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1 Como as cores influenciam pacientes em ambientes de internação hospitalar dezembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 Como as cores influenciam pacientes em ambientes de internação hospitalar Laís Martini da Silva email:[email protected] Master em Arquitetura Instituto de Pós-Graduação - IPOG Campo Grande, MS, 11 de dezembro de 2013 Resumo Com a tendência dos quartos particulares hospitalares receberem tratamento similar a de hotéis, os ambientes vêm sendo tratados como residências para proporcionar o bem estar, sendo assim humanizados. O que podemos fazer para que isso ajude na recuperação de pacientes e facilite a rotina do profissional que trabalha nesse ambiente. Os ambientes físicos hospitalares interferem na recuperação dos pacientes, portanto, as cores podem ajudar neste processo. Elas agem no equilíbrio entre corpo mente. Portanto o ideal é utilizá-las de forma planejada nos estabelecimentos hospitalares. A pesquisa foi feita através de embasamento teórico de livros e artigos, teses e dissertações sobre o tema. Este trabalho tem como base estudar os efeitos teóricos das cores no âmbito emocional e físico das pessoas que estão nos ambientes hospitalares, tanto como paciente, acompanhante ou profissional. Conclui-se que as cores são um aspecto de importante estudo para ajudar na recuperação de pacientes em ambientes hospitalares. Palavras-chave: Cores.Hospitais.Humanização. 1.Introdução Esse estudo baseia-se em entender como as cores podem influenciar as pessoas no ambiente hospitalar. A partir de um momento de necessidade de internação, veio o interesse pelo tema. Apesar dessa internação ser por um período curto de tempo (sete dias), pude observar como existem hospitais que possuem pouco conforto para o paciente internado. Os tons pálidos nas paredes e nas roupas de cama, a iluminação natural péssima (o paciente não sabe se está sol ou se está chovendo), faz com que o paciente se sinta preso, provocando mal estar e incômodo. Nesse contexto surgiu o interesse pelo tema de ambientação hospitalar, da humanização, e depois mais especificamente sobre a influência das cores. O objetivo é analisar como as cores influenciam no aspecto fisiológico e psicológico das pessoas que frequentam o ambiente hospitalar. A medicina vem se preocupando com a humanização de ambientes de saúde a fim de auxiliar no tratamento e recuperação de pacientes. Para isso é necessário que o profissional contratado para fazer o projeto se alie aos profissionais de saúde tornando assim o ambiente hospitalar funcional e aconchegante.

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Como as cores influenciam pacientes em ambientes de internação hospitalar dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

Como as cores influenciam pacientes em ambientes de internação

hospitalar

Laís Martini da Silva – email:[email protected]

Master em Arquitetura

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Campo Grande, MS, 11 de dezembro de 2013

Resumo

Com a tendência dos quartos particulares hospitalares receberem tratamento similar a de

hotéis, os ambientes vêm sendo tratados como residências para proporcionar o bem estar,

sendo assim humanizados. O que podemos fazer para que isso ajude na recuperação de

pacientes e facilite a rotina do profissional que trabalha nesse ambiente. Os ambientes físicos

hospitalares interferem na recuperação dos pacientes, portanto, as cores podem ajudar neste

processo. Elas agem no equilíbrio entre corpo mente. Portanto o ideal é utilizá-las de forma

planejada nos estabelecimentos hospitalares. A pesquisa foi feita através de embasamento

teórico de livros e artigos, teses e dissertações sobre o tema. Este trabalho tem como base

estudar os efeitos teóricos das cores no âmbito emocional e físico das pessoas que estão nos

ambientes hospitalares, tanto como paciente, acompanhante ou profissional. Conclui-se que

as cores são um aspecto de importante estudo para ajudar na recuperação de pacientes em

ambientes hospitalares.

Palavras-chave: Cores.Hospitais.Humanização.

1.Introdução

Esse estudo baseia-se em entender como as cores podem influenciar as pessoas no ambiente

hospitalar.

A partir de um momento de necessidade de internação, veio o interesse pelo tema. Apesar

dessa internação ser por um período curto de tempo (sete dias), pude observar como existem

hospitais que possuem pouco conforto para o paciente internado.

Os tons pálidos nas paredes e nas roupas de cama, a iluminação natural péssima (o paciente

não sabe se está sol ou se está chovendo), faz com que o paciente se sinta preso, provocando

mal estar e incômodo.

Nesse contexto surgiu o interesse pelo tema de ambientação hospitalar, da humanização, e

depois mais especificamente sobre a influência das cores.

O objetivo é analisar como as cores influenciam no aspecto fisiológico e psicológico das

pessoas que frequentam o ambiente hospitalar.

A medicina vem se preocupando com a humanização de ambientes de saúde a fim de auxiliar

no tratamento e recuperação de pacientes. Para isso é necessário que o profissional contratado

para fazer o projeto se alie aos profissionais de saúde tornando assim o ambiente hospitalar

funcional e aconchegante.

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A humanização é um movimento controvertido. Surge de um paradoxo entre a

essência do ser, da capacidade do humano e a necessidade de construção de um

espaço concreto nas instituições, que legitime o lado humano das pessoas que, por

vocação, escolheram trabalhar com a relação tênue entre a vida e a morte.

(CHANES, apud BERNARDES 2012:01)

Para Boccanera (2007), “a cor é um fator importante no conforto do paciente e deve ser

corretamente aplicada nas paredes, no piso, no teto, na mobília e demais acessórios, para

tornar o ambiente hospitalar mais aconchegante para o paciente e funcionários.”

A humanização nos hospitais teve papel fundamental e decisivo com as propostas inovadoras

feitas pela enfermeira Florence Nightingale, que como exemplo incorporou a luz solar como

forma de assepsia. Esses conceitos incorporados por ela contribuíram para transformar os

ambientes hospitalares focados no enfermo e não na prática médica. (MATARAZZO, 2010)

Essa humanização pode ser feita na arquitetura de diversas formas: através da planta,

mobiliário, iluminação, objetos, cores, dentre outros.

Alguns arquitetos já se utilizam de técnicas para humanizar os ambientes hospitalares como

exemplo, o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Responsável pelo projeto dos hospitais da

rede Sarah Kubitschek, ele utiliza desde a concepção do projeto, materiais que ajudarão na

iluminação e ventilação natural, espaços verdes, solários para pacientes, além de utilizar

painéis coloridos do artista plástico Athos Bulcão (fig.1) não só como decorativos, mas

pensando já no princípio de setorização, qualidade do espaço e cura progressiva.

Fig. 1- Hospital Sarah Kubitschek – Salvador – BA

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarah-kubitschek-salvador-

joao-filgueiras-lima-lele

2.Origem dos hospitais

A palavra hospital vem do latim “hospes” que significa hóspede e “hospitium” que designava

o lugar onde se recebiam os hóspedes na Antiguidade (enfermos, viajantes e peregrinos). Daí

derivou-se o termo hospício que foi designado para indicar estabelecimentos ocupados por

pobres, incuráveis e insanos. E hospital que ficaram designadas as casas para tratamento

temporário dos enfermos.

Segundo o Ministério da Saúde, hospital é:

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Parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em

proporcionar à população assistência médica integral, preventiva e curativa sob

qualquer regime de atendimento, inclusive domiciliar, constituindo-se também em

centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem

como encaminhamento de pacientes. Cabendo-lhe supervisionar e orientar os

estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente (GÓES, 2011:25).

No século XX, com seu ápice no final deste século, tanto no hospital quanto na medicina,

houve uma evolução constante marcado por crescimento de iniciativas voltadas para

humanização e integração profissional, a partir disto necessita-se não só da competência de

infra-estrutura do espaço hospitalar como também todas as necessidades dos seres-humanos.

(JUNQUEIRA, 2006)

A arquitetura hospitalar sofreu grandes transformações, desde modificação de seus princípios,

novas técnicas e materiais de construção. Um exemplo é o monobloco vertical (fig.2) com

desenvolvimento tecnológico e construtivo, circulação vertical e ventilação mecânica.

(JUNQUEIRA, 2006)

Fig.2 – Hospital Universitário Professor Edgard – Salvador – BA

Fonte: http://www.panoramio.com/photo/6868868

Da tipologia vertical retoma-se ao planejamento horizontal constituído por vários blocos de

atividades e funções (fig.3), onde o estudo da forma aliou arquitetura, funcionalidade e

integração com o meio ambiente. (JUNQUEIRA, 2006)

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Fig.3 – Hospital Sara Kubitschek – Salvador – BA

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarah-kubitschek-salvador-

joao-filgueiras-lima-lele

O ser humano é influenciado por três aspectos fundamentais: físico, cognitivo e psíquico.

Associando esses fatores de forma correta é possível projetar ambientes seguros, confortáveis

e eficientes. Seguindo este princípio, se em hospitais temos carência sensoriais,

principalmente em relação ao visual agradável, a estética torna-se importante aliado ao bem

estar do paciente.

3. As cores A teoria das Cores afirma que a cor é um fenômeno físico relacionado à existência da luz, ou

seja, se a luz não existisse, não existiriam cores. O preto é percebido quando algo absorve

praticamente toda a luz que o atinge (ausência de cores). Já o branco é percebido em algo que

reflete praticamente todas as faixas de luz (todas as cores).

Isaac Newton foi o primeiro a associar que a luz do Sol tinha forte relação com a existência

das cores. Colocou um prisma totalmente polido em frente a um feixe de luz proveniente do

sol e percebeu que a luz se dispersava em feixes coloridos que ele chamou de spectrum.

Surgia ali o primeiro esboço da Teoria das Cores. (SILVA, 2003)

Para Goethe as sensações que surgem na mente são moldadas pelo mecanismo de visão e pelo

modo como o nosso cérebro processa tais informações. (ARAÚJO, 2013)

Dentre as várias teorias das cores como a de Newton e de Goethe, outras teorias científicas

tem procurado explicar a visão das cores, como a de Thomas Young e Hermann Von

Helmholtz, os iniciadores dos modernos estudos de visão cromática.

Young procurou a existência das três cores primárias na constituição do homem, e

não na natureza da luz como outros teóricos fizeram. Segundo Young, a maioria dos

fenômenos relacionados à cor deve-se à existência de estímulos de excitação do olho

humano, sensíveis à luz que reagem, respectivamente, ao azul-violeta, ao verde e ao

vermelho-alaranjado. (FREITAS, 2007:2)

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Estudos indicam que as cores podem favorecer a cura e o bem estar aos pacientes em

recuperação nas unidades de internação hospitalar. Apesar de alguns profissionais da área de

saúde questionarem sobre seus efeitos, eles tem sido gradativamente comprovados por

pesquisadores.

As cores começaram a ser usadas como tratamento no Antigo Egito, onde templos com cores

e luzes eram construídos para os doentes. O aperfeiçoamento do uso das cores no tratamento

de doenças deu-se na Índia. Os holistas, por exemplo, crêem que a cor, quando aplicada sobre

determinados pontos do corpo humano, influencia no ponto de vista físico e mental,

auxiliando no equilíbrio energético desgastado pelo stress, falta de exercícios, dieta alimentar

inadequada, emoções negativas, etc. Ao restituir a harmonia, a Cromoterapia daria condições

ao organismo de combater os males do corpo e da alma. (AMBER apud GUSMAO, 2010)

Segundo Teodoro (2010:184), “A cromoterapia é uma ciência que utiliza a vibração das cores

para restabelecer o equilíbrio energético dos corpos físico e espiritual.”

As cores são parte do espectro eletromagnético, são captadas através do olho humano por

diferentes variações de ondas (vermelho comprimento de onda maior e violeta comprimento

de onda menor). Quanto mais próximo do vermelho mais quente e estimulante é a cor, e

quanto mais perto do violeta, mais fria e relaxante. Dessa forma as cores se dividem em sete

(cores do arco-íris): o vermelho, o laranja e o amarelo que são consideradas cores quentes; o

verde que é considerado cor neutra; e o azul, o azul índigo (anil) e o violeta são consideradas

cores frias.(TEODORO, 2010:184)

A cor nunca foi tão explorada como na atualidade. A cromoterapia vem sendo utilizada em

hospitais, isso porque quando “bem coordenadas psicologicamente proporciona mais

segurança e maiores estímulos e satisfação no desenvolvimento das atividades”

(BATISTELLA, 2003).

A cor é uma onda luminosa, um raio de luz branca que atravessa nossos olhos. É

ainda uma produção de nosso cérebro, uma sensação visual como se nós

estivéssemos assistindo a uma gama de cores que se apresentasse aos nossos olhos, a

todo instante, esculpida na natureza à nossa frente. (FARINA, 2006:1)

Cromoterapia é a prática da utilização das cores na cura de doenças, a partir do entendimento

de que cada cor possui uma vibração específica e uma capacidade terapêutica.

Ainda segundo outros cromoterapeutas, as cores amarela e café devem ser evitadas

no interior de um avião, porque produzem enjôo; uma sala de jantar pintada com

cores alegres estimula o apetite; e um dormitório em tons suaves se torna mais

repousante e confortável. (FARINA, 2006:18)

4.Psicologia e uso das cores

Segundo Farina (2006), as cores influenciam o ser humano no caráter psicológico e

fisiológico, “criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão, atividade ou passividade,

calor ou frio, equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou desordem etc.” Elas podem imprimir

sensações e reflexos, pois cada uma tem uma vibração determinada em nossos sentidos e

atuam como estimulante ou perturbador na emoção, na consciência e em nossos impulsos e

desejos.

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As cores, por meio de nossos olhos e do cérebro, fazem penetrar no corpo físico uma

variedade de ondas com diferentes potências que atuam sobre os centros nervosos e

suas ramificações e que modificam, não somente o curso das funções orgânicas, mas

também nossas atividades sensoriais, emocionais e afetivas. (FARINA, 2006 :02)

As cores podem ser classificadas em cores quentes e cores frias. As quentes, são as que

integram o vermelho, o laranja e pequena parte do amarelo e do roxo; e as frias são as que

integram grande parte do amarelo e do roxo, o verde e o azul.

As cores quentes parecem nos dar uma sensação de proximidade, calor, densidade,

opacidade, secura, além de serem estimulantes. Em contraposição, as cores frias

parecem distantes, leves, transparentes, úmidas, aéreas, e são calmantes. (FARINA,

2006)

Alguns autores falam sobre a influência de cada cor:

Conforme Lacy (2002:19), o vermelho faz a pessoa sentir-se intrépida, ousada, poderosa,

corajosa. Serve como motivadora. Há uma tendência a dominar os outros, então para

equilibrá-la ela precisa do amarelo dourado (sabedoria) ou do verde. Estimula a agir antes de

pensar. Pode estimular o apetite e pode-se perder a noção de tempo. Afeta as reações

emocionais, pode ativar a violência, nos seus tons mais escuros. Quando usada com

moderação tem um efeito mais positivo.

Para Teodoro (2010:185), o vermelho aumenta a vitalidade, e estimula o vigor e a coragem,

faz com que a pessoa mantenha maior contato com a realidade física. Para equilibrá-la usar o

azul.

Tons de rosa: é a mistura do branco e do vermelho. O cor-de-rosa proporciona calor; os tons

mais claros podem ser relaxantes. Os tons róseos mais quentes tornam as pessoas ativas e

desejosas de progresso. (LACY, 2002:20)

O rosa é a cor da maturidade, da consciência. Favorece a concentração. Deve ser evitada para

pessoas em desequilíbrio mental e com tendência a fugir da realidade, por proporcionar a

sensação de liberdade espiritual. A cor do equilíbrio é o verde. (TEODORO, 2010:186)

Laranja: estimula a despertar o potencial, defender seu ponto de vista e ser mais confiante.

Estimula a conversação, é a cor da vitalidade, criatividade e afetividade. Os tons mais pálidos

desta cor nos tornam mais parecidos com aquilo que realmente somos. Laranja escuro: causa

desamparo e insegurança, pode criar uma atmosfera deprimente. Laranja claro: sensação de

conforto, alegria e expressividade, um ótimo complemento pra ela é o azul. (LACY, 2002:20)

Já para Teodoro (2010:185), o laranja provoca o entusiasmo e estimula a criatividade e

comunicação. Combate a depressão e a tristeza. Favorece a desinibição, é a cor da

autoconfiança. A cor para equilibrá-la é o índigo.

Amarelo: cor quente e expansiva, ativa a mente. Ela afeta o plexo solar (núcleo do sistema

nervoso central e um dos principais centros que provêm de informações o cérebro). Alimenta

o ego, em local com pouca luz pode proporcionar sensação de espaço. Amarelo ouro:

proporciona sensação de magnificência. Amarelo escuro: cria pessimismo e negatividade,

pode causar indisposição. Amarelo claro: sensação de espaço e exaltação mental. (LACY,

2002:22)

O amarelo para Teodoro (2010:185) é referente a região do pancrêas, estimula o raciocínio,

otimismo e a alegria. Cor ligada ao autocontrole. A cor de equilíbrio é o violeta.

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Verde: A cor do equilíbrio e da harmonia, ajuda a reduzir o stress e tensão. Combina com

todas as cores. Está relacionada com a auto-estima, sensaçao de liberdade, cor relaxante e

repousante. Conhecida como meio de baixar a pressão arterial. Não é indicada para usar

sozinha, pois pode criar um ambiente estático. (LACY, 2002:23)

Verde escuro: proporciona sensação de força e estabilidade, deve ser usado em ambientes

amplos junto de cores mais claras. (LACY, 2002:23)

Verde claro: Ajuda as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas. Afeta a área do coração e

nos estimula a ser mais afetuosos. (LACY, 2002:24)

Verde referente ao timo, é a cor da esperança, da fertilidade, do crescimento e da renovação.

Traz sensações de equilíbrio, segurança e serenidade. Harmoniza o corpo, a mente e as

emoções. A cor de equilíbrio é o rosa. (TEODORO, 2010:186)

Azul: cor terapêutica que relaxa, acalma e esfria. Dependendo do azul ele é associado com

lealdade, integridade, o respeito, a responsabilidade e autoridade. Alguns tons ajudam a

diminuir a violência. Ajuda a baixar a pressão sanguínea e reduzir a tensão, também pode dar

sono. Muito indicado para hospitais e clínicas, mas precisa ser usado com cuidado, pois pode

criar um ambiente frio. Use sempre junto com uma cor quente. (LACY, 2002:24)

Azul escuro: O uso do azul imperial pode ser muito eficaz. Ele traz a tona o melhor das

pessoas, sua energia tende a manifestar lealdade, integridade e honestidade. Quando usado

com o amarelo ativa a mente e a intuição, Usado com o vermelho faz manifestar emoções e

fortalece opinião; Com o rosa traz o lado afetuoso; Com cor de pêssego estimula a

criatividade; Com o laranja faz aumentar a capacidade de comunicação e estimula a

responsabilidade; O azul imperial remove impurezas, clareando a percepções. Não

recomendado para usar em paredes, usar em janelas, portas, objetos. É uma boa cor para ser

usada em instituições. (LACY, 2002:24)

Índigo (azul anil): Sua vibração é muito forte. Afeta as emoções e pensamentos mais

profundos. Na cromoterapia é usado para trazer a tona velhos medos; o rosa ajuda a liberá-los.

(LACY, 2002:25)

Conforme Teodoro (2010:186), o azul índigo é referente a hipófase, expande a mente, é a cor

da intuição. Tem efeito relaxante e combate o estado de medo. Favorece os processos

psíquicos. Cor o equilíbrio é o laranja.

Azul claro: Deve ser usado com tons quentes de rosa ou laranja, pois sozinho Pode criar

sensação de frieza. Leva a introspecção. (LACY, 2002:25)

Azul é referente à glândula tireóide, possui efeito tranquilizante. Combate o stress e a fase

maníaca do transtorno bipolar. Reduz as tensões e traz sensação de paz. A cor do equilíbrio é

o vermelho. (TEODORO, 2010:186)

Violeta: Estimula a criatividade musical e artística, é associado com idéias nobres, com

devoção e lealdade a uma causa. Em salas espaçosas e hall de entrada ele transmite sensação

de grandiosidade; quando usado com o amarelo estimula a introspecção; com o verde inspira

a ajudar os outros. Pode usar violeta e amarelo em teatros: nas cortinas, poltronas e camarotes,

por fora e não por dentro, o violeta criará uma expectativa respeitosa. É a cor mais poderosa.

(LACY, 2002:25)

Púrpura: Podemos nos sentir emotivos e reagir de acordo. Pode ser usada m ambientes com

muitas coisas belas, e deve ser acompanhada do verde. (LACY, 2002:26)

Violeta claro: Não deve ser usado como cor principal, pois cria falta de base a com o tempo a

pessoa s desinteressaria pelo mundo ao seu redor. (LACY, 2002:26)

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O violeta proporciona o equilíbrio da mente e a paz interior. Combate estados de irritação e

agressividade, usada no tratamento de doenças mentais. Diminui a angústia, o ódio e a

ansiedade. (TEODORO, 2010:186)

Magenta: É extremamente animadora, é viva e dramática. Bom para elevar as vibrações dos

negócios, inspira e encoraja as pessoas a tomar iniciativas. (LACY, 2002:26)

Turquesa: Cor extremamente relaxante e repousante, ajuda a reduzir o stress. Deve ser usada

sempre acompanhada de uma cor quente. Na cromoterapia é usada como forma de acalmar o

sistema nervoso. (LACY, 2002:27)

Marrom: É a cor da estabilidade, proporciona a sensação de que tudo é permanente, sólido e

seguro. Combinado com o amarelo pode aumentar a energia, portanto deve ser usado com

moderação. (LACY, 2002:27)

Cinza: é associado com o medo. Deve ser usado moderadamente e em seus tons mais claros,

sempre combinando com cores que exercem efeito positivo e equilibrado como o laranja,

amarelo e vermelho. (LACY, 2002:27)

Branco: Realça todas as cores. A cor escolhida ganhará vida e luminosidade surpreendentes.

(LACY, 2002:28)

Preto: É imponente, mas só quando usado com outra cor, do contrário deixa a pessoa

indiferente, inacessível e prepotente ao extremo. (LACY, 2002:28)

Na tabela abaixo pode-se observar os efeitos psicológicos de algumas cores segundo

Grandjean (CUNHA, 2004:60)

Cor Efeito de distância Efeito temperatura Disposição psíquica

Azul Distância Frio Tranquilizante

Verde Distância Frio a neutro Muito

tranqüilizante

Vermelho Próximo Quente Muito irritante e

intranquilizante

Laranja Muito próximo Muito quente Estimulante

Amarelo Próximo Muito quente Estimulante

Marrom Muito próximo

Contenção

Neutro Estimulante

Violeta Muito próximo Muito próximo Agressivo,

intranquilizante,

desesimulante Tabela 1- Efeitos psicológicos das cores segundo Grandjean

Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cor_ambiente_hospitalar.pdf

5. O uso das cores em ambientes hospitalares

Um dos maiores problemas para a recuperação de saúde dos pacientes é o stress hospitalar, e

o ambiente físico é responsável pelo seu agravamento. O bem-estar mental é necessário para o

bem-estar fisiológico, portanto o ambiente físico se bem planejado e executado colabora para

a cura. (MATARAZZO, 2010)

Anteriormente as cores eram usadas como elemento decorativo e estético para zoneamento

das áreas hospitalares. A cor verde era usada nos hospitais apenas como simbologia, pois

atribuía o sentimento de esperança e fertilidade. Com pesquisas e estudos feitos sobre as

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cores, atualmente, as funções e uso das cores foram modificadas, começaram a ser elaboradas

com aspectos mais técnicos para a concepção do espaço.

As cores podem interferir no trabalho, principalmente quando estão ligadas ao ânimo, bem-

estar, conforto e relacionamentos dentro de um hospital. Entendemos que, na concepção do

hospital já deveria existir a preocupação do uso das cores adequadas para o bem-estar dos

funcionários, pacientes e acompanhantes.

Nos hospitais é preciso lembrar que o campo visual do paciente está restrito a um

espaço onde ele permanece durante todo o período de internação, estando com a

visão na maioria das vezes direcionada para o teto. Existem pacientes não

responsivos às estimulações, porém não há como garantir que estes não estejam

percebendo o que está acontecendo ao seu redor. Embora muitas vezes os pacientes

se encontrem semicomatosos, pode existir um suficiente grau de vigília que é

desprezado na maioria das vezes. (BOCANNERA, 2007:55)

A eficácia da Cromoterapia enquanto medicina alternativa foi reconhecida pela Organização

Mundial de Saúde em 1976. Essa ciência está fundamentada na física, com suas pesquisas

com as transmutações genéticas, principalmente no que se refere à compreensão da natureza

da luz, na medicina, no poder curativo e na bioenergética, que estuda as transformações de

energia nos seres vivos. Baseia-se no princípio bioativorestaurador do equilíbrio energético,

que harmoniza a circulação da energia no corpo humano. (BORROWSKI apud GUSMAO,

2010)

Dentro de uma Unidade de Internação é possível analisar os diversos tipos de cores e a

influência que estas causam sobre o indivíduo. Utilizadas adequadamente podem contribuir

para diminuição do stress que aquele ambiente pode provocar.

As cores influenciam na saúde, no sono, no estado de alerta e nas emoções, sendo fator

importante para ajuda na recuperação de pacientes em unidades de internação hospitalar e

para eficiência dos profissionais de saúde.

Verifica-se que em um hospital, cada setor tem a necessidade de uma ambientação diferente

para que as atividades ali desempenhadas se desenvolvam com eficácia. Com isso o esquema

cromático deve ser analisado através das finalidades e dos objetivos que a cor irá

desempenhar no ambiente.

O uso das cores no ambiente hospitalar pode estar nas tintas, tecidos, objetos, mobiliários,

quadros e até iluminação.

Conforme Bontempo apud Boccanera (2007), o amarelo tem ação antidistônica criando um

grau de equilíbrio entre o sistema nervoso simpático e parassimpático, aumentando um pouco

a pressão sanguínea e reduzindo a produção de ácidos graxos.

Experiências provam que o vermelho é puro excitante. Pessoas que são obrigadas a olhar para

essa cor por um determinado tempo, estimulam o sistema nervoso, havendo uma elevação da

pressão arterial e alteração do ritmo cardíaco. Segundo ele, o vermelho puro atua diretamente

sobre o ramo simpático do sistema neurovegetativo. Já o azul puro produz efeito exatamente

contrário: o ritmo cardíaco e a respiração diminuem. (MAX LUSCHER apud FARINA, 2006)

A verdade é que todas as experiências comprovam a validade do uso da cor na

terapia ou a importância de não usar determinadas cores quando se deseja evitar

certos efeitos psíquicos ou fisiológicos. Por exemplo, recomenda-se não pintar de

branco o teto do quarto onde um doente tenha de permanecer por muito tempo.

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Como as cores influenciam pacientes em ambientes de internação hospitalar dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

Como o branco reflete intensamente a luz, pode ocorrer o fenômeno de

ofuscamento, que tem a propriedade de ocasionar no doente uma sensação de

cansaço e de peso na cabeça, considerando-se o fato de ele, na maior parte das

vezes, ser obrigado a repousar de costas e, inevitavelmente, fixar os olhos no teto. O

cansaço que parecia ilógico para um indivíduo em repouso encontra assim uma

explicação. (FARINA, 2006:91)

Em ambientes hospitalares é comum o uso da iluminação artificial, que possui características

específicas, e materiais e equipamentos com acabamentos e cores metálicas, o que torna o

ambiente suscetível ao sentimento de frieza, insegurança e desamparo, devido a esse fato é

indicado à utilização de materiais e cores que aqueçam o ambiente.

Kurt Goldstein fez experiência no campo da neurologia com uma paciente que tinha uma área

do cérebro afetada, essa paciente, segundo ele, quando se vestia de vermelho perdia o

equilíbrio e sentia enjôos; ao usar roupas verdes os sintomas desapareciam. As experiências

ajudaram a concluir que as cores, como o vermelho (comprimento de onda maior) produzem

reação expansiva, já o verde e o azul (comprimento de onda menor) produzem reação

contrária. (FARINA, 2006)

A partir de pesquisas, colocou-se pessoas em um quarto onde eram submetidas à estimulação

de seis cores diferentes, por um determinado período. Como resultado obteve-se que as cores

denominadas quentes afetam o sistema nervoso parassimpático positivamente acalmando

corpo e mente. (MATARAZZO,2010)

É importante lembrar que o efeito terapêutico das cores está vinculado ao uso de

forma equilibrada, na intensidade e quantidade adequadas. Em excesso, algo que

poderia ser benéfico, torna-se prejudicial. Por exemplo, a exposição prolongada ao

excesso de vermelho pode provocar irritação e agressividade. No caso do azul, pode

favorecer a fadiga e a depressão. Por isso, é preciso tomar cuidado com o excesso

das cores, seja no vestuário, no ambiente ou nos tratamentos cromoterápicos.

(TEODORO, 2010:187)

Estudos mostram também que ambientes com cores de menor luminosidade podem induzir a

ansiedade, o medo e a angústia, ao contrário de ambientes com cores mais saturadas que

estimulam o sistema nervoso, aumentando a oxigenação, a pulsação e o ritmo cardíaco. A

atividade cerebral é mais baixa em ambientes coloridos, e o coração responde de forma mais

lenta. (MATARAZZO, 2010)

A cor laranja induz o relaxamento, aumenta o apetite, aumenta o potencial para o sono e

diminui a frequência do fluxo sanguíneo. (BOCCANERA, 2007)

A cor violeta produz equilíbrio entre o sistema simpático e parassimpático; estimula baço,

cérebro e ossos; acalma músculo cardíaco, o sistema linfático e os nervos; diminuía a fome,

controla irritabilidade, produz leucócitos e equilibra o potássio e o sódio. É efetiva contra

anemia. (BOCCANERA, 2007)

O lilás transforma energias negativas em positivas, ajuda a sanar e cauterizar pequenos cortes

e até infecções. Diminui a pulsação, a temperatura, a transpiração e o apetite, e aprofunda a

respiração. (BOCCANERA, 2007)

Segundo Lacy (2002) o azul é a cor indicada para hospitais, mas requer muito cuidado, pois

pode criar um ambiente frio.

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O azul reduz a pressão sanguínea, inibe a descarga de adrenalina, pode induzir o sono.

(BOCCANERA, 2007)

O verde entra na formação dos músculos, dos ossos e das células de outros tecidos. Atua

sobre o sistema nervoso simpático, alivia tensão dos vasos sanguíneos, diminui a pressão. Age

como sedativo e ajuda em casos de insônia, esgotamento e irritação. É estimulador da

glândula pituitária, é germicida, anti-séptico e bactericida. Alivia e acalma, mas depois de

algum tempo pode-se tornar fatigante. (BOCCANERA, 2007)

Marrom é a cor da homeostase, sua presença dispersa a depressão, elimina a fadiga crônica e

estimula a formação de prostaglandina E1. Também aumenta o nível de aminoácido triptofan,

influenciando o sono, prevenindo a enxaqueca e ajudando na imunidade. (BOCCANERA,

2007)

Segundo Lacy (2002), os enfermeiros trabalham dia e noite, seria interessante usar os tons

azuis com o rosa, o azul claro no teto serve como calmante para todos os envolvidos no

ambiente hospitalar.

Nos tetos frequentemente é utilizada a cor branca, essa cor ajuda nos níveis de iluminação.

Para alguns autores ela não prejudica o atendimento, a produtividade e o diagnóstico dos

pacientes, porém ela reflete a iluminação, o que pode criar desconforto levando-se em conta

que, o primeiro plano que o paciente enxerga é o teto. O melhor seria usar cores em tons

claros e suaves.

Nos corredores e escadas, pouco iluminadas, precisam ser usadas cores claras e luminosas

para refletir e luz e assim aumentar a iluminação. Na sala de espera pode ser usada uma

variedade de cores, porém em harmonia. Os espaços de fisioterapia, massagens e radioterapia

o ideal é usar cores frias, como o azul, que ajuda a diminuir a dor por meio de relaxamento e

liberação de tensões. (LACY,2002)

Para Tofle et.al. (apud Matarazzo, 2007), as matizes com tons amarelos podem prejudicar a

anamnese, interferindo na avaliação do paciente. Assim como Robert Carr (apud Matarazzo,

2007:152), destacando que geralmente os pacientes estão com a pele em tons pálidos e o uso

de algumas cores e iluminação prejudicam ainda mais o aspecto do paciente.

Para a sala de cirurgia, onde o campo de visão é baseado na cor vermelha, recomenda-se o

tom azul-esverdeada para o relaxamento e descanso.

Na maioria dos autores levantados, que concordam que trabalhar somente no campo

subjetivo das reações humanas frente às cores é arriscado, além de não possuir

concretamente resultados plausíveis que suportem consideravelmente essa aplicação.

Muitos justificam que tais relações, como as cores e as emoções, dependem de

circunstâncias culturais, e associações regionais, variando conforme as tradições.

(MATARAZZO, 2007:156)

Para Matarazzo (2007:170), o uso de cores frias é indicado para corredores e ambientes

pequenos, também é recomendado para ambientes que tenham superfícies com texturas

destacadas e possuam alto nível de ruído no ambiente próximo. Já as cores quentes são

indicadas para ambientes grandes, que tenham superfícies com texturas moderadas, ambientes

com curta permanência de tempo.

A paleta cromática para um edifício hospitalar conta com inúmeros artifícios e

condicionantes, além de os objetivos pré-determinados. O contexto, os materiais e a

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localidade terão uma grande influência sobre como o ambiente será projetado e,

posteriormente, vivenciado. (MATARAZZO, 2007:173)

O contraste da cor também tem um valor significante, pois o senso visual reage a eles.

Quando o ambiente é monocromático, ou se possui uma única cor em diversos tons, tende a

ficar monótono, causa fadiga, cansaço físico e mental, tanto nos pacientes como nos

profissionais envolvidos. (GUZOWSKI apud MATARAZZO, 2007:161)

Conforme Beck et. al.(2007), definem contraste como a separação nítida entre duas ou mais

cores e, por intensidade, o encontro entre cores suaves e fortes. Esses conceitos influenciam

tanto a técnica de composição como o resultado final.

Porém o contraste de cores deve ser usado de forma equilibrada, o exagero deve ser evitado,

pois, mesmo usando cores com diferentes valores de luminosidade, e mesmo utilizando a

mistura de cores quentes e frias, pode-se ter um ambiente com alta reflexão de luz, causando o

ofuscamento e diminuição da capacidade de visão.

Portanto o uso de contrastes deve ser bastante estudado para que atinja seu objetivo e possa

proporcionar a precisão visual a fim de não prejudicar as atividades desempenhadas naquele

local.

O uso de contrastes como técnica visual, é por assim dizer, uma estratégia

inteligente para manter o estímulo, facilitar a leitura espacial e manter a variedade

cromática. O ambiente hospitalar por meio de sua arquitetura e design deve

promover o bem-estar em todos os níveis dos diversos usuários, e contribuir o

máximo possível para aliviar as tensões pré-estabelecidas na relação ambiente x ser

humano, usando-se dessa técnica o usuário é instigado a sair de seu stress, de seus

medos e partir para novas descobertas, pela experimentação da arquitetura, sua

missão está sendo cumprida. (MATARAZZO, 2007:165)

Cada profissional contratado para executar os serviços de estudo de cores para um hospital irá

se guiar pelos seus próprios critérios, muitas recomendações estão baseadas em pesquisas

empíricas, porém o uso deve ser consistente e objetivo, isso ajudará a traçar um ambiente bem

planejado e harmônico.

6.Conclusão

Em síntese, os hospitais tem procurado humanizar seus espaços a fim de trazer bem-estar,

comodidade e harmonia para os pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde, voltando

sua atenção para a importância do processo terapêutico de cura, o foco deixa de ser a doença e

passa a ser a promoção da saúde.

Com isso o uso das cores torna-se importante aliado para ajudar na recuperação dos pacientes

e acompanhantes e na produtividade dos profissionais; pois nos ambientes hospitalares

encontram-se pessoas com saúde comprometida e psicologicamente frágeis. As cores então

podem causar sensações de alívio e tranquilidade para estas, se bem empregadas. Servindo até

como uma forma de terapia, pois pode interferir no comportamento dos pacientes,

acompanhantes e profissionais.

Só que para escolher uma paleta cromática para um estabelecimento de saúde é preciso estudo

aprofundado sobre o assunto, pois as cores agem nas pessoas de forma psicológica e

fisiológica, podendo também agir de maneiras diferentes conforme faixa etária.

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Percebemos em geral, que as cores quentes (como o vermelho) agem como estimulantes, e as

cores frias (como o azul) agem como relaxantes. As cores claras ajudam a ter um estado

emocional mais tranquilo, enquanto as escuras são mais cansativas.

Este trabalho aponta a possibilidade de transformação do ambiente hospitalar através da

humanização deste, a partir do estudo das cores, transformando-o assim em um ambiente mais

agradável para seus ocupantes.

Referências:

Figuras:

Figura 1 - Hospital Sarah Kubitschek – Salvador – BA

Retirada do Site Arch Daily.

Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-

sarah-kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele

Acesso em: 23 de novembro de 2013

Figura 2 - Hospital Universitário Professor Edgard Santos / HUPES /Salvador/BA

Retirada do SitePanoramio.

Disponível em: http://www.panoramio.com/photo/6868868

Acesso em: 23 de novembro de 2013

Figura 3 - Hospital SaraSarah Kubitschek -Salvador

Retirada do Site Arch Daily.

Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-

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http://www.antroposofy.com.br/wordpress/a-teoria-das-cores-de-goethe/

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Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

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BERNARDES, Taciana Maria Nogueira. A contribuição da arquitetura para humanização

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Científico)

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