dons de línguas

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  • 8/14/2019 Dons de Lnguas

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    EO

    spritospritospritospritospritoSANTO

    O Dom de Falar emLnguas e o Esprito Santo

    Owen D. OlbrichtOwen D. OlbrichtOwen D. OlbrichtOwen D. OlbrichtOwen D. Olbricht

    No caso de algum falar em outra lngua, que no sejam mais do que dois ou quandomuito trs, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, no havendo intrprete,fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus (1 Corntios 14:27, 28).

    O dom de falar em lnguas uma prticamencionada no Novo Testamento, mas no noAntigo1 . Se a declarao de que Jesus ontem ehoje, o mesmo e o ser para sempre (Hebreus13:8) significa que, em todas as eras, ele realizaos mesmos atos miraculosos, os seguidores deDeus deveriam ter falado em lnguas desconheci-

    das desde a criao. Alm disso, se o falar emlnguas um sinal de superioridade espiritual,parece estranho no haver registro algum de queCristo falasse em lnguas. No longo perodo dahistria bblica, o falar em lnguas mencionadosomente uma vez em Jerusalm, pelos apstolosno dia de Pentecostes (Atos 2:111); uma vez emCesaria, quando as portas do evangelho foramabertas aos gentios (Atos 10:4446); uma vez emfeso, por doze convertidos (Atos 19:6) e em Co-rinto, por membros da igreja do Senhor (1 Corntios12:10, 28; 13:8; 14:228). Nada no Novo Testa-

    mento indica que a prtica continuou em algumadas congregaes, exceto na igreja em Corinto.

    O QUE O FALAR EM LNGUAS?A palavra hebraica leshonah mais freqente-

    mente traduzida por lngua com refernciaao rgo do corpo com o qual produzimos a fala

    (Juzes 7:5; 2 Samuel 23:2) ou lngua, sinnimode idioma (Ester 1:22; 3:12; Jeremias 5:15; Ezequiel3:5, 6). A traduo grega do hebraico leshonah glossa (compare Isaas 28:11 com 1 Corntios 14:21;gr.: eteroglossois). Glossasignifica o rgo do corpochamado lngua (Marcos 7:33, 35)2, um jato cnicoparecido com uma chama (Atos 2:3) ou um idioma

    (Atos 2:4, 11; 10:46; 19:6).O primeiro exemplo registrado do falar emlnguas deu-se atravs dos apstolos, no dia dePentecostes, que foi o milagre de falarem lnguasdiferentes, e no o de falarem uma s lngua quefoi entendida em vrias lnguas diferentes (Atos2:411). Os integrantes da multido ouviram emsuas prprias lnguas porque os apstolos fala-ram em outras lnguas (Atos 2:4). Esse era umsinal muito convincente (1 Corntios 14:22) paraos judeus incrdulos que estavam presentes.

    Depois disso, Pedro levantou-se com os apstolos

    e falou multido (Atos 2:14). O fato dele serentendido por todos da multido no significaque estava falando uma lngua, sendo esta enten-dida por todos os falantes das outras lnguas. Os

    judeus que estavam em Jerusalm oriundos devrias naes (Atos 2:511) eram bilnges; podiam

    11 Numa ocasio lemos que o Senhor fez falar ajumenta de Balao (Nmeros 22).

    12 Veja tambm Lucas 1:64; 16:24; Atos 2:26; Romanos3:13; 14:11; 1 Corntios 14:9; Filipenses 2:11; Tiago 1:26; 3:5,6, 8; 1 Pedro 3:10; 1 Joo 3:18; Apocalipse 16:10.

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    entender Pedro quando ele falava em hebraico.Numa ocasio posterior (Atos 20:16), Paulo

    falou em Jerusalm a uma multido de judeus(Atos 21:27) com formao multilnge. Porquesabiam falar o hebraico, esses judeus conseguiramentender Pedro quando este lhes discursou emlngua hebraica (Atos 21:40).

    O QUE PAULO ENSINOU A RESPEITODO FALAR EM LNGUAS?

    At o presente, os debates travados sobre ouso que Paulo fez do termo glossai (plural deglossa), lnguas, em 1 Corntios 14, j resultaramem quatro propostas de significados: 1) lnguascelestiais, 2) elocues extticas que no consti-tuem um idioma, 3) discurso sofisticado que spodia ser entendido pelos mais cultos ou 4) lnguashumanas que podiam ou no ser entendidas porquem as falava. Somente o significado apre-sentado na quarta proposta pode estar correto.

    As lnguas de Atos 2:4 e 11, aparentemente,eram as lnguas nativas dos judeus que foram aJerusalm para observar a festa de Pentecostes.Naquele dia, os apstolos, no-falantes de lnguasestrangeiras, falaram as lnguas dos vrios pasesali representados. Falaram nasglossai (lnguas;Atos 2:11), tambm chamadas de dialektos (literal-mente, dialetos, traduzido por lnguas [Atos21:40; 22:2; 26:14]). Esses termos so usados noNovo Testamento somente para lnguas conhecidas.

    O Livro de Apocalipse usa glossai com refe-rncia s vrias classificaes ou grupos lingsti-cos do mundo (Apocalipse 5:9; 7:9; 10:11; 11:9;13:7; 14:6; 17:15). O termo no indica a existnciade lnguas celestiais, falas extticas ou oraesem lnguas.

    Se, em 1 Corntios 14, Paulo se referia a lnguascelestiais ou extticas (elocues produzidas poremoo e por pessoas induzidas a um xtase), oua um discurso sofisticado, ento ele estava usandouma definio paraglossai no usada em nenhu-ma outra parte da Bblia. Ao usar o termoglossai,

    Paulo se referia a lnguas humanas conhecidas, como evidente considerando-se os seguintes fatos:

    1. Paulo ensinou que lnguas eram um domdo Esprito Santo (1 Corntios 12:10) que Deuscolocava na igreja (1 Corntios 12:10, 11, 28).

    2. O falar em lnguas era para ser usado compropsitos de ensino (1 Corntios 14:6).

    3. O falar em lnguas era um sinal para osdescrentes (1 Corntios 14:22). Se os descrentes

    no podiam identificar se era algo miraculosoque estava acontecendo, o falar em lnguas nopoderia ser para eles um sinal do poder miracu-loso de Deus.

    4. As lnguas eram para a edificao de quemfalava (1 Corntios 14:4) ou, se interpretadas,para a edificao da igreja (1 Corntios 14:5). No

    versculo 4 Paulo no estava dando permissopara que se falasse em lnguas na igreja visando auto-edificao. Pelo contrrio, ele estavamostrando que, a menos que houvesse interpre-tao, o falar em lnguas podia beneficiar somentequem estava falando. Mais adiante, ele afirmouque ningum deveria falar sem um intrprete(1 Corntios 14:28), visto que a igreja no seria edifi-cada com algo que no entendia (1 Corntios 14:5).

    Segundo Paulo, todas as coisas feitas naassemblia eram para a edificao da igreja, nopara a edificao pessoal (1 Corntios 14:5, 12,26). Se as lnguas fossem elocues extticas semsignificado, no poderiam ser interpretadas e aigreja no poderia ser assim edificada.

    5. As lnguas de Isaas 28:11, que Paulo citoureferindo-se ao dom de lnguas em Corinto (1 Co-rntios 14:21), eram lnguas estrangeiras. Essaslnguas no eram elocues extticas ou lnguasde anjos.

    6. O grego hermeneus com suas formascognatas, incluindo aquelas com prefixos3 significa interpretar, interpretao ou intr-

    prete. A palavra refere-se a uma traduo depalavras conhecidas para uma lngua existente.A nica exceo a essa regra Lucas 24:27, ondeo significado explicar passagens no enten-didas pelos ouvintes. Isso implicaria que aslnguas de 1 Corntios 14 eram lnguas quepodiam ser interpretadas.

    Nada declarado no Novo Testamento arespeito de todos os intrpretes obterem acapacidade de interpretar atravs do EspritoSanto ou se entendiam determinada lngua porterem aprendido essa lngua anteriormente. A

    capacidade de interpretar mencionada, mas osmeios de se fazer essa interpretao nem sempreso citados (1 Corntios 14:27, 28). Isto podeimplicar que uma pessoa que havia aprendidodeterminada lngua podia interpret-la tantoquanto uma pessoa que, no conhecendo essa

    13 Veja Mateus 1:23; Marcos 15:22, 34; Lucas 24:27; Joo1:38, 41, 42; 9:7; Atos 4:36; 9:36; 13:8; 1 Corntios 12:10, 30;14:5, 13, 26, 27, 28; Hebreus 7:2.

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    lngua, foi capacitada pelo Esprito Santo parainterpretar (1 Corntios 12:10, 11). A possibilidadede uma pessoa que aprendeu uma lngua inter-pretar essa lngua confirmava que se tratavamde lnguas conhecidas.

    A injuno dessa passagem se aplicaria a ummissionrio em terra estrangeira. Se ningum

    entre os ouvintes pode interpretar a lngua domissionrio, ele deve permanecer em silncio. Amenos que suas palavras sejam entendidas, osouvintes no sero beneficiados.

    Uma elocuo precisa ter sentido antes de sertraduzida. Seria impossvel interpretar elocuesextticas e sem significado. A indicao de Paulode que as lnguas em Corinto podiam ser traduzi-das (1 Corntios 14:5, 13, 27) deve significar queo dom de lnguas envolvia lnguas reais.

    QUAL ERA O PROPSITO DO DOM

    DE FALAR EM LNGUAS?Alguns concluem que lnguas em 1 Co-rntios 14:2 eram lnguas de anjos ou oraes queningum podia entender. Tal concluso fariaPaulo se contradizer no restante do captulo 14.A observao de Fred Fisher a respeito desseversculo correta: Isto no significa neces-sariamente que ningum entendia, mas queningum dospresentes entendia4 ; grifo meu.

    Em 1 Corntios 14 Paulo deu as seguintesinstrues com respeito ao dom de falar emlnguas, o que indica que esse dom era para fins

    de comunicao:1. As lnguas deveriam ser interpretadas para

    a edificao da igreja (v. 5). Com base nesse fato,podemos concluir que as informaes transmiti-das pela pessoa que possua esse dom no eramapenas balbcias sem sentido nem visavam seu benefcio pessoal, mas eram informaes quepodiam edificar a igreja. Se no fossem interpreta-das para a congregao, o nico a ser edificadoseria o falante (se ele mesmo conseguisse enten-der a lngua). Aquele que falava em lnguas

    deveria orar pela capacidade de interpretar paraedificar a congregao (vv. 5, 12, 13).2. O dom de lnguas que beneficiaria a igreja,

    disse Paulo, deveria ser por meio de revelao,ou de cincia, ou de profecia, ou de doutrina(v. 6). Revelao, cincia, profecia e doutrina

    nesse cenrio eram mensagens de Deus (1 Co-rntios 12:8, 10, 2830). A igreja poderia serbeneficiada atravs de tais mensagens somentese fosse instruda numa lngua que pudesseentender. Paulo no diz nada que pressuponhaorar em lnguas ou emitir elocues de anjos.

    3. Assim como os devidos sons tinham de

    ser emitidos nos instrumentos musicais paraconvocar os judeus adorao ou batalha, aslnguas tinham de transmitir uma mensagemdistinta, que fosse til aos que a ouvissem (vv. 7,8). Aquele que falava tinha de emitir sons que osouvintes entendessem; de outra forma, ningumsaberia o que foi dito (v. 9).

    4. O mundo tem muitas lnguas (gr.:phonon,traduzido por vozes no v. 10). Vozes e lnguasteis so aquelas que transmitem uma mensagemsignificativa. Se a lngua fosse desconhecida, oouvinte entenderia tanto quanto se estivesseouvindo um estrangeiro (v. 11).

    5. O propsito do falar em lnguas eracomunicar de modo que os ouvintes pudessemdar seu consentimento de corao, dizendo:Amm. A pessoa que no entendia a lnguano podia dizer amm, pois no sabia o quefora dito (v. 16).

    A palavra idiotes (de onde provm idiota) traduzida por indoutos nos versculos 23 e 24e significa aquele que no foi ensinado ou incapacitado (Atos 4:13; 2 Corntios 11:6). Isso

    implica que uma lngua podia ser entendida poruma pessoa que tivesse sido educada particular-mente nela, mas a pessoa que no havia aprendidoa lngua no seria capaz de entend-la. A partirdisso, podemos concluir que as lnguas eram idio-mas que podiam ser entendidos, sem um intrpre-te, por aqueles que aprenderam essas lnguas.

    6. O dom de lnguas era um sinal para osdescrentes (v. 22). As vozes emitidas s poderiamconstituir um sinal se algum dentre os ouvintesidentificasse que se tratava de uma lnguaconcedida por Deus. Pedro disse que o que os

    judeus ouviram (os apstolos falando nas lnguasdas muitas naes presentes no dia de Pentecostese o som como de um vento forte) era uma provade que Jesus estava entronizado destra de Deus(Atos 2:411, 33). As lnguas eram um sinal visvelpara esses judeus incrdulos.

    Os judeus disseram o seguinte a respeito daselocues dos apstolos: Como os ouvimos falarem nossas prprias lnguas as grandezas de

    14 Fred Fisher, Commentary on 1 & 2 Corinthians (Co-mentrio de 1 e 2 Corntios). Waco, Tex.: Word Books,1975, p. 220.

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    Deus (Atos 2:11b). Nenhuma elocuo extticaou lngua no-humana seria capaz de faz-losdizer tal coisa, nem haveria um outro discursoque deixasse as pessoas to atnitas e admiradas(Atos 2:7), como o discurso proferido por galileusfalando em lnguas que jamais aprenderam. Aslnguas em que os apstolos falaram naquele dia

    eram um sinal convincente de que Deus estavafalando por intermdio deles.

    O DOM DE LNGUAS ENVOLVELNGUAS DE ANJOS OU ORAR EM

    LNGUAS?Hoje, os que afirmam falar em lnguas usam

    intrpretes em pases estrangeiros, em vez defalarem nas lnguas dos pases onde ensinam.Quando se pergunta a eles a respeito do uso deintrpretes, geralmente tentam escapar do dilemadizendo que lnguas so oraes em lnguasou lnguas de anjos. Apiam-se na expressofalando consigo mesmo e com Deus em 1 Co-rntios 14:28b. Todavia, essa passagem citadacom freqncia tambm afirma que quem falaem lnguas sem um intrprete deve ficar caladona igreja. Isto no d permisso para que se fa-am murmuraes a Deus, em voz alta, na as-semblia. Calado, traduzido de sigao, significano emitir som algum (Lucas 9:36; 20:26; Atos12:17; 15:12, 13 [guardado em silncio]; Roma-nos 16:25 [calado]; 1 Corntios 14:28, 30, 34).

    Muitos que clamam falar em lnguas afirmamque o propsito do dom de lnguas na orao evitar que Satans entenda o que est sendodito. Como sabem que Satans no pode entenderessas lnguas? No h nenhuma revelao deDeus a respeito disso.

    Primeira Corntios 14:28 no diz que a pessoaque fala em lnguas deve falar consigo mesma ecom Deus numa lngua desconhecida, quandonenhum intrprete est presente. mais provvelque o texto diga que ele deve se comunicarconsigo mesmo e com Deus numa lngua que ele

    entenda. Se ele mesmo pudesse entender ouinterpretar a lngua, haveria um intrpretepresente. Ele poderia falar e depois interpretarpara proveito da congregao. Se ele no pudesseinterpretar, no poderia entender o que estavadizendo a si mesmo ou a Deus.

    A maioria dos grupos que falam em lnguascrem que possuem em seu meio intrpretescapacitados pelo Esprito. Se isto for verdade,

    ningum entre eles deveria fazer oraes pessoaisem lnguas, falando consigo mesmo e com Deus.Conforme tal raciocnio, isto deveria acontecersomente se no houvesse um intrprete presente.

    Paulo usou afirmaes hipotticas em 1 Co-rntios 13:13 para enfatizar que sem amor osdons no faziam sentido. Apesar de falar em

    lnguas mais do que todos os corntios (1 Corntios14:18), ele no disse que falava na lngua dosanjos, nem que conhecia todos os mistrios, nemque tinha f capaz de remover montanhas, nemque tinha dado todos os seus bens aos pobres ouque tinha oferecido seu corpo para ser queimado.Igualmente, ele no estava dizendo que oravaem esprito numa lngua, sem a mente entendera orao. Pelo contrrio, ele disse que oraria como esprito e com entendimento (1 Corntios 14:15).Paulo afirmou que ele preferia falar cinco pala-vras de instruo a dez mil numa lngua queeles no pudessem entender (1 Corntios 14:19).

    O FALAR EM LNGUAS ENVOLVELNGUAS ESTRANGEIRAS?

    Concluir que as lnguas de 1 Corntios 12 e 14eram apenas oraes e lnguas celestiais nopriva os falantes de lnguas de falarem de maneiraininteligvel queles cujas lnguas eles desconhe-cem. Os apstolos s fizeram isso no dia dePentecostes (Atos 2:411). Se hoje uma f firmeou o dom do Esprito Santo pode conceder a

    capacidade de falar em lnguas como os apsto-los, os atuais falantes de lnguas no passaramno prprio teste. Se no podem falar lnguas quenunca ouviram, estudaram nem aprenderamcomo um sinal para os seus ouvintes, ento nopodem fazer o que os apstolos fizeram. O falarem lnguas que ocorreu no dia de Pentecostescessou; de outra forma, os falantes de lnguas dehoje seriam capazes de ir a qualquer pas e falara lngua dali sem estud-la. O Esprito Santoainda tem o poder de dar a capacidade de falarem lnguas desconhecidas ao falante mas intelig-

    veis aos ouvintes. Se hoje no se pode repetir oque os apstolos fizeram, ento o dom de falarem lnguas realmente cessou.

    O fato de os grupos que alegam falar emlnguas precisarem de intrpretes quando falamcom povos de outras lnguas uma prova de queeles no possuem o dom de falar em lnguas, conce-dido aos apstolos no dia de Pentecostes. Deus deuaos apstolos o poder de se comunicarem com

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    aqueles cujas lnguas eles no aprenderam. O fra-casso em se realizar esse feito hoje no porqueDeus no pode conceder tal poder, mas porque ofalar em lnguas cessou. Se no tivesse cessado,comunicar-se com outros em lnguas desconheci-das pelo falante continuaria acontecendo hoje.

    As mulheres pertencentes a igrejas que alegam

    falar em lnguas geralmente falam nas assem-blias tanto quanto ou mais que os homens.Paulo escreveu: Conservem-se as mulherescaladas nas igrejas, porque no lhes permitidofalar porque para a mulher vergonhoso falarna igreja (1 Corntios 14:34, 35). As mulheres nodevem ser compelidas a falar, pois os espritosdos profetas esto sujeitos aos prprios profetas(1 Corntios 14:32). Paulo estava escrevendo omandamento do Senhor (1 Corntios 14:37).

    Se todos os membros de uma congregaofalassem em lnguas de uma vez sem intrpretealgum, o descrente que no entendesse pensariaque esto loucos (v. 23). O oposto seria verdadese os que profetizam falassem de uma vez numalngua entendida pelos ouvintes (vv. 24, 31). Osque falavam em lnguas deveriam falar um porvez, no sendo permitido que mais de trsfalassem. Tambm nesse caso, algum tinha deinterpretar. Se no houvesse intrprete presente,o que falava em lnguas deveria ficar calado(1 Corntios 14:27, 28).

    Conforme Paulo, o falar em lnguas era um

    dos menores dons (1 Corntios 14:5), o quetambm se reflete no fato de o falar em lnguas ea interpretao de lnguas estarem sempre nofim da lista de dons (1 Corntios 12:10, 30). Depoisde enumerar os dons em ordem de importncia,a admoestao de Paulo foi que procurassemcom zelo, os melhores dons (1 Corntios 12:31a).A seguir, ele mostrou em 1 Corntios 13 que oamor era o caminho sobremodo excelente.

    QUANDO O DOM DE LNGUASDEVERIA CESSAR?

    A pergunta no se o dom de lnguas deveriacessar, mas quando ele deveria cessar. PrimeiraCorntios 13:8 afirma claramente que o falar emlnguas cessaria.

    Em 1 Corntios 13, Paulo mostrou que o amor um caminho sobremodo mais excelente que osdons do Esprito (1 Corntios 12:31b). Suas razeseram as seguintes: 1) sem amor, as lnguas eramsons simplesmente vazios (v. 1); 2) sem amor,

    aquele que recebera de Deus o dom da f e doconhecimento no era nada (v. 2); sem amor, oato de dar todos os bens aos pobres e ser ummrtir no tinha proveito algum (v. 3); 4) o amorpermaneceria, enquanto os dons miraculososcessariam (vv. 8, 13).

    A profecia, o falar em lnguas e o conhe-

    cimento cessariam quando viesse o que per-feito (1 Corntios 13:810). Paulo explicou isso,comparando-se com a igreja na sua infncia.Esses dons eram como brinquedos que Paulopossura quando criana, mas pusera de lado aose tornar um homem (1 Corntios 13:11). Eletambm disse que o uso dos dons era como ver-se num espelho, que naqueles dias no refletiauma imagem clara. Paulo contrastou a visoofuscada do espelho com ver algo face a face.Embora fossem necessrios igreja infantil, osdons espirituais miraculosos cessariam quandoa igreja estivesse provida de tudo o que precisavapara se tornar madura.

    O significado de perfeito (teleios5 ; 1 Co-rntios 13:10) importante para se entender essapassagem. No significa sem defeito, comomuitas vezes usamos a palavra perfeito hoje,mas o estado de ter atingido um fim ou plenodesenvolvimento perfeito (Mateus 19:21;Efsios 4:13; Colossenses 1:28; Hebreus 5:14),experimentado (1 Corntios 2:6) ou amadure-cido (1 Corntios 14:20).

    O propsito dos dons era suprir a igreja comtudo o que ela necessitasse para se desenvolverplenamente. Vrias ajudas foram fornecidas parapossibilitar isso (Efsios 4:1113). Em vez de teremchegado maturidade, os corntios permaneciamcrianas espiritualmente (1 Corntios 3:1, 2). Deixa-ram de colher os benefcios de seus dons espirituais.

    Aqueles que se sentiam espiritualmentesuperiores porque criam que tinham dons espiri-tuais deviam reconhecer que os dons no eramum fim em si mesmos, mas muletas para ajudara jovem igreja a crescer. Quando os cristos

    recebessem tudo o que necessitavam para atingira maturidade, os dons cessariam.

    O crescimento e desenvolvimento dos cristos

    15 Nas verses da Bblia para o portugus perfeito o termo mais usado; a palavra grega significa, maduro,inteiro, total (Robert G. Bratcher, A Translators Guide toPauls First Letter to the Corinthians [Guia do Tradutor daPrimeira Carta de Paulo aos Corntios]. Nova York: UnitedBible Societies, 1982, p. 128).

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    dependiam da Palavra (1 Pedro 2:2), pela qual aspessoas vinham a conhecer Jesus (2 Pedro 3:1518) e buscavam crescer at Sua estatura (Efsios4:13). At os dons de revelao da Palavra (profe-cia, falar em lnguas e conhecimento) concederama Palavra por completo, a igreja no teria amadu-recido no conhecimento da Palavra de Deus.

    Quando toda a revelao de Deus fosse dadaatravs desses dons, a igreja teria tudo o quenecessitava para aprender a ser perfeita.Quando chegasse essa hora, os dons de revelaoda Palavra cessariam. Isso aconteceu quando ocnone do Novo Testamento foi concludo. Desdeento, nenhuma nova profecia, ou conhecimentodivinamente cedido, ou revelao por meio delnguas foi dado. Toda doutrina necessria parao total desenvolvimento da igreja j foi revelada.As Escrituras suprem completamente o que aigreja precisa a fim de que o homem de Deusseja perfeito e perfeitamente habilitado para todaboa obra (2 Timteo 3:17).

    Paulo certamente no cria que a revelaodas Escrituras estava concluda, quando escreveu2 Timteo 3:16 e 17. A afirmao do apstolopoderia estar incluindo apenas o Antigo Testa-mento e a parte do Novo Testamento que jestavam escritos quela poca, mais quaisquerpores subseqentes. Toda revelao antes,durante ou depois do escrito de Paulo supre-noscom toda a verdade necessria.

    Paulo afirmou: Porque, em parte, conhece-mos e, em parte, profetizamos (1 Corntios 13:9).Isso inclua lnguas, pois eram um veculopelo qual a profecia e o conhecimento eramdados (1 Corntios 14:6).

    A revelao que fora dada at aquele momen-to era em parte. A palavra grega usada aqui,merous, significa uma quota, uma parte incomple-ta, em contraste com o todo6 .Merous tambmaparece em Lucas 11:36; 15:12; Joo 19:23 e Atos 5:2.

    Viria um tempo em que o que era em parteestaria completo; ento o que era em parte

    cessaria. Quando a profecia, o falar em lnguas eo conhecimento divinamente revelado tivessemcumprido seu propsito dar igreja tudo o queela necessitava para ser perfeita ento esses

    dons cessariam.O contraste se d entre em parte e perfeito

    (completo). Se o que era em parte era conheci-mento e profecia revelados (1 Corntios 13:9),ento o perfeito implica a concluso do que eraem parte, ou seja, conhecimento e profeciainteiros. Os cus, um estado de perfeio, a vinda

    de Jesus e o amor no estavam sendo analisados.Embora Paulo tenha exposto o amor em 1 Co-rntios 13:18, ele fez isso dentro do contexto dosdons (1 Corntios 1214), assunto que eleretomou no versculo 8. O desenvolvimento doamor dentro da igreja no era o que determinavao trmino dos dons; mas eles cessariam por teremcumprido seu propsito em prover o que a igrejanecessitava para amadurecer.

    medida que a Palavra de Deus foi sendocompletamente revelada, ela era confirmada porsinais miraculosos (Marcos 16:20; Atos 14:3;Hebreus 2:3, 4), incluindo o dom de lnguas (1 Co-rntios 14:22). Quando a revelao terminasse, ossinais miraculosos tambm terminariam porqueteriam cumprido seu propsito.

    CONCLUSOEm alguns casos, Deus usou lnguas que os

    falantes no haviam aprendido como um sinal paraos descrentes e para revelar Sua Palavra (Atos 2:11;10:46; 1 Corntios 14:6, 22). Essas lnguas no de-veriam ser usadas com os que no as conheciam,a menos que fossem interpretadas para a edifica-o dos ouvintes (1 Corntios 14:16). Quando odom de lnguas e os demais dons miraculosos jhaviam cumprido seu propsito, eles cessaram.

    Jimmy Jividen subdividiu o tema nos seguin-tes tpicos: A Necessidade do Dom Cessou,Os Meios de se Obter o Dom Cessaram e PauloPreviu o Fim dos Dons7 . Essas idias resumembem as provas de que o falar em lnguas e outrosdons miraculosos cessaram.

    Sinais so desnecessrios agora que a Palavrade Deus foi totalmente revelada e confirmada

    (Marcos 16:20). Os apstolos j no esto pre-sentes para conferir os dons pela imposio desuas mos (Atos 8:1418; 19:6). Paulo disse queos dons cessariam (1 Corntios 13:810) e issoocorreu com a morte da ltima pessoa sobrequem um dos apstolos imps as mos.16 Walter Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Tes-

    tament and Other Christian Literature (Lxico Grego-Inglsdo Novo Testamento e de Outras Literaturas Crists), 2a.ed. rev. William F. Arndt, F. W. Gingrich e F. W. Danker.Chicago, Ill.: University of Chicago Press, 1979, p. 506.

    17Jimmy Jividen, Glossolalia: From God or Man? (Glos-solalia: de Deus ou do Homem?). Fort Worth, Tex.: StarBible Publications, 1971, pp. 14447.

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