daniela araújo onorio

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO ROQUE DANIELA ARAUJO ONORIO Avaliação da capacidade do solo como estoque de carbono originário de dejeto sólido de suíno associado ou não com minhocas da espécie Eudrilus eugeniae. Evaluation of the ability of soil carbon stock as originating from the solid swine manure associated or not with earthworms Eudrilus eugeniae. São Roque, SP 2014

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Daniela Araújo Onorio. Avaliação da capacidade do solo como estoque de carbono originário de dejeto sólido de suíno associado ou não com minhocas da espécie Eudrilus eugeniae.

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

CAMPUS SÃO ROQUE

DANIELA ARAUJO ONORIO

Avaliação da capacidade do solo como estoque de

carbono originário de dejeto sólido de suíno

associado ou não com minhocas da espécie

Eudrilus eugeniae.

Evaluation of the ability of soil carbon stock as

originating from the solid swine manure associated or

not with earthworms Eudrilus eugeniae.

São Roque, SP

2014

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

CAMPUS SÃO ROQUE

DANIELA ARAUJO ONORIO

Avaliação da capacidade do solo como estoque de

carbono originário de dejeto sólido de suíno

associado ou não com minhocas da espécie

Eudrilus eugeniae.

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como requisito para obtenção do título de

Tecnólogo em Gestão Ambiental sob

orientação do Professor Francisco Rafael

Martins Soto e Co-orientação da Professora

Adna Viana Dutra.

São Roque, SP

2014

On6

Onorio, Daniela Araujo

Avaliação da capacidade do solo como estoque de carbono originário de

dejeto sólido de suíno associado ou não com minhocas da espécie Eudrilus

eugeniae /Daniela Araujo Onorio. – 2014.

20 f.: il.; 30cm

Orientador: Professor Francisco Rafael Martins Soto

TCC (Graduação) apresentada ao curso superior de Tecnologia em Gestão

Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São

Paulo – Campus São Roque, 2014.

1. Solo 2. Estoque de carbono 3. Dejeto sólido 4. Suíno 5. Minhocas I. Onorio,

Daniela Araujo II. Título

CDU: 550

Daniela Araujo Onorio

Avaliação da capacidade do solo como estoque de

carbono originário de dejeto sólido de suíno

associado ou não com minhocas da espécie

Eudrilus eugeniae. Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito para obtenção do título de

Tecnólogo em Gestão Ambiental sob orientação do

Professor Francisco Rafael Martins Soto e Co-

orientação da Professora Adna Viana Dutra.

Aprovado em: / / 2014

Banca Examinadora

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

Agradecimentos

Agradeço à minha mãe e minha madrinha que sempre me depositaram amor,

paciência e tornou possível receber todo o aprendizado que adquiri nesta jornada.

Ambas foram persistentes e motivadoras para finalizar o curso com satisfação.

Agradeço aos professores que de alguma forma me auxiliaram na elaboração

e desenvolvimento deste trabalho, em especial à professora Adna Viana Dutra-

coorientadora, pela ajuda e motivação. E ao professor Sérgio Azevedo, pela atenção

e ajuda com as análises estatísticas desenvolvidas no trabalho.

Agradeço aos alunos Nicolas Kowalski - colaborador, e Darlyne Aquino-

colaboradora, e aos funcionários do Instituto Federal de Educação, Ciência e

tecnologia de São Paulo- Campus São Roque pelo suporte e auxilio no processo de

coletas, preparo e análises das amostras.

Agradeço ao meu orientador, professor Francisco Rafael Martins Soto, por ter

me acompanhado e confiado em mim nessa jornada tão cansativa, porém,

gratificante.

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo avaliar a capacidade do solo em estocar carbono

originário de dejeto de suíno sólido associado ou não com minhocas da espécie

Eudrilus eugeniae. O trabalho foi efetuado durante 78 dias e o primeiro modelo

experimental foi constituído de solo com dejeto de suíno sólido (SDSS) e o segundo,

por solo com dejeto de suíno sólido associado com minhocas (SDSSM) e o modelo

controle foi composto somente por solo. Para a avaliação do pH e estoque de

carbono dos modelos experimentais e controle, foram coletadas 36 amostras e

durante todo o período do experimento foi aferida a temperatura. Para a avaliação

do estoque de carbono, as amostras foram secas em estufas a 105º C, pesados

para a determinação da densidade e em seguida o solo foi passado em peneira com

malha de 2 mm. Em relação à determinação do potencial hidrogeniônico (pH), foi

utilizado o método do cloreto de cálcio (CaCl2 0,01 mol.L-1) na proporção solo:

solução de 1:2,5. Para a comparação dos valores obtidos de estoque de carbono,

pH e temperatura nos dois modelos experimentais e controle foi realizado o teste de

normalidade para a verificação da distribuição dos dados. Para dados com

distribuição normal foi utilizada a análise de variância com comparações múltiplas e

o nível de significância adotado foi de 5%. No período avaliado houve diferença

estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS, SDSSM e o controle, com médias de

128,82 Mg ha-1 para os modelos de SDSS e 104,05 Mg ha-1 para SDSSM versus

33,87 Mg ha-1 para o controle. Estes resultados evidenciaram a capacidade do solo

em armazenar carbono originário de dejeto sólido de suíno. Para o parâmetro

temperatura houve diferença estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS, SDSSM

e o controle, nas semanas: dois, três, quatro, seis, dez e doze. Não houve diferença

estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS, SDSSM e o controle, nas semanas:

um, cinco, sete, oito, nove e onze. Para o parâmetro pH houve diferença estatística

(p < 0,05) entre os modelos SDSS, SDSSM e o controle, com médias de 5,8 para os

modelos de SDSS e 5,8 para SDSSM versus 6,4 para o controle.

Palavra-chave: solo, estoque de carbono, dejeto sólido, suíno, minhocas.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the soil capacity to carbon stock with solid

swine manure associate or not to earthworms Eudrilus eugeniae. This study was

accomplished during 78 days and the first model was using soil with solid pig manure

(SDSS) and the second model was using soil with solid swine manure associate to

earthworms (SDSSM) and at the end the control model, using just soil. To evaluate

the pH evaluation and carbon stock on experimental models and control, was

harvested 36 samples during experiment process, the temperature was also

measured. To evaluation of carbon stock, the samples was dehydrated on the oven

on 105ºC, the soil was sieved and weighed to determine the density, after this was

sieved on 2mm. Regarding the hydrogen potential, we used the reaction mode with

calcium chloride (CaCl2 0,01 mol.L-1) ratio in soil: 1:2,5. To the statistical treatment to

compare the carbons stock values, pH and the temperature on the two experiments

and on the control model we used the test of normality to verification of data

distribution. For data with normal distribution of variance analysis was used with

multiple comparisons and the significance level adopted was 5%. In the evaluated

period there was statistical difference (p < 0.05) between SDSS and control models

and SDSSM and control, with averages of 128.82 Mg ha-1 SDSS models and 104.05

Mg ha-1 to 33.87 Mg ha-1 versus SDSSM for the control. These results showed the

soil capacity in storing carbon from solid waste. For the parameter temperature there

was statistical difference (p < 0.05) between SDSS and control models and SDSSM

and control, in weeks: two, three, four, six, ten and twelve. There was no statistical

difference (p < 0.05) between SDSS and control models and SDSSM and control, in

weeks: one, five, seven, eight, nine and eleven. For the pH parameter there was

statistical difference (p < 0.05) between SDSS and control models and SDSSM and

control, with averages of 5.8 SDSS models and 5.8 to SDSSM versus 6.4 for the

control.

Key-words: soil, stock carbon, solid manure, swine, earthworm.

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 8

2. OBJETIVO ....................................................................................................................................... 10

3. MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................................... 10

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 12

5. CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 17

6. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 18

8

1. INTRODUÇÃO

A suinocultura apresenta importância para a economia brasileira. Este setor do

agronegócio brasileiro nas duas últimas décadas apresentou um crescimento na

produção na ordem de 21,5%. O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína

do mundo com cerca de 600.000 toneladas exportadas anualmente principalmente

para países como a Rússia e a Argentina (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA

INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA, 2014).

Os dejetos produzidos pela suinocultura brasileira atingem cerca de 90,2 bilhões de

kilogramas anualmente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE SUÍNOS,

2014). A gestão inadequada dos dejetos in natura, principalmente na forma liquida,

pode se tornar uma ameaça ambiental e sanitária para o solo, água, ar e a saúde

dos seres humanos e dos animais (SEHNEM, 2004).

Um dos problemas de importância ambiental relacionada com a produção intensiva

de suínos é a formação de gases de efeito estufa (GEE), principalmente o gás

metano (CH4) e o seu destino inadequado. A produção do CH4 inicia-se com a ação

de diferentes micro-organismos sobre substratos tornando-os utilizáveis para as

bactérias ocorrendo assim uma relação simbiótica, que depende de fatores químicos

e biológicos, como pH, temperatura e disponibilidade de alimentos (ALVALÁ et al.,

1999). Esta relação pode ser também definida como um processo de integração

complementar, na qual os alimentos destinados às bactérias metanogênicas são

produtos de fermentações de compostos realizados por outros micro-organismos.

Entretanto, podem também ocorrer interações competitivas, nas quais outras

bactérias concorrem com as metano bactérias por elementos do meio, como as

bactérias redutoras de sulfato, que assim como as metano bactérias, necessitam de

hidrogênio e/ou acetato (ALVALÁ et al., 1999).

O aumento da emissão de GEE resultante da suinocultura gera problemas

ambientais que necessitam de soluções plausíveis para o reequilíbrio natural. Caso

contrário, as mudanças climáticas e os problemas ambientais, que enfrentamos

hoje, tenderão ao extremo nos anos vindouros (SHAFFER, 2010). Sequestro de

carbono é uma potencial solução por reduzir a liberação desse elemento químico por

meio de ações naturais ou induzidas. Manejos inadequados do solo também podem

9

assumir um papel de desequilíbrio ambiental, pois podem mineralizar a matéria

orgânica e emitir grandes quantidades de GEE (SOUZA, 2010). Com isso conclui-se

o grau de importância que manejos ecológicos de solos representam para o planeta

atualmente.

O uso efetivo de dejetos orgânicos e outros produtos similares aumenta o conteúdo

de carbono orgânico no solo, melhorando a qualidade deste, aumentando a

produção de biomassa e reduzindo a emissão de CO2 (CASALINHO et al.; 2007).

Uma das alternativas encontradas para a diminuição dos impactos ambientais

citados, é o manejo de dejetos de suínos, na forma sólida (concentração de matéria

seca superior a 60%), utilizando-se a compostagem ou sistemas de produção sobre

cama.

O manejo dos dejetos suínos na forma sólida ocasiona diminuição do teor de água

dos dejetos e dos odores, por se tratar de um processo aeróbio, na qual o principal

produto da degradação dos resíduos orgânicos é o dióxido de carbono. Thompson et

al. (2004) observaram uma redução de 50% da emissão de GEE, (CH4 e N2O), com

a utilização do manejo do resíduo animal na forma sólida, quando comparado com o

manejo na forma líquida (SARDÁ, et al., 2010). A matéria orgânica fornece para o

solo melhor capacidade química, física e biológica, proporcionando melhores

relações e equilíbrios entre as atividades biológicas ali desenvolvidas, fertilidade e

conservação (CASALINHO et al.; 2007). Além disso, a utilização de matéria

orgânica permite a captação e armazenamento de carbono no solo, considerado o

mais importante reservatório temporário, uma vez que realiza o processo de perda e

ganho de gás carbônico (SOUZA, 2010).

Uma outra forma de sequestro de carbono é a vermicompostagem, que é um

processo na qual há a decomposição e consumo de matéria orgânica pelas

minhocas, como cinzas, resíduos domésticos, folhas, aparas de gramas e resíduos

agrícolas e de agroindústrias. Quanto maior a quantidade de matéria orgânica,

melhor será desempenho do processo, já que será maior a quantidade de micro-

organismos atuantes no local. Há formação de húmus, CO2 e H2O, porém não há

produção de CH4, elemento mais prejudicial que o CO2 na emissão de GEE. A

utilização de minhocas da espécie Eudrilus eugeniae no processo de

vermicompostagem de dejetos sólidos de suínos permite que estas consigam digerir

10

a matéria orgânica em menor período de tempo, acelerando o seu processo de

degradação e estabilização (CARLESSO et al., 2013).

2. OBJETIVO

Este trabalho teve por objetivo avaliar a capacidade do solo em estocar carbono

originário de dejeto de suíno sólido (DSS) associado ou não com minhocas da

espécie Eudrilus eugeniae.

3. MATERIAL E MÉTODO

O trabalho foi efetuado na área experimental do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Roque- SP, durante 78 dias, no

período compreendido entre 24 de setembro a 10 de dezembro de 2013, sendo

delineados dois modelos experimentais e um controle. O primeiro modelo

experimental foi constituído de solo com dejeto de suíno sólido (SDSS) e o segundo,

por solo com dejeto de suíno sólido associado com minhocas (SDSSM). O modelo

controle foi composto somente por solo. Os DSS foram originários de uma granja de

suínos de ciclo completo tecnificada localizada no Municipio de Ibiúna-SP. Os três

modelos foram construídos na forma de canteiros e cada um apresentava as

dimensões de um metro de largura, três metros de comprimento e 0,2 m de

profundidade. A área utilizada foi previamente limpa e o solo revirado na

profundidade de 0,2 metros, o que representou 0,6 metros cúbicos de volume para

cada canteiro. A quantidade total de DSS utilizada foi de 500 kg, sendo 250 kg para

cada modelo experimental, que foi misturado ao solo de forma homogênea na

profundidade de 0,2 metros, que representou 417 kg de DSS por metro cúbico de

área. Para o modelo experimental associado com minhocas, foram adicionados 20

litros da espécie Eudrilus eugeniae, que representou 67 litros de volume por metro

cúbico de área do canteiro (VIEIRA, 1997).

Para a determinação do pH e do estoque de carbono dos modelos experimentais e

controle, semanalmente, foram coletadas com a utilização de um trado para

amostras indeformadas do solo em uma profundidade de 10cm, o total de 36

amostras. Diariamente, com horário matutino fixo pré-determinado (10h00min),

11

durante todo o período do experimento, foi aferida a temperatura dos três modelos

experimentais e os resultados foram armazenados e compilados em planilhas do

Programa Microsoft Excel 2010®.

Após a sua coleta, as amostras foram secas em estufas a 105º C, durante 48 horas,

pesadas para a obtenção da massa (m) para o cálculo da densidade (d) e em

seguida o solo foi passado em peneira com malha de 2 mm (EMBRAPA, 1997) para

a determinação do pH e do teor de carbono.

Em relação à determinação do potencial hidrogeniônico (pH), foi utilizado o método

da reação em cloreto de cálcio (CaCl2 0,01 mol.L-1) na proporção solo:solução de

1:2,5. (RAIJ, 2001).

Posteriormente, foi utilizado o método de Walkley-Black (RAIJ et al.,2001) que

oxidou o carbono (CO2) da matéria orgânica, determinando o teor do mesmo. Para

o cálculo do estoque de carbono foi utilizada a fórmula abaixo proposta por Szakacs

(2003).

Para a comparação dos valores obtidos de estoque de carbono, pH e temperatura

nos dois modelos experimentais e controle inicialmente foi realizado o teste de

normalidade para a verificação da distribuição dos dados. Para dados com

distribuição normal foi utilizada a análise de variância com comparações múltiplas

pelo teste de Dunnet; para variáveis sem distribuição normal foi aplicado o teste de

Kruskal-Wallis, com comparações múltiplas pelo teste de Dunn (ZAR, 1999). O nível

de significância adotado foi de 5%, e as análises foram realizadas com o programa

BioEstat 5.03.

12

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1, estão apresentados os resultados obtidos em relação ao estoque de

carbono nos dois modelos experimentais e controle, durante as 36 coletas efetuadas

de amostras de solo.

Tabela 1- Estoque de carbono nos dois modelos experimentais e controle e o

respectivo período avaliado em dias e semanas de investigação. Solo tratado com

dejeto sólido de suíno (SDSS), solo tratado com dejeto sólido de suíno associado

com minhocas (SDSSM) da espécie Eudrilus eugeniae e controle, somente solo.

No período avaliado houve diferença estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS e

controle e SDSSM e controle, com médias de 128,82 Mg ha-1 para os modelos de

SDSS e 104,05 Mg ha-1 para SDSSM versus 33,87 Mg ha-1para o controle. Estes

resultados evidenciaram a capacidade do solo em armazenar carbono originário de

DSS.

Dia Semana SDSS SDSSM Controle

-------------------- Mg ha-1 ----------------------

Zero 01 79,95 63,41 36,94

7 02 164,04 122,68 41,35

14 03 143,36 38,04 33,91

21 04 143,36 176,44 38,04

28 05 205,39 173,69 22,38

35 06 221,93 154,39 29,22

42 07 87,12 100,63 40,80

49 08 122,41 33,08

36,11

56 09 110,83 210,91 31,15

63 10 124,06 39,70

25,08

70 11 97,59 89,32 31,15

78 12 45,76 46,31 40,25

Média - 128,82 104,05 33,87

Desvio padrão - 50,98 62,62 6,20

13

A utilização do solo como agente biorremediador do DSS quando o objetivo for o

estoque de carbono e a sua posterior redução de emissão de GEE, pode ser uma

alternativa com tecnologia simples e de baixo custo a ser empregada na suinocultura

tecnificada. Estes resultados foram também confirmados por Sardá et al.( 2010), em

um estudo que avaliou a redução de emissão de GEE por processo de

compostagem de DSS. A quantidade de carbono total emitido pelo manejo sólido

dos dejetos suínos no período de 60 dias, na forma de C-CH4 e C-CO2, foi

aproximadamente de 776,16 e 2841,64 g m-2, respectivamente, o que demonstrou

que 21,45% da mineralização ocorreram via metanogênica e 78,45% pela via

aeróbia (geração de CO2) (Sardá et al. 2010). Moller et al. (2004) e Dinuccio et al.

(2008) também relataram que dejetos sólidos de animais de produção em processo

de tratamento no solo ou em compostagem, produzem menos GEE, devido a

capacidade do solo em armazenar o carbono presente nestes dejetos sólidos.

Apesar da capacidade das minhocas em estabilizar e tratar a matéria orgânica

presente no solo (FILHO et al. 2005), nesta investigação, não houve diferença

estatística entre os modelos SDSS e SDSSM, mostrando que a associação de

minhocas da espécie Eudrilus eugeniae no volume utilizado de 67 litros por metro

cúbico de área do canteiro foi incapaz de contribuir para o aumento de estoque de

carbono quando comparado com o modelo experimental de SDSSS. O valor médio

de estoque de carbono do modelo experimental de SDSSM quando comparado com

o modelo SDSS foi ligeiramente menor (figura 1). Tal fato pode ser explicado pelo

consumo de matéria orgânica presente no solo pelas minhocas. Entretanto, novos

trabalhos devem ser realizados, utilizando-se outras espécies de minhocas, volumes

diferentes por metro cúbico e tempo de avaliação de estoque de carbono maior no

solo, para que novas hipóteses sejam confirmadas ou não.

Figura 1- Valores médios de estoque de carbono em Mg ha-1 nos dois modelos experimentais e controle. Solo tratado com dejeto sólido de suíno (SDSS), solo tratado com dejeto sólido de suíno associado com minhocas (SDSSM) da espécie Eudrilus eugeniae e controle, somente solo.

14

0

50

100

150

SDSS SDSSM Controle

Média de estoque de carbono

Na tabela 2, estão apresentados os resultados obtidos em relação aos valores

obtidos do pH nos dois modelos experimentais e controle durante as 36 coletas de

amostras de solo efetuadas.

Tabela 2- Potencial hidrogeniônico (pH) nos dois modelos experimentais e controle e

o respectivo período avaliado em dias e semanas de investigação. Solo tratado com

dejeto sólido de suíno (SDSS), solo tratado com dejeto sólido de suíno associado

com minhocas (SDSSM) da espécie Eudrilus eugeniae e controle, somente solo.

Dia Semana SDSS SDSSM Controle

Zero 01 6,47 6,13 6,89

07 02 5,89 5,96 6,85

14 03 5,30 5,61 5,94

21 04 5,52 5,04 6,30

28 05 5,66 5,56 5,83

35 06 5,89 5,82 6,34

42 07 5,85 5,75 6,25

49 08 5,98 5,84 6,24

56 09 5,67 5,62 6,51

63 10 5,67 6,31 6,58

70 11 5,76 5,80 6,18

78 12 5,75 6,19 6,37

Média - 5,78 5,80 6,36

Desvio padrão - 0,28 0,34 0,32

15

Houve diferença estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS e controle e SDSSM e

controle, com médias de 5,8 para os modelos de SDSS e 5,8 para SDSSM versus

6,4 para o controle. Estes resultados referentes ao pH inicial, são indicativos que a

atividade microbiana nos modelos SDSS e SDSSM quando comparado ao controle,

foi maior, o que contribuiu para a redução do pH nestes modelos, tornando-o

levemente ácido no período avaliado. Este resultado pode ser explicado pelo fato

que no inicio do processo de decomposição da matéria orgânica no solo, ocorre a

formação de ácidos orgânicos e a incorporação de carbono orgânico ao protoplasma

celular microbiano, o que torna o meio mais ácido em relação ao inicial (VALENTE et

al. 2009). Entretanto, em um ensaio visando estudar a compostagem de DSS

misturados com serragem, Zhang e He (2006) demonstraram que inicialmente o

valor do pH encontra-se levemente ácido e, ao longo do processo torna-se básico,

sendo que ao final torna-se novamente ácido, porém em valores próximos da

neutralidade, sendo um importante indicativo de estabilização da biomassa. No

presente trabalho, os valores do pH em todas as coletas efetuadas (tabela 2) nos

modelos SDSS e SDSSM tenderam de levemente ácido a ácido, diferente do

modelo controle, que esteve na faixa da neutralidade. Não houve diferença

estatística entre os modelos SDSS e SDSSM, o que demonstrou que a atividade das

minhocas não influenciou os valores de pH no período avaliado, com resultados

praticamente iguais.

Na tabela 3 estão apresentados os resultados obtidos em relação a temperatura

média semanal em graus Celsius (C°) nos dois modelos experimentais e controle

durante os 78 dias avaliados e a respectiva semana.

16

Tabela 3- Temperatura média semanal nos dois modelos experimentais e controle

durante os 78 dias avaliados e a respectiva semana. Solo tratado com dejeto sólido

de suíno (SDSS), solo tratado com dejeto sólido de suíno associado com minhocas

(SDSSM) da espécie Eudrilus eugeniae e controle, somente solo.

Houve diferença estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS e controle e SDSSM e

controle, nas semanas: dois, três, quatro, seis, dez e doze. Não houve diferença

estatística (p < 0,05) entre os modelos SDSS e controle e SDSSM e controle, nas

semanas: um, cinco, sete, oito, nove e onze. Estes resultados não foram lineares e

apresentaram inconsistência. Entretanto, pode-se observar uma tendência de

valores com diferença estatística nas primeiras semanas de avaliação da

temperatura e de valores sem diferença estatística nas últimas semanas do

experimento (tabela 3).

Tais resultados podem ser explicados devido a maior atividade microbiana no DSS,

principalmente relacionada a aerobiose no inicio do experimento, apresentando

picos de temperatura. No processo de compostagem de DSS, a decomposição

inicial é conduzida por micro-organismos mesófilos, que utilizam os componentes

Dia Semana SDSS SDSSM Controle

Celsius (C°)

Zero 01 20,00 21,00 18,00

07 02 22,14 23,71 18,85

14 03 22,00 22,71 19,42

21 04 23,85 25,28 20,57

28 05 22,42 22,71 20,71

35 06 25,71 27,28 22,85

42 07 22,14 22,57 20,00

49 08 23,85 24,14 21,57

56 09 22,57 23,28 21,71

63 10 22,71 23,14 21,57

70 11 25,14 25,28 23,85

78 12 24,71 24,85 23,85

Média - 23,34 24,05 21,32

17

solúveis e rapidamente degradáveis da matéria orgânica. O metabolismo dos micro-

organismos é exotérmico e parte do calor gerado, durante a oxidação da matéria

orgânica, acumula-se no interior do canteiro (RODRIGUES et al. 2006).

Nas últimas semanas, com a matéria orgânica em processo de estabilização, estes

picos de temperatura tenderam a diminuir. Em uma pesquisa conduzida por Tiquia

et al. (1997) que estudou a compostagem da mistura de DSS e serragem,

concluíram que a aferição da temperatura é um parâmetro que pode indicar a taxa

de decomposição e a maturidade do composto, sendo considerado maduro, quando

a temperatura atingir valores próximos a temperatura ambiente, o que reforça os

resultados obtidos neste trabalho.

5. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos neste trabalho e no período de avaliação, pode- se

concluir que:

O solo tratado com dejeto sólido de suíno associado ou não com minhocas da

espécie Eudrilus eugeniae foi capaz de armazenar carbono;

A associação do solo tratado com dejeto sólido de suíno com minhocas da espécie

Eudrilus eugeniae não contribuiu para o aumento de estoque de carbono quando

comparado com solo tratado com dejeto sólido de suíno sem minhocas;

O solo apresentou-se como uma alternativa viável para o tratamento de dejeto

sólido de suíno, quando o objetivo for a redução na emissão de gases de efeito

estufa.

18

6. REFERÊNCIAS

ALVALÁ, P.C.; KIRCHOTT, V. W.J. H.; PAVÃO, H. G. Metano na atmosfera: produção de metano em regiões de queimadas e áreas alagadas. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, v. 1, p. 40-43. 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE SUÍNOS, 2014. Estatísticas, acesso em 12 de junho de 2014. Disponível em:< http://www.abcs.org.br/>. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA, 2014. Estatísticas, acesso em 12 de junho de 2014. Disponível em:< http://www.abipecs.com.br/ > CARLESSO, W. M., RIBEIRO, R., & HOEHNE, L.. Tratamento de resíduos a partir de compostagem e vermicompostagem: Revista Destaques Acadêmicos. 2011.

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