N O V O
EM LISBOA
CINTRA , COLLARES , MAFRA , BATALHA , SETUBALSANTAREM ,
COIMBRA E BUSSACO
PRECEDIDO nm lmonucçâo
DE
JULIO CESAR MACHADO
Q UA R TA ED I Ç A O M UITO A UGM ENTA D A
Com ummappa de Po rtu ga l
LISBOA
V e n d e -s e p o r 800 r é i s
NA LOJ A DO EDITOR J . J . B ORDALOTra ve s sa d a Vi c to ri a , 42 , Lº
INTRODUCÇÃO
Lembram—se de Lisboa , no e stado em qu e ainda
todos nós a conhecemos?
Tudo à s
De tempos a tempos sabia-se pelas cartas do«Braz Tizan a » , esc riptas no Po rto por Jose de
Sousa Ban deira sobre as informações qu e d aqui
lhe eram enviadas , e que saiam primeiro no Perío
d íc o do s p o bres , e depois no j ornal que tomou por
títu lo o p seu do n ymo do famoso folhetinista da c i
dade etern a—qu e a camara municipal depois deuma sessão laboriosa e renh ida havia resolvido dar
mai s doi s candeeiro s à capital . O correspondente ,por não se usar ainda os c h avões j orn al í s tico s de«Parabens a i llustre camara » nem «Regis tramos
este acto qu e faz honra ao il lustre vereador » limi
tava-se a fazer com qu e o leitor se compenetra sse
b em de qu e , estabelecendo a ari thmeti c a no fim
INTRODUCÇ A O
d o anno que tinhamos mai s dez candeeiros , era o
mesmo que dizer qu e'
e stavamo s dez vezes mai s
e scl arecidos do que no anno“
antecedente !
O que não impedia que , no centro mesmo da
cidade,qualquer das ruas de maior trans ito pos
su isse apenas um c an d ie iri to , destinado unicamente
a fazer s o hresa ir ainda mai s o horror sombrio dos
síti o s menos favorecidos ,
Um pobre homem que se perdesse de noite , por
essas ruas então barrancosas, i a aos tomb os de
abysmo em ab ysmo , escorregando no cascalho , es
barrando nos frades de pedra , ca indo de ventas
nos montes de
De mei a em meia hora , um candieiro de luz in
decisa e deh i l ; só o que chegasse para uma pesso a
conhecer que se enganara no caminho e que an
dava perdida .
A l adroíce pouco audaz , mas-
frequ ente . Co vi s
de l arapi o s em cada beco . Ladrões tímidos , neo
phyto s in experientes discipulos,pela maior parte ,
de u m professor que nao podia mecher—se ,— u m
coxo que estacionava no Terreiro do Paço , á porta
da aula do commercio.Toda a gente conhecia esse coxo , director das
l adro eiras, caixa dos furtos, que mandava os seus
n vrn o n n c ç A o 5
delegados para os diversos pontos importantes , para
o passeio publi co , para os theatro s da rua dos Con
des ou do Sal itre, para a porta das egrej as ; e ar
rec adava depoi s o fructo de taes di ligencias , de
u mas vezes recompensando logo os gatuno s , de
o u tras encarregando-se da venda dos obj ecto s e
dividindo o producto .
Pessoa a q u em nas ruas houvessem roubado a l
gu'
ma coi sa, n ã o i a procurar a pol ici a , i a procurar
o coxo combinava-se o ajuste , e o ladrão vendia
ao roub ado .
A segurança dos predios e garantia dos mora
dores eram os sapateiros de escada .
Em casa .que n ã o t ivesse esse guarda amigo ,. es
t ava-se sempre em cuidados de não deix ar aberta
a porta da rua .
Os l adrões entravam , então , pel a j anel la .
Um dos mais engraçado s homens d'ess a epoca ,vivo a inda hoj e , Domingos A ., sabendo que ess e
era o costume d'o l le s , não se de u sequer ao i n c om
modo de fechar a do se u quarto n uma noite de
verão , em que recolhera sem dinheiro : unicamente ,por precaução de s cenario , pôz um par de pistol a s
a cabeceira .
Pelas duas horas da madrugada o ladrão app a
6 INTn o n u c ç Ko
recen , espreitou , esteve a escuta , ouviu o resonar
com que o dono da casa simulava dormir , e entrou .
Logo que o viu entretido a abrir uma gaveta ,Domingos A. sentou-se na cama, apon tou u ma p i s
tola, e disse -lhe com seriedade—Ponha p
º
r'
ahi tudo qu e traz c omsigo l
O ladrão queria aj oelhar-se .
Nada de attitudes. Q u anto traz c oms igo ? Con
serve-se de pé e responda !—Dezoito to stoes , senhor !Ponha—o s ahi .
_Então hei de
Quer antes um t iro ?
Gesto negativo.—Pois dê c á os dezoito tostoes .
O ladrão despej ou o bolso com ar mortifi cado ,e 1a de novo saltar pela j anella
,quando
,para at
tender às boas lei s da hosp italidade,Domingos A .
lhe o lferec eu um pho sph o ro para descer a escada
e o convidou gen tilmente sa ir p ela porta a ssegu
rando -lhe que , por egual preço,poderia voltar
quando lhe appro u vesse .Poucos as sassinatos todavia ; como n
'e s ses tem
pos a pol itica andava fortemente in ci tada e i n c en
di da, esperava—se talvez qu e alguma das b ern ard as
INTRODUCÇ AO 7
restaurasse a forca para remed iar a fal ta d 'aqu el le
supplemento de côr local , que estava em desac c o rd o
c om o ch aos em que s e v ivia .
De vez em q u ando vinha algum episodio j u s ti fi
car a lei da harmonia , e dar maior feição a o genio
melo dramati c o d a quadra. Ab riam-se , por exemplo ,a s portas do Limoeiro
,e ahi rompi a pela cidade
inteira a va sta cambada de malfeitores . Ferviam os
tiros por e ssas ruas trop a para um lado , t rop a
para o outro ; d'aqui fa c c i n o ras , d
'
ac o lá soldados ;vivi a a cidade em sustos .
Nunca se tinha certeza de que as loj as não fe
c hassem de d ia. Dormia-se de espad a a cabeceira .
Houve quem enriquecesse a vender api tos ! Ate o
castello de S . Jorge , que era a prisão que tinh a
melhores ferrolhos , poz—lhe s azeite e deixou—o s correr. O s presos em gera l tinham um pé na ga iola ,e outro na rua . Era sabido .
O s bata lhões n ac i o n aes alegravam a cidade. Ba
ta r e'
o s , lhe s chamava o povo . Toda a gente se far
dou . Só o s o ffi c iaes davam para u m exerc i to s i to .De
c o ro n eis podiam formar tres des tac amen
tos.
A população vivi a as sombrada ; a'
cidado , apezar
do c ão de a n i l e do Tej o de c rys ta l dos poetas , es
8 mr n o n n c ç A o
t ava feia. Em se saindo das ru as da ba ixa,mudava
logo o aspecto fazia horror .
Cordas á j anella , com roupa a se c c ar .
Gall i n has à s portas.
Um porco dentro da loj a .
Rebanhos de pequeni tos a brincar nas escadas,
acocorados nos degraus aos cinco e aos seis, 0
mai s velho com o mais novo às costas , esfran ga
lhado s , sem meias,suj os , de car i nha s pa llidas e
amarel len tas .
Garotos em bandos , apedrada , pel o meio da ru a ,s altando , correndo , esbarrando em qu em passava .
A o portal , a mae a remendar o fato , a fi lha a
fazer meia ; a avó, idiota , sentada l á dentro a um
canto .
Loj as terreas , humidas , impossivei s de inverno ;u m cheiro de trapo podre a exhalar—se d i aqu i l lo
tudo !
O luxo exterior das vivendas era papagaios ;quem n ao t inha papagaio , t inha uma arara ; quem
não tinh a arara,tinha u m periquito quem não p o
d ia sequer terp eriqu ito , punha u m de
pau n a j anella de sacada .
Á hora do larga r da agulha falava-se de j anella
para j anel la como se o facto de ser vizinho“
de a l
INrn o n u c ç X o 9
guem au c to r i sasse a travar conhecimento ; pedia- s e
um ramo de sa lsa , o s acca -rolhas emprestado , fa
lava-se de uns e de outros,discorria-se em voz a l ta
a respei to da vida de cada qual , e ao ca ir da noite
fechava- se toda a gente nos d ifferente s andares do
seu predio como obj ectos guardados na s gaveta s
de uma c ommo da .
Então princip i ava a grande noi te .
Tudo qu ieto , tudo so turno e
Apena s o pregão de um agu ade iro a qui ou al li ,roncando lugubremente— Aú !
Ninguem acredi tava , n inguem suspei ta va siqu er
que possa haver fe li cidade no movimento , e que a
actividade agrade tanto à s c reatu ra s que a té a ra
zã o se recuse a admi ttir a real idade de u ma ven
tura immo vel e sempre egual por mais completa
que sej a .
Mas , Li sboa não o entendia a ssim e para ella
o supremo b em, o b em por exc el len c ia era ni
essa
epoca a quietação , o somno emcasa , na rua a
à s escuras
Hoj e , j a felizmente o viaj ante não encon tra em
Lisboa a s ru ín as mai s caricata s que arc heo lo gi c as
d a cidade d esse tempo .
i O n vr n o n u c çxo
Vieram as ed i fi c aç o es novas , as praças largas, a s
b o as hospedarias , os thea tro s elegantes e bem ven
t i lad o s , os j ardins, os squ a r es .Vieram , sobretudo ,e scolas e asylo s .
Foram-se com os deuses os c azeb res do Loreto ,o capote e lenço , as seges de bandeirinha . Desappareceram em grande parte as ruellas onde nunca
penetraram nem o ar n em o sol. Já se encontram
pelo caminho bancos d e pedra , de ferro , ou de
pau , onde uma pessoa se sente. Já ha uma a llu viã o
de omnibu s em explo raça o permanente ; j a não fe
cham as loj as ás Ave-Marias j a ha polici a ; j a ha
Já a população s ae , e j a se d eixa ver a horas
certas e nos logares da moda ; tem—se gracej adocentos de vezes a respeito dos famosos c o rso i ta
lianos , onde não é l ícito faltar sem quebra dos me
lb e res usos da s ign o r i a mas o Passeio Pu b l ico na s
noites de quinta feira e de domingo no verão , da s
duas às q u atro horas da tarde no inverno , assim
como as ruas da baixa e o Chiado , são variantes
do c o rs o l isbonense ; e provam mais uma vez que
a infl uencia dos costumes modernos tem grande
poder creador, e que se tornam em um ben efi cio
quando são c ivi l isado res e quando concorrem para
INTRODUCÇ A O l i
o engrandecimento da i ndustria e do commercio
pelo lado uti l do luxo , do conforto , e do prazer de
todos . Não ha hoj e em Lisboa cl asses pri vi legi ada s ,e toda a gente tem a sua di sposição a s festa s , o s
pas seios,o s e spectaculos , vivendo independente e
l ivre,egua l a todos pelo recre io c omo e egual p e
rante a le i .
É tudo hoj e di fferente do que era , em Lisbo a .
Ficaram as condições pítto resc as d a cidade , no
que respeita a posição , e passou por cima de tudo
i s to o sôpro vivifi cador do progresso , que a inda
agora prin cipia a fazer- se sentir apenas , se qu izer
mos c omparal—a ás capitaes dos paizes ma i s'
ad ian
tados da Europa , mas que faz com que j a lembre
de vez em qu ando por uma praça , por um j ardim ,
por um theatre , por uma serie de predios , por
uma ou outra loj a , Pari s , Madrid , o u Mi lão . Quando
digo «j a lembre não é minha in tenção pôr no es
c u ro a grandeza de Lisboa e sua notoria s u peri o
r idade em dimensões e em população a Milão e a
Madrid ; mas é que ella s t êem c omqu an to cidades
ma i s pequenas , u ma feição de adiantamento , de
elegancia , um cunho de c ivi l isaçã o ma i s a c c en tu ado ,mais decisivo do qu e Lisbo a— o que tambem de
nenhuma maneira impede Lisboa de lhes l evar van
12 [Nr n o n u c çã o
tagem em muitos pontos e de ser uma da s ma is
formosas cidades da Europa , e porventura a mai s
origi n al de todas .
Talvez não h aj a hoj e capital no mundo , onde seviva tanto a vontade , e em que cada um possa me
lhor dizer , escrever , e fazer o que q u izer ; vao uns
p ara os go so s do amor proprio , outros para os do
bem estar material , alguns para a gloria , os de me
lhor j uizo para a tranquilidade feliz. Não será uma
cidade rica,mas é uma cidade j á elegante, grande
mente prendada pelas condições do solo , rica toda
ella de arvores,de fl ores , de vegetação , com im
mensas quint as , hor tas , campos encravado s por
entre a casaria . Ac c u sam—a geralmente de cidade
monotona faz pouca bulha , falla baixo , e não apre
goa grandezas — quem sabe , porém , se i sso
mesmo e bom , para o destino não se qu es i lar e nao
chegarem até nós nem o ci u me , nem as i n imi s a
des , n em a invej a dos outros paizes
%á a é % wa í a cé .
N O V O GUI A
VÍAJANTE EM LISBOA
E SEUS ARREDORES
C H EGA D A A L I S B O A
O vi aj ante que entra pela barra, mostra o passaporte ao encarregado da policia , qu e va e a bordo ,e quando desembarca entrega-o na casa da po liciado porto (que e no edifi cio da alfandega) e vae bu scal- o , no praso de tres dias , ao governo civi l , parao levar a visar ao seu consul , sendo estrangeiro , ene sse acto recebe um bilhete de residencia , mesmono governo civil
,cu j a repartição se ach a estab ele
cida na travessa da Pa rr eír ín ha , ao lado do theatrode S. Carlos . Chegando a Lisboa , por outra qualquer via , sej a nacional ou estrangeiro , o viaj ante seapresen tará no governo civi l ; no segundo caso rec eb era bilhete de residencia.
CORPO CONSULAR PORTUGUEZEM LISBOA
A u s t r i a
Cons u l gera l Carlos K rus . Travessa das Pedras Negras , i .Vi ce-consul—A less andro Nobile de Fontana .
Belem .
Chancelier Pedro Gomes da Si lv.—Travessa
das Pedras Negras ,
B e l g i c a
Consul—Jorge To rlades O i
Nei ll. Travessa doSequeiro das Chagas
, 1 .
B r a z i l
Consu l gera l—Manuel de Arauj o Porto A legre .Rua da Atalaya , 407.
n o VIAJANTE 15
C h i l i
Consul— Antoni o Joaquim de O li veira . Ruadas Flores .
C o n f e d e r a c ã o A r g e n t i n a
Consul Negrão .
C o n f e d e r a c â o S u i s s a
Consul Theodoro Daggller. Chiado , Gl .
E s t a d o s -Un i d o s d a A m e r i c a
Consul Le ivis. Ru a do Alecrim .
F r a n c a
Consu l Girando . Ru a Formosa .
Gr ã —B r e t a n h a
Consu l— Bra cken h u rg. Travessa de Athayde .Vice-consu l Carlos O
º
Do n n e l l.— Largo dasChagas .
G r e c i a
Consu l — Jorge To rlades O *
Ne i ll.—Travess a doSe queiro das Chagas.
16 NOVO GUIA
H o n d u r a s
Consul gera l Carlos K rus. Travess a das Pedras Negras , l .
H e s p a n h a
Consul—Miranda . —Ru a da Trindade,12 .
I t a l i a
Consul— Joao Bapti sta Piombino .—Becco dosApostolos , 7.
P a i z e s -B a i x o s
Consul— H. C . Hu lsemb o s .— Ru a da Emenda .
P e r ú
Consul Joao de Brito . Ru a de S. Francisco ,
C o n f e d e r a c ã o d a A l l e m a n h a d o N o r t e
Consul geral J . Poppe . Calçada de S. Francisco .
R u s s i a
Consul geral—A . de Laxman n . Travessa doCorpo Santo , 27.
HOSPEDABIAS (HOTEIS)
0 viaj ante encontra em Li sboa hospedari as dedifferentes preços , desde 35600 até 500 réis diari os , d entre as quaes escolherá a que mais convierao seu estado fi nanceiro. Ha d'estes estab elec imentos situados em proximidade do Tej o , e outros nocentro d a cidade , e nos logares de mai s c o n c o rrenc ia . Mencionaremos aqu i , para c ommo d idade doviaj ante , os nomes e l o c aes das hospedarias mai sn o tave i s de Li sboa.
Ho tel Vizi en seAmer i c an o
Alemtej an o
Alexan dreDo i s Irmão s Un i do s
No va All ian ca .Du ran d
Bragan çaCen imhri c en se
Bel la Au rora
Ru a dos Bac alh o eiro s , 139.
Largo de S. Paulo , 3 .
Ru a dos Arameiro s ,Praça dos Bomu l ares , lr.Praça de D. Pedro , 1 13.Ru a Nova da Trindade , 10.Ru a das Flôres , 7 1 .Ru a do ThesouroVelho, 4 1 .Largo do Corpo Santo , 6 .
Rua dos Algiheb es , H O.
n o VIAJANTE 19
Ho tel Prob idadeMo n iz
Po rtu gu ezBel la Estrel laFran c fo rt
Das Varan das
do Rei n o
Lu so -Brazi l c ire
Firmeza.Un iversal
Gibraltar
do Biba-Tej oPen in su larUn ião de Cin tra . .
Ul tramarin oEu ropa
Lu s itan iaPºpu lar
En c arn ação
Street l n gl i chTres Co ro as
Cen tral .Pel ican oDu as Irmãs .
da Esperan ça
Bu a dos Fan qu e iro s , 40.
Ru a Augusta , 2 43 .
Ru a da Conce i çao Nova , 53.Ru a da Pra ta , 199.Ru a Nova do Almada , 109.Campo das Cebolas , 32 .
Ru a do C . de Santarem , 55.
Ru a dos Romu l ares , 35.
Praça de D. Pedro , 30.Travessa de Estevao Galhardo , 23.
Travessa de Estevao Galhard o , 10.
Ru a Nova de É l—Be i , 3 1 .Ru a Nova do A lmada , 1 1.Ru a do Jardim do Begedor, 17
Travessa da Vi ctori a , 7 .Ru a Nova do Carmo
, 16.
Ru a Nova de El-Bei , 67 .Ru a do Jardim do Regedor , 1 7 .
Ru a da Prata , 250.
Ru a do A lecrim , 47 .
Ru a dos Douradores, 34 .
Praça dos Bomu lares, 25.R u a dos Fan qu e iro s , 2 78.Ru a do Arsenal , 146 .Travessa de S. Jul ião ,
20 NOVO GUIA
Ho tel Nac i o n alNova Al l ian ça
Terc eiren se
Leão de Giro.BismarkSegu ran ça
Li sb o n en se
Pedro Alexan drin o
Hero i smo
Paraizo
Po rtu gal e Brazi l
EmbaixadoresPomba de Oiro
Espan o l
Po rtu en seGran d Restau ran t Fran c ez
BANCOS EM LISBOA
Ba n c o de P o r tu ga l. Ru a dos Capel li stas , 148.Ba n c o Lu s i ta n o ._ Ru a dos Cape ll i stas , 85.
Ba n c o Hyp o thec a r i o . Largo de Santo Antonioda Sé.Ba n c o Na c i o n a l Ultrama r i n o .— Rua dos Capel
li stas , 74 .
Travessa da As sumpção , 99.Ru a de S. Ju li ao , l l .Largo do Pelou rinho , 43.Ru a da Prata , 20.
Ru a do Chiado , 47 .
Ru a dos Fan qu e iro s , 12 1 ,Ru a dos Capel li stas , 7 .
Travessa de Santa Ju s ta , 70.Largo do Pelourinho , 13 .
Travess a do A lmada , 12 .
Praça de D. Pedro , entradapela rua do Arco do Bandeira , 229.
Ru a Nova do Almada , “6.Ru a Nova do Carmo , 102 .Ru a da Prata , 156.
Ru a d o Ar senal , 54 .
Largo de S. Julião .
n o VIAJANTE 2 1
Ba n c o Al l i a n ça d o Po r to (caixa fi l ia l) . Ru a doFerregi a l d e Cima , 6.
Ba n c o Commer c i a l d o P o r to (caix a fIl i al) . Ru a
da Emenda ,'
65 .
Ba n c o Mer c a n t i l P o r tu en se (caixa fi l i al) . Tra
vess a das Pedra s Negras , 1 .Ba n c o Po p u la rHesp a n h o l .
— Largo do Carmo , 1 5 .
Lo n do n Br a z i l i a n Ba n k Limi ted . Ru a novado A lmad a , 69.
Ba n c o Un i ã o d o Po r to , Travessa de S . Ni colau , entrada pela rua do Crucifi xo , 38.
BANQUEIROS
K r n z Comp a n h i a . Travess a das Pedras Negras , 1 .Jo sé Go n ça lves Fra n c o Fi lho . Ru a dos Ca
pel l i stas .
Fo n s ec a , Sa n to s Vi a n n a .— Bu a dos Capel
l i sta s .Fo r tu n a to Chami ç o Ju n i o r . Calçada de S. Fran
c isco , 10.
R i c a rd o Ca rva lho Comp a n h ia .— Bu a dos Fan
queiros , 456 .
J . R . Bra n c o .—Largo de Santo Antonio da
Sé, 19.
Wa rbu rg Dan i .— Rua do Ferregial de Cima, li .
22 No vo GUIA
COMPANHIAS DESEGUROS MARÍTIMOSE CONTRA VIDAS
Companh ia F ideli da de—Marít imos'
e fogos .L argo do Corpo Santo .Companhi a Bo n a n ça —Marí timos e fogos . —Bu a
do Ouro.Companhia Segu ra n ça do Po r to (agencia em Li s
boa) . Ru a da Magdalena ,
Companhia Ga r a n tia d o Po r to (agencia em Lis
boa) . Calçada de S . Francisco , 40.
Companhia I n demn i sa d o ra d o P o r to— contra fogos e vidas .— Largo do Corpo Santo .Companhia La Esp a n o la de Ma dr id— Marí timo s
e vidas._ Travessa das Pedras Negras , l .Companhia Assegu ra do r a de Barcelona , seguros
marí timos .—Travessa da s Pedras Negras , l .Companhia El Fen i ce Espa n o l contra fogos .
L argo de Santo Antonio da se, 3 .Companhi a La Atla n tiqu e d u Havre, seguros ma
rítimo s .— Largo de Santo Antonio da Sé , 3 .
Companhia La Un i ã o de Ma dr i d , seguros maritimos , contra fogos e vida s. —Ru a do Prín c ipe , 63 .
Companhia La Ca ta lu n a , Ba r c elo n a — segurosmarítimos .—Travessa da Palha.Companhia El Llo yd An da lu z , seguros marítimosRu a da Emenda .Companhia Lo n do n La n c ashi re seguros contra
fogos . -Largo dos Torneiros.
n o VIAJANTE 23
Companhia Qu een , seguros c ontra fogos .—Ru ada Prata .Companhi a Su n F i re , segu ros contra fogos .
Rua da Magda lena .Compan hia Roy a l , seguro s contra fogo s .— Bu a
da Prata .Companhia Li verp o o l , Lo n do n Glo be, segu ros
marítimos e contra fogos ,— Ru a do A lecrim.
Compan hia No rv i c he Un i o n , seguros contra fogos e vidas .— Bu a do Crucifi xo .
Companhia La Ba lei se, seguros mari time s .Bu a dos Capell i stas.
É faci l termos dei x ado de mencionar alguma com
pan hi a ou associaçao, com a brevidade que desej amos dar a p u blicação d este Guia.
CLASSIFICADORES DENAVIOS
Ver i ta s a u s tr ía c o , agenci a em Li sbo a e Porto.Agente , Pedro Gomes da Si lva . —Bu a das Pedra sNegras , l .—Peritos ; Antonio José Sampaio e Alexandre Jose da Costa— ambos no Boqueirão doDuro (é Bo a—Vi sta) emLi sboa . Carlos Joaquim deAzevedo Vareta e Custodio Martins da Sil va Santo s—ambos no Trem do Ouro (Porto).Ver i tas fra n c ez , agencia em Lisboa .—Agentes
,
24 No v o GUIA
To rlades Companhia .—Travessa do Sequeiro (ásChagas) , l ,—Porto , Francisco Urbano de Passos ._Ru a dos Ferreiros (á Estrella) , 63 .
COMPANHIAS E ESTABELECIMENTOS DE CREDITO
Emp rez a de tr a n sp o r tes flu vi a es . Calçada deS. Francisco
,40.
Comp a gn i e des ser vi c es ma r i t imes des message
r i es,ma r i t imes . Carreiras entre 0 Brazi l e Ri o da
Prata .—Travessa do Sequeiro (ás Chagas) , l .Li verp o o l Bra z i l a n d River Pla te Stea n n a viga
t ion c omp a n y o
Limi ted r —Ru a do A lecrim ,l O.
Lign e pen i n s u la i r e—Entre Havre , Li sboa , Ç a
d iz , Gib raltar e Malaga — Largo do Pelourinho , 19 .
Ca rr ei ra r egu la r e men sa l do s vap o res en tr e
Li verp o o l , Pa ra'
, Ma ra n ha o e Cea rá .— Ru a do Ale
crim , 40.
The Sp a n i sh a'
P o r tu gu ese Sc rew Steam Sh ipp i n gComp a n y . Vapores entre Londres e Cadiz .—Praçados Bomu lares .Emp rez a lu s i ta n a de n a vega çã o p o r vap o r pa ra
Afr i c a , Aç o res e Alga r ve.— Ru a do Ferregial de
Cima , 6 .
Emp rez a i n su la n a de n a vega çã o .—Vapores para
os Açores , S . Migu el , Terceira , Graciosa , S . Jorgee Fayal. Agencia , Caes do Sodré, 84 .
26 No vo GUIA
AGENCIAS , Asso c IAçõns n COMPANHIAS
C o m p a n h i a d e C a r r u a g e n s Om n i b u s
Rua do Cru cifi xo.
C o m p a n h i a R e a l d o s C ami n h o s d e F e r r o
P o r t u g u e z e s
A Santa Apolonia.
C o m p a n h i a d e L a n i í i c i o s
d o C a m p o Gr a n d e“
Rua dos Betro zeiro s .
A g e n c i a d o s V a p o r e s d e B e l e m
No Aterro da Bo a Vista.
A s s o c i a ç ã o C o m m e r c i a l d e L i s b o a
Praça do commercio .
A s s o c i a ç a o d o s Em p r e g a d o s d o Es t a d o
Rua Augusta.
n o VIAJANTE 27
A s s o c i a ç ã o d o s Em p r e g a d o s n o C o mm e r
c i o e I n d u s t r i a
Rua dos Douradores , 72 .
C e n t r o P r o m o t o r d o s M e l h o r a m e n t o s
d a s C l a s s e s L a b o r i o s a s
Largo de S . Domingos.
C o m p a n h i a P e r s e v e r a n ç a
Largo do Conde Barão , 13 .
C o m p a n h i a d o Ga z
Rua da Bo a Vi s ta .
C o m p a n h i a L i s b o n e n s e d e Ta b a c o s
Em San ta Apoloni a .
C o m p a n h i a d e Ta b a c o s d e X a b r e g a s
Em X ab regas .
C a i x a d e C r e d i t o I n d u s t r i a l
Rua dos Douradores , 92 .
NOVO GUIA
A g e n c i a P r i m i t i v a d e A n n u n c i o s
Ru a Augusta , 270.
DESPACHANTES ENCARTADOS DA ALFANDEGADE LISBOA
Antonio Rodrigues To cha .Gu ilherme dos Passos Pei x oto .Manuel Jo sé Baptista .Carlos Au gusto Chaves Nu nes.Antonio da Si lva .Augusto Radich .
Domingos Jo sé Marques.Casimiro Co vac i c h .
Joaquim Lourenço Freire.Justiniano José Marques.João Carlos Raposo .José Mari a Raposo .
Antonio Jacinto Martins Seromen ho .José Manuel do Valle .Januario Seabra .Chamb i ca Gonçalves.José Bernardino da Cunha Gomes .Antonio Joaquim Leite Ribeiro .Candido Antonio de Fari a .João Liborio da Cunha .
n o VIAJANTE 29
José Rib eir o Freire .João de Sampaio De Roure.Augusto Vi c to Veiga da Cunha .Duarte Braga .João Joaqu im da Si lva Negrão .Jorge Potier A lvares .Antoni o Martins Fonseca Cardoso .
Francisco Jose da Si lva Gran ato .
Raphael Archanj o de Car valho .Francisco Roberto da Pena Montei ro .Caetano José X avier de Sousa .
CORRECTORES DE NUMERO
DE CAMB IOS E FUNDO S PUBLICOS
Domi n go s Ch i ap o r i .—Ru a dos Capel li s tas , 1 13,
Jo ã o Edu a rdo da S i lva .—Rua dos Capel listas ,
1 13.
Herma n o Freder i c o Mo ser.—Rua do Ferregialde Ba ixo , 5.
DE MERCADORIA S E LEILõEB
An to n i o Go n ça lves Lama rã o . Esc ripto ri o naPraça do Commercio .An to n i o Jo se de Abr eu . Esc ripto rio na Praça do
Commercio .
30 No vo GUIA
An to n i o Jo a qu im X a vi er de So u sa .
“
Esc ripto rio
no edifi cio da alfandega de Lisboa.An to n i o Ma ssa .
—Esc ripto r i o na Praça do Commercie .
An to n i o de Olivei ra Gu ima r a es . Ru a n ova daTrindade, 12 , e n a Praça do CommercioAn to n i o Vi c to r Perei ra Merello . Esc ripto rio na
Praça do Commercio.
DE NAV l o s E LEJLõEs
An to n i o Jo se Gomes Netto . Caes do Sodré, 1 ,
e na Praça do Commercio.Fra n c i s c o de Pa u la Ga va z z o .— Rua do Ale
crim , 2 1 .
POLICIA CIVIL DE LISBOA
COMM I SSABI ADO GERA L
(No ed i fi c i o d o g o ver n o c i vi l.)
Commi ssa r i o . gera l—D. Diogo de So u sa .
Ha tres divi sões de p o li c i a .
O s c ommi ssariado s acham-se abertos desde asnove horas da man hã até ás tres da tarde, e - desde as oito até às nove da noite ; havendo sempreem todas as esquadras um empregado de gradua
n o VIA JANTE 31
ção para receber e dar O devido andamento a todas as qu eixas , que se apresentam e di gam respeito ao serviço policial.
Fregu ezias respec t ivas a cada um do s bai rro s e d ivisõesde po l ic ia c ivi l de Lisboa
BA IRRO OR IENTA L E PRIMEIRA DIVISÃ ODE POLI CIA
An j os S. Jorge ( intra—muros) Santo AndréSanta Engracia S. V icente S . Chris tovaoS. Lourenço Pena Soccorro Santa Cruz
do Castello Santo Estevao S. Joao da PraçaS. Migu el Sé S . Thi ago .
BA IRRO CENTRA L E SEGUNDA DIVISÃ ODE POLICIA
Coração de Jesus S . José S . Jub ao SantaJusta Magdalena S. Nicolau Conceição NovaEncarnação Martyres Sacramento S . Se
bastião da Pedre ira (intra—muros) .
BA IRRO OCCIDENTAL E TERCEIRA DIVISÃ ODE POLICIA
Santa Isabel (intra-muros) S . Mamede SantaCatharina Mercês S. Paul o Alcan tara (intramu ros L apa San tos O Velho.
32 No vo GUIA
ESTABELECINENTOS FUNERARIOS
Sã o quatro os mais n o tave i s da capital o doCastro situado n a ru a de Santo Antão ; o do Bo rcken , no tim da rua nova da Palma ; um no largoda Abegoari a , j unto à rua da Trindade , que fornececarros fu n eb res no gosto moderno , abertos , comcolu mna s e muito luxuosos ; e um outro na ruado Arco de Jesus, ao pé da rua F
ª
o rmo sa .
Estes dois ultimos estabelecimentos tambem agenceiam fu n erae s , .desde baixos preços até quantiaselevadas .
POSTOS MEDICOS
Estabelecidos nas prin c ipaes ruas da cidade ,como rua Augusta , da Prata , dos Fan qu eiro s , deS. Bento ,
'
em. São destinados a forn ecer fac u ltativos de d i a e noite , aonde forem reclamados comurgencia , mediante uma retribuição estabelecida.
Sã o de b astante alcance estes estabelecimentos,pois n
ª
u ma capital dão-se frequentes casos dedoenças repentinas e mesmo desgraças, que requerem Os prompto s cuidados de um facultativo .
34 No v o GUIA
C o r r e s p o n d e n c i a s e s t r a n g e i r a s
Receb idas avulsas por via de Hesp anha,qua l
quer que sej a a sua procedencia , não tran smi ttidas em conformidade com as c o n ven ç o es p o staes .
Ca r ta s
Até 10grammas inclusivamente 200m s
20 400
30 600
E a ssim por diante , subindo 200 rei s por cada 10
grammas , ou fracção de 10grammas qu e acrescer .
Receb ida s avuls as ou em malas por vi a mari tima , não tran smi ttidas em co nformidade com a sc o n ven ç o es p o staes .
Ca r ta s
Até 10 grammas inclusivamente 100 ré i s
20 200
30 300
E assim por diante, su b i n dO
C
100rei s por cada 10grammas , ou fracçã o de 10grammas que acrescer.
Recebidas da America do sul , ou para al l i expedidas por barcos de vapor nao subsidiados por
n o VIAJANTE 35
governos e strangeiro s , com os quaes e stej a,ou ve
nh a a ser regulada por c o n ven ç o es ou ajustes aexpedição e recepção das c o rresp o n den c ias .
Ca r ta s
Até 10grammas inclus ivamente 80m s
20 100
30 2 40
E assim por diante , su bindo 80m s por cada 10grammas , ou fracção de 10grammas que acresc er .
Recebidas de Gibraltar , ou para a ll i expedidaspor vi a de Hespanha .
Ca r ta s
Até 10 grammas inclusivamente 60 rei s20 120
30 180
E as sim por diante , subindo 60m s por cada 10grammas , ou fracção de 10grammas que acresc er.
C o r r e s p o n d e n c l a s r e g i s t a da s pa r a o r e i n o
e I l h a s a dj a c e n t e s
Fra n qu i a o b riga to ri o po r me i o de sel lo s do c o rre i o
Po r cada carta ou maçoPremi o fi xo do 100ré i s
36 No vo GUIA
Porte , o correspondente ao peso segundo a classeda s c o rresp o n den c ias .
C o r r e s p o n d e n c i a s a pa r t a d a s,n a c i o n a e s
o u e s t r a n g e i r a s
Po r cada carta , ou maço de impressos ,e amostras de fazendas . 10re i s
P r o v i n c i a s u lt r a m a r i n a s
(Nã o tem fra n qu ia po r mei o de sello s)
Ca r ta s
Até 15 grammas , inclusivé .
30
E as sim por diante , au gmen tan do 50reIsgrammas .
Imp r es s o s , ly to gr ap hi a s o u gr a vu r a s (c i n ta d o s )
Até 30 grammas,i nclusivé
00
90
E assim por diante, au gmen tan do 20m s
grammas.
n o VIAJANTE 37
M a n u s c r ip to s e amo s tra s de f a z en d a s (c i n ta d o s )
Até 30grammas , inclusivé00
90
E assim por diante,au gmen tan do 50rei s
30 gram a s .
Jo rn aes cintados , cada folha de impres10
'
re Is
Cartas registada s : premi o fi xo do registo de cada carta , a lém do porte .
Ta b e l la d o s p o r t e s a q u e B e a m s u j e i t a s a s c o r r e s p o n
d e n c i a s f r a n q u e a d a s o r l g i n a r i a s d e P o r t u g a l , M a
de i r a e A ç o r e s,c o m de s t i n o pa r a I ta l i a 0 pa r a o s p a i
z e s a q u e a I t a l i a s e r v e d e i n t e r m e d l o n o s t e r m o s d a
c o n v e n ç ã o p o s t a l d e 2 d e a b r i l d e 1 850
CORRESPONDENCI A S O R IGINA R IA S DE P ORTUGA L , MADEIRA
E A Ç ORES , COM DESTINO PA RA ITA LIA
Ca r ta s o r d i n a r i a s e amo s tr a s d e f a z en d a s
p o r v i a de H esp a n h a e F r a n ç a
Fran qu ia fa c u lta t iva em sel lo s
Até 10grammas inclusivé 120réi sEas s im por di ante , au gmen tan d o 1 20re i s por cada10grammas , o u fr acção d
*e s te peso.
38 NOVO GUIA
Ca r ta s o rd i n a r i a s e amo s tr a s d e f a zen da s
p o r v i a ma r i tima
Fran qu ia o b riga to r i o. em s êl l o s
Até 15 gramma s inclusi vé 100rei sE a ssim por diante , au gmen tan d o 100 réis porcada 15 grammas , ou fracção d
i
este peso .
Ca r ta s e imp r es s o s r egi s ta d o s p o r v i a d e H esp a n ha
e F r a n ç a
Serão sempre fran qu i ado s por meio de sél lo s , eaos portes respectivos se add i c i o n ará O premio invariavel de 100 réi s em sello s pelo regi sto .N. B . Po r v i a de mar n ao se expedem corres
p o n den c i as registad as.
CORRESP ONDENC I A S OR IGINA R I Ã S DE P ORTUGA L
MADEIRA E A Ç ORES , EM TRA N S ITO P OR ITA LIA , COM DESTINO
P A RA O S PA IZES A BA IX O A S S IGNADOS
A u s tr i a
Cartas ordinaria s,franquia facultat iva até ao des
tino, 170 réi s por cada fracção até 10grammas .
Cartas registadas , idem o b ri gato ri a , 290 idem .
Jo rn aes e ou tros impressos , idem , 35 idem .
Gr ec i a
Cartas ordinarias , i dem facultat iva , 170 idem .
n o VIA JANTE 39
Cartas registadas , idem Ob rigato ri a , 290 i dem .
Jo rn aes e outros impressos , i dem , 35 idem .
Egyp to (ex c ep t o A lex a n d ri a )
Carta s ordinari as , idem até A l exandria , 170 idem .
Jo rn aes e outros impres sos , i dem , 30 i dem .
A lexa n d r i a do Egyp to e Tu n es
Carta s ord inarias , idem facultativa até ao destin o ,170 i dem .
Carta s registadas,idem o b ri gato ri a , 290 i dem .
Jo rn aes e outros impressos , idem, 30 id em .
Tr ip o l i d a B er ber i a
Cartas o rdinari a s , idem , 170 idem .
Jo rn aes e outros impressos , i dem , 30 idem .
N. B . É expres samente prohibido i nclui r n ascarta s que não forem regi s tadas , dinheiro ou qu aesqu er outros obj ectos de valor. As carta s nao re
gi s tadas , contendo qualquer do s obj ecto s mencionados , serao re tiradas nas estaçoes p o staes , emque forem lançada s , e
“enviada s o di c i alme n te a d irec c ao geral do s co rreios , que procederá a suaabertura , e fará entrar no s c o fres da fazenda , àqual [i c am pertencendo , os Obj ectos n
'ella s encontrad o s . No caso de perda ou descaminho de a lgum a carta regis tada , que contenha dinheiro , j o ias ,ou qu aesqu er ou tros obj ecto s de oiro ou prata , a
40 NOVO GUIA
administração geral do s correio s só pagará ao rémettente a i n demn i sação de 55000 réi s . As cartasque houverem de ser registadas , apresen tar- se—hãofechadas com lacre , que deverá prender todas asdobras dos so b resc ripto s .O s maços de impressos , man u sc rip to s ou amos
tras de fazendas,que contiveremcartas , serao por
teade s como cartas não franqueadas e remettidasao seu destino . Os maços que contiverem j untamente impressos , man u sc ripto s ou amostras , deverao ser franqueados pelo maior porte , que competir a classe da s c o rresp o n d en c i as n ielle s en c erradas nao se achando sati sfeitas e stas condiçõesos ditos maços fi carão retid os , até lhe serem affixado s pelos remetten tes os sellos q u e lhe fal tarem .
Nenhum maço de impres sos ou de amostra s deverá exceder o peso de grammas .
SERVICO TELEGRAPHICO NACIONAL
TAX A n o s TELEGR AMMA S TROCADO S ENTRE DUA S EsTA ç õEs
P ORTUGUEZAS
Den tr o d o r e i n o
Por cada despacho simples de uma a200 reIs
Po r cada serie de 10 a mais das vinte 100
42 No vo GUIA
Antonio Joaquim Freire Cardoso , rua do OUrO , 26,loj a . Cartorio n º 8.
Avelino Ednardo da S i lva Mattos e Carva lhorua do Ouro , 265 , sobre—loj a .— Carto r i o n .
16.
Camillo Jose dos Santos , rua do Arsenal , 1 .º
Cartorio n º 13 .
João Antoni o Godinho e Lima , praça de D. Pedro,93 , loj a .— Carto ri o n
º 14 .
Francisco Guilherme de Bri to , rua do Ouro , 165 ,sobre- loj a . —Carto ri o n
º 10.
Francisco Vi eira da S i lva Barrada s , rua Augusta ,28, 1 .
º Cartorio n º 7
João Baptista Ferre ira , rua nova do Carmo , 102 ,sobre—loj a. —Carto ri o n .º 9 .
João Baptista Scola, r u a da Magdal ena , 75 , 1 .º
Cartorio n º 15 .
Jorge Camelier, ru a do Ouro , 50, 1 .
º Cartori o n .
º lr .
Jorge Fi l ippe Co smel l i , rua do Cru cifixo, 50, sob re—loj a .— Carto ri o n ,
º 18.
José Carlos Rodrigues Gri llo , rua de S . Bento , 6 1 ,loj a. Cartorio n º 12 .
José J u stino de Andrade e Silva , rua da Magdalena , 8, 1 .
º Cartorio n º 2 .
José Maria Barc ello g Junior, rua do Ouro , 265, sebre- loj a . Cartorio n º 1 .
Manuel Augu sto de Moraes da Si lva , r u a Augusta ,14 1 , 1 .
º Cartorio n º 3 .
n o VIAJANTE 43
Manuel Bern ardi no Soares de Bri to, rua de SantoAntão , 9, 1 .º —Carto ri o n
º 1 1 .
Manuel Maria Mascarenha s X avier de Brito , r u a da 'Prata , 98, 2 .
º Cartorio n º 5.
Pedro Ri cardo Co sme ll i , ru a de S . Paulo , 238, sob re- loj a.—Carto ri o n
º 17 .
TABELLA PERMANENTEDOS CAMINHOS DEFERROPORTUGUEZES
ENTR E LISBOA E O ENTRONCAMENTO
41 No vo GUIA
ENTRE LISBOA E P ORTO
P r e ç o s d o s b i lhe t e sEsta ç õe s p o r c la s s e s
L ISBOACheg a d aEn t r o n c a m .3P a r t i d a j
Thoma r (P a y a l vo )Chã o d e M a ç ã s
Ca xa r i a sA lb e rg a r i a
F o rmo s e lha
l i ve i ra d o B a i r r o .
A v e i r o
Va l la d a r e sVi lla No v a d e Ga y a.
ENTRE LISBOA E BADA J OZ
LISBOA .
E n t r o n c a m 2 75030
B a rq u i n ha. 15640essse 1s 750 I szo o
n o VIA JANTE 45
B ILHETES ESPEC IAES A P RE Ç OS REDUZIDO S
B i lhe te s d e 3 .ªc la s s e d e i d a e v o l ta , V á l i d o s d e s d e
O s s a b b a d o s a té à s s eg u n d a s fe i ra s , e d e s d e a s v e sp e ra s
d o s d i a s s a n t i fi c a d o s a té a o immed i a to a e s te s d e Vi l la.No v a d e Ga y a a t o d a s a s e s t a ç õe s a té O va r .
B i lhe te s d e t o d a s a s c la ss e s,d i a r i o s d e i d a e v o l t a ,
c om a b a t ime n t o d e 20p o r c e n t o .
De Li s b o a a. t o d a s a s e s ta ç õe s a té Sa n ta rem,e v i c e
v e r s a .
De V i ll a No v a d e Gay a a t o d a s a s e s ta ç õe s a té A ve i r o
e V i c e—v e r s a .
De Co imb r a a t o d a s a s e s ta ç ã e s a té P o mb a l , e V i c e
v e r s a .:
De Co imb ra a t o d a s a s e s ta ç õe s a té V i l la No va d e Gay ae v i c e—v e r s a.De Elv a s a B a d a j o z , e v i c e—v e rs a .
B i lhe te s c o l le c t i v o s d e 3 .ªc la s s e a Gré i s p o r p e s s o a
O k i lo me t r o , p a ra g r u p o s n u n c a i n fe r i o r e s a 20p a s s ag e i r o sd a s e s t a ç õe s c o mp re h e n d i d a s e n tre V i l la No va d e Ga y a e
S o m e i n c l u s i v é p a ra. a s c o mp reh e n dj d a sEn t re P o n te d e S o r e Elva s i n c l u s iv é o u v i c e -ve rsa
En tr o n c amen to a L i sb o a
46 NOVO GUIA
CAMINHO DEFERRO DO SUESTE
Es ta çã o pri n c ipa l , Pra ç a do Commerc i o (po n ted o s vapo res), es c ripto r i o da d i re c ç ã o . n o ed ifi c i o da s e c re ta ri a
d a s Ob ra s pu b l i c a s
Se r v i ç o d o s v a po r e s
Es t a ç õe s Es t a ç õe s
Se i xa l30 Cam.
º d e fe rr o 50 30100 B a r r e i r o 50 30
Se ixa l 100 Li s b o a 150 100
SUL E SUESTE
Di s t a n P r e ç o d o s b i lhe te sc i a s o r c la s s e s
Es ta ç o e sp
K i lom.
B a rr e i r o
L a v r a d i o
A lho s Ved r o s
P i n ha l NOVO (En tr o n c ame n t o ) .
P d md m. .
P o c e i rã o
P egõe sVe n d a s No v a sM o n t emór
Ca s a B r a n c a (En t ro nc ame n t o
n o VIAJANTE 47
Di s t a n P r e ç o d o s b i lhe te sc i a s p o r c la s s e s
K i lo m.
V i l l a No va
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
V a l P e re i r a
N . B . To d o s o s b i lhe te s c omp r a d o s em Li sb o a t eem O
a u gme n to d e 150 r é i s p a ra O v a p o r n a Lªé 2 .
ªc l a s s e
, e
100 ré i s n a 3 .ªc la s s e .
P a r a a l i n ha d e Q u i n to s Só h a c o mb o y o s à s te rça s , q u i nta s
,s a b b a d o s e d omi n go s .
48 No vo GUIA
PREÇOS DA COMPANHIA DECARRUAGENS LISBONENSES
EsTAçKo CENTRAL. Largo de S . Ro qu e . EsTAçAo FILIAL.—Ru a di rei ta
d'
A l c a n ta ra , 50a 53. EsTAçõEs TELEGRAPHICAS.—Tra vessa de Sa n ta
Ju s ta , 85. Ru a de S . Be n to , 25 (pro ximo a c a lç ada da Estrel la ).
Ta b e lla d e pr e ç o s
DEMARGAÇÃO PARA O SERVICO ORDINÁRIO DAS CARRUAGENS
Da-Fu n do,la rgo d
'
Aj u da , l a rgo do Ca lha u e egrej a paro c h i a l deBemfi c a
,la rgo de Ca rn i de , c a lç a da de Ca rri c h e (No va Ci n tra ) ,
Ame ixo e i ra , l a rgo da Cha rn ec a , a lto da Po rte l la , l a rgo do s O l ivaes .
ra n ç o s
SERVICOS
D e n t r o d a de m a r c a ç ã o
POR DIA
To do o dia,desde a r omper d o
s o l a té á mei a n o i te
Ma n h ã,desde a r omper d o sai
a té a o me i o d i aTa rde , des rle o mei o d i a a té áme i a n o i te
Ca da h o ra de serv i ç o , a n tes o udepo i s da s h o ra s s u pra
As HORAS
Desde o r omper d o so la té á mei a n o i te
2 h o ra sTe rc e i ra e segu mtes , n ã o hav en do i n ter r u p çã
Me l o s h o ra s depo i s da s 2
F ó r a d a de m a r c a ç ã o
Além do s preç o s a c ima es tipuo s paga
—s e ma i sc a da Iegu a Ióra da derc a çã o
Po r c ada me ia legu a ma i s
50 No vo GUIA
A l u g u e r a o s m e z e s
PREç o s
SERVIÇ OS
pes s o a s 2 pess o a s
Cada mez (30d i a s)
ESTABELECIMENTO DECARRUAGENS
DECAMPOS JUNIOR
Ru a do Arc o de Ba n de i ra , nº 187
Ha um vari ado sortimento de trens , como sefossem particulares , c ommo do s e elegantes , sendocaleches
, ph ato n s , char-a-b ancs ,etc ., proprios para vi sitas , th ea tro s , ca samentos ,b apti sad o s , passeios ao campo , banhos , e todos osmais serviços .Tambem se alu gam trens aos mezes . Os preços
são os ma is ras o avei s , e nao superiores a o s dosoutro s estabelecimentos .
n o VIAJANTE 51
Tabel la do s preço s do s tren s de al u gu er
P REÇ OS DO S TRENS DE P RA Ç A
o s s n n v a ç õn s
Semp r e q u e f o r em t r a n s p o r ta d o s ma i s d e d o i s p a s s ag e ir o s , a u gme n ta o p r e ç o , p o r c a d a u m q u e ex c e d e r
,n o e qu i
v a le n te a me ta d e d o q u e fi c a e s ta b e le c id o p a r a d e n t r o d a.c i d a d e , e p a ra fôr a. c o m r e sp e i t o a i d a e v o l ta .
Q u a lq u e r e s p a ç o d e t emp o , ma i o r d e c i n c o mi n u t o s , q u ee x c e d a a q u e l le q u e s e c o n t a r n a fô rma d a p r e s e n t e t a b e l la ,s e rá t i d o c o mo u m q u a r t o d e ho r a , p a ra s e r p a g o n
'
e s s a
c o n fo rmi d a d e .
O p r e ç o d a p a s s agem d e n o i te s ó tem l o ga r q u a n d o a c
c c s a a i l l u mi n a ç â o p u b l i c a n o p o n to d a pa r t id a .
52 NOVO GUIA
COMPANHIA DECARRUAGENS OMNIBUS
La rgo do Pel o u ri n h o n .º s 16 e 1 7
Ta bel l a d a s v i a g e n s , h o r a s e p r eç o s d e d if er en tes c a r r ei ra s ,d ep en d en tes d a s a l ter a ç õs s qu e O s er vi ç o p o s s a ex ig i r
Carreira de Belem. Verao — 25 v i agens das 7horas da manhã às 40 da noite .Inverno 20v i agens das 7 da manhã às 7 ª/2
da noite .Termo medio entre viagem é de hora .
Preço 80 réis de di a , 120 a noite ; estaçao emAlcantara , preço 50 rei s .Carreira de Bemfi c a . Verão 5 viagens das 7%
da man hã o ás 7%da noite .Inverno 3 viagens das 7 ª/l, d a manhã á s 6%
da noite .Pa s eo — Dia 1 20 rei s , noite 160 re i s . Estaç o es
às portas 60 rei s dia , 80 réis noite .Carreira do Lumiar .
—IdemCarre ira do Po ç o do Bispo .— Idem. Preço 80 re i s
di a e noite,estação a X abregas 60 rei s .
Carreira de Oeiras Verão e inverno — 1 Viagem .
Ida ás 3 horas da tarde , volta à s 7 da manhã ,preço 2 40réi s . Est ações A lcantara 50réis , Belem80réis , Pedro i ç o s 120réi s , Cru z Qu ebrada 160réis.Carrei ra de Cin tra Extraordinar ia s . —Preço 600
réi s por pesso a ida ou volta i d a e volta 15000réis.A lugam carruagens para d ili eren tes pontosmedio do preço , o completo da carruagem .
n o VIAJANTE 53
HOTE IS E CASAS DEPASTO
Gra n de Ho tel Ru a do Chiado , 72 . Esemcontrad i c çao a primeira casa de p as to de Li sboa , t antopel a b o a sociedade qu e a frequenta , como pelaperfeição de seus d iversos e exqu i s ito s manj ares .É seu proprietario o b em conhecido Matta . Fo rnece j antares d ipl oma t i c o s , cei a s para bai le s , etc .Res ta u ran t Cen tra l. Ru a do Giro , entrada pela
travess a da As s u mpç a o , 99.
Un i ã o . Ru a da Conce i çao (vu lgo rua dos Retro ze iro s) , 1 1 9.
I rmã o s Un i d o s .— Ru a das Ga l l in he iras , 1 1 ; tamb em tem entrada pela Praça de '
D. Pedro , 1 13 .
Ga r c i a .—Pa stele iro n a rua da Prata , 267 .
Es trel la d e Gi ro .—Ru a da Prata ,
Pe ix e a ss a d o . Ru a l arga de S . Roque , 72 .
Ga llo .— Ru a dos Algiheb es , 9 1 .
An t igo Camba lh o ta .— Bu a Oriental do Pa sse io.
1 1 5 , entrada pela e scada .An t igo Ma gma . Pateo do Duque (atraz do
thea tro de D. Maria) , tem tamb em entrada pelaru a de Santo Antão , 9 .
To bo a s . Travess a de S . Domingos , 1 7 .
Ma n u el Lo u ren ç o . Ru a da Prata , 100.
Jo ã o d o Ga l lo . Ru a da Pra ta , 51 .Ch u va .
—Ru a da Prata , 53 .An t igo Pen im.
—Travessa do Regedor, 18; entrada pel a escada .
54 n o vo GUIA
Es trel la de Pr a ta . Ru a nova do Amparo,7
Roma o .—Bu a do Arco do Bandeira, 10. Afa
mado pelos bons pastei s e boas o stras.Cen tra l . Ru a do Amparo . 28.
Ma r ti n s . Ru a Augusta , 2 11 .
Ha a inda outras casas de pasto em diversos ponto s da capital que nao vão aqui mencionadas .
BOTEQUINS o u CAFÉS
Ca fe Cen tr a l . Ru a do Chiado. Fornece almo
ç o s de garfo , ceias , etc. É frequentado pelos rapazes da melhor sociedade , os quaes al l i se reunemá noite até alta hora . Tem gabinetes reservados .Au rea P en i n s u la r . Ru a do Giro ; tem bilha
res e diversos j ogo s .An tigo Ta va r es .
—Ru a l arga de S . Roque ; tembi lhares .Cafe Camões . Largo de Camoes .Café Fr e i ta s ._ Praça de D. Pedro .
Café Eu r op eu .— Praça de D. Pedro . Tembilha
res.
Café Su i sse . Largo de Camoes . Tem j ogos.Ma r t i n h o . Largo de Camões . Ponto de reun i ao
do s l i ttera to s e pol iticos .An tigo Ma r c o s F i l ipp e.
- Largo do Pelourinho .
n o VIAJANTE 55
Ma r t i n ho da Neve.—Debai xo da ar cada da Praçado Commercio , no fim da rua d a Prata .Ma rr a r e.—Traves sa de Santa Justa tem bilha
res .An t igo Ba r n a bé. L argo de Santa Justa ; tem
bilhar .Café Elec tr i c o . Ru a de S . Julião (vu lgo , rua
dos Algiheb es) ; tem bilhare s .Ca fé Fra n c es .
— Bu a do A lecrim ; tem bilhares .Ca fe Mo n ta n ha .
— Traves s a da Assumpc ao . Éum magní fi co café, elegante , muito frequentado , etem seis bilhares no an dar superior. Fornece comidas frias , etc .Café d o Commer c i o . Praça dos Romu l ares , 6.
An t igo Bern a rd o ._ Praça do s Bomu lares ,
Cafe Pr i c e ( ta bern a i n glez a) . Caes do Sodré ,76. Fornece almoços e mesmo j antares á i n gleza ;é notavel pelo s seu s bifes , e mui to frequentada porestrange iro s e marí t imos .Cafe Gi bra l ta r (Res ta u ra n t) . Caes do So dré ,
39. Tem b ilhares,comidas fri as , e b em decorados
gabinetes para senhora s .Café Or i en ta l (Res ta u ra n t) . Ru a dos Algibe
b es , 131 .
Ca fe Ca s i n o (antigo Cafe Conc erto) .— Es tab e
lec i d o no mesmo Ca sino , l argo da Abegoari a ; eespa çoso
,elegante , tem bilhares e diversos j ogos .
No andar superior dao-se bailes ma scarados , concerto s , e tc .
56 No vo GUIA
Sa lã o Br i ta n n i c a Praça de D. Pedro . Tembilh ares .B ra sser i e de Vi en n a .
_ Ru a do Principe, 47 .
Comidas fri as , sorvetes , refesc o s , vinhos , cervej ada Baviera , etc . Tem diversos j ogo s .Dep o s i to de c er vej a da Ba vi er a .
-Ru a do Principe
,72 . É adminis trada pelo fabricante de cervej a
Jansen , e fornece refesc o s , cervej as , etc. É decorada com todo o acc io e elegan ci a . Tem b ilhares .Dep o s i to de c ervej a .
—Bu a do Thesouro Velho.Cervej a da Baviera da fabrica de Jansen , refrescos ,etc . É um bello estab e le c imen lo muito frequentadoe tem diversos j ogo s .Ma ylla rd .
—Deposito de cervej a . Ru a de S .Bento.B o l la de p ra ta .
— Calçada do Carmo , 106. Tembella s o da Wa ter .
Ha mais ou tros b otequins ou cafés menos importantes que aqu1 nao mencionamos .
PHOTDGRAPHIAS
Sifc a . Ph o to graph o de suas magestades . Cal
c ada das Necessidades.Pho tograph i c Un i o er sel le Ru a Oriental do
Passeio , 52 . Os trab alhos d este estabelecimentosão de muita perfeição .
58 n o vo GUIA
DlVERTlMENTOS PARTICULARES
So b este títu l o daremos noticias das pri n c ipaesassemb léas , academi as ph i larmo n i c a s e l i tterari as ,onde o v iaj ante pode ser apresentado por qualquersocio.Clu b Li sbo n en se. Establecido no largo do Car
mo . Reun i ao ordinar ia todos os dias , j ogo , leiturade j o rn aes , c há , etc. No inverno , b ailes , que s aodo s ma i s espléndidos d a capita l e onde concorre amais escolhida sociedade .Gremi o Li ttera r i o .
— É reun i ao nocturna dosli tterato s , cavalheiros d i sti n c to s e mocidade estud iosa . Possue uma bella bibliotheca , j o rn aes nacion aes e estrangeiros , s c ien ti fi c o s e p o líti c o s , j ogo ,etc . Largo do Barão de Quintel la actualmente nopalacio que pertenceu ao con de do Farrob o .
Clu b Po r tu gu es . Travess a de Santa Justa.
Assemblea Lu s i ta n a .—Largo dos Torneiros , 2 .
Assemblea Fami l i a r .— Ru a do Al ecrim .
Rec r ea çã o Phgla rmo n i c a . Ru a do Arco deBandeira , 226 .
So c i eda de Alu mn o s de Mi n erva .— Ru a da Ata
laia .So c i eda de 8 de Ju n h o . Ru a de Nossa Senhora
da Conceição , 48.
Ac a demi a Li sbo n en se. Ru a da Atala i a , 138.
Ac a demi a Fen i a n s . Cal çada dos Caldas , 166.
n o VIA JANTE 59
Ha na capital o u tras reu mo es menos n o tave is ,
phi l armo n i c as e l i tterari as , qu e o fferec em di straeção aos seus socios e convidados .
BANHOS PUBLICOS
A cidade de Li sboa é tão pobre de estabelecimentos de banhos publico s , como Portuga l é ricode aguas min eraes .0Tej o o fferec e s u as aguas aos banhistas da ca
pi ta l , que nas differentes ba r c as destin adaas ban ho s , ahi vao dar all ivio a suas doenças , ou d iversã o ao espiri to .
Estas ba r c as , qu e mai s propriamente se pod em denominar ba n ho s ]l u c tu a n tes , servem de u ti
lidade a quem,por economia , ou outro q u alquer
motivo , nao pode frequentar as bellas praias de Pedro i ço s , Paço d
i
Arc o s , Ca scaes , etc . , e estacionamem geral em frente do caes da s Columnas (na praçado Commercio) o u da praça dos Romu lares . Algumas sao decoradas com bastante a c e i o , tendoabordo todas as c ommo d idades como piano , b ufete para almoços , e tc n
ª
es te numero cita-se compreferencia a qu e denominam Deu s a d o s Ma res .No s itio de Ri lhafo les , prox imo ao campo de
San t'
An n a , existe o melh or estabelecimento de b an h o s da capita l ; é sem c o n trad i c çã o o primeiro em
60 NOVO GUIA
atten çã o a diversidade de banhos que o fferec e , aoseu acc io , e boa ordem.
Aqu i apresentamos u ma tabella de preços , e adesignação das divers as qualidades de banhos queall i exi stem.
PREÇ OS DOS BANHO S
T e n i d o s
B a n ho d e ímme r sã o d e a g u a s imp le sEmo ll i e n te
Com o s t o sA r oma t i c o
p Ge la t i n o s oS u lph u r eo
Du c he
LOCAES
Em a g u a immo ve l
H o r i s o n t a l
De s c e n d e n t eSeml c u p l o—p e S im l e sd i lu v i o c om V a g i n a l lCom
po sto
.
d u c he A s c e n d en t e S'
R e c t a l *
Imp e s
(Comp o s t oM o v e l
F r i o s
GEB AES
B a n ho d e immer s ã o c om d u c he 33321
1131
,e 383De c ho rr o . 800
Du c heDes c e n d en te em fo i ma iDe c hu va 300Tra n sv ersa l em fôrma de o n d a.
n o VI A JANTE 61
LOCAES
Em a g u a immo ve l
Semíc u ío _ eH o ri s o n ta l .
d i l u vgo _ c
lãm De s c e n d e n te
d u c he Va gi n a l ãi
drr
iip l
ããtbA s c e n d e n te
S imple s
R e c t a lCom
p
p o s to
Em e s tu fa d e a r qu e n t e c om a ff u s õe s d e a gu a. fr i a
(B a n ho R u s s o )Em e s tu fa d e a r q u e n t e a l t e rn a d o c om b a n ho d e imme r s ã o , o u d u c he d e a g u a fr i a
H ! M IDOS
S im l esGe r a l º º º º º º º º º
p
tEmo l l i e n t e(A r o ma ti c o
Lo c a l p o r me i o Simp le sd e d u c he fi xoo u mo ve l . Comp o s t o
Co mp o s t o
gEmo l l i e n t e
(A r o ma t i c o
F u m i g a c õ e s
GEBAES
C omp o s ta s
Comp o s ta s
O estabelecimento dos banho s su lfu reo s do Arsenal da Marinh a Sito junto ao largo de S . Pauloé diri gido pelo do u tor Agostinho Vicente Loureiro ,e pode- se affian ç ar que no seu genero é de bas
62 NOVO GUIA
tante importancia , pois reune a todas as con diçõesn ecessari as que a hygiene prescreve , a c ommo d idade e a ordem que a b o a socieda de requer.Os doen tes que SOffrem do rheu mat ismo , gota ,
n evralgias e especialmente de enxaqu ecas pert in azes
,doenças c u tan eas , chlorose e diversos a c c i den
tes esc ro fu lo s o s , podem recorrer c om confi ança áb en é fi c a infl uencia d
i
e stas aguas superiore s , naosómente a todas as aguas min eraes do reino , masa quasi todas as aguas da Europa , no tratamentodas mencionadas doenças . A exper ienci a de muitosanu os tem demonstrado , que 13 a 2 1 b an hos sulfu reo s do arsena l curam ou alivi am mais effi c az
mente as dores rh eu mat ic a s e n evralgi c as , quelon gos , penosos e dispendiosos tratamentos . Todo sOS medicos , que t iveram o c c aSI aO de os appli c ar ,estão de accordo sobre a su a decidida superioridade .
Dao - se no mesmo estabelecimento , o s banhosdas aguas salino-mu ri ati c as da fonte de S . Paulo ,an al o gas , mais fortes que os banhos do Estori l , emuito ed i c azes contra as doenças c u tan eas : assimcomo os b anhos simples ou de limpeza por preços mui to mo d i çOs .
PREÇ OS
B a n h o s s u l f u ir e o s d o a r s e n a l
Tin a.
Jorro ou de chuva
DO VIA JANTE 63
B a n h o s s a l i n o -m u r i a t i c o s
Tina , 1 .ª
ºf dita
Jorro ou de chuva
B a n h o s s im p l e s
1 .ª cl asse
2 .
ª dit aJorro ou de chuva
B a n h o s e m d o m i c i l i o
Vinte e cinco l itros de ag u a sulfureaDe vinte e cinco a setenta e cinco . .
Po r cada v inte e cinco l itro s a mais .
O estabelecimento fornece roupa ao s banhistasque a desej arem .
O doutor José Romao Rodrigues Ni lo tambempossue um b om estabelecimento de banhos na ruanova de S. Domingos n
º2 2 , proximo a Praça de
D. Pedro ; ei s aqui a tabella dos seus preços
B a n h o s s i m p l e s
Banho de tina s imples,a vu ls o 300m s
64 NOVO GUIA
Ass ign atu ra de
6 bilhetes (6 banhos) 1 ,54t reIS
12 bi lhete s (12 banhos) 255500
B a n h o s c o m p o s t o s
Banhos aromati c o s , t o n i c o s , emo l ien
teS, su lph u reo s (caldas) , a vu ls o .
Ass ign atu ra de 6 bilhetesA ss ign atu ra de 1 2 b i lhetesN. B . Os b anho s compostos en c om
mendam- se de Véspera .Banho de chu va ou irrigaç ao , d u che ,a vu ls o
Banho de bomb a Simples (duche horisontal)
Banho de b omb a compostoDuche a scendente (para hemo rrh o i d as ,descida ou prolaps u s do utero e dorecto)
Banho de vapor simplesBanho de vapor compostoBanho de bomb a de vapor (duche) .Fu migaç ao s u lph u ro sa
F u migaç a o de c ompOSIç aO mercu ria l
Banho de estufa seccaBanho semic u pio simples
66 NOVO GUIA
CASA DEBANHOS
No Ho tel Cen tr a l , caes do Sodré , esqu ina daPraça dos Romu lares .
Nª
este estabelecimento h a banhos frios , quentes ,de agua doce , salgada e mineral .
Os quartos são decorados com todo O acc io e Oserviço excellente , Offerec en do todas as commod idades aos banhistas.
Preços regulares .
BANHOS DAS ALCAÇARIAS
Rua do Terreiro dO Trigo , n º 80. É O estab elecimento mais antigo de Li sboa , e fo i construidosobre as ru ín as de uma cas a de banhos arabe . Sã orec ommen davei s para molestia de pelle , dores rhe umaticas, affec ç o es nervosas , etc. Possue tres qual idades de agu a mais ou menos saturadas de enxo fre .
n o VIAJANTE 67
PALACIOS BEAES
P a c o e q u i n t a d a s N e c e s s i d a d e s
O terreno que occup a este p alacio e quinta, fo i
comprado por D. João v , qu e reedifi cou a ermidaque ah i exi sti a , da invocação de Nossa Senhora dasNeces sidades , elevando- a á c a thego r i a de capellareal e mandou construir junto d'ell a O palacio qu ehoj e ex is te . 0 edifi cio qu e fi ca ao lado da quint afo i dado para h abi taçao dos padres da congregaçã odo ora torio , depois do terremoto de 1 755 fo i
nª
este convento que t iveram as suas ses so es a sc ôrtes constituintes d e 182 1 . Actualmente tem l Ia
vido importantes melhoramentos, n”estes p aços e Oterreiro qu e se estende pel a frente da fachada principal fOi modernamente alindado ; tem uma fonte eu m gracioso e elevado Obelisco de uma S! e e xce ll ente pedra . O palacio encerra muita s p re c i o s idad es , entre a s qu aes uma ric a l ivrari a , abundantede man u s c ripto s raros , codices estimados e ed i
c oes nao vulgares , b em como um museu imporportante .A quinta tem espaçosa s ruas , onde podemrodar
carruagens ; copia de plantas exo ti c as e variedadede fl ores , c ysn es , pavo es , viveiros de pas s aro s ee stufas . A abundancia de aguas e arvoredo tornameste sítio apras ivel .
68 NOVO GUIA
P a l a c i o d a B e m p o s t a
Fo i edifi cado por D . Cath arina de Portugal , viuvade Carlos 11
, re i de Inglaterra , pelos fi n s do seculo xvn . Nada tem de notavel como Obra d ªarte ,e a sua situaçao no princip io da estrada (TÁI TOÍOS,j unto ao Campo de San t ºAn n a é des agradavel .D . Joao vr a l l i costumava residir e all i morreu a10 de março de 1826. Uma das fachadas d o pala cio deita sobre extensa quinta . Actualmentefo i cedido para estabelecimento da esco la doexerci to .
P a l a c i o e q u i n t a d e B e l e m
D . João V— O rei edifi cador—deu começo aeste pa lacio , que seus su c c esso res continuaram ,
muito irregularmente contém todavia bello s salões,aonde O imperante costuma dar seus bailes umespaçoso j ardim e u ma vasta sala de manej o dec aval l o s . Antigamente havia u ma c o l lec ç ao de fera snos p ats o s d ªes te palacio. AO norte fi ca O j ardimbotanico e a Qu i n ta de c ima Outra habitação real ,das que fu n d o u 'D. João V. DO lado do sul fi ca Ol argo de D. Fernando e O bello caes de Be
l em.
É a residencia do Senhor D. Fernando, e de suaesposa.
n o VIA JANTE 69
P a l a c i o d a A j u d a
0 rea l palacio da Ajuda e actualme n t e a res idencia do chefe do estado , el -re i D. Luiz I , de su a espos a D . Maria Pi a de Saboya , e do Senhor infanteD. Au gusto .Fo i D. João VI quem lançou a primei ra pedra
d'es te edifi cio sobre a s ru ina s do Pa ç o velh o , queardeu . Apenas um terço do pal acio es tá concluido ,mas essa parte é tão vasta qu e seria digna moradade qualquer mo n arc ha . É todo de marmore e com
prehen de extensa s galeri as e s al a s mobi lada s , mu itos qu adros , elegantes torreoes e u mvestíb u l o commuitas estatua s a l lego ri c as , Obra do celebre Machado de Castro , de Barros , Aguiar , Faust ino JoséRodrigues e outro s es c u lpto res n ac i o n aes . A S p inturas das s alas São dos p ince is de Cyri l lo Machado ,Sequeira , Taborda e dizem qu e t ambem do Vieiraportuense . Os primeiro s arc hi tec to s foram José d aCosta , os dois Fabri , Manuel Caetano , e O ultimoAntonio Francisco da Rosa. Tem uma magnífi cabibli otheca pertencente a e l-rei , confi ada ao cuidadodo sabio A lexandre Herculano ; nos re s tos do Pa ç ovelh o , que lhe fi ca ao sopé , se conserva ainda Otheatro , aonde se representou pela primeira vez aOpera i ta li na em Portu gal .Este paço , por o c c aS IaO do consorcio de sua
mages tade s o ffreu n o taveis melhoramentos,tan
to em adorno de salas , como em muitas Obras
70 NOVO GUIA
praticadas no largo , em frente do real aposento .
Ha proj ecto de acabar a fachada que se acha porconcluir, fi cando d este modo o palacio da Aj udau m dos mais n o tavei s da Europa .N
ª
es te palacio ha actualmente uma notavel galeri a de pintura , tendo muitos quadros do s melhore s au ctores e de subido preço.
P a l a c i o d e C a x i a s
Nada tem de notavel esta residencia real .A quintaannexa tem uma magnifi ca cascata e um miranted onde se avista O Oceano , a grande distanci a , e
qu e serve de baliza aos prat i c o s da barra .
P a l a c i o d e Q u e l u z
Está situado em logar quasi deserto , duas leguas ,dez k i lometros , ao norte de Li sboa . Fo i fu ndadopor D. Pedro II I e c ompo e-se de differentes corposde edifi cio , Obra de diversos arc h i tec to s . É sobrecarregado de de c o raç o es de todos os es tylo s , adorn ado de estatuas , vasos e columnas em profu são ec ommu n ic a com uma espaçosa qu inta e os maisbellos j ardins de todo O reino . Na sua capella , tambem magn ifi ca , h a uma formosa columna de agatha , presente do Papa Pi o VII a D. João VI . É n O
tavel uma sala do palacio toda forrada de gigantescos espelhos , e por todo elle se encontram o p timas
n o VIAJANTE 71
pinturas e ri qu íss imos adorno s . Ahi nasceramD . João VI e seu fi lho D. Pedro I v, e fallecen esteu ltimo em uma camara qu e a inda hoj e se conserva ,adornada do mesmo modo qu e estava em 2 4 desetembro de 1834 .
AO sul do Tej o tem sua mages tade O palacio equinta do A lfeite , e em Cintra e Mafra outras res iden c ias reaes .
CAMARAS LEGISLATIVAS
NO vasto edi fíc i o do ext in c to con vento de S.Bento ,e stão as salas das sess o es e o s
”
archivo s das duascamaras legi slat iva s dos pares do reino e dos de
p u tado s da nação ; foram constru idos em
sob a d i re c ç ao do archivi sta Joao Vicente Pimente l Mal donado (di s ti n c to poeta lyri c o ) . A sala dosdeputados e espaçosa e b em ornada e ah i teem logar as sesso es réa c s . Tem galeria s publica s e reservad as para ambo s OS sexos , c orpo diplomaticoe familia real. A sala dos pares , e de modernac ons tru cçã o , e de bastante elegancia e a té magnil i cenci a .
M u n i c i p a l i d a d e
Antigamente no recanto occidenta l do Terre irodo Paço , entre a rua do Ouro e a do Arsenal .Actualmente O municipio está por emprestimo junto
79 NOVO GUIA
ao estabelecimento dO o er—o -
p eso , na Ribeira Velha , isto depoi s do incendio do Banco de Portugal , por que no loca l d
ª
es se edifi cio se est á edi licando OS novo s paços do concelho .
M i n i s t e r i o s
Ha se te secretaria s de estado , que todas estãoc o l lo c adas em O Terreiro do Paço, nos vastos l anç o s do ed i fíc i o que circundam a praça . No l adoseptentrional e st á O ministerio da j u stiç a e no o cc i den tal as repartições dos negocios estrangeiro s ,secretaria do reino e O concelho de estado ; Obras
'
publ icas , fazenda , marinha e guerra.
Tr i b u n a es
Su p remo tr ib u n a l de j u sti ça .—Primeiro tribu
nal“do p aiz. Recebe em revistas as causas que fo
ram julgadas em 2 .
ª i nstancia pelas relações doreino . Reune- se no Terreiro do Paço en tre .a ruado Ouro e a Au gusta.Su p remo c o n selho de j u s ti ça mi li ta r . Com
poe-se de duas sec ç o es , uma do exercito , outra demarinha , formada cada u ma de seis Offi c iaes generaes e um relator. O local das suas sessões é noArsenal da Marinha .Rela çã o de Li sbo a .
—Também no Arsenal daMarinha, sobre a porta principal. Recebe por ap
74 NOVO GUIA
mas . Está mo difi cado e continua a servir para areferida escola. É situado na antiga rua do Co l le
gio d o s No bres , hoj e denominada rua direi ta d ada Escola POlyte c hn i c a .
N es te edifi cio es tá hoj e estab elecido O museu ,vulgarmente chamado a histori a natural.
E s c o l a M e d i c o -C i r u r g i c a
Edifi cio annexo ao Hospita l de S. José. Esta escol a , que tem tido tres reformas durante O presenteseculo ,— a 1 .
ª em 1825, a 2 ªem 1836 e a 3 .
ª
em 181 1 , hoj e rivalisa com as melhores d a Europa .Tem um excellente amphi thea tro anatomico , l ivraria medica , gabinete pa tho l o gi c o , horto botanico eherbario .
E s c o l a d e p h a r m a c i a
NO mesmo edi fi cio da antecedente. O s estu dante s d”este curs o lectivo frequentam as duas primeiras cadeiras do 3 .
º anno da escola medico—c iru rgi c a.
I n s t i t u t o a g r i c o l a e e s c o l a v e t e r i n a r i a
Na Cruz do Taboado .É man tida por conta do estado .N
'
ella se aprendenão S! veterinaria , como agricul tura pratica e tudoO que é necessario á vida r u ra l.
n o VIAJANTE 75
A u l a n a v a l
No Arsenal da Marinh a .
E s c o l a d e c o n s t r u c c a o n a v a l
NO mesmo edifi cio .
E s c o l a d o e x e r c i t o
No p alacio da Bempo sta .
A u l a d o c o m m e r c i o
NO Instituto Industrial a Bo a Vi s ta .
C o n s e r v a t o r i o r e a l d e L i s b o a
NO ext in c to convento do s Caetanos .Este conservatorio tem nove aula s de musica
para amb o s os sexos — aula s de mími c a , dança ,esgrima , rec ta v
pro n u n c ia , historia e dec lamaç ao .
Ensina tambem a l i O l atim , i tal iano e francez .
A u l a d o m u s e u n a c i o n a l
NO edifício do convento de Jesus ha um cursode in tro d u c ç ao a hi storia natural .
76 NOVO GUIA
I n s t i t u t o I n d u s t r i a l e C o mm e r c i a l
d e L i s b o a
Este estabelecimento , u mi d o s de maior uti lidadeque hoj e existem em Portuga l , fo i creado em 30
de dezembro de 1852 , e tem t ido diversa s refo rmas qu e progres sivamen te O teem desenvolvido .Ha n
ª
el le onze cadeiras ; nove i n du stri aes , e duasdo curso do commercio . É seu director O nossoprimeiro chimico A . A. de Aguiar ; secret ario , JulioCesar Machado ; e lentes O conselheiro J. V. DamaS io , F. de F . Benevides , Luiz de Almeida e Albuquerque , J. H. da Veiga , T. A . da Fonseca , M. J .
R ibeiro , H. Mid o sí, R. J. Pequ ito F . B. Garci a ,J. de Castro ; director da Offi cina de instru mentosde preci são José Maurício Vieira . É cursado O Instituto In du stría l por grande numero de a lumnos ,havendo anu os de chegar esse numero a qu in hentos . O instituto tem tambem um museu importante.As aulas sao nocturna s ; de di a fu n c c i o n a apenasal li a se c retaria e a Offi cina .
A u l a d e g e o m e t r i a e m e e b a n i c a
a p p l i c a d a à s a r t e s
Está estabelecida es ta aula no mesmo edifícioda aula do commercio
,annexa ao Insti tuto Indus
trial de Lisboa.
n o VIAJANTE 77
C u r s o s u p e r i o r d e l e t r a s
NO edifício da academia rea l das s c i en c ías .
Este curso fo i institu ído por eI-re i D. Pedro v ,e é frequentado por estudantes da melhor sociedade ; n
'el le se dao excellentes prelec ções scientifi cas pelos homens mai s competentes do paiz .
C o l l e g i o d o s a p r e n d i z e s d o A r s e n a l
Compos - Se de 60 alumnos , sendo 20 fi lho s demilitare s , 20 fi lhos de Operarios do arsena l doexerci to, 10 exposto s da Misericordia e 10da CasaPi a .
Frequ entam as aula s de primeiras letras , desenho l inear e ornato
, aríthmetíc a , geometria e mec han íc a appl i c ada às arte s , grammatica e francez .Aprendem no arsenal do exerci to, á sua e scolha ,differentes Ofii c ío s mec han íc o s .Este collegio admitte pens ionistas particu lares .
c o l l e g i o m i l i t a r
EM MAFRA
N'e ste c ollegio se educam a expensas do estado
OS fi lhos dos militare s e dos qu e teem feito serv i ço s relevante s ao paiz , tendo preferencia OS fI
lhos d o s que fall ec eram em combate.
78 NOVO GUIA
A c a d e m i a d a s b e l l a s -a r t e s d e L i s b o a
NO extín c to convento de S . Francisco da Cidade , é o local des ta a cademi a , fu ndada em 1837
pelo ministro do reino , Manuel da Si lva Pa s sos .Tem esta academia muitos quadros n o taveís , de
differentes escola s , sobre -saindo OS seguintes :P o r tu gu es es
—Sete quadros do Grã o Va s c o , emmadeira , que Sã o : Fu gida para O Egypto , Bapt ista ,Círc umc i sao , Adoraçã o ! dos Reis , Men ino Jesus
,
Apresentac ao no Templo , O Menino entre os Do utores todos n o tavei s pelo desenho e colorido
,
mas que denotam pouco es tudo de Opt ica e prespectiva . Tres qu adros do Viei ra Lu s i ta n o : SantoAgostinho , Sagrada Familia , S. Bruno , Quatrode Bento Coelho .Um bapti smo de Santo Agostinho por Affo n s o
Sa n c hes Co elh o . S . Bruno em adoraçã o , do grandeSequ ei ra . O Senhor preso a
'
columna , que u n s attrib u em a Campel lo , outros a Ga sp a r Dia s ; e cincoquadros de Pedro Alexa n dr i n o .
Es tr a n geir o s—Uma Virgem de Rap ha el (talvez
O u nico quadro d ªeste auctor qu e existe em Li s
boa .) Um S. Jeronymo , qu e se j u lga ser de Migu elAn gelo ; e um Jesu s Christo descendo ao Limbo ,do mesmo pincel . Desc ímen to da Cruz, de Ju l i oRoma n o . Cru c i fi c aç ao de Va n dy ck, Calvario e Jesus crucifi cado
, de Gresba n te. Espíri to Santo , deTr i e i sa n i , An n u n c l aç ao , de Gu ers in i . Outra de
n o VIAJANTE 79
Ma ssa c he . A cabeça do Salvador, de Alber to Darer . Paisagens de Sa lva do r Ro sa e de B reu ghel ,Sen hora da Co n c eIç ao , de Sebas t i ã o Co n c a ; e umacoroação de espinhos , da escol a h o lan deza .
Na aula de es c u lptu ra h a a lguns busto s c o llo ssaes n o tave i s , de auctores p o rtu gu ezeS : u m Ca
moes (d e Ass is ) Affonso de A lbuquerque , e InfanteD . Henrique (de Aragã o ) D . João d e Castro e Vascoda Gama (de Sc h i app a ) A lbergaria (de Cesa r i n o ) .O viaj ante que quer visitar a academia deve procurar qualquer dos empregados , que lhe facultaráa entrada e lhe dará de bom grado os esclarecimentos que desej ar .Es t á ab erta das 9 da manhã à s 2 da tarde , e
de verao até ás 3 .
S o c i e d a d e p r o m o t o r a d a s b e l l a s a r t e s
No mesmo edifi cio da Academia d as Bella s Artes . EO seu pres idente O marquez de Sousa . FazexpOSIç o eS de bella s pintura s a s quaes Oh teem boasvendas .
82 NOVO GUIA
FILHOS DEEL-REI O SENHOR D. LUIZ I EDA RAINHA
S. A. O Príncipe Real O Senhor D . Carlos Fernando , herdeiro e successor á corôa , nasceu a 28de setembro de 1863 .
S . A . O Senhor Infante D. Affonso Henri ques,
nasce u a 3 1 de julho de 1865 .
BAIRROS DELISBOA
ADM INI STB A ç õES
B a i rr o o r i en ta l . Ru a do Bemfo rmo s o nº 163
Comp o e- Se das fregu ezías dos Anjos ; S . Jorge
(Intra-muros) Santa Engracia S . Vi c en te ; SantoAndré e Santa Marinha S . Christovão ; S. Thomée Salvador ; S . Lourenço ; Soc corro ; Pena ; SantoEstevão ; Santa Cruz do Castello ; S . João da Praça ; Sé S. Thiago e S . Martinho e S . Miguel .Ba i rr o c en tr a l —Ru a do Prín c ipe n
º 5 1
Compo e-se das fregu ezía s da Encarnaçã o ; Martyres Sacramento ; S . Juliao ; Magdalena ; S . Nicolau Santa Justa ; S . José ; Coraçao de Jesus Conc e i ç ao Nova ; e S. Sebast ião da Pedrei ra (intramuros) .B a i rr o o c c iden ta l— Calçada da Estrel la n º 47
—Compõe-se das fregu ezías de Santa Isabel (i ntra-muros) S . Mamede ; Mercês Santa Catharina ;S. Paulo Santos Alcantara (intra—muros) e Lapa .
n o VIAJANTE 83
JORNALISMO DELISBOA
Di a r i o do Go vern o .— É a folh a Offi cial do go
verno portuguez . Não tem pol ít ica e n ie lla se e uc o n tram sómen te documentos Ofii c iaes , notíci a sestran geiras e an n u n c ío s .Jo r n a l do Commer c i o .
— Como o seu títu lo i n
dica é destinado ao commercio d o paiz , o c c u pando-se todaví a de polí tica é noticio so , e publ icalongo s folhetins . N'este j orna l tem escripto e aindaescrevem auctore s de boa nota , t aes como L atinoCoelho
,Ribeiro Guimaraes , Pinheiro Chagas , etc .
Revo lu çã o de Setembr o . É o orgao qu e h a mai santigo do partido progres sista . 0s eu redactor constante tem Sí ti o O conselheiro Antonio RodriguesSampaio , caracter fi rme em seu s princípios , bome sc ripto r , e actu al ministro do rei n o . 0 seu folhet in ísta é O c h i sto so e s c r ip to r Jul io Cesar Machado ,digno succes sor do chorado Lopes de Mendonça .Di a r i o de No t i c i a s . Jornal O mais popul ar , O
mais lido e O mais noticioso que em Portuga lexi ste .Não temcôr polí t ica e só se occu pa dos aconte c imen to s do di a qu e narra detalhadamente . P ub l i c a sempre grande numero de an n u n c io s qu e
nº
es ta folha Oh teem muita pub l icidade , e Os seusfolhetin s são variados e alguns de n o taveís e scri
p to res .
Dia r i o Pop u la r . E quasi da índole do an tec edente , porém occupa- s e de pol itica. O s seus fO
84 NOVO GUIA
lhetín s dos domingos Sã o do talentoso esc ripto r
Eduardo Augusto Vidal , poeta , esc ripto r de theatro , e fo lhetín i sta de muito mirno .A Na çã o .
—Antiga folha do partido rea li st a ; temt ido bons esc r ipto re s que defendem as suas idea s ,as quaes , em geral , só fazem echo nas pro vín c i as .
Occu pa- se tambem de assu mpto s rel igio so s.Di a r i o I llu s tra do .
— É um diario popular,noti
cioso e com gravura s ; está ain da na infancia e podevir a ser de muita importancia no j ornalismo dacapital . Publica folhetins de bons es c ripto re s .Jo rn a l da No i te.— É noticioso , e pub li ca de
tarde OS acontecimentos do d ia . Occupa- se de pol í tic a e Offere c e folhet ins interessantes . 0 seu re
dac to r é o antigo esc ripto r Antonio Au gu sto Te ixeira de Vasconcello s , bem conhecido nas l ettra sdo nosso paiz.O Pa r t id o Co n s t i tu i n te, a Ga zeta d o P o vo , e a
Cren ça Li ber a l , são j o rn aes políticos e notic iosos ,os quaes tambem publi cam folhetins.
0 j ornal ismo lítterari o de Li sboa é actualmentebastante pobre . Compo e- se apenas de tres j o rn aes ,qu e sao os seguintesJo r n a l da sDama s .—Redactor BarbozaNogueira
É uma revista de l itteratu ra e modas , a qual , alémde escolhidos artigos de lítteratu ra, publ i ca todos
n o VIAJANTE 85
os mezes bellos fi gurinos gravados e i llumin ad o sem Pari s , e l indos deb u xo s e moldes para corta rfato de senhora . Co llab o rampara esta elegante pub li c açã o , além de Outro s , OS es c ripto res queridos das bel la s Jul io Ces ar Machado e Luiz deArauj o .Lettra s e Ar tes . Redactor Rangel de Lima . Jor
n ar lítterarío redigido por di s tin c to s es c rip to res , ei l lu strado c om bella s gravuras e excellentes lytho
graphías .
Eum jornal que pôde competir com as melhore s pu b l íc aç o es estrangeiras .B o let im d o Cler o e do Pr o fess o ra do . —Redactor
Moreira de Sá. Jornal dedicado ao clero e aosprofessores , noticioso e lítterari o .
Existe ha bastantes an n o s e na sua especial idadetem prestado serviços .
TYPOCRAPHIAS
Nao nos e squecemos das typo graphías que ha emLisboa , e por i s so , dando O primeiro logar àImprensa Nacional , c o l lo c aremo s em seguida O elegante e bem montado estabelecimento typo graphíc ode Castro Irmãos , onde as impressões são b ema cabadas , e o serviço é feito com toda a regu lar idade .
86 NOVO GUIA
Este estabelecimento está si tuado n a rua da Cruzde Pau , proximo ao alto de Santa Catharina .A typographia e fundição de type s de La llema n t
freres , na rua do Thesouro Velho , e tambem u m
estabelecimento de primeira ordem , b em montadoe apto para impressões de luxo . A sua e spe c i alídade s a o cartazes elegantes e variados , e impressoe s a c ôres , a oiro , prata , etc., executados comtoda a nitidez .A typographia Universa l e egualmente um bom
e va sto estab elecimento , com boas machinas ' eonde as impres so es sao feitas com acc io e brevidade .Temcapacidade para imprimir j o rn aes de grande
formato , OS preços são c ommo do s , e todas as reclamações b em atten d idas .
É n'esta Offi cina“
que se imprime O Di a r i o deNo t i c i a s , j ornal muito lido , e do qual já nos o c c u
pamo s .
BIBLIOTHECAS EARCHIVOS
Bib l io theca pu b lic a.—NO convento de 8. Franci sco . O local é pessimo para u m estabelecimentod esta ordem ,
ma s est á ve tada a quantia n e c essaria para edifi cação de uma outra casa . Contem
'
maisde volumes impressos , e manu sc ripto s , além de volumes das livrarias dos
n o VIA JANTE 87
ext in c to s convento s e uma c o l lec çã o de mai s demedalhas antigas. De entre os man u sc ri
ptos, 300 são da celebre l ivraria de Alcobaça . POS
sue hoj e mai s a rica l ivraria de D . Francisco deMello da Camara (vulgo do Cabrinha) que o gOverno compro u por vinte e cinco mi l cruzado s ,onde ha ed ições de li vros po rtu gu ezes de primeirararid ade . Entre OS l ivros mai s celebres que se enc o n tram n'es ta bibliotheca , nota—se a edição dosLu s ía da s de 1572 ; as cartas fami liares de Cícero ,edição de Spira , em pergaminho , 1469 Far u s j u
d i o u m (Fuero j u sgo ) dos vi sigo dos , primeira tra ,d u c çã o em língua caste lhana e codice rarí ssimo ;uma bibli a man u s c rip ta em hebra ico , íllumín ada
,
Obra do s eculo xn I a primeira edi ção da b iblia,
impressa pelo proprio Gu ttemb erg em Mo gu n c ía
1454 , e muitas o utras bíbl ia s em pergaminho , degrande va l i a ; a V ida de Vespasiano , exemplar u n íc o , impresso em Lisboa , 1496 ; Vita Chri sti , i dem ;Plo tin i o de Florença
,monumento admiravel de Lou
ren ç o de Med i ci s o livro do Te são de Oiro e mu ito s man u s c ripto s raros . As salas de leitura estãoaberta s t odos os d ias , não feriados , das 9 horasda manhã à s 3 da tarde ; e na sala dos man u sc rip tos vê—Se uma bel la estatua de marmore da ra inh aD . Maria I fu ndadora d este estabelecimento , Obrado ce lebre Machado de Castro
,auctor da es ta tua
equ es tre de D. José I .Bib l io theca da Aj u da. Já d'ella fallamos , quando
88 NOVO GUIA
tratamos de palacio a que está« an n exa. Eparti c ular, mas O seu dign o b ib l i o thec ari o fac i l l itará semduvida a entrada a qualquer estrangeiro ou nacion al , que a desej e visitar.Possue codices de grande valor. El-re i D . Fer
nando a nada se tem pou pado para a enriquecer, esegundo a o pIn IaO geral é a mais rica das bibliothec as .de Portugal .A lém d esta livraria real , h a outras particulare s
em Lisboa , algumas das quaes possuem mais dedez mi l volumes .Archivo da To rre do Tomb o . No extín c to convento
de S . Bento . Entrada pela calçada da Estrel l a .Fo i para ali transferido O archivo real da torre doCastel lo , onde estava e que caiu pelo terremotode 1755. E aonde estão deposit adas as c han c el lari as dos rei s , au th o graph o s das leis , mercês e trat ados , desde o principio da monarchi a . Ha ah i curi o s idades que O antiquario se não deve dispensarde ver, v i s itando Lisboa.Archivo mi li tar.—NO princíp io da calçada de S .
Francisco. Ha al i preci osos documentos relativos àarte de gu erra , e as nossas gloriosas -campanha sde outras era s e muitos mais haveria , se O e spiri to de rapina que tem invadido todos os cantosde Portugal , não tive sse tambem vasculhado esteinoffensivo deposito de memoria s honrosas.Archivo s das du as c amaras legislativas._ EmS . Ben
to , no palacio das c ôrtes. Ahi se depositam os au
90 NOVO GUIA
MUSEU ARCHEOLOGICO
NO edifi cio (em ruínas) do Carmo .
IMPRENSA NACIONAL
Na travessa de Pombal , ao collegio dos Nobres .Pertence ao estado e ahí se imprimem todas a speças Offi c íaes . Tem u ma fundição de typos , lythO
graphía e fabrica de cartas de j ogar ; pren sa hydrau l i c a , etc. E um estabelecimento u nico no seugen ero em Portugal.
TEMPLOS
A enumeração de todos OS templos de Lisboaseria um trabalho fatigante e de nenhuma u ti li dade para O fo rasteiro que visita esta capita l ; l imitar—no s-hemos pois a dar breve idea das prin c ipaesegrejas qu e adornam Li sboa e Belem , aquel las queO V iaj ante deve de preferencia examinar.Sé de Lisb o a .—Em logar elevado , mas inferior
ao castello de S. Jorge e não distante d *elle , estás ituada esta cathedra l
,cuj a origem se perde na
noite dos tempos,o que tem dado logar a exten
n o VIA JANTE 91
sas controversias. Monumento de varios seculos,
el la apresenta ín c o n tes tave i s s ign aes da sua vetu stidade , e mostra claramente que tem passado porsu c c es sívas tran sfo rmaç o es, sem perder c omtu doa lguns dos caracteres primitivos . 0primeiro bispode Li sboa fo i D. Gilberto , um inglez dos qu e au
xi li aramAffonso Henriques na conquista d'e sta c idade , e O seu cabido estabeleceu- se em Fo i
esta egrej a suffraganea em Braga até ao reinadode D. Joao I , que a elevo u a j erarc hía de metro
po lítan a e D . João v lhe mudo u O t i tulo de cathedral em Bas í li ca de Santa Maria Ma ior , creando adignidade patriarchal . Em 1344 so li
'
re u muito e stetemplo , por o c c asião de um horr ível terremoto ,sendo então reed ifi cada a capel la mór por el-reiD. Affonso Iv, cuj o cadaver ah i j az , b em como Ode sua esposa . D . Fernando I lhe a lterou depois afren te principal , fi cando quasi como ainda hoj e seve ; e passado pouco tempo fo i l ançado de umadas torres abaixo O bispo D. Martinho , castelhanode nac ao , pelo povo indignado , qu e começava aclamar pela sua liberdade e se dispunha p ara Ogran de d ia de Alj ubarrota . 0 incendio qu e suco cdeu ao terremoto de 1755 devorou grande parted este edi fi cio , que fo i reedificado ainda em tempodo marquez de Pombal , porém emmenor escal a .Ai nda hoj e se veem na sac rist ia fragmento s das columnas do primitivo templo , que era Outr'ora Oma io r de Lisboa .
92 NOVO GUIA
Em uma das suas capellas estão OS os sos deS . Vicente , padroeiro de Li sboa e do Al garve , emo u tra , de remota antiguidade , vê-se O tumulo deum Bartholomeu Jo han es , cuj a effi ge , grosseira
“
mente trabalhada, desc an ça n u m velho e tambem
grosseiro mau su le u . NO claustro conserva- se umc orvo , em memori a d *aqu el les que guard a ram erespeit aram no promontorio sacro O corpo do martyr S. Vicente ; e é por i sso qu e nas armas da c idade de L isboa se vê um corvo á prôa e O outro ápôpa do navio que occupa O escudo .Emoutro claustro , 0 das capella s chamadas afi o n sín as , exi ste umacadeira de pedra com a data de 1629, epocha t alvezem que fo i reparada , por que segundo as melhoresconj ecturas deve ell a al l i exi stir desde O pr in c ípioda monarchia, quando os nossos rei s adminis travamjustiça em publico , e ouviamos requerentes nasc athedraes. 0 aspecto severo d este templo , incutesentimentos rel igi o sos é dos muitos poucos qu eainda hoj e , em Li sboa, não parecem mai s uma salade divertimentos profanos do que u m logar deoração .Bas i l i c a do Co ração de Jesu s (vulgo Es trel la ) . O
mais sumptuoso templo da capital , mandado constru ir po r D. Maria I, em 1779, e
'
c o n c l u ido em dezanu os , pelo ri sc o de S. Pedro em Roma . Tem umelegante z imb o rio que se avi sta fóra da barra , Oqu al remata por um enorme globo de meta l e umacru z de ferro , que mai s de u ma vez tem sido da
n o VIAJANTE 93
mn ífi c ada pelo ra io . Hoj e tem cond u ctores , b emcomo as torres , egu almente garbosas e elevada s .Ha no interior d a basí lica uma p asmosa varied adede requ iss imo s marmo res de vari as c ôres e O 80
berho mauso léu da rea l fundadora , na capella mór.NO convento annexo exis tem freiras b ern ardas .S . Vic en te de Fora . Jazigo d a famil i a de Bra
gan ç a. Affonso Henriqu es lançou a primeira pedraa este edi fí ci o , em c ommemo raç a o da tomada deLisboa e por ser em sitio extra—muros da cidadese dominou de Fór a , c omo a indo hoj e se chama .Achando-se bastante damnifi cada em tempo d e F il ippe I I , mandou este abater a velha fabrica , e nomesmo local a lçar O grandioso templo
,que ainda
exi ste , apezar do violento abalo que lhe deu O terremoto de 1755 . A egrej a serve de paro c h i a e O
convento e residenci a do patríarc ha . Ja ah í estevea patriarchal por algu ns anu os , mas os seus legítimos possu idores eram os conegos regulares deSanto Agostinho .
Mo steiro de Belém.— (vulgo Jero n ymo s , por hã
ver sido o c c u pad o por frades de S . Jeronymo .)Fóra de Lisb oa , no s eu antigo termo de Belem
,
está situado este maravilhoso templo , que é , semc o n trad ic ção , o mai s formoso ed ifi cio monumenta lda velha cidade e suas vís ín han ças . Tambem , comoas precedentes egrej as , serve de fregu ezia sob ainvocação de Santa Mari a de Belem. Fo i mandadoconstruir por el -reí D . Manuel , no logar em que
94 NOVO GUIA
emb'
arcara Vasco da Gama , em agradecimento aDeús pela descoberta da India, mas não logrouvel-O concluído O seu fu ndador. Os s egu ín tes rei scontinuaram a Obra , mas j á não pro segu íu O mesmoprimor nos ornatos , n em se de u a fabric a o desenvolvimento que talhara D. Manuel ; a capell amór é de um genero de arc h i tet u ra inteiramentedifferente do corpo da egrej a quanto as columnasda nave , nao Vimos Ob ra tão primorosa e arroj adaem nenhuma das afamadas c a thedraes da Eu rop aque temos visit ado . Os estrei tos limites de umGu i a , mal pódem comportar a desc ripçã o c irc umstan c íada de tantas bellezas de architectu ra , pintura s, riqueza de marmo res , orn atos de prata e demadeira , que encerra O famoso mosteiro . Po r detraz do altar mór está O ca ixao que encerra O cadaver do infeliz D . Affonso VI e outros dois comos corpos do prín c ipe D . Theo d o sío e de sua Irmafi lhos tambem de D. Joao I V , que nao sabemos p o rque n ao estão unidos aos outros príncipes da casade Bragança ; em duas capella s l ateraes estão OS t umulos dos fi lhos de D . João III em numero deo ito e um c en o taphi o contendo ossos , que u m dosF i l ippes quiz fazer crer aos po rtu gu ezes serem deD . Sebastião . Em sepultura raza j az
'
o arcebispode Braga D. Duarte , tambem fi lho , mas n aturalde D. Joao ; est á depositada ah i a ra inh a D. Ca
thari n a , portugueza mulher de Carlo s II de In glaterra , e em ricos tumu lo s O cardea l rei e varios
n o VIAJANTE 95
infantes de Portugal . Na capell a—mer os re i s D . Manuel e D. João II I , e suas respect ivas mulheres a srainhas D.Mari a e D . Catharina , ambas castelhanas.0exterior da egrej a é irregular, mas assaz formoso ;O portal , sobre tudo , é digne de admirar- se . Em oconvento que fi ca u nido ao templo , está hoj e a Cas aP ia , e stabelecimento de caridade onde se sustentame educam c rean ç as desval idas e a escola de surdos mudos .Este mages to so ed ifi ci o e stá tendo valioso s me
lho ramen to s e dentro em breve a sua sumptuos afabr i ca fi cara completa , segundo O ri sco primi tivoe com todas a s belleza s da arte .
S . Domin go s . Ea mais vasta egrej a de Lisboa,
situada ao l ado da praça de D. Pedro . Pertenceua ordem dos pregadores , e hoj e serve de p aro c h iad e S . Justa e Rufi na .S . Ro qu e. Egrej a qu e pertenceu ao s j es u íta s ,
celebrad a unicamente pela c ap el la d e S . Jo ã o Eu
p t is ta .
Esta riquí ssima capella , mandada construir emRoma por D. João v , e Obra dos melhores arti fíc es da epoca , é adornada de preciosidades , taescomo granito oriental , porphyro , alabastro , ame
thys ta , coral ina , e tc . Tem tre s quadros emmo zaíc orepresentando O bapti smo do Redemptor , a Ann u n c íaç a o e a descida do Espiri to Santo , considerados como Obras primas dos melhores artista si tal ianos . Vein toda a capella desmantelada e en c ai
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xo tada , de Roma , depoi s de n iella ter OITI c íadO OPap a ; fo i patenteada ao pub li co em 175 1 . Este c a
príc h o real custou quatorze milhões de cruzados !Vale a pena admirar es sa s column as de lapis lazzul i , esse pavimento
'
de marmore e porphyro , ess es to c he i ro s gigantes de prat a doirada , esse altarde apurado trabalho e as outras riquezas d i e steS ingu lar monumento .Junto a est a egrej a de S . Roque , no edi fíc io qu e
fo i antigamente collegio dos jes u ítas , está O recolhimen to dos en ge itad o s , qu e S! se pa tentei a aopublico u ma vez por anno , no di a dos Santos Inn o c en tes , a 28 de dezembro .
San to An to n io . Proximo á egrej a da Sé, n o 10cal onde nasceu Santo Antonio de Padu a . É capell a da camara m u nicipal , e está conservada combastante acc io .
Martyres . Como S. Vi cente , esta egrej a fo i fu ndada pelo primeiro re i portuguez , em memoria daconqui sta de Li sboa e para servir de j azigo a guerreíros estrangeiros , mortos n
'essa empresa . É amai s antiga p aro c h ia de Li sboa .En c arn ação . Proximo dos Martyres está este ele
gante templo , é esp açoso e tem Obj ectos de artedignos da contemplação do viaj ante.Lo reto . Defronte da Encarn ação freguezia dos
i talianos residentes em Lisboa. Ardeu duas vezes ,em 1651 , e i 755, e posto que reedificada sum
p tu o samen te , com 0 auxíl io do Pap a e do rei Po r
98 NOVO GUIA
ao povo , sendo bispo de L isboa , segundo a tradicção .Pen ha de Fran ça . Tambem antigo convento de
.agostinhos. E muito co ncorrida esta egrej a pelosnavegan tes que , em o c c as ião de perigo , fazem VO
to s a No ss a Senh ora da Penha de Fran ça,grande
prote ctora do s homen s do mar .San ta Cr u z do Castel lo .
—Dentro do castello de«S . Jorge . É uma da s mai s antigas fregu ezías deLisbo a , que j á existia c omo egre j a no anno de1 168. Ficou muito damnifi cada pelo grande terremoto de 1755 .
Co n c eiç ão ve lha. An tiga syn ago ga de judeus emVil la Nova de Gibral tar , transformou- Se em egrej ac hri stã , quando a vi lla fo i sequestrada pela cidadede Lisboa , e O bairro da j u deari a acabou. Passoua ser c o l legi ada da o rdem deChristo . Está situadana ru a da Ribeira velha . O s d elicados la vo res empedra da portada d este templo São dignos de c o ntemplaçã o do arti sta e do antiquario ; é O mesmogen ero do mosteiro de Belem, fu ndação do mesmorei Venturo so que mandou descobrir India .Magda len a — Antiquíssima paro c h ia de Lisboa ,
Situada no largo d o seu nome , ao cabo da ru a daConceição ou dos Retro zeíro s , apezar dos in c e n di ospor que tem passado
,ainda conserva um portal que
denunci a grande vetu st idade e tambem é di gno deser con templado pelo viaj ante .S. Ni c o lau .
—Esta egrej a parochia l que fo i fu n
n o VIAJANTE 99
dada em 1720, está situada em um pequeno largoentre a ru a da Pra ta e a dos Do u r adores ; fo i c om
p le tamen te destrui da pelo terremoto de 1755, ereedi fi cada em 1776. Tem Opt imas p inturas , deartistas p o rtu gu ezes c o n tempo ran eo s , porém apresenta umaspecto tão garrido , qu e só conduz a pens amen to s pro fan os . Esta freguezia possue ricos paramen to s , ass im como u ma c u s to día de grandepreço e estima .S . Jn l ião . —Já em 1200 era paro c h ia , e ah í fo i
b apti sado , segundo a fama , O po n tífi c e portuguezJoão xx ou xxI . Destruida pe lo terremoto e de
prompto reedifi cada pelas esmolas dos fi ei s , tornoua arder no d ia 4 d e outubro de 1816 , por o c c as iã od as exequias da rainh a D . Maria I. Acha -se conc lu ida a nova fabrica , em que ha grande pro fu saode marmo res variadíssimos , duas ricas columnasn a capella mór, e preciosos lavo res em pedra .San ta En grac ia.—Proximo de S . Vicente . É de
fórma Ob íc u lar e gigantesca ; nu nca se completou ,apesar das enormes sommas n'ella despendi das , Oque deu lugar ao po rverb íO
' Ecomo as Ob ra sde Santa Engracia— app l i c ado a qualquer cousaque parece i n termin avel .Ha uma lenda acerca d estaconstrucção
,que justifi ca O po rverb ío . Diz-se que
um Simão Perez Solis , c o n demn ado a morte , innoc en temen te , por um desacato perpetrado na antigaegrej a, di ssera sobre O patíb ulo—que em memoria da sua i n n o c en c ía , nunca aquel la Obra se aca
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baria . A profeci a fo i feita ha mais de dois seculosRu ín as do Carmo .—A inda é b el lo ir contemplar
a s formosas ruinas d'esse antigo templo da Sen ho rado Ven c imen to , que 0 c o n destavel D. Nuno AlvaresPereira fu ndou para OS religiosos carmelita s e paraseu u lt imo repouso . A portada , as col umnas —quedividem as naves e ou tros restos do go th I c O mOn umen to ,
ainda satisfazem a cu riosidade do artis tae do homem de b om gosto. NO antigo convento ,unido a egrej a , es tá
'
o quartel da guarda mu n i c ípal de Li sboa .Dos an tigos conventos de Li sboa alguns servem
de p aro c hías , ni
o u tro s estão repartições publica s equ arteis de trop a, o u tros fi nalmente venderam—sea particulares. O convento do Esp i r i to Sa n to , aoCh iado , é hoj e palacio do s barões de Barcelinhos ;O dos P a u li s ta s tem uma companhia da guard amunicipal , e teve uma de sapadores , porém asu a egrej a serve para O
'
culto Divino como paro c hi a ; o
—de Jes u s tem a academia das sc ien c i aS,todavi a a egrej a t ambem serve de paro c hi a ; node S . Fr a n c i sc o está a Bib l iotheca publi ca e aacademia das bellas artes ; no de S . Ben to asc ôrtes e O archivo ; no de X a brega s uma fab rica dea lgo dões . 0 que a inda se conserva é 0 da Ma dred e Deu s , de freiras, em cu j a sac ri st ia ha dois quadro s attrib u ido s ao Grão-Vasco , e a historia deJo sé , n o Egypto por André Gonçalves . Tamb emalguns foram damo l i do s e n
ª
este nu mero entra a
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entre as Ob raS'
do s romanos , uma cons truc ção tãoatrevida como esta , 0 aqu ed u c to en tran ha-se nacidade pelo lado do n oroeste , e ahi toma o n omede Amo r ei ra s , de um largo c o n tígu o em que h a
plan ta ç o es d iesse genero , e j unto ao qual ha umaespecie de arco de triumpho , de architecture do ríc a ,com uma i n sc rip ção lap idar qu e refere a histori ada construc ção do aqu ed u c to , e é datada de 1738.
Ao sair do l argo das amoreira s para o sul , existeu ma vasta mã e de agu a , qu e apreSen ta exteriormente a apparen c ia de uma grande torre qu adrangular : é toda co n stru ída de Optima cantaria e c o no lu i u - se em 1834 . É esta uma das Vi sitas que rec ommen damo s , especialmente ao curioso touri sta ,e se no verao der um passeio pelo interi or do extenso aqu ed u c to encontrará t al fresco , passará alguns minutos tão agradavelmente, qu e por certon o s agradecer i a lembran ça .
A r s e n a l d o e x e r c i t o
0 arsena l do exerc ito em Lisboa , situado naparte mai s o rienta l da cidade , e á beira dO Tej o eum ed ifi c lo de agradavel apparen c i a, e vulgarmenteconhecido pelo nome de Fu n d i çã o , para O distinguir do arsena l da marinha , tamb em á be ira dor i o , mas a meio comprimento da cidade , e a quese chama sómen te O a rsen a l . O e stabelecimentode que trata este artigo divide-se em varios corpo s
n o VIAJANTE 103
d e ed ifi cio ; a fu n di ção de c ima chamada , onde sefundem as peças de art i lhería , é contígua ao palaciod o inspector e fi ca situada no campo de Santa Clara ;no me smo campo estão as ferrari as , e O depositod o s rep aros e pe trexo s conc ernente s à art ílhería ;
e ma is d istante , a Santa Apolonia , O l ab o ratoriod e fogos de artifi c IO. A entrada principal do ed ifi c ío j unto ao r io tem uma bella fachada , com columna s da ordem corinthia , e trOpheu s mi l itares ,tudo de bem l avrada pedra . Esta construcção datade 1760; é uma das Ob ras do grande Pombal. NOpavimento inferior da casa são OS vastos armazensd e deposito e no superio r encontram—se grandes ,s ala s , com muita claridade , onde estão dispostasem tro pheu s marc íaes armas de todos os tempos ,branca s e de fogo , O que é a ssaz curio so para Oantiquario ; e ahi se encontra tambem a celebrada
p eça de Di u , que tem de comprimento 27 palmose 3 po llegadas , e de c írc umferen c ía na culatra 9palmos e 9 po l legadas , e na bocca 7 palmos e 7
p o l legadas . Este canhão fo i achado pelo s portugueze s em Di u , quando se apossaram da cidade pel amorte do Sultão Badur ; pertencera ao sultão deBabylonia , e Rumec an a trouxe c omsigo quandoveiu pôr cerco a Di u . Todas a s dependencias d'es tearsenal pedem ser examinadas pelo vi aj ante, apenascom O en c ommo do de pedi r l icença ao inspector oua o OfIíc ial de di a.
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A r s e n a l d a m a r i n h a
Á beira do Tej o e com porta principal para elargo do Pelourinho. Occupa parte do local ondeestava O palacio dos nos sos rei s antes do terremoto, e ainda mui ta
[gente lhe chama a R i beir a da s
n a u s , em lembrança dos passos da Ribeira,e d o
estabelecimento n aval que ahi estava contíguo , eque tinh a aquella denominação . É uma elegantec o n stru c ç ao , Obra dO
'marqu ez de Pombal , comotudo que se admi ra solido e grandioso na Li sboamoderna . Tem u m famoso diqu e , todo
"
forrado decantaria dois estaleiro s , Opt imo s armazens , a extensa sa la do r i sc o onde
'
estão as escolas naval ede c o n stru c ç ao , e on de se fez a grande exposiçãoda industri a n ac l o n al em 1849. Ha ah i uma corvet a para ensino dos guarda -mar inha s , que merecever- se . AO fim d essa s ala , para O sul , está O telegrapho centra l do reino, e é ah i que se fazem OS
s ign aes dos navios que entram ou saem do Tej oe qu e e stão a vi sta das fortaleza s da barra ; estearsenal c ommu n íc a com o s edificios da parte o c c idental
,do Terreiro do Paço . Ah i estao a contado
r ia e pagadoria de marinha , a repar ti ça o d o maj orgenera l da armada e a su peri ten den c i a do mesmoarsenal .Este importante es tabelecimento do estado tem
so ffrid o n o tave i s melhoramentos taes como u ma
longa e espaçosa ponte de ferro , um solido guin
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Vap o r Argu s . NO Algarve .Vap o r Tete.—Na Africa .Vap o r Sen a . Na Africa .Ba r c a Ma r ti n h o de Mello . —No Tej o.Es c u n a Co n de Pen ha F i rme. Na Africa .Esc u n a Nap i er .
—Na Africa.Br iqu e Pedr o Nu n es . Desarmado.Ha mai s Outras embarcações de pequeno
qu e nao se mencionam aqui , po r brevidade .
A l f a n d e g a d e
'
L i s b o a
DO lado Opposto do arsenal da marinha e commu n i c an do tambem c om O Terreiro do Paço , mas
pelo l ado oriental , e stá o grandioso edifi cio da alfan dega , co n strucção do grande homem , muito digna de ser vi sitada pelo foras teiro , que n ão tenhamesmo de entrar lá por causa de negocios, mastão sómen te para a revista da sua bagagem. Famo so s armazens e salas o c c u p am os . doi s pavimentos de uma ampla quadra, fresca sempre pelas aguas de um tanque com seu pequeno repuxoe por formosos salgueiros que sombreiam commod o s assentos . Tem logo ao desemb arque esta alfandega , dois telheiros de ferro c om columnas domesmo metal de agradavel apparen c ia . A entradaé sempre franca pela arcada da Praça do Commerc io .
Esta alfandega tem actualmente um rama l de
n o VIAJANTE 107
caminhos de ferro amer ic an o ; e está ma is augmentada com Vari as casa s e armazens que pertenceram ao ministerio do reino.Proximo ao Terreiro , no ch amado Ja rd im do Ta
ba c o , possue esta alfandega excellentes armazensde deposito , para os generos qu e não podem estacionar na alfandega grande.
A l f a n d e g a m u n i c i p a l
Camin hando para leste pela ch amada r u a da Al
fa n dega e não mu i distante do seu termo , en contra-se O largo d o Terre iro do Tr igo , no centro doqu al e stá um vasto , elegante e so l ido ed ifi ci o , consfru ído , ainda por Pomba l , para deposito de trigos ,depois tran sformado em alfan dega de c ereaes e queu lt imamente pela reunião d esta casa fi sca l com a
alfandega denominada das Sete Casas , tomou O
nome de A lfandega Mun icípal. É ahi qu e se despacham todos Os Obj ectos de consumo do munici
p io , menos o peixe que tem uma administraçãoseparada , no caes da Ri beira Nova , mas cuj o ed ifi c ío nada tem de n otavel.
C o r d o a r i a
Singelo mas as saz extenso edifi cio , mandadoconstru ir pela ra inha D. Maria I
, a margem doTej o , entre a Junqueira e Belem. É ah i a fabrica
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de cabos e l o n as para fornecimento da armada etem uma Offi cina de instrumentos mathemati c o s .
C a s a d a m o e d a
Adiante do largo de S . Paulo , caminho de oeste .Tem uma excellente machina de cunhar , a vapor ,e existiam ahi guardadas algumas preciosidadesdos extín c to s conventos e egrej as profanadas ; taeseram uma cruz de
'
OírO de 12 marcos e 4 onças ,que D . Sancho deu a Santa Cruz de Coimbra em12 12 ; uma cruz grande antiq u í s sima , outra de oirocom pedra s preciosas e uma gran de pyxide compedrari a , tudo do convento de A lcob aça um grande cofre de prata para a semana santa , no gosto
go thíc o , que pertenci a aos freires de Thomar. Acustodia da Patri archal , que
”
custou u m milhão eduzento s mil cruzados ; a da Bemposta , que temdezesete conto s de réi s no pezo de metal , fóra osdi amantes e mai s pedrari a ; a de Belem , mandadafazer por D. Manuel , do primeiro OirO que veiodo Q u i lôa ; 0 precioso cal ix de Thomar, dois deCoimbra , 0 sc eptro rea l de oi ro do Tej o , etc.
P a l a c i o d a j u s t i c a
No extín c to convento da Bo a Hora , acima daConceição Nova . Nada tem de notavel . Ahi estãotodos os j ulgados da primeira i n stan c Ia emLisboa ,menos O commercial e o s militares .
1 10 No vo GUIA
Castel lo de S . Jo rge.—Pri sa o dos mil itares .Gale, — NO Arsenal da Marinha ; era O pres ídio
dos c o n demn ado s trabalho s fo rçados.Cova da Mo i ra, Servi a para deten sao d o s pre
sos senten c i ados a d egredo , emqu an to n ão parti ampara .os seus destin os.To rre de Belem.
—Tambem pri sao mi litar , qu ando ha grand e numero de presos . Tem uma fo rmosa sala para d eten são d o s Ofii c iaes gen eraes .
Das o u tras b ellezas da torre fa llaremo s n a 'defezade Li sbo a .
S . Ju lião da Barra .—Prisão de e stado com h o r
rive i s calabouç o s , onde as veze s cu mprem sententeh ees de pr i sao tempo raria os Offi c iaes mil itares .
Tem Lisbo a Oito grand es caes d e emb arque edesembarque
,que sao OS de Belem , Ribeira Nova,
Caes do Sodré , Ars enal; Caes das Columnas ,
(Terre iro- da Paço) , Alfand ega , Caes de San ta
rem, e Fundição : e quatro men ores—O da Cordoaria, de A lcantara, de José An tonio Pereira, edo Terreiro.
A t e r r o d a B o a V i s t a
Este aterro começa n o Caes do Sodré e c hega
j'
á quasi até A lcantara. Está a inda em construcção
n o VIAJANTE 1 1 1
e logo qu e se u l tíme , será u m dos melhore s passe ios da
'
c api tal .
É uma longa e bella plani ce arb o rísada , c om assen to s de madeira , bem i ll umin ada , à margemdo Tej o e decorada com bello s predios e muitosestabe lecimento s importantes , como : serralh arias ,Ofii c in as de fu n d iç ao , serragen s a vapor , estaleiros ,vaccari a , (onde se ven de leite fresc o , sorvetes et c.)O e stabele c imento do gaz , a abegoaria da cidadeetc. Armazens de bebidas , depositos de madeiras ,fabricas de tumu lo s e tc ., etc.Este s í tio é mu ito frequentado por c arro agen s e
omn ibu s que tran sitam para A lcantara , Belem , Aj uda , Pedro i ç o s , Oeira s e Cascaes .Ha O proj ecto de estabelecer aqui uma linha fer
rea até Cintra .C a l d e i r a s
Em c o n s tru c ç ao ha duas caldeira s ou dOkas ,j unto ao Caes de Santarem , assim como no Arsenal da Marinh a h a outra s duas para as embarcações do estado ; posto qu e meio atulhadas de lodoa inda servem de grande refugio contra os rigoresdo inverno.
Ja r d im b o t a n i c o
Contíguo a casa que serviu a te 1836 de museude histor i a n atura l , palacio velho ao lado da Aj uda .
Fo i fu ndado em tempo de D . Mari a I , para in struo
1 12 NOVO GUIA
ção dos príncipes , e teve por primeiro director 0celebre doutor Van del li , lente j ubilado da u nivers idade de Coimbra ; depois , em 1810, O dou tor, Fé
l ix d'
Ave lar Brotero , um dos melhores b o tan i c o s domundo . É logar agradavel e ameno , e tem sido euriqu e c ido com uma c o l le c ç ao selecta de plantas exot icas .Na entrada da parte do s u l e stão duas cu rio sasestatuas de can tari a , j á muito arruinadas , attrib u id asaos fen íc i o s e desen terradas em1 785 nas vísín han ç asde Portalegre ; b em como u ma enorme estatua deHercules . Tem este j ardim b e llOS repu c h o s e bac ia sde agua , du as magnifi cas estufas e varias Obra s emmarmore , dignas de ver- se.
T e l e g r a p h i a e l e t r i c a
Estabelecida na Praça do Commercio , no mesmol ocal da repartição das Obras pub l ica s .E do serviço do estado , porem tamb em recebe
c ommu n i c aç o es para particu lares, pelo preço quemostra uma tabel la existente no mesmo estabelecimento . Tem estaçoes em diversos pontos da capital onde recebe e expede telegrammas .
F o n t e s e c h a f a r i z e s
Sã o muitas as fontes e chafarizes que abastecemd'agua a cidade trata-se de a encanar para as hab i tações, mas entretanto Sã o mais de tres mi l ga l
1 14 NOVO GUIA
Necessidades—Tem este largo uma fonte comgrande tanque e gracioso Obeli sco , a que j á nos referimos no artigo Pa la c i o s r o u es .Belem.
— Proximo ao moste iro dos Jero n ymo se stá um Outro chafari z , de fórma piramidal , que édos ma i s engraçados em architectura que pos sueL isboa e seus suburbios . Fo i c o n stru íd o modern amente .Pedro i ç o s Nieste encantador logar h a um ou
tro chafari z egualmente esb elto e de gosto não vulgar, ainda de mais moderna d ata .
Esperan ça—Retrocedendo para O interior da c idade , cuj a o rla seguimos até aqu i , encontramosO chafariz do Largo da Esperança , adornado de c Olumnas e ampla escadari a .Theso u ro Velho .
—;De moderna data fo i feito p ara
substi tuir O chafariz do Loreto .
Carmo . -Ed iurn a es tructu ra orig inal e embelleza mui to a praça que lhe deu O nome .Ru a Fo rmo sa. No centro d i u m l argo . E espa
coso e abundante em agua .Chafar iz da ru a d'Alegr ia . De aspecto acanhado ,
pórem abundante d ªagu aRato . —NO l argo d este nome é de so ffrível ap
paren c ía .
Ru a do Arc o Pequeno e sem prespectiva .Praça das Flo res Edo mesmo gosto . Fo i cons
tru íd o para substituir um outro que h avia junto aoarco do rua de S . Bento .
n o VIA JANTE 1 15
n as Amoreiras . Co n stru ído no centr o dO largod'esta den ommaç ao , e elegante e po ssue bo a agua .Da Estrel la. Construído j unto ao convento as
s im chamado . Nada tem de notavel .De S . Pedro de Alcan tara Co n s tru ído moderna
mente no fim da calçada da gloria, em substituição
di
u m outro que havi a junto da a l ameda .Em t oda a cidade e seus arreb aldes h a outros
mais , pouco digno s de nota , assim como vario smarcos fo n ten arío s n o s passe ios e nos logaresmai s publ icos da cidade .
ESTAç i O n o CAIIINIIO FERRO DELESTE
Esta elegante e espaçosa estação está s ituadaproximo a Santa Apolonia , e p ouco distante dol argo do Terre iro . Nã o obstante ter u m l argo n asu a frente , a rua qu e lhe fi ca para lel la é poucol arga , e se es ta linh a ferre a t ive s se O des in vo lvímento desej ave l , por certo aquel la arteria seríai n su fi íc íen te para O t ransito publico.Tem esta es tação uma mages to sa ga r e, e toda s
a s dependencia s nece ssar ia s sao edifi cadas comelegancia e sol idez . Dizem as pes soa s entendida sque não é inferior a outra s estações de pa izesmuito ma i s adiantados que nós .D
'al i partem os c omb o yo s para leste e sueste ,
1 16 NOVO GUIA
tendo um espaçoso en tr o n c amen to , solidas ponte sde ferro e cantaria , tu n ei s , etc .Houve proj ecto de fazer na frente d esta estação
um formoso aterro rou bando a margem do TejO '
O
neces sario espaco para uma bella rua que chegassea entroncar com O denominado Aterr o da Bo a
Vi s ta porém u ma tal Obra fo i j ulgada superior à sforças do nosso município , e assim fi cou aqu elle
t erreno acanhado e pouco elegante .
DEPOSITO DA COMPANHIA DAS AGUAS
É no logar onde existiu O chafari z d a praia , eque agora é su b sti tu íd o por uma b i c a de poucaimportancia , que se edifi cou junto a este deposi todª
agu as , o qual é de perfeito ma c hin i smo ,'
so l id o ebas tante espaçoso . É uma Obra importante e aunica que n º
este genero exi ste em Portugal e po risso muito d ign a de ser vis itada por qualquer estran geiro .
A s duas Obras hydrau li c as mais n o tavei s de Li sb o a e esta e O deposito das Amoreiras . Os a r c o sda s agu a s l i vr es , fóra da c irc umvalaçã o de Li sboa ,egua lmente é u ma Obra arroj ada e perfeita , e daqual se falla mais largamente n'esta guia ;A chamada companhia das aguas ja fornece esse
nece s sario líqu ido a muita s casas e estab elec imen
1 18 NOVO GUIA
Praça do peixe. AO Terreiro do Trigo .Eum péqueno mercado com mesas de pedra , destinado exc lu s ivamen te á venda do peixe .Vér -o -Peso .—A ssim se chama ao mercado de
azeite e Vinho , por grosso , estabelecido a Rib eiraVelha .Praça de peixe.—Em Belem . E loca l ma i s vasto .
Fo i c oncluído h a poucos anu o s com bastante gosto .
MATADOURO
Era antigamente no Campo de Santa Anna .Agora acha-se edifi cado com tod a a vastidão noSíti o den ominado Cruz do Taboado .
É u m estabelecimento notavel e no seu generopôde competir com os melhores que existem no soutros pai zes .As rezes sao all í desman chadas com todo O acc io ,
havendo um ciru rgião veteri nario destinado a examinar O estado de saude dos an imaes que , paraconsumo da capital , se votam amorte.
ESTABELECIMENTOS UTEI S
Ho spi lal n ac io n a l e real de S . Jo sé. —Estabelecidono prolongamento da rua do Arco da Graça .
n o VIAJANTE 1 19
Este hospita l é destinado ao s doentes pobres ,posto qu e tambem possue quartos particulare s porpreços raso aveís .E de bella apparen c i a , tem um largo na sua
frente, tod avi a possu e poucas condi ções hygien íc as .
Ult imamente solt'
ren n o taveís melhoramentos . Temu ma escola medico cirurgica , sendo seus professores a s melhores repu taç o es da capital .Ho spi ta l da Mar in ha Junto a o campo de Santa
Clara . É destinado aos doentes pertencentes a armada rea l .Ho spita l da es trel l inha .— Este hospi tal militar est á
s itu ado ao pé do largo da Estrella , e é destinadoaos mil i tare s doentes .Ho spital de S. Lazaro . Passado O largo do So c
corro. É des tinado ao s doentes pobre s que padec emmolesti a de pel le .Ho spital veterin ario Annexo ao Institu to Agri
cola . É do estado , todavia tambem recebe para t rat amento animas s doentes , pagando seus dono sto da a despeza .
R e a l c a s a p i a
É estabelecida no edi fi cio do convento do s Jeron ymo s em Belem . Antigamente dava educação aosOrphao s e desamparados d e ambos OS sexos , h oj eadmi tte sómente rapazes e em menor numero , ondelhes ensinam in stru c çao primaria , Ofi i c ío s mechan icos , e tc .
120 NOVO GUIA
NO prime i ro domingo de cada mez é patenteeste Asylo ao publico .
A s y l o d a M e n d i c i d a d e
NO extín c to convento de Santo Antonio dos Capuchos ao campo de Santa Anna .Recolhe um determinado numero de pobres de
ambos os sexos que al II sao mantidos p o r caridade .
A s y l o d e M a r i a P i a
Va sto edi fI c íO Situado a Santa Apolonia , no qualse abrigam indigentes velhos ,
—
cegos e aleij ados deamb os o s sexos.Actualmente o numero de asylado s é de 597 .
A s y l o d e S a n t a C a t h a r i n a
Estabelecido no antigo edifício de S . João Nepomo c en o .
Fo i insti tuido para recolher OS o rphã o s das vic timas d a febre amarel la .
A s y l o d o s l i l h o s d o s s o l d a d o s
No edifi cio de Mafra .
A s y l o d o s i n v a l i d o s d o t r a b a l h o
Sito na Fonte Santa.
122 NOVO GUIA
C o r r e i o G e r a l
Administraçao central do correio de Lisboa,ca l
ç ada do Comb ro (aos Pau l i stas) .0 correio tem uma estação posta l na praça dO
Commercio , n o l ado oriental , assim como muitasca ixa s em divers as ruas da cidade.AS estamp i lha s de franqui a vendem-se nas loj as
que teem c a ixas , ass im como na es tação posta l eno correio geral, On de se seguram as que Vã o parafora do re ino e se recebe dinhei ro e en c ommen das .
P r o c u r a d o r i a Ge r a l d a C o r ô a
Junto ao arco da rua Augusta.
M o n t e -P i o Ge r a l
Ru a d o Ouro.
O b s e r v a t o r i o a s t r o n o m i c o
Na Aj uda . É rico de instrumentos mathemati c o se administrado por capacidades s c ien tifi c as de primeira ordem.
n o VIA JANTE 123
LOCALIDADES DAS REPARTIÇOES PUBLICAS
EEGA P ITULA ÇZO
Ac a demia rea l da s s c i en c ía s . —Rua do Arco .Ac a demia da s bel la s a r tes .
— Extin c to conventode S . Fran ci s c o .Admi n i s tra ça o gera l do s c o rrei o s . Calçada do
Comb ro .
Admi n is tr a ç ã o ec o n omi c a da s c a de ia s c iv is de
Lis bo a . Limoeiro.Admi n is tra ç a o ger a l da c asa da mo eda e p ap el
sel la do . Rua da Moeda .Admi n i s tra ç ã o da rea l c a sa de Br aga n ça .
—Nec ess idades , ou n a ru a do Duq u e de Bragança .Admi n is tra ç a o ger a l da impr en sa n a c i o n a l .
Travessa do Pombal .Alfa n dega gra n d e de Li sbo a . Terreiro do Paço .Alfa n dega mu n i c ip a l .— L argo do Terreiro .
Ar c h ivo da to r re d o Tomba — Ca l çada da EStrell a .Ar c h ivo mi l i ta r .
— Calçada nova de S. Francisco .Arsen a l da ma r i n ha —Largo do Pelourinh o .Arsen a l d o ex er c i to . Largo da Fundi ção .
B ibl i o the c a n a c i o n a l . Ex-primeiro convento deS. Francisco ,
B a n c o de P o r tu ga l . Rua dos Capell i s tas .Cama ra mu n i c ip a l . —No Ver-o—pezo .
124 NOVO GUIA
Commi ssa o p erma n en te da s pa u tas Na Alfand ega de Lisboa.Commi ssã o a dmi n is tr a t iva da c a sa p i a .
— Ex
tineto convento do s Jero n ymo s .Co n selho de es ta d o —Necessidades
, (a s sec ç o esno Terreiro do Pa ço) .Co n s elh o de s u a de n a va l e d o Ultrama r . HOS
p ita l da marinha.Co n selh o de sa u de p u b l ic a .
—NO ministerio doreino.Co n selh o de a dmi n is tra çã o da ma r i n ha . Ter
re i ro do Paço .Co n serva to ri o r ea l .— Ru a dos Caetanos .Es c o la p o ly tec hn i c a .
— Ru a Di reit a da Esco la POlyte c hn íc a .
Esc o la d o ex er c i ta — Bemposta .Es c o la n a va l Ru a do Arsena l .Esc o la de c ommer c i o . No Instituto Industri al .Es c o la med i c o -c i r u rgi c a .
- Hospital de S . José.Es ta çã o d e s a u de .— Belem .
Es ta do ma i o r gen er a l . Terreiro do Paço .
Go vern o c i vi l . —Travessa da Parre irín ha .Go vern o d i o c esa n o d o Pa tr i a rc ha do . S. Vi
c ente .Ho sp i ta l n a c i o n a l e r ea l de S. Jo sé.— Calçada
do col legio de Santo Antão .
Ho sp i ta l da ma r i n ha . Campo de Santa Clara .H o sp i ta l mi l i ta r . Estrel lin h a .
Ho sp i ta l de a l i en a do s .- Rílhafo l les .
126 NOVO GUIA
DEFESA DELISBOA
C a s t e l l o d e s . Jo r g e
Ci dadel la de Li sbo a , em um alto que dominap arte da cidade , e onde se encontra a celebreporta de MemMoniz , na qual , segundo a tradição ,se atravessou um valente guerreiro d
'
aqu el le nome ,para facili t ar ás hostes de Affonso Henriqu es a eutrad a da cidade . A parte mili tar do castello
,com
presídio , quartel de tropa , e b a teri as , está c o n Serv ada com O ma ior acc io e b om gosto ; O antigob airro qu e ainda se conserva de pé, quasi todo anteri o r ao terremoto , e qu e fi ca fechado pelas muralh as e porta do castello , é de mesquinha apparencia , mas digno de ser contemplado pelo ant i
qu arío .
T o r r e d e s . V i c e n t e d e B e l e m
Uma legua distante do Terreiro do Paço para Ooccidente ; a su a construcção fo i projectad a porD. João II e seu plano incumbido a Garc i a de Rezende , pagem da es c revan in h a , porém coub e aD. Manuela glori a de a concluir n a mesma epoca e gosto em
qu e edifi cou O convento de Belem , que não lhe fI c ad i stante . Fo i c o n stru ída n O meio das ondas , mashoj e está na ponta de uma língua de areia
,que a s
aguas p ara al l i tem empurrado . É digno de visitar
n o VIA JANTE 127
se este precioso mu n umen to pel a belleza da sua arc h i tec tu ra , o s relevos e b as tl aes , as guari ta s de pedra c om differentes lavôres nos angulo s , as cruze sde Christo que por toda a parte se mostram em re
levo recordando o mo n arc ha venturo so , que fo igrande mestre d i
es sa mi líc ia antes de ser re i , o sseus mi l ornatos graciosos, e a s onda s beij andolhe a base , e a brisa susu rrando por entre a sameia s , e a l inda vist a do Tej o , da cidade , dasmontanh as d e além e do oceano . Como ponto mil itar não é de grande importanci a e st a torre , porem soccorre-se com a bateria add i c i o n al do BomSu c c ess o . Uma da s curiosidades mais dignas dever- s e na torre de Belem e a Sa la Regia ,
cuj o tecto é elíp tico , e aonde dois vi s itantes c o l lo c ad o snos fóc o s , qu e fi cam nos angulos o ppo sto s dacasa , pódem conversar em voz b aix a e communicar mutuamente as suas ideas , sem qu e outrapesso a c o l lo c ad a no meio da casa
,e por conse
gu inte mais perto de ambos , possa ouvir uma sópal avra .To rre Velha .
— Do outro l ado do Tej o , fortifi ca
ç ao arru inada , aonde está e stabelecido o La z a reto ,
e que nada tem a observar n em pela architecturan em pel a importanci a militar.To rre de S . J u l ião o u 8. Gião da Barra .
— Castel los i tu ado na fo z do Tej o
,com uma povoação adj a
cente,e prisões medonhas , que j á por largos an n o s
estiveram cheia s de martyre s politicos . Cons ti tue
128 No vo GUIA
a defeza de Li sbo a pelo l ado do mar , cruzando o sfogos com a Torre do Bugio .
To rre de S . Lo u ren ç o do Bu gi o .— I lho te i so lado e utre as va gas , como uma vedeta de Li sb oa . En treestas duas torres e stão os cachopos que formama s dua s barras de Li sboa ; a do s u l ou ba rr a gra nd e, e a do norte o u c o r redo r . É u ma bonita constru c çã o , que tem como S. Julião , u m b om pharo l,o qual se rve de marca , combinado com outrosfo ra da barra , para se poder de no ite tentar a eutrada do Tej o.Fóra da barra h a a fortaleza de Cascaes , qu e
pouco ou nada poderá valer p ara s alvar Lisboa deuma inva sao pelo lado do mar .Á margem do Tej o ainda ha de lado do sul o cas
tel lo de A lmada , fronteiro Li sbo a , e outra s fo rti fi c aç o es arruinadas de um e outro lado , que naotêem importancia alguma militar, n em são ob j ecto sdignos de a ttrah irem a s vista s do forasteiro .
As l inhas destinadas a defender Li sboa pelo l adoda terra , o c c u pam a extensao de duas leguas emsemi-circulo
,apoiando as extremidades no Tej o
sobre a Madre de Deus e A lcantara ; estao porémem grande parte arruinadas , e despidas da guarn i çã o e arti lheri a . Mais longe defendem Lisboa _a sfo rmidave is linhas de Torres Vedras , ante as quaesrecuou Massena com um poderoso exercito de soldados de Napoleao ; estas linhas apoiam a direi tano Tej o e a esquerda na praça de Peniche sobre
130 No vo GUIA
pl omati c o s da Europa . A ll i sep u ltam-se os fi nadosda metade occidental da cidade.Alto de S. Jo ão .— Cemiterio da parte oriental de
Li sboa . Menos rico em monumentos fu n eb res , masnotavel pela capella aonde se deposit am os fi nadosantes de passarem ao ultimo j azigo , porque é adornada de primorosos marmo r ,es obra moderna qu ese deve a municip al idadeAj u da . Terceiro cemiterio c atho l i c o de Li sboa
,
onde se en terram as pessoa s fal lecidas do concelhode Belem . Nada tem de notavel em comparaçãocom os precedentes .S .Lu iz. Cemiterio pri vativo dos fran c ezes , j u n to
á egrej a do mesmo nome .Os Cyprestes .
—Nome vulgar que se da ao c emiterio dos In glezes , j unto ao passeio da Estrella .An nexo a elle está a egrej a do culto protes tante .Cemi terio do s Ju deu s .—Ao Co llegi n hoCemiter io do s Al lemães.— Bu a do Patrocínio , á
Bo a-morte .Val Esc u ro . Cemiterio de irrac i o n aes.
n o VIA JANTE 131
PASSEIOS E JARDINS PUBLICOS
P a s s e i o P u b l i c o
Entre o largo de Camões e a praça da A legr iaestá situado o principal p asseio de Li sboa , que naotem outra denom inaçã o particular. Contém algunsj ardins que cortam ruas sombreadas por arvoredoe duas bellas e statua s representando o Tej o e oDouro
,de cuj as marmo reas urnas gotej am l imphas
sobre o s lago s . A rua principa l e interceptada,
logo ao princip io , por uma en ome bacia de pedra
qu e serve para rec ep tac u l o da s aguas .No l ado opposto a entrada principal h a u m ou
tro lago , com u ma cascata , tendo ao s l ados dua sescadas que conduzem a um terraço , qu e fi ca superior a ca scata . Este passeio e frequentado pelamelhor sociedade da capital , que nos dias apra s ivei s da primavera e do estio ah i vae gosar o ba lsamico aroma das fl ores e os melodiosos sons deu ma musica marc ia l . Nas noites de verão é i lluminado a gaz ; dão—se al li fogo s de artifi cio , c o n c ertos
, e tem um café.
Ja r d i m d e S . P e d r o d e A l c a n t a r a
Este passeio de muito menores dimensões do queo antecedente , avantaj a-se- lhe c omtu do n a bel lez ado local e graça de accessori e s. D
'
alli se d i sfru c ta
l 32 NOVO GUIA
um dos mai s variado s panoramas da cidade , terminando por uma nesga do Tej o . Sobranceiro ao j ardim,
propriamente dito , qu e tem uma boni ta cascata ,u m peq u eno repu c ho , e algu ns bustos de romanosn o tavei s , ha um passeio b em assombreado de arvoredo
,cercado de grades de ferro do lado da rua
e de solidas mu ralhas no decl ive da montanha emque esta assente . É delicioso , por uma noite deluar
,i r alli re spirar o s hal ite s da briza , perfuma
dos das mil fl ores do j ardim , e ver a b a ixa e asmontanhas c irc umvisin has i l lumin adas por myriades de luzes da s suas habita ções . O j ardim deba ixoestá fechado depois do pôr do sol , porém a al lameda superior e publica toda a noite.
Ja r d i m d e s . R o q u e
Fo i c o n stru íd o no largo da mesma denominaçãoe tem no centro
'
um modesto monumento que osi tali anos residentes em Li sboa fi zeram all i erigir,afim de c ommemo rar o enlace da rainh a D. Ma riaPi a com o nosso re i .Este j ardim e pouco frequentado , e apenas à
poetica hora do fim da tarde all i se encontra alguma ama sec c a ou c r i a d i n ka sopeira que d isfarçadamen te derr i ça o p o l i c i a c ivi l all i estacionado
,
emqu an to as crianças , confi adas ao seu cuidado ,rebolando na relva
,esmagam os narizes muito a
sua vontade.
1311 NOVO GUIA
arvoredo , lagos e assentos—eis ahi pas seio daEstrella , que toma esta denom i naçã o da formosa basíl i c a que lhe fica defronte e que ainda será ornadocom a estatua da fundadora d ªaqu el le magnifi co templo , a ra inha D . Mar i a I , obra do fallecido João Josedº
Agu i ar, que fo i lente de esc u lp tu ra na extin c ta escola da Aj uda .
P a s s e i o d a Ju n q u e i r a
Situado a margem do Tej o , e muito mai s extensodo que o antecedente
,entre A lcantara e Belem ,
avulta o copado arvoredo d i este pa sseio , orladode pal acios e casas elegantes ; termina no poentepelo vasto edifi cio da Cordoaria.
Ja r d i n s d o Át e r r o
No aterro da Bo a Vi sta ha dois bonitos j ardins ,com frondoso arvoredo , bellas fl ores e commode sassentos, os quaes sao muito frequentados em asnoites de verão.
n o VIAJANTE 135
THEATROS
D . M a r i a I I . Dec l ama ç ã o p o r t u g u eza
Es te theatre fo i levan tado no mesmo loca l ondeex is tiu o palacio dos Es ta as , depo is a In q I çao ,
a regencia , e ultimamente o thes o u ro publico , ed ifi c i o que fo i destru ído pelas chammas , em 1836.
0 theatre fo i c o n c l u ído em 1847 , e bem que i n ferio r ao de S. Carlo s em grandeza e sol idez , exc ede- o c omtu d o em elegancia e luxo de ornatos . Afachada principa l qu e emb el leza a praça de D . Pe
dro tem seis formosas col u mnas , coroadas poruma empena onde se vê u m a l to relevo representando Apolo e sete das Musas , desenho de Eenseca , executado por Aragão , Cezari n o Lata , e Cag
gi an i ; as dua s Mu s as qu e faltam n aqu el le grupo—Melpomene e Tha li a— estão aos l ados da estatua central que represent a o poeta Gi l Vi cente :es ta fo i modelada por Assiz , e executada por Cesarino aquellas são dos cinzei s de Caggian i e Lata , Pedro de A lcantara , e Eç a . Esta fachada principa l do edifi cio tem entrada para o camarote real ;a do largo d e Camoes para a s platea s e camarotes ; a do Pa teo do Regedor para a s varandas epalco ; e a do largo de S . Domingos tambem communica com a ca i x a do theatre . O s alão ao n ivelda p rimeira ordem de camarotes , tem varandas
qu e c ommu n ic am c om a segunda e terceira ordens ,
136 NOVO GUIA
e portas para o terraço superior do vestíb u l o dol argo de Camoes . Tem frizas , camarotes de primeira , segunda e terceira ordem , e u ma sumptuosatribuna real .
S . C a r l o s . Op era i ta l i a n a
Um dos melhores theatre s de segunda ordemn a Europa , e onde se encontram de c o raç o es comoem nen hum outro . F o i constru ído em sei s mezes
pelo architecte portuguez Jose da Costa e S ilva ,sob a inspecção de Sebastiao Antonio d a Cruz Sebral , e a expensas de uma companhia de opa lentos negociantes , a cuj a fren te se achava o barãode Quintela (pae do fallecido c onde de Farrobo) , Antonio Jose da Cruz Sobral , Bandeira , e Machado . A
primeira representação n'este theatre teve logar nodia 29 de abri l de 1793 , para festej ar o nascimentoda princeza da Beira , D. Maria Thereza , primei rafilha de D . Joao Vl . —No tecto de salão de entrad aha a notar um bello q u adro , represen tando o p rec ip íc i o de Fa eto n te, obra do del icado pincel de Cvryllo Wo lkmar Machado ; o pavimen to e de marmore branco e azulado , disposto em xadrez. A sal ado espectaculo e elíp tica ; tem 120 camarote s d istrib u ído s em cinco ordens , e uma tribuna grandiosap ara o Soberano nos d i as de grande gala . Este ed ifi c i o é c o n s tru íd o de c an tar ia a prova de fogo ; o sseus corredores sao todos de abobada , a s escada
138 No vo GUIA
Th e a t r o d a R u a d o s C o n d e s
Este theatre velho e de triste apparen c ia , e dest in ado aos espectaculos que se dao no Thea tr o deVa r i eda des , e como elle e frequentado po r i gua lclasse de espectadores .Os nossos pri n cipaes actores aprenderam n
º
este
theatre , como : Emili a das Neves , Tasso , Ro sa ,The o do ríc o etc. Hoj e não conta nenhum artist a denotavel merecimento .
Th e a t r o d e V a r i e d a d e s
O antigo theatre do Salitre acha-se act u almentecrismado com este título , todavia é sempre o mesmo theatre , frequentado por espectadores de b aixaclasse
,prompte s a promover rixas e contin uadas
troças .Vari as sociedades teem administrado aquellaempresa
,porem o mau fado constantemente a s
persegue.O genero d ªeste theatre é comedias , farç as e
magicas .Th e a t r o d o P r í n c i p e R e a l
Estabelecido no fim da Ru a Nova da Palma . Edestinado a comedia s e dramas . As companhiasque tem tido são po u c o n o taveís , e em geral ofrequentado pela class e pouco elevada da sociedade.
n o VIAJANTE 139
C a s i n o L i s b o n e n s e
No largo da Abegoaria (á Trindade) . É um espace se sa lão proprio para bai les m ascarados , bemdec o rado ,
'
e no qual se teem dado representaçõe sde zarzuelas e concertos vo c aes e ín strumen taes .
CIRCOS
P r a c a d o C a m p o d e S a n t'A n ú a
E o unico monumento do tempo do governo deD. Miguel . Ha al í corridas de touros no go sto pen ín s u lar , quas i todos o s domingos de verão . Começ o u a servir em i 832 . O seu rendimento revertea favor da casa p ia .
C i r c o d e P r i c e
Ru a do Sal itre , em frente do Thea tro de Va r i eda des .
Uma companhia equestre traba lha n'este elegante circo todos os invernos , e e frequentadopela melhor socieda de de Lisbo a ; os e Sp ec ta c u lo ssao a noi te. Tambem dá ba i les mascarados na epocado Carnaval , e algumas vezes espectaculos dramatíc o s pela companhia do theatre da rua dos Condes.
1 40 No vo GUIA
PRAÇAS ERUAS MAIS NOTAVEIS, MONUMENTOS ,PALACIOS EQUINTAS
A cidade ba ixa ou nova, edifi cada por ordem domarquez de Pomb al , sob re as ru ín as deixadas peloterremoto , e / u m parale llo gramo regu lari ss imo deruas c ortadas em angulos rectos , e terminadas aos u l pela praça do commercio , e ao norte pela s pra
ç as de D. Pedro e da Fi gueira . As ruas tran sversaes de leste a oeste , começando na praça de Commercie denominam—se : Ru a No va de El-Rei
"
(vulgodos Cap el li s ta s , por se r especialmente dedicada àsloj as de sedas , bij outeri as e modas) .—Ru a de
S . Ju li ã o (vulgo dos Algi bebes , porque quasi todasa s suas loj as sao o c c u p adas por vendedores de fatofeito) . —Ru a da Co n c ei çã o (vulgo dos Retr o z ei r o s ,pelo motivo que a den ominação indica. Tr a vessa
d o S . Ni c o la u Tr a vessa da Vi c t o r i a Tra vessa
da Ass u mp ç ã o Tr a vessa de Sa n ta Ju s ta , qu e ter
mina em um largo d a mesma denominação , e i in almen te a Ru a da B i tesga , e a Tra vessa d o Am
p a r o , c ommu n i c a o Ro c i o c oma Pr a ça da Figu ei ra .
A s ruas do sul a norte sao , começando de oeste—Ru a Au rea ,
-ou do Ouro , Ru a Au gu s ta ou dosMerc ad o res , e Ru a Bel la da Ra i n ha (vulgo daPra ta ) que partem d a Pr a ça d o Commer c i o (vulgoTerr ei ro d o Pa ço ) as duas primeira s a en testar
com a Pr a ça de D. Pedr o (vulgo Ro c i o ) e a ultimacom a Pra ça da Figu eira (mercado publico) .
142 NOVO GU IA
onde estão c o l lo c adas as pri n c ipaes repartiçoes doestado , como j á indicamos n
ª
o u tro logar,a leste e
oeste terminam estes grandes corpos por dois fo rmo so s torreoes, local da Bo lça (praça do commercio propri amente dita) . Qu alquer d ielles tem optimas columnas sn sten d o os p avimentos superiores .Entre os dois lance s que formam o lado septentrional da praça , n a entrada da rua Augu sta , estãofei xes de pr imorosas columnas , sustentando umaarcari a de b em l avrada pedra , sob re a qual se levanta a bella plata-fôrma da torre que hade receber o relogio e sino da cidade. De l ado oppostoesta e rio e um amplo caes , terminado por duascolumnas de marmore inteiriças .Tem est a praça 585 pés de comprimento de nas
cente a poente , sobre 536 de largura . Est á arborisada e bem i llu mi n ada .
O mais bel lo ornamento d i esta vastíssima praçaé a
E s t a t u a e q u e s t r e d e J o s é 1
Monumento erguido pelo povo de Li sboa ao reisabio
,que mandou reedifi car a cidade destruida
pelo horrivel terremo to de 1 755. Bem no centroda praça est á c o l lo c ad o o formoso pedestal que sustenta a estatua
,cuj o cavallo e caval leiro , em bron
ze,pezam arrate i s l e tem de a ltura 3 1 e
meio palmos ; o pedestal , de marmore , tem de altu ra 32 palmos , de comprimento 27 , e de largura
n o VIAJANTE 143
18. É em tudo su perior a famigerada estatua equestre de lord Wellington . O desenho e esc u lptu ra danossa memo r i a (como lhe chama vu l garmente opovo) é do celebre Joaqu im Machado de Castro
,e
a fu n d ição da estatua fo i feita no arsenal do exercito , sob a inspecção do tenente genera l Bartholomeu da Costa fo i inaugurada em 1775 , vinte annos depoi s do terremoto , e a inda em vida do re ia quem era dedicada . Po r sei s degraus de pedras e sob e a plata -fo rma q ue su stenta o pedestal , entre d o ís grupos a lego r i c o s a o nascente e ao poente ,representam estes , d e um lado u mmancebo , tendoem u ma das maos a palma de triumpho , e com a
outra di rigindo o cavallo qu e piza a o s pés os in imigos ,tudo cercado de tro pheo s d e guerra ; do outro ladoa fama embocando a tub a , cercado tambem de tro
ph eo s , e com um elefante ao pé, e um homemprostrado , alusão esta qu e a inda ninguem soubeexpl icar raso avelmen te .
A s faces do pedestal adj acentes aos grupos saol izas ; a que olh a para o interior da cidade tem umbaixo relevo
,cuj a alego ria o auctor explica assim
E o obj ecto principal a gen er o s i da de r egi a , virtude
perso n alísada na fi gu ra de uma donzela com as vestes e insígnias reaes n a atti tude de descer do solio ,como para acudi r e remedi ar a lamentavel catastrophe da capital destru ida pelo terremoto ao lado temum l eão , symbole da mesma virtude . Outra fi gura feminina , c idade de Lisbo a , é facilmente conhecida
141 No vo GUIA
pelo escu do de su as armas , i sto e, o navio comdois corvos a popa e á pro a ; vê-se ca ida e emdelique , para S i gnifi car o desastre que s o ffrera : o
go vern o da rep u bl i c a , traj ando como os guerreirosantigos , a
' está amparan do com a dextra ; a e stetrava de b raço esqu erdo o Amo r da Vi r tu de , re
'
presentado n ium menino aligero cercado de grinaldas de louro , que o gu ia p erante o throne paraexpor os intentos e s o ll i c i tar os meios de pro gred ir na reparaçã o da cidade , ao qu e a generosidaderegia b enignamente defere . O c ommer c i o abrindo osseu s cofres franqueia a s suas riqueza s . Posterioresa esta fi gu ra , que tem aos lados a cegonha e dua smes , que sao seu s symbole s , vemos mai s duas fíguras , representando a a r c h i tec tu ra , que mostraa pl ant a da cidade e a Pr o viden c i a hu ma n a , quese di stingue pela corôa de espigas de trigo e peloleme
,e umas chaves na mao e squerda : vem am
bas concorrer com sua p eríc i a e direcção a levantar Li sb oa do meio das ruinas em qu e j azia sep e lt ada.A outra face do pedesta l , qu e olha para o
Tej o , e que é convexa como a que lhe fi ca oppostae acabamos de descrever , tem esculpida s as armasreaes ,
“
e* aba ixo d iellas uma moldura ova l , onde o
grande ministro restaurador da cidade mandou collocar a sua efn
'
gie em bronze , a qual fo i arrancadaem 1777 para lhe substituírem outra lamina comas armas do senado da camara de Lisboa. D. Pe
116 NOVO GUIA
qual assenta a estatua do imperador coroado delouro
,com o uniforme de general e manto , tendo
n a mao dire ita a carta constitucional , e apoiando a
esquerda na espada.
Os l ados do nascente e poente da pra ça"
tembella casaria s imetri c a ; ao sul está o arco de Ban
deira , tamb em ladeado de moradas , e ao norteo rico theatre de D . Maria II , de qu e já tratamo s
em logar competente. A l este dº
es te edifi cio fi ca olargo e egrej a de S .Domingos , e a oeste o la rgo
de Camões , com lindos predios , que seguem pela
ru a de Camões ao passeio pub li co . Sobranceiro ao
Ro c i o vê - se,em uma emin encia , o convento de
Carmo e as formosas ru ín as da egrej a qu e lhe era
annexa.Esta praça perfeit amente arb o ri sada e i llu mi n ada ,
contem grande nu mero de commode s b anc os de
madeira .
P r a ç a d e L u i z d e C a m õ e s
Esta moderna praça está situada no fim da ru a
do Chiado,sendo fechada por uma gradaria de
bomgosto
.No centro fo i inaugurado em 1867 um
monumento ao grande poeta , executado pelo escul
pto r Victor Ba sto s . Const a de uma estatua ingente
de Luiz de Camões , .
avu lt ando no seu pedestal , es
c u lpidos em marmore,as estatuas dos mais nota
ve i s poetas e prosadores já fal lecidos, que são
n o VIA JANTE 117
Fernao Lopes , Pedro Nunes , Gomes Eaun es deAzu rara , João de Barros , Fernao Lepes de Cantau beda , Vasco Mousinho de Quevedo , JeronymoCorte Real e Francisco de Sá de Menezes .Esta praça e uma das mai s elegantes , pois é guar
n ec id a de bello s edi fi cios , e está b em i l l umi n ada ,arb o rísada , e com grande numero de bancos parac ommo didade do publi co .
P r a c a d a A l e g r i a
Na parte superi or do Passeio Pub lico , nao é taoregu l ar como as j á nomeadas , mas tem b ellas h ab i taç o es de particulares , e a rb o ri sada e tem assentos .
P r a c a d o P r i n c i p e B e a l
Acima da antecedente , e em logar bem arej ado.Ahi esteve a antiga b así li ca de Lisboa , in cendiadae redu zida a cinzas no seculo passado. Depois começ o u - se a erguer no mesmo logar o Er a r i o n o vo ,que nunca passou dos s o lído s alicerces ; ultimamentedestinaram—n'a para a c o n s tru c çao de um mercadopub l ico , mas o qu e subsiste por agora é um belloe espaçoso lago , pertencente a companhia dasagu as qu e al l í tem um abundan te deposito. Estapraça e bellamente arb o rísada e guarnecida de bancos de madeira.
148 NOVO GUIA
La r g o d o P e l o u r i n h o
Menor qu e o Ro c io , e quadrado. Tem de umlado o vasto ed i fi c io / do Arsenal da Marinha , e daCamara Mu nicipal ainda em c o n stru c çao ; no centrotem uma singular colu mn a de marmore de umasó pedra , em forma de ro sc a e ôc a , coroada poruma esphera armilar de ' metal . Era ahí que seexecutavam as sentenças de morte proferidas contra os nob res, porem ha alg u n s an n o s qu e lhe tiraram os ferros que indicavam essa ominosa serventin .
P r a c a d a F i g u e i r a
(Vide Mer c a do s .)
P r a ç a d o s R o mu l a r e s
(Vulgo Ca es do So dré.) Empedrada s imi lhan temente ao Ro c i o , e arb o ri sada ; e muito frequ entadapelos negociantes e homens do mar , em c o n sequ en
c ia d a su a p o s uç ao a margem do Tej o , e porqu eb a ah í mais de um esc r ip to río de agencia commercial e maritima. Tem doi s b ons c afés , h o teis , b i lhares , ete?
“
L a r g o d e s . P a u l o
Tambem empedrado em mosaico. e com u m obel isc o no meio (vide Fo n tes e c hafa r iz es) . É muito
1 50 No vo GUIA
L a r g o d o C a rm o
No centro da cidade , muito alegre e arb o ri s ad ocom um bonito chafariz , a s ru ín as da egrej a , e u mpa lacio em que está o Clu b Li sbo n en se. A associação dos architecte s está nas ru ín as da egrej a.
P r a ç a d a R i b e i r a N o v a
(Vide Mer c a d o s .)
L a r g o d a s N e c e s s i d a d e s
Defronte do palacio real ; tem um chafariz c omuma bella agulha de marmore qu e dizem s er de
mu i to va lor.
L a r g o d o B a r a o d e Q u i n t e l l a
Só notavel pelo palacio que fo i do conde de Farrobo , que é na real idade elegante , e que en testacom a
“egrej a da Encarnaçã o .Entre esta e o Loretoúc a o Largo das du a s Egr ej a s , e um bom palacete ,que lhe—ti ca ao sopé , on de esteve algum tempoassemb lea da Pen ín su la , hoj e extín c taA Pr a ça da s F lo res , o La rgo da Gra ça , 0 do
Co rp o Sa n to , o de S . Ro qu e, e outros muitos deLisboa , mai s ou menos regu lares , nada tem q u e
p renda a atten ção do viaj ante. No largo do Calha
n o VIAJANTE 151
riz ha a notar o palacio e j ardim dos duq ues dePalmella .Entre os palacios particulares de Li sbo a e seus
suburb ios , merece a preferencia , quanto a nós , odos condes da Rib eira , á Ju n qu e i ra , e depois o doscondes da Povoa , hoj e casa de Pa lmella , ao Ra to .Ah i perto tambem o que pertenceu aos condes deCêa . Sã o n o taveís os dois do marquez de Pomb al
,
ás Ja n el la s Verdes (actual residencia de s u a magestade imperial a d u qu eza de Bragança) , e n a r u aFo rmo sa ; e de Bandeira (conde de Porto Covo) , áLap a , acompanhado do b ello j ardim , cuj a en tradaé franca ; e do marquez de Cas tello Melhor o domarquez de Borba , a Sa n ta Ma r t/i a , onde tambem
j á residiu a imperatri z do Brazil , vi u va ; o do marqu ez de Abrantes , a Sa n to s , qu e j á fo i egualmenteh abitado por aquella excellente princeza ; e o deX a bregas , dos marqu ezes de Niza , fundado pelarainh a D. Luíza , mulher de D. João I I .Entre as casas de mais mage s to sa apparen c ia
em Li sb oa , so b resae a do Br a ga n z a Ho tel , na ru ado Ferregial de Cima , que se enx erga desde longeno Tej o ; algumas casas modernas na r u a d a Tr i nda de , onde existiu antigamente o convento , e po i'
outros sítios da cidade , isoladas , atraem tambematten çã o do forasteiro , sobre tudo no sítio da Ju nqu eira , em qu e h a lindas habitaçoes , di st inguiudo-se entre ella s o palac ete , j ardim e torreões dov i sconde da Junqueira. A nova r u a do Dzu j u e de
152 No vo GUIA
Br a ga n ça , aberta por entre as ru ín as do thes o u roVelho , e do s paços dos d u q u es de Bragança , estan o va r u a orlada po r modernas arvore s , temdo outro l ado uma s u c c e s s ao de casas regulares e damai s bella app aren c ia S imilhan tes ao hote l de Bragan ça . Esta ru a termina no picadeiro de S . Carlos ,onde está a porta para o tablado do theatre .
Além d esta ru a , e das tres pri n c i paes da b a ixa—Au gu s ta , Au r ea , e da Pra ta , qu e j á mencionamo s , sao muitas as ruas de Lisb oa , as qu e sedistin gu em p o r sua regu laridade o u s u c c e ssão deedi fícios elegantes . O Ch i a d o , e dos logares maisfrequentados pelo bom tom da capita l ha ah i boasca sas , mas nada de especial a mencionar ; e o u sesuba pela r u a la rga de S. Ro qu e para os aprazívei ssít i o s de S . Pedro deAlc a n tara ,
'
Co llegío dos Nobres , e Bate , o u se prosiga pa ra o occidente peloCalhariz , Paulista s e Poço Novo , encontra - s e aqu ie alli u m palacio , uma casa nob re , u m j ardim , tem
plos o u de pé ou em r u ín as , o u fu n c c i o n an do ouprofanados , porem tudo en termead o com casas demodesta appare n c ia .É d igno de nota o l indo palacio do visconde
“daGandarinha , situado na ru a do Sacramento , á Lapa .Elegante , commodo , com um b ello j ardimna frente ,no gosto inglez , e u ma vivenda modello que talvez não tenha segunda em Lisboa.
154 No vo '
GUIA
edifi ci os modernos ; e para oeste , pela beira-mar, aBo a Vis ta , q ue e como u ma grande arteria da c ida
'
de , e a r u a de S . B en to , que tem uma milha deextensao.Das quintas , palacios e monumentos que fi cam
extra-mu ros da cidade, trataremos quando dirigirmos o viaj ante para Cintra , Collares , Mafra , etc ., etc .Agora condu ziremos o curioso viaj ante a fa
zer em nossa companhia alguns pa sseios, dandonos e gosto de sermos o seu c i c er o n e, e antesd i sso , será conveniente que elle faça uma idea daperspectiva da cidade.
ENTRADA EM LISBOA
E de um apreci ador estran geiro a rapida desc rip ç ã o que em seguida a qui damos , e por i ssopode-se j ulgar imparcia l . A impressão agradavel
qu e elle d iz ter sentido , j á nós a tivemos quandopela pr imei ra vez entrámos a magnífi ca barra deLisboa
,presenciando o magico e bello espectaculo
que se apresentava a nossos olhos.Era ao declinar de u ma bella tarde de mai o ,
u ma pequena trovoada havia produzido algumac huva que refrescando a atmo sphera caía brandamente como i s de prata que se destacavam a trazdas escuras nuvens que bordavam o hori sonte.
n o VIAJANTE 155
A belleza e a poesia d este final da tarde,as
saudades da patria e o nosso gen io observador,
tornaram es te quadro para nós de ta l encanto emagia, que di fi i c íl será esquece i—o .
Nada ha mais grato , nada ha ma i s pittoresco edeli cioso aos o lhos do que pela primeira vez contempla ta l e spectaculo , qu e o magn ífi c o panorama
qu e representa a cidade de Li sboa ,mages to samen terecostada proximo das ondas que a sorriem me i
gamen te , em qualquer ponto de onde se chegue aoseu excellente porto
, qu e afii rmam ser um dos In elbe re s do mundo . O viaj ante apreciador não po dedeixar de ficar agradavelmente s u rprehen d ido aoestender as vistas sobre a s bellezas que se offerecem ao seu olhar observador n em pôde extremarnenhuma com especi alidade
,poi s qu e são tantas
qu e apenas a imaginação as pôde conceber.Se ao aproximar—se da cidade se entra pela barra
qu e forma o c au delo so Tej o , e deslumb rante mar ,a ri ca e vari ada paízagem qu e o panorama da barraapresenta , faz recordar as formosa s b ahias de Napoles e Constan tinopla . Deixando a barra e pass ando a margem do Su l o pontal de Cacilhas , dominado pe lo Cas tel lo de Alma da , à esquerda asl o n giqu as serra s de Cintra com as alta s torres doseu mages to so palacio real , se an tevem por entre
156 No vo GUIA
as torres do B u gi o e de S . Jo ã o da Ba rr a , apresentando—se a vista um novo e magnifi co espectaculoque con st a de grande numero de peq u enas e p itto resc as po vo aç o es que esmaltam graciosamente ascampinas desde a Cru z d o s Arrep en d ido s , sit u adaao lado de S. Ju l i ã o , até á mourisca torre d e S.
Vi c en te em Belem , um dos mais b e'llos monumentos qu e de seu genero se conserva .Infi nidade de qu intas de recreio , cuj os frondosos
arvoredos , b ellos j ardins e elegantes edifi cios , paten te iam a n o b resa e o gosto dos seus possu ídores , destacando entre elles p alacio da Aj u da qu e ,posto ainda nao estej a concl u ido , revela a grandezae o an ime de seu e ll i i i c ado r.
Sã o tamb em n o tavei s por sua b elleza os síti o sde Cax i a s , S. Jo sé de Ri bama r , Bo a Vi agem, Pç ;
dr o i c o s , O ei ra s , . Pa ç o de Ar c o s , e fi nalmen te a pevo aç a o i nteira de Li sboa , formando montanhas decasas , cu j os limites se perdem no horisonte .A medida qu e o viaj ante se adianta , ten d o v j a
passado a b arra e a torre de Belem , vae descob r in de a parte baixa da cidade , o magn ífi c o Terr etr o d o Pa ç o (Praça do Commercio) u ma das maisespaçosas e regu lares da Eu ropa , com o se u graud i o so monu mento qu e parece q u erer aproximar- sedo Tejo para sa u dar o viaj ante curioso , servindolhe de pomposo cortej o o resto dos ed ifíc i o s quese estendem pela margem do r io até Alcantara .Além da citada torre de Belem —e do z imb o ri o
158 NOVO GUIA
cendo pelo Tej o n ªu m pequeno barco,ai nda po
derá experimentar uma agradavel su rpreza , porque a capital , s imi lhan te a um aváro em vez demostrar as suas riquezas de uma só vez , as vaeapresentando uma a uma , dando- lhe e necess ariotempo para se admirar detalhadamente as suas perfeiçõe s .Uma vez chegado —a Li sboa por qualquer dos
pontos mencionados , e depois de ter desemb arcado no Terreiro do Paço , a admiração do viaj antesobe de ponto ao ver na magnifi ca praça o sum
ptu o so monumento que a decora , i sto é , a estatuaequ estre do rei D. José I , os edifi cios qu e a c írc u n dam, e o magesto so arco da ru a Augusta, dignado n ome que tem pela sua extensão , formosura eregul aridade.
P a s s e i o s d e n t r o d a c i d a d e
Para c ommo d id ade do vi aj ante , que não possademorar-se muitos di as em Li sboa vamos apresentar- lhe aqui i ten erario de quatro passeios que começam e acabam no Terreiro do Paço , dentro do squaes encontrará tudo que ha de notavel a ver inter-muros da cid ade , buscando informações sobreos logares ah i apontados nos respectivos artigosd este GUIA . Tendo vagar po de dupl icar o numerodo s passeios
,dividindo cada um d ºel les em dois no
logar que vae marcado com este signal '
a:
n o VIAJANTE 159
PRIMEI RO PASSEIO
Terreiro do Paç o . Secretaria s , Camara Muni cipal , Thesouro , Telegraphi a electrica , Obras publicas— onde se podem ver alguns modelos , e a plantado palacio d 'Aj u d a —Praça do Commercio . Estatuaequ estre , Caes das columnas , e dos vapores , A lfandega , Ru a Augusta , Rocio , Theatro de D. Mari a ,
Passeio Pu b lico , Theatro da rua do s Condes , Circode Price , Theatro das Vari edades , Largo do Rato ,Palacio de Marquez de Vianna , Largo das Amereiras , e Mãe d
'agu a .Campo d”O u r iqu e e o qu artel d
º
ín fan tería n º 16 ,
Egrej a de Santa I sabel , Largo do Rato—Pa la c ío doduque de Palmella — Imprensa naciona l , Palacio
qu e fo i d o conde de Cea , Escol a Po lytec hn i c a , Praçado Príncipe Real , Asyle das d o n zel las o rphã s , Passeio e j ardim de S . Pedro d 'Alc an tara , Mi seri c o rdi a—Egrej a de S . Roque , casa da lo teri a e rodados expos tos— Ru a de S . Roqu e , Egrej as da Encarnação e do Loreto , Martyres , Theatro do Gym;
nasio , Largo do Carmo , com o chafari z e a s ru ínas da antiga egrej a , Theatro da Trindade , Casino Li sb onense
, Bib liotheca publica , Academiadas Bel las—Artes
, Theatro de S. Carlos , Hotel Braganc a , Calçada de S. Francisco , Egrej a da Co n c eição Nova Ter rei r o do Pa ç o .
1 60 NOVO GUIA
SEGUNDO PA SSEIO
Terrei ro do Pa ç o , Largo do Pelourinho , Arsenal , Largo do Corpo Santo , Caes do Sodré , Ru ado A lecrim ,
Palacio que fo i do conde de Farrob o,
Pal acio s d e duque de Palme l la , ao Calhariz,do
conde Sob ral , Correio , Conservator io , Mu seu , Ac a
demia das S c i en c ías , Convento de Jesu s , Egrej a dosPa u l ista s , Côrtes , Torre do Tomb o , Convento dasFran c ezi n has , Hospita l mili tar , Largo da Es trella ,Passe i o daEstrella , Convento do Coraçao de Jesu s ,Cemiterio e Capella protestante , Cemiterio de NossaSenhora dos Prazeres .
s Palacio e quin ta das Necessidades , Ponte dª
A l
cantara,Q u arte l dos invalide s da Marin ha , Egrej a
de S . Fran cisco de Pa u la , Q u artel de In fanterí a n º
2 , Chafariz das Janel las-verdes , Palacio de marqu
'
ez de Pomb a l , Egrej a de Santos O Velho , Calçadado Marquez d º
Ab ra n tes , Aterro da Bea Vis ta , Chafar iz e conven to da Esperan ça , Fab ricas de fundição
, Gazometro , Ab o gari a , Casa da moeda , Praçade S. Paulo , Ru a do Arsenal , Pelourinho , Egrej ade S. Ju lião , Terrei r o d o Pa ç o .
TERCEIRO PASSEIO
Ter rei r o d o Pa ço , Ru a da Prata , Egrej a de S. Ni
c o láO , Praça da Figuei ra , Egrej a de S . Domingos,Hospital de S. José , Escola medico-c iru rgi c a , Asvlo
162 NOVO GUIA
Santo Estevão , e S. João da Praça , Pa lacio de Du
qu e da Terceira , Cruzes da Sé , Ru a das Can astras , Ru a dos Bac a lh o e iro s , Cas a dos Bicos , Ru ados Capel l i stas , Terr ei r o d o Pa ç o .
Tendo dado notici a de todos os Ob j ec tos que podem ín tre ssar o vi aj ante dentro dos muros de Li sboa , passamos a tra tar dos seu s arredores , comocomplemento que são da mesma cidade , e qu e naodevem deixar de ser vi sitados pelo curioso . Co meõémo s por atravessar o Tej o , e pas sei ar p o r esse s b ellos plaín o s da
O u t r a -B a n d a
Sa indo do Terreiro do Paço em um vapor , c he
ga- se com poucos minutos de viagem ao caes de
Ca c i lha s , do outro lado do Tej o ; ah i inumeros rapazes vos o ffere c erã o burrinhos , que é a vi atura ordi n ari a d
i
e ste s itio , e sa o seguros , fortes e tão b onscomo os do Egypto ; montarei s, e deixando pelascostas o magn ífi c o Tej o e o sob erb o panorama dacidade que orla outra margem , O caes de Cacilh asonde fo i assassinado o generalTelles Jordão em 1833 ,e O pequeno fortim adj u n c to , ireis por entre ca sasde mai s ou menos formosa apparen c ia , l indos j ardins e va l io sas quintas , d i sfru c tar a optima vist a doca stello de Alma da , ou a Fo n te da Pip a , d onde sefornecem de agua muitos navios , e tambem dos preciosos vinhos encerrados nos armazens c o n tígu o s ;
n o VIAJANTE 163
ah i perto e a fabrica da Ma rgu ei ra , bello estab e le c imen to fabril , e ma i s longe fica o Pr a ga l ,
e O Ca ramu j o , e Co va da P i eda de, t u do logares
p i tto res c o s , de ares salu b re s e abundantes c omes tíveis . A morada e qu inta real do Alfei te é d e todoso mais agradavel , e depois a quinta da princeza , naAmo ra . Q u em de alto do castello de A lmada , l ançaa vista para o outro lado do ri o , e abraça n
'
nm re
lan c ear toda a senhori l Lisb oa , desde X ab regas atéBelem , e a té á barra , póde dizer que v i u u m dosmais grandiosos quadros qu e a Europa apresentano s eu genero . E se alongando a v ista pelo Tej oabaixo
,tran spo zer com os olhos a torre do Bo gi o ,
enxergará lá fora o Oceano em toda a s u a magestade e inumeros barcos d e vario s tamanhos e e s
tru c tu ras , qu e s e confu ndem no hori sonte , como u mapeq u ena mancha do fi rmamento ou do mar. Saindode Cacilhas e A lmada pel a margem sul do Tejo ,encontram-se algumas insignifi cantes po vo aç o es paraO Occidente , encravadas emareíaes , Po r to -Br a n dã o ,
Tra fa r i a , Ca pa r i c a ,e ou tra s a inda menos impor
tantes ; para leste do pontal de Cacilhas ha as povo aç o es de pescadores do Ba rre i r o , Se iwa l e Arr en tela , O paiz Vinhateiro do La vra d i o , Va lle deZebr o ,e muitos outros Iogares até Alho s Vedr o s e Aldea
ga llega . No s d ias das festa s parti culares de cadauma d estas terras O seu a specto é ri sonho , as suasgalas brilham à luz do sol ; no resto do anno é miseravel apparen c ia das pobres vi llas e alde ia s, não
161 NOVO GUIA
pagam em graças ao forasteiro o trabalho da j ornada.
C e r c a n i a s d e L i s b o a
AO ORIENTE
Se par tindo do Terrei r o d o Pa ç o , pela beira dorio , o viaj ante se di rigir ao nascente, ou vá n
”umpequeno bote , em omnibus , em carro , ou nas modernas carruagens o u mesmo a pé
, d i sfru c tará sem
pre uma agradavel vista ,—bellos edi fi cios , hortas verdej an tes , agu as mansas e puras , e uma agradaveltempera tura . Passando os ed ifíc i o s das duas alfandegas— de Li sboa e Municipal , e vendo do largodo Terreiro começarem- se a emaranhar os b ec c o s davelha A lfama , sobre os quaes c ampéam as torresde San to Estevao , segue—se O bello sitio do Jardim do Tab aco até Santa Apolonia , rastej andopelo Arsenal do Exercito, e vendo no alto
'a Fu nd i çã o e o Hospital da Marin ha , e mai s longe as ru inas de Santa Engracia , e as f to rres de S. Vicente .Comtemp lare is n
'este transito os restos de vasto s pal acios , que perten ceram a antiga nobreza de Po rtugal ; a monumental fonte da Samaritana , de que
j á fallamos ; conventosmagesto so s de Freiras e Commen dadeiras , como O de Sa n to s e o da Ma dre deDeu s
, c o llo c ado s em síti o s deleitosos , e que en c erram em s i preciosidades artí sticas ; Bea to An to n i o ,X a brega s , O Po ç o do B i sp o , os Ol i va es , Bra ço de
166 No vo GUIA
em que ha tanto movimento , e l á em cima os a ltos de Sa n ta Ca tha r i n a e das Chaga s , no ul timodos qu aes está situ ada a freguezi a dos mar ít imos .A B o a Vi s ta , as Ja n ella s Verdes , ab rindo ruas parao b airro da Lapa ; a Pamp u lha , e a ponte de Alc a n ta r a O Ca le a r i o , onde fo i O j ardim mytho l ogic o , c om suas cocheiras reaes ; e O passeio daJu n qu ei ra , e a Co rd o a r i a , e O largo de Belem,
hoj e de Fern a n do II, ladeado de viçosas arvores , regu l ar e com um optimo caes , tendo em u ma
extremidade as c ava l lari ças reaes ; fronteiras aor i o a s calçadas “ que sobem para a memo r i a , egrej aengraçada que fi zeram erguer no logar onde el - reíD. José receb eu um tiro , e para a Aj u da e Ja rd imB o ta n i c o . Entre essas duas estradas fi ca o pal acioreal , chamado de Ba ix o . Pro segu i n do com a excursao ainda para oeste , e sempre a beira mar, pass aes pelo mercado do peixe , o go lb ice mosteiro dosJero n ymo s , e a torre de Belem , j á sob re a agradavel praia de Pedr o i ç o s , onde as senhoras tomam .
banhos de agua salgada todos os anu os ; ahi pertose encontra a soberba qu inta do du que de Cadaval .Depoi s a ponte d i
Algés , l á em cima os pi tto res c o slogares de Li n da a velha , Li n da a Pa s to ra , e Ca rn ax i de todos esses sitios aprazíveis qu e o viaj antecontempla logo ao entrar no Tej o e j á e fóra d ab arra Oeir a s e Ca r c a vello s . Ah i não ha a sol idãomelancol icamente suave do arreb alde oriental , e aré mais cortante, as vagas vem com ruido quebrar- se
n o VIAJANTE 167
nos cachopos,o oceano estende- se ao longe na sua
frente,e tudo concorre a marcar estes logares com
o selle de uma imponente grandeza . As quintas doMarq u ez de Pomb al , em Oeira s , sao d
*
aqu elles logares qu e nenhum viaj ante qu e chega a es tas praia sdeve deixar de vi sitar. A estrada divide em duase sta propriedade , legada a seu s netos pelo grandeministro , qu e , grande como era , nao se esqueceude s i e dos seus . Entre muita s b ellezas h a ah í notavel , na partemered i o n al , a chamada gruta dos poetas , que tem os busto s de Homero , Virgi l io , Camoes e Tasso o palac io em cu j o pavimento i n ferior ha estatuas do celeb re Machado de Castro , ealguns obj ecto s de uso do marquez no andar superior ; a grandiosa adega , em cu j o s tonei s gigantesO povo crê que pena a alma de Ri chel ieu portuge ez ; n a parte septentrional ha a decantada cascat ade Tavei ra
,com muito verso i n sôss o e prosa torpe ,
e tanto em uma como em outra das quintas , graciosos j ardins
,selvas
,lagos , estatuas , regato s , pon
tes , e grutas. D'
ahí a torre de S . MM O da Barraé u m pequeno pas seio.Já qu e n
'este passeio nos achamos no aprazívele h o j e muito freq u entado bairro de Belem
,citare
mos aqui ao c an çado viaj ante O Cl u b Ho tel , magnifi co estabelecimento com sa ída e caes sobre a ma
gn i fi c a pra i a de banhos de Bom Successo , torna- semuito rec ommen davel não só pela sua po srç aoexcepcional e salubre como pelos commode s que
168 NOVO GUIA
Offerec e ás pessoas ou famíl ias que desej arem tomar o s b anhos de mar ou permanecer no c ampo ,reunindo assim , todas as vantagens para aquello sque preferi rem viver confort avel e economicamenteno campo , perto da cidade , n
ª
u m estabelecimentoque lhes o fferec e a independenci a domestica semos en c ommo do s e ma iores despezas qu e fariam emcasa sua .A sua c o l lo c açã o tOp o graphi c a e a sa lub ridade
dº
aqu elles si tios dão toda a garanti a para se poderaconselhar ás pessoas que precisarem restaurara s aude a sua res idenci a n
º
aqu e lla local idade ,como O attes
'
tam os medicos mais conhecedoresd iella .
Meza redonda e j antares parti culares .
Pastelaria aon de se ac c e itam en c ommen das paratoda s as qualidades de iguari as .
Salão c ommum c i rc umdado de terraços com se
berba vist a sob re o Tej o , casa de leitura e café ,j ardim
,cas a de banhos , c aval lariç a , e cocheira .
Commu n i c ações diarias por terra e por mar comLisboa por preços diminutíssimos , todas a s meia shoras.
Serviço telegraph i c o permanente com Lisboa e
170 No vo GUIA
de lide) e Sete-Ri o s encontrar Bemdc a , e por Arr o i o s (de outro lado) s air ao Camp o Pequ en o ; mau scaminos tran sversaes unem entre s i todos estes pontos . Daremos uma b reve idea do mai s notavel qu eha a ob servar em todos elles , porqu e os sens princ ipaes edi fi cios e paisagens não foram ainda menc i o n ado s , como su c c edeu a qu asi todos os monumentos de Belem e de X ab rega s , que sob d iversos titulos fi gu raram no corpo d est a obra .Campo Pequ en o . Terreno i rregular que é todavia
muitas vezes para O exercício de tropas, orlado depalacios e quintas , e Onde vem desembocar as estradas de Arroios , do Rego , e do Campo Grande .Ah i se vê, ao cabo da pr imeira das estradas menc i o n adas , u m tosco monumento da paz feit a n º
este
l ogar entre el-re i D. Diniz e seu fi lho , depois Affo n so TV
, por intervenção da esposa de um e mãede outro a rainha Santa Izabel .Campo Gran de .—Vasto Passeio murado , muito re
gular, com ruas de arvoredo , j ardim , chafariz ecampo cultivado. Pertence a camara municipal deLi sb oa , mas o seu transito é li vre . Ah i se faz ann u almen te uma feira , no mez de outubro , a qual ,se está bom tempo , torna este sitio por alguns dia so ren dez -e o u s da gente da capital , ao domin go principalmente par a os que não podem i r em outro d ia .
De um e outro lado do campo ha bellas casa s , quintas , j ardins e vivendas c amprestes , como na estradaque ah i conduz —do Campo Pequ en o .
n o VIA JANTE 171
A melhor casa de pasto que ali ha e a F lo r doCamp o .
Lumiar.—Esta aprazível povoação , de pouco maisde dois mi l vi s i n ho s , tem muito risonhas quinta s
,
entre as qu aes destaca a do duque de Palmel la ,que possue uma exten ç a c o l lec ç a o de planta s exoticas , e um b em mobilado palacete annexo . Des
cendo aCalçada de Carr i che, encontra- se uma formosa quinta ,
b ap tisada com o nome de No va Ci n tra , e a melhorcasa de pasto extra-muros de Lisboa . Ru a s de b emcopado arvoredo , s o l i tarío s c arraman c hei s , umaserra com bello caminho prati c are l por entre can avi aes , no alto d
'ella um mirante para descançar nofim d
i
aqu e l la a scençã o , agua puríssima e semprefresca rebentando em abu ndancia ao l ado de opt imos fru ctos e fl ores varíegadas
— eís ah i a No vaCi n tra , qu e b emmerece o seu atrevido nome. Amesa é b em servida empequenas s ala s de uma hab i taçã o unida à qu inta , ou em algu m dos ki o sko s ,o u mesmo n as ruas de arvoredo .
Dirigindo-se d'este logar para Odivellas , encon
tra- se no caminho um tosco mu n u men to e a suah istori a esc rip ta e figu rada em azulej o ; é a memoria de u m desacato e roubo perpetrado no conventode Odivel las , e do s u pplicio a troz do delinquente .Odivel las .
—N'este logar só ha de notavel O convento de freiras , afamado pela optima marmeladaque ahí se fabrica , pela recordação de antigos o u
172 No vo GUIA
t o i r o s e da ga la n ter i a de D. João v— rei edifi cadore freira tico .Do antigo edifi cio só resta hoje a egrej a ,onde repousam as cinzas do mo n arch a D. Diniz ,fundador do mosteiro . A capell a que contém o seut u mulo é um vao escuro , onde apenas cabe o men umen to , cuj os lavo res , que parecem Obra de subtil artifi ce , hoj e mal se podem ver , por que estão cob ertos de estuque ! O atrio da entrada é dearchitectura go thi c a , e n
fuma parede do mesmo sevê emb ebida uma bala”de pedra de mais de cincopalmos de c írc umferec i a , por baixo da qual se lêa segu inte i n sc r ip çao z— Es te p elo u r o ma n do u a qu i
o f er ec er a Sa n Bern a rd o'
dom Alva r o de No r o n ha
p o r s u a deo o çam, gu e he do s qu em qu e lhe o s tu r
c o s c omba ter am a fo r ta lez a Du r umu z somd o ele c a
p i tam dela , n a er a de 1557 . Junto ao conventoe stá um outeiro do lado de Li sboa , sobre o qualse vem estendendo a povoaçã o de Odivellas , e ah íum arco de pedraria , que a tradição popular denomina Mo n u men to de D. Di n iz , cuj a ori gem seignora , e h a mesmo fortes conj ecturas de que sej aposterior a D. João I a sua construcção .
Aqui termina toda a cu riosidade para o passean te que sae de Lisboa n
i
esta di rec çao voltaremos * pois a S . Sebastião da Pedreira , e ahí temando a estrada de Palhavã , onde se vê o palacio que serviu de habitação aos men i n o s de Pa lha c aprincipes que envelheceram e morreram com
esse epi theto pouco honroso, em razão do seu fa r
174 NOVO GUIA
theatre admiravel palacio tudo p o ssuiaaquella vivenda dign a de principes , qu e pertenciaa um d o s homens de mais gosto e de maior genioartíst ic o que tem tido Portuga l ! A l li se deram mu it as vezes t ã o exp len d idas festas , qu e assomb raram ,
pel a sua su mptuosidade , o s emb aixadores das naç o es mais Opulentas e poderosas d a Eu ropa ! Asrainhas , os reis , os príncipes , os homens il lu stresnas letra s
,nas artes e nas s c ien c ías , todas a s c e
leb ridades contemporâ neas , qee residiam no paizou vinham v i s ital -O, i am alli pagar O tribu to da s u aadmiraçã o , receb er uma homenagem ou um c u m
primen to .
Todo o povo de Li sb oa conheci a a quinta dasLaranj eira s , e nenhum viaj ante , por mais hu mildee Ob s curo qu e fosse , deixava de ir vel-a , u ma vez
ao menos .Facil itava- se a entrada a todos , pobres o u ricos ;
a um rancho de dez pessoas do mesmo modo quea um só vi s itante . Em tudo ostentava a su a b izarri a e magnifi cencia creador de tantas maravilhas !Li sboa amava—O ; s abia que elle acudira à causa liberal em perigo com os milhões dos seus cofre s ;v ira-O dar-lhe expec tac u lo s sc en i c o s , no theatre deS . Carlos , com pompa d igna dos imperadores roman os ; no c o n servato río de musica , na inspecçãodos theatre s , em toda a parte onde fosse n ec essar io fazer serviços à s artes
,estava costumada a eu
c o n tra l-o e, diga-se a verdade toda, deslumbra
n o VIAJANTE 175
vã -a com o esplendor das festas que dava nas Laran j e i ras , é a fama d
”ella s , retinindo dentro e fôra
do pa iz,li sonjeava O amor proprio e a vai dade na
cional .Os qu e nao Iam aos seus bailes grandio sos , con
tentavam-se c om o u vir , nas noites caladas e serenas , rugir aO longe o s leões d o Qu i n tella . Hav i aamadores qu e todos os d ias i amver a s j au las , contender com os b i c hos e tirar- lhes ás vezes u m olho
,
com a ponteira da bengala ou do chapeo d e sol ,para divertir a fami lia ; o u tros , c o r tar am ramosdas planta s rara s para fazer b en galín has aos meninos qu e l evavam , e todos depenavam as fl o res ,como se aqu i l lo fo sse n o ss o ! Ma s, ninguem e ra
'
ex
pulso , como aliás mereciam alguns ; n em se fechavam as porta s — como hoj e se faz em d ífi ere n te s
qu inta s — para punir n o s pelas falta s dos o u tros .
A u ltima fera qu e exi stiu nas j aulas era u m leao,
cego pela brutalidade de um visitante , qu e nao ficou sem O outro olho fo i porque depois da perdado primeiro nunca mais se chegou as grades !Um d ia o vento da adversidade sepro u fu rioso
s obre 0 homem qu e c reára aqu elle para iso . A orc hes tra , composta de creados seus , a quem ellemandava ensinar musica , emmu dec eu ; as gondola s em que passearam rainhas , afundaram-se noslagos rompeu-se O gazometro , deixando o theatre em trevas ; entupiu-se a c an a lísação que a limen tava os j ogos de aguas morreram as aves e
176 No vo GUIA
os an imaes ferozes ; cairam as j aulas e nas estufassem v idros pereceram todas as plantas ! As multidões , que tinham
—assi stido às festas portentosas ,
olhavam de longe , consternadas , para o desabarde tamanha grandeza .O c ha let mysteri o so da matta , surdam
'
ente ac
o usado , nao se sabe por quem , de ter sido testemunh a e confidente de insol ite s excessos , i n c endiou- se uma noite por si mesmo ! E houve quemafii rmas se ter sido O'
fogo do c eo quem ab rasouaqu el le fragmento de So doma t—Era q u asi todode ferro, e o artífi c e francez ou b elga ,
*
qu e vieracollocal-o no seu logar, receb era pelo seu trab alhosei s contos de réis —Todos se compadeciam de
tanto s e tão repetidos desastres ; só o principal i nteressado assistia, com estoica i n d i fferen ç a , ao es
b o ro amen to das Suas maravilhas ! Após o c ha let ,
fo i - se o theatre outra ob ra prima ! —Ell e estavaa
'
mesa , no Farrobo , qu ando lhe entregaram umtelegramma . Leu - o , do b rou placidamente o papel ,me t teu - o no bolso e contin uo u a j antar . Nenhummusculo se lhe c o n trah i u , nenhum signal exteri ordenunciou a natureza da notici a qu e recebera.Depois do café, disse friamente , acendendo um char u to— Ardeu o theatre das Laranj eiras .De volta a Li sb oa , tentou res taurai- o ; apezar de
ver afu ndados os seus h averes por successive s infortunio s, gastou a inda dez ou doze contos de réis ,
178 NOVO GUIA
Nieste síti o está quas i edifi cado um bello quarte l para arti lhería .Bomfim — O mais engraçado de todos os arra
baldes da capita l , com mais de tres mi l habitante s .É todo chei o de palacios , entre os qu aes destacamos da infanta D. I sab el , e do marquez de Fronteira ,encravados em formosas qu intas , que o forasteiro
póde visi tar sem d iffi c u ldade ; ha egu almente ahib oas q u intas de outros propr ietar ie s , e j ardins deuti lidade e recreio. Bellas ca sas de campo or lam oslado s da estrada
,rico s pomares e alegretes e xalam
a fraganci a de su aves aromas , formosos ponto s devis ta , deleitosas avenidas , e ar , o c éo , tudo contr ib u e a tornar este logar excepcional . A fas tado d aestrada . está o conven to de S. Domingo s d e Bemfi ca , t ao poeticamente d es c rip to pelo nosso FreiLuiz de So u s a , onde elle viveu l argos an n o s , e fo isepultado
, b em como o foram João das Regras , D.
João de Castro e seu fi lho D. A lvaro . F o i conventode dominicanos , hoj e é propriedade particular deum estran geiro .
Lu z. —Fo i nº
es te logar que se estabeleceu e collegi o militar
, qu e está em Mafra . A inda ah i sevêem as ru ín as da egrej a e co n vento qu e fo i dosc avalleíro s de Christo , e depois das freiras da Conc e i ç a o ; ca iu pelo terremoto , menos a capellamer.
Qu el u z.—Palacio e quinta real , de que fallamosno artigo competente . Fica fóra da estrada de Cin
n o VIAJANTE 179
tra, em logar ermo e desagradavel . Ha aqui um
hel lo e commodo hotel .Bel las — Tamb em fóra da di ta estrada , para a
direi ta , e a duas legu as de Li sboa , como Queluz.Tem u ma preciosa quinta pertencente ao conde dePomb e iro, herdeiro do u ltimo marquez d e Bell as ,onde annu almente se festej a o Senhor Jesus da Serra ,com arra ia l
, b ôd o , e todo o genero de foli a popul ar .Ramalhão . Deixando o s caminhos de Q u eluz e
Bella s , e tornando a o u har pel a estrada real , de sc an ç a
- se na estalagem d o Ca c em : e segu i n do porentre logares mais ou menos aprazívei s , ma s b eml avados de ares , chega-se a qu inta e pala c i o do Rãma lhã o , qu e era propriedade da Imperatri z rainhaD. Ca rlo ta Joaqu ina , mu lher de D. João VI , e qu eultimamente fo i posta empra ç a , a quem mais desse .Ah i e s teve reclu sa a mesma senhora , p o r nao q u ererjurar a s b a ses da constitu ição
,rim -1822 ; e no mesmo
logar, em 1832 , hab i tou D. Carlos , o pretendentede Hespanha , da tando do Ramalhão o protesto quefez contra o direito d e s u a sob rinha , Izab el I I . Osíti o é mu ito ameno
, arb o ri sad o , e ab u ndante deaguas c rys ta li n as .Perto do mu ro da quinta
,mesmo sobre a estrada ,
se vê u m tumulo d e pedra , com uma cr u z , qu e atradição d iz ser o j a zigo de de us Irmaos , qu e mut u ame n te se a ss assinaram
,porém só u mcadaver se
encontrou lá dentro , quando h a an n o s , se quiz apurar este ponto .
CINTRA
É bello este g igante de rochas, reclinado á beirado mar , que parece ameaçar o c éo com Os doispunhos cerrados— o castello mo u r i sco , e o castel loc hri stã o . Se o nevoeiro encobre u ma parte damo nt anha , como su ccede muita s vezes , então e aprex imar da villa e ma i s romantico ainda - a s b ellezasmeio occu l tas de paízagem desafi am mais o desej o
,
s imi lhan te a formosa Dione d o nosso immortal Camoes , que
Nem t u do deixa ver,n em tu do es c o n de :
Quando mais tarde derretendo- se o nevoeiro , umsol puro começa a doirar tantas maravi lha s , quandose arranca a mascara b o real
'
a essa formosura dod i a , appare c e aos Olhos do víaj eiro o mais lindo ,sumptuoso e poetico quadro, qu e nunca olhos mortaes contemplaram.
Oh Cin tra ! Oh ! sau do síss imo re tiroOn de s e e squ ec emmago a s , o n de fo lga
De se o lvidar n o s e i o a n a tu rezaPen s amen to qu e emb a la ado rme c idoO s u su rro da s fo lha s
,c o
'
o mu rmu r i o
Das de spen hada s lympha s mis tu rado !Q u em de sc a n çado á. fresc a somb ra tu a
So n ho u sen ão ven tu ra sº?Q u em, sen tado
No mu sgo de tu as To c as esc arpada s ,
182 No vo GUIA
deixando esta recomendada ao forasteiro , demos anossa entrada na villa .Está ella s it u ada na falda de uma serra
, qu e outr
º
o ra se chamou Mo n ta n ha s da Lu a ,e qu e termina
no cab o da Roca , ao n oroeste de Lisb o a ; temh abita n tes. Do l ado do s u l o solo é arido e requ e imado ; penedos de l ava, e píncaro s e sb u rgad o s ea c a ste l lad o s dão ao todo uma apparen c i a sombriae de pavorosa belleza .Comtu do , como debaixo d i essec éo tudo prospera até semas síduos desve llo s , ahi s eencontram prados de animada veget açã o , searas detrigo e milho , mas poucas arvores , que pela maiorparte são oliveiras e sob reiros p iteira s gigan te scasacompanham a orla da estrada . Para o lado da villaveem- se b ello s j ardins
,abundante relva , fro n doso
arvoredo , crescendo por entre massa s informes defragmentos granítico s .Em torn o das habitações acumulam - se os carvalhos
,pinheiros , l imoeiros , laran
j e iras e fi gueiras ; sobre os muros e terraços ostentam-se somb ri as romeiras , vides carregadas de cachos , rosas , dhal ias , e mais fl ores odoríferas e vi stosas ; por toda a parte s u su rram
'
regato s l impid o s quesaem das fendas das montanhas e serpeam por entre tapetes de verdura ; nos j ardins medram arbustostro p i c a
'
e'
s até alcançarem a c o rpo len c i a de arvores .A vi lla em s i é pequena , tem ruas estreit as e malgradadas , edifi cios pel a maior parte de mesquinhaapparen c ia . Na praça irregular onde está situ ado opalacio real , vê-se uma bonita fonte , e não d is
n o VIAJANTE 183
tante o Pelourinho , de vetusta e elegante arch i teetura .
P a l a c i o r e a l
Na vil la , entre a montanh a e o valle . Parece i nc o n tes ta vel qu e esta h abitaçao fosse a lgum tempoa A lhambra dos rei s mouros d e Li sboa , como o i ndíc a a architectura arabe de algumas das suas partes , taes como a s chaminés s imi lhan tes a minarete s ,os repuxos e aguas correntes repartidos por todoo ed i fíc i o , e ma is particu larmente os nomes arabesque ainda conservam alguns aposento s do pal acio .A irregularidade do todo , mostra qu e diversos foram o s se u s constructores e emépocas differentes .Cada pas so qu e se dá n
'este pa la cio cheio de remin is c en c ías Ii ís to ri c a s , faz lembrar esses edifi cadore sréa c s e o tempo em qu e viveram . D. Joao I e re
ed i fíc o u q u as i to ta lmente. D. Duarte ah i residiaquasi sempre . D. Affonso v veio ao mu ndo nestepalacio e n'elle fallecen . D. João I I e continuou , eD. Manuel O concluiu . D
'ah i partiuD. Sebastião paraa triste j ornada d e Africa . D. Affonso vr gemeu oitoan n o s em um pequ eno quarto desta habitação rea l
,
tomada em carcere , e ainda hoj e se pode ver o ladri lho do pavimento desse quarto
,gasto pelo pas sear
de infeliz esposo e re i . A sa la da s a rma s ou dosservo s
, assim chamada pelas cabeças de veados enfi le irad o s que ah i se veem , mandada edifi car porD. Man u el , contém os brasoes das famil ias nobres
181 Novo GUIA
p o rtu gu ezas , em numero de 74 escudos , achando -seraspados os de Tavora e Aveiro
, po r haverem sidojustiçados os seus poss u idores , como c u mpl i c es noatten tado con tra a vida do re i D. José I . A agua querepuxa ab undantemente po r todos os pavimen tos depalacio produ z nªum dos gab inetes uma admirave lchu va através de c ri vo s imp erc eptíve i s , qu e á vontade se podem pôr em acc ao . A sa la da s p ega s tempintados muitos destes passaros , e da bocca de cadau m d'el les s ae uma fi ta com a divi sa —P o r bem.
Eobra de D. João I , o u de s u a m u lher D. F il ippade Lencastre. Con t a- se qu e s u rppehen den do a ra in h a a se u marido no acto de ab raçar u ma dama doPa ço , este dissera : Ep o r b em ; palavra s qu edepoi s se tornaram e moto ou divisa d 'aqu el le mon arc ha c ava l leíro s o . Tamb em se encontra no pal aciou ma grandiosa chaminé de marmore com relevo sde Miguel Angelo , presente do p apa
'
Leã o x a e l -re i
D . Manuel , e para aqui transfer ida do paço de Almeirim . Até a c o s i n ha é grandiosa n 'esta habitaçãoencantada ; é al ta , espaçosa e abob adada , com chaminés em forma de pao d i assu c ar, de altura descomunai
,a s quaes se avi stam de grande distancia . A
act u al famíli a real,portugueza costuma passar u ma
parte de' -
“
verão ni
es ta residencia .
P a l a c i o a c a s t e l l a d o d a P e n a
Em um dos mais alto s pínc aros da serra está s í'
tuado este castello gothi -mourisco , que pertence a
186 No vo GUIA
gu arda á porta principal do castel lo está um cavallei ro agigan tado , traj ando ao uso da idade media ,e mostran do no seu escu do as armas do barão deEc hwege , digno gal ardão dos traba lhos d
i
aqu el le
insign e engenheiro na d ire c ç a o da s reaes obras deCintra . Todo o castello e stá
'
c omo enclau s u rado entre o s cab eços da serra , e massas c o lo ssae s de b asalto ; mas a s suas torres elevam - se acima de tudoisto , e não lhe fi ca interceptada a vi s ta do Oceanoaté ao mais dist ante hori sonte ; a s montanhas daEstremadura e do Alemtej o , a s torres e o zimb orio de Mafra , os mais alto s edifi cios de Li sb oa , eas risonhas p lan i c es que lhe cercam a b ase
,Coll a
re s e a sua Varsea , e a praia das Maçãs . Um largocaminho , em parte murado e em parte aberto n arocha , conduz por grande rodeio o viaj ante , desdea vill a até aos p in ac u lo s da serra encontra -seabundante plantação de pinheiros aos lados da estrada
,aqui uma gruta com d i l i c i o sa agua , al i u m
commodo a ssento à sombra de secular penedo ;mais acima um lago com lindos adornos , fl oresodoríferas
,aves nao vulgares , até que se chega a
ponte levadiça que acaba na portada principal docastel lo , sobre a qual se veem esculpidas a s armasde Portu gal e Saxoni a . Ah i ha tres mi l pés de a itura acima do nivel do mar. Quando j á as sombras
pe n sam sobre os valle s vi si nh o s, a inda refl ectemamorteci dos os ultimos raios do sol n i
esta solidãovísín ha do c éo . A inda se conserva na egrej a do cas
DO VIAJANTE 187
tello a maior precio sidade do antigo mosteiro,que
é bem digna de se ver : u m sacrario de alaba strotão precioso e transparente , que fechando-se-lh eu ma luz dentro , deixa co ar l u z b astante para a o
pé d ielle se poder ler. É todo entalhado de relevo srepresentando o s passo s da Pa i xao , cercados defesto es de fl ores , com suas columnas de marmorenegro .
C a s t e l l o d e m o u r o s
Na serra, pouca distancia do palacio , tambemreparado por el -reí. Tem dentro uma cisterna b emconservada e com boa agua . É muito d igno de v is itar- se . Cavando- se h a poucos an n o s nas ru ín as damesq u ita antiga , encontraram - se algu n s c adaveres ;e o barão de Ec hwege ignorando se eram de me uros ou c h r i s tã o s , mandou (com a u c to r isaç ao superior) l avrar n a pedra da sepultura que hoj e os cobre—uma cruz e um crescente— como embiemas das dua s rel igiões , e por baixo esta s palavras : O qu e fi cou junto , Deus separará . Muitosdos vi si tantes deixam tambem e s c r ipto s n
'essa pedra alguns trechos de poesia ou prosa anal oge s aoobj ecto . Po r al i perto se veem l indo s pavoes , e ricos avestr u zes , o stentando as ga la s de suas pennas, 0 veado
,a c orça , a lebre , a gazela sa ltando
sobre os prec ípíc io s da serra , cisnes e pato s banhando-se nas agua s , o cavallo go san d o de umas ilvestre liberdade , e mesmo o b o i erguendo a c er
188 No vo GUIA
vi z c om orgulho , porque nª
e stes logares todo s parecem felize s !
C o n v e n t o d e S a n t a C r u z
Lidando por entre os ab rolhos da serra,ora su
bi ndo Ora descendo íngremes ladeiras , enxerga-sesobranceiro a estrada de Coll ares
,este peq u enino
convento , onde v iveram monges , e qu e hoj e pob ree arruinado está entregue a guarda de um velhol eigo , coxo e apate tad o . Po r ordem de D. Joãode Castro , fundou D. A lvaro de Castro , seu fi lho,este moste iro humilde para Franci scanos , no annode 1560. É um recolhimento p o b r i s simo , cu j a fabrica c u stou c em cru zados . Diz i a F i lippe I I qued u a s coi sas tinha nos seus reinos de grande celeb ri dade , o Escurial por mu ito rico , e este c o n vent in ho por muito pob re . As cel las são tão e stre itas , que mais se podem chamar sepultu ras de homens v ivos ; as paredes qu e as dividem sao debarro e palha , forradas de cort iça , a qual servetamb em de fôrr o à s portas. O refeitorio é tão pequ eno , qu e apenas, tem qu atorze palmos de com
prid o e sete de largo ; serve—lhe de mesa uma lagea to sca, levantada um palmo de chão, que paraeste effe i to mandou arran car da serra o cardeal infante D. Henr i que . Eram os guardanapos da mai sa spera estopa , os va sos de que se serviam o s rel igi o so s , d o mais grosso barro , guardando -se ahi
190 No vo GUIA
R u i n a s d e M o n s e r r a t e
Descendo um caminho irregu l ar, aqu i e a l i marcado com cruzes de pedra , chega , quem vem dev i s i tar o c omen t in h o de ro c ha e de cortiça , aoprincípio da estrada d e Collares ; cor tando poréma e sq u erda d iella , ach a- se nas ru ín as de Mo n ser
rate , logar assim chamado d e uma ermid a de NossaSenhora de Monserrate , qu e , no anno de 1540,edi fi cou u m clerigo chamado Gaspar Preto , mandando vi r de Roma a imagem ,
de alab astro , daSenhora . Aqu i , em um pequeno monte despegado ,que se avança como atalaya do resto das ondul a
c oes da serra , estão as ru ínas de u ma ca sa decampo , imi tando u m ca stello antigo .
Fo i edifi cada esta casa por u m inglez chamadoBekfo r t , ainda ha po u co s an n o
'
s , de sor te qu e , porVICIO de c o n s tru c ç ao e nao pel a muita antigu idade ,está emr u ín a s . Qual fôra req u eimada p o r vento pest ifero n a viçosa edade da sua vegetaçã o , ainda n
ª
es
t as estragadas ruin as so b res ae a formosura e b rilho do seu tempo de gloria . Uma bella lameda dearvores nos conduz á casa , cercada de u ma gradar i a de ferro de tre s pés de altu ra , cingindo - lhe aparede "cedros
, (11181 somb reando- a , lhe nao roubam , pela b o a dispos i çao emqu e estão c o l lo c ad o s ,o s l indos pontos de opt ica que d i sfr u c ta , t anto parao lado da serra
,de que é dominada , como para a
parte do mar e valle de Collares . A primeira torre
n o VIAJANTE 191
é destinada para os quartos de cama , seguindo- seem baixo ca sa de j antar , etc. : a outra torre cons i ste em u ma bella sal a de musica , de fórma redonda
, c ommu n i c an d o com outras, tudo no melhorgosto e distrib uiçao . Tinh a a cas a duas entradas
pri n c i paes , qu e se dirigiam a um vestíbulo em
o c to go n o , qu e parti a para os d i fi eren tes ramos doedifício . Os aposentos para os criados
,cocheiras
,
e c ava l lari ç a s , formam outro corpo de ed i fíc io aolado do caminho qu e conduz a casa . Os apri scos ,abegoari a e cas a do caseiro , são fei ta s com egua lesmero de gosto , b u scando a arte mei o s de em
b el esamen to n a s u a simples e rustica arch itectu ra .Consisti a a q u inta em bello bosque de antigos c arva lho s , qu e vinham terminar j unto à cas a em umpomar de larange i ras e tangerinas . Na encosta s ob ran c e i ra ao valle aonde está assentado este pomarse vê u ma ca scat a de enormes calhaus , qu e paraalli foram condu zidos expressamente , esforçando - se
por e ste modo , com tanto trabalho , o artifi cio humano em imi tar a simplicidade das b ellezas d a natu reza , sempre mages to s a e b el la na s ob ra s da suac reação . Toma esta represa as aguas , que no inverno e prin c ípi o da primavera descem do alto daserra , e formam uma ca tarata , qu e se despenhapor u m le ito pedregoso , qu e fo rma a parte maisbaix a do va lle d i esta ma l ta .
192 NOVO GUIA
P e n h a V e r d e
Esta celebre qu inta fo i mandada plantar porD: Joao de Castro , o h onrado vice -rei da India
,e
lego u -a a seus herdeiro s com a condição expressade nao se pl antar ahi arvore algu ma de fru c to , ma stã o s omente ob j ectos d e recreio ; d izia el le qu e , n emd a terra quer i a paga pelo s serviços qu e lhe fazia .Na ca sa annexa encontram- se ainda algumas anti
gu idade s indianas , el
o retrato de D. Joao d e Castro , tirado do natural . Sentimo-nos tomado s de respei to ao dar de rosto com aqu el le olhar grave , c omaqu e l la physi o n omia varonil e franca . Voltando ri
quin ta,ain da nos parece qu e o vice-re l mc o rru pt i
vel , 0 homem p ro b e po r exc e l len c i a , gyra p o r en
tre es se s troncos carcomidos , essas arvore s s em
fru cto , e paramo s si lenciosos diante da cruz de o utras eras, que contemplou aj oelhado o vencedor deDi u .
R e g a l e i r a
Quinta pertencente à baroneza do mesmo ti tulo ;m u ito amena , e abu ndante de aguas c ryst a llín as .
Tem uma rica cascata . e preciosos marmo re s , prados sempre verdes
,copado arvoredo , tudo b ello e
risonho . É um dos mais predilectos p asseios dagente qu e p ass a o verao em Cintra , e c om,, razã o ,
que nada h a ma i s agradavel do que este encantador logar.
194 No vo GUIA
varia s enfermidades pe l a hydro p ath i a , o u hydro su
p a thi a , em Port u gal . Qu anto a amenidade do sítioé o mesmo que as precedentemente indicadas , et aes ou tras mu itas qu inta s , que nao men c i o n aremo s: por evitar pro l ix id ades — seu s donos sao : osduques de Palmella , de Cadaval, e de Lafõ es , condede Redondo , Reis , e o u tros.
P a l a c i o e q u i n t a d o d u q u e d e S a l d a n h a
Este palacio é c o n s tru ído em u m genero estrav agante de arch i tectura , qu e logo dá na vista aoforasteiro ; por i sso o mencionamos em separado ,posto que nada de curioso tenh a a ob servar.
F o n t e d a S a b u g a
As abas da villa está esta pequena fonte , cu j aarch itectura nada tem de notavel , mas afamada pe lasalubridade e fresqu idão da sua agua , que é sempre fria : de neve , a inda no pino do meio d ia , n oma is calmo so verao .
O s P i s õ e s
Fon te e p asseio agrad avel , adi ante da Rega leira ,no princípio da estrada de Collares.
S a n t a Eu f e m i a
Logar de romari a e devoção na serra .
n o VIA JANTE 195
Outra s mu i tos logares de menos nomeada deixamo s de mencionar , a lia s teriamos de escrever uml ivro só a respei to de Cintra .
HOSPEDAR IA S
Vi c to r , a mai s an tiga e ma i s afamada da vi l la ;Du r a n d , t amb em acreditada ha longo tempo ; Hotel d
'
Eu r op e , moderna e dependente da hospedaria de mesmo nome em Li sboa ; Fra n ç o is , fôra davill a , em S . Pedro de Penaferrim
,e outra s de me
nos luxo . Antes de fechar este artigo ainda c Opiaremos duas pal avra s do príncipe Líc hn o wski , extrab ídas das suas Rec o rda ções de Po r tu ga l , pelasquaes se verá que até os es trangeiros apreciam e stas agradavei s paragens .
«Quanto ma i s tempo me demorava em Cintra ,t anto ma is aprasível me parecia , e mais sonhadamente romantica ; até que , quando fin almente mefo i forçoso partir , repassou -me um tão íntimo desgosto , que d e todo se tornou manifesto para mim,
qu e all í h avi a muito mais do qu e aqu i l lo qu e a
principio h aviam descob erto meus olhos profanos .O pesar da min ha separação era a vingança de enc an tamen to qu e eu desc o n hec í. Essa s fresca s veredas cobertas de folhagem , o crescimento magestoso e e xuberante da vegetação ; as ca scatas e fri
gido s regatos , as montanhas e pe n edi as , a perspectiva das campinas e do Ocean o , tudo isso nunca
196 NOVO GUIA
O esquecerei , e com a au c to ridade de Byron e deCamões , com a Op ini ao dos poetas e dos Iitterato sde todos os tempos p r o c lama rei Ci n tra o ma i s
bel lo de to d o s o s s i t i o s da ter r a . »
Ha projecto de constru ir u m caminho de ferrode Li sboa a Cintra , O qual porá este aprasível sit io em constante con tac to com a capital .Ou çamos o qu e d iz o j á citado es c ripto r Gomes
de Amorim a respeito de uma vil la que proximod e Cintra se proj ectavaconstru ir, a qual dari a mui taimportanci a aquell a local idade
«Depoi s do almoço partimos para a vi l la Esteph ania . A estrada n ova de Mafra é a que al li cond u z , correndo sempre em plano direito . Ape zar denão ter ainda arvoredos que lhe dêem somb ra , oque , em Cintra , é uma falt a de côr loca l in s u ppo rtavel , tornou - se esta e strada
'
passeio predilecto dapopulação elegante ! Será de um ki lometre , poucomai s ou me n os , a distancia que separa as duas vi ll as ; no caminho fi cam a quinta dos banhos de d o uc he e a escola do conde de Ferreira ; po u c O
'
ad ian te
da povoaçã o nascente , está a praça de to iros , rec en temen te construi da . Entra-se para a villa Estephania por duas ruas , em emb ryão , dando a primeira—accesso para as casa s chamadas do quarteirão ,qu e são dez , e c ommu n i c an do a segunda com as
outras treze o u quatorze , que se acham espalhadas,sem symetria ou ordem , a noroeste das primeiras.A posição é optima ; póde afi i rmar-se qu e émui to
108 NOVO GUIA
edifi cadas a s suas formosas casinhas , aj ardinadoso s seus terrenos , e provada a exc el len c i a e superi o ridade de seus are s seccos e sadios ?! Já Seti aesdeserto nao o uve ac c o rdar deliciosamen te os seusec c o s pelas vozes melodiosas de encantadora s passean tes ; em vez das frescas alfomb ras , com qu e
afagava outr'ora os pés delicados de tantas visi ta
dora s, só cria hoj e ign o b i l feno para sustento deb rutas a l imarías ! Passou de moda ; esqueceu ; fo itrocado por u ma estrada sem verdura e sem som
Acautela- te , oh Cintra ! Tu podes tamb emser olvidada um d ia e su b sti tu ída por uma rivaldesdenhada agora !
COLLARES
Esta villa , distante cinco leguas de Lisboa , e u made Cintra , nas faldas de cuj a se rra es tá edifi cada ,contém mais de doi s mi l habitantes. O termo d'estapovoação prod u z muita exce llente laranj a e fr u c tade caroço
,O afamado vinho tinto do seu nome , me
lhor qu e O ma i s puro Borgonha e Bordea u x. A
Va rz ea é o mais encantador sitio de Collares or io das Maçãs desl i san do suavemente na sua basepor entre viçosos pomares , e s o b um c o n tín u o
toldo de verd u ra , forma como uma lagôa no si tiochamado Ta n qu e da Va rzea ; ahí sen te-se o doce
n o VIAJANTE 199
mu rmu ri o das aguas , O susurro da s frondosas arvo res embaladas pelo vento , uma multidão de passaros com seus afi nado s go rgei o s ; vê -se o fi rmamento e o arvoredo espalhando-s e na l isa superfi ciedo lago , ao longe a se rra de romantico a specto
,uma primavera perenne , um Eden , um verda
deiro paraí so . A Ma ta e um logar tambem delicio soum denso bosque de ca stanheiro s , que fica s obranc e i ro a villa ; e O Pa s sei o d o s Amo r es , onde pôdeencontrar-se logar mais digno de tal nome .A s quinta s do s seus a rredores , m u itas em nu
mero , são tambem afamada s pelos sab orosos fructos qu e produzem , pel a vege tação gi gantesca qu eapresentam , pela s aguas cla rí ssimas que em toda sas d i re c ç o es as cor tam; entre todas ell a s go s a deuma b emmerecida celeb ridade a Qu i n ta d o Di as ,
passeio obrigado para qu alquer que vae visitar Collares ; dedi ca r- lhe-hemos duas linhas espec iaes .Depois de percorrida s em diversa s d l I'OCÇOOS a s
compridas ru as de a rvoredo , tendo go sad o a fra
grancia de varias fl o res em bonitos j ardins , e contemplado os tanques cheios de ornato s , e abund ante s de a gua , c om a alma cheia de suave mela ncolia , pelo susurro das ca sca ta s , o c i c iar das folha se troncos , a melodia dos r o u xin o es ,— sobe—se aum alto mirante , d onde se descobre , como de tod as as eminencia s d'es te s con tornos , um quadros empre ri co de galas n atu raes e adornos da mãodo homem , e todavia variado sempre .
200 No vo GUIA
Nª
aqu élle mirante, meio arruinado como t o da'
a
quinta,se acham milhare s de nomes , acompanhad os
de pensamentos varios como as imagin aç o es que os
p ru d u ziram,por qu e todo o visitante ah i escre ve ao
menos as i n íc iaes de seu nome , e raro deixa de lheantepor algum desvario ; força é c o n fes sal-o , a índolepoetica da nac ao nao se patenteia ah i por b e n s versos
,nem mesmo por d o ente prosa — frivolidades
é o que se encontra ; ,po i s o logar é dos mais pro
prie s para inspirar um poeta !A praia das Maçãs , por baixo de Col lares , e h ã
nhada pelo mar , é um passeio mui to frequentadono tempo de b anhos , apesar de algumas desgraça s
j á'
ah i haverem su c c ed id o , pel a bravura das ondascontra os penhascos da serra .Du a s meninas de b oasfamilia s , e os homens que lhes davam a mao no b anho , foram—víctimas dO fu ror das vagas , escapandou ma outra que com elles estava na agua .Este tristes u ccesso teve logar n ã o ha muito s an n o s .Proximo de Collare s ha ainda doi s s ítios que
atraem a curiosidade do viaj ante , chama-se o Foj oe a Pedra d iAlo idra r . O primeiro é uma aberta o uabysmo cavado perpendicul armente n a rocha pelanatureza , e teem a confi guração de um funil , o n depene tra
—
O mar s u b terran eamen te com medonho o stampido , e se ac o u tamaves aqu ati c as , e outras queo s habitantes teem por ag
'
oureiras , e que com seusagudos gri to s teem espavorido mais de um viaj ante.O segundo é uma immensa penedia suspensa sobre
202 No vo GUIA
e steri l , e deserta ; 681 pés acima do nivel do ma r.Esta villa é notavel pelo se u su mptuoso pal acio ebasíl ica , de que vamos dar uma resu mida noticia.Acerca da origem da fu ndação d esta egrej a ,
d i z-se que D. João V, para que o c eo lhe concedes se u m herdeiro , . fi zera voto de lhe levantar u maab b adi a , no logar em
“
qu e ex isti sse o mais pobreconvento do reino . Depois do nascimento deD. José I , achou-se qu e ao noroeste de Li sb oa ,havi a u ma cabana habitada por poucos frades arrab id o s , que reunia as condiçoes requerida s pelovoto do mo n arc h a . Pouco tempo depois , no d ia 17de novemb ro de 17 17 , D. João v fo i n iesse mesmologar , lançar a primeira pedra d o s al icerces dasymptu o sa b asíl ic a qu e ainda hoj e se admira .A fachada principal, que olha ao poente , d ivi
de- se em tres partes ; no meio está o fro n t i spíc i odo templo ; para o sul a parte do palacio den ominada res iden c i a da r a i n ha ; e para o norte a outraparte, c hamada res iden c
'
i a d o rei ambas tem quatro pavimentos , co roados de espaçosos terraço s ,que seguem as fachadas d e palacio em doi s magn ifi cos torreoes , que se elevam cem palmos acimad o n íve l dos terra ço s .A lém do s torreoes , erguem-se tambem sobre a
fro n ta ría prin cipal o z imb o ri o e as torres lateraesda egreja ,
que tem 3 11 palmos e meio de al tur a ,d esde o chão até á grimpa , e são rematadas porUmac ruz de ferro , qu e com os respectivos ornatos peza
n o VIAJANTE 203
226 arrobas , e está elevada sobre a cupul a 33 p a lmos . Cada uma das torres tem um carrilhã o com5 1 s inos , qu e pesam arrob as . O sin o grande , que dá as horas , pesa 800 arrobas , e tem dediametro 1 1 palmos e meio . Estes carrilhões saode singular e custoso artifi cio , tocam d i fl ere n tes
peças de musica antes de darem as horas foramfabricados emLiege e importa ram c omo transportee c o l lo c ac ão em perto de tres milhões d e cruzado s .
No s dois palacios, apezar d as muita s sal a s , nao
se nota uma só qu e corresponda a tanta grandeza .
A sa la do throne tem pint u ra s a fre s co , e é ornadacom grandes cortinas de ve ludo e damasco . Todaa ob ra de alvenari a é excellente , e toda a madeiraempregada e da melhor do Brazil.No fron ti spício da egrej a ha seis columnas de
trinta pa lmos com capité i s dorice s . Tem qu atroesta t u as ; a s qu e estão c o l lo c a das aos lados da i anella principa l são de S . Fra n cisco e de S . Domingo s , e a s outras duas , de Santa Clara , e d e SantaIzab e l . Este frontispício termina em um frontão ,em que ha u m grande ovado de j aspe , ornado defl ôre s e anj os , que c irc umdam as fi guras de NossaSenhora , e Santo Antonio , que de j oelhos adora Omenino Jesus .Nas capell as da b asíl ic a , e no ves tíb u l o , chamado
Ga ll i lea , e s tão 58 estatuas de marmore e de j aspe ,a lgumas das quaes são de primoroso lavor
,e repre
2011 No vo GUIA
sentam os fundadores das ordens religio sa s . Umastem 17 palmos de alto
,e o u tras 1 1 . Cin co porta s
dão entrada para O a trío ,cu j o pavimento tem 1 16
palmos de comprimento , e 32 de largo ; e tres doatrio para a egrej a .A o entrar no templo fi ca o espectador marav i
lhad o a contemplar a profu são e variedade d e marmores de todas a s c ôre s , primorosamente lavrado s ;os b ellos mosaicos ; os esto qu es apa in e lad o s ; as prec i o si dades da s madeiras , e vistoso dos pavimentos ,os ornatos e accessorie s em harmonia c om tantamagn i fí c en c ía e riqueza . Tem esta b as íli c a 27 7 palmos , contados da porta principal até ao fundo doaltar-mór , e no corpo da egrej a contam -se 75 palmos e meio de largo .Tem principalmente dignas de menção , entre ou
tra s , a s sei s columnas de marmore , de 36 palmosde altura , que es tão aos lados das tres capella s princ ipaes , e muitos baixos - relevos de marmore , obrade es c u lp to res po rtu gu ezes (dirigidos pelo romanoGíu st i) , sub stitu indo os quadros das cape llas . O retabulo do altar-mór consta de um bello quadro daescola romana
,que representa Nossa Sen hora , e
Santo Antonio ; —padroeiros titulares da casa ; porem sobre todas estas preciosidades artí sticas avultagigante e mages to so z imb o r io , que se levanta domeio do cruzeiro. Tem a c u pul a dobrada , como ada egrej a de S. Pedro , em Roma , i sto é , tem duascupulas c o n c en tri c as com escadarias
,que dão ser
206 No vo GUIA
bem que a egrej a tivesse sido sagrada em 22 deou tubro de 1730.
Tem es te edifício 886 sal a s e q u artos,
portas e j anellas e 86 fontes alimentadas por d iversa s nascente s.Cérc a todo o palacio pela parte do nascen te u ma
t apada qu e c omprehen de o c írc u lo de tres lé gu as ;é ab undante em caça , em fru c tas e hortaliça s , e temuma ca u delari a rea l.Remataremos este
”
artigo d izendo d u as palavrassob re a Grqn j a
-mo delo de El-Rei , porq u e a respeitoda vill a nada mai s ha a mencionar— n em a o menostem uma hospedaria decente para receber o viaj ante .
Conta pouco mais de tres mi l vi si n ho s .Na Tap a da r ea l , vísín ha ao templo , se fu ndou a
Gr a n j a -mo delo , estabelecimento agríc o la de esperançosos re sultado s .Concederam-se terrenos a a lguns habitantes da
v il la , mandaram—se vir da Inglaterra instrumentosara to río s de c ommo da e adequada appl ic açã o grandes
'
tra c to s de terreno , ba pouco incluidos em só prod u c to res de sarças e arbu stos noci vos , se a cham j ároteados e su pp lan tado s por uteis sementeira s efru c tifero arvoredo.Ouçamos algumas palavras do sr. A. Her c u la n o ,
sobre este obj ectoAo lado dos paç o s mo n asti c o s de Mafra , monu
mento de uma era de vãs grandezas , vae-se alevantando sem ru ído o monumento modesto, mas elo
n o v IA JANTE 207
quente e santo , d a idéa progress iva da actualidade .A o l ado d'essa s pedras amontoadas , d esse s torreoesgigantes , mo cissos e pesadamente est u p id o s , ser
p e i am j á o s prados vi ren tes p o r veigas e valle s , coberte s ainda ha pouco d e abro lhos e urzes . Contrastando c om o s lan ç o s de mu ralha s ca ídas da ochre ,qu e amarre l lej a bestia lmente , como um cordão deeuropei en fi ada em diamantes , por entre a c ôr severa dos marmo re s t isn ado s pelo tempo , vêem- seao longe verdejar os pin heíri n ho s , que c e rc am asa l tura s ao norte e oriente d *aqu e lle edifi cio monstru o so , hybride e extravagante como uma p seudopoe tic a da Phenix-ren ascida . As folhas da terra cult ivada dilatam-se pela s chapadas e' enco stas , vária sn a côr segundo a altura das s earas , ou conforme aqual idade do solo .
Na estrada en tre Cintra e Mafra , encontra- se apeq u ena p o vo a ç a o de Per o P i n hei r o , de cu j a s pedre iras se extra íram e extráem a inda ex cellentesmarmo res de varias c ôres , qu e mui to serviram naedifi cação do templo de Mafra , bem como o marmore negro de Collares , que a li se admi ra abundan temen te . O resto do caminho é pouco engraçado .De Li sboa para Ma fra a estrada é a mesma de
Cintra até ao Cacem , onde se toma nova d irec ç aopor tri lhos menos bem gradados do que a estradarea l de Cintra , que é a melhor de Portugal , comoj á d issemos .
208 No vo GUIA
Acab ando a breve des c r ipçã o de Cintra , Col lares ,e Mafra vamos o c c u par-nos c omalguns-pontos ma i s ,distan tes da capita l , qu e todavia s ao dignos da attenção do vi aj ante cu rioso .
SETUBAL
A sete leguas de Li sboa ao sul do Tej o está a c idade de Setubal sit u ada n as risonhas margens dor io Sado , n avegar e l por emb arc aç o es de gra n de lote .Se tu bal , modernamente elevada à c a thego ria de
cidade , n ã o diremos que sej a de grande importanc ia empopulação , Ou movimento commerci al , todavi a , a sua proximidade com a capital , e sobretudoo seu ramal de caminhos de ferro , deu- lhe ultimamente In a ís animaçao .A cidade é toda edi fi cada á beira do ri o , apre
s entando por este modo um bello e continuado l itoral.A o l ado do nascente , pouco menos de um terço, denomina-se Fontainhas , o centro chama-se Set u bal ,e a extrema esquerda i ntitula-se Troine , bairro hab i tado por pescadores.A ga re do caminho de ferro fo i constru ída no sítio
de S. João, onde existiu um antigo con vento de rel igio sas, e transformado hoj e em casa de habitaçã o ;na cerca do referido mosteiro fi zeram uma praçade toiros , que n a estação propria é bastante c o n c o r
210 No vo GUIA
um bom quartel na praia em frente do caes , umbonito largOc hamado Palhaes e a praça do Sepal ,
“
hoj e denominada praça do Bocage.A su a alfandega é mu ito decente , e em toda a
cidade existem mu itas casas de commercio nacionaes e estrangei ra s .É u so fazer-se em Setubal u ma feira de differen
tes mercadoria s , no di a de S . Thiago (em agosto) ,a qual é muito concorrida .Proximo á torre e barra de Setubal encontra-se
u ma pra i a chamada o pe rtinho da Arrabida , qu e dáaccesso para a serrania da mesma den ommaçao , ondeh a um conven to antigo e muitas outra s cu rio sidadesdignas da at ten çã o do viaj ante curioso.Do l ado opposto a Setuba l existem as ruínas de
Catu b ri ga , vulgarmente chamada Tr o i a , onde emes c avaç o es profundas se teem encontrado vas os , medalhas e outros muito s obj ectos de remo ti s síma data ,verdadei ra s j oias para os arc heo l o gíc o s.E este um dos logares que não deve ser esque
cido por qu em se pro po zer a visitar a patria do no ssoestimado poeta Bocage.Setubal tem bellos pontos de vista , taes como
S . Pau lo , Bramc an es , e os moin hos , onde foramc o n stfúi do s os c emi teri o s um para n ac io n aes , muitodecente e com uma ermid a de recente construcção ,e outro para estran geiros , eg ualmente de b o a app ar en c i a . No s seus arredores se enc ontramlindase vast í ssimas quinta s , que produzem abundante e
n o VIAJANTE 2 1 1
saborosa fru c ta de todo o genero , as ism como a exc e l len te l aranj a , tradíc c ío n al por su a bondade e qu e ,tanto apreço tem para exportação .
O traj ecto de Li sboa a Setu b a l faz- se hoj e com a
ma ior c ommo d idade . O viaj an te embarca n 'u mvapor que conduz ao Barreiro , (l ado Opposto do Tej o)entra em segu id a na bella e magn ífi ca es tação doscami nhos de ferro , e em breve tempo é transport ado Setubal , d onde , se qu izer, póde vo l tar semen c ommo do no mesmo dia a Lisboa .Na antiga praça do Sepal , hoj e praça d o Bocage ,
est á edifi cado u m modesto , m as elegante monumento erigido ao poeta improvi sador , qu e pelo seumerecimento honra a terra em que nasceu .
Quasi no c entro da província da Extremadura ,sobre a margem direita do Tej o , obra de 15 leguasdistante da sua fo z , está assentada a nob re cidadede Santarem , n
'uma situaçao elevada , deliciosa epittoresca . Este local montuoso , contra stando coma margem es querda do ri o mu i ba ix a , produz umabel l is sima prespectiva .Comprehen de a cidade tre s grandes bairros. 0
maior qu e chamam Ma rc i l io , fi ca na parte su periore plana na montanha
,contígua a extenso s ol ivaes ,
2 12 NOVO GUIA
por onde abrem aprasi veís caminhos as estradas queconduzem ao alto. Esta parte é guarnecida de cercaameiada com torres e cubelle s , e em alguns sitioscom barbacans ; e do mesmo modo a Alc a ço o a , castello , ou c ídadel la arabe, qu e coroava a a ltura maisproxima ao Tej o . Da parte que esta olha para a c ídade , que é do lado do poente, ha vestígios de fo rtífi c aç o es muito modernas , ab al u ar tadas com gu a
rita s n ós an gulos , e que parecem ser obra do reinado de D . Affonso VI.0 primeiro nome de que ha memoria que os an
tige s lusitanos dessemx
a esta cidade fo i Sc a la bi s , etambem Sc a la bi c a s tr u m. O segundo Ju li u m Pr oes i d iam,
em obsequio ou honra a J u lie Cesar, quando
j á toda a Lusi tania estava constituída colonia romana
,e se dava por grande d istin c çao , este títu lo
á s suas melhores cidades e vi llas ; e fo i pelos fi nsdo 7 .
º seculo da era vulgar , qu e um successo maravi lho so e de grande assombro deu O nome deSa n ta I ren e , depois Sa n ta r em a esta muito nobree sempre leal cidade que conserva vae j á por 12seculos , como lustre ep itaph i o da santa virgemI r en e .
De qualquer lado que se queira entrar para aci dade ha de subir- se primeiro uma das nove calc adas que al i conduzem , e se denominam :
1 .
ª Da Atamarma , nome que se lhe corrompeude Temarma que tinha no tempo dos mouros , queno seu idioma a ra bi c o é o mesmo que dizer agu a s
2 1A No vo GUIA
tel lo , a qual fi ca sobre um emin ente despenhadei roque c áe sobre O ri o Tej o , e a li j u s ti ça vam o s mo u
r o s es c r imi n o s o s , la n çan d o - o s a o mesmo r i o di
A l
fange , antes Alhan c e ; de S . Geno , por haver entrado po r ella o santo d este nome ; do postigo ,o u tr
i
o r a P o s t igo de D. Ma rga r ida , mãe de D. Francisc o de Tavora e Castro , que cas ou com o 1 .º
con de d ªUn hão Fernão Telles de Menezes da Si lveira , cuj a primeira senhora t inha uma casa j untoda mesma porta. Em todas as grandes terras queeram fechadas chamavam-se , por costume , ás portas postigos. Esta s portas e os muros da villa foram obra dos roman os , e depois dos Godo s quelhes deram nova força c om forte s baluartes .Santarem ainda actua lmente apresenta demon s
trações da an tiguidade da su a fundação . Po r el lapassava a via militar romana , qu e i a de Li sboa aMérida , resultando do i ten erari o de Antonino qu ea distancia entre a primeira e Santaremera de 52milhas , que c ompouca d ifferen ç a são as 1 1 leguasque h o je se contam entre ambas . O architecte epintor Francisco de Hollanda di z qu e em seu tempo a inda se conheci am vestígi o s da ponte por ondea estrada mil itar passava s o b re o r io , e esta obraque devia ser gran di osa , como toda s a s dos romanos , sem duvida que não pôde resis tir à correnteimpetuosa do Tej o, e á abundancia d
ª
arêas c om
qu e a obstruiri a e prepararia a sua ru ín a. Se porém hoj e nada existe que an n u n c íe a grandeza ro
DO VIAJANTE 2 15
mana , bastantes _são os testemu nhos que provamo demonio dos arabes . Os edi fí cios de qu e j á faltáme s ; e gosto da arc hitec tu ra
'
c omcol u mn a s esgu i ase c i rc u mdadas de arabescos e fl o rões , que se achamao longo das cercas e no interior da cidade , os seu sarcos e postigos mostrama importancia d esta terraem poder dos mouros , de qu e a liberto u pela primeira vez D. Affonso VI de Castel l a em 1093 . Cercada po rém novamente pe los arabes , e vendo-seo s mbrad o res faltos de vívere s t iveram de renderse aos barbaros , de cuj a tyrann in a resgat o u parasempre em maio de 1 1 1 7 o nosso il lu stre D . Ai
fou se Henriques , que lhe concedeu grandes pr ivilegi o s e exemp ç o es .Da estaçao do caminho de ferro (na Ribeira) para
Marvil la deve , quem se prep o zer vi si tar Santarem ,
caminhar por u ma das duas calçadas Atama rma ,
ou Sa n ta Cla ra .—Q u erendo antes tomar algu ma
refeição , tem n a Ribe i ra u ma Ho sp eda r i a—d en o
mi n a do do Jo aqu im Cu r to .
Antes d e entrar em qualquer das duas dita s ca l
c adas , encontrará o mages to s o ch afari z chamado dePalhaço —com duas bicas , por onde corre fi na e
p o tave l agua .Na Ribe ira ha u mmonumento , que por antigo , é
d ign o de ver-se.—A torre , ou pedesta l denomin ado
de Sa n ta I ren e, Sa n ta I r i a , edifi cado na pra i aj unto do Tej o , sobre o tumulo da mesma Santa .Segu ndo nos d iz a h istoria de Santarem fo i a Ra i
2 16 No vo GU IA
nha Santa Isabel , mulher de El-Rei D. lín íz, quem ,
no anno de 1295, mandou levantar, di
alven aría , odito pedestal alto
, e n o a n n o de 161 1 , o senado dacamara de Santarem , a requerimento do p ovo , ofez guarnecer de c an tari a lavrada , dando -lhe ma i sal tura . No remate d ªeste se c o l lo c o u , e ainda hoj eexiste , uma imagem da referida Santa, feita de pedra , que tem 6 palmos d
i
altu ra , e a defende dachuva uma formosa bandej a ou cupola de metal lavrad o .
Examinado, detidamente qu e seja ,“o monumento
de que acabamos de tratar , deve o viaj ante dirigir-sea Marvi lla pela calçada da Atamarma .O s edifício s , templos , monumen tos antigos mai s
prin c ipaes , e os melhores , excellentes e ma i s notaveís pontos de v i s ta , que ahi ha, sao os seguintes gu e o vi aj a n te deve p ro c u ra r p ela o rdem c om
qu e va o i n d i c a d o s , a jim de ap r o vei ta r bem to do o
temp o .
No fim da calçada d *
Atamarma , ao entrar paraa cidade , encontrará a porta denominada Atamarma , e depois irá ver1 .
º O edifíc io dos Paços do Concelho na praçae igrej a de Nossa Senhora de Mervilla .2 .
º O ed ifíc i o do extín c to convento de Carmoonde estão a Repartição dos pesos e medidasAdministração Central do Correio Typographia doGoverno Civíl—Estação do Telegraph o electricoRecebedoria da Comarca Repartição de Fazenda
.2 18 No vo GUIA
c uj a igrej a é uma das me lhores de Santarem , sen ão a ma is bella de Portugal.7.º —Al to dos Capuchos , j un to ao Cemiterio , as
s im deno minado—Portas de Va llada , oiteiro daForca—o primeiro e terceiro sit io s tamb em sãoOptime s po ntos de vista .8.
º—Igrej a de Santo Estevão de SS . Mi lagre daHosti a. Quem vier Santarem no domingo da Pasc h o ella e nos dois di as seguintes tem o c c a siã o dever este pro dígio .O Milagre da Hos tia su c c edeu em 12 1 7 emuma
c asa depoi s ermida, no anno de 1651 , si tuada naRua das Esteiras.9.º—Ed ifi c ío e egrej a da irmandade da Miseri
c ordi a— o fro n ti spíc i o é to do de c antar i a e obrade gosto..10.º Porta de Man sos, h o j e conhec ida por arco
de Bom Suc c es so.“ .
ºSac apeíto Monte de Cravos Monte do
Abh ade , lindos pontos de vista.12 º Edifi cio do extín c to c o n vento do Siti o
ho j e Hospital c ivi l .13 .
º —A lto casal da Rafõa , tambem Optimo p o nt o de vi sta.M i º—Praça d e Tou ros, matadouro , no edi fí c io
do extín c to convento de S. Domingos .15.
º Alto de Nossa Senhora do Monte sobreo norte e poente
,e é mai s que muito li ndo ponto
de vista.
n o VIAJANTE 2 19
16.º—Edifi cio do famoso col legio dos padres d aext in c ta companh ia de Jesus hoj e Seminario Patri arc ha]. Neste mesmo edifí cio ha um magn ífi c otemplo , e estão estabelecidas as au l as do Lyco nNacional . é tudo digno de ver-se .Igrej a de Noss a Senhora da Piedade no edi fi cio
d o extín c to c onvento da Piedade , cuj a igrej a é deexqu i s i ta arch itectura .17 º Ed i fíc io dos extín c to s conventos da Trin
dade e S . Francisco,hoj e constituem ambos o qu ar
te l de c aval lari a n.º 1 — Junto da igrej a di
e ste u l
t imo ha uma capella onde está o tumulo de D .
Duarte de Menezes , obra de delicada archi tec tu ra .
18.
ºAl to do oiteiro de S. Bento , optimo e en
cantador ponto de vista qu e domi na até grande extensao , e d onde se vê a estação do caminho deferro na Assac aía do Ba irro da Ribeira .
N H. 0 viaj ante desce em segu ida á ca l çada deSanta Clara , e l á vae outra vez para a estação doc aminho de ferro na Ribeira , a fim de ser conduzido n'urn wagon a te o n de lh e p a rec er o u lhe c o n
v i er,e s emp re se lembra rá c om i n d is i vel sa u da de
do s en c a n ta d o res e s u rp rehen de n tes p o n to s de v i s ta
qu e yo s o n NA ANTIGA SCALAEIS .
220 No vo GUIA
BATALHA
O brasão da arch i tectura go thi c a em Portuga l , eO mais singular entre os edifícios grandioso s dasHespan has , é o real mosteiro de Santa Maria da Vic to ría , chamado vulgarmente da Ba ta lha . É o padrão magn ifíc o levantado à honra da religião , , aovalor portuguez , e á independencia e glori a nacional pelo defen sor da
i patría, o mo n arc ha cavalleiro,D . João , o primeiro do nome , e o decimo na seriedos nossos reis . Obj ecto de vanglori a para os portu gu ezes e de assombro para os estrangeiros, merec eu que o descrevesse a e legante penna de fr.Luiz de Sousa, e d essa desc ripção cop iamos o seguinte
«Da parte de fóra da egrej a ha dua s estradas ,uma que faz a porta princip al , e outra a travessa ,que tema O topo do cruzeiro fronteiro ao a ltar de
O portal e o fro n ti spíc i o d a principal merecia só um livro pela qualidade da obra , se houveramo s de partic u larísar tu do o que n iella ha decolumnas , de fi guras , de lavo res e variedades defeitio s , desde a primeira pedra que descobre sobrea terra até o remate, que levanta grande altura sobre a i
'
n a i o r aboboda. Porque cada palmo tem tantoque ver de delicadeza e artifi cio , de trabalho e magestade , que considerado com atten çao Impo ssi b i
l ita O engenho , e embota a penna , para o declararmos e se entender com todas suas partes. Só um
222 No vo GUIA
teis , e tem de largu ra 9, dividida cada uma c om2pilares , de grossura de umpalmo cada p il ar, parafi rmeza das vidraças. Assim fi camem cada fresta 7 .
palmos de vidro e luz, que , multipl icados pelos 18de altura , fazem 126.As duas naves teem ambas 12frestas : 1 do sul , em que fi ca encostada a cap ella dofundador ; e 8 a c o n trari a . Cada fresta 22 palmos dealto e 7“[a de largo .
'
Eporque tambem são divididasa 2 pilares de grossura de palmo, co mo as da navede meio , fi cam c om palmos de vidro , e vem at er cada fresta por esta co nta 12 1 palmos de abertura e luz , e outras tanta s de vidraça. Da mesma altura e largura d'es tas ha outras duas frestas , queacompanham a porta principal , uma de cada l ado,e fa zem o numero qu e dizemos de 30. E vem a
ser u ma tamanha quantidade de vidraças , qu e porcousa prodigios a se pôde terentre as que ma i s o s
pan tam d esta c asa . Ajudam a cl aridade outras tresno cruzeiro , das quaes só uma que fi ca sobre aporta traves sa sobe 1 2 palmos, e tem de largo 1 1 ;lavrada toda de u ma artifi c ío sa rede de ped raria , eos vãos tomados de suas vidraças . Estas com asda cape lla-mor e c o l lateraes, afora o espelho do front i spíc i o da porta pr incipal , que all umia por muitas,fazem
—“
a casa por extremo alegre e muito clara ebem a ssombreada . 0qu e me faz cuidar que sendoas sim que n'esta mesma c o n j u n c ção teve tambempri nc ípi o O famo so templo da sé de Milão (chamamlhe l á i l Domo ) o qual se começou a fabricar em
n o VIAJANTE 223
vida do pontífi ce Urbano VI , que presidiu na egrej ade Deus 1 1 an n o s até o de 1389, e fi cou com tax ade escuro e melan c o líc o ; devI am esmerar- se o s arc h i te c to s d este nosso em a fazer por c o n trap o s i çaoem todo o extremo claro e bem assombreado . Defendem os mílan ezes e seus artífic es , a ttrib u ín d o aconselho e bom ju ise o que fo i defeito e culp a ; edizem que como gera lmente é havido por mais gravee de ma i s pessoa o homem carregado e feio , a ss im faz mais devoção a i grej a sombri a e escura .
Mas não me convencem , porque dado qu e o argumento sej a verdadeiro quanto aos homens aos templos , que são retrato do c éo , e assento da luz etern anão parece razão h aver nenhum commercio com ohorror das trevas . E tornando á h istori a , e stão e sta s vidraças todas tão fortes no assento , tão cry sta l l in as na vista , e tão vivas na s c ôres , qu e passando já de duzentos an n o s que servem , parecemn a representação obra modern a .Cobre-se esta i grej a e abo bad a , qu e j a di ssemo s
era de pedraria , com um telhado tambem de pedraria , composto de urnas grandes l agea s d i re ita se adelgaçadas em corpo e grossura , que ficam arremedando uns meio s tab o o es grossos ; e come
cando a assentar na parte inferior u mas , e sobrepondo outra s até o a l to , fica armado um telhadoimmortal , qu e so fre sem damno e sem perigo serpasseado e corrigido ; e para as immu n di c ies qu eo s lon gos an n o s fazem crescer se varre e al impa á
221 No vo GUIA
vassoura. Cerca-o em roda uma grinalda de pedrari a formada em laços , e seus fl o rões altos a esp aços , com que fi ca como coroado , e de toda a maisobra do alto dífferen çado .
Para se poder ver e gosar esta grande m achinato da por junto , h a duas serventias , que do baixo daigrej a levam ao mai s al to do telhado d *ella : estassao abertas na grossura do -muro do cruzeiro
,en
tran d o pela porta travessa á mao esquerda , e fi cau ma j unto da porta , outra junto ao altar de Jesusambas vao em caracol e com 120degraus , que temcada uma , vencem a ma ior altura. Mas além d'estas ha outra subida por dentro do convento facil esuave por escadas largas e bem lançadas : e recebea vista particular deleitação, estendendo- se de cimapor uma serra de penedia , que das serras ordinarias nao difi ere em ma i s que em ser esta l avradae polida à forç a da arte , e as outras informes edescompostas e ao natural : nas quaes assim comoha desegu aldades , ora com valle s fundos, ora c ompicos e rochedo s que se vão às nuvens ; da mesmamaneira se vêem n'esta suas dífferen ças : porqueem umas par tes se levanta a penedi a , como naigrej a
,em outra s abate , como no refeitorio , cap i
tu l o'
e'
adega logo por outra parte sobem cb ru c héu s
mu i altos , e de obra tão espantosa que egu alan doas da natureza na eminencia , deixam-na muito atrazno que é artifi cio ; porque vão fabricados por ta lo rdem que dão facil subida ao a lto ; mas , não sem
226 No vo GUIA
ga e e a de baixo diz n ã o deixei s de. bem fa zer
p o rqu e a ss im havei s de ser .
Ao lado direito , pegada à parede da capella real ,está uma grande campa inteira , lavrada , que cob rea sepu ltu ra de Diogo Gonçalve s de Travassos , vãrão qu edevia ser de raras qualidades, visto qu e Osabi o infante D. Pedro , duqu e de Coimbra , o tinhafeito a io de seus fi lhos , e regedor de suas terras .A por ta da capella real está uma campa de pedra
liza , qu e c obre a sep u ltura de um soldado de batalhão dos namorados , homem muito va len te, e quefo i ín separave l de e l-rei , na b atalh a de A lj ub arrota ,defendendo- o de seus inimigos , coraj osamente, sem
pre a seu lado .
No meio da capella real está uma grande campa ,inteira , de marmore b ranco , d entro da qual se acc ommo dam amb os os moimentos de el -reíD. Joaoe da rainha súa mulher a sen hora D. Fi l ippa , fi lhado duque de Alemc astre , ín gleza , tem na orla de tumulo a l egen da em letra go thi c a ; do lado do re i ,diz p a r b ien e do lado da rainha d iz i l me
p la i t . Nas duas faces laterae s e maiores da caixase acham esculpidos em le tra alemao min u sc u la osdoi s extensos epítaphio s de e l—re i e da rainh a . Naface do poente qu e é a cab eceira do tumulo estavaem relevo a
'
cruz da ordem da j arrate ira , circuladada liga com a sua le tra—ho n n g so i t gu i ma l g
p en se de que ainda se vê uma parte , porque oresto fo i destruído pelos soldados fran c ezes qu e
n o VIAJANTE 227
nº
este mesmo logar abriram um rombo . Sobre oo monumento e stão em relevo inteiro os vu l tos dee l—re i e da ra in ha , ambos com corôa real e guardada s as cabeças por dois torreões de marmore
,
gentilmente lavrados , em cuj a s s u mmidades d a
parte de fóra , se veem respectivamente os seusescudos de armas. O do sr. D. João I tem a s qu ínas direi tas , assentadas sobre a cruz de Aviz dosc as tel lo s , e a corôa real . O d a sr .
ª D. Fi l ippa épartido em dois , tendo à direit a o escudo da s armas de seu mari do , e á esquerda o seu propriob razã o , qu e é esquartelado , e tem nos l ados res
pe c tivamen te o ppo sto s os le oes e[ a s fl ores de li z.
No primeiro tumulo do l ado do poent e está oinfante D. Pedro duque de Coimbra , tão sabioquanto infeliz , que regeu o reino na menorid adede seu sobrinho Affonso v, e veiu acabar desgra
ç adamen te na infausta batalha da A lfarrobei ra . Apar da caixa do seu tumulo , para a pa rte interiordo arco está outra com as cinzas de su a mulherD . Izabel fi lha do conde de Urgel D. Jayme , temn a orla do tumulo em letra go thíc a a legendade z i l segunda fi lh a de el—reí D . Joao I .Segue—se n o segu n do arco , e mau su leo do cele
bre infante D. Henrique , duque de Vi zeu , nomeimmortal para a historia da navegação : tem n aorla do tu mulo
, em l etra go thíc a , a legend a Ta
la n t de b ien feer terceiro fi lho de el -re i D . João.O terceiro tumulo indo para O poente é do i n
228 No vo GUIA
fante D. João mestre da ordem de Santiago e cond estavel do reino, que teve por mulher su a sobrinha D. Izabel fi lha de D. Affonso conde de Barcello s , 1 .º duq u e de Bragança , e neto do grandeD. Nuno A lves Pereira . A direita do tumu lo de seuesposo está o j azigo d ºesta senhora , a letra da dívis a D. João , na orla do tumulo em - caracter gothieo, d iz -J
,
a i b i en ra i so n —"
1 .º fi lho de D. João I.
No quarto mo n umen to'
d o lado do nascente repousam as venerandas cinzas do infante santo D.
Fernando , mestre que fo i da ordem de Aviz, exemplar de resignaçã o c hri stã , e de todas as virtudes .Morre u captivo em Fez, sendo as suas re líqu i as
remidas das maos dos ín fi ei s , e trazidas a estereino no tempo de D. Affonso v sobrinho do i hfante— 5.
º fi lho de D. João, I .
Na capella que está pegada á po rta traves sa , aqual tem O altar de marmore branco lavrado demosaico , com o retab u lo da mesma ob ra , cuj a capella e l-reí D . João I doou a D. Lopo Di as de Se usa , valeroso mestre da ordem de Christo , o qualdizem que está na mesma capella , no tumulo demarmore branco . No grosso da parede d
i
esta capella h ã ' um 'arco
,e dentro se l evanta o b ello e
magnifi co mausoleo de Diogo Lopes de Sou sa , conde de Miranda e 1 .
º regedor da rel ação do Porto ,ob ra de mosaico em marmore preto ; assenta sobre tres leões de bella escultura , cuj a s mãos repousam sobre uns o u vado s de marmore, preto, e
230 NOVO GUIA
O tumulo qu e está proximo á sac hri s tia , di zemser de um cardeal da casa do duque de Aveiro .Na casa da capella estão d o iS' tumu l o s de ma
deira,no da direita está D. Affonso v e a rainha
D . Izab el sua mulher, no da esquerda está o principe D. Affonso , fi lho de D. Joao I I , herdeiro da corôa , que morreu caindo de um cavallo nas margensdo Tej o , j unto a Santarem, contando apenas dezeseis an n o s de edade, e sete mezes de casado.
COIMBRA
Coimbra está fu ndada no coração da monarchia ,servindo de remate á coroa d a Europa , qu e é Po rtugal . Esta cidade estava antigamente no
'
s it io ondehoj e se encontram as r u ín as de Con deixa-a—Velha ,e
,esteve su bj eíta por largo tempo ao imperio ro
man o .
A Universidade de Coimbra é o primeiro obj ecto
qu e atrae os olhos , com a sua magesto sa torre , ecom o observatorio
,que c erc am aqu el le monte de
cas asÉ edifício importante e por isso revistado por
todos que passam por esta b onita cidade .A d ireii a do Campo de Santa Clara está a ch a
mada quinta das Lagrimas . Este nome só por s i ébastante para fazer bater o coraçao e d ispertar a
n o VIAJANTE 231
curiosidade . O velho palacio"
dº
esta q u inta fo i otheatre d *aqu el la poetica catastrophe , tão bem cantada pelo immortal Camões .No fim da qu inta das Lagrimas , fica a fonte do s
amores , monumento eterno da desgraça de D . Ignezde Castro .O a specto melan c h o l ic o dos cedros, sen t in e l la s
muda s aquem a natureza con fi ou a guarda d est afonte ; o escuro da rocha , a doçura com qu e insens ivelmen te correm as agu as , tudo insinua na almao grande segredo da melancholia .Junto a esta fonte ha u ma tosca lapide onde se
lêem os formosos e sentidos versos c om qu e Ç amoes Immo r talíso u aqu el le manancial .Esta q u inta é . hoj e propriedade de um inglez
abastado .
Das ruínas do mosteiro de Sa n t a Clara , hoj esómen te existe os restos da egrej a para os quae sestá apontando o dedo do tempo
,como para o ter
rivel desengano de que tudo acaba no mundo .
O templo está submergido no areal e a s sua scolumnas estão sepultadas até aos capi té i s . Da capella -mór apenas existe o arco grande ; sumiu-se oa ltar e o re tab u lo serve de entrada .O novo mosteiro de Santa Clara fo i edificado em
1 619 no monte da Esperança . É grandioso ed ifíc i o ,e está s ituado fronteiro a Coimb ra , olhando para ooriente.0 co n vento tem dois visto sos mirantes , cada u m
232 No vo GUIA
na s u a extremidade. O templo é vasto e magesto so ,sendo a sua architec tura no estylo romano . Os ret ab u los dos altares sao todos de meio -relevo
,dan do
a conhecer este edi fí cio pela magestade e grandeza
qu e respira , ser obra real.Na capella-mór está depositado o sob erbo afa n de
de prata que mandou fazer à Rainha San ta Isab el ,esposa de D. Diniz , O b ispo de Coimbra D. Affonsode Castello Branco .
A pon te e um dos logares mais aprazíveis e vistosos de Coimbra . A mansidão com qu e correm asaguas , os salgu eiros , o s alamos que lhe guarnecemas margens , debruçando-se sobre a s u a corrente ,como quem se esta mirando no espelho l ímpidodas agu as ; as quintas da Bo a Vi sta , das Cannas ,d as Lagr imas e da Alegri a , qu e alvej am ao longepor entre os fro n do zo s olivaes ; os c yprestes qu esímelham pyramides e obeliscos ; a torre de SantaCruz qu e se ergue das ameias da cidade ; os su m
ptu o so s edifi cios de S . Bento , de S . José , dos Marian n o s , e o Seminari o de Bispo , qu e coroam , cadaum o se u oute iro ; emfim os barco s que corrempelo ri o em todas as d irec ç o es , o fferec em aos olho sum quadro que eleva o s sentido s e que se não
pôde desenhar com o pincel.O Mondego tem a gloria de conservar o seu
nome desde a serra da Estrella , onde nasce , até avilla da Figueira , d onde se precip ita no seio doAtlantico .
231 No vo GUIA
com uma tribuna em cima , debaixo de outro arcode igual feitio e com grades de pedra. A lém de s tanao tem mai s j anellas algumas , porém sómente estrei tas frestas . Não tem torres , n em rema te algum ,
p orque se reconheça ser cathedral de c hr i s tão s ;apenas se vê sob re a cupula uma pequena cruz deferro.Ao l ado esquerdo do templo fi ca outra porta
tamb em com um arco de marmore l avrado em relevo ; é cercado por u ma silva de flores mimosas ,e por isto s e conhece o quanto gostavam os architecto s godos das miudezas e ornatos exqu i síto s ,t anto nas gravuras de oiro e prata , como nas depedra.De uma e outra parte do arco , sobre o qual est á
outra varanda com q u atro peq u ena s col umnas , qu elhe sustentam a abobada , está uma capel linha tambem de marmore n
ª
u ma fi ca a imagem de S . Joao ,ni
o u tra a de S. Zacharias ; é o pae e o fi lho , queestão de sentinella à porta do templo .A prespectiva da egrej a Vi sta de noite c ausa um
terror magesto so a quem a contempl a ; porqu e oescuro das cantarias
,e ervas que nascem pelas suas
j u ntas , dão -lhe uma apparen c i a di
aqu el les c astel lo s
de gén io s e fadas , de que tanto se falla nas h istorias de c aval laría .Ju nto ao Mu seu está um espesso bosque de lou
reíros de uma decrepita velhice. Uma antiga tradicção faz anter ior a sua origem ao estabelecimento
n o VIAJANTE 235
da companh ia de Jesus n'esta cidade . Estas arvores , como os velho s paes , que sobrevivem a seusfi lhos , viram nasc er e acabar esta faml lía d e sabio s .Po u c as pedras restam j á do Castello de Coimbra ,
cu j a origem se perde na noite dos seculos, e que
o theatre glorioso da ac ç ao mais heroica da fi delidade portugu eza qu e tanto renome de u a Martimd .; Fre ita s , seu governador e alcaide , cuj o facto ébem conhecido na historia de Portugal .Ma is algum tempo e estas relíqu i a s da an tigu i
dade deixarão de existir , e de recordar ao viaj ant eas nos sas gaan dezas passadas .Do alto do penedo da San dade destaca -se aos
olhos u m formoso panorama . Q ue perspectiva tã ovasta , que espectaculo tão b ello ! Como é formosoo valle das Ol iveira s que s e estende aos pés de penedo !A o s pés de um outeiro , j unto da quinta do Ci
dral , está um víç o so e fragrante bosq u e de la ran
ge iras . A po u ca distanci a rebenta a fonte do Cidralque leva aos campos r i s inhos a abundanci a e a pureza de suas aguas .O Con vento de Santo Antonio dos Ol ivaes fi ca na
despedida de um me n te a pouca di stancia de Coimbra . A paragem é encantadora pel a vista di latadado que alcançam os olhos . D'aqui se avista 0Me ndego , uma legua depois de ter j á passado pel a sameia s da cidade . D'aqu i se desc obrem soberba smontanhas .
236 NOVO GUIA
A ra inha D . Urraca fo i quem deu es te s ítio e aermida de Santo Antão aos fi lhos da pob reza . As arvo res da paz , que ab rigam esta soli dão , deram- lheo nome de Santo Antonio dos Olivaes , qu e a indahoj e conserva .Na v i s in han ç a do Convento de Cel la s fi ca entre
um olival u ma pequena ermida , que vista d e longeparecer vir para nós , levantando a torre e a cru zacima das ponta s d as arvo res .Etradição qu e all i fôra sac ríd c ada n
'uma cruz avirgem do bosq u e .
Todos os an n o s no fim da primavera vem en ra
mar de fl ores os hab it antes da cidade esta ermidatheatre de tão doloroso mar tyri o . Santa Comb a eornada com grinaldas de ros as , e estes tr ib u tospuros e innocente sao O emb lema da castidade davirgem , e da corôa immortal que recebeu no c éo .
O palacio do infante D. João ainda existe , aindaestá de pé aqu e lle go thi c o edifi cio qu e fo i o theatro da morte da infeliz D. Mari a Tel le s de Menezes
,víctima da perfi dia de sua Irma , a rainha
D. Leonor. O Aqueduto de S . Sebastião pass a emfrente do Jardim botanico , e é su stentado por vintee um ªrcos de grande a ltu ra ; reputa-se u ma dasmaravilhas da cidade de Coimb ra .No re i n ad o d o rei D. Sebastião e que se levan
t o u este mages to so edi fício , não sem grande re s isteu e ia dos conegos de Santa Cruz , a quem foramtiradas as fontes que para elle dão agua.
238 No vo GUIA
Os começos do convento de Bu ss aco remontamapenas ao meado do seculo xvn . Sin gelamen te nolos conta o c hro n i s ta fr. João do Sacramento . Diz
elle , qu e andando O provinci al da ordem dos carmelita s descalços , e embusca de
'
sít io deserto , parafundar u ma casa eremitica para os seus frades , succedera i r u m d'elles visitar o bispo conde de Coimbra , D. João Manuel, a q u em c ommu n i c ára o i ntento . 0 prelado como de '
su b íto , respondeuTenho eu na serra de Luso umas matta s e terrasa que chamam Bussaco ; se ao padre provincial lhep arecera mandal-a s ver , e lhe forem de seu agrado ,dera-a s eu de boa vontade ã relegíao , pelo ín teresse de ter no meu bi spado um convento tão unicoe ob servante . Avise o
'
padre reitor ao padre provi n c ial qu e as mande ver , qu e / pôde ser lhe sirvam ,
e se evitem c ommaiores conveniencias , o s reb e l i
c o s d a serra de Cintra . Era n'esta que elle s t inham posto a mi ra , antes de terem n oti cia de Bu ssaco .Fo i logo este padre dar , com alvoroço , tão boa
nova ao seu provincial , e amb os com o u tros rele
gi o so s e sendo um d ielles arc hi tec to , se foram aín spec c ío n ar o sitio.Subindo todos a serra , viram em Bussaco tant a
variedade de arvores, ab u n dan c ía de fontes , formo
su ra de v al le s,e eminencia de monte s , que , a lem
de s u mmamen te pagos de que viram se admirav am por extremo de que a benigna e soberana Pro
n o VI AJANTE 239
viden c ia ho u vesse reservado para ermo da sua ordem aqu el le sítio , que julgavam pela oitava maravílha do mundo .Veio depois o padre geral , e nao menos agra
dado e admi rado do sitio , di sse para os compan he iro s com devota alegri a : Aqui e vontade deDeus que se funde murem este sítio , que temnº
el le o melhor deserto da ordem . Porqu e , se a gorainculto , r u de e tosco , é o que admirâmo s , cultivadoserá um paraízo terreal .Dados os agradecimentos ao bispo conde
,tratou
este logo de reduzir a doação a publica fo rma .Como , porém , e st a propriedade era da mitra
,
não se podi a doar pura e simplesmente , só porsu b ro gaçao se permitt ia alienar, nos termos de d ireito canonico e c i vi l . Fo i , por tanto , avaliado OBussaco em 1805000, p o r ser i n fr u c t ifer o e de
p o u c o ren d imen to (diz a li cença regia) comprandoo bispo outros b ens no v alor de 1875000 rei s
,
para e n c o rpo rar nos da mitra em l oga r de Bu ssaco . B ieste contracto se fez es c riptu ra em 1 1 demaio de 1628.
Trataram logo os frades d e edifi car no alto daserra e seu co n vento
,a que se lançou a primeira
pedra no d i a 7 de agosto do mesmo anno , com a
invocação de mosteiro de Santa Cru z .Está Bussaco situado n a vistosa , a ltissima e
verde serra qu e uns chamam d o Luso , outros deCarvalh o , e alguns do Cantaro , por se não expres
210 No v o GUIA
sar b em com um singelo appel l ido , e qua s i n ec escitar de nome s dob rados , todo um monte de maravílha s.
Diz- se d e Cantaro , pela piedosa matron a , qu eatravessando em certa o c c a s1ao a serra , lhe fallec eu u m criado à sêde , por cu j o respeito deixouall í , em perpetu a miser icordia , um can taro de aguapara refr igerío dos viandante s.Chama - se do Carvalho , de uma vi ll a d este nome
existente ao pé da mesma serra , qu e a deu , ourecebeu da nobre familia d i e ste appe ll id o , de qu eparece as cendente a instituidora da referida p iedade , vísto fl c ar
'
a provisão de Cantaro ao cuidadodos senhores d i esta villa . Inti tu l a- se de Luso , deuma ant iqu í ssima cidade do mesmo nome , que dizem fundara all i a meia descida da serra para abanda do poente , olhando ao mar, um ri o de proprio appe ll id o . Da sua ex istencia parece dar aindates temunho um curto logar a que tambem chamamLu so ; que o s tempos se nao tragam _reduzem a
pequenas as coisas grandes , os povos a ermos , ascortes a aldeia s .Na sce a do Bussaco como legí timo e avultado
parto da serra da Estrella ; e desenvolvendo- se lí
ge iramen te da s man ti lhas para crescer em grandezas proprias levanta o pé bem a vista de Penacova ,defronte do canal por onde no plac ído Mondegoentra o cau daloso A lva , tão rico de c ab edaes , quedesempan ha a fama de serem os rios de Portuga l
212 No vo GUIA
de trinta leguas ; para o sul do Minho e não fa lto u j á l ince que alcançasse ou o presumisse vera de Marvão , desviada d
'all i quarenta l egu as , paraO norte a de Grij ó , em distancia de quinze ; e paratodas as partes as cidades , villas , e logares intermedios , si te s no terri tori o dos sete bispados Coimbra , Leiria , Guarda , Vi zeu , Lamego , Porto , Braga .
Para a parte do poente carece a vist a de termosmai s que nos limites da propri a potencia , porquesobre as buliçosas ondas do i nquieto elemento
,se
não desc an ça , limi ta—se . Vêem-se no s d i as claros,
sulcar suas aguas varias emb arc aç o es para differentes rumos e postos , agradavel obj ecto aos quede terra o contemplam ; e porventura ma is , quando fu riosas ou cresp as ameaçam algum naufragiopela tyranna condição de crescer O gosto do seguroproprio a vista do perigo a lheio .Estas são as vi sta s d'esta ata laya do mundo , o u
sentinel la do céu , ao longe .As de perto são taes , que se duvida as possam
os olhos encontrar , egualmente dilatadas e del iciosas , na c írc u mferen c ía do orbe , porqu e do alto doBussaco se devi sam muitas e aprazíveis serras ;di latados e VIÇ OSOS montes ; fertil í ssimos e amenoscampos
,cortados de varios e formosos rio s . Avis
tam-s e assim mesmo varios arneiros , prados , bosques e valle s retalhados de caudalosas rib eiras ,vestidos todos da verde gala , que a cada um d
'estes b em dispostos c orpos talhou o auctor danatu
n o VIAJANTE 213
reza. Donde vem a parecer que não ha p a iz , quadro ou perspectiva , onde o ma is l i cencioso p ince lsoborn ado do gosto ou do empenho , se occupas seem bem assombradas delín eaço es , a o valente o u
mimoso , qu e os h o ri so n tes do Bussaco não com
prehen dam ao natural.De toda esta estendida e formosa planta, colhem
as almas devotas , recolhidas em s i mesmas,co
p i o so s e import antes fructos de superiore s considera çõ es para se moverem ao amor do Omn ípotente , que assim d íspo z o terreno para habitação ,regalo e commodo de suas creature s . Nas mesmaspenha s da mont anha e grandemente de l ouvar OCreador , porque entre el la s se acham j aspes emarmo res tão fi nos , e de c ôres tão viva s , que parece brilharem brutos com o lustro de polidos .Pelo menos a serem as su mpto s da industri a , oumateri a d a arte , serviriam de credito aos edíd c ío scomo pedras de singular valor na sua e sphera .
Mas quem poderá decifrar em numeros , ou numerar por seus nomes , não j á os i n d ivíd u o s , masa ind a as especie s de arvores qu e o auctor da n atu reza clau surou no recinto do Bussaco A lem daspl anta s c o n hec idamen te vulgares , se de sen tren hao terreno na pro d u c çã o de len tís c o s , azere iro s , az ivin hos , aderne s , e spinheiros , cedros , platanos , c in amomo s , etc ; e com tal feracidade , que a maisva sta noticia d'esta frondosa republi ca 0 nao poderá notar de mesquinho na e steri lidade de a lguma .
21 1 No vo GUIA
Descorrí a em certa o c c así a o o s í tio o reverend i ss imo padre fr. Jeronymo de Seldan ha , D. abbade geral da ordem de S . Bernardo
,acompanh ado
do prior actual da casa fr . Paulo do Esp iri to Santoe notando a fecundidade d a natureza na procre a
ç ao de tão bastos e d iversOs arvoredos , a censurade nao produzir alli o fe ixe , arvore de mais ga laque serventi a , e de qualidades tão nocivas , quedizem ter na sombra an t ip ath ia com a sau de , eainda com a vida de todos os an imaes . Cal ava—seo prior á queixosa censura do geral ; mas chegandoà fonte que chamavam Fri a , lhe deram a respostatres plantas da mesma especie que buscava .Vendoa sati sfação do queixume , e o desvanecimento daOpinião de que era singularidade—de A lcobaça produ zir a t al planta , teve de con fessar a B u s saco porum mappa do arvoredo do mundo . Já arru adasá corda
, j á em mattas cerradas é tal a mu l tidãode arvores
,que havendo tempestade que prostrou
mil paus dos mais soberbos , n ao fez ao resto dovegeta l corte sensivel , appare c en do depois vesti docomo se nao fôra roto da tormenta .Das hervas c heiro zas , como legacao , madres i lva ,
trevo—real , betonica , e tantas outras qu e na pennanao cab em , se ornam os estrados , e tecem as alcatitas dos montes e valles , onde por o stentaçãoda pomp a ou vaidade do caduco de suas verduras, se tenta a descançar a primavera quasi todoo anno. As med i c i n aes , pela qualidade da agua,
216 No vo GUIA
vistoso, que por entre miudo s sexos , pretos e brancos , sentados em d o íradas arei as nao receia de app arecer ao registo e exame dos olhos . Desce dolugar da s u a origem por um c alejão ou parapeitol evantado da terra , entre d u a s l argas escadas port i lhões de cantaria , e rep u xos abertos nas mesmaspedras ; na descida dos quaes , fervendo as aguasem tumid o s e prateados c a c ho es , c an sam de unsem outros tão agradavel como buliçosa queda , atéchegarem a u ma t aça de onze bicas de bronze , sentada no meio de um formoso taboleiro , rematadotudo em um chuveiro de ín n umeravei s e quasi ímp erceptívei s desagu ad o íro s . Ba ixa d
º
aqu i , na mesmafôrma, ou tros tres tab o leiro s l ageados , e chegando ao quarto para um chafariz de oito b icas debronze, de qu al se torna a despenhar por cano scoberto s ; a l arga distanci a se recolhe n
º
uma graude pia c erc ada de uma
_cruz de pedra , acompanhada de duas pyramides da mesma materia . Encanada novamente por alguns passos , rebenta emum espaçoso tanq u e d ºo n de , fechada como antes ,vae terminar no b en efíc i o e cultura de um dilatadopomar , povoado de varias arvores de excellentesespecies de fructos . Os lados das escadas e divisasdos tab o leiro s sao ornados de curiosos emb rexados pretos
, deb u xado s em campo b ranco , que naobra fazem agradavei s viso s sem excederem a me
des tía do lugar.N
l
esta deliciosa paragem está quas i erecto um
n o VIAJANTE 217
mo n umen lo para c ommemo rar a grande batalhaque all i s e deu ; consta d
'um formoso e imponenteo b lísc o ; rematan do por uma bella estre lla decrysta l de lindo effe i to , obra portugueza e de mui toapreço . As i n sc ripç o es s ao fu ndidas com o bronzed'uma das muitas peça s tomadas n 'aqu el le mesmos i ti o ao exercite france z .Este monumento é ma i s um i sen tívo para ch a
mar ao Bu ssaco a atten ç ao , não só dos b o n s portu gu ezes , co mo dos curiosos est rangeiros , que sa íbam apreciar devi damente o que é bello.
M O EDA S P O R TUGUEZA S
Dobrao de oiroDobraMeia dobra , ou peçaMeia peçaCorôa de oiroMeia corôaQ u into de corôaCorôa de prataMeia corôaCru sade novoDoze vín ten sSeis vinténsTostãoTres vín ten sMeio—tostãoPataco de bronzeVintem de cobreDez réisCinco réisTres réi s
305000POIS.
165000
85000[15000
55000
255%
15000
15000
250 No vo GUIA
Meia peça 15000 reISu
Moedas de 15000. 15500
920
F r a n c e z a s
Peça 10 fran cosNapoleão ou Luiz10francos em o iroPi astra de prataPeça de 2Franco30Sou s (moeda antiga)15 sous ( idem)Meio fran coQuarto de francoQd in to de franco .
10 Cen timetro s em cobre5 Centímetros1 Cen timetro
l n g l e z a s
Lib ra sterlinaGuineo de oiroMeio gu in éoMei a libraCo rea de prataMeia corôa
n o VIAJANTE 251
Shil lingMeio shi ll in gTerço de shi llingQuarto de sh illingPenny, de c obreMeio pennyLiard ou Farthín g
D o s E s t a d o s Un i d o s
Aguia de o iro (10 dol lars)Meia agui aPataca de prataMeio dollarQuarto de dollarDec ímo de dollarVigessímo de dol larCen tessimo de dollar , em cobre
H o l l a n d e z a s
Fio rin ou guldenCentímetro
Estas são as novas moedas de Hol landa , as antigas tro c am-se na mesma proporçã o .
D a S u i s s a
Franken da Republica 2 10 ré is .
Cada cantão tem sua moeda particular .
ik85000
45400
900
[150
2 25
90
[1 5
252 Nºvo GUIA
A u s t r i a c a s
SoberanoDucado , deRixdale, deFi o ri n
Ho lpek o pf, (10kreutzers)
P r u s s i a n a s
Rixda le ou th aler
B u s s t a n a s
Imperial , de oiroMeio imperi alPeça de 3 roublesBouble , de prata
D i n a m a r q u e z a s
Chri stiano , de oiroDucadoRixdal , de prata
R o m a n a s
Pi stola , de oiroSequimMeia pistola
254 No vo GUIA
An atel — 2
Libra (de boticario) l ª/z marco .
Marco—8
OnçaO itavas— 3 esc rOpu l o s .
Escropulo— º lr
Grão
Isto e appro x1maça o ; e i s—aqu i com ma i s exa c tidão esses valores , invertendo a ordem precedente .
Den omin açã o do s pez o e emFra n c a
Quintal metricoMyrigramma
K i lo gramma
Hec to gramma .
Decagramma . .
Decigramma .
CentigrammaMilligramma .
Medida s
Eis as den omin aç o es e valores das medida s francezas , tomado o metr o , 0 a re, e o l i tr o , como u n idades de cumprimento, superfi cie , l iquidos e grãos .
459 grammas,
344 , 49680
5 centigram.
Va lo rem
Gramma s
400000
40000
4000
400
40
4
0, 4
n o VIA JANTE 255
Comprimento Myri ametro
K ilometroHec tometro
DecametroMetroDecimetroCentimetroMill imetro .
Superfi c ie —HectareAre
Centi areL íquidos
,etc. —Hectolitro
Decali troL itroDecil itroCentil i tro
Medi da s a n t igas p o r tu gu ez a s
Legue—3 milhasMi lha—mil passosBrec a—2 vara sVara pésPé— 42 polegadasPalmo—8 polegadasPolegada— 42 linh asLinh a—42 pontosPontoMoio—60 alque ires
40000M.
400
40
400A .
400L.
40
256 n o vo GUIA
A l queire . .
QuartaO itava .Maquia .Sa laminTonel—2 pipasPip a—25 almudesA lmude—42 canadasPote—6 canadasCanadas— IL qu arti lho s
Quartilho .
tu gu ezes .
Caminho de ferro doPreços da companhia d e c arru agen s l i sb o n enses
Estabelecimento de carruagens de Campos Jnnior
Tabella dos preço s dos tren s de alugu er .
Companhia de carruagens omnibusHotei s e casas de pastoBotequins ou cafésPhotographia sDivertimentos particularesBanhosPalacios reaesPaco e quinta das Necessidades ,
Palacio daPalacio e quinta deB elemPa l acio d a AjudaPalacio de CaxiasPal acio de Q ueluzCamaras legi sl ativas
Mi ni steriosTrib u n aes .
Estabelecimentos publicos de edu caçãoEscola P o lytechn i c a ,.
Escola medico-c iru rgi c a .
Escol a de pharma c i aInstituto agríc o la e escola de veterina ria .
Escola de const rucção =nava lEscola do exercitoAula do
Pag.
Conservatorio real de LisboaAula d o museu nacionalInsti tuto industria l e commercial de Lisboa .Aula de geometria e mec han i c a app li c ada àsartes .
Curso su perior de le ttra sCollegio dos aprendizes do arsena lCollegio militarAcademia das Be llas Artes de LisboaSo ciedade promotora das bella s artesGu armç ao militar da capital do reino , em tempos n o rmaes
Familia real portuguezaBa irros de Li sboaJornali smo de Li sbo aTyp o graphias
Bibliotheca s e arch ivosSociedades sc ien tid c asMuseu real .Museu archeologicoImprensa nacionalTemplosOutros edifi cios publicosAqu ed u to das aguas l ivresArsenal do exercitoArsenal da marinhaNavios armados e desarmadosA lfandega de LisboaAlfandega municipalCordoari aCasa da moedaPal acio da justi ça º
Quarteis de tropa
Pri so es
CaesAterro da Bo a Vi staCaldeirasJardim b otanicoTelegraphia electricaFontes e chafarizesEstações dos caminhos de ferro de leste .
Deposito da companhia das aguasMercado sMatadouroEstab elecimentos uteisHospital nacional e real de S . Jo séHospital da marinhaHospital da Estrel l in h aHospital de S . LazaroHospi tal Veteri n ári oReal Casa-pia
º
Asylo da MendicidadeAsylo de Maria Pi aAsylo de Santa CatharinaAsylo d o s_f1lho s do s soldadosAsylo dos i n val ido s do trab alhoSanta Casa da M isericordi aAsyl o da infancia desvalidaInstituto vaccinicoConselho de saude publica do rein oLycea nacional de LisboaQu artel generalCorreio geralProcurador i a geral da corôaMonte-Pi o GeralObservatorio astronomico
Theatro do Prín c ipe Real a
CircosPraça do Campo de San t *An n aCi rco Price “
Praças e ruas mais n o tavei s , monumentos ,palacios e quintas
Praça do Commercio .
Estatua equestre de D . Jose iPraça de D. PedroPraça dé Lu iz de Camõe sPraça da A legriaPraça do Principe RealLargo do PelourinhoPraça da FigueiraPraça dos Romu laresLargo do RatoLargo das AmoreirasCampo de San t'An n aLargo do CarmoPraça da Ribeira NovaLargo das NecessidadesLargo do Barão de Quintel laLapa—Bueno s AyresEntrada de L isboaPasseios dentro da cidadePrimeiro passeioSegundo passeioTerceiro passeioQuarto pas seio .
Outra BandaCercanias de LisboaCampo PequenoCampo Grande
Pag.
LumiarCa lçada de Carri cheOd ivellasLarangeirasQuinta do Lodi
CampolideBemfi ca
QueluzBellasRamalhãoCi ntraPal acio realPalacio a c astel lado da PenaCastello de mourosConvento de Santa CruzPeninhaPenh a LongaRuinas de MonserratePenha VerdeRegale iraSe tiaes
Quinta do Marqu ez de Pomba lQuinta de D. CaetanoPalacio e quinta do duqu e de Saldan h aFonte de Sab u ga
Santa EufemiaHospedariasCollaresMa fraSetuba l .
SantaremCoimbraBussacoMoedas po rtu gu ezasMoedas estrangeiras .Pes o s e medi das
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