com o milho - embrapa

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MILHO I MG. Relatório técnico anual - 1979. Se- te Lagoas, EMBRAPA-CNPMS, 1980. 121 p. FERERES, E. Manejo de riego; notas de au- la 2. curso in ternacional de riego. Cordo- ba, s.e., 1986. Iv. FERERES, E. Short and Iong-term effects of irrigation on the fertility and producti· vity of soils. In: PROC. 17th. COOL lNT. POTASH INSTITUTE, Bern. 1983. p.283-304. FERERES,E.; HENDERSON,D.W.; PRUITT, W.O.; RICHARDSON, W,F.; AYERS, R. S. Basic irrigation scheduling. Davis, Univcrsity of CaJifornia, 1981. 8 p. (Leaflet, 21199) a. FERERES, E.; KITLAS, P.M.; GOLDFIEN, R.E.; PRUITT, W.O.; HAGAN, R.M. Simplified but scientific irrigation sche- duling. California Agric}5 ::19-21, may- jun. 1981 b. FLANNERY, R.L. Plant food uptake in a ma- ximum yield com study. Better crops with plant food., 70: 4-5, 1986. LOPES, A.S.; VASCONCELOS, C.A.; NO- V AIS, R.F. Adubação fosfatada em al- gumas culturas nos Estados de Minas Ge- rais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. In: OLIVEIRA, AJ.; LOURENÇO, S.; GOEDERT, W.J., ed. Adubação fosfa- tada no Brasil. Brasília, EMBRAPA- DID, 1982. p. 137-200. 326 p. MENGEL, K. Fatores e processos que afe- tam as necessidades de potássio das plantas. In: Y AMADA, T.; IGUE, K.; MAZZILI, O.; USHERWOOD, N.R. ed. Simpósio sobre potássio na agricultu- ra brasileira. Piracicaba, Instituto da Potassa & Fosfato - Instituto Internacio- nal de Potassa, 1982. p. 195-212. MENGEL, D. B. & BARBER, S. A. Develop- ment and distributions of the corn root system under field conditions. Agron. J., 66 :341-4,1974. MIELNICZUK, J. Avaliação da resposta das culturas ao potássio em ensaios de lon- ga duração; a experiência brasileira. In: YAMADA, Y.; IGUE, K.; MUZZILI, O.; USHERWOOD, N.R., ed. Simpó- sio Sobre potássio na agricultura brasi- leira. Piracicaba, Instituto da Potassa & Fosfato - Instituto Internacional de Potassa, 1982. p. 289-303. 555 p. MUSECK, I.T. & DUSER, D.A. Irrigated corn yield response to water. Trans. ASA E, 23 : 92-104,1980. PORRO, 1. & CASSEL, D.K. Response of corn to tillage and delayed irrigation. Agron. J. 78 : 688-93,1986 .. REICHARDT, K. Água em sistemas agríco- las. São Paulo, Ed. Manole, 1987. 188 p. THOMPSON JR., W.R. O enfoque multidis- ciplinar para atingir alta produtividade. Inf. Agronômicas, (28): 5-6,1984. VIETS JR., F.G.; HUMBERT, T.P.; NELSON, C.E. Fertilizers in relation to irrigation practice. In: HAGAN, R.M.; HAISE, H. R.; EDMINISTER, L.W. Irrigation of agricultural lands. Madison, American Society of Agronomy, 1967. p. 1009- 1023. p. 1180. CULTURAS CONSORCIADAS Magno Antonio Patto Ramalhol] Israel Alexandre Pereira Filho 2/ José Carlos Cruz 3/ INTRODUÇÃO Grande parte do milho produzido no Brasil é proveniente de cultivos em con- sórcio com várias culturas, tais como ca- fé, mandioca, algodão, amendoim, cana- de-açúcar e, em especial, feijão. Em geral mais de 54% do milho produzido no Brasil advém da consorciação. Segundo EMBRAPA.CNPMS (1987), na região Nordeste 89% do milho produzido vem do sistema de consórcio; na região Norte, COM O MILHO 58%; na Sul, 55%; na Sudeste, 35%; e na Centro-oeste, 34%. Dada a sua importân- cia, o consórcio milho-feijão recebeu grande atenção da pesquisa a partir da dé- cada de setenta, sendo publicados inú- meros trabalhos, cujas conclusões princi- pais já foram abordadas em outros Infor- mes Agropecuários (Vieira et alo 1982; Vieira 1984; Chagas et alo 1984; Ramalho & Cruz 1984; Ramalho & Coelho 1984; Portes 1984). Neste trabalho serão discu- tidos principalmente os resultados gera- dos pela pesquisa nos últimos anos, enfo- cando tanto o cultivo simultâneo das duas culturas como também o cultivo de subs- tituição - semeadura após a maturação do milho. 1/ Eng 9 Ag!2, Ph. D, Prof. Titu/ar/ESAL, Caixa Posta/37, CEP 37200 Lavras, MG. 2/ Eng 9 Ag!2, M. Se, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG. 3/ Eng 9 Ag!2, PIl. D, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG. 34 SEMEADURA SIMULTÂNEA DO MILHO-FEIJÃO As duas culturas são semeadas si- multaneamente, no início da estação "das águas", normalmente durante os meses de outubro e novembro. A grande maioria das pesquisas realizadas foram sobre esse sistema de consórcio e quase sempre mostraram que há maior eficiência dos cultivos consorciados em relação a ambos os monocultivos. Os resultados obtidos até o momento mostram também que o feijão, quando consorciado, apresenta menor produtivi- dade. A redução observada em relação ao monocultivo é normalmente superior a 50% (Quadro 1). Uma pequena parte Inf. Agropec., Belo Horizonte, 14 (164)

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Page 1: COM O MILHO - Embrapa

MILHO I

MG. Relatório técnico anual - 1979. Se-te Lagoas, EMBRAPA-CNPMS, 1980.121 p.

FERERES, E. Manejo de riego; notas de au-la 2. curso in ternacional de riego. Cordo-ba, s.e., 1986. Iv.

FERERES, E. Short and Iong-term effects ofirrigation on the fertility and producti·vity of soils. In: PROC. 17th. COOLlNT. POTASH INSTITUTE, Bern. 1983.p.283-304.

FERERES,E.; HENDERSON,D.W.; PRUITT,W.O.; RICHARDSON, W,F.; AYERS, R.S. Basic irrigation scheduling. Davis,Univcrsity of CaJifornia, 1981. 8 p.(Leaflet, 21199) a.

FERERES, E.; KITLAS, P.M.; GOLDFIEN,R.E.; PRUITT, W.O.; HAGAN, R.M.Simplified but scientific irrigation sche-duling. California Agric}5 ::19-21, may-jun. 1981 b.

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sio Sobre potássio na agricultura brasi-leira. Piracicaba, Instituto da Potassa& Fosfato - Instituto Internacional dePotassa, 1982. p. 289-303. 555 p.

MUSECK, I.T. & DUSER, D.A. Irrigatedcorn yield response to water. Trans.ASA E, 23 : 92-104,1980.

PORRO, 1. & CASSEL, D.K. Response ofcorn to tillage and delayed irrigation.Agron. J. 78 : 688-93,1986 ..

REICHARDT, K. Água em sistemas agríco-las. São Paulo, Ed. Manole, 1987. 188 p.

THOMPSON JR., W.R. O enfoque multidis-ciplinar para atingir alta produtividade.Inf. Agronômicas, (28): 5-6,1984.

VIETS JR., F.G.; HUMBERT, T.P.; NELSON,C.E. Fertilizers in relation to irrigationpractice. In: HAGAN, R.M.; HAISE, H.R.; EDMINISTER, L.W. Irrigation ofagricultural lands. Madison, AmericanSociety of Agronomy, 1967. p. 1009-1023. p. 1180.

CULTURAS CONSORCIADAS

Magno Antonio Patto Ramalhol]Israel Alexandre Pereira Filho 2/

José Carlos Cruz 3/

INTRODUÇÃO

Grande parte do milho produzido noBrasil é proveniente de cultivos em con-sórcio com várias culturas, tais como ca-fé, mandioca, algodão, amendoim, cana-de-açúcar e, em especial, feijão. Emgeral mais de 54% do milho produzido noBrasil advém da consorciação. SegundoEMBRAPA.CNPMS (1987), na regiãoNordeste 89% do milho produzido vemdo sistema de consórcio; na região Norte,

COM O MILHO58%; na Sul, 55%; na Sudeste, 35%; e naCentro-oeste, 34%. Dada a sua importân-cia, o consórcio milho-feijão recebeugrande atenção da pesquisa a partir da dé-cada de setenta, sendo publicados inú-meros trabalhos, cujas conclusões princi-pais já foram abordadas em outros Infor-mes Agropecuários (Vieira et alo 1982;Vieira 1984; Chagas et alo 1984; Ramalho& Cruz 1984; Ramalho & Coelho 1984;Portes 1984). Neste trabalho serão discu-tidos principalmente os resultados gera-dos pela pesquisa nos últimos anos, enfo-cando tanto o cultivo simultâneo das duasculturas como também o cultivo de subs-tituição - semeadura após a maturação domilho.

1/ Eng9 Ag!2, Ph. D, Prof. Titu/ar/ESAL, Caixa Posta/37, CEP 37200 Lavras, MG.2/ Eng9 Ag!2, M. Se, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.3/ Eng9 Ag!2, PIl. D, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.

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SEMEADURA SIMULTÂNEADO MILHO-FEIJÃO

As duas culturas são semeadas si-multaneamente, no início da estação "daságuas", normalmente durante os meses deoutubro e novembro. A grande maioriadas pesquisas realizadas foram sobre essesistema de consórcio e quase sempremostraram que há maior eficiência doscultivos consorciados em relação a ambosos monocultivos.

Os resultados obtidos até o momentomostram também que o feijão, quandoconsorciado, apresenta menor produtivi-dade. A redução observada em relação aomonocultivo é normalmente superior a50% (Quadro 1). Uma pequena parte

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MILHO I

QUADRO 1 - Produtividade Média de Milho e Feijão em Monocultura e Consór-cio com Semeadura Simultânea

M C C/M% Fonte

574147904149492,659~84531

5488 50126297 5546 14225731 4865 1441

dessa redução pode ,em alguns casos, seratribuída à menor população de plantasutilizadas nos sistemas consorciados. Po-rém a quase totalidade da redução é devi-da à competição exercida pelo milho.Com relação à produção da gramíneaconsorciada, há uma ligeira redução,normalmente inferior a 10%, quandocomparada com o monocultivo (Qua-dro 1).

Baseados nos resultados obtidos atéo momento, os pesquisadores chegaram àconclusão de que a opção para melhorar aeficiência do sistema é via redução dacompetição da gramínea sobre a legumi-nosa. Para se ter sucesso nesse empreen-dimento, é necessário saber qual a nature-za da competição exercida, ou seja, é ne-cessário identificar em que fatores am-bientais o milho exerce competição sobreo feijão. Muito ainda necessita ser reali-zado a esse respeito, porém, alguns dadosobtidos nos últimos anos, comentados su-cintamentea seguir, fornecerão algumasindicações a respeito.

O número de vagens é o componenteprimário da produção do feijoeiro maisafetado quando consorciado (Ferraz1982; Oliveira et alo 1983; Reis et alo1985). A redução no número delas podeser explicada pelo número de flores pro-duzidas por planta e/ou vingamento flo-ral. Foi constatado ainda, em trabalhoconduzido em Lavras e Sete Lagoas (Ra-malho et alo 1985), que tal redução é

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conseqüência, principalmente, da menorprodução de flores e que, no consórcio,ela foi em média 27,4% inferior à do mo-nocultivo. É provável que haja nas plantasconsorciadas um maior estímulo ao de-senvolvimento vegetativo, para suportar acompetição com o milho, em detrimentodas partes reprodutivas.

O primeiro fator ambiental a des-pertar atenção como limitante para a le-guminosa quando consorciada foi a luz.Imaginou-se que, com a utilização de cul-tivares de milho de menor porte, a com-petição em luz seria reduzida e melhorseria o desempenho do feijoeiro. Entre-tanto, os resultados obtidos em várias si-tuações envolvendo cultivares de portebaixo não foram os esperados (Andradeet alo 1974; Bezerra Neto 1979; Wijesinhaet alo 1982; Geraldi 1983; Cruz et alo1984; Ramalho et alo 1984; Netto et alo1984 e Pereira Filho & Ramalho 1985 ePereira Filho et alo 1986). Deve ser enfa-tizado, contudo, que, na maioria dos ca-sos, as cultivares de porte baixo avaliadasapresentavam o alelo br2 - braquítico queapresenta folhas largas e concentradas naparte inferior da planta, comumente cha-mado de empacotamento. Estas caracte-rísticas provavelmente anulam a vanta-gem da menor altura destas cultivares. Narealidade há necessidade de se procura-rem alternativas de cultivares de menorporte para serem avaliadas em consórcio.

Um outro enfoque para a solução do

problema da competição em luz foi dire-cionado ao arranjo das culturas. Se luz é ofator limitante, os arranjos das culturasconsorciadas, em que as linhas de milhofossem mais espaçadas, porém mantendoa população de plantas, teoricamenteiriam beneficiar a cultura do feijoeiro.Aqui também os resultados obtidos têmsido desanirnadores (Chagas et alo 1984;Araujo et alo 1986; Reis et alo 1985). Foiobservado em inúmeros casos (Quadro 2)que a semeadura do feijão na mesma linhado milho apresenta desempenho seme-lhante ao das entrelinhas, onde se esperaque a quantidade de luz recebida deva sermaior. Esses resultados indicam que, alémda luz, outros fatores devem estar atuan-do na competição do milho sobre o feijão.Um fator que pode contribuir sem dúvidapara redução da produtividade do fei-joeiro tanto em monocultivo como emconsórcio são as plantas daninhas. Tra-balho conduzido por Ramalho et alo(1986) mostrou que o efeito da competi-ção das plantas daninhas sobre o milho foimaior quando em monocultivo, enquantotal efeito sobre o feijoeiro foi maior naconsorciação, isto é, independente de sercultivado na linha ou nas entrelinhas domilho. O período crítico de competiçãofoi igual para o monocultivo e consórcio,ocorrendo em média entre os 15 e 50 diasapós a semeadura.

A competição por nutrientes é outrofator que pode ser responsável pela redu-ção da produtividade do feijoeiro consor-ciado. Os experimentos envolvendo po-pulações de plantas de milho realçam essefato; quando se utilizam menores popula-ções de milho é maior a produtividade dofeijoeiro consorciado (Santa Cecília &Vieira 1978; Aidar et alo 1979; Souza Fi-lho & Andrade 1982; Netto et alo 1984 eCruz et alo 1987). Em trabalho envolven-do cinco cultivares e três populações deplantas de milho, Cruz et alo (1987) obti-veram os resultados médios, apresentadosno Quadro 3, onde pode ser observadoque a produtividade do feijão respondeulinearmente à redução na população deplantas. Houve redução na produção dacultura do milho, na menor população,porém a magnitude da redução foi peque-na devido ao maior índice de espiga (pro-lificidade) das plantas nesta condição.Esse é talvez um dos caminhos para me-lhorar a eficiência, isto é, utilizar uma

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MILHO I

o ~- Resultados M;édiospara a Produ ão de Grãos de Milho e Feijãoe

cultivar mais prolífica de modo a com-pensar o menor número de plantas nocons6rcio. Desse modo a eficiência deleserá incrementada, porque a produtivida-de do milho será praticamente a mesma ea do feijão será aumentada.

Se realmente há competição em nu-trientes, poder-se-ia pensar em solucionaro problema utilizando-se de maiores do-ses de fertilizantes nos cultivos consor-ciados. A esse respeito os resultados são

escassos. Ao que parece, no entanto, autilização de maior quantidade de fertili-zante estimula o desenvolvimento do mi-lho e, em conseqüência, a competição éaumentada. Em estudo de avaliação de ní-veis de N e P20s, Santa Cecília et alo(1982) constataram que a cultura do mi-lho respondeu mais intensamente à adu-bação que o feijoeiro (Quadro 4). É pro-vavel que a maior competição exercidapelo milho não tenha permitido que o

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FOlltTE: Santa Cecília et alo 1982:&

efeito da adubação fosse tão acentuado naleguminosa. Contudo, os dados obtidosmostram que a eficiência do sistema comoum todo foi beneficiada com a utilizaçãode maiores doses dos fertilizantes.

Ramalho et alo (1985), estudando ní-veis e modo de distribuição de P20s' ve-rificaram que o milho tanto em cons6rciocomo em monocultivo respondeu aos au-mentos dos níveis do fertilizante. Em mé-dia os melhores resultados foram alcança-dos no nível de 90 kg/ha. °feijoeiro res-pondeu muito pouco ã adubação fosfata-da, observando algum efeito no sistemade monocultivo. Entretanto, o modo dedistribuição influenciou sobremaneira asproduções das duas culturas (Quadro 5).Outro trabalho conduzido por Santos &Cruz (1988), em que se consideraram ní-veis de P20s em aplicação a lanço e nosulco, mostra que a melhor adubação foi ade 100 kg/ha a lanço, combinado com40 kg/ha no sulco e com a produção demilho e feijão permanecendo estável nosdemais níveis do fertilizante. Na realida-de, a área de nutrição necessita ser maisintensamente pesquisada, principalmenteno que diz respeito aos fertilizantes nitro-genados.

CULTIVO DE SUBSTITUiÇÃO:SEMEADURA DO FEIJÃO APÓS A

MATURAÇÃO FISIOLÓGICADO MILHO

Nessa forma de cultivo, a leguminosaé semeada em fevereiro-março, quando omilho já está praticamente no final dematuração. Para esse sistema, os resulta-dos experimentais são muito restritos.

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MILHO I

Grande ênfase tem sido dada, todavia, emavaliar o efeito do dobramento do milhoabaixo da espiga, por ocasião da semea-dura dos feijoeiros. Trabalhos conduzidospor Pereira Filho & Ramalho (1985), du-

. rante três anos (Quadro 6), mostraramque o dobramento da cultivar de milho deporte normal 'C-111' não beneficiou odesempenho dos feijoeiros consorciados,que apresentaram, no entanto, um au-mento na produtividade da ordem de12%, graças ao dobramento das plantasda cultivar de menor porte 'CMS-19'.

Os resultados mostraram que o efeitodo dobramento é dependente das condi-ções climáticas, apresentando certa van-tagem apenas quando as condições deprecipitação são boas. Foi evidenciadotambém que, apesar de não ocorrer maiscompetição do milho sobre o feijão, agramínea já atingiu a sua maturação fi-siológica. Mesmo assim a produtividadeem monocultivo foi 67% superior à dosistema consorciado. Outro trabalho con-duzido por Pereira Filho et alo(1986), on-de são estudadas diferentes alturas deplantas de milho com e sem desfolha-mento, vem mostrar que o feijão consor-ciado com milho de menor altura produ-ziu 16%a mais de grão. Observou-se quea retirada das folhas do milho, na média

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das duas cultivares, contribui para um in-cremento de 42,5% na produtividade dosfeijoeiros consorciados. Constatou-setambém que, na média geral, o feijãoconsorciado produziu 18% menos que omonocultivo (Quadro 7). Espera-se queuma menor população de plantas tenhapouco efeito de sombreamento sobre o

feijoeiro consorciado. Entretanto, traba-lhos conduzidos na região de Viçosa(Fontana Neto et alo 1984) mostraramexatamente o contrário, isto é, que a pro-dutividade dos feijoeiros consorciadoscom 50 mil plantas de milho foi superior àobtida com 30 mil plantas (Quadro 8).Resultados semelhantes foram relatadospor Araújo et alo(1986), também em Vi-çosa, envolvendo dois arranjos de plan-tios: cultivo em faixa, com duas linhas demilho para quatro de feijão; e sistema tra-

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MILHO I

dicional, com espaçamento do milho de1m com duas linhas de feijão nas entreli-nhas. No sistema em faixa a produtivida-de foi 22,8% inferior à obtida no sistematradicional. Esses autores explicaram osresultados dizendo que "a menor exposi-ção dos solos e das plantas de feijão aosraios solares, aliada talvez à menor movi-mentação do ar entre as plantas de milhoque cobrem a área, faz com que a perdade água seja menor. Essa situação podeser fundamental, principalmente nos lo-cais em que ocorre baixa precipitação ouveranico".

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