comunica pet maio 2013

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Boletim do Grupo PET Rádio e TV e do Departamento de Comunicação Social da FAAC | Maio de 2013 | nº 09 Bang-Bang à Hollywoodiana O revival do gênero western na indústria de entretenimento norte-americana

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Boletim do Grupo PET Rádio e TV e do Departamento de Comunicação Social da FAAC | Maio de 2013 | nº 09

Bang-Bang à Hollywoodiana

O revival do gênero western na indústria de entretenimento norte-americana

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A cultura popular mundial, muito in-fluenciada pelo American way of life, valoriza a cultura da honra, em opo-sição à cultura do direito e da lei. Os westerns retratam uma socieda-de em que o indivíduo é valorizado pela luta que estabelece com o seu meio e onde os códigos de honra se sobrepõem à lei. Para falar um pou-co mais sobre o assunto, o Comuni-ca deste mês entrevista o doutor em literatura brasileira e docente na UNESP Bauru, Marcelo Bulhões.

O que seria o gênero Western? Fundamentalmente são filmes norte americanos que narram vidas de per-sonagens do interior dos EUA, um am-biente rural que promove situações de conflito, violência e conquista. O western tem o caráter de apresentar personagens que são desbravadores. As narrativas se estruturam em con-flitos, tendo a violência como tônica.

O termo western, mais conheci-do popularmente como “filmes de cowboy”, possui uma narrativa um pouco diferente. Qual seria? Existe uma espécie de mitologia wes-tern: o herói é uma personagem so-litária. Por exemplo, Rastros de Ódio do John Ford é, neste sentido, pa-radigmático. Essencialmente, exis-te essa figura do personagem solitá-rio, do viajante que não tem morada, que chega a uma localidade e pra-tica um grande ato heroico. Nestes filmes, os protagonistas vão exercer o papel de conciliadores, salvar uma família ou resgatar uma moça leva-da pelos índios. Esse é fundamental-mente o mito que subjaz ao gênero. Em que os filmes western se ba-seiam, levando em conta não somente a parte estrutural da produção, mas também ou-

tras manifesta-ções artísticas? Há diversos estudos sobre isso. O wes-tern seria influen-ciado por um gê-nero muito anterior que remontaria, até em última estância, às mitologias clás-sicas em relação ao destino, à liberda-de e à coragem. E há quem diga que John Ford, o gran-de mestre do gêne-

ro, é o Homero do cinema americano. Qual a imagem referencial criada a partir desse contex-to? O que isso remete em re-lação à população americana? A Barbárie versus A Civilização. O he-rói que restitui os princípios da morali-dade, da paz, da tranquilidade versus a barbárie que vem de fora constrói um cenário inóspito dos sertões e dos desertos americanos. Dessa forma, esse cenário é muito alusivo a esse mudo em aberto, a um universo ain-da em construção. Essa ressonância é universal. Embora o gênero seja loca-lizado nos EUA, os personagens com aquela caracterização -chapéus e re-vólveres- são construções que reme-tem a conceitos universais. A que se deve o grande su-cesso que o western teve e ainda tem nos dias de hoje? Esse cenário tem uma ressonância muito importante, os grandes de-sertos que remetem subjetivamen-te a sentimentos e comportamentos, como a liberdade que é sinônimo de perigo, de aventura, de expansão, de profundo mergulho interior, é uma transfiguração. Ou seja, ainda nos dias de hoje podemos nos identificar com certas características do western. É possível dizer que o western influencia o modo de fazer cine-ma, criar personagens e estrutu-rar a narrativa nos dias de hoje? É possível falar de influência, de co-municação do gênero através da mú-tua influência entre os diretores. Or-son Welles que revolucionou o cinema com Cidadão Kane, inspirou sua obra nas composições de John Ford.O início de Bastardos Inglórios, por exemplo, é calcado na releitura que os cineastas

americanos fizeram do western, o tipo de quadro, composição e abertura. Mas seria certa extrapolação falar que hoje em dia tem algum gênero que é influenciado pelo western original. Portanto prefiro pensar a influência na composição das obras, como Or-son Welles, o próprio brasileiro Glau-ber [Rocha] e [Quentin] Tarantino. Que mudanças aconteceram no mundo do entretenimento que ex-plicam o renascimento do gêne-ro nesse começo de século XXI? O western não existe mais como um gênero, assim como os musicais que entraram em decadência por não atender mais a expectativa do públi-co. O que existe é uma utilização pa-ródica do gênero, de citação, de refe-rência. A última grande manifestação de filme deste gênero foi Os Imper-doáveis de Clint Eastwood, em minha

opinião. E é um filme extemporâneo da década de 90 que entraria em uma lista de grandes filmes do gênero. Neste filme Eastwood faz uma home-nagem, mas não compõe uma paró-dia, ele dialoga com a tradição colo-cando uma história dramática - um personagem que abandona seu pas-sado de crime - e que está fadado ao destino, uma ressonância mitológica que tem haver com a tragédia grega. Ultimamente são citações, referên-cias, reciclagens nesse movimento de narrativa cinematográfica de referên-cias que chama o telespectador para o repertório. E essa é a grande mu-dança no modo de fazer cinema nos dias de hoje.

A Ilíada do cinema americano

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Comunica PET - Maio 2013

Professor da Unesp fala sobre o gênero que é o épico americano por excelência e influencia o cinema até hoje

Por Wanessa Medeiros

Arquivo pessoal

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EXPEDIENTE:

O COMUNICA PET é uma publicação do Sistema de Comunicação do PET/RTV (SICOM - PET) com o apoio do Departamento de Comunicação Social da Facudade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp. Redação: Rafael Rodrigues e Wanessa Medeiros Edição: Luana Rodriguez Projeto Gráfico: Henrique César e Rafael Rodrigues Diagramação: Rafael Rodrigues Jornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha Responsáveis SICOM - PET: Antônio Francisco Magnoni e Angelo Sottovia Aranha.

Comunica PET - Maio 2013

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“Eu gosto do Clint Eastwood porque ele só tem duas expressões faciais: uma com chapéu e a outra sem.”

Sérgio Leone

Bruno Marise, estudante de jornalismo

Fernando Labanca, estudante de DI

Daniel Kojak, estudante de Rádio & TV

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