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Albert Pike

Moral e Dogma

Capa

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Albert Pike

Moral e Dogma

Albert PikeTraduo de Ladislau Fuchs

Dados do Livro

Moral e Dogma Rito Escocs Antigo e Aceito da Maonaria Graus SimblicosExemplar n

do

0325

Wellington Santana da Silva

Para uso exclusivo de

Permitida apenas uma nica reproduo, em papel ou arquivo, para segurana.

Livraria Manica Paulo Fuchs - Todos os Direitos Reservados.

Livraria Manica Paulo FuchsSo Paulo, SP 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.br2

Albert Pike

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IndiceCapa Dados do Livro Apresentao Albert Pike Prefcio do Autor Moral e Dogma O AprendizIndice

A Rgua de Vinte e Quatro Polegadas e o Mao

O Companheiro O Mestre

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Apresentao com orgulho que lanamos este livro, incompreensivelmente ainda indito no Brasil at 2002. Albert Pike recompilou e estabeleceu as bases filosficas, sociolgicas, histricas, polticas, simblicas e religiosas de todo o Rito Escocs Antigo e Aceito em seu livro de 1871, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry. To importante a influncia de Albert Pike na Maonaria, que sua leitura , simplesmente, obrigatria. Nosso modesto trabalho apenas o de traduo e publicao do que nosso Ir.. Albert Pike estabeleceu. A ele atribumos as grandes idias e conceitos construtivos. E a ns mesmos os erros que porventura estiverem contidos nesta carinhosa e dedicada traduo. Este lanamento a traduo da primeira parte, que se refere aos Graus Simblicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) desse livro. Muitos de ns reclamam que temos vivido, ultimamente, sobre as glrias do passado. Sem dvida, ao revermos a histria do Brasil, verificaremos que, desde o incio da Maonaria no Brasil, passando por todo o perodo pr- e ps-Independncia, continuando pelo da Abolio e at a Repblica e sua implementao, a Maonaria era formada pela mais alta elite intelectual e poltica brasileira. Todos os Ministros de Deodoro foram Maons. No por serem Maons, mas porque as cabeas mais competentes do pas pertenciam aos quadros da Maonaria. A Maonaria realmente dirigia a Nao. desolador comparar aquela Maonaria pujante com a da segunda metade do sculo XX em diante. E hoje, incio do sculo XXI, estamos beira da mediocridade intelectual e poltica, vendo os fatos se sucedendo, sem termos a mnima capacidade organizacional nem a competncia para agir. A atividade Manica deve ser muito variada. Lembrando que se trata de uma instituio inicitica e aceitando o motto de que um sistema de moral velado por alegorias e ilustrado por smbolos, absolutamente necessrio que se desenvolvam diversas atividades simultneas. H que manter vivas as tradies, estudar profundamente seu simbolismo, exercitar a ritualstica que mantm acesa a chama do simbolismo em nossos espritos. Em nossa lida externa, dar o exemplo, praticar beneficncia. E isto temos feito com algum sucesso. Se bem que, por incapacidade de assumir nosso verdadeiro papel perante a coletividade, perante o Povo e perante os Povos, temos estado cada vez mais hermticos exercitando coisas em nossos Templos, e ainda tendo condies de nos dedicar a algumas raras e louvveis obras de benemerncia. Mas s. H que nos concentrarmos exatamente nessas imensas responsabilidades e tarefas, e no nos pequenos detalhes de nossa Ritualstica em Loja ou nos limitar, externamente, a obras de beneficncia. Sem trabalharmos efetivamente em tudo o que Pike nos lega, o que fazemos em Loja no passa de um teatrinho ridculo. Pike diz: Sabedoria, Fora e Beleza so foras que esto ao alcance de todas as pessoas; e uma associao de pessoas plenas dessas foras s pode exercer um imenso poder no mundo. Se a Maonaria no o faz porque parou de possu-las. Lendo esta obra, e precisamos faz-lo muito atenta e carinhosamente, passamos a compreender todo o embasamento deste Rito to difundido.

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Mais importante do que compreender o embasamento, comearemos a entender a direo que ele d a todos os Maons, e a imensa responsabilidade que coloca sobre nossos ombros isto , sobre nosso intelecto, nossa vontade, nosso trabalho, nossos sentimentos e nossa f. Ressalta a imensa responsabilidade que temos, tanto como indivduos perante o prximo, perante a sociedade e perante a Nao, quanto como Organizao, perante os Povos, perante as Naes e perante a Histria. Ou seja, responsabiliza-nos pelo futuro da Humanidade. Para tanto, nos d os alicerces ticos, morais e de f necessrios para o desempenho dessa tarefa da qual no podemos nos esquivar. Pensemos nisso. Aquele que compreender e assumir todas essas responsabilidades maiores tem condies de pertencer Instituio Manica e a fazer o que realmente se espera dele. quele que no o fizer, sugerimos pensar muito seriamente em pedir seu Quit Placet. Para continuar a disseminar os grandes preceitos Manicos, para o bem da Maonaria de lngua portuguesa, oportunamente estaremos lanando as partes seguintes, as dos Graus Filosficos.

Os Editores

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Albert PikeAlbert Pike nasceu em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos da Amrica, em 29 de dezembro de 1809. Foi uma personalidade multifacetada que melhor lembrada por suas conquistas como professor brilhante, poeta, escritor, advogado, editor e expoente da Maonaria, do que como General Brigadeiro da Confederao, posto que alcanou incidentalmente. Recebeu sua educao inicial em Newburyport e em Framingham, e em 1825 ingressou no Harvard College, sustentando-se e ao mesmo tempo ensinando. Tinha chegado apenas ao ginsio quando suas finanas o compeliram a continuar seus estudos sozinho, ensinando enquanto estava em Fairhaven e Newburyport, onde era professor efetivo do curso de gramtica e depois teve uma escola particular. Anos mais tarde, alcanou tal distino na literatura, que recebeu o grau de Mestre Honorrio em Artes na Universidade de Harvard, da qual ele tinha sido excludo no colgio por falta de possibilidade de pagar seus estudos. Em 1831 partiu para o oeste, para Santa F, com um grupo comercial. No ano seguinte, com um grupo de caa, desceu o rio Pecos at a plancie de Staked, onde, com outros, quatro viajou principalmente a p at chegar a Fort Smith, no Arkansas. Suas aventuras e feitos esto contados em um livro de prosa e verso publicado em 1834. Enquanto ensinava, ao sul de Van Buren e no rio Little Piney, contribuiu com artigos para o jornal Little Rock Advocate e chamou a ateno de Robert Crittenden, com a ajuda de quem chegou a ser editor daquele jornal que dois anos mais tarde passou a ser sua propriedade. Foi admitido no tribunal em 1835 e estudou e praticou advocacia at a Guerra do Mxico, quando recrutou uma companhia de cavalaria e esteve presente na batalha de Buena Vista sob o comando do famoso Coronel Charles May. Em 1846 duelou com o General John Selden Roane, mais tarde governador do Arkansas, por algo que este disse em suas memrias daquela batalha sobre o regimento de Arkansas de Pike. Em 1849 foi admitido no tribunal da Suprema Corte dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que Abraham Lincoln e Hannibal Hamlin. Em 1853 mudou-se para New Orleans, j preparado para praticar na corte de Louisiana por ter estudado os Pandects, dos quais traduziu o primeiro volume para o ingls. A jurisprudncia da corte de Louisiana estava baseada no Direito Romano e no no Direito Ingls. Tambm fez tradues de muitas autoridades Francesas. Escreveu, ainda mais, um livro indito de trs volumes sobre As Mximas da Legislao Romana e Francesa. Em 1857 parou de praticar no Arkansas. Atuou por muitos anos como advogado dos ndios Choctaw e, em 1859, auxiliado por outros trs advogados, obteve para os Choctaw uma indenizao de US$ 2,981,247.

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Whig1 declarado e anti-separatista2, em 1861 foi advogado proeminente e grande proprietrio de terras em Little Rock, Arkansas; mas preferiu apostar no Sul a abandonar seus amigos e sua propriedade. Foi indicado Comissrio para as tribos do Territrio Indgena. Como tal, conseguiu a aliana dos ndios Creek, Seminole, Choctaw, Chickasaw e parte dos Cherokee com a Confederao. Em 15 de agosto de 1861 recebeu o posto de General Brigadeiro no exrcito dos Estados Confederados e comandou uma brigada de ndios na batalha de Pea Ridge. Sua carreira na Guerra Civil foi infeliz, para dizer o mnimo, e finalmente resultou em sua priso pelo General Hindman e a observao do General Douglas Cooper de que Pike seria ou insano ou falso para com o Sul. Pike lutou com suas tropas indgenas em Elkhorn Tavern, e a conduta dbia dos ndios refletiu sobre ele, talvez injustamente. Posteriormente, alegou que eles tinham sido recrutados apenas para defenderem seus territrios. Em sua defesa, devemos observar que Pike teve pouca oportunidade de disciplinar ou de treinar suas tropas ndias. Quando as mortes dos Generais McCulloch e McIntosh fizeram de Pike o mais antigo oficial sobrevivente Confederado, ele no foi capaz de reagrupar nem de reorganizar suas tropas. Depois de muita acrimnia, Pike renunciou de seu posto Confederado em 12 de julho de 1862, renncia aceita em 5 de novembro de 1860. Viveu em semi-aposentadoria durante o final da guerra e, depois que ela terminou, foi visto com suspeita por ambos os lados do conflito. Foi indiciado por traio pelas autoridades dos Estados Unidos, mas teve seus direitos civis restaurados em seguida. Depois da guerra, foi morar em Memphis (Tennessee), e em 1867 editou o jornal Memphis Appeal. No ano seguinte mudou-se para Washington, D.C. e praticou advocacia nas cortes at 1880. Durante o restante de sua vida devotou sua ateno a escrever tratados legais e a interpretar a moral e os dogmas da Ordem Manica. Foi stimo Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho aos 50 anos e serviu de 1859 at sua morte, em 1891. Durante esses 32 anos, escreveu e compilou muitos livros e familiarizou-se com muitos idiomas, entre eles o latim, grego e snscrito. reconhecido como um grande conhecedor da Maonaria, filsofo e historiador. Utilizou seus amplos talentos para pesquisar e reescrever os Rituais do Rito Escocs Antigo e Aceito. Sua reputao como jurista, orador, filsofo, soldado, sbio e poeta, se espalhou pelo mundo. Morreu na casa do Templo do Rito Escocs em Washington, D.C. em 2 de abril de 1891 e est enterrado no Cemitrio Oak Hill, na mesma cidade.

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N. do T.: N. do T.:

Membro do partido fundado em 1834, em oposio ao partido democrtico, e favorvel revoluo contra a Inglaterra. Contra a separao dos estados sulistas (Confederados) do restante do pas (Yankees).

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Em 1898 o Congresso dos Estados Unidos aprovou a construo de um monumento em sua honra, que foi terminado e inaugurado em outubro de 1901 na Praa do Judicirio, em Washington, D.C.. O monumento o descreve como um pioneiro, um cruzado da justia para os ndios americanos, brincalho, reformador, jornalista, filsofo, advogado proeminente... ...general da Guerra Civil, violinista, cantor, compositor; realmente, um homem da Renascena.

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Prefcio do AutorEste trabalho foi preparado para a Jurisdio Sul dos Estados Unidos. Contm os ensinamentos do Rito Escocs Antigo e Aceito para aquela Jurisdio, e voltado especialmente para leitura e estudo pelos Irmos daquela Obedincia, em conexo com os rituais dos Graus. Tem-se a esperana e espera-se que cada um receba uma cpia e se familiarize com ela. Ao preparar este trabalho, o Grande Comendador foi tanto Autor quanto Compilador, j que extraiu perto da metade de seu contedo dos trabalhos dos melhores escritores e dos pensadores mais filosficos ou eloqentes. Talvez tivesse sido melhor e mais aceitvel se tivesse extrado mais e escrito menos. Ainda assim, talvez metade dele seja sua prpria; e, ao incorporar aqui os pensamentos e palavras de outros, modificou e adicionou continuamente linguagem, muitas vezes entretecendo, nas mesmas sentenas, suas palavras com as deles. O trabalho no se destina ao mundo em geral; sentiu a liberdade de elaborar, a partir de todas as fontes disponveis, um Compndio de Moral e Dogma do Rito, para re-moldar sentenas, alterar e acrescentar palavras e frases, combin-las com suas prprias e us-las como se fossem suas prprias, lidando com elas ao seu prazer e assim faz-lo disponvel para que seja o mais valioso possvel para os propsitos tencionados. Reclama para si, portanto, pouco do mrito da autoria, e no se preocupou em distinguir o que de sua criao do que tomou de outras fontes, esperando que todas as partes do livro, em contrapartida, sejam vistas como tendo sito tomadas emprestadas de algum escritor mais antigo e melhor. Os ensinamentos destas Leituras no so sacramentais, pois vo alm do campo da Moralidade para os domnios do Pensamento e da Verdade. O Rito Escocs Antigo e Aceito usa a palavra Dogma em seu sentido verdadeiro, de doutrina ou ensinamento; no dogmtico no sentido odioso do termo. Todos esto totalmente livres para rejeitar e discordar de qualquer coisa aqui que possa lhe parecer inverdade ou no-slida. Apenas se espera dele que pese o que est sendo ensinado e que faa um julgamento de mente aberta e sem preconceito. Obviamente, as antigas especulaes teosficas e filosficas no fazem parte das doutrinas do Rito, mas devido ao seu interesse e vantagem para o conhecimento do pensamento Intelectual Antigo sobre estes assuntos e, porque nada prova conclusivamente a diferena radical entre nossa natureza humana da animal, como a capacidade da mente humana de se dedicar a especulaes sobre si mesmo e a Divindade. Em relao a essas opinies, podemos dizer, nas palavras do douto canonista Ludovicus Gmez: 9

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Opiniones secundum varietatem temporum senescant et intermoriantur, aliaeque diversae vel prioribus contrariae reniscantur et deinde pubescant. Os ttulos dos Graus mostrados aqui mudaram em algumas instncias. Os ttulos corretos so os seguintes:

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Aprendiz Companheiro Mestre Mestre Secreto Mestre Perfeito Secretrio ntimo Preboste e Juiz Intendente de Edifcio Eleito dos Nove Eleito dos Quinze Eleito dos Doze Mestre Arquiteto Arco Real de Salomo Eleito Perfeito Cavaleiro do Oriente Prncipe de Jerusalm Cavaleiro do Oriente e do Ocidente Cavaleiro Rosa Cruz Pontfice Mestre da Loja Simblica Cavaleiro Noaquita ou Prussiano Cavaleiro do Real Machado ou Prncipe do Lbano Chefe do Tabernculo Prncipe do Tabernculo Cavaleiro da Serpente de Bronze Cavaleiro da Merc Cavaleiro Comandante do Templo Cavaleiro do Sol ou Prncipe Adepto Cavaleiro Escocs de Santo Andr Cavaleiro Kadosh Inspetor Inquisidor Mestre do Real Segredo

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O AprendizA Rgua de Vinte e Quatro Polegadas e o Mao

A Fora, incontrolada ou mal controlada, no apenas desperdiada no vazio, tal como a plvora queimada a cu aberto e vapor no confinado pela cincia; mas, golpeando no escuro e seus golpes atingindo apenas o ar, ricocheteia e se auto-atinge. destruio e runa. o vulco, o terremoto, o ciclone, no crescimento ou progresso. Polifemo cego, batendo sem direo, precipitando-se entre as rochas pelo mpeto de seus prprios golpes. A Fora cega do povo uma Fora que deve ser economizada e tambm controlada, como a Fora cega do vapor, que levanta os poderosos braos de ferro e gira as grandes rodas, feita para furar e tornear o canho e para balanar o lao mais delicado. Precisa ser regulada pelo Intelecto. O Intelecto para as pessoas e para a Fora das pessoas o que a delicada agulha da bssola para o navio sua alma, sempre orientando a enorme massa de madeira e ferro, e sempre apontando para o norte. Para atacar as cidadelas construdas por todos os lados contra a raa humana por supersties, despotismos, preconceitos, a Fora deve ter um crebro e uma lei. Ento, ela ousa conquistar resultados permanentes, e a h progresso real. E acontecem conquistas sublimes. O Pensamento uma fora e a filosofia deve ser uma energia, encontrando seu alvo e seus efeitos no aprimoramento da humanidade. Os dois grandes motores so a Verdade e o Amor. Quando todas estas Foras se combinam, guiadas pelo Intelecto, reguladas pela RGUA do Direito e da Justia, e com movimento e esforo combinados e sistemticos, a grande revoluo para a qual as eras se prepararam comeara a marchar. O PODER da Prpria Divindade est em equilbrio com Sua SABEDORIA. Em conseqncia, o nico resultado a Harmonia.

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Como a Fora mal controlada, as revolues so falhas. Por isso que, to freqentemente, insurreies vindas daquelas montanhas altas que tiranizam o horizonte moral, Justia, Sabedoria, Razo, Direito, construdos da neve mais pura do Ideal, aps uma longa queda de rocha para rocha, depois de terem refletido o cu em sua transparncia e terem sido engolidos por cem afluentes no caminho majestoso do triunfo, repentinamente se perdem em charcos, como um rio da Califrnia nas areias. A caminhada da raa humana adiante requer que as alturas ao seu redor fulgurem com nobres e duradouras lies de coragem. A ousadia da conquista deslumbra a histria e forma uma categoria das luzes que orientam as pessoas. So as estrelas e os coriscos do grande mar de eletricidade, a Fora inerente nas pessoas. Para se esforar, para enfrentar todos os riscos, para perecer, para perseverar, para ser verdadeiro para si mesmo, para lutar corpo-a-corpo com o destino, para vencer o pequeno terror que ele inspira, ora para enfrentar poderes injustos, ora para desafiar triunfo intoxicado estes so exemplos que as naes precisam e a luz que as eletriza. Existem Foras Imensas nas grandes cavernas do mal sob a sociedade, na degradao escondida, na sordidez, mesquinharia e penria, vcios e crimes que defumam e cozinham na escurido entre a ral, sob as pessoas das grandes cidades. A o desinteresse aparece, todos uivam, buscam, tateiam e se inquietam por si mesmos. Idias so ignoradas, nem se pensa em progresso. Essa ral tem duas mes, ambas madrastas Ignorncia e Misria. O querer seu nico guia somente para o apetite no qual encontram satisfao. Entretanto, at estes podem ser usados. A humilde areia na qual pisamos pode ser colocada no forno, derretida, purificada pelo fogo, e pode se tornar um cristal resplandecente. Eles tm a fora bruta do MAO, mas seus golpes servem para uma grande causa, quando atingem entre as linhas traadas pela RGUA empregada com sabedoria e discrio. Porm, a verdadeira Fora das pessoas, este poder Titnico dos gigantes, que constri fortificaes de tiranos e incorporada a seus exrcitos. Por isso, a possibilidade de tais tiranias, como as sobre as quais se tem dito que Roma cheira pior sob Vitellius do que sob Sulla. Sob Claudius e sob Domiciano h uma deformidade de baixeza correspondente feira da tirania. A sujeira dos escravos um resultado direto da baixeza atroz do dspota. Dessas conscincias aviltadas exalado um miasma que reflete seus mestres; as autoridades pblicas so impuras, coraes desfalecidos, conscincias encolhidas, almas dbeis. assim sob Caracalla, assim sob Commodus, assim sob Hierogabalus, enquanto do senado Romano, sob Csar, emana apenas o odor espesso peculiar do ninho da guia. a fora das pessoas que sustenta todos estes despotismos, o pior e o melhor. Tal fora age atravs dos exrcitos; e estes mais escravizam do que libertam. O despotismo, ali, aplica a RGUA. A Fora o MAO de ao da sela do cavaleiro ou do bispo em armadura. Pela fora, a obedincia passiva sustenta tronos e oligarquias, reis espanhis e senados venezianos. O Poder, em um exrcito controlado pela tirania, a enorme soma da fraqueza revelada; e assim, a Humanidade trava guerra contra a Humanidade, a despeito da Humanidade. E um povo submetese prontamente ao despotismo, e seus trabalhadores se submetem ao desprezo e seus soldados ao chicote; e assim acontece que batalhas perdidas por uma nao so, freqentemente, progresso alcanado. Menos glria significa mais liberdade. Quando o tambor silencia, s vezes a razo fala. Tiranos usam a fora do povo para acorrentar e subjugar isto , oprimem o povo. Ento, usam-no para arar como as pessoas fazem com bois subjugados. Assim, o esprito de liberdade e inovao minimizado por baionetas, e princpios so emudecidos por tiros de canho; enquanto os monges se misturam com as tropas e a Igreja militante e jubilosa, Catlica ou Puritana, canta Te Deums pelas vitrias sobre as rebelies.

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O poder militar, no subordinado ao poder civil, novamente o MALHO ou MAO da FORA, independente da RGUA, uma tirania armada, nascida adulta, qual Palas-Atena que saltou do crebro de Zeus. Ele desova uma dinastia e comea com Csar para apodrecer em Vitellius e Commodus. Atualmente, tende a comear onde antes terminaram as dinastias. O povo constantemente ope imensa resistncia, apenas para terminar em imensa fraqueza. A fora do povo exaurida no prolongamento indefinido de coisas j h muito mortas; ao governar o gnero humano mantendo velhas e mortas tiranias de F; restaurando dogmas dilapidados; dourando novamente santurios esmaecidos e deteriorados; caiando e maquiando supersties antigas e estreis; salvando a sociedade pela multiplicao de parasitas; perpetuando instituies velhas; forando a adorao de smbolos como se fossem meios reais de salvao; e atando o cadver do Passado boca-a-boca ao Presente. E assim acontece ser uma das fatalidades da Humanidade condenada a eternas escaramuas com fantasmas, com supersties, fanatismos, hipocrisias, malefcios, frmulas do erro e argumentos da tirania. Despotismos, vistos no passado, tornam-se respeitveis como a montanha spera de rocha vulcnica, enrugada e repugnante, parece azul e suave e bela vista atravs da neblina. A viso de uma nica masmorra da tirania vale mais para desfazer iluses e criar uma averso sagrada de despotismo, e para dirigir a FORA corretamente, do que os livros mais eloqentes. A Frana deveria ter preservado a Bastilha como uma lio permanente; a Itlia no deveria ter destrudo as masmorras da Inquisio. A Fora do povo manteve o Poder que construiu as celas obscuras e colocou os vivos em seus sepulcros de granito. A FORA do povo no pode, por sua ao irrestrita e adequada, manter e continuar em ao e existncia um Governo livre, uma vez criado. Tal Fora deve ser limitada, restrita, conduzida pela distribuio a canais diferentes e por caminhos indiretos, a sadas que devem ser resultado da lei, da ao e deciso do Estado, tal como os antigos sbios reis do Egito conduziram a canais diferentes, por subdiviso, as guas elevadas do Nilo e as foraram a fertilizar e a no devastar a terra. Deve haver, jus et norma, a lei e Rgua, ou Escala, da constituio e da lei, na qual a fora do povo deve agir. Faa-se uma ruptura em qualquer uma delas e o grande martelete a vapor, com seu velozes e pesados golpes, transforma qualquer equipamento em meros tomos e, finalmente, afastando-se, resta inerte e morto em meio runa que gerou. A FORA das pessoas, ou a vontade popular, em ao e manifesta, simbolizada pelo MALHETE, regulada e guiada por e agindo dentro dos limites da LEI e da ORDEM, simbolizada pela R GUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS , tem como seu fruto LIBERDADE , IGUALDADE e FRATERNIDADE: liberdade regulada pela lei; igualdade de direitos vista da lei; irmandade, com seus deveres e obrigaes assim como com os seus benefcios. Brevemente voc ouvir falar da PEDRA BRUTA e a PEDRA PERFEITA, como parte das jias da Loja. A PEDRA BRUTA uma pedra como retirada da pedreira, em seu estado rude e natural. A PEDRA PERFEITA uma pedra preparada pelas mos dos trabalhadores, para ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos Companheiros. No repetiremos as explicaes destes smbolos, dadas pelo Rito de York. Voc poder l-las em seus manuais impressos. Eles aludem ao auto-aperfeioamento do trabalhador individual, uma continuao da mesma interpretao superficial. A Pedra Bruta o POVO, como uma massa, rude e desorganizada. A Pedra Perfeita, ou Pedra Cbica, o ESTADO, os soberanos recebendo seus poderes do consentimento dos governados; a constituio e as leis dizendo a vontade do povo; o governo harmonioso, simtrico, eficiente, seus poderes corretamente distribudos e devidamente ajustados em equilbrio.

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Se delinearmos um cubo sobre uma superfcie plana, assim,

teremos visveis trs faces e nove linhas externas, desenhadas entre sete pontos. O cubo completo tem trs faces a mais, totalizando seis; trs linhas a mais, totalizando doze; e um ponto a mais, totalizando oito. Como o nmero 12 inclui os nmeros sagrados 3, 5, 7, e 3 vezes 3, ou 9, e produzido pela soma dos nmeros sagrados 3 e 9; enquanto seus prprios algarismos 1, 2, a unidade ou mnada, e dada, somadas, geram o mesmo nmero sagrado 3, foi chamado de nmero perfeito e o cubo torna-se o smbolo da perfeio. Produzido pela FORA, seguindo a RGUA, lapidada de acordo com as linhas definidas pela Escala, a partir da Pedra Bruta, um smbolo apropriado da Fora do povo, expressa como a constituio e a lei do Estado; e as trs faces visveis do Estado, por si, representam os trs departamentos: o Executivo, que executa as leis; o Legislativo, que faz as leis; o Judicirio, que interpreta as leis, a aplica e a mantm, entre pessoas e pessoas, entre o Estado e os cidados. As trs faces invisveis so Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a trplice alma do Estado sua vitalidade, esprito e intelecto. Apesar de a Maonaria nem usurpar o lugar nem imitar a religio, a orao parte essencial de nossas cerimnias. a aspirao da alma em direo Inteligncia Absoluta e Infinita, que a Suprema Divindade nica, mais delicada e equivocadamente caracterizada como um ARQUITETO. Certas faculdades das pessoas so dirigidas para o Desconhecido pensamento, meditao, orao. O desconhecido um oceano do qual a bssola a conscincia. Pensamento, meditao, orao, so os grandes misteriosos pontos apontados pela agulha. um magnetismo espiritual que assim conecta a alma humana das pessoas Divindade. Estas irradiaes majestosas da alma atravessam a sombra em direo luz. um escrnio superficial dizer que a orao absurda, porque no seria possvel para ns, por meio da orao, persuadir Deus a mudar Seus planos. Ela produz efeitos pr-conhecidos e pr-planejados, atravs da instrumentalidade das foras da natureza, todas elas Suas foras. As nossas prprias so parte destas. Nosso livre discernimento e nossa vontade so foras. No absurdamente que ns no paramos de fazer esforos para alcanar fortuna e felicidade, prolongar a vida e manter a sade, porque no possamos, seja com qualquer esforo, mudar o que est predestinado. Se o esforo tambm for predestinado, ainda assim o nosso esforo, que parte de nossa livre vontade. Portanto, oramos. A Vontade uma fora. O Pensamento uma fora. A Orao uma fora. Por qu no seria da lei de Deus que a orao, tal como a F e o Amor, tivesse seus efeitos? A pessoa no deve ser entendida como um ponto de partida, nem o progresso como um objetivo, sem essas duas grandes foras, a F e o Amor: a Orao sublime. Preces que pedem e se queixam so dignas de pena. Negar a eficcia da orao negar as da F, do Amor e do Esforo. Ainda assim, os efeitos produzidos, quando nossa mo, movida por nossa vontade, lana um pedregulho no oceano, nunca cessam; e toda palavra pronunciada registrada no ar para toda a eternidade.

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Toda Loja um Templo e, em seu todo e em seus detalhes, simblica. O prprio Universo forneceu humanidade o modelo dos primeiros templos dedicados Divindade. O arranjo do Templo de Salomo, os ornamentos simblicos que eram suas decoraes principais, e o vesturio do Supremo-Sacerdote, tudo fazia referncia ordem do Universo, como ento conhecida. O Templo continha muitos emblemas das estaes o Sol, a Lua, os planetas, as constelaes da Ursa Maior e da Ursa Menor, o zodaco, os elementos e outras peas do mundo. O Mestre dessa Loja, a do Universo, Hermes, de quem Khrm o representante e uma das luzes da Loja. Para instruo adicional sobre o simbolismo dos corpos celestiais e dos nmeros sagrados e do templo e de seus detalhes, voc deve aguardar pacientemente seu avano na Maonaria e, enquanto isso, exercite seu intelecto estudando-os por si s. Estudar e interpretar corretamente os smbolos do Universo o trabalho do sbio e do filsofo. decifrar a escrita de Deus e penetrar em Seus pensamentos. Isto o que perguntado e respondido em nosso catecismo em relao Loja. Define-se uma Loja como uma reunio de Maons, devidamente congregados, tendo a escritura sagrada, o esquadro e os compasso, e uma carta patente, ou certificado de constituio, autorizando-os a trabalhar. A sala, ou lugar onde se renem, e que representa alguma parte do Templo do Rei Salomo, tambm chamada de Loja; e isto o que ns agora estamos levando em considerao. A Loja suportada por trs grande colunas, SABEDORIA, FORA e BELEZA, representadas pelo Mestre, Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante; e estas so as colunas que sustentam a Loja, porque Sabedoria, Fora e Beleza so a perfeio de tudo, e nada pode perdurar sem elas. Porque, diz o Rito de York, necessrio que haja Sabedoria para conceber, Fora para sustentar e Beleza para ornamentar todos os empreendimentos grandes e importantes. No sabeis, diz o Apstolo Paulo, que sois o templo de Deus, e que o Esprito de Deus habita em vs? Se algum homem profanar o templo de Deus, Deus o destruir, pois o templo de Deus sagrado, e o templo sois vs. A Sabedoria e a Fora da Divindade esto em equilbrio. As leis da natureza e as leis morais no so meras ordens de Sua vontade Onipotente; porque podem ser mudadas por Ele, e a ordem se torna desordem e o bom e o certo se tornam mau e errado; honestidade e lealdade, vcios; e fraude, ingratido e vcio, virtudes. O Poder onipotente, infinito e autnomo, no seria necessariamente constrito a consistncia. Seus decretos e leis no poderiam ser imutveis. As leis de Deus no so obrigatrias para ns porque no manifestaes do Seu PODER, ou a expresso de Sua VONTADE; mas porque elas expressam sua infinita SABEDORIA. Sabedoria, Poder e Harmonia constituem uma trade Manica. Eles tm outros significados mais profundos, que podem em algum tempo ser revelados a voc. Para uma explicao mais comum, podemos acrescentar que a sabedoria do Arquiteto apresentada em combinao, como somente um Arquiteto exmio pode fazer, e como Deus tem feito em todo lugar, por exemplo, na rvore, no esqueleto humano, no ovo, nas clulas do favo de abelha fora, com graa, beleza, simetria, proporo, leveza, ornamentao. Tambm est na perfeio do orador e do poeta para combinar fora, energia com graa de estilo; e assim, em um Estado, a fora guerreira e industrial do povo e sua fora titnica devem ser combinadas com a beleza das artes, com as cincias e com o intelecto, se o Estado quer alcanar as alturas da excelncia e manter o povo realmente livre. Harmonia nisto, como em tudo o que Divino, o material e o humano, o resultado de equilbrio, de compaixo e ao oposta de contrrios; uma simples Sabedoria sobre eles mantendo o travesso da balana. Os grandes enigmas da Esfinge so Reconciliar a lei moral, responsabilidade humana, livre arbtrio, com o poder absoluto de Deus, e a existncia do mal com Sua absoluta sabedoria e bondade e misericrdia.

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Voc ingressou na Loja entre duas colunas. Elas representam as duas que estavam no prtico do Templo, em cada lado da entrada oriental. Esses pilares, de bronze, de quatro dedos de espessura, tinham, de acordo com o melhor que sabemos est no Primeiro e no Segundo Livro dos Reis, confirmado por Jeremias dezoito cbitos de altura, com um capitel de cinco cbitos de altura. A largura de cada uma era de quatro cbitos de dimetro. Um cbito tem 30 cm e meio. Isto , cada coluna tinha um pouco mais de trinta ps e oito polegadas de altura, cada capitel um pouco mais de oito ps e seis polegadas de altura, e o dimetro seis ps e dez polegadas. Os capitis estavam adornados com roms de bronze, cobertas com rede de bronze e ornamentadas com tranas de bronze; e parece que imitavam a forma do recipiente das sementes do ltus ou lrio egpcio, um smbolo sagrado para os hindus e egpcios. O pilar ou coluna da direita, ou do sul, era chamada, como a palavra hebraica reproduzida em nossa traduo da Bblia, JACHIN; e o da esquerda, BOAZ. Nossos tradutores dizem que a primeira palavra significa Ele estabelecer, e a segunda Nele est a fora. Essas colunas eram imitaes, feitas por Krm, o artista trio, das grandes colunas consagradas aos Ventos e ao Fogo na entrada do famoso Templo de Malkarth, na cidade de Tiro. costume, em Lojas do Rito de York, ver-se um globo celestial em uma e um globo terrestre na outra; mas isto no necessariamente correto, se se pretende imitar as duas colunas originais do Templo. Deixaremos inexplicado por enquanto o significado simblico dessas colunas, acrescentando apenas que os Aprendizes Maons guardam suas ferramentas de trabalho na coluna JACHIN, e dando a voc a etimologia e significado literal dos dois nomes. A palavra Jachin, em hebraico, } y k y . Provavelmente era pronunciada Yakayan, e significava Aquele que fortalece; portanto, firme, estvel, ereto. A palavra Boaz w u k; Baaz w u significa Forte, Fora, Poder, Refgio, Fonte de Poder, um Forte. O b como prefixo significa com ou em, e d palavra a fora do gerndio latino roborando Fortalecendo. A palavra anterior tambm significa ele estabelecer, ou planta em posio ereta, do verbo ] w k Kn, permaneceu ereto. Provavelmente significava Ativo e Energia e Fora Vivificantes; e Boaz, Estabilidade, Permanncia, no sentido passivo. Nossos Irmos do Rito de York definem as Dimenses da Loja como sendo ilimitadas e cobrem no menos do que a abbada celeste. A mente do Maom continuamente dirigida a esse objeto, dizem eles, e ele espera chegar ali com a ajuda da escada teolgica que Jac, em sua viso, viu subindo da terra para o Cu; as trs voltas principais eram chamadas de F, Esperana e Caridade; e que nos lembra de ter F em Deus, Esperana na Imortalidade e Caridade para com toda a Humanidade. Da mesma forma, vista no painel uma escada algumas vezes com nove voltas, com sua pousada na terra e seu topo nas nuvens, com estrelas brilhando sobre ela; e representa aquela escada mstica que Jac viu em seu sonho, apoiada na terra e alcanando o Cu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. Qualquer coisa alm das trs primeiras voltas do simbolismo totalmente moderna e imprpria. Os antigos contavam sete planetas, assim arranjados: Lua, Mercrio, Vnus, o Sol, Marte, Jpiter e Saturno. Havia sete cus e sete esferas desses planetas; sobre todos os monumentos a Mitras existem sete altares ou piras, consagrados aos sete planetas, asseguram-nos tanto Clemente de Alexandria, em seu Stromata, quanto Philo Judaeus.

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Para voltar sua fonte no Infinito, os antigos afirmavam que a alma humana tinha que ascender, tal como havia descido, atravs das sete esferas. A Escada pela qual a alma sobe novamente tem, de acordo com Marsilius Ficinus, em seu Comentrios sobre a Enada de Plotinus, sete degraus ou passos; e nos Mistrios de Mitra, levados a Roma durante os Imperadores, a escada, com suas sete voltas, era um smbolo relacionado sua ascenso atravs das esferas dos sete planetas. Jac viu os Espritos de Deus subindo e descendo por ela; acima dela estava a Divindade. Os Mistrios Mitraicos eram celebrados em cavernas, nas quais estavam marcados portais nos quatro pontos equinociais e solsticiais do zodaco; e eram representadas as sete esferas planetrias, as quais as necessidades das almas deveriam atravessar para descer do cu das estrelas fixas para os elementos que envolvem a terra; e estavam marcados sete portais, um para cada planeta, atravs das quais elas passavam, descendo ou voltando. Aprendemos isto de Celsus, em Origem, que diz que a imagem simblica dessa passagem entre as estrelas, usadas nos Mistrios Mitraicos, era uma escada que ligava a terra ao Cu, dividida em sete degraus ou estgios, havendo um portal para cada uma, e que na cpula havia um oitavo, o das estrelas fixas. O smbolo era o mesmo dos sete estgios de Borsippa, a Pirmide de tijolos vitrificados, perto da Babilnia, construdo em sete estgios, cada um de cor diferente. Nas cerimnias Mitraicas o candidato atravessava os sete estgios da iniciao, passando por diversas provas temveis e a escada alta de sete voltas ou degraus era o smbolo delas. Voc v a Loja, seus detalhes e ornamentos, com suas Luzes. Voc j ouviu dizer o que essas Luzes representam, em maior ou menor detalhe, e como elas so explicadas por seus Irmos no Rito de York. A Bblia Sagrada, o Esquadro e o Compasso no fazem apenas parte das Grandes Luzes na Maonaria, mas tambm so tecnicamente chamados de Moblia da Loja; e, como voc viu, assegurase que no existe Loja sem eles. Algumas vezes este tem sido um pretexto para excluir Judeus de nossas Lojas, porque eles no podem interpretar o Novo Testamento como um livro sagrado. A Bblia parte indispensvel de uma Loja Crist, simplesmente porque o livro sagrado da religio Crist. O Pentateuco Hebraico em uma Loja Hebraica e o Alcoro em uma Loja Muulmana pertencem ao Altar; e um desses Livros, mais o Esquadro e o Compasso, compreenda-se adequadamente, so as Grandes Luzes pelas quais um Maom deve andar e trabalhar. O compromisso mais solene e mais compromissado do candidato sempre deve ser tomado sobre o livro sagrado, ou sobre os livros sagrados de sua religio, na qual ele crer; e apenas por isso que perguntaram a voc qual era a sua religio. No temos nenhuma outra preocupao quanto a seu credo religioso. O Esquadro um ngulo reto, formado por duas linhas retas. Adapta-se apenas a uma superfcie plana e pertence unicamente geometria = medio da terra, e trigonometria que lida apenas com planos, e com a terra, que os antigos supunham ser plana. O Compasso descreve crculos e trata de trigonometria esfrica, a cincia das esferas e cus. O Esquadro, portanto, um emblema do que se refere terra e ao corpo; o Compasso, do que se refere aos cus e alma. Tambm, o Compasso tambm usado na trigonometria plana para se levantar perpendiculares; por isso, lembro voc de que, apesar de as duas pontas do Compasso estarem sob o Esquadro, voc ainda est lidando apenas com os significados morais e polticos dos smbolos e no com suas significaes filosficas e espirituais, ainda assim o divino sempre se combina com o humano; a mistura do que terreno com o que espiritual, e existe algo espiritual nos mais simples deveres da vida. As naes no so apenas corpreo-polticas, mas tambm esprito-polticas; e lamentemos os povos que, buscando apenas o material, esquecem-se de que tm alma. Nesse caso temos uma raa, petrificada em dogma, que pressupe a ausncia de uma alma e a presena somente da memria e do instinto, desmoralizados pelo lucro. Tal natureza nunca pode liderar a civilizao. 17

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A genuflexo perante o dolo ou perante o dinheiro atrofia o msculo que caminha e a vontade que se move. A absoro hiertica ou mercantil minimiza o esplendor de um povo, abaixa seu horizonte ao abaixar seu nvel e o priva do entendimento da aspirao universal, ao mesmo tempo humana e divina, que forma as naes missionrias. Um povo livre que se esquece de que tem uma alma para cuidar devota todas as suas energias evoluo material. Se faz guerra, com interesses comerciais. Os cidados imitam o Estado e vm a riqueza, pompa e luxo como os grandes bens da vida. Tal nao cria fortuna rapidamente e a distribui mal. Da os dois extremos, de opulncia monstruosa e de misria monstruosa; todos os prazeres para alguns, todas as privaes para o resto, isto , para o povo; Privilgio, Exceo, Monoplio, Feudalismo emergem do prprio Trabalho: uma situao falsa e perigosa que, fazendo do Trabalho um Ciclope cego e acorrentado, na mina, na forja, na oficina, no tear, no campo, em meio a fumaa venenosa, em clulas miasmticas, em fbricas sem ventilao, alicera seu poder pblico sobre a misria privada e planta a grandeza do Estado no sofrimento do indivduo. a grandeza constituda doentiamente, na qual todos os elementos materiais esto combinados e na qual no entra nenhum elemento moral. Se um povo, qual uma estrela, tem direito a um eclipse, a luz deve retornar. O eclipse no deve degenerar em noite. As trs menores, ou as Luzes Sublimes, voc ouviu que so o Sol, a Lua e o Mestre da Loja; tambm ouviu o que nossos Irmos do Rito de York dizem sobre elas, e por que lhe disseram que so as Luzes da Loja. Mas o Sol e a Lua no iluminam, na verdade, a Loja, seno apenas simbolicamente, portanto no so eles as luzes, mas sim as coisas das quais so smbolos. O Maom do Rito de York no diz o que o Sol e a Lua simbolizam. Nem a Lua, de forma alguma, governa a noite com regularidade. O Sol o smbolo antigo da gerao de vida e do poder da Divindade. Para os antigos, a luz era a causa da vida; e Deus era a fonte de tudo de onde a luz flua; a essncia da Luz, o Fogo Invisvel, desenvolveu-se como Chama, manifesta como luz e esplendor. O Sol era a Sua manifestao e imagem visvel; e os Sabeanos, ao adorar o Deus-Sol, pareciam adorar o Sol, no qual viam a manifestao da Divindade. A Lua era o smbolo da capacidade passiva da natureza de procriar, a fmea, da qual o poder e energia geradora de vida era o macho. Era o smbolo de SIS, ASTARTE, e RTEMIS ou DIANA. Os Mestres da Vida eram a Divindade Superior, acima de ambos, e manifestos atravs de ambos; ZEUS, o Filho de Saturno, torna-se Rei dos Deuses; HRUS, filho de OSRIS e SIS, tornase o Mestre da Vida; DIONUSO ou BACO, tal como Mitra, torna-se o autor da Luz, da Vida e da Verdade. Os Mestres da Luz e da Vida, o Sol e a Lua, so simbolizados em todas as Lojas pelo Mestre e pelos Vigilantes; e isto torna dever do Mestre prover luz para os Irmos, por si prprio e atravs dos Vigilantes, que so seus ministros. Vosso sol, diz Isaas a Jerusalm, no mais se por e a lua tambm no se erguer; por que o Senhor ser vossa luz eterna, e os dias de suas lamentaes havero terminado. Vosso povo todo tambm ser virtuoso; ele herdar a terra para sempre. assim um povo livre. Nossos ancestrais do norte adoravam uma Divindade tri-una ODIN, o Pai todo-poderoso, FREA, sua mulher, emblema da matria universal, e THOR, seu filho, o mediador. Mas acima deles estava o Deus Supremo, o autor de tudo o que existia, o Eterno, o Antigo, o Ser Vivo e Terrvel, o Buscador de coisas ocultas, o Ser que nunca muda. No Templo de Elusis (um santurio iluminado por apenas uma janela no teto, e que representa o Universo), estavam representadas as imagens do Sol, da Lua e de Mercrio. 18

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O Sol e a Lua, diz o erudito Ir.. DELAUNAY, representam os dois grandes princpios de todas as geraes, o ativo e o passivo, o macho e a fmea. O Sol representa a verdadeira luz. Ele derrama seus raios fecundos sobre a Lua; ambos voltam suas luzes sobre seu fruto, a Estrela Flamejante, ou Hrus, e os trs formam o grande Tringulo Eqiltero, no centro do qual est a letra geradora da Cabala, que dizem ter criado a Estrela. Os ORNAMENTOS de uma Loja so o Pavimento Mosaico, a Orla Dentada e a Estrela Flamejante. O Pavimento Mosaico, formado por quadrados brancos e negros, representa o cho do Templo do Rei Salomo; e a Orla Dentada aquela linda orla que o envolvia. Diz-se que a Estrela Flamejante no centro um emblema da Divina Providncia, e comemorativa da estrela que surgiu para guiar os homens sbios desde o Oriente at o local de nascimento de nosso Salvador. Mas no se via pedras no Templo. As paredes eram cobertas com pranchas de cedro, o piso com pranchas de pinheiro. No existe evidncia de que tivesse existido tal pavimento ou piso no Templo, nem tal madeiramento; na Inglaterra, antigamente, a Tbua de Traar era envolta por uma orla dentada; e somente na Amrica que essa orla colocada em volta do pavimento Mosaico. Os dentes, na verdade, so os quadrados ou losangos do pavimento. Na Inglaterra, tambm, a borda dentada chamada de mosaico. Porque tem quatro mosaicos, que representam a Temperana, Fora, Prudncia e Justia. Foi chamada de Mosaico, mas trata-se de uma denominao errada. um pavimento mosaico com uma borda dentada envolvendo-o. O pavimento, alternadamente negro e branco, simboliza, intencionalmente ou no, os Princpios do Bem e do Mal do credo Egpcio e Persa. o combate entre Miguel e Satans, entre os Deuses e os Tits, entre Balder e Lok, entre luz e sombra, que a escurido; Dia e Noite; Liberdade e Despotismo; Liberdade Religiosa e Dogmas Arbitrrios de uma Igreja que pensa por seus seguidores, da qual o Pontfice se diz infalvel, e da qual os decretos de seus Conselhos se constituem em um evangelho. As faces desse pavimento, se estiverem em forma de losangos, sero necessariamente dentadas como um serrote; e, para complet-lo, e necessrio finalizar com uma borda. complementado com dentes como ornamentos nos cantos. Se esses e as bordas tm algum significado, ele fantasioso e arbitrrio. Tambm fantasioso encontrar na ESTRELA FLAMEJANTE de cinco pontas uma aluso Divina Providncia; e faz-la ser comemorativa da Estrela que guiou os Magos, dar-lhe um significado comparativamente moderno. Originalmente, representava SRIUS, ou a estrela-co, que anunciou a inundao no Nilo; o deus ANBIS, companheiro de SIS em sua busca pelo corpo de OSRIS, seu irmo e marido. Ento, tornou-se a imagem de HRUS, o filho de OSRIS, ele mesmo tambm simbolizado pelo Sol, o autor das Estaes do Ano, e o deus do Tempo; filho de SIS, que era a natureza universal, a matria primitiva, fonte inexaurvel de Vida, centelha de fogo no criado, semente universal de todos os seres. Era HERMES, tambm o Mestre do Conhecimento, cujo nome em grego era Deus Mercrio. Tornou-se o sinal sagrado e poderoso dos Magos, o PENTALFA, e o emblema significativo da Liberdade, flamejando com uma resplandecncia constante em meio a elementos confusos de bem e de mal das Revolues, e de cus promissoramente serenos e estaes frteis para as naes, aps as tormentas de mudanas e tumultos.

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No Oriente da Loja, sobre o Mestre, dentro de um tringulo, est a letra hebraica YOD ( ). Nas Lojas inglesas e americanas, a letra G.. a substitui como a inicial da palavra GOD, com to pouca razo quanto seria se, em vez da letra correta, fosse usada a inicial D de DIEU em Lojas Francesas. O YOD , na Cabala, o smbolo da Unidade, da Unidade Suprema, a primeira letra do Nome Sagrado; , tambm, um smbolo das Grandes Trades Cabalsticas. Para compreender seus significados msticos, voc deve abrir as pginas do Sohar e do Siphra de Zeniutha, e outros livros cabalsticos, e ponderar profundamente em seu significado. Deve bastar dizer que se trata da Energia Criativa da Divindade, e que representada como um ponto, esse ponto no centro do Crculo da imensido. Para ns, nesse Grau, o smbolo da Divindade no manifestada, do Absoluto, que no tem nome. Nossos Irmos franceses colocam esta letra, YOD, no centro da Estrela Flamejante. E, em velhos ensinamentos, nossos antigos Irmos ingleses disseram a Estrela Flamejante ou Glria, no centro, nos representa a grande luz, o Sol, que ilumina a terra, e por sua influncia genial abenoa a humanidade. Nos mesmos antigos ensinamentos, tambm o disseram ser o emblema da PRUDNCIA. A palavra Prudentia significa, em seu sentido mais completo, Providncia ou Previdncia; neste sentido, a Estrela Flamejante tem sido vista como emblema da Oniscincia, ou o Olho que Tudo V que, para os Iniciados Egpcios, era o emblema de Osris, o Criador. Com o YOD no centro, tem o significado cabalstico da Energia Divina, manifestada como Luz, criando o Universo. As Jias da Loja so em nmero de seis. Trs so chamadas Mveis, e trs Imveis. O ESQUADRO, o NVEL e o PRUMO eram, antiga e adequadamente, chamados de Jias Mveis, porque eles passam de um Irmo para o outro. um modernismo cham-las de Imveis s porque elas devem sempre estar presentes na Loja. As Jias Imveis so a PEDRA BRUTA, a PEDRA CBICA ou, em alguns Rituais, o CUBO DUPLO e a TBUA DE TRAAR. Sobre estas Jias, nossos Irmos do Rito de York dizem: O Esquadro inculca Moralidade; o Nvel, Igualdade; e o Prumo, Retido de Conduta. Suas explicaes das Jias Mveis podem ser lidas em seus Rituais. Nossos Irmos do Rito de York dizem que em toda Loja bem dirigida existe a representao de um certo ponto dentro de um crculo, e que representa um Irmo, individualmente; o Crculo, a linha divisria de sua conduta, alm da qual ele nunca sofrer danos ou paixes que o traiam. Isto no tem a finalidade de interpretar os smbolos da Maonaria. Alguns dizem que, com uma abordagem ou interpretao mais prxima, o ponto dentro do crculo representa Deus no centro do Universo. um sinal Egpcio comum para o Sol e Osris, e ainda usado como sinal astronmico da grande Luz. Na Cabala, o ponto YOD, a Energia Criativa de Deus, irradiando com luz o espao circular que Deus, a Luz Universal, esvaziou para criar os mundos ao retirar de l Sua substncia de Luz e concentr-la em todos os lados de um ponto. Nossos Irmos acrescentam que esse crculo limitado por duas linhas perpendiculares paralelas, que representam So Joo Batista e So Joo Evangelista, e no topo esto as Sagradas Escrituras (um livro aberto). Ao circundar esse crculo, dizem eles, tocamos, necessariamente, essas duas linhas, assim como as Sagradas Escrituras; e enquanto um Maom se mantm circunscrito a seus preceitos, torna-se impossvel que possa errar. Seria uma perda de tempo fazer comentrios a respeito. Alguns escritores imaginaram que as linhas paralelas representam os Trpicos de Cncer e de Capricrnio, que o Sol toca, alternadamente, nos solstcios de Vero e de Inverno. 20

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Mas os trpicos no so linhas perpendiculares, e a idia apenas fantasiosa. Se as linhas paralelas, alguma vez, tivessem pertencido ao smbolo antigo, elas teriam algum significado mais recndito e frutfero. Provavelmente, elas teriam o mesmo significado das colunas gmeas Jachin e Boaz. Este significado no para o Aprendiz. O adepto pode encontr-lo na Cabala. A JUSTIA e a MISERICRDIA de Deus esto em equilbrio, e o resultado HARMONIA, porque sobre elas governa uma SABEDORIA SIMPLES e PERFEITA. As Escrituras Sagradas so um adendo inteiramente moderno ao smbolo, como os globos terrestre e celestial nas colunas do prtico. Assim, o antigo smbolo foi desfigurado por adies incongruentes, tal como sis chorando sobre a coluna quebrada que continha os restos de Osris em Biblos. A Maonaria tem seu Declogo, que uma lei para seus Iniciados. Estes so seus Dez Mandamentos:

I..

Deus a SABEDORIA Eterna, Onipotente e Imutvel, INTELIGNCIA Suprema e Amor Incansvel. Ador-Lo-eis, reverenci-Lo-eis e am-Lo-eis! Honr-Lo-eis praticando as virtudes! Vossa religio ser fazer o bem porque um prazer para vs, no simplesmente porque seja uma obrigao. Para que sejais amigos das pessoas sbias, obedecereis seus preceitos! Vossa alma imortal! Nada fareis para degrad-la! Guerreareis incessantemente o vcio! No fareis para outros o que no quereis que faam a vs! Aceitareis vossas venturas e mantereis acesa a luz da sabedoria! Honrareis vossos pais! Respeitareis e homenageareis os velhos! Ensinareis os jovens! Protegereis e defendereis a infncia e a inocncia! Afagareis vossa esposa e vossos filhos! Amareis vosso pas e obedecereis s suas leis! Vosso amigo ser vossa segunda metade! O infortnio no vos afastar dele! Fareis em sua memria tudo o que fareis se ele estivesse vivo! Evitareis e fugireis de amizades insinceras! Refrear-vos-eis de todos os excessos. Temereis ser a causa de qualquer mcula em vossa lembrana!

II..

III.. IV.. V.. VI.. VII..

VIII.. No permitireis que paixes sejam vossos guias! Fareis das paixes dos outros lies de proveito para vs! Sereis indulgentes ao erro! IX.. Escutareis muito; falareis pouco! agireis corretamente! Esquecereis as injrias! Fareis o bem em retribuio ao mal! No usareis indevidamente vossa fora nem vossa superioridade! Estudareis para conhecer as pessoas; com isso podereis conhecer a vs mesmos! Sempre buscareis a virtude! Sereis justos! Evitareis a preguia!

X..

Mas o grande mandamento da Maonaria : Dou-vos um novo mandamento: Amareis uns aos outros! Aquele que disser estar na luz e odeia seu irmo, ainda estar na escurido. Estas so as obrigaes morais de um Maom. Porm, tambm ser obrigao da Maonaria ajudar a elevar o nvel moral e intelectual da sociedade; cunhando conhecimento, trazendo idias circulao e fazendo crescer a mente da juventude; e colocando a raa humana em harmonia com seu destino, gradualmente, mediante ensinamento de axiomas e pela promulgao de leis positivas.

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desse dever e trabalho que o Iniciado aprendiz. No deve imaginar que no pode afetar nada, e com isso desiludir-se e permanecer inerte. Est nisso, assim como est na vida diria de algum. Muitas grandes obras so executadas nas pequenas lutas da vida. Existe, nos dizem, bravura determinada porm invisvel, que se defende passo a passo, na escurido, contra a invaso fatal da necessidade e da baixeza. Existem triunfos nobres e misteriosos, que os olhos no vem, que no tm recompensas renomadas e que no recebem a saudao de fanfarras de trompetes. A vida, o infortnio, o isolamento, o abandono, a pobreza, so campos de batalha que tm seus heris, heris obscuros, mas algumas vezes maiores do que aqueles que ficam famosos. O Maom deve lutar da mesma maneira e com a mesma bravura contra aquelas invases da necessidade e da baixeza que atingem as naes assim como s pessoas. O Maom deve enfrent-las tambm, passo a passo, mesmo no escuro, e protestar contra o erro e a insensatez; contra a usurpao e contra a invaso dessa hidra, a Tirania. No h eloqncia mais soberana do que a verdade indignada. mais difcil para um povo manter do que conseguir sua liberdade. Sempre so necessrios os Protestos da Verdade. O direito deve continuamente protestar contra o Fato. Existe, verdadeiramente, Eternidade no Direito. O Maom deve ser um sacerdote e um guerreiro desse Direito. Se seu pas tiver roubadas suas liberdades, no deve se desesperar. O protesto do Direito contra o Fato persiste para sempre. O roubo de um povo nunca prescreve. O reclamo de seus direitos nunca barrado. Varsvia no pode mais ser trtara do que Veneza teutnica. Um povo pode resistir usurpao militar, Estados subjugados ajoelham-se a Estados e usam a canga sob a presso da necessidade; mas, quando a necessidade desaparece e se o povo estiver preparado para a liberdade, o pas submerso vir tona e reaparecer e a Tirania ser julgada pela Histria por ter assassinado suas vtimas. Seja l o que ocorrer, devemos ter F na Justia e na Sabedoria soberana de Deus, Esperana no Futuro e benevolncia Afetuosa para com os que erram. Deus torna Sua vontade visvel s pessoas atravs de acontecimentos; um texto obscuro, escrito em uma linguagem misteriosa. As pessoas traduzem-na imediata, rpida e incorretamente, com muitos erros, omisses e interpretaes falhas. Nossa viso do arco do grande crculo to curta! Poucas mentes compreendem o idioma Divino. Os mais sagazes, os mais calmos, os mais profundos, decifram hierglifos lentamente; e, quando voltam com seu texto, talvez a necessidade j se tenha ido h tempo; j existem vinte tradues a maioria incorreta e, claro, so as mais aceitas e populares. De cada traduo nasce um partido; de cada interpretao falha, uma faco. Cada partido acredita ou finge que detm o nico texto verdadeiro; e cada faco acredita ou finge que apenas ela possui a Luz. Alm disso, faces so gente cega que aponta apenas para frente, e erros so projteis excelentes, atingindo habilmente e com toda a violncia que salta de argumentos falsos, onde quer que um desejo de lgica naqueles que defendem o direito os faa vulnerveis como uma falha em uma couraa. Portanto, muitas vezes seremos derrotados ao combater o erro diante do povo. Antaeus resistiu a Hrcules por longo tempo, e as cabeas da Hidra cresceram to rapidamente quanto foram cortadas. um absurdo dizer-se que o Erro, ferido, agoniza em dor e morre em meio aos seus adoradores. A Verdade conquista lentamente. H uma vitalidade surpreendente no Erro. A Verdade, realmente, na maioria das vezes, atira por sobre as cabeas das massas; ou, se um erro estiver prostrado por um momento, levantar-se- em um instante, vigoroso como nunca. No morrer quando o crebro tiver sido arrancado; e os erros mais estpidos e irracionais sero os mais duradouros.

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No obstante, a Maonaria, que Moralidade e Filosofia, no deve parar de cumprir seu dever. Nunca sabemos em que momento o sucesso aguarda nossos esforos geralmente quando menos esperamos nem com que nossos esforos sero, ou no, recompensados. Existiram em Roma alguns soldados Cartagineses, aprisionados, que se recusaram a baixar suas cabeas para Flamnio e tinham um pouco da magnanimidade de Anbal. Os Maons devem ter a mesma grandeza de alma. Maonaria deve ser uma energia, encontrando seu alvo e efeito na melhoria da humanidade. Scrates deve entrar em Ado e gerar Marco Aurlio; em outras palavras, produzir, da pessoa de prazeres, a pessoa de sabedoria. Maonaria no deve ser simplesmente uma torre de observao, construda sobre mistrio, para da fitar o mundo, sem outro resultado seno a convenincia para o curioso. O campo da Filosofia manter a caneca cheia de pensamentos nos lbios sedentos das pessoas; dar a todos as idias verdadeiras de Divindade; harmonizar a conscincia e a cincia. Moralidade F em plena florescncia. A contemplao deve levar ao e o absoluto deve tornar-se prtico; o ideal tornar-se ar, alimento e bebida para a mente humana. A Sabedoria uma comunho sagrada. apenas nessa condio que cessa de ser um amor estril Cincia e se torna o mtodo nico e supremo para a unio da Humanidade e para sua transformao em ao combinada. Ento a Filosofia se transforma em Religio. E a Maonaria, tal como a Histria e a Filosofia, tem deveres eternos eternos e, ao mesmo tempo, simples para opor-se a Caiafas como Bispo, a Draco ou a Jeferias como Juzes, a Trimalcion como Legislador e a Tibrio como Imperador. Estes so os smbolos da tirania que degrada e destri, da corrupo que avilta e infesta. Nos trabalhos publicados para uso na Ordem somos informados que os trs grandes princpios da ocupao de um Maom so Amor Fraternal, Assistncia e Verdade. E verdade que afeio e bondade Fraternais devem nos governar em todas as relaes com nossos irmos; e filantropia generosa e liberal deve nos orientar em relao a todas as pessoas. Para os Maons, auxiliar os desafortunados uma dever em particular dos Maons um dever sagrado, do qual no pode se omitir, nem negligenciar e tampouco aceitar de forma fria ou ineficiente. Tambm fato que a Verdade um atributo Divino e o alicerce de toda virtude. Os grandes objetivos de todo grande Maom so ser verdadeiro e procurar encontrar e aprender a Verdade. Como fizeram os antigos, a Maonaria utiliza Moderao, Fora, Prudncia e Justia, as quatro virtudes cardeais. Elas so to necessrias s naes quanto aos indivduos. O povo que quer ser Livre e Independente deve possuir Sagacidade, Prudncia, Previso e Circunspeo cuidadosas estas todas esto abrangidas pelo significado da palavra Prudncia. Este povo deve ser moderado ao defender seus direitos, moderado em seus conselhos, econmico em suas despesas; deve ser valente, bravo, corajoso, paciente sob reveses, desassombrado ante desastres, esperanoso durante calamidades, como Roma quando entregou o campo no qual Anbal teve seu acampamento. Nem Cannae, nem Farslia, nem Pvia ou Agincourt ou Waterloo podem desencoraj-lo. Deixe seu Senado permanecer sentado at que os gauleses o puxem pelas barbas. Ele deve, acima de todas as coisas, ser justo, abster-se de bajular os fortes e de guerrear ou saquear os fracos; deve agir no esquadro com todas as naes e com as tribos mais dbeis, sempre mantendo sua f, honesta em suas leis, justa em todos os seus assuntos. Quando existir tal Repblica, ela ser imortal, pois imprudncia, injustia, intemperana e luxo na prosperidade, desespero e desordem na adversidade so as causas da queda e da dilapidao de naes.

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O CompanheiroNo Oriente Antigo, todas as religies eram muito prximas do mistrio e no existia divrcio entre elas e a filosofia. A teologia popular, absorvendo a multiplicidade de alegorias e smbolos como realidade, degenerou em adorao das luzes celestiais, de Divindades imaginrias que tinham sentimentos humanos, apetites e luxrias, de dolos, pedras, animais, rpteis. A cebola era sagrada para os egpcios porque suas diferentes camadas eram um smbolo das esferas celestiais concntricas. Obviamente, a religio popular no podia satisfazer as nsias e pensamentos mais profundos, as aspiraes mais sublimes do Esprito, nem a lgica da razo. Os significados eram ensinados aos iniciados nos Mistrios. Ali tambm a religio era ensinada atravs de smbolos. A falta de clareza do simbolismo, passvel de muitas interpretaes, alcanava o que o credo palpvel e convencional no conseguia. Sua indefinio validava a obscuridade do assunto; tratava tal assunto misterioso misticamente; tentava ilustrar o que no conseguia explicar; para excitar um sentimento apropriado se no conseguisse desenvolver uma idia adequada; e para fazer da imagem um mero veculo subalterno da concepo, que por si s nunca se tornou bvia nem familiar. Assim, o conhecimento hoje comunicado por livros e cartas, antes era veiculado por smbolos; e os sacerdotes inventavam ou perpetuavam uma srie de ritos e exibies que no eram mais atraentes ao olhar do que as palavras, mas muitas vezes mais sugestivos e mais prenhas de significado para a mente. A Maonaria, sucessora dos Mistrios, ainda segue a maneira antiga de ensinar. Suas cerimnias so como as antigas apresentaes, no a leitura de um ensaio, mas a abertura de um problema, que requer pesquisa e constitui a filosofia como intrprete engenhosa. A instruo que ministra so seus smbolos. Seus ensinamentos so iniciativas, muitas vezes parciais e unilaterais, para interpretar esses smbolos. Quem quer se tornar um verdadeiro Maom no deve se satisfazer apenas em ouvir, nem mesmo apenas para compreender os ensinamentos; deve, com a ajuda desses ensinamentos, e com o caminho apontado por eles, estudar, interpretar e desenvolver esses smbolos para si prprio. Mesmo sendo a Maonaria idntica aos antigos Mistrios, o apenas neste sentido: que apresenta apenas uma imagem imperfeita de seu resplendor, apenas as runas de sua grandeza, e um sistema que sofreu alteraes progressivas, o fruto de acontecimentos sociais, circunstncias polticas e a imbecilidade ambiciosa de seus desenvolvedores. Depois de deixar o Egito, os Mistrios foram modificados pelos hbitos das diferentes naes nas quais foram introduzidos, e especialmente pelos sistemas religiosos dos pases para os quais foram transplantados. Em todo lugar era obrigao do Iniciado obedecer o governo estabelecido, as leis e a religio que, em todo lugar, eram heranas dos sacerdotes, que de forma nenhuma estavam dispostos a repartir a verdade filosfica com as pessoas comuns. A Maonaria no o Coliseu em runas. mais um palcio romano da idade mdia, desfigurada por alteraes arquitetnicas modernas, porm ainda construda sobre um alicerce gigantesco plantado pelos etruscos, e com grande parte da superestrutura obtida de moradas e templos da era de Adriano e de Antonino. O Cristianismo ensinou a doutrina da FRATERNIDADE, mas repudiou a da IGUALDADE poltica, continuamente inculcando obedincia a Csar e s autoridades legais. A Maonaria foi o primeiro apstolo da IGUALDADE. Nos Monastrios existe fraternidade e igualdade, mas no liberdade. A Maonaria adicionou esta tambm e reclamou para as pessoas a trplice herana: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.

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Foi apenas o desenvolvimento do propsito original dos Mistrios, que foi ensinar as pessoas a conhecer e a praticar seus deveres, para com si mesmas e para com seus semelhantes, a grande finalidade prtica de toda filosofia e de todo conhecimento. As Verdades so a fonte de onde todas as obrigaes jorram; e faz menos de cem anos que uma nova Verdade comeou a ser vista claramente: que O INDIVDUO SOBERANO SOBRE AS INSTITUIES, E NO ELAS SOBRE ELE. As pessoas tm uma superioridade natural sobre todas as instituies. Estas so para elas, de acordo com o seu desenvolvimento; no as pessoas para as instituies. Parece ser uma afirmao muito simples, com a qual todos, em todo o lugar, devem concordar. Mas um dia foi uma Verdade totalmente nova, no revelada enquanto os governos no existiram por pelo menos cinco mil anos. Uma vez revelada, imps novos deveres s pessoas. O ser humano tinha este dbito para consigo mesmo: ser livre. Ele tinha com dbito para com seu pas dar-lhe liberdade ou mant-lo livre. Esta Verdade fez da Tirania e da Usurpao os inimigos da Raa Humana. Colocou numa ampla ilegalidade dos Dspotas e os Despotismos, temporais e espirituais. A esfera do Dever alargou-se imensamente. O Patriotismo passou a ter, em conseqncia, um significado novo e mais amplo. Governo Livre, Livre Pensamento, Livre Conscincia, Livre Expresso! Tudo isto se transformou em direitos inalienveis daqueles que os perderam, ou dos que os tiveram roubados, ou dos cujos ancestrais os perderam; todos passaram a ter o direito de os retomar sumariamente. Infelizmente, como Verdades sempre so pervertidas em falsidades, e so falsidades quando mal soletradas, esta Verdade se tornou o Evangelho da Anarquia logo depois de ter sido proclamada pela primeira vez. A Maonaria compreendeu muito cedo esta Verdade e reconheceu seus deveres ampliados. Ento, seus smbolos passaram a ter significados mais abrangentes e recebeu smbolos novos e apropriados. Ajudou a criar a Revoluo Francesa, morreu com os Girondistas, renasceu com a restaurao da ordem e apoiou Napoleo porque, apesar de Imperador, ele reconheceu o direito do povo de escolher seus governantes e esteve frente de uma nao que se recusava a receber seus velhos reis de volta. Ele defendeu com sabre, mosqueto e canho a grande causa do Povo contra a Realeza, o direito do povo francs de at fazer de um General Corso seu Imperador, se o povo assim quisesse. A Maonaria sentiu que esta Verdade tinha a Onipotncia de Deus ao seu lado, e que nem Papa nem Potentado seriam capazes de domin-la. Era uma verdade que caiu dentro do grande tesouro do mundo, fazendo parte da herana que cada gerao recebe, faz crescer e preserva, um legado necessrio humanidade: a propriedade pessoal das pessoas, herana natural at o fim dos tempos. E a Maonaria cedo reconheceu como verdade que apresentar e desenvolver uma verdade, ou qualquer excelncia que se receba ou se desenvolva, fazer ainda maior a glria espiritual da raa; que qualquer coisa que auxilie a marcha de uma Verdade e faa do pensamento um fato, escreve com a mesma pena de Moiss e Daquele que morreu na cruz; e tem afinidade intelectual com a Prpria Divindade. A melhor ddiva que podemos legar s pessoas humanismo. o que a Maonaria recebeu de Deus como obrigao de entregar s pessoas: no sectarismo ou dogma religioso; no uma moralidade rudimentar que possa ser encontrada nos escritos de Confcio, Zoroastro, Sneca e dos Rabinos, nos Provrbios e em Eclesiastes; mas humanismo, cincia e filosofia. No que Filosofia ou Cincia estejam em oposio Religio. Porque a Filosofia nada mais do que conhecimento de Deus e da Alma, que deriva da observao da ao manifesta de Deus e da Alma e de uma analogia sbia. o guia intelectual que o sentimento religioso necessita. A filosofia religiosa verdadeira de um ser imperfeito no um sistema de credo, mas, como SCRATES pensou, uma busca ou uma aproximao infinitas. Filosofia aquele progresso intelectual e moral que o sentimento religioso inspira e enobrece.

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A Cincia, por seu turno, no pde caminhar sozinha enquanto a religio esteve estacionria. Consiste daquelas inferncias maduras da experincia que todas as outras experincias confirmam. Compreende e une tudo o que era realmente valioso em ambos os velhos esquemas de meditao, uma herica, ou o sistema de ao e esforo, e a teoria mstica de comunho espiritual e contemplativa. Escutem-me, diz GALEN, como voz do Hierofante Eleusiano e creiam que o estudo da Natureza um mistrio no menos importante do que os deles, nem menos preparado a mostrar a sabedoria do poder do Grande Criador. Suas lies e demonstraes eram obscuras, mas as nossas so claras e inequvocas. Acreditamos que este seja o melhor conhecimento que podemos obter da Alma de outra pessoa, e que transmitido por seus atos e pela sua conduta ao longo de sua vida. Evidncia no sentido oposto, transmitida pelo que uma outra pessoa nos diga que esta Alma tenha dito para a dele, pesaria muito pouco em comparao anterior. As primeiras Escrituras para a raa humana foram escritas por Deus na Terra e nos Cus. A leitura dessas Escrituras a Cincia. A familiaridade com a grama e com as rvores, os insetos e os protozorios, nos prov ensinamentos mais profundos de amor e f do que poderamos absorver dos escritos de FENELON e AGOSTINHO. A grande Bblia de Deus est sempre aberta ante a humanidade. Conhecimento conversvel em poder e axiomas em regras de utilidade e dever. Mas conhecimento, em si, no Poder. Sabedoria Poder; e seu Primeiro Ministro a JUSTIA, que a lei aperfeioada da VERDADE. Portanto, o propsito da Educao e da Cincia fazer as pessoas mais sbias. Se o conhecimento no o fizer, desperdiado, como gua derramada na areia. Conhecer as frmulas da Maonaria, por si, de to pouca valia quanto conhecer muitas palavras e sentenas em algum dialeto brbaro africano ou australasiano. Conhecer o significado dos smbolos quase nada, a no ser que contribua nossa sabedoria e tambm nossa benevolncia, que para a justia o que um hemisfrio do crebro para o outro. No perca de vista, ento, o verdadeiro objetivo de seus estudos na Maonaria. contribuir para seu patrimnio de sabedoria, e no simplesmente para seu conhecimento. Uma pessoa pode passar a vida estudando uma nica especialidade de conhecimento, botnica, concologia ou entomologia, por exemplo, entulhando a memria com nomes derivados do grego, classificando-os e reclassificando-os; e ainda assim no ficar mais sbia do que quando comeou. So as grandes verdades que mais preocupam as pessoas, assim como os seus direitos, interesses e deveres, que a Maonaria procura ensinar aos seus Iniciados. Quanto mais sbia uma pessoa se torna, menos estar inclinada a se submeter mansamente imposio de grilhes ou canga, seja sobre sua conscincia ou sobre sua pessoa. Isto porque, com o crescer da sabedoria, ela no s conhecer melhor seus direitos, mas tambm os valorizar mais, e estar mais consciente e seu valor e dignidade. Ento, seu orgulho a incentivar a assegurar sua independncia. Tornar-se- mais capaz de faz-lo; e mais capaz de ajudar os outros e a seu pas quando eles ou ele arriscarem tudo, at suas existncias, na mesma reivindicao. Porm, o mero conhecimento no faz ningum independente, nem o prepara para s-lo. Na maioria das vezes faz dele um escravo mais til. Para o ignorante e bruto, a Liberdade uma calamidade. A cincia poltica tem como objetivo averiguar de que maneira e por meio de quais instituies a liberdade poltica e pessoal pode ser assegurada e perpetuada: no a permisso de votar ou o simples direito de qualquer pessoa de faz-lo, mas liberdade completa e absoluta de pensamento e opinio, da mesma forma livre do despotismo do monarca, dos agitadores e do prelado; liberdade de ao dentro dos limites da lei geral aprovada para todos; as Cortes de Justia com Juzes e jris imparciais, abertas igualmente para todos; fraqueza e pobreza to poderosos

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nessas Cortes quanto poder e riqueza; as avenidas para as profisses e fama igualmente abertas a todos os que meream; as foras militares, na guerra e na paz, em estrita subordinao ao poder civil; impossibilidade de priso arbitrria por ato que no seja visto pela lei como crime, inquisies catlicas, tribunais como os da Idade Mdia. Execues militares, desconhecidas; meios de instruo ao alcance dos filhos de todas as pessoas; direito de Livre Expresso; e responsabilidade de todos os funcionrios pblicos, civis e militares. Se a Maonaria precisasse de justificao para impor deveres polticos e morais a seus Iniciados, bastaria apontar a triste histria do mundo. No s seria necessrio voltar as pginas da histria para os captulos escritos por Tcito: poder-se-ia recitar os incrveis horrores do despotismo sob Calgula e Domiciano, Caracalla e Comodus, Vitelius e Maximiano. Precisaramos apenas apontar para os sculos de calamidade atravs das quais a alegre nao francesa passou; para a longa opresso das pocas feudais, dos egostas reis Bourbons; para aqueles tempos quando os lavradores eram roubados e massacrados como ovelhas por seus lordes e prncipes; para quando o lorde exigia os primeiros frutos do leito matrimonial do lavrador; para quando as prises polticas estavam abarrotadas de vtimas inocentes e a Igreja abenoava os estandartes de assassinos impiedosos e cantava Te Deums para o massacre coroado da Noite de So Bartolomeu. Devemos virar as pginas para um captulo mais adiante, o do reinado de Lus XV, quando jovens meninas, pouco mais que crianas, eram raptadas para servir a sua luxria; quando lettres de cachet enchiam a Bastilha com pessoas acusadas de nenhum crime; quando maridos buscavam prazeres com esposas lascivas; quando viles que ostentavam ttulos de nobreza; quando o povo era esmigalhado no moinho dos impostos, alfndega e taxas; e quando o Nncio do Papa e o Cardeal de la Roche-Ayman, ajoelhando-se devotadamente um de cada lado de Madame du Barry, a prostituta abandonada do rei, colocaram-lhe os chinelos nos ps descalos quando ela se ergueu da cama adltera. Ento, na verdade, os dois tipos de gente comum eram sofredores e exaustos, e as pessoas do povo nada mais eram do que burros de carga. O verdadeiro Maom o que trabalha incansavelmente para ajudar sua Ordem alcanar seus grandes propsitos. No que a Ordem possa alcan-los sozinha, mas isto tambm pode ajudar. Ela tambm um dos instrumentos de Deus. uma Fora e um Poder; e seria uma vergonha se ela no puder se empenhar e, se necessrio, sacrificar seus filhos na causa da humanidade; tal como Abrao esteve pronto para oferecer Isaac no altar de sacrifcios. No esquecer aquela nobre alegoria de Crcio saltando, de armadura completa, para o grande e voraz golfo que se abriu para engolir Roma. Ela TENTAR. No ser sua culpa se nunca chegar o dia em que as pessoas no mais tero que temer uma conquista, uma invaso, uma usurpao, uma rivalidade de naes com as mos armadas, uma interrupo da civilizao por dependncia de um casamento real, ou um nascimento nas tiranias hereditrias; uma separao das pessoas por um Congresso, um desmembramento pela queda de uma dinastia, um combate entre duas religies, cabeceando-se como dois alces de escurido na ponte do Infinito; quando elas no mais tero que temer a fome, espoliao, prostituio por causa da misria, misria por causa da falta de trabalho e de todo o banditismo do acaso na floresta dos eventos; quando naes gravitarem em torno da Verdade como os planetas em torno das estrelas, sem choque ou coliso; e, em todos os lugares, a Liberdade, com seu cinturo de planetas, coroada com os esplendores celestiais e com sabedoria e justia em ambas as mos, reinar suprema. Em seus estudos como Companheiro voc dever ser guiado pela RAZO, AMOR e F.

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No discutiremos agora as diferenas entre Razo e F nem nos empenharemos em definir a abrangncia de cada uma. Mas necessrio dizer que, mesmo nos assuntos mais comuns da vida, somos governados muito mais pelo que acreditamos do que pelo que sabemos, pela F e pela ANALOGIA e, em seguida, pela RAZO. A Era da Razo da Revoluo Francesa ensinou, sabemos, que uma insensatez entronar a Razo, sozinha, como suprema. A Razo falha quando se trata do Infinito. Deve haver venerao e crena. No obstante as calamidades dos virtuosos, as misrias dos merecedores, a prosperidade de tiranos e o assassinato de mrtires, precisamos crer que existe um Deus sbio, justo, piedoso e amoroso, uma Inteligncia e uma Providncia, supremas e que cuidam das coisas e eventos mais minsculos. A F uma necessidade para as pessoas. Desgraado aquele que no cr em nada! Acreditamos que a alma de outra pessoa tem sua natureza e tem determinadas qualidades, que seja generosa e honesta, ou mesquinha e enganadora, virtuosa e amigvel ou viciosa e malhumorada, da qual entrevemos apenas a aparncia, um pouco mais de um relance dela, sem na realidade sabermos seguramente. Confiamos nossa sorte a uma pessoa no outro lado do mundo, a quem nunca vimos, na crena de que ela seja honesta e confivel. Acreditamos que ocorrem acontecimentos com a aquiescncia de outras pessoas. Acreditamos que uma vontade age sobre outra, e na verdade acontece uma multiplicidade de fenmenos que a Razo no consegue explicar. Mas no devemos acreditar no que a Razo negue autoritariamente, no que o senso de direito recuse, no que seja absurdo ou contraditrio, ou no que degrade o carter da Divindade e que pudesse faz-La vingativa, maligna, cruel ou injusta. A F de uma pessoa pertence tanto a ela quanto sua Razo. Sua Liberdade consiste tanto na liberdade de sua f quanto na incontrolabilidade de sua vontade pela fora. Nenhum dos Sacerdotes e adivinhos de Roma ou da Grcia teve direito de pedir a Ccero ou a Scrates que acreditassem na mitologia absurda do vulgar. Nenhum Im do Islamismo tem o direito de pedir a um Pago que acredite que Gabriel ditou o Alcoro ao Profeta. Nenhum dos Brmanes que j viveram, se reunidos em um conclave como os Cardeais, receberiam o direito de compelir um nico ser humano a crer na Cosmogonia Hindu. Nenhuma pessoa ou grupo podem ser infalveis nem autorizados a decidir em que outras pessoas devem acreditar como doutrina de f. A no ser para aqueles que a receberam em primeira mo, toda religio e a verdade de todos os escritos inspirados dependem do testemunho humano e evidncias internas e devem ser julgadas pela Razo e pelas analogias sbias da F. Cada pessoa deve, necessariamente, ter o direito de julgar a verdade da religio por si mesmo, porque nenhuma pessoa pode ter nenhum direito mais alto ou melhor do que outra que tenha informao e inteligncia iguais. Domiciano disse ser o Deus Soberano; e foram encontradas esttuas e imagens suas, em prata e em ouro, por todo o mundo conhecido. Reivindicou ser visto como o Deus de todas as pessoas; e, de acordo com Suetnio, comeou sua carta assim: Nosso Senhor e Deus ordena que isso deve ser feito desta forma; e decretou formalmente que ningum podia se dirigir a ele de outra maneira, fosse por escrito ou pela palavra da boca. Palfrio Sura, o filsofo, que era seu principal delator, acusando os que se recusavam a reconhecer sua divindade, acreditasse quanto fosse em tal divindade, no tinha o direito de exigir que um nico Cristo em Roma, ou nas provncias, fizesse o mesmo.

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A Razo est longe de ser o nico guia, em moral ou na cincia poltica. O Amor, ou a bondade amorosa, deve manter como sua aliada a Razo para repudiar o fanatismo, a intolerncia e a perseguio para os quais a moralidade demasiadamente asctica e princpios polticos extremos invariavelmente levam. Devemos tambm ter f em ns mesmos, nos nossos companheiros e no povo; outrossim, seremos facilmente desencorajados pelos revezes e nosso ardor resfriado por obstculos. No devemos escutar apenas a Razo. A Fora vem mais da F e do Amor, e com a ajuda destes que a pessoa escala as mais elevadas alturas da moralidade, ou se torna Salvadora ou Redentora de um Povo. A Razo deve manter o elmo, mas a F e o Amor originam a fora. So as asas da alma. O entusiasmo geralmente irracional; e, sem ele e sem Amor ou F, no teria existido RIENZI, nem TELL, nem SYDNEY, e nenhum dos outros grandes patriotas cujos nomes so imortais. Se a Divindade tivesse sido simplesmente Todo-sbia e Todo-poderosa, nunca teria criado o Universo. o GNIO que consegue Poder; e seus primeiros-tenentes so a FORA e a SABEDORIA. O mais desregrado dos homens curva-se diante do lder que tem a capacidade de ver e a vontade de fazer. o Gnio que governa com o Poder Divino, que desvenda, com seus conselheiros, os mistrios humanos escondidos, corta em pedaos, com suas palavras, os ns enormes e reconstri, com sua espada, as runas desmoronadas. Ao seu relance caem os dolos sem sentido, cujos altares antes estiveram em todos os lugares altos e em todas as cavernas sagradas. A desonestidade e a imbecilidade se inferiorizam diante dele. Seu simples Sim ou No revoga os erros das eras e ouvido pelas geraes futuras. Seu poder imenso porque sua sabedoria imensa. O Gnio o Sol da esfera poltica. Fora e Sabedoria, seus ministros, so os globos que levam sua luz para as trevas e respondem a ele com sua Verdade slida e refletora. O Desenvolvimento simbolizado pelo uso do Malho e do Cinzel: o desenvolvimento das energias e do intelecto, do indivduo e do povo. O Gnio pode transformar-se na liderana de uma nao ignorante, deseducada e sem energias; mas em um pas livre o nico modo de assegurar intelecto e gnio para os governantes cultivando o intelecto dos que os elegem. Poucas vezes o mundo governado pelos grandes espritos, exceto depois de uma dissoluo e do renascimento. Em perodos de transio e de convulso, os Parlamentos Long, os Robespierres e Marats, e as semi-respeitabilidades do intelecto, mantm, muito freqentemente, as rdeas de poder. Os Cromwells e Napolees vm depois. Depois de Marius, de Sulla e do retrico Ccero, CSAR. O grande intelecto muitas vezes aguado demais para o granito desta vida. Legisladores podem ser pessoas muito comuns, porque a legislao um trabalho comum; apenas a publicao final de um milho de mentes. O poder do pulso e da espada, comparado ao do esprito, pobre e contemplativo. Para as terras, pode-se ter leis agrrias e repartio igual. Mas o intelecto de uma pessoa apenas seu, recebido diretamente de Deus, um feudo inalienvel. a mais poderosa das armas nas mos do paladino. Se o povo compreende a Fora no sentido fsico, quanto mais no a reverenciaria a Fora intelectual! Pergunte a Hildebrand, a Luther ou a Loyola. Eles caem prostrados ante ela como diante de um dolo.

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A soberania da mente sobre a mente a nica conquista que vale a pena. A outra fere ambas e dissolve-se a uma brisa; rstica como , a grande corda cede e finalmente se rompe. Mas isto parece insignificante comparado ao domnio do Criador. No requer uma pessoa como Pedro o Eremita. Se o fluxo no for brilhante e forte, varrer o corao do povo como uma mar de primavera. A fascinao est no apenas na palavra, mas no ato intelectual. a homenagem ao Invisvel. Este poder, amarrado com Amor, a corrente de ouro colocada na nascente da Verdade, ou a corrente que amalgama as classes da humanidade. A influncia do ser humano uma lei da natureza, por se constituir em uma grande propriedade, seja de terra ou do intelecto. Pode significar escravatura, uma deferncia ao eminente julgamento humano. Espiritualmente, a sociedade se une como as esferas que volteiam no alto. O pas livre no qual o intelecto e o gnio governam, durar. Quando o intelecto e o gnio obedecem e as outras influncias governam, a vida nacional curta. Todas as naes que tentaram se governar pelos seus menores, pelos incapazes ou meramente regulares, terminaram em nada. Constituies e Leis, sem o Gnio e sem o Intelecto para governar, no evitaro a queda. Nesse caso elas esto carunchadas e suas vidas se esvaem gradualmente. O nico modo seguro de perpetuar a liberdade estendendo nao a concesso do Intelecto. Isto compelir ao empenho e ao cuidado generoso por parte dos que ocupam cargos mais altos e lealdade honorvel e inteligente os mais abaixo. Assim, a vida poltica pblica proteger todas as pessoas da auto-degradao em buscas sensuais, de atos vulgares e voracidade vil, desenvolvendo a ambio nobre de um governo imperial justo. O grande labor no qual a Maonaria deseja estender uma mo auxiliadora na elevao do povo mediante o ensinamento de bondade amorosa e de sabedoria, com poder para o que ensina melhor; e assim desenvolver o Estado livre a partir da Pedra Bruta. Todos ns devemos trabalhar na construo do grande monumento da nao, a Casa Sagrada do Templo. As virtudes cardeais no podem ser distribudas entre as pessoas, tornando-as propriedade exclusiva de alguns, como as profisses. TODOS so aprendizes do Dever e da Honra. A Maonaria uma marcha e uma batalha em direo Luz. Para o indivduo, assim como para a nao, Luz Virtude, Humanismo, Inteligncia e Liberdade. A tirania sobre a alma ou sobre o corpo a escurido. Os povos mais livres, assim como as pessoas mais livres, esto sempre correndo o perigo de reincidir na servido. Guerras quase sempre so fatais s Repblicas. Criam tiranos e consolidam seu poder. Emergem, na maioria das vezes, de conselhos daninhos. Quando os pequenos e os ignbeis so encarregados do poder, a legislao e a administrao tornam-se apenas sries paralelas de erros e asneiras, terminando em guerra e na necessidade de um tirano. Quando a nao sente seus ps escorregando para trs, como se andasse sobre o gelo, chegado o momento de um esforo supremo. Os grandes tiranos do passado so meros modelos para os do futuro. Pessoas e naes sempre se vendero escravido para gratificar suas paixes e conseguir revanche.O pretexto do tirano, a necessidade, est sempre disponvel e, uma vez o tirano no poder, sua necessidade de garantir sua prpria segurana o faz selvagem. Religio um poder e o tirano precisa control-lo.

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Independentes, os santurios da religio podem se rebelar. Ento passa a ser ilegal adorar a Deus ao modo de cada um e os velhos despotismos espirituais revivem. As pessoas tm que crer como o Poder quer, ou ento morrem; e, mesmo se crerem como querem, tudo o que tm, terras, casas, corpo e alma, estar carimbado com a marca real. Eu sou o Estado, disse Lus XIV aos seus camponeses; at as camisas em suas costas so minhas e eu posso tir-las, se quiser. E dinastias estabelecidas assim duram, como a de Csar de Roma, a dos Csares de Constantinopla, a dos Stuarts, a dos espanhis, a dos Goths, a dos Valois, at que a raa se desgaste e termine em lunticos e idiotas que ainda governam. Entre eles no existe concrdia que d fim horrvel servido. O Estado rui, assim como dos golpes estranhos dos elementos incoerentes. As furiosas paixes humanas, a sonolenta indolncia humana, a parva ignorncia humana, a rivalidade de castas humanas, so to teis para os reis como as espadas para os Paladinos. Os adoradores tm-se submetido h tanto tempo ao velho dolo que no podem sair s ruas e escolher um novo Grande Lama. E assim o Estado estril flutua na corrente lamacenta do Tempo at que a tempestade e a mar percebem que o verme consumiu sua fora e o Estado desmorona para o esquecimento. Liberdade civil e religiosa devem andar de mos dadas; e a Opresso amadurece a ambas. Um povo satisfeito com os pensamentos criados para ele pelos sacerdotes de uma igreja estaro satisfeitos com a Realeza por Direito Divino, a Igreja e o Trono sustentando-se mutuamente. Iro aplainar o cisma, a infidelidade e a indiferena; e, enquanto a batalha por liberdade se desenrola ao seu redor, ele simples e apaticamente afundar na servido e num transe profundo, talvez com a interrupo ocasional de furiosos frenesis seguidos de exausto desamparada. No difcil acontecer despotismo em qualquer terra que, desde sua infncia, conheceu apenas um mestre; mas no existe nada mais difcil de se conseguir do que aperfeioar e perpetuar o livre governo do povo por si mesmo, pois no ser necessrio um rei: todos devem ser reis. fcil entronar Masaniello, e em poucos dias ele cair mais baixo do que estava antes. Mas um governo livre cresce lentamente, como as faculdades humanas individuais; e, como as rvores das florestas, desde o mago at a casca. A Liberdade no apenas o direito natural de todos, mas perdida tanto por algum que no a usa quanto por algum que a usa de forma errada. Depende mais do esforo universal do que de qualquer outra propriedade humana. Ela no tem nenhum santurio ou nascente sagrada para onde a nao peregrine, pois suas guas brotaro livremente de todo o solo. O poder popular livre um dos que somente so conhecidos em sua fora no momento da adversidade, pois todas as suas provas, sacrifcios e expectativas so suas prprias. treinado para pensar por si mesmo e agir por si mesmo. Quando o povo escravizado se prostra na poeira ante o furaco, como animais do campo assustados, o povo livre o enfrenta de p, com toda a fora da unio, em auto-determinao, confiana mtua, com insolncia, contra tudo menos contra a mo visvel de Deus. No derrubado pela calamidade nem ensoberbecido pelo sucesso. Este vasto poder da persistncia, da ancestralidade, da pacincia e do desempenho somente adquirido pelo exerccio contnuo de todas as funes, como o saudvel vigor fsico humano, como o vigor moral individual.

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E a mxima to velha quanto verdadeira: o preo da liberdade a eterna vigilncia. curioso observar o pretexto universal pelos quais os tiranos de todos os tempos tomam as liberdades nacionais. Est escrito nos estatutos de Eduardo II que os juzes e os


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