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De Que “Valor” Estamos Falando, Afinal? – Uma Revisão Crítica Sobre o Uso de Diferentes Conceitos de “Valor” no Marketing ou “Uma Luta Contra o Enfeitiçamento de Nosso Entendimento pelos Meios da Nossa Linguagem” What “Value” are We Talking About? – A Critical Review of Different Value Concepts Use in Marketing or “A Struggle Against the Bewitchness of Our Understanding by Our Language Means" 1. Introdução Cada vez mais o tema “valor” está sendo investigado pela academia de marketing. No Brasil, os últimos anos têm demonstrado esta tendência, o que fica evidente se observarmos a quantidade de artigos publicados sob a tutela do tema. Contudo, observamos que a utilização do termo pode trazer consigo mais sombras que luzes em sua aplicação, tendo em vista sua definição na literatura da área não apresentar um consenso em torno de um único conceito. Podemos perceber claramente pelo menos três conceitos amplamente aplicados a “valor”, sempre associados a “clientes”: o primeiro se refere a uma relação de custo e benefício, ou seja, a diferença entre os valores que o cliente ganha (benefícios funcionais e subjetivos) comprando e usando

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De Que “Valor” Estamos Falando, Afinal? – Uma Revisão Crítica Sobre o Uso de

Diferentes Conceitos de “Valor” no Marketing ou “Uma Luta Contra o Enfeitiçamento

de Nosso Entendimento pelos Meios da Nossa Linguagem”

What “Value” are We Talking About? – A Critical Review of Different Value Concepts Use

in Marketing or “A Struggle Against the Bewitchness of Our Understanding by Our

Language Means"

1. Introdução

Cada vez mais o tema “valor” está sendo investigado pela academia de marketing. No

Brasil, os últimos anos têm demonstrado esta tendência, o que fica evidente se observarmos a

quantidade de artigos publicados sob a tutela do tema. Contudo, observamos que a utilização

do termo pode trazer consigo mais sombras que luzes em sua aplicação, tendo em vista sua

definição na literatura da área não apresentar um consenso em torno de um único conceito.

Podemos perceber claramente pelo menos três conceitos amplamente aplicados a

“valor”, sempre associados a “clientes”: o primeiro se refere a uma relação de custo e

benefício, ou seja, a diferença entre os valores que o cliente ganha (benefícios funcionais e

subjetivos) comprando e usando um produto e os custos (dinheiro, esforço, custo físico ou

psíquico) para obter este produto. Essa abordagem parece ter obtido grande repercussão,

sobretudo, por ser a utilizada em livros de marketing geral; o segundo, por outro lado, refere-

se ao valor que um cliente tem para uma organização durante toda a sua vida enquanto tal.

Justifica-se pela importância dada aos ativos intangíveis e à necessidade de representá-los

através de valores quantitativos, o que tem ganhado ênfase graças à importância dada cada

vez mais às métricas de marketing; finalmente, o terceiro, baseado na escola da psicologia

social, aborda o aspecto do valor relativo à própria condição da existência humana em suas

relações sociais, assumindo que as pessoas alcançam seus valores pessoais através de algumas

ações ou atividades específicas, dentre as quais o consumo.

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Esta confusão parece começar pela própria terminologia adotada. No original em

inglês, enquanto o segundo conceito é chamado customer equity e/ou lifetime customer value,

tanto o primeiro quanto o terceiro são chamados de customer value. A tradução para o

português não ajudou muito. Se o primeiro conceito aparece agora como “valor para o

cliente”, é a vez dos outros dois serem apresentados com um mesmo nome: valor do cliente.

A tradução do primeiro conceito aparece nos livros-texto de marketing. Já a terminologia de

valor do cliente, quando relativa ao segundo conceito apresentado, surgiu na tradução do livro

de Rust et al. (2001). Por sua vez, a terminologia de valor do cliente, quando relativa ao

terceiro conceito, foi sugerida por Leão e Mello (2002; 2003), sob o argumento de que se se

está discutindo os valores relativos aos próprios clientes, então estes só podem ser do cliente.

Evidentemente, alguns leitores podem estar agora se questionando sobre a relevância

desta discussão. Se a linguagem fosse aqui tomada na sua forma tradicional, apenas como um

meio instrumental de transmitir pensamentos, a confusão apresentada realmente não seria um

problema, já que o importante seria se entender o conceito por detrás do nome. Esta forma

tradicional de se pensar a linguagem se refere uma perspectiva semântica (área da lingüística

que estuda a relação entre as construções lingüísticas e as coisas), que assume que os nomes

carregam significados por si só (OLIVEIRA, 2001). No entanto, corroboramos com o filósofo

Ludwig Wittgenstein (1979), que propõe que os nomes não representam as coisas em si, mas

sim que é o uso que fazemos dos nomes que determina o significado das coisas. Esta visão,

pragmática (área da lingüística que trata das características do uso da linguagem), em

oposição à semântica, assume que os significados dos nomes são construídos através de seu

uso. Desta forma, Oliveira (2001) conclui que só podemos chegar realmente à semântica

através da pragmática, pois é daí que surge o verdadeiro significado dos nomes, sempre de

forma contextual e ambivalente. Tomemos como exemplo a seguinte frase: “Meu carro

quebrou”. Se dito a um amigo na saída do trabalho, isso pode significar um pedido implícito

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de carona. Se dito à pessoa que lhe vendeu o carro, pode ser uma acusação. Ainda, se dito a

um professor após um atraso para a aula, pode ser uma desculpa ou explicação.

Wittgenstein (1979), ao refletir sobre o que faz com que os nomes assumam diferentes

significados de acordo com seu uso, desenvolveu a teoria dos jogos de linguagem, em que

aponta que as regras de uso dos nomes são estabelecidas dentro de cada comunidade

lingüística e é só assim que estes fazem sentido ou, em outras palavras, têm significado. Cada

comunidade, portanto, terá seu próprio jogo de linguagem. Então, “balada”, para um jovem

paulistano, pode significar festa, agitação, comemoração, enquanto para um casal de meia

idade pode significar uma música romântica feita para se dançar a dois. Neste caso, isto não

chega a ser um problema, pois tais grupos fazem parte de diferentes campos sociais (nos

termos de BOURDIEU, 1984) e cada campo social tem seu próprio jogo de linguagem.

Entretanto, pensemos numa situação em que diferentes pessoas usem o termo

“balada”, ora com um sentido ora com outro, dentro de um mesmo campo social. Nos parece

que seja isto o que está acontecendo com o uso do termo “valor” na academia de marketing.

Tal confusão parece estar contaminado vários trabalhos, que se utilizam de mais de um dos

conceitos de valor para se referirem a apenas um deles ou, ainda, que se utilizam da definição

de um para operacionalizar outro. Entendemos que o resultado desta confusão possa

comprometer a qualidade e a confiabilidade do conhecimento produzido. Imaginemos um

exemplo: um pesquisador elabora um questionário para levantar dados sobre um conceito e

inclui perguntas que levantam informações sobre outro. Agora imaginemos outro: os dados

levam a implicações gerenciais, mas o máximo que poderiam contribuir seria para a solução

de um outro problema que não aquele a que está se referindo.

Acreditamos que isto ocorra por estar-se assumindo uma perspectiva semântica em

relação ao termo “valor”, ou seja, pressupondo-se que o termo irá, no final das contas,

representar uma mesma coisa. Para Wittgenstein (1979) este não é um problema simples. O

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pensador acredita que vários dos problemas filosóficos – e do próprio conhecimento, por

conseguinte – são advindos de mal-entendimentos gramaticais. Aqui, Wittgenstein separa a

gramática em duas: a superficial e a profunda. A superficial é aquela que conhecemos e que

aprendemos na escola, comumente chamada simplesmente de “gramática”. Por sua vez, a

gramática profunda refere-se àquela dos jogos de linguagem. Desta forma, cada jogo de

linguagem tem sua própria gramática. Se o discurso científico já pode ser considerado, por si

só, um jogo de linguagem (LYOTARD, 2002), não parece estranho assumirmos que cada

disciplina desenvolva suas especificidades neste jogo e, portanto, em última instância, seu

próprio jogo de linguagem. Isto quer dizer que se não pudermos perceber agora que nossa

gramática profunda em relação ao termo “valor” está sendo contaminada por sua gramática

superficial, corremos o risco de, através de seu uso, chegarmos ao ponto de não mais sermos

capazes de discernir seus diferentes significados e continuarmos a gerar um conhecimento

com qualidade e confiabilidade questionáveis, pelo menos neste aspecto.

Está aí a razão porque a visão de Wittgenstein sobre a filosofia é de que esta deva ser

“uma luta contra o enfeitiçamento do nosso entendimento pelos meios da nossa linguagem”

(1979, p.54). Inspirados por sua tão contundente assertiva, desenvolvemos o presente

trabalho, que tem por objetivo analisar o uso conceitual do termo “valor”, no sentido de

identificar se realmente nossa hipótese de que existam trabalhos acadêmicos se utilizando de

mais de um dos conceitos de valor para se referirem a apenas um deles e/ou se utilizando da

definição de um para operacionalizar outro, se sustenta.

2. Procedimentos método-analíticos

Nosso estudo se caracteriza como uma revisão crítica com base lingüístico-filosófica

sob uma perspectiva pragmática. O procedimento metodológico adotado foi o de desk

research, baseado na construção de um corpus de pesquisa composto pelo conjunto de artigos

de Marketing publicados nos últimos cinco anos dos Encontros da Associação Nacional dos

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Programas de Pós-graduação de Administração (ANPAD), o que nos levou a considerar 5

Encontros da ANPAD (EnANPADs) e o primeiro EMA (Encontro de Marketing da ANPAD),

totalizando 305 artigos publicados. A Tabela 1 mostra a distribuição de artigos por

ano/evento.

Tabela 1 – Distribuição dos artigos publicados por ano/eventoEvento Ano Total de artigos em Marketing

EnANPAD 2000 43EnANPAD 2001 40EnANPAD 2002 51EnANPAD 2003 51EnANPAD 2004 60

EMA 2004 60Total 305

Devido ao nosso objetivo de investigação, nossa revisão crítica foi antecedida por duas

etapas: a construção do nosso corpus de pesquisa e uma análise inicial para classificação dos

textos, conforme segue.

2.1. Construção do corpus de pesquisa

Nosso corpus de pesquisa passou por um processo de qualificação. Tal procedimento

passou por uma fase de filtragem e outra analítica, que reduziu o número de artigos para

análise a 27. A fase de filtragem contou com quatro diferentes etapas. Na primeira, excluímos

os artigos escritos em língua inglesa, já o problema que descrevemos deveria ser tratado

exclusivamente em nossa língua. Na segunda etapa, excluímos os artigos que não se

utilizarem do termo “valor”, procedimento que foi realizado através do mecanismo de busca

por palavras disponível no MS Word XP (para os Anais dos EnANPADs de 2000 à 2003) e

no Adobe Reader 6.0 (para os Anais do EnANPAD 2004 e do EMA). Na terceira etapa,

excluímos os artigos por uso não-conceitual do termo “valor”, ou seja, quando o termo era

utilizado para denotar não um conceito, mas um termo coloquial. A quarta e última fase de

filtragem da qualificação do corpus consistiu na separação entre o uso conceitual do termo

“valor” em marketing dos advindos de outras disciplinas (e.g., cadeia de valor), por

entendermos se tratarem apenas de apoios conceituais.

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Tabela 2 – Processo de qualificação dos textos para análise

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a 2

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Evento AnoEnANPAD 2000 3 3 18 4 28 15 15 0 0 0 0EnANPAD 2001 2 2 15 2 21 19 15 1 2 1 3EnANPAD 2002 5 2 13 8 28 23 16 0 3 4 7EnANPAD 2003 4 1 15 7 27 24 18 1 2 3 5EnANPAD 2004 4 0 13 7 24 36 32 1 2 1 3

EMA 2004 3 1 11 7 22 38 29 0 5 4 9Total 21 9 85 35 150 155 125 3 14 13 27

A filtragem reduziu o corpus a 155 artigos. Numa segunda fase de qualificação,

excluímos,a quinta etapa, os artigos que faziam uso do conceito de “valor” apenas como apoio

conceitual ou como clichê (e.g., uso do termo “valor agregado” definindo “produto

ampliado”). Numa sexta e última etapa, excluímos os artigos por uso de conceitos de “valor”

pouco significativos na amostra. Além dos três conceitos de “valor” por nós antecipados,

identificamos outros três, sendo dois relativos a marcas (“valor da marca” e “valor de marca”)

e outro a acionistas (“valor para o acionista”). Contudo, encontramos apenas um texto

referente a cada conceito, o que nos fez crer que gerariam uma discussão pífia e incongruente

com nossos objetivos. A Tabela 2 sintetiza o processo.

2.2. Análise inicial para classificação dos textos

Após a seleção dos textos para análise, procedemos a uma leitura inicial destes, com o

intuito de classificá-los em relação a que conceito de valor estavam se baseando, bem como

para sensibilizar-nos em relação aos textos, aspecto fundamental para o tipo de análise ora

desenvolvida. Apesar de já nesta primeira leitura ter sido possível se perceber que muitos dos

artigos se utilizaram de mais de um conceito, não consideramos esta questão para esta fase

classificatória, já que esta descoberta é o propósito mesmo de nossa investigação, devendo

esta ficar para discussão na revisão crítica. A identificação de um artigo com um conceito

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ocorreu aqui, portanto, em relação a que conceito o artigo “pretendia” referir-se, o que não

quer dizer se neste “pretender” o objetivo foi alcançado ou não.

A Tabela 3 apresenta os 27 artigos selecionados, já os classificando sob um

determinado conceito e indicando seu uso como construto ou como variável. Na primeira

coluna da tabela os artigos são indicados pelos seus códigos em nosso corpus, forma como

eles serão tratados em nossa análise. Para tal codificação, estabelecemos os seguintes

procedimentos: 1) no caso do EMA, como só houve um Encontro e todos os artigos são de

Marketing, utilizamos o código original do artigo no evento; 2) quanto aos textos publicados

em EnANPADs, acrescentamos ao código original – que é apresentado pela sigla MKT e

acompanhado pelo seu número de inscrição – o ano do evento. Então, por exemplo, o artigo

MKT-698 do EnANPAD de 2002 foi codificado como MKT-698_2002.

3. Revisão dos conceitos

Para que nossa revisão crítica ocorresse de forma mais fluida, optamos por apresentar

antecipadamente esta revisão dos conceitos identificados em nossa amostra. Antes disso,

contudo, dois comentários nos parecem pertinentes. O primeiro é que esta revisão não se

baseia no estado-da-arte dos conceitos, mas em como os autores dos artigos de nossa amostra

o fizeram, o que, em última instância, é o que interessa a este estudo. Contudo, vale dizer que

não reproduzimos as definições de tais autores, mas sim fazemos uma discussão acerca delas,

no que já chegamos a antecipar o tom crítico desta revisão.

O segundo comentário se refere aos termos que utilizamos para nos referirmos aos três

conceitos analisados. Optamos por chamá-los, respectivamente, de: “valor para o cliente”,

“valor do cliente para a empresa” e “valor do cliente”. Vale aqui uma pequena explanação

sobre as escolhas. Quanto ao primeiro, “valor para o cliente” já é o termo mais amplamente

adotado pela literatura. Entretanto, adotamos tal termo por entendermos que se o conceito se

refere ao valor que uma organização, através de uma oferta, entrega ao cliente, então a

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preposição “para” antes do artigo definido se demonstra adequada. Por outro lado, como

vimos, o termo “valor do cliente” é utilizado para expressar os outros dois conceitos. Em

nossa análise, concluímos que, se o valor em questão, em relação ao segundo conceito, é para

a empresa a qual o cliente se relaciona, então a preposição “de” antes do artigo não parece

cabível, já que, para tanto, o valor teria que ser do cliente. Achamos adequado acrescentarmos

uma segunda preposição e um segundo artigo relativos a um segundo sujeito, neste caso, o

mais importante no conceito: a empresa. Acreditamos, portanto, que “valor do cliente para a

empresa” defina melhor este conceito, já que se refere ao valor que um cliente tem para uma

empresa ao relacionar-se com esta. Por sua vez, o termo “valor do cliente” nos pareceu

adequado para o terceiro conceito, já que este define o valor pessoal do cliente. De qualquer

forma, ainda que esta nos pareça uma proposta adequada, não é nosso objetivo aqui “definir”

em instância última os termos para tais conceitos. Esta proposta terminológica vem aqui,

antes, ocupar um papel instrumental que é o de termos como nos referir a cada um dos

conceitos. Devido a isto, manteremos os mesmos sempre entre aspas neste trabalho.

3.1. “Valor do cliente”

A base teórica do conceito de “valor do cliente” nos textos de nossa amostra que

fazem uso do mesmo é a teoria de cadeias de meios-fim, que propõe que consumidores

traduzem atributos de produtos em benefícios que estes produzem e que, em última instância,

traduzam a orientação de seus valores pessoais – um modelo hierárquico chamado A-C-V,

devido às iniciais de seus níveis (REYNOLDS e GUTMAN, 1988; PERKINS e REYNOLDS, 1988).

Aqui, a definição de valores assume a perspectiva da psicologia social (ROKEACH, 1973).

Vale destacar que nos trabalhos desenvolvidos em torno da teoria de cadeias de meios-

fim o termo customer value (original do inglês para “valor do cliente”) não é utilizado. Quem

o faz é Robert B. Woodruff e seus colegas (ver WOODRUFF e GARDIAL, 1996; WOODRUFF,

1997; FLINT et al., 2002), que definem o conceito de customer value com base em tal teoria.

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Apesar disto, tais autores desenvolvem seu conceito também considerando o de “valor para o

cliente”. Na análise do nível das conseqüências de uso dos produtos, eles definem o “valor”

destas com base no conceito de “valor para o cliente”. De fato, o que os autores apresentam é

o conceito de “valor para o cliente” como uma das facetas do de “valor do cliente”. A base do

primeiro conceito aparece em sua proposta tendo em vista que o valor oferecido ao cliente

deve por este ser percebido. Entretanto, no desenvolvimento teórico de “valor do cliente”, o

valor percebido pelo cliente seria o reconhecimento da oferta de seus próprios valores através

dos produtos que ele usa. Isto quer dizer que, para o autor e seus colegas, o “valor para o

cliente” se realiza a partir do “valor do cliente”.

Um problema aqui é que esta questão só fica evidente no livro de Woodruff e Gardial

(1996). Em um artigo seguinte (WOODRUFF, 1997), o autor apresenta seu conceito de

customer value como um alternativo a outras definições do mesmo. Ora, nosso leitor pode

estar agora se questionando se, então, Woodruff realmente não estaria se referindo ao conceito

de “valor para o cliente”. Contudo, entendemos que estando seu conceito baseado na teoria de

cadeias de meios-fim, ele está, necessariamente, definindo “valor do cliente”. Cabe nos

questionarmos se o próprio Woodruff não teria sido enfeitiçado pelos meios da linguagem.

3.2. “Valor do cliente para a empresa”

O conceito de “valor do cliente para a empresa” (customer equity) adotado nos artigos

analisados que fazem uso do mesmo se baseia em Rust et al. (2001), em que este pode ser

definido como o total dos valores de consumo do cliente ao longo de sua vida de consumo em

uma empresa. O termo customer equity foi cunhado por Blattberg e Deighton (1996) e desde

então tem sido um dos maiores focos de atenção em marketing por estar no centro de uma

importante discussão atual: os Marketing Metrics. Neste sentido, vale destacar que tal

conceito está atrelado a um outro: o de lifetime customer value, que significa o valor total de

contribuições diretas e indiretas para medir o lucro gerado por cada consumidor individual

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durante todo o ciclo de vida. De fato, o lifetime customer value tem sido assumido como uma

maneira de se quantificar o “valor do cliente para a empresa”. Silva e Freitas (2002) sugerem

que se denota, portanto, uma convergência de sentido e objetivo na utilização dos dois

conceitos, o que as faz assumi-los como um só, no que corroboramos.

Uma observação importante é que também no conceito de “valor do cliente para a

empresa” o “valor para o cliente” aparece como uma de suas facetas, segundo a proposta de

Rust et al. (2001). O que os autores argumentam é que seja mais importante se focar no “valor

do cliente para a empresa” (customer equity) do que no “valor da marca” (brand equity).

Neste sentido, propõem uma estrutura tridimensional de “valor do cliente para a empresa”,

composto pelo próprio “valor da marca”, além do “valor de retenção” (retention equity) e do

“valor para o cliente”, por eles chamado de “valor do valor” (value equity).

3.3. “Valor para o cliente”

De forma geral, os artigos de nossa amostra que se utilizam do conceito de “valor para

o cliente” o fazem, direta ou indiretamente, com base na definição de Zeithaml (1988), que o

apresenta como a avaliação geral pelo consumidor da utilidade de um produto baseado em

percepções do que é recebido e do que é dado. Contudo, vale uma crítica ao trabalho de

Zeithaml (1988). Ao fazer um levantamento sobre trabalhos que, segundo ela, propõem

relações entre qualidade e valor (um de seus objetivos no estudo em questão) através de

modelos de cadeias de meios-fim, a autora também parece ter sido enfeitiçada pelos meios da

linguagem. Ela aponta trabalhos baseados na teoria de cadeias de meios-fim como base para o

seu. O modelo proposto pela autora também se baseia numa lógica de meios-fim, em que

atributos levam à percepção de qualidade e, por fim, à percepção de valor. Contudo, como

vimos, os valores que a teoria de cadeias de meios-fim está se utilizando é outro (i.e. valores

pessoais) e a autora o interpreta como um payoff conseqüente dos benefícios de um produto.

Algo, portanto, similar ao “valor para o cliente”. Felizmente, este enfeitiçamento não

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contaminou sua definição conceitual. Entretanto, pode ter confundido outros autores que se

utilizaram deste seu trabalho, que já se tornou clássico. Consideramos, inclusive, a hipótese

disto ter ocorrido com Woodruff em relação ao problema que apontamos duas seções atrás.

Um outro conceito de “valor para o cliente” adotado em trabalhos de nossa amostra foi

o de Fornell et al. (1996), que propõem que valor seja o nível percebido da qualidade do

produto relativo ao preço pago. Comparado ao conceito de Zeithaml (1988), pode-se perceber

que este tem uma base ainda mais utilitária do que aquele, pois foca-se na relação qualidade-

preço, desconsiderando, assim, custos não monetários e benefícios extrínsecos ao produto.

Finalmente, um último conceito de “valor para o cliente” adotado se baseia em

Holbrook (1999). O autor define o valor – por ele chamado de “valor de consumo” – como

sendo interativo, relativo, preferencial e experiencial e chega a desenvolver sua própria

tipologia. Assumindo uma perspectiva axiológica, seu conceito de valor refere-se à avaliação

de um objeto por um sujeito (i.e., de um produto por um consumidor). Apesar de ser

apresentado – e por que não dizer, pensado – de forma diferente, entendemos que se trata, em

essência, da mesma perspectiva assumida por Zeithaml (1988), já que uma oferta está sendo

avaliada, em seu valor, pelo cliente.

4. Revisão crítica dos textos

Apesar de apresentada de forma conjunta, nossa revisão crítica foi realizada em duas

etapas. Na primeira identificamos a coerência ou não do desenvolvimento e operacionalização

do conceito adotado em cada texto. O propósito aqui foi o de levantar possíveis

inconsistências, que deveriam ser corroboradas ou não pela segunda fase. Esta, por sua vez, se

baseou no uso da literatura de base dos trabalhos aqui analisados com o objetivo de comparar

o uso dos conceitos por estes últimos, podendo, evidentemente, corroborar uma incoerência

conceitual ou, por outro lado, apontar a incoerência já na literatura de base. A Tabela 3

apresenta a síntese analítica da revisão que segue, destacando-se, neste aspecto, que a mesma

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demonstra apenas os resultados relativos à nossa hipótese, ou seja, segundo os critérios de

conceituação e operacionalização, aos quais atribuímos o conceito de “consistente” ou

“enfeitiçado”. Contudo, outros comentários importantes não cabíveis a tal síntese são feitos ao

longo do texto.

4.1. “Valor do cliente”

Os dois textos publicados com base no conceito de “valor do cliente” (MKT-45_2001

e MKT-698_2002) são dos mesmos autores. Tanto a conceituação quanto a operacionalização

mostram-se consistentes em torno do conceito. No primeiro caso, os autores se apóiam em

trabalhos como os de Reynolds e Gutman (1988) e Woodruff e Gardial (1996), entre outros.

Analiticamente, fizeram uso da técnica laddering, que funciona quase que como um

“espelho” da teoria de cadeias de meios-fim, tendo em vista que visa exatamente alcançar as

relações do modelo A-C-V, o que é feito através de uma entrevista semi-estruturada (sobre o

que citam REYNOLDS e GUTMAN, 1988; PERKINS e REYNOLDS, 1988, entre outros).

Um problema que podemos apontar nos artigos é o fato de que, para justificar a

importância do construto, os autores indicam como referência trabalhos que se referem ao

conceito de “valor para o cliente”, como é o caso de Sinha e DeSarbo (1998), por exemplo.

Não podemos apontar este como um caso de enfeitiçamento, já que conceitual e

analiticamente os autores não deixam dúvidas sobre o conceito adotado. Contudo, essas

citações podem causar dúvidas a quem estiver menos prevenido ou apenas olhar o trabalho de

relance. Resta saber se se tratou de um equívoco – o que não pode ser desconsiderado, se

tivermos em vista que em inglês ambos os conceitos compartilham de um mesmo nome

(customer value) e que os autores se baseiam em Woodruff e Gardial (1996) para sua

definição de valor, que, como já vimos, apontam o “valor para o cliente” como uma faceta do

“valor do cliente” – ou se de um elemento de retórica, considerando-se que este último

conceito seja bem mais amplamente conhecido.

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4.2. “Valor do cliente para a empresa”

Dentre os quatro textos publicados com base no conceito de “valor do cliente para a

empresa”, três trabalham o mesmo como construto (MKT-1954_2002, MKT-1402_2003 e

EMA0036) e apenas um como variável (MKT-879_2002). Os três primeiros artigos, usam o

termo valor do cliente, numa clara influência à tradução do livro de Rust et al. (2001), no qual

todos se embasaram. Por sua vez, o texto que se utiliza do conceito como variável o enquadra

no construto “rentabilidade”, em que este se baseia tanto no valor atual quanto no valor

potencial do cliente para a empresa. É em relação a este último que os autores se utilizam do

conceito de “valor do cliente para a empresa” (no caso, lifetime customer value).

De forma geral – com um senão em relação ao segundo artigo, o que será mais bem

discutido a seguir –, todos os artigos conceituam consistentemente o conceito. Também em

todos os artigos a operacionalização se mostrou consistente, tendo como bases os modelos de

Blattberg e Deighton (1996), Berger e Nasr (1998) e Rust et al. (2001), os quais mensuram

justamente o lifetime customer value.

É importante destacar que dois dos artigos (MKT-1954_2002 e MKT-1402_2003, os

quais têm uma mesma co-autora) demonstram preocupações de ordem semântica em relação

ao nome do conceito de valor que se utilizam. O primeiro aponta para a tradução da literatura

de língua inglesa para o português, em que suas autoras sugerem que o termo valor do cliente

(a forma como apresentam “valor do cliente para a empresa”) é confundido com o termo valor

para o cliente. O curioso é que, de fato, esta não é uma confusão comum. Como já discutimos,

a confusão mais comum, em termos de usos de termos definidores dos conceitos, é aquela

entre “valor do cliente” e “valor do cliente para a empresa” – por ambos serem chamados de

valor do cliente. Entretanto, foi apenas no mesmo ano deste artigo que surgiu o termo valor do

cliente para definir o conceito de “valor do cliente” (MKT-698_2002). Talvez o que as

autoras apontam tenha uma base num problema não do termo definidor dos conceitos, mas em

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seu uso. Como vimos na seção de revisão dos conceitos, Rust et al. (2001) consideram este

conceito como uma faceta do “valor do cliente para a empresa”.

O segundo artigo (MKT-1402_2003), este sim, tem como preocupação semântica o

fato de tanto o conceito de “valor do cliente” quanto o de “valor do cliente para a empresa” se

apresentarem como valor do cliente. Entretanto, ao invés de discutir as diferenças conceituais

entre os dois, as autoras assumem ambos como um mesmo conceito, diferenciados por seus

aspectos qualitativos e quantitativos, respectivamente. Fazem isto com base no trabalho de

Leão e Mello (2001) em relação ao primeiro e na literatura sobre lifetime customer value para

o segundo. Ora, este é um problema grave de enfeitiçamento. Podemos apresentar pelo menos

três razões para nossa afirmação. Primeiro, se é verdade que a literatura de ambos os

conceitos discutem que estes tenham no “valor para o cliente” uma faceta, o mesmo tipo de

relação não ocorre entre os conceitos aqui discutidos. Segundo, o fato do estudo de Leão e

Mello (2001) ser de natureza qualitativa não define o construto “valor do cliente” como

passível de investigação apenas desta forma. Neste sentido, Woodruff e Gardial (1996)

apontam para a possibilidade de se realizar pesquisas quantitativas de tal construto.

Finalmente, e ainda sobre essa questão, entendemos que querer reduzir a conceituação de um

construto ao seu aspecto método-analítico seja de um reducionismo sem par – afinal, se assim

fosse, construtos que “nascem” de uma investigação exploratória qualitativa nunca seriam

passíveis de mensuração, bem como aqueles fortemente investigados por esta ótica não seriam

passíveis de uma observação compreensiva. Felizmente, tal enfeitiçamento não chegou a

contaminar a definição de valor que as autoras assumem, bem como sua operacionalização,

como já antecipamos. Entretanto, a discussão apresentada pelas autoras pode vir a contaminar

trabalhos outros, que se utilizem do seu artigo como referência de uma construção teórica, o

que, em última instância, possibilita o problema identificado em nossas hipóteses.

4.3. “Valor para o cliente”

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Dos 21 artigos que se utilizam do conceito de “valor para o cliente”, treze o fazem

como variável. A maioria deles (nove) assume, direta ou indiretamente, o conceito de valor

proposto por Zeithaml (1988). Vale destacar que vem daí o uso do termo, nesses casos, quase

sempre como “valor percebido” ou simplesmente “valor” – como é o caso da própria autora.

Não acreditamos que este seja um problema, já que para uma oferta de “valor para o cliente”

ser realmente valorosa, é importante que tal valor seja percebido. De fato, entendemos que se

trata de dois lados de uma mesma moeda. Enquanto o conceito, ao assumir o termo “valor

para o cliente” apresenta-se na direção da empresa para o cliente, torna-se na direção do

cliente para a empresa quando da certificação de se este percebeu tal valor.

Como antecipamos, o conceito proposto por Zeithaml (1988) nem sempre é adotado

diretamente. Com isto, queremos dizer que ocorrem casos de artigos se basearem em outros

autores que, por sua vez, já haviam se baseado naquela autora. De fato, dos nove artigos aqui

identificados, apenas um (MKT-2110_2004) bebe diretamente na fonte. Os demais chegam ao

conceito proposto por Zeithaml (1988) através de outros autores por estarem replicando ou

adaptando os modelos destes. Dentre esses, o artigo MKT-636_2003, replica o estudo de

Baker et al. (2002). Por sua vez, os artigos MKT-399_2002 e MKT-1453_2004 adaptam e os

artigos MKT-1313_2001, MKT-1374_2002, EMA0046 e EMA0280 baseiam-se parcialmente

no modelo proposto por Sirdeshmukh et al. (2002). Não se trata de uma coincidência. Os

artigos são advindos de uma mesma Escola, tendo os quatro últimos uma mesma autora/co-

autora, os dois primeiros um mesmo autor/co-autor e um outro co-autor que trabalha com

ambos (nos artigos MKT-399_2002 e MKT-1374_2002, respectivamente). Finalmente, ainda

da mesma Escola, o artigo EMA0313 adapta o modelo de Agustín e Singh (2002).

Por outro lado, os demais quatro artigos (MKT-183_2001, MKT-1111_2003,

EMA120 e EMA0319) têm em comum a adoção do conceito de valor proposto por Fornell et

al. (1996). Desses, três assumem o conceito de valor percebido como variável antecedente de

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satisfação, enquanto o último enquanto antecedente de eqüidade que, por sua vez, leva a

satisfação e lealdade. Quanto ao modelo adotado, o artigo MKT-1111_2003 replica o de

Fornell et al. (1996), enquanto o MKT-183_2001 faz uma adaptação deste e o EMA120

replica tal adaptação. Por fim, o artigo EMA0319 apresenta um modelo próprio com base em

revisão de literatura.

Tabela 3 – Síntese analítica da revisão crítica

Artigo selecionado

Conceito de "valor" utilizado

Forma de utilização do conceito Conceituação Operacionalização

"Val

or d

o cl

ient

e"

"Val

or d

o cl

ient

e pa

ra

a em

pres

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"Val

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ara

o cl

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Con

stru

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Var

iáve

l

Con

sist

ente

Enf

eitiç

ado

Con

sist

ente

Enf

eitiç

ado

MKT-45_2001 X     X   X   X  MKT-698_2002 X     X   X   X  MKT-1954_2002   X   X   X   X  MKT-1402_2003   X   X   X   X  

EMA0036   X   X   X   X  MKT-879_2002   X     X X   X  MKT-2110_2004     X   X X   X  MKT-636_2003     X   X X   X  MKT-399_2002     X   X X   X  MKT-1453_2004     X   X X   X  MKT-1313_2001     X   X X   X  MKT-1374_2002     X   X X   X  

EMA0046     X   X X   X  EMA0280     X   X X   X  EMA0313     X   X X   X  

MKT-183_2001     X   X X   X  MKT-1111_2003     X   X X   X  

EMA0120     X   X X   X  EMA0319     X   X X   X  

MKT-1072_2002     X X     X X  MKT-1526_2003     X X     X   XMKT-2375_2004     X X     X [1]MKT-1852_2002     X X     X   XMKT-2256_2003     X X     X   X

EMA0230     X X     X   XEMA0347     X X     X [2]EMA0154     X X   X   [2]

[1] Não possível se verificar [2] Não cabe

Considerando-se as hipóteses desenvolvidas por esses estudos, podemos concluir que

todos os artigos tenham conceituado e operacionalizado o conceito de “valor para o cliente”

consistentemente. Contudo, um comentário vale ser feito. O artigo MKT-399_2002, tendo

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como base o trabalho de Sirdeshmukh et al. (2002) apresenta que a confiança impacta a

lealdade através do valor. Contudo, os autores indicam que tal impacto ocorre pela mudança

de percepção dos consumidores sobre a congruência de valores com o provedor do serviço;

que a confiança impacta a similaridade de valores entre o cliente e a empresa. Ora, a forma

como os autores apresentam esta idéia pode fazer parecer que os valores que estão aqui

tratando sejam os valores pessoais de clientes e provedores de serviço, o que desvirtuaria o

conceito de “valor para o cliente” e apontaria para o de “valor do cliente”. De fato, o

comentário de Sirdeshmukh et al. (2002) é sobre a percepção de congruência e a similaridade

percebida dos valores, o que não causa a possibilidade de tal confusão. O problema desta

confusão está na possibilidade deste artigo servir como referência para algum outro sem que

seus leitores recorram ao original.

Além dos artigos que se utilizaram do conceito de “valor para o cliente” como

variável, oito o fizeram como construto. Dois deles (MKT-1072_2002 e MKT-1526_2003 –

em que pese o fato do autor do segundo ser co-autor do primeiro) o fazem adotando o

conceito de valor de consumo proposto por Holbrook (1999). Neste sentido, o primeiro artigo

faz isto de forma explícita, adotando, inclusive, a tipologia do autor; o segundo, por sua vez,

adota o conceito de forma implícita, já que se propõe a realizar uma grounded theory. Para

sedimentar sua discussão sobre o conceito adotado, os autores se baseiam nos trabalhos de

Wagner (1999) e Baudrillard (1995). Quanto à primeira, trata-se de uma escolha óbvia, pelo

fato da autora discutir mais profundamente a Axiologia, base do desenvolvimento conceitual

de Holbrook. Por sua vez, a escolha de Baudrillard, infelizmente, não trás uma melhor

compreensão ao conceito de valor, como sugerem os autores. Baudrillard (1995) analisa os

conceitos de valor de troca e de uso propostos por Karl Marx – em última instância, os

produtos enquanto mercadoria e utensílio, respectivamente – para propor que, além destes,

existe o valor de troca/signo, em que os objetos têm valor à medida que são signos de uma

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hierarquia social. Sem dúvida alguma seria interessante discutir o conceito de “valor para o

cliente” sob a ótica da conceituação de valor de Marx e Baudrillard, sobretudo se assumida

uma condição de consumo simbólico. Entretanto, não é isto o que os atores fazem e a rápida

inserção neste aspecto termina por não contribuir para a discussão sobre “valor para o

cliente”, correndo-se o risco até de gerar uma confusão em leitores menos avisados.

Apesar disto, o enfeitiçamento presente nesses artigos não ocorre na incursão pelo

pensamento de Baudrillard, mas na própria gênese da proposta de Holbrook, afetando a

conceituação desenvolvida nos artigos. Ao discutir o conceito de valor sob a ótica da

Axiologia, Wagner (1999) indica que este é intangível, derivado das características tangíveis

de um objeto, que é influenciado pelas características do sujeito, incluindo seus valores

pessoais. Com base nisto, os autores dos artigos propõem que uma questão central para o

marketing seja vislumbrar as relações entre valores pessoais dos consumidores e a forma

como estes valorizam produtos e que, longe de fazer um tratado sobre valores pessoais, o

modelo de Holbrook (1999) concentra-se na segunda parte dessa equação (discussão do

primeiro artigo). Ora, não existe nenhuma evidência no trabalho de Holbrook (1999) de que

este tenha se preocupado com a primeira parte aqui sugerida. A definição de Wagner (1999)

aponta para os valores pessoais de um sujeito como uma das características influenciadoras de

sua avaliação do valor de consumo (i.e., “valor para o cliente”). Se é verdade que seja

importante se vislumbrar as relações entre valores pessoais dos consumidores e a forma como

estes valorizam produtos, esta preocupação está demonstrada na discussão conceitual de

“valor do cliente” que, conforme já discutido, pressupõe que o que os clientes realmente

valorizam num produto é o reconhecimento de seus próprios valores neste.

O enfeitiçamento de um dos autores fica mais evidente quando, no segundo texto,

acrescenta a visão de valor de Vinson et al. (1977) que, por sua vez, baseia-se justamente na

influência de valores pessoais no consumo. Este aspecto tem uma forte e comprometedora

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influência sobre a operacionalização do construto neste artigo. Enquanto no primeiro artigo a

escolha da tipologia de Holbrook (1999) fornece a consistência necessária para a coleta e a

análise dos dados, pode-se perceber que, no segundo, os achados – classificados como valores

de invasão e de proteção – apontam para valores pessoais (e.g., “mulheres que quebram os

discursos da família/sociedade e não voltam a eles” indica o valor da coragem, previsto por

ROKEACH, 1973). Isto é evidente no próprio texto, quando os autores concluem que “A

família é a primeira instituição formadora de valores...” (p.11).

Outro artigo (MKT-2375_2004) se propõe avaliar o “valor para o cliente” do que o

autor chama de “estrutura de valor para o cliente” (sic) de Rust et al. (2001). O problema é

que a proposta de tais autores, como vimos, se refere a uma estrutura de “valor do cliente para

a empresa”, em que o “valor para o cliente” aparece apenas como uma de suas dimensões. O

enfeitiçamento do autor é confirmado quando este, após discutir os três tipos de valores que

analisamos neste trabalho, apresenta a estrutura em questão como sendo a base para se gerar

o “valor do cliente para a empresa” e não como sua própria estrutura, como fica evidente no

trabalho de Rust et al. (2001). O objetivo do trabalho foi apresentado como sendo o de

desenvolver uma escala com base na tal estrutura vislumbrada pelo autor. Infelizmente o texto

não demonstra nenhuma das descrições das variáveis, mas apenas o processo de construção da

escala, tornando difícil a avaliação de se o conceito foi bem operacionalizado. Contudo, por

assumir como base outro conceito e apontar que serve como base para o cálculo do “valor do

cliente para a empresa”, podemos nos questionar sobre sua consistência e, portanto, acreditar

que se trata de um enfeitiçamento também na operacionalização (apesar de não apontarmos na

Tabela 3).

Outros quatro artigos baseados no conceito de “valor para o cliente” (MKT-

1852_2002, MKT-2256_2003, EMA0230 e EMA0347) demonstram-se enfeitiçados ao

apresentar uma clara confusão com o conceito de “valor do cliente”. O primeiro e o segundo

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artigos (em que a autora do segundo é também co-autora do primeiro) apresentam, em sua

revisão de literatura, várias formas de definição do conceito de “valor para o cliente” e

recorrem a Woodruff (1997) para indicar a multiplicidade de suas definições – aspectos

presentes no artigo em questão. Acabam por adotar o conceito do autor, que, como já vimos,

refere-se a “valor do cliente”. Como se não bastasse, apresentam o conceito de “valor do

cliente” utilizado por Leão e Mello (2001) e (no segundo artigo) o de “valor do cliente para a

empresa” definido por Rust et al. (2001) como se fossem relativos a “valor para o cliente”. O

curioso é que o segundo artigo, antes de apresentar tais questões, desenvolve uma abordagem

filosófica de valor – a Axiologia que já comentamos – e a evolução do conceito, que passa

pelas teorias de transação-específica de valor, de qualidade ajustada ao preço, de orientação

pela utilidade e experiencial, com os respectivos autores mais relevantes. Evidentemente, em

nenhuma delas aparece algum trabalho de Woodruff.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o artigo EMA0230 apresenta a mesma

evolução do conceito presente no artigo MKT-2256_2003 e ainda acrescenta o trabalho de

Luna et al. (2002) que, de fato, não trata do conceito em si, mas de sua influência sobre

atitudes (com base em ROKEACH, 1973) para desenvolver uma proposta de como aspectos

trans-culturais e cognitivos influenciam o comportamento de navegação de websites. Não

coincidentemente, acaba por acatar irrestritivamente todos os seus enfeitiçamentos.

Apesar do segundo artigo (MKT-2256_2003) não possibilitar uma análise da

operacionalização do conceito, passagens deste indicam que a avaliação do construto foi a

mesma do primeiro artigo (MKT-1852_2002). Neste último, sim, é possível se observar a

operacionalização, tendo em vista que as variáveis da pesquisa são apresentadas. O

enfeitiçamento é nítido, pois estas variáveis se apresentam ora como relativas a “valor para o

cliente” (e.g., “A alta administração solicita, ativamente, feedback do que nossos clientes mais

valorizam”), ora como “valor do cliente” (e.g., “Nossa empresa/UEN utiliza, regularmente,

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diferentes formas para conhecer quais são as conseqüências do uso de nossos

produtos/serviços que facilitam o atingimento dos objetivos dos clientes”). É bem verdade que

sempre que ocorre este último caso, as descrições das variáveis sentam-se sobre as

conseqüências de uso dos produtos, apontado por Woodruff e seus colegas como o nível do

conceito de “valor do cliente” em que está presente a faceta do “valor para o cliente”.

Entretanto, para se extrair “valor para o cliente” das conseqüências de uso dos produtos seria

necessário se analisar o uso em si, tendo em vista que é nesta ocasião que ocorre a avaliação

de valor, e não a conseqüência em si, pois esta é elemento de elo entre as características dos

produtos e os valores pessoais dos clientes – em que pese que no enunciado que destacamos

entenda-se por “objetivo dos clientes” justamente seus valores (WOODRUFF, 1997).

Por sua vez, o artigo EMA0230 também demonstra enfeitiçamento em sua

operacionalização. A autora se utiliza da técnica grand tour, indicada por Woodruf e Gardial

(1996) como alternativa ao laddering para se atingir as cadeias A-C-V. Ora, tal técnica, então,

deve ser utilizada para se operacionalizar “valor do cliente”. Apesar de problemas na

utilização da técnica, que fez com que o trabalho não apontasse para cadeias A-C-V – o que

não cabe na presente discussão –, os achados do trabalho se referem nitidamente a valores

pessoais , o que confirma a inconsistência da operacionalização como sendo relativa a “valor

para o cliente”.

Finalmente, ainda sobre os artigos baseados no conceito de “valor para o cliente” que

se demonstraram enfeitiçados ao apresentar uma confusão com o conceito de “valor do

cliente”, o artigo EMA0347 – cuja co-autora e autora dos dois primeiros citados é também sua

co-autora – é um ensaio teórico que se propõe desenvolver proposições acerca do “valor para

o cliente” a partir de uma dimensão simbólica. As autoras assumem o conceito de Woodruff e

seus colegas e por “dimensão simbólica” de “valor para o cliente” apresentam a base do

conceito de tais autores, a teoria de cadeias de meios-fim, no que se baseiam fortemente no

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artigo de Leão e Mello (2001) e em outros trabalhos com base em tal teoria (e.g., PERKINS e

REYNOLDS, 1988). Ou seja, adotam o conceito de “valor do cliente” como se este fosse uma

“dimensão simbólica” de “valor para o cliente”. Por ser um ensaio teórico, não existiu

operacionalização do conceito. Entretanto, o artigo lança um novo enfeitiçamento sobre o uso

dos diferentes conceitos de valor que pode se espalhar caso suas proposições venham a ser

verificadas empiricamente.

Vale destacar que, apesar de entendermos que o enfeitiçamento desses últimos quatro

artigos comentados possa ter ocorrido como conseqüência da possibilidade que levantamos de

um enfeitiçamento anterior de Woodruff – autor sobre o qual todos se basearam –,

argumentamos que os “gigantes” os quais comumente nos sentamos sobre os ombros não

estão isentos de cometerem equívocos e, portanto, não podemos fazer uma leitura acrítica de

seus trabalhos.

Por fim, o artigo EMA0154 trata-se de uma revisão de literatura sobre o conceito de

“valor para o cliente” – que, segundo os autores, apresenta uma falta de homogeneidade nas

definições – e ferramentas de mensuração do construto. Duas observações são aqui

importantes. A primeira se refere à análise conceitual do construto, que foi cuidadosa, não só

na apresentação de suas várias definições, mas também em identificar acuradamente como o

conceito se insere como faceta tanto de “valor do cliente quanto de “valor do cliente para a

empresa”. Entretanto, o curioso é que os autores só apresentam modelos de mensuração de

“valor para o cliente” com base nessas facetas (RUST et al., FLINT et al., 2002). Ora, isto não

parece sugerir que o construto, em si, não teria ferramentas próprias de mensuração? Por

outro lado, enquanto os autores se concentram na dimensão “valor do valor” do modelo de

Rust et al. (2001) e ainda esclarecem que os conceitos de “valor para o cliente” e “valor do

cliente para a empresa” não devem ser confundidos, discutem os outros dois modelos como se

fossem simplesmente relativos a “valor para o cliente”, sem considerar que neles, além da

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faceta deste, está, sobretudo, o conceito de “valor do cliente”. Não chega a ser possível se

evidenciar aqui um enfeitiçamento, mas, no mínimo, uma confusão. Como as outras, esta

pode vir a ter impacto sobre estudos posteriores.

5. Conclusões

A conclusão deste estudo aponta para a confirmação de nossa hipótese apenas nos

casos em que o conceito de “valor” utilizado foi o “valor para o cliente” e, neste caso, sempre

como construto. Pela diferença quantitativa de artigos baseados nesse conceito em relação aos

outros, era de se esperar mais problemas aqui. Entretanto, é impossível não se considerar o

fato de que nenhum dos artigos que se utilizaram dos outros dois conceitos tenha incorrido em

enfeitiçamentos, bem como o mesmo ter ocorrido quando do tratamento de “valor para o

cliente” como variável. A partir de nossa análise, concluímos que tal fato deva-se, sobretudo a

duas questões. Primeiro, pelo fato da confusão conceitual já estar presente nos trabalhos

originais. Parece que nossos pesquisadores estejam simplesmente replicando modelos e

conceitos e, nesta importação, trazendo os problemas presentes nos trabalhos originais.

Segundo, o fato desse conceito ser também uma faceta dos outros dois parece estar

confundindo os pesquisadores e levando estes a caírem na tentação semântica de atribuir um

mesmo significado a diferentes coisas apresentadas pelo mesmo nome. De qualquer forma,

estas questões devem servir de alerta, mas nunca de justificativa. A interpretação crítica de

teorias e conceitos é uma obrigação dos pesquisadores comprometidos com a fidedignidade

de seus trabalhos.

Além desses comentários, uma descoberta deste estudo que, por motivo de escopo,

ficou a sua margem, merece maior atenção. A quantidade de artigos que se utilizam do termo

valor apenas como um apoio conceitual, muitas vezes sequer conceituado, e/ou como clichê é

bastante significativa. Isto parece indicar que o termo tenha virado moda entre nossos

pesquisadores, o que, dependendo da intensidade e da repercussão desta tendência, não seria,

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sob uma ótica pragmática, menos grave do que a hipótese levantada neste estudo.

Acreditamos que este aspecto mereça uma maior investigação, no que indicamos tal análise

para uma futura pesquisa.

Finalmente, reconhecemos como uma limitação de nossa pesquisa termos selecionado

artigos publicados apenas em Encontros da ANPAD e, ainda mais, apenas relativo aos últimos

cinco anos. Contudo, considerarmos os Encontros da ANPAD o fórum mais importante da

Administração no Brasil, o que justifica sua escolha. Por outro lado, o fato do primeiro ano de

nossa amostra não ter tido nenhum trabalho relativo a algum conceito de “valor” parece se

apresentar como uma evidência de que tais conceitos só tenham realmente começado a serem

tratados amplamente por nossa academia nos últimos anos.

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