mean area of cells for each slide sector was compared to control thigh cells area by means of t-Student test. No statistical I ly significant differences were found between the two sides in both groups, leading to the conclusion that, with the described methodology, U S does not produce any effect in the cell size of rabbits healthy muscles.
KEY WORDS Biomedical engineering; Physical therapy techniques; Muscles/
ultrasonography; Rabbits
mailto:[email protected]
-
ram reportados em 192 7 por W o o d
e Loom is em The physical and
biological effects of high frequency
waves of great intensity, demons-
trando que altas freqncias (300
kHz) e intensidades de U S causa-
vam lise e diminuio da mobili-
dade das clulas vermelhas do
sangue 7. Vrios estudos controla-
dos tm demonstrado a efetivida-
de da terapia com U S para cicatri-
zao de lceras varicosas e l-
ceras de presso 8 1 1 . Porm, numa
reviso de literatura feita em 293
artigos publicados desde 1950,
sobre os efeitos do U S em desor-
dens do sistema musculoesque-
ltico, observou-se que seu uso era
baseado em empirismo, faltando
evidncias cientficas de seus re-
ais efeitos 1 2. Os efeitos do U S c i -
tados em vrios trabalhos cient-
ficos no justificam seu uso e pro-
vavelmente no so benficos.
Essas concluses basearam-se na
falta de evidncias biolgicas da
sua ef iccia descritas nos arti-
gos 1 3 . No estudo de 35 artigos pu-
blicados no perodo de 1975 a
1999, sobre a eficcia do U S no
tratamento de diversas patologias,
somente 10 foram considerados
tendo uma metodologia adequa-
da, contendo todas as informaes
necessrias, desde equipamento
utilizado at a justificativa da dose
de tratamento.
Conclui-se que as opinies so-
bre as dosagens utilizadas para o
tratamento diferem significativa-
mente e que existem poucas evi-
dncias dos efeitos clnicos do U S ,
da a necessidade de importante
e sistemtica investigao de seus
efeitos clnicos e estudo da rela-
o entre doses e respostas biol-
gicas 1 4 .
Ultra-som e terapia
Geradores de U S de alta fre-
qncia, 3 M H z , so empregados
para o tratamento de tecidos su-
perficiais, pois a energia absor-
vida na superfcie. O gerador mais
utilizado, o de 1 M H z , oferece
um ajuste entre a penetrao pro-
funda e um aquecimento adequa-
do, em funo da freqncia relati-
vamente baixa empregada1 5.
Os efeitos do U S dependem de
muitos fatores fsicos e biolgicos,
tais como a intensidade, o tempo
de exposio, a estrutura espacial
e temporal do campo ultra-snico
e o estado fisiolgico da estrutura
a ser tratada. Esse grande nmero
de var iveis compl ica a com-
preenso exata do mecanismo de
ao do U S na interao com os
tecidos biolgicos 1 6.
A freqncia de sada, em um
equipamento de U S , determina a
profundidade de penetrao da
energia, com uma relao linear
entre a freqncia do \JS e a pro-
fundidade na qual a energia
absorvida pelo tecido. A taxa de
absoro e, conseqentemente, a
atenuao aumentam conforme a
freqncia do U S aumenta, devi-
do frico entre as molculas
que as ondas sonoras devem su-
perar para passar atravs dos teci-
dos 1 7 . O aumento de temperatura
nos tecidos, causado pelas ondas
de U S , depende da intensidade de
sada (W/cm 2 ) do equipamento e
da durao do tratamento. Embo-
ra esse mtodo de determinao
da dosagem do tratamento tenha
sido tradicionalmente utilizado, ,
na melhor das hipteses, uma tc-
nica imprecisa 1 8.
Os efeitos do U S so divididos
em trmicos e no-trmicos. Os
efeitos trmicos so produzidos
por ondas de U S contnuas, ou
pulsadas com alta intensidade, e
levam a uma alterao dos teci-
dos, como um resultado direto da
e levao de sua temperatura,
provocada pelo U S . O s efeitos
no-trmicos produzidos pelo US
pulsado causam alteraes resul-
tantes do efeito mecnico da ener-
gia de U S 5 - 1 8 " 2 0 .
O efeito trmico do U S con-siderado de grande importncia. O som atenua-se medida que atravessa um meio ou diminui sua intensidade durante esse trajeto. Parte dessa atenuao causada pela converso da energia em ca-lor por absoro e o restante, pela reflexo e refrao do feixe 2 0. O U S pode elevar a temperatura tecidual a 5 cm ou mais de profun-didade. A resposta fisiolgica atri-
Na prtica clnica, em fisiote-
rapia, vrios so os recursos ele-
troteraputicos e termoteraputi-
cos utilizados na reabilitao das
diversas desordens do sistema
musculoesqueltico, porm faltam
estudos sobre os reais efeitos biol-
gicos que estes recursos podem
provocar no organismo tratado.
U m dos equipamentos termote-
raputicos utilizados para a pro-
duo de calor o que utiliza
ultra-som (US) , produzindo calor
profundo pela propagao de suas
ondas mecnicas. O U S teraputi-
co freqentemente utilizado em
fisioterapia com o objetivo de di-
minuir sintomas e manifestaes
inflamatrias de diversas pato-
logias ortopdicas e reumatolgi-
cas. Entretanto, existem poucos
trabalhos cientficos que suportam
ou demonstram a eficcia do U S
utilizado em baixas intensidades
ou do U S pulsado (onde o efeito
trmico minimizado) e sua atua-
o nas manifestaes do proces-
so inflamatrio1.
O U S um recurso teraputico
muito utilizado no tratamento das
leses musculares, geralmente
associado a outras terapias como
mobilizaes ativas e passivas,
massagens e resfriamento com
bolsas de gelo. A incidncia des-
sas leses maior no mbito es-
portivo, onde comum os atletas
serem submetidos a tratamento com
US, que tem tido, aparentemente,
resultados eficientes2.
A terapia por U S tem vrias in-
dicaes, tanto nos processos agu-
dos como nos crnicos; seus efei-
tos fisiolgicos tm sido inves-
tigados h mais de 50 anos e vm
sendo descritos de maneira em-
prica atravs dos tempos e da pr-
tica clnica de cada terapeuta3 6.
Experimentos realizados com o
US demonstram que a interao
deste com os tecidos biolgicos
provoca alteraes fisiolgicas,
que podem ser benficas ou pro-
vocar danos. Os primeiros efeitos
biolgicos causados pelo U S , nos
tecidos submetidos a terapia, fo-
-
buda a esse efeito inclui o au-
mento da extensibilidade do col-
geno, alteraes no fluxo san-
gneo, mudanas na velocidade
de conduo nervosa, aumento da
atividade enzimtica e mudanas
na atividade contrtil dos mscu-
los esquelticos 1 8.
A vasodilatao, em resposta
ao aumento do fluxo sangneo
causado pelo uso do U S , pode ser
considerada, em parte, como um
fenmeno protetor, destinado a
manter a temperatura corporal
dentro dos limites da normalida-
de, 36 a 3 7 C 2 0 . As causas que
levam vasodilatao podem ser
consideradas como: liberao de
estimulantes tissulares em conse-
qnc ia da agresso ce lu la r
causada pela vibrao mecnica
das ondas ultra-snicas; estimu-
lao, possivelmente direta, das
fibras nervosas aferentes, o que
conduz depresso ps-excitatria
da atividade ortossimptica, le-
vando a uma reduo do tnus
muscular4. Os efeitos combinados
de vasodilatao, vasoconstrio
e edema podem ocorrer na clula
aps a aplicao de U S .
Dada a falta de comprovao
dos reais efeitos do U S e de este
ser dosado de maneira emprica,
este trabalho teve como objetivo
estudar os efeitos produzidos pelo
ultra-som de 1 M H z , pulsado e
contnuo, quando utilizado com a
intensidade mxima de 3 W / c m 2 ,
em tecido muscular sadio - no
caso, msculo vasto lateral de
coelhos (Oryctolagus Cuniculus)
machos adultos - buscando esta-
belecer relao entre a ao do
ultra-som e os efeitos causados na
variao da rea da clula mus-
cular.
MATERIAIS E MTODOS
Para a realizao do presente
estudo foram utilizados 10 coelhos
da raa Nova Zelndia, adultos,
com aproximadamente 4 meses
de vida, machos, com uma m-
dia de peso corporal de 2,7kg,
fornecidos pelo Instituto de Pesqui-
sa Acadmica, sendo todo o pro-
cedimento metodolgico previa-
mente submetido apreciao e
aprovao do Comit de tica em
Pesquisa Envolvendo Animais da
UNIPAR.
Os dez coelhos foram divididos
em dois grupos de cinco, sendo
denominados grupo 1 - de U S
pulsado - e grupo 2, de U S cont-
nuo. O grupo 1 foi submetido a
uma intensidade ultra-snica de 3
W / c m 2 no modo pulstil, enquan-
to o grupo 2 foi submetido mes-
ma intensidade no modo cont-
nuo. Os grupos eram seus prprios
autocontroles, sendo a coxa es-
querda a experimental e a direita
o contro le. O s animais foram
tricotomizados na regio do ms-
culo vasto lateral bilateralmente
e, antes da aplicao do U S , fa-
zia-se a assepsia da regio com
l coo l 70%. C o m o meio de
acoplamento da interface trans-
dutor-pele, ut i l izou-se gel de
carbocol base de gua da KLD
Biosistemas. Cada grupo foi sub-
metido a sesses dirias de U S
durante 12 minutos num perodo
de 10 dias. O tempo utilizado foi
o sugerido no manual do equi-
pamento, que propunha 1 minuto
por c m 2 de rea tratada. A dose
utilizada foi a mxima recomen-
dada no manual 2 1 e sugerida por
autores j citados.
O equipamento utilizado foi o
ultra-som Avatar I - 1 M H z -
T U S 0 1 0 1 da K L D Biosistemas
Equipamentos Eletrnicos Ltda,
fornecido pela prpria empresa 2 1.
O cabeote transdutor foi con-
feccionado especialmente para o
experimento, com dimenso de 1
cm 2 , facilitando sua adaptao e
acoplamento aos animais. Seu
diafragma metlico foi feito num
dimetro menor que o conven-
cional utilizado para tratar huma-
nos. Antes do incio do experi-
mento o equipamento foi verifi-
cado atravs de uma balana para
ultra-som modelo O H M I C - U P M
DT-10, na prpria KLD, onde a
potncia de sada do transdutor
obteve um desvio mximo de
20%, sendo esse valor tolervel
pela norma N B R IEC 60601 -2-5 2 2 .
No dcimo dia os coelhos fo-
ram sacrificados para a coleta do
material para a anlise. Para a
realizao da eutansia todas as
cobaias foram anestesiadas pela
associao de xilazina (10 mg/kg) e
cloridrato de cetamina (100 mg/kg),
administrada por via intramus-
cular no msculo triceps braquial.
Tais doses so duas vezes maio-
res que as usualmente emprega-
das para anestesia cirrgica de
leporinos, e visaram estabelecer
uma garantia plena de anestesia
profunda. Uma vez anestesiado,
cada animal recebeu, por via
intracardaca, uma dose letal de
pentabarbital sdico, equivalente
a cerca de 30-35 mg/kg.
A coleta do material para con-
feco das lminas era feita logo
aps o sacrifcio, num intervalo
menor que 1 hora. Retirava-se o
mscu lo vasto lateral b i la te-
ralmente, desde sua origem at
sua insero, que era fixado por
imerso em formol a 10% duran-
te 5 dias at o incio da prepara-
o das lminas.
Passado o perodo de 5 dias, os
msculos eram retirados do Formol
e submetidos a cortes, com bistu-
ri cirrgico, na regio central do
ventre muscular, da face mais
externa do msculo para a mais
interna, formando pequenos blo-
cos de 1 cm 2 . Iniciava-se ento a
incluso desses blocos em uma
srie ascendente de lcoois a 70,
80 e 90% de concentrao e l-
cool absoluto por um perodo de
24 horas, aps o que os blocos
eram mergulhados durante 20 mi-
nutos em clorofrmio e banhados
trs vezes em parafina derretida
para fazer o emblocamento e pos-
terior corte no micrtomo.
Os cortes foram feitos transver-salmente fibra muscular, com uma espessura de 6|im formando finas lminas de tecido. Aps este processo, realizava-se a hidra-tao da pea e desparafinao em uma estufa. Iniciava-se ento a montagem das lminas que, quando prontas, eram coradas com eosina hematoxilina (HE) e fixa-das com resina Permot para pos-terior anlise em microscopia de
-
luz, com aumento de 400x, e analisador de imagens, para me-dida do tamanho da rea absolu-ta das c lu las musculares. O microscpio utilizado foi da marca Olympus BX50 com cmara de cap-tura 3 CCD pr-series. O programa de captura de imagens foi o Image Pr-plus verso 4.5 da Cybermetics.
Para a anlise histomorfomtri-ca das lminas o parmetro utili-zado foi a morfometria da clula muscular, comparando-se sempre o antmero experimental com o controle. A escolha dos campos para observao foi feita conside-rando-se sempre 10 clulas mus-culares em cada extremidade da lmina analisada - superior, infe-rior, direita e esquerda. Dessa ma-neira, obtiveram-se 40 clulas ana-lisadas em cada antmero de cada cobaia.
Para a anlise estatstica uti-
lizou-se o teste t de Student, pre-
sumindo varincias diferentes en-
tre os grupos. Considerou-se em
cada lmina a mdia aritmtica
das reas das clulas de cada ex-
tremidade analisada isoladamente
(mdia das reas das 10 clulas
da extremidade superior (ES) ,
mdia das reas das 10 clulas da
extremidade inferior (El), depois
da extremidade direita (ED) e es-
querda (EE) , sucess ivamente) .
Depois, para cada grupo de 5 coe-
lhos, obtiveram-se as mdias gerais
das extremidades superior, inferior,
direita e esquerda tanto do antmero
experimental como do controle em
questo. A essas mdias gerais apli-
cou-se o teste t de Student.
RESULTADOS
Com os valores calculados das
reas mdias das clulas de cada
extremidade das lminas dos 5
coelhos, fez-se a comparao es-
tatstica para cada grupo. Para
essa comparao estatstica le-
vantaram-se duas hipteses: H 0=u
(mdia) do antmero experimen-
tal = u do antmero controle; e
H ^ u do antmero experimental ^
u do antmero controle. Para es-
sas duas hipteses considerou-se
um nvel de significncia (p) de
5%.
Por meio do teste t-Student,
observaram-se as amostras presu-
mindo varincias diferentes. Veri-
ficou-se que para o grupo dos cin-
co coelhos submetidos ao U S con-
tnuo (Tabela 1) e para o grupo dos
5 coelhos submetidos ao U S pul-
sado (Tabela 2), de 1 M H z , du-
rante 12 minutos, com intensidade
de 3 W / c m 2 , num perodo de 10
dias, no houve diferena estats-
t ica s ign i f ica t iva nas extre-
midades superior, direita e esquer-
da do grupo do U S contnuo e em
nenhuma extremidade no grupo
do U S pulsado, portanto no hou-
ve alterao na rea das clulas
do msculo vasto lateral dos coe-
lhos. Desse modo, aceitou-se H 0 para os dois grupos, isto , no
houve diferena significativa en-
tre as mdias do antmero experi-
mental e do controle.
Na extremidade inferior do gru-
po do U S contnuo houve uma di-
ferena significativa, onde p=3%,
Tabela 1 Resultados da anl ise estatstica (teste t - Student paramtr ico) da rea mdia
dos msculos submetidos a U S cont nuo
das clu las das extremidades das lminas
Segmento rea mdia das
extremidades (um 2 )
Desv io
padro (um 2 )
Var inc ia p(T
-
menor que 5%, portanto deve-se
aceitar H r Porm a correlao de
Pearson, nesse ponto de observa-
o, resultou em 0,98 (98%), muito
prximo de 1 (100%). Nesse caso,
quanto mais prximo de 100% for
a correlao, mais semelhante foi
a variao nos dois antmeros ob-
servados, El-C e El-E; portanto, se
houve uma modificao na rea
das c lu las muscu la res do
antmero experimental, essa mo-
di f icao tambm ocorreu no
antmero controle, fazendo, des-
sa forma com que se aceite a hi-
ptese H 0 , pois os dois antmeros
no poderiam se alterar na mes-
ma proporo.
DISCUSSO
Embora se tenha procurado re-
ferncias na literatura sobre o
emprego de U S pulsado e cont-
nuo em tec ido muscu la r
esqueltico sadio de coelhos, no
se encontrou trabalho onde, even-
tualmente, se pudessem estabele-
cer comparaes diretas com esta
pesquisa. Optou-se pois por discu-
tir aqui, luz da literatura perti-
nente, a dosimetria do equipamen-
to e a tcnica empregada, bem
como comentar aspectos impor-
tantes que devem ser analisados
em novos experimentos que utilizem
o U S como proposta teraputica.
Equipamento
Quando se realiza a aplicao de U S , alguns cuidados so indis-pensveis. Pr imeiro h neces-sidade de garantir que o aparelho esteja funcionando adequada-mente 2 3 . Para garantir isso, o equi-pamento utilizado para este ex-per imento foi ver i f i cado pre-viamente pela empresa KLD. Se-gundo, necessrio garantir que as ondas sejam transmitidas ade-quadamente do transdutor para o animal . Dev ido ao animal es-colhido ser o coelho, e este ter um porte fsico muito menor que o ser humano, optou-se por reduzir a rea do cabeote transdutor de U S para garantir o acoplamento ade-quado. Optou-se tambm pela tcnica de aplicao direta com uso de gel no inico, por ser a
tcnica mais uti l izada em cl-
nica. Na aplicao do U S foi utili-
zada a freqncia de 1 M H z para
atingir tecidos mais profundos 4 7 1 5 .
Devido grande controvrsia
entre os autores citados com rela-
o intensidade e a patologia a
ser tratada, optou-se pela intensidade
mxima emitida pelo equipamento,
de 3 W / c m 2 , tambm proposta para
tratamentos com U S 4 ' 1 7 2 4 2 6 .
O tratamento foi realizado du-
rante 12 minutos conforme indi-
cado pe lo manua l do e q u i -
pamento 2 1 , que preconizava 1
minuto por c m 2 de rea submeti-
da ao U S . O perodo de 10 dias
consecutivos de tratamento foi
escolhido para simular condies
clnicas.
pertinente lembrar que os
parmetros utilizados neste expe-
rimento levam a um aumento da
temperatura local, tanto para o U S
pulsado como para o contnuo. O
U S pulsado, dependendo do ciclo
de trabalho uti l izado, tambm
produz um efeito trmico, mesmo
que de forma reduzida5.
Experimento
A opo de se trabalhar com
uma musculatura sadia foi feita
para ser possvel avaliar o even-
tual efeito morfomtrico real do
U S sobre as clulas musculares,
independente das reaes infla-
matrias que pudessem vir a acon-
tecer sob a influncia do proces-
so cicatricial causado por leses
externas. Quanto escolha do
mscu lo , pa receu mais inte-
ressante utilizar o msculo vasto
lateral por ser mais fusiforme e
espesso, assemelhando-se, morfolo-
gicamente, musculatura humana.
Essa caracterstica tambm favo-
receu a dissecao desse msculo
em relao aos demais, tornando
assim as etapas de processamento
das peas mais segura.
Menciona-se em muitas publi-
caes a possibilidade de favo-
recer a circulao sangnea me-
diante o uso do U S 4 1 8 2 5 . A absor-
o da energia do U S produz um
efeito trmico e o organismo res-
ponde a isso com vasodilatao.
Pode-se concluir que o efeito pri-
mrio do U S , por produzir calor
local, o inflamatrio. O proces-
so inflamatrio, que pode ser pro-
duzido pelo calor, caracteriza-se
por: vasodilatao local, com con-
seqente excesso de f luxo
sangneo; aumento da permeabi-
lidade dos capilares, permitindo
o extravasamento da grande quan-
t idade de lquido nos espaos
intersticiais; com freqncia, coa-
gulao do lquido nos espaos
intersticiais, devido quantidade
excessiva de fibrognio e de ou-
tras protenas que extravasam dos
capilares; migrao de inmeros
granulcitos e moncitos para o
tecido; e edema. Alguns dos in-
meros produtos teciduais que cau-
sam essas reaes inc luem
histamina, bradicinina, serotonina
e prostaglandinas 2 7.
Por se produzir um processo in-
flamatrio local, devido ao au-
mento da temperatura com con-
seqente vasodilatao e libera-
o de histamina, levando a um
edema como resposta fisiolgica,
poderia se esperar que houvesse
aumento do tamanho da rea das
clulas musculares tratadas pelo
U S . Porm, o que pde ser obser-
vado neste estudo, conforme os
resultados, que no houve dife-
rena estatist icamente signifi-
cante, do ponto de vista morfo-
mtrico, entre as clulas muscula-
res tratadas com U S quando com-
paradas s no-tratadas.
Alguns fatores fisiolgicos, re-
lacionados aos efeitos do U S , po-
deriam promover o aumento do
fluxo sangneo. A alterao da
permeabi l idade da membrana
celular (um resultado da corren-
teza acstica) poderia causar di-
minuio do tnus vascular levan-
do, dessa forma, dilatao dos
vasos. A liberao de histamina
na rea tratada tambm poderia
produzir vasodilatao, elevando
ainda mais o fluxo sangneo. A
histamina liberada em pratica-
mente todos os tecidos do corpo
quando eles so lesados ou sofrem
inflamao ou reao alrgica. A
maior parte da histamina provm
dos mastcitos nos tecidos lesa-
FISIOTERAPIA E PESQUISA 2005; 12(3) 19
-
dos e basfilos no sangue. A hista-
mina tem potente efeito vasodi-
latador sobre as arterolas e, como
a bradicinina, tem a capacidade
de aumentar acentuadamente a
porosidade capilar, permitindo o
extravasamento de lquido e de pro-
tenas plasmticas nos tecidos 2 7.
Considera-se razovel esperar-
se que o fluxo sangneo aumen-
te durante e aps a aplicao do
U S , simplesmente devido a seus
efeitos trmicos 1 8. Em um estudo
experimental em 10 coelhos da
raa Nova Zelndia 2 , analisou-se
o efeito teraputico do U S na
vascularizao do msculo reto
femoral ps-leso por esmaga-
mento, concluindo-se que o U S
pulsado de 1 M H z , com inten-
sidade de 0,5 W / c m 2 , utilizado
durante 10 dias consecutivos, no
provoca mudanas no padro da
vascularizao (arterolas e art-
rias) muscular.
Pde-se notar, nos experimen-
tos aqui descritos, que a variao
do tamanho das reas celulares
entre o lado controle e experimen-
tal no foi significante. O nvel
de significncia (p) ideal, mostra-
do nas Tabelas 1 e 2, seria o de
5%, porm este variou numa m-
dia de 65,5% para o U S pulsado e
em 22% para o U S contnuo.
Na leitura feita na extremida-
de inferior das lminas do U S con-
tnuo, observou-se uma diferena
significativa de 3%, porm, como
menc ionado, a cor re lao de
Pearson nesse ponto de obser-
vao foi muito prxima de 1 ,
mostrando que existe correlao
entre a variao dos dois lados,
que variaram na mesma proporo.
Se a anlise dos resultados con-
siderasse somente as mdias arit-
mticas simples (sem a anlise
estatstica), no grupo do U S con-
tnuo a diferena entre as mdias
das reas calculadas obtidas teria
sido de 49,27um 2; e, ainda, o gru-
po experimental foi o que apre-
sentou as menores mdias. Para o
grupo do U S pulsado a diferena
entre as mdias simples foi de
34,77 um 2 , porm neste caso a
mdia maior foi do grupo experi-
mental. Esses valores no foram
expostos nos resultados, pois es-
tatisticamente no apresentaram
significncia.
Hipteses interpretativas
Para interpretar os resultados
obtidos podem ser aventadas ou-
tras hipteses. Uma delas que o
mtodo de avaliao poderia no
ter apresentado sensibilidade ne-
cessria para detectar possveis
alteraes, pois a tcnica utili-
zada analisa a clula como um
todo, no avaliando assim pos-
sveis alteraes nos componen-
tes celulares, como as organelas
e a membrana celular. As mem-
branas celulares tornam-se mais
permeveis, devido aos movimen-
tos unidirecionais do fluido em
campo ultra-snico, e as organelas
podem se alterar devido s foras
produzidas pelo U S 2 8 .
Outra hiptese que se pode le-
vantar que, por mais que o ma-
terial tenha sido colhido logo aps
a morte dos coelhos, a rigidez
cadavrica e/ou o espasmo mus-
cular ps-morte podem ter influ-
enciado o resultado final. E ain-
da, depois de colhido o material,
o mesmo ficava submerso em for-
mol, o que poderia causar modifi-
cao estrutural na pea colhida.
Nesta investigao a anlise
qualitativa dos resultados foi rea-
lizada por ser o usual no estudo
histolgico; na literatura consul-
tada, outros autores tambm utili-
zaram a mesma tcnica.
H 20 anos, havia desconhe-
cimento dos efeitos do U S . Ainda
hoje, todos esses efeitos atribu-
dos ao tratamento ultra-snico so
dependentes de mediadores qu-
micos e mecanismos moleculares,
os quais no so bem conhecidos.
Enquanto se procura associar os
efeitos do U S aos mecanismos
celulares e moleculares, muitas
divergncias so encontradas na
literatura em relao micro-
circulao, mediadores inflama-
trios, infiltrao celular e na repa-
rao tecidual aguda e crnica 2.
Diante dessas consideraes e
dos resultados apresentados, fica
evidente a necessidade de mais
investigaes para determinar
como o U S pode atuar nos dife-
rentes tecidos biolgicos, princi-
palmente o muscular, por ser o
mais submetido aos tratamentos
ultra-snicos.
CONCLUSO
O s resultados obtidos mos-
traram que o msculo estriado
esquelt ico sadio de coelhos,
quando submetido aos efeitos do
US de 1 MHz, pulsado ou contnuo,
com intensidade de 3 W / c m 2 , du-
rante 12 minutos, num perodo de
10 dias consecutivos, utilizando-
se a metodologia proposta, no
apresentou modificaes na rea
da clula muscular. Ressalta-se
porm a importncia de dar con-
tinuidade aos estudos relaciona-
dos com os efeitos do U S para que
se possa estabelecer protocolos de
tratamento sabendo-se dos reais
efeitos que as diferentes intensi-
dades e potncias de U S podero
causar nos tecidos biolgicos.
-
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A contribuio da extenso comunitria para a formao acadmica em fisioterapia
Contribution of community extension to the academic training of physiotherapists
Fisioterapeuta; Profa. Ms Assistente do Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraba (UFPb)
ENDEREO PARA CORRESPONDNCIA
Avenida Umbuzeiro 91 Manara 58038-180 Joo Pessoa PB e-mail: [email protected]
ACEITO PARA PUBLICAO abril 2005
Ktia Suely Queiroz Silva Ribeiro
RESUMO: A formao acadmica em Fisioterapia em geral voltada atuao na reabilitao, desenvolvida em nveis de ateno sade secundrio e tercirio, com uma abordagem dos problemas de sade restrita aos aspectos biolgicos. Partindo da experincia em um projeto de extenso universitria denominado Fisioterapia na Comunidade, foi realizada uma pesquisa qualitativa visando analisar a potencial contribuio dessa experincia para a formao do fisioterapeuta. Evidenciou-se que a possibilidade de vivenciar a atuao fisioteraputica no nvel de ateno primria, ao longo da formao universitria, proporciona ao acadmico uma viso diferenciada do adoecimento humano e da interveno profissional, possibilitando uma atuao mais contextualizada e relaes mais humanizadas.
DESCRITORES: Fisioterapia/educao; Integrao docente-assistencial; Sade pblica
ABSTRACT: Physical therapy training in universities is usually focussed on rehabilitation processes developed in second and third health-attention levels; the approach to health problems is generally restricted to biological aspects. Based on the experience of a university extension project called Physical Therapy in the Community, this paper presents a qualitative analysis of that experience to assess its potential contribution to physiotherapists training. It became evident that the opportunity of providing physical therapy at first-level health services during school years may give the student a better perception of both human illness and professional intervention, thus enabling a more adjusted performance and more humanized relationships. KEYWORDS: Physical therapy/education; Teaching care integration; Public health
mailto:[email protected]
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individuais de sade, mais dire-
c i o n a d o s doenas e suas
seqelas, atuando primordialmen-
te em servios concentrados em
centros de reabilitao e hospi-
tais. A organizao curricular de
Fisioterapia vem direcionando a
abordagem para determinados
problemas de sade, com predo-
mnio do estudo das doenas que
deixam seqelas reabi l i tveis,
excluindo da discusso um leque
de problemas de sade comuns
populao. Isso, somado ao fato
de que a discipl ina de Epide-
miologia nem sempre obriga-
tria, vem ocasionando ao fisiote-
rapeuta dificuldade na abordagem
de questes mais gerais de sade,
comprometendo a interlocuo
desse profissional com o restante
da equipe no que tange ao debate
em sade colet iva e a sua in-
sero nas aes de promoo e
manuteno da sade.
A discusso acerca da pre-
veno de doenas e a atuao
em servios de ateno bsica,
em geral, tm ficado restritas
disciplina de Fisioterapia Preven-
tiva, sendo esta, na maioria dos
currculos, oferecida aos estudan-
tes no final do curso. Essa estrutura
no favorece ao acadmico de
Fisioterapia uma aproximao
com a realidade social da popu-
lao pobre, com o conhecimento
concreto acerca do adoecimento
dessa populao e das estratgias
que adota para enfrentar seus
problemas. Em decorrncia dessa
formao, existe um certo despre-
paro do fisioterapeuta para atuar
em servios de ateno bsica,
cuja simpl i f icao tecnolgica
exige maior cr ia t iv idade para
execuo do tratamento, fazendo-
se necessria uma adaptao dos
procedimentos realidade social
onde o trabalho desenvolvido.
Em vista desse quadro, destaca-
se a importncia da participao
dos acadmicos de Fisioterapia
em experincias que lhes permitam
vivenciar a atuao na ateno
bsica com uma interveno que
tambm vise promoo e manu-
teno da sade, possibilitando
uma reor ien tao da prt ica
profissional. essa vivncia que
a participao no projeto de ex-
tenso Fisioterapia na Comuni-
dade vem proporcionando aos
acadmicos do curso de Fisiote-
rapia da Universidade Federal da
Paraba ( U F P B ) . Esse projeto
desenvolv ido em um trabalho
conjunto com outro projeto de
extenso da U F P B , denominado
Educao Popular e Ateno
Sade da Famlia que, baseando-
se na estratgia sade da famlia,
prope a participao dos estu-
dantes, assumindo a responsa-
bilidade de fazer o acompanha-
mento sade das famlias, tendo
como referencial a educao
popular. Participam desse projeto
estudantes de vrios cursos da
U F P B .
As atividades so realizadas em
duas comunidades da periferia de
Joo Pessoa e consistem em acom-
panhamento sade das famlias
por meio de visitas semanais, aten-
dimento fisioteraputico domi-
ciliar, participao em grupos de
coluna, gestantes, idosos, pessoas
com diabetes e hipertenso, alm
de outras atividades educativas
colet ivas. So realizadas, tam-
bm, reunies de estudo e plane-
jamento.
A experincia nas atividades
desse projeto, especialmente no
acompanhamento s faml ias,
tem sido muito relevante para os
estudantes, pois, habituados durante
o curso a desenvolver atividades
de reabilitao, precisam a redi-
recionar seu olhar da seqela a ser
reabilitada para as condies de
vida que comprometem a sade.
A dificuldade demonstrada pelos
estudantes que j cursavam os
perodos mais avanados em se
situar nessa lgica de atuao e
intervir em situaes em que no
havia seqelas a serem reabilita-
das revelou a importncia de que
* A Rede UNIDA 1 foi criada pela associao entre a Rede de Integrao Docente Assistencial (IDA) e os projetos UNI (nova
iniciativa na educao de profissionais de sade - unio com a comunidade), financiados pela Fundao Kellogg.
A necessidade de mudanas na
formao dos profissionais de
sade visando sua adequao a
um modelo assistencial que tem
como pressupostos principais a hu-
manizao do atendimento, a in-
tegral idade do ser humano, a pro-
moo da sade e a necessidade
da in te r l ocuo c o m outros
saberes, inclusive o saber popular,
v e m sendo objeto de muitos
debates e propostas. O fato de que
essas propostas de m u d a n a
estejam anunciadas nas diretrizes
cur r i cu la res nac iona i s e nos
programas ass is tenc ia is no
assegura que elas ocor ram, a
menos que sejam debatidas e
vivenciadas entre os profissionais
e acadmicos.
A Rede U N I D A * d iscute a
impor tnc ia de m u d a n a na
formao profissional como parte