correio do povo10 de abril de 2016correio ruralpag3

2
A pós chegar a 320 mil hectares na safra 2014/2015, a rotação en- tre arroz e soja nas la-  vouras gaúchas recuou no ciclo atual. Segundo o Irga, o cultivo rotacionado hoje está presente em cerca de 285 mil hectares, 12% menos do que no ciclo ante- rior. A redução é atribuída prin- cipalmente ao clima, já que o ex- cesso de chuvas no final de 2015 afetou o cultivo do arroz na Fronteira-Oeste e na Depressão Central. Apesar da queda, a ex- pectativa é de que a rotação com a oleaginosa se estabilize em cerca de 30% da área de ar- roz do Estado, que hoje é de 1,083 milhão de hectares. “A dobradinha arroz e soja é inquestionável neste modelo ori- zícola do Estado”, afirma Rodri- go Schoenfeld, gerente da Esta- ção Experimental do Irga em Cachoeirinha. Conforme o espe- cialista, a rotação está relacio- nada diretamente à sustentabili- dade da lavoura de arroz.  Áreas com cultivo contínuo da gramínea apresentam proble- mas como baixa produtividade, em muitos casos.  Além do ganho econômico, o gerente destaca que a rotação com a soja contribui para com- bater invasoras como o arroz  verm elho e ta mbém aj uda a “li m- par a área”, melhorando a fertili- dade do solo. Schoen feld, no en- tanto, ressalta que as lavouras de arroz sofreram, nesta safra, com “o maior El Niño dos últi- mos 50 anos”, que causou danos especialmente na Fronteira-Oes- te e Depressão Central.  A rotação com o milho tam- bém é estimulada pelo Irga. A cultura está em alta após a valo- rização registrada nesta safra, porém a área de alternância com o arroz ainda é pequena, al- cançando apenas cerca de 1,5 mil hectares. Um dos obstáculos é o custo, que na lavoura de mi- lho com alta tecnologia, com o uso de pivô, é de cerca de R$ 6 mil por hectare, semelhante ao do arroz. Na soja, este custo cai para cerca de R$ 2,5 mil. “O maior entrave é a questão econô- mica. Não temos definida uma política para o milho. O produtor planta e não sabe por quanto vai  vender”, jus tifica Sch oenfeld. O presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, reconhece que o cultivo contínuo do arroz tem se tornando insustentável, embora alguns produtores que plantam há 20 anos no mesmo local ainda consigam boas pro- dutividades, porém com cuida- dos específicos. “Mas isso são exceções e, de forma geral, a so-  ja entra no arroz também com o objetivo de rotacionar cultura, limpar área e estruturar o solo, aumentando a disponibilidade de nitrogênio para o plantio sub- sequente”, explica.  A rotação entre arroz e soja e a consequente expansão da oleaginosa é incentivada pelos mecanismos de comerc ializaçã o das duas culturas. Dornelles afir- ma que o produtor de arroz de- mora um ano e meio para come- çar a reembolsar o investimento feito na lavoura, enquanto que no caso da soja, há a possibilida- de dos contratos futuros. ALINA SOUZA Uma “do bra din ha inq ues tio náv el” Técn icos obse rvam que alt ernâ ncia comb ateinvasora s, limp aa área e melh ora fert ili dad e do solo parao pla ntiosubsequ ente CORREIODOPOVORURAL Exp ans ãoda sojaemáre as ocu pad as pel o arr oz(ao fun do)vemtra zen dovanta gen s par a as dua s lav ouras no Suldo est ado CORREIO DO POVO

Upload: danton-jr

Post on 02-Mar-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Correio Do Povo10 de Abril de 2016Correio Ruralpag3

7/26/2019 Correio Do Povo10 de Abril de 2016Correio Ruralpag3

http://slidepdf.com/reader/full/correio-do-povo10-de-abril-de-2016correio-ruralpag3 1/1

A

pós chegar a 320 milh e ct a r es n a s a f ra2014/2015, a rotação en-

tre arroz e soja nas la-vouras gaúchas recuou no cicloatual. Segundo o Irga, o cultivorotacionado hoje está presenteem cerca de 285 mil hectares,12% menos do que no ciclo ante-rior. A redução é atribuída prin-cipalmente ao clima, já que o ex-cesso de chuvas no final de 2015afetou o cultivo do arroz naFronteira-Oeste e na DepressãoCentral. Apesar da queda, a ex-pectativa é de que a rotaçãocom a oleaginosa se estabilizeem cerca de 30% da área de ar-roz do Estado, que hoje é de1,083 milhão de hectares.

“A dobradinha arroz e soja éinquestionável neste modelo ori-

zícola do Estado”, afirma Rodri-go Schoenfeld, gerente da Esta-ção Experimental do Irga emCachoeirinha. Conforme o espe-cialista, a rotação está relacio-nada diretamente à sustentabili-dade da lavoura de arroz.Áreas com cultivo contínuo dagramínea apresentam proble-mas como baixa produtividade,em muitos casos.

 Além do ganho econômico, ogerente destaca que a rotaçãocom a soja contribui para com-bater invasoras como o arroz

 vermelho e também ajuda a “lim-par a área”, melhorando a fertili-dade do solo. Schoenfeld, no en-

tanto, ressalta que as lavourasde arroz sofreram, nesta safra,com “o maior El Niño dos últi-mos 50 anos”, que causou danosespecialmente na Fronteira-Oes-te e Depressão Central.

 A rotação com o milho tam-bém é estimulada pelo Irga. A cultura está em alta após a valo-rização registrada nesta safra,porém a área de alternânciacom o arroz ainda é pequena, al-cançando apenas cerca de 1,5mil hectares. Um dos obstáculosé o custo, que na lavoura de mi-lho com alta tecnologia, com ouso de pivô, é de cerca de R$ 6mil por hectare, semelhante aodo arroz. Na soja, este custo cai

para cerca de R$ 2,5 mil. “Omaior entrave é a questão econô-mica. Não temos definida umapolítica para o milho. O produtorplanta e não sabe por quanto vai

 vender”, justifica Schoenfeld.O presidente da Federarroz,

Henrique Dornelles, reconheceque o cultivo contínuo do arroztem se tornando insustentável,embora alguns produtores queplantam há 20 anos no mesmolocal ainda consigam boas pro-dutividades, porém com cuida-dos específicos. “Mas isso são

exceções e, de forma geral, a so- ja entra no arroz também com oobjetivo de rotacionar cultura,limpar área e estruturar o solo,aumentando a disponibilidadede nitrogênio para o plantio sub-

sequente”, explica. A rotação entre arroz e soja

e a consequente expansão daoleaginosa é incentivada pelosmecanismos de comercializaçãodas duas culturas. Dornelles afir-

ma que o produtor de arroz de-mora um ano e meio para come-çar a reembolsar o investimentofeito na lavoura, enquanto queno caso da soja, há a possibilida-de dos contratos futuros.

ALINA SOUZA

Uma“dobradinhainquestionável”Técnicos observam quealternânciacombateinvasoras, limpa a áreae melhora fertilidade do soloparao plantiosubsequente

CORREIODOPOVORURAL

Expansãoda sojaem áreas ocupadas pelo arroz(ao fundo)vem trazendovantagens para as duas lavouras no Suldo estado

CORREIO DO POVO