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DLI em 2019: Estado da arte
Adriana Seber
Dietz & Wayne. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2017 Cells to prevent/treat relapse following allogeneic stem cell transplantation
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
História
Anos 50
• Estudos sobre a proteção da irradiação
• Demonstração em modelos murinos que somente a irradiação não conseguia curar leucemias
Anos 70
• Uso de TBI e quimioterapia
• Principais causas de morte: recidiva, DECH, infecções
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Horowitz at al. Blood 75(3):555-62, 1990
Horowitz at al. Blood 75(3):555-62, 1990
Horowitz at al. Blood 75(3):555-62, 1990
Desafio
Prevenir tanto a doença do enxerto contra o hospedeiro quanto a recidiva
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Modelo experimental em cães
• Trabalho experimental em Seattle
• Animais DLA-idênticos
• Transplante mieloablativo com depleção de linfócitos T para indução de quimerismo /tolerância
• Estudo de quanto tempo era necessário aguardar para infundir linfócitos sem causar DECH
• Transfusão de linfócitos mais de dois meses após transplante não causavam DECH nos cães
• Em animais com quimerismo misto, a infusão de um pequeno numero de linfócitos era capaz de converter a quimerismo completo
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Infusão de leucócitos do doador em humanos
• Jan, 1987 (Slavin, et al): LLA recidivada 1 mês após o TMO
• Out, 1988 (Kolb, at al): LMC com recidiva após TMO, sem resposta a interferon
Regimes de condicionamento de intensidade reduzida
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Mecanismo de ação
• As células dendríticas do receptor estimulam os linfócitos T do doador através da apresentação de antígenos menores de histocompatibilidade (mHA)
• Regime de condicionamento e infecções estimulam ainda mais as células dendríticas
• Para o estímulo dos linfócitos T são necessárias moléculas coestimulatórias, moleculas de adesão e citocinas
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Mecanismo de ação
• As células dendríticas ativam os linfócitos • T helper CD4 apresentando peptideos com a molécula do HLA Classe II
• T citotoxicos CD8 apresentando peptídeos com a molécula do HLA Classe I
• Linfócitos T ativados liberam IFN e GM-CSF que produzem um ciclo vicioso conhecido como tempestade de citocinas
• Após os transplantes são produzidos linfócitos T regulatórios, responsáveis pela tolerância entre doador e receptor
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Aumento do risco de DECH com DLI
• Transplante com depleção de linfócitos T
• Regimes de linfodepleção antes da DLI - fludarabina e ciclofosfamida
• Quimioterapia
• Radioterapia
• Infecções
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mielóide Crônica Recidivada
• Primeiro modelo de sucesso
• Recidiva hematológica ou citogenética: 70%-80% de resposta completa
• Recidiva citogenética ou molecular: 80% de remissão
• Remissões duradouras – pacientes em remissão desde 1988
• Quanto mais avançada a doença menor a chance de resposta completa e menor a sua duração
• Ausência de resposta se DLI for de doador singênico (irmão gêmeo)
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mieloide Crônica Recidivada
• A reposta da LMC só é observada após pelo menos 4 a 8 semanas
• Alguns pacientes tem até progressão da doença no 1º mês. De maneira repentina há queda na leucometria e resposta da leucemia.
• Assim, o intervalo entre as infusões não deve ser inferior a 2 meses
• Remissão molecular é alcançada em 4 a 6 meses
• Pode haver resposta completa mais de 1 ano após a infusão
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mieloide Crônica Recidivada• Riscos da DLI: DECH e mielossupressão
• DECH moderada ou grave: 34% - muito menor do que ao TMO, mesmo sem profilaxia
• Segurança é maior com uso de doses escalonadas
• Doses < 2x 107 células mononucleares/kg tem < 5% de mortalidade do TMO com irmão HLA-idêntico
• Doses iniciais de linfócitos T CD3+/kg recomendadas são:
• 1 x 106/kg com irmão HLA-idêntico
• 0,5 x 106/kg com doador não aparentado HLA-idêntico
• 1 x 105/kg com doador haploidênticoKolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mieloide Crônica Recidivada
Doses subsequentes:
• Doenças indolentes: 2 meses• Mediana de tempo para observar resposta
• Doenças agressivas: 4 semanas • Tempo para a maior parte dos pacientes apresentarem DECH
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mieloide Crônica Recidivada
• Riscos da DLI: DECH e mielossupressão
• Observada em 10% dos pacientes
• Risco aumenta com recidiva hematológica – menor reserva de hematopoiese do doador
• Tratamento: boost de medula óssea sem condicionamento pode ser efetivo em alguns pacientes
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mieloide Crônica Recidivada
Adjuvantes
• a-IFN
• GM-CSF
• Imatinib => 50% recidiva ao suspender a medicação
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mielóide Aguda
• Doença mais agressiva que a LMC
• Quimioterapia com baixas doses de citarabina entre 2 e 4 semanas antes da DLI para evitar liberação de citocinas
• > 80% dos pacientes não expressa a molécula coestimulatória CD86 nos blastos – escape do sistema imune
• GM-CSF e IFN podem estimular a produção de células dendríticas derivadas da leucemia • Aumento do efeito da DLI contra a leucemia
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mielóide Aguda
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Mielóide Aguda
• Atenção escape da doença em santuários: SNC e testículo
• Necessidade de profilaxia
• Baixa efetividade da DLI em quaisquer sítios extra-medulares
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI profilática na LMA
• LMA de alto risco N = 46
• Condicionamento de intensidade reduzida
• Remissão por 120 dias sem doença, sem imunossupressão, sem DECH, sem infecção
• Dose escalonada CD3 106/kg, 5 x 106/kg, and 107/kg
• Intervalos mensais
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
Schmid C, et al.Long term survival in refractoryacute myeloid leukemia aftersequential treatment withchemotherapy and reducedintensity conditioning for allogeneic stem celltransplantation. Blood. 2006; 108:1092-1099
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI na Leucemia Linfóide Aguda
• Menor chance de resposta quando comparado à LMA
• Menor proporção de respostas duradouras
• A maior efetividade é observada quando há incompatibilidade HLA entre a leucemia e as células do doador
• A resposta à LLA-T é mais frequente e mais duradoura
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI em Tumores Sólidos
• Existe reatividade imunológica com vários tumores sólidos- Carcinoma de células renais - Mama
- Neuroblastoma - Carcinoma de ovário
• Melhor resposta: paciente bem, doença menos avançada, DECH
• Antigenos menores de histocompatibilidade podem estar expressos em tumores sólidos
• Entretanto, estroma pode manter nutrir e proteger o tumor da apresentação antigênica e atividade imune
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI em TMO Haploidêntico
• Forte reatividade KIR
• Potencial efeito GVL sem DECH
• Maior efeito descrito na LMA do que na LLA
• Entretanto, otimo efeito anti-LLA com medula T depletada e, no D+6, DLI mobilizada (com depleção de CD6) que mantém células CD34, NK e a minoria CD8
• Melhores resultados em doador sexo feminino para masculino e mães
• Persistência de linfócitos T de memória da mãe contra antigenosmenores do filho?
Kolb, J. Blood 112(12), 2008
DLI 2019
✓História
• EBMT Guidelines 2019
•DLI terapêutica – Protocolo Chinês
• Futuro
DLI Profilática
Condições:
• Resolução do dano tissular produzido pelo regime de condicionamento
• Resolução das infecções
• Ausência de DECH ativa e de imunossupressão por pelo menos um mês
Indicação:
• Doença de alto risco de recidiva em remissão
Esquema de DLI:
• Inicio: entre D+90 e D+100 após TMO
• Dose de linfócitos CD3+ segundo o tipo de doador: entre 10(5) e 10(6) CD3/kg
• Dose única ou multiplas infusões
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
DLI PreemptivaIndicação:
• Doença presente: DRM+ ou redução no quimerismo do doador - altíssimo risco de recidiva
Esquema de DLI:
• Inicio assim que a doença é detectada
• Dose de linfócitos CD3+ segundo o tipo de doador: entre 10(5) e 10(6) CD3/kg
• Múltiplas infusões a intervalos de 4 a 12 semanas com doses escalonadas até obter resposta ou surgir DECH, geralmente total de 3 a 4 infusões
• A cada infusão aumentar a dose em 5 a 10 vezes a dose anterior
• Alternativa: iniciar com dose 5 a 10 vezes maior que a DLI profilática já na primeira dose
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
Leucócitos coletados para a DLI
• Os leucócitos podem ser provenientes:
- Coleta direta do sangue periférico
- Leucoaférese não mobilizada
- Leucoaférese com células-tronco mobilizadas com G-CSF
- À fresco
- Criopreservadas
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
Leucócitos coletados para a DLI
• Os leucócitos podem ser provenientes:
- Coleta direta do sangue periférico
- Leucoaférese não mobilizada
- Leucoaférese com células-tronco mobilizadas com G-CSF
- À fresco
- Criopreservadas
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
DLI para tratamento de Recidiva hematológica
• É obrigatória a associação de quimioterapia
• Dose inicial é geralmente 1 x 10(7) CD3/kg
• Doses podem ser repetidas em 6 a 8 semanas se houver persistência da doença
• Se avaliação DRM for factível e doença estiver respondendo, DLI podem ser repetidas a cada 8 a 12 semanas até remissão completa
• Considerar sensibilidade da doença ao efeito GVL• Alta: LMC, mielofibrose, linfomas indolentes• Intermediária: LMA, SMD, MM, linfoma Hodgkin• Baixa: LLA, linfoma difuso de grandes células
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
Combinações
• Imunomoduladores
• Interferon-α
• GM-CSF
• Azacitidina (Vidaza)
• Inibidor HDAC
• Inibidor Flt3-inhibiting
• Inibidor TKI
EBMT Handbook Cap 59, p.445, 2019
DLI 2019
✓História
✓EBMT Guidelines 2019
•DLI terapêutica – Protocolo Chinês
• Futuro
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
Protocolo Chinês (Beijing - Huang et al)
• Condicionamento: Ara-C, bussulfano, ciclofosfamida, simustina, ATG
• Enxerto: Medula + sangue periferico
• Profilaxia DECH: Ciclosporina, MMF e metotrexato
• Tratamento da recidiva:
• Suspensão imediata da imunossupressão
• Quimioterapia (término 48-72h antes da DLI): • LMA = AA (aclacinomicina, ara-C 100 mg/m2 x 5), FLAG ou HAA (harrigtonina,
aclacinomicina, AraC, Mtx)• LLA – Mtx 1g/m2 x1 ou CODP (Ctx 800 mg/m2 x2, VCR 1 mg/m2, dauno 40
mg/m2x3, pred 60 mg/d x 7)
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
Protocolo Chinês (Beijing - Huang et al)
• Tratamento da recidiva:
• DLI: G-CSF ao doador
• 1-2 x 10(8) células mononucleares/kg = 1-10 x 10(7) CD3/kg
• Se sem DECH e sem resposta completa repetido com 3, 6 e 9 meses
• Se sem DECH com resposta complet, consolidação aos 6 meses
• Se sem DECH e nova recidiva, esquema repetido mensalmente
• Profilaxia de DECH:
• CsA ou Mtx
• Irmão HLA- compativel: 2-4 semanas
• Haploidêntico: 6 semanas
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
Protocolo Chinês (Beijing - Huang et al)
• Tratamento da DECH induzida pela DLI
• CsA NS 150
• Metilprednisolona 1-2 mg/kg/dose por 3 dias
• Mtx 5 – 10 mg D3 ou D4 e D8, seguido de esquema semanal
• 2ª linha: daclizumabe
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A presença de DECH crônica antes da recidiva:
• Aumenta a incidência cumulativa de nova DECH em 5 anos de 42% para 70% (p=0,008) mas
• Não modifica a incidência de nova DECH crônica grave (10% vs 16%), mortalidade não associada à recidiva, sobrevida livre de progressão, nem sobrevida global
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
A presença de DECH crônica após a DLI:
• Aumenta a incidência cumulativa de remissão de 19% para 62%
• DECH em 5 anos de 42% para 70% (p=0,008) mas
• Não modifica a incidência de nova DECH crônica grave (10% vs 16%), mortalidade não associada à recidiva, sobrevida livre de progressão, nem sobrevida global
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
LLA vs. LMA
• Sem diferença significativa na chance de alcançar
• remissão completa (50%)
• Sobrevida livre de progressão LMA 24% vs LLA 10%
• Sobrevida global LMA 27% e LLA 24%
Biol Blood Marrow Transplant 25 (2019) 912-920
DLI 2019
✓História
✓EBMT Guidelines 2019
✓DLI terapêutica – Protocolo Chinês
• Futuro
DLI (+/- QT) vs 2º TMOvs CAR
vs Associação de estratégias