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, C O L L E C C i O DE P O E S I A S
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T;p.
doPROGRESSOr.
de Sanei nua, i9 |
Impresso por
B .
de Mattos,
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P R L O G O .
S endo de ha muito sentida a necessidade de
colleccionar-se em um volume as poesias escri-
plas por filhos d'esta Provncia, resolveram en
tre si alguns amigos, em meiados do anno pr
ximo findo, levar a effeito to bella quanto til
idia; e, constitudos em uma commisso dire-
ctora, comearam desde logo a pr por obra a
resoluo tomada, j dirigindo communicaes
e convites aos que os quizessem auxiliar em
to ba empresa e j procurando com empe
nho a acquisio de autographos inedictos e de
publicaes anteriormente feitas.
A commisso, que pom o trabalho , que o ra
offerece considerao dos leito res, menos teve
em vista
dar a
lume
tuna
colleco de superio-
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res produces a modo das que compem o
Parnazo Lusitano, do que reunir em um livra
a maio r copia de versos escrlpto s po r filho s
d 'esta P rovncia,, no s para salvar a muitos
do o lvid o , seno tambm para que po r esse
meio se to rnasse bem patente a tendncia e par-
ticular aptido, que existe entre ns para esse
ramo litterario
>
fico u muito satisfeita e animada
com o bom e geral acolhimento, que a idia
recebeu, j n'esta e j em outras Provncias.
A commisso eutendeu que o volume devia
ser intitulado P arnaso Maranhense visto co
mo nenhuma designao melhor convinha na-
turesa e fim da o bra; e assim tambm julgou
muito acertado applicar as lucros, que por ven
tura possam provir da publicao emprehendi-
da, em favor da eschola agrcola do Cutim, at-
tendendo a que esse estabelecimento de sum-
mo interesse para a nossa terr a e carece d e
todo o auxilio.
Na ordem da publicao das poesias pareceu
melhor commisso seguir a alphabetica, afim
de que nenhuma Susceptibilidade ficasse ofen
dida com a precedncia na collocao.
Bem longe est a Commisso de suppor que
o seu trabalho em tudo perfeito e completo;
mas resta-lhe a convico,
de
se no ter poupa
do a esforos e fadigas para conseguir do me
lhor modo o seu desderrttim.
A
Sabe a commisso qu. alem das poesias
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agora colleccionadas, muitas existem que po
d iam fazer parte d o vo lume; mas no pde hav-
los ou po r excesso d e acanhamento d e seus
auetores ou por falta das pessoas, que as co
nheciam e podiam olferec-las, e menos espe
ra-las porque esta publicao j tem sido muito
demorada.
To d avia, a Co mmisso, na esperana d e ad
qu iri-las, esl resolvid a a reser va-las para um
segundo volume, que deseja publicar e para o
qual ped e d esde j a pr o teco , o apo io, que
l o benevo lamente foi prestad o ao prim eiro .
Maranho , 1 d e Julho d e 1801.
A COMMI S S O
Centil Homem
de
Almeida Bvaija.
Antnio Marques fodritjue*.
Itmjmundo de Brito Com esdeSaum,
.Liti:- Antnio Vieira da Silra.
Joaquim Sena.
Joaquim du Costa Barradas,
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tt "SlIyLffiw tf.ttiw
S O D O L O S
R I O S .
^TriuV.
Ao
Ks\)a\\\voV
\i
Lot
An
V''".")
Junto i.s margens dos rios
De R ubiluiiia a d escanlar sentado s
P assado s d esvario s,
Escravos, affligidos c cansados
Choramos ternamente
Com a memria de Sio ausente.
Os doces inslrufqcntos
Que o senhor das batalhas j louvaro
Em tempos mais contentes
E que nossas viclorias celebraro;
Quando presos ficamos,
Aos salgueiros cxlrauhos penduramos.
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Nossos donos por tlila,
Ou | or curiosidade ou por vingana
Ou porque em lal desdita
Tambm piedade ao vencedor alcana,
Cantai, cantai dissero;
Com que mais nossas lagrimas crescero.
E os que condusio
Caplivos nossos filhos c m ulhere s,
Os hymnos nos pedo,
Que augmenlavo por l nossos praseres;
E em casos to adverso?,
Os canto s de Sio, o s tristes versos1
Mas, cm nesposta, ns
A seos ro gos, chorand o , respond emos:
Como pretendeis vs
Que, a rojar ferros, mseros cantemos
IN esta infeliz cad eia
Versos da ptria amada em terra alheia ?
Se de ti me olvidar,
Doce Jerusalm, agora ou logo
E longe de li cantar,
tlyrre-se, pois cedeo fora ou rogo
A mo que as co rd as to ca,
Quando lal sorle lagrimas provoca.
E se, cantando, der
Signal de que perdi toda a tiiemoriu;
Em quanto assim viver
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Cidade saneia, ausente dessa gloria
A lngua se me apegue
Na garganta, e respirar me negue.
Nem justo que se diga
Que eu possa haver jamais contentamento
Entre gente inimiga;
Antes prefiro a lodo o sentimento
E at vida cara,
Ver-te feliz, Jerusalm prcclaia
Tu no entanto, rei divino,
O castigo prepara ao ldumeo,
Que sond o -no s visinho,
No acud io-no s, antes ao chaldeo
Auxiliou no dia
Em que a liisle cidade nos rendia.
E com voz arrogante,
Mostrando cm nosso mal sco dio injusto,
Ia a bradar diaule:
Arrasai, d estrui, sem d , sem susto :
Nem deixe vossa espada
P ed ra, que tor ne a ser edificada
Tu, Babilnia, agora
Tiinnipha Ueos marcar leo dia
Abenoada a hora
Em que pagues to barbara ousadia
Ditoso quem viver
E
o
capito que tal vingana houver
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A
ts-E qual j nos fizestes,
Das mes o s temo s filho s arrancand o ,
Ho de fazer a estes,
Que tendes caros; ho-de, os pacs olham
Travar das louras trancas
Para arrojai-os contra agudas lanas.
E S T N C I A S .
Tu no queres ligar-te commigo,
Que me fosses mulher finfamara .
E' tua casa lio sangue to clara,
Qus eu me honrasse de unir-me co mligo? . .
s acaso o pura lindeza,
Que eu no possa tua mo apertar?.
Mas teos olhos com menos pureza
Outros olhos j vi afagar
E esses lbios que a jura de esposa
Para mim no dario no altar,
Nesses lbio s algum j no ousa
Algum beijo de amor estampar ?
Pobre louca, que o orgulho atormenta.
Despe a bronca vaidade que tens;
Nem a mim teo amor me eontenla,
Nem me lerem teos falsos desdeiiSi
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Sei amar ; mas a l i . . . no so ube ia;
Sei soTrcr; mas por l i . . . . tobem no;
De te ama r nenhum go sto t ivera,
De perd e r - lc nenhum a afflio .
O mco no mo , que engeilas vaid o sa,
Que de i l lusl res avs no herdei ;
Cobre ao menos pobreza o rgulhosa ,
Qnc eu comligo jamais par t i re i
No te assnste esse fado Ir islonho,
No Ic deixes vencer d.i afflio, -
Vive cm paz . . . que eu no que r o , no so nh o ,
Ter a posse do leo co rao .
Mas se acaso uma sorte medonha,
Vio len tar -me por U a d a r a is ,
Possa ao menos mocre r de ve rgonha ,
Quem de amor no mo r r e r a j ama is
B ahia Maio d e
C A N O
fTviuX. ilo &\\tm&6
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Tens os mais bellos dos olhos.
Amor, que desejas mais?
E sobre esses olhos bello s
J de carmes immortaes
Tenho composto volumes. . . .
Amor, que desejas mais?
E com esses olhos bellos,
At no quereres mais,
Tens-me posto d epe nd ur a.. .
Amor, que desejas mais?
S O N E T O .
B aixei veloz, queao tumido elemento
A voz do naula experto, afoito entrega,
Demora o curso teo, perto navega
Da ter r a, o nde me fica o pensamento .
Em quanto vais eortando o salso argento
Desta praia feliz no se despega,
Meos olhos, no, que amargo pranto os rega,
Minha alma, sim, e o amor que meo tormento.
Daixel, que vaes fugindo despjcdado,
Sem temor dos contrastes da procella,
Volta ao menos, qual vaes, to apressado;
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Enconlre-a eu gentil, mimosa e bella,
E o pranto que ora verto amargurado,
Possa eu verter feliz no seio delia.
1 8 1 8 .
ESTNCIAS.
1.
O nosso ndio errante vaga;
Mas por onde quer que v,
Os ossos dos seus carrega;
Por isso, onde quer que chego,.
Da vida n'amplo deserto,
Como que a ptria lom perto,
Nunca dos seus longe est
II.
Tem para si quo a poeira
*aquelle que choram morto,
Quando a alma j descana
Da eternid ade no po ito ;
Nenhures est melhor
Do que na urna grosseira,
Que a cada momeulo enchergam,
Que de instante a instante regam
Com seu prantear d amor
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III.
Ando, como elle, incessante,
Forasteiro, vago, errante,
Sem prprio abrigo, sem lar,
Sem ler uma voz amiga,
Que em minha afflio me diga
Dessas palavras que fazem
Adr no pei to abrandar
E sei que mo rr este filha
Sei que a dr de te perder
Em quanto eu for vivo, nunca,
Nunca se hade esvaccer
Mas qual leu jasigo, e onde
Jasem teus restos mortacs
E sse logar que le esco nd e,
No vi, no verei j mais .
IV.
No sei se abi nasce a rclva,
Se algum arbusto s*inflora,
A cada nova estao;
Seacada nascer da aur o ra,
O orvalho lagrimas chora
Sobre esse humilde torro ?
Se abi nasce o triste gojvo,
Ou s espinhoseabrolho s;
Ou se tambm de alguns olhos
Recebes pia oblao
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V.
Sei que o pranto que se verte
Longe do morto, no basta
E' pranto que a dr no gasta,
Que nenhum alivio traz
Sfi que ao partir me d vida,
Minha alma andar perdida
Pura saber onde ests
VI.
Irei sobre o leu scpulchro
Chorar o meu ultimo adeos,
Depois, remontando aos ecos,
Direi a Deos: Aqui estou
Tu, d'entrc o coro dos anjos
Dos serafins rcsplendenles,
Ento as azas candentes,
Que a vida no maculou,
Dcsprcga c meiga e humilhada
Ao llirono do Eterno vae,
E na linguagem dos anjos,
Dize a Jesus: E' meu pae
VII.
E lle humanou-se quiz ser
Filho lambem da muHier,
Mas d*lioinem, "no: porque os ceos
No tinham bastante espao
Para um homem pae de Deos
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Bem sabe elle quanta gloria
Sente o pae que um anjo tem
Julgar que, pois perdida
Teve uma filha na vida,
No a perca l tambm.
H de Maio 1861.
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A .
u .
R O D R I G U E S .
A R E V I S T A N O C T U R N A .
l^i.lo.vo tU leAYiH.**}
A meia no i te , q innd o to d o s d o rm em,
E ladra lua o sol i t r io co,
Onveni-se rufos: um tambor est ranho
Acorda os mor tos que en te r rados so
Das negras campas apressadas snrg.mi
Hostes guerreiras, que t iveram fim:
A caix.i rufa r epetid o s ru fo s,
Helumbaao longe o marcial clar im.
Da Itlia bella no.s fecundos campos,
Da Rssia fr ia no terreno atroz,
No Egypto ardente, na br iosa Hespanh>,
Repetem chos do inst rumento a voz.
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Mais extremosas, delicadas virgens,
Trazei as palmas, as cheirosas flores:
Croai a Ptria que sorri alegre,
Que dia CS-J'rana,que nos diz amores.
Deus,,
e Ptria, e virtude,, e grandes feitos,.
Honraram nossos-pais,, os nossos bravos:
Soeegados-
na-,
pa*, fotH&s iw guerra,
Viveram livres, e jamais escravos.
E assim o Filho do immortal Dom Pedro
Nos leva ao templo da severa Historia:.
Mancebo, como ns, conversa os livros,.
Ama o valor, as traoUces de gloria.
Mais extremosas, delicadas virgens.
Trazei as palmas, as cheirosas flores:
Croai a Ptria que surri alegre,
Que diz esp rana, que nos diz amores.
A V E R D A D E , A J U S T I A , E B E L L O
(Jecjntr.*)
Modelam facilmente os homens fortes
O mundo sua tspada,
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E podeaFama so ltar ingente vo ,
Qual guia desmedida.
Mas no prelio nem sempre a espada fiivt
Em sangue se embriaga,
E no rijo tinir salta em pedaos:
Das aves a rainha
As densas nuvens rasga, e quantas vezes
Do sol aparla os olhos,
Esmorece, fraquea, cabe por terra
Dos lyrannos o fruclo
No vinga um s instante, c morre e passa
Qual veulo do deserto.
A verdad e quem reina. S empre eterna
Os combates arrostra:
Dos lyrannos no leme as negras iras
O algoz, o ferro, o fogo:
No descora, no treme, o cu procura,
E no cu, e no mundo,
E
no
tempo veloz corre o seu verbo.
Tambm reina a justia,
Immo rlal e sagrada. E mbora as flo res
O mu no cho as pze,
A verde folha dispa, o Ironco abala,
Ningum arrancar pode
A profunda raiz, rica de seiva.
O mal ado rem Iodos
Quo podemos guardar do bem a imagem.
E' lenae a vontade
Que do homem destemido o peito busca:
Armas vesle a justia,
Perseguida a verdade a voz levanta,
Os povos se transformam,
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A do r fica esquecid a, as palmas su rgem :
E tu, anjo querido,
Sacro-sancta Poesia, que traduzes
A belleza d ivina,
Tambm s immo rlal. No te assemelhas
Das flo res ao perfume:
Se concebes o bello, eterno vive,
Cada vez mais pomposo,
E nas azas do tempo a chuva d'oiro,
Scinlillante sacodes.
A' verdade sublime o homem prenda-se,
Sustente-se a justia,
Festejemo s o bello. E ntre os humano s,
Essas prendas celestes
Ho de sempre existir, sempre formosas:
Aquillo que da terra
A' terra voltar, e nunca morrem
Os princpios eternos.
0 B R A S I L .
Os templos soberbos da Grcia formosa,
E os arcos de Roma, de Roma orgulhosa,
No cobrem, no ornam meu ptrio Brasil:
Estatuas no temos, primores das artes,
Mas lemos os bosques por todas as partes
E as verdes palmeiras viosas a mil.
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n
> r ios gigantes, as
I H I I
i Ias fonjes,
As f lores, os fructos, os prados, os montes,
Esmaltam, protegem meu ptr io Brasi l ,
E o canto das aves na selva escutamos,
E o sol no tememos, e a sombra bu-c.imns
N is verdes palmeiras viosas a mil.
As Venus, as Graas, os loucos Amores,
Celestes no marinor, na furma, nas cores
No lemos, no lemos no ptrio Brasi l ;
Rias temos as virgens d'olhar expressivo,
lie. rosto moreno, caracter a l t ivo,
E as verdes palmeiras viosas a mil.
E viigens c homens c bosques e mares
E tudo que vive na terra, nos ares,
E' bel lo, subl ime no ptr io Brazi l :
A/.11I o cu, as florestas frondosas,
\ alentes os homens, as virgens mimosas,
E a< verdes palmeiras viosas a mil.
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A .
J . F R J . B 3 3 D S S -
O
S O L ,
E A P R I N C E Z A .
(J)oiitt VaVat^uva.**
Quando a aurora no ceo raia,
ma princcza gentil
Vai banhar-se em lisa praia,
Nas ondas de prata e anil.
Dos lindo s membros a alvura
Lhe reluz por entre um vu,
E rutilla n'agoa pura,
Qual uma estrella no ceo.
E da vaga adamantina
Mergulhada no cryslal,
Se veste da luz divina,-
Que vem do sol matinal.
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Elle pra em seu caminho
Enamorado de a ver,
Cobre-a de luz, e carinho,
Esquecendo o seu dever.
Trs vezes tenta no mundo
Pr a noite o seu lenol,
E n'cssc enlevo profundo
Trez vezes encontra o sol.
E o sol bella princeza
Que de amores o rendeu,
Conscrvando-lhe a belhza,
N'uma rosa a converteu.
E' por isso que hoje a rosa
De seus olhos ao fulgr,
Inclina a fronte mimosa,
E se tinge d e rubo r.
R ecife 1855.
A R R E P E N D I M E N T O .
Oh, se depois da procella,
E>sa estrella, que perdi,
De novo a mim se revela,
Amigo, s deve; a li.
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Deixava o ceo pela ter ra
Como perdida Eloah:
Mas tua voz, que me eleva,
Faz com que ainda me atreva
A cantar hymnos de l.
Se esqueci o.canto puro
Por um momento veloz,
De novo agora o procuro,
E arrependido murmuro:
Perdo -com tremula vo z
Esse delyrio se acalma,
E rompendo o espesso veo,
Ferve de novo minh'alma,
Que s floresce no ceo
Meu Deus, meu Deus nocondemna
De minh'alma a embriaguez
V que j brilha serena,
E chora qual Magdalena,
Vertend o aroma a teus ps.
De tua gloria aos fulgores
Eu bato as azas azues.
Vou onde vicejam flores,
Onde se vive de amores,
Onde se vive de luz.
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A M O R
E N A M O R O .
Amor vinho for te em que-se apanha
D essas brugas de cahir no cho;
O namo ro um calix de champanha,
Que nos torna alegrete o corao.
Amor, amigos, claro, que offusc,.,
Fognoira alimentada com resina;
Namoro luz suave, que se busca,
Como aquella, que expande a lamparina.
Amor duro tronco, que se afferra,
E nlranhando no cho forte raiz;
Namoro linda rosa lr da terra,
Que se abandona, se perdeu o matiz.
Um, trazendo no olhar o dcsvario,
Apparcce com ar de mata-monro;
Outra vista do po tem calafrio,
Faz uzo da canella, cslima o couro.
Pm pula muros e barrancos salta,
Levando quedas, que lhe so fataes;
Outro anda com caulella, um peralla,
Que em ratoeiras no cahiu jamais.
t
T
m As vezes co rd eiro , s vezes b ruto ,
Ora vive a bramir, ora prostrado;
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Outro toma caf, fuma charuto,
Cala luva, rapaz civilisado.
Um soberbo e feroz,
-lhe
preciso
Prantos que ver e flores que esfolhar;
Para o outro, porem, basta um sorriso,
Um aperlo de mo, um breve olhar.
Agora, mea leitor, ouvir-vos quero:
Deste meu parallelo que dizeis?
Preferindo a qualquer, sede sincero,
Confessai que o namoro que d leis
Eu sou franco, namoro, eu te prefiro
Ds que fazer do prximo rabe.ca;
Masno jogas cacete, no ds tiro,
Nem fizeste ningum levar breca.
Illuminas a vida*#m breve instante,
Sem conseqncias nos trazer por fim.
s perfume da vida do estudante,
E remdio especifico do spleen.
Fazes que a
feia
po r
sofrvel
passe,
E que passe asoffrivel por um anjo;
Fazes de uma criana um Lovelace,
Fazes criana tola de um marmanjo.
Por isso quem domina s tu, namoro,
Tanto no homem como na mulher;
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Embora grilem pais desaforo
Embora ralhem mes quanto quizer
Hoje mais do que nunci ests na moda;
No ha cabea ahi de gente limpa,
Que no lenhas j feito andar roda
Como ao sopro do vento a leve griuipa.
E ao passo que amor j no alaca
NVsle tempo ao dinheiro s fiel
Os peitos escondidos na casaca
Como oulr'ora os cobertos de burcl;
Tudo, ludo trabalha em tua vinha,
O sculo comligo sym palhisa;
Todo o velho, rapaz, brucha ou mocinha
Tem tomado o namoro por divisa.
S E T E
D E S E T E M B R O .
Ao sopro dos venlos, ao som das cascatas,
Em leito pomposo form ado por Deus,
Um indio gigante nascido nas maltas
Dormia cercado de mil pigmeus.
De zonas ardenles e frigidas zonas
O vaslo colosso se extende a travez;
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Repousa-lhe a fronte no immenso Amasonas,
E as agoas do Prata murmuram-lhe aos ps.
Soflria, ha trs se.c'los, cruel pesadelo,
E a turba de iusectos parada ao redor,
Lanara-lhe ferros, sorrindo-se ao v-lo
Cum os olhos fechados e o corpo em suor.
E as aves que gemem e as feras que rugem,
Os ventos que zunetri, os prprios fuzis,
No quebram-lhe o so mno crearam ferrugem
Em pulsos to nobres cadeias to vis
Sorriam-se elles, sem verem que o somno
Somente o relinha no mesmo logar,
Bem como o menino reputa-se dono
Da ona dormida, que o ha de tragar.
Sorriam-se elles, sem verem que aos poucos
Nas veiasosangue fervia afinal.
No orgulho embuados no viam, que loucos
Que a hora batia solemne e fatal.
Mas eis de repente surgiu no horisonte
Qual surge nas trevas brilhante pharo l
Lm dia de glor ias, o s vallese os mo ntes
Enchendo de vida, banhando de sol.
Romperam mil cantos, cessaram queixiimes
Do trino das aves encheu-se o versei
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E o prado de flores, e a flor de perfumes,
E o ramo de f ructos, c os f ruclos de mel .
Do lago e do r io , do t igre e da pomba,
Dos ventos nos t ro nco s, da brisa na flo r ,
l ia terra, das aves, do mar, que r ibomba,
Um hynino de beriam se eleva ao Senhor.
Aos fervidos raios do sol fulgurante,
Do hvinno inefvel ao mgico som,
Do longo lelhargo desper ta o gigante,
Que excelso destino t ivera por dom.
Desper ta e dos membros sacode as cadeias,
Qual rija borrasca das nuvens o veo,
Qual guia das azas sacode as areias,
Ahrindo-as velozes nos campos do ceo.
E turba insensata, que ao v-lo se assombra,
Ati ra dos lbios sor r iso de d
Em vez de vingana prestando- lhe sombra,
Que o sol d 'esse dia tornara-os em p.
Desde esse momento sahindo da selva
As terras demanda, que um dia ver,
Se acaso o caminho nem sempre de rr-lv.i,
Que importa, dizelle, se avano p"ra l ?
Se s vezes duvida, se t reme, se cansa,
Ao sol de Setembro renasce outra vez
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Nos membros a fora, no peito a esperana,
E marcha e prosegue com mais rapidez.
E vendo esle dia, que tanto memora,
Por sobre o horisonle de novo a surgir,
Co'um brado espontneo saudemo s-Iheaauror a,
Honrando o passado com f no porvir.
Oh, hoje que raia to limpida e calma
Ns filhos do ndio saudemo-la ns,
Com rosas na fronte,com jbilo n'alma,
E o riso nos lbios e o canto na voz
S audemo-la to d o s Taes dias so arcos
Na senda, que ao templo da gloria conduz;
Nas eras passadas so fulgidos marcos,
Que as trevas separam da enchente de luz.
Por ella animados com fora dobrada
A' lia da Ptria voemos tambm;
Se espinho e poeira tivermos na estrada,
Mais de uma coroa leremos alem.
Corramos, luctemos, cingindo do louros
A fro nte, que bale de ard o r juvenil;
Um nome leguemos aos nossos vindouros,
Cubramos de glorias o nosso Brasil.
Unidos reguemos de nossos suores
As plantas, legado de avs e de pes;
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Seus pomos dou rados , no gos t o mc l ln res ,
Os ramos vergados car reguem inda mais.
E como o guer re i ro depois da v ic to r ia
No ganho estandarte repousa por fim,
Depois das fadigas, invollos na gloria,
Soldados da Ptr ia, durmamos as.^irn
Viro nossos filhos, colhendo esses pomo--;,
Que tornem maduros benficos soes,
Depor -nos co roas , bem como as depomos
Na imagem querida de nossos heroes.
E aps venha a historia, que os feitos estampa,
Os nossos nar rando com t raos l ie is ,
E honroso epilaphio nos grave na campa,
Cercando-a de f lores c novos lauieis .
S O N E T O .
Apto no po sso m ais; que so bbalina
Nas mos a Ordenao , compndio aber to ,
P rocuro ob jeces , mas no ace r to ,
E debaldc a cachola se amotina.
Quando s vozes parece que se atina,
E o f inal da massada \-se per to ,
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Ligeira reflexo nos mostra ao certo
Ser asneira o quepon/ase imagina.
E tudo para que? Para ser dono
De uma carta de borra ou de um capcllo
Mas, por hoje os Praxistas abandono.
Fecho Rocha, Lobo, Carneiro e Mello;
Apago minha luz, pego no somno,
E
espicho me
amanhan como um cainello.
S O N E T O ,
N'esta casa do Alterromil visinhas
No querem que um rapaz 3. annista
Estude o criminal, passe uma vista
D'anliga Ordenao por sobre as linhas.
Ha duas so bretudo (so as minhas);
Oh, no ha estudante que resista
Quer queira, quer no queira vai p'ra lista
Dos preslaveisperus das bonilinhas.
C o m ba t i . . . . fiz o esfo ro d er radei ro
Longe dos litigantes, entre flores,
No hei de ser Doutor, sou jardineiro.
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Que vida levar ei vida d e amo res,
Que por fim ha de ter por paradeiro
Trez II . R. dos satnicos Doutores.
M E U S N A M O R O S DE O L I N D A .
\\\iy>YoiUo
A o. UIIV
IU uvt\ "louvo.
*)
Meus namoros de Olinda so flores,
Que desmaiam, cahindo no cho,
Sem gosa rem do so l os a rdo res ,
Desfolhadas ainda em boto.
So quaes nuvens, que o espao percor rem,
Desenhando l igeiras imagens,
Esperanas,
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Ondesylpbide area se exila
Para viver de perfume e de gozo;
Mas em breve se perd e nos ar e s
Meus namo ros so to d o s assim . . .
No passaram de meigos olhares
Meus namoros de Olinda por fim.
Mas,
se todos morreram mui cedo
No tiveram idntica mo rte
Dous se foram de spleen, um de medo,
E o melhor e final d'esta sorte:
Faz um anno: tive uma visinha,
Linda cousa, um anjinho do ceo
Se eu de casa sahia, se vinha,
Lhe tirava, so rr indo , o chapeo .
Ao principio ficava arrufad a
E fugia, a corar, da janella;
E u, por em, quando a via zangada
Inda achava a menina mais bella.
Pouco a pouco se fez menos brava,
Que fereza no peito no tem,
Se eu sorrindo por ella passava,
J, corando, sorria tambm.
Venturoso . de mim fiz depressa
Em seu peito progresso tamanho,
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o i
Que j lia mais de uma promessa
>o langor de seus olhos castanhos.
Que castellos, meu Deus, to risonhos
N'essa quadra de amores no fiz
E sonhava de amor . . . que de sonhos
De uni futuro brilhante e feliz
Oh sonhava
o
que em braos de Alcina
No gozara, de certo, Roggeiro
Puz de parle lico, sabbalina
E dei ferias ao meu candiciro.
E u mo rria de amor e esta bola
De tal modo a menina v i r o u .. . .
(E me dizem que sou crianolla
Isto prova do mais que no sou )
No
juizo fez lal desarranjo,
Que eu sonhava.... que sonho divino
Em meus braos beijar esse anjo,
Que cm seus btaos beijava um menino.
Mas um dia e o venlo era rijo ,
Triste o sol n'esse dia fatal,
Eu p'ra as aulas meus passos dirijo
Sun, no entanto, prever nenhum mal.
A' dez passos da casa da bella,
Inda menos -j quasi d efro nte,
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Eu sorria, e sorria a donzella
Quando sinto nem sei como conte .
S into gr i tos . . . . por cer to no l inha
Quem os dava a menor polidez;
E ra um d 'elles ladro de gullinha
E os mais todos do mesmo jaez.
Que vergonha, meu Deus, e que apuros
As o relhas fizeram -se brasas,
Os meus olhos tornaram-se escuros,
E confusas dansaram-me as casas
Assim mesmo pensei que o perigo,
Oh
meu Deus, no passasse d'alli,
Fiz que a historia no era comigo
Mas em vo desgraado nasci.
E romperam que horrvel bar ulho
Que tremendo e incanavel estouro
Um berrava d 'alli cascabulho
D'aqui o utro s calo uro, calouro
Do calouro no fiz muita co nta,
P ois dizia calouro sou eu,
Cascabulho , po rem, oh que affronta .
Foi , (confesso) o que mais me docu.
O suo r gotlejava da lesta,
As topad as no tinham mais cabo ,
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Isto ao som da terrvel orchestra,
Que os ouvidos quebrava ao diabo
Latas,
busios, tambor, pratos velhos. . .
S se ouvindo uma idia se faz;
Eu sentia tremer os joelhos,
Sou, comi mio, um.valente rapaz.
Jamais nauta almejou estar cm socco
Se naufraga inda longe do porto,
Como ento suspirei pelo bco
Que, afinal, consegui, quasi morto.
Como fora do busio j fosse,
Murmurei, alimpando o suor:
Meu namoro, de certo, acabou-se,
E que p e n a . . . no ponto milhor.
N'este gnero pura fumaa,
Tudo quanto um calouro projecta,
E assim foi, que, por minha desgraa,
IPesta vez fui terrvel prophela.
Desde essa hora de triste lembrana
No fez cila mais caso de mim,
E um namoro de tanta esperana
To sern-graa finou-se-mc assim.
Oh ingrata que amante perdesk
Pra castigo isto mesmo te basta,
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No sabias que peito era este
Que, de louca sorr ind o quebraste.
Toa imagem continha to fixa
To co nstante, ah donzella e fiel,
Que arrisquei-me a dar mais de um
espicha;
Porem nada moveu-te, cruel.
Em passando por l se acontece,
Que os meus olhos nos seus inda ponha,
Faz um momo, e dizer-me parece:
Cascabulho oh
meu Deus., que vergonha
Nunca mais ao depois d'essa esfrega
(Juiz saber de namoro nenhum;
E o calouro que n'isso se emprega
Vou jurar^no tem senso commum.
De que servem mil sonhos to bellos,
Ein que fado invisvel procura
lludir-nos formando castellos,
Povoados de lanta ventura;
Se do bnsio o troar leva o sonho,
Derribando o caslello no p,
Corno outr'ora estampido medonho
Fez por terra cahir Jerich.
Quando agora por mero pagode
Prego estouros, pois sou simi., .
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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Este aper lo memria me aode;
E eu repito fumando um charuto.
Meus namoros de Olinda so flores,
Que desmaiam cahindo no cho,
Sem gozarem do so l os a rdo res ,
Dusfolhadas ainda em boto.
N E N I A .
N"eslc momento ul t imo, supremo,
Dizendo ao nosso amigo o adeus ext remo,
Amigos , no chora i
Elle passou da vida nos caminhos
Os ps di lacerando nos espinhos,
De mais no leve pa i
O h, sim na infncia, d o viverwi au r o r a,
Na juve ntud e no t iveste uma h o r a,
Que no fosse de do r
Uma esperana, que no fosse rola,
E na taa da vida uma s gotta,
Que no fosse amargor
Se um dia no hor isonte escuro e t r is te
Uma eslrella de luz brilhando viste,
E ado rando-a , t a lvez ,
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Filaste nella leu olharaWfcule,
O fugaz meteoro de repente
Nas sombras se desfez.
A arvo re fatal d 'ond e bro taste
Nos ramos afogou-te a frgil haste,
Privando-a do sol.
Mas, ao sopro cruel da desventura
Elevou-se lua alma inda mais pura
Das magoas no chrisol
Pensando em Deus, passaste pelo mundo,
Sem as azas manchar no lodo immundo
De ftido paul;
Como por sobre lodaal impuro
Va a gara, esquecendo o charco escuro,
Olhando o ceo azul.
E canasle por fim nlo voando
Foste dos justos reunir-le ao bando
Juncto ao throno de Deus;
Eao mundo, que s dera-te veneno.
Sem pezares, com animo sereno
Dissesle o ultimo adeus1
Nada esperavas d
y
elle Se uma trana
De cabellos le dava inda esperana
De um amor do mulher,
Guardaste no teu peito este segredo,
Ningum ouviu-te murmurara medo
O seu nome sequer
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Yessa agonia, que o viver consome,
Na hora de morrer somenlc um nome
Em teus lbios soou.
Era de tua me o nome saneto,
Que lua alma de filho amava tanto,
Que,
chamandora, voou
Foi longo teu soffrer; descansa agora
'Onde ludo sorri e ningum chora,
Onde tudo fiel.
Ters por cada dor mil alegrias,
Por cada golla amarga, que bebias,
Mil amphoras de mel.
Como o captivo na extrangeira praia
As cadeias depe, se o dia raia
Que paliia o reconduz,
Depozeste no exilio um corpo frio,
Ninho sem rouxinol, templo vazio,
Alampada sem luz
S o bre elle o ad eus e\lremo te d irijo;
Se o mar foi tormentoso e o vento rijo,
Bonana l ters.
Da viitude seguisle o duro trilho-
Foslc amigo fiel, foste bom filho;
Adeus, repousa em paa
Mu Deus, se em minha vida agora calma
Lanares provaes, da que minluilma
Saia d'elks assim
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E que um amigo sobre a minha lousa,
Invocando leu nome, a mesma cousa
Dizer possa de mim
IMPROVISO.
O
Se tu vieres, bella^pnnti,
Como dos troncos velhos o renovo,
Minha alma ao morrer talvez reviva
P ara te amar e le ad o rar d e no vo.
Ah, vem, corre p'ra qui n'este momento;
Esquece-A tt teu pai, do teu Eugnio.
Eu j colhi as palmas do talento,
Comtigo colherei coroas do gnio.
(*) Recitada poucas horas anles da morte do auctor.
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At ttk
-
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Gosto de vr-te agitada,
Como s bella assim corada t
E sts qual nuvem d o urada
Do sol batendo no mar
Nas veias azues ard ente
Teu sangue pula fervente,
Mas fugindo de r epente,
Rele-se no corao;
Tremem teus lbios de rosa,
s toda voluptuosa,
Da (lamina vertiginosa,
Bem sinto Iremer-le a mo
Quem me dera nesses braos
Sentir delrios, abraos,
Quaes quentes, vivido s Irao s
De luz, que fulge no ceo;
Assim preso na vertigem
Do teu amor, na origem,
O' minha pallida virgem,
Quizera vr-te sem veo l
Tornra-te vacillante,
Se te desse nesse instante
Fervido beijo de amante,
Que le augmenland o o r ubo r,
Com frenesi me apertras,
E to meiga suspirras,
Que em devaneio mandras
Soluar , morrer de amor
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Nos leus seios enlonados
Palpi tam ar rebatados
Mil desejos snfreados
No fundo do peito t
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Assim outr 'ora se ouvia,
Se a tempestade rugia,
Que o alade gemia,
Gemia sem t rovador .
N o a r v o r e do c op a do ,
Nos r amos abandonado ,
Ao sop r o do ven to i r ad o ,
L ficava a soluar;
Se a roxa aurora chorava
Na fonte que alli manava,
Nas frouxas cordas soava,
Soava arpejo no ar .
No viste, porem, brilhantes,
Nos teus sonhos del i rantes,
Dons olhos mui fascinantes,
Que certa belleza tem;
No viste a virginca palma
De suas paixes na calma,
Crepilar- lhe o fogo falma,
Se falma amores lhe vem
Mais do que a flor orgulhosa
E a palmeira buliosa,
Mais do que a rola amorosa,
E bella, tem mais paixo
Bem sei que infunde alegiia
Essa vaga melodia,
Que o alade t ransvia,
Transvia pela uido.
-
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Mas aquella virgem pura
Respira com mais brandura
Nos accenlos de te rnura ,
Que o ai
eterno
lhe deu;
Nos olhos lhe bruxola
A luz de amor, que ii icendea
O rub ro sangue , que ondea ,
Que ondea no elio seu.
Quando o peito lhe palpita,
Na graa, nacr imita
A formosa Salumilha
Do sbio re i Salomo;
Se a lua no cu lampeja,
Sc ismando amores doudeja
T m ida , pai lida arqueja,
Arqueja no co rao
Sonhei-a terna, saudosa
Como eslrella nebulosa,
Ou qual viso vaporosa
N'u iu rochedo be i ra -mar ;
Depois aos braos me veio,
Em ondas a r fa- lhe o se io ,
Suspira no doce enteio,
Ei i le io de muito amar .
Como o sol aiTiigueado
Em rosea nuvem velado,
O ro s to linha ab ruzad o ,
E os iubios cr de rubim;
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Trouxe na mo linda rosa,
Como essa, assim, to viosa,
To viva, to odorosa,
No mundo procuro em vo ;
Ligeira qual dbil fada,
Me entrega a flor, e corada
Me d iz: recebe, que d ad a,
E ' dada de co rao
Ds de ento, meu pobre peito
Vive gemendo e desfeito
Por sua graa, e de feito,
Minha alma muito lhe quer ...
Para gozal-a soffrera,
T na Gehena morrera,
Mas saciar-me devera
Com seu amor de mulher l
D , l i d e m a r o 1 85 ..
Em marco o bosi |uc si lvest re
De folhas novas se veste,
l i e novo \MI.I s o r r i
C O R D E I R O .
No vs tu, virgem bella,
De Venus a branca estrella,
Que luz dardeja no cu?
http://mi.i/http://mi.i/http://mi.i/ -
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.47
Assim teus olhos scintillam,
Como o sol lambem rutilam
No rosto formoso leu
A face argentea da lua
No mais meiga que a tua,
Nem mais pura, mais gentil;
Na fronte lisa e mimosa,
Elevada e luminosa
Ostentas graa infantil.
Que vivo fulgor assunie,
Quantas bellezas resume
De teu corpo a rosea cr
E' tinta do norte ardente,
Ou do s jard ins do O riente,
Vaidosa, punicia flor
Quizeraa lyra de Apollo
P'ra cantar-te o niveo collo,
No teu festivo natal;
s a briza revoando ,
Alvo cysne gorgeando
L nas fontes de crystal
Mas eu, sem est ro , sem lyra,
Sem arroubo, que desfira
Na grinalda de leus anno s,
No posso dar-te alegria
Em to rr entes d e harmo nia,
Nem sondar os teus arcanos
-
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Se fosse vale arrojado,
Divinamente inspirado
No seio da solido;
Seguro destes eventos,
Ia lr os pensamentos
Que escond es no corao
E M V I A G E M .
No viste buscando os mo ntes
E longnquos horisontes,
Beijando os prados e fontes,
A lua rosa de amo r?
No viste-a frouxa, dormente,
Fulgindo no occidente,
Como a sullana indolente
Nos paos do gro S enhor ?
Entre nuvens ftuctuava,
Cndida luz derramava
A mimosa estrella d'alva,
Na terra fo rmo sa assim;
Pelas campinas relvosas,
Com as azas vaporosas,
Sopravam brizas saudosas
Como um suspiro sem fim l
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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m
Um mqnlo de vivas cores
Se desfazia em fulgores
No ceo , que lodo primo res,
Brilhava argenteo claro;
O campo verde, enllo rado ,
Do ar puro, embalsamado,
Que respirava leu lado,
Sentia louca paixo
S urgindo o sol r utilante,
A pomba no mesmo instante,
Na collina verdejante,
Um hymno doce gemeu:
No mais linda querida
A nossa leiva flo rid a,
Que o bello jardim (1'Hermida
De Julitta e Romeu
7
Ao lado d o meu marchando
B ranco cor sel relinchand o ,
Orgulhoso ia levando
Um cherubim ou mulher?
Nossos olhos se fallavam,
Que mutuamente se amavam,
Mas,
cuidadosos guardavam
Sigillo como se quer
O frescor da madrugada,
Tua fronte perfumada,
De rubro pejo corada,
No posso nunca olvidar
-
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5&
A' li, que bem vi chorando,
De ternura soluando,
Teu corao sempre amando,
Hei de amor eterno dar
Agosto de 18 . . .
-
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63/311
:.
D O S
?..
R A I O L .
R E C O R D A E S DA I N F N C I A .
E ssas lembranas, que o passod o inspira,
C;uiso do ce emoo, mas laml-eiti ~;.t*ao-
Saudosas, tristes lagrimas.
Onde vaes, que assim cor res to l igei ro ,
Que lraz no o lhas, e que nada atl en d es '?
E spe ra , espera , Tempo
No te volvas to rpido e veloce,
Qual do arco fugitiva
A emplumada sei ta,
Por mo robusta arremessada aos ares
Espera , - - -espera , Tempo
Que da viosa flor, a flor da vida,
Que aura suave, que a innocunca ospira,
Fagueira bafejava?
-
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To cndida e mimosa,
Como o fulgor da estrella, que percorre
Ao accordar da aurora;
To amena, to pura,
Como o favonio, que no prado brinca,
Antes que o astro magesloso e ardente
A face mostre de sublime aspecto?
Que dessa flor, que eu tinha,
Quando em jogo infantil, ern brinco eu via
Fugir as horas, deslisar-se o dia,
Dias to doces, horas deleilosas,
Que apreciar no soube?
Quando no bero os mimos e os afagos
Do seio malernal se me corrio
Em d oces expresses, que aos lbio s vinho ,
Gom risos de ternura,
Como aos implumes inno centes filhos
Correm da rola cuid ado sa e terna,
No mimoso arruinar, que envida extremos ?
Sem que um s pensamento
De meu peito innocente a paz turvasse ?
Espera, espera, Tempo
Mas ah que no me escutas, nem me voltas
A enrugada face
Caminhas , co rr es , e com ligo levas
Ao nada, que era, da existncia tudo
Se o grosso tro nco , que l fende os ares
Co'o estender das ramas;
Se a rocha altiva e dura, onde se quebro
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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Saudavo mil formosos passarinhos,
Nos seus delgados ninhos,
0 Creador do Mundo
E nto nos bosqires . nas frond osas maltas,
A pequap ca no ra ,
Na ausncia dessa luz, que ba e triste
De longe rellectia,
Chorova em cantos, que saudosa erguia
Oh que saudade o corao me rala
Mas,
se geme e suspira, e affliclo arqueja,
Um ai mandando l do imo aos lbios,
E uma lagrima aos olhos,
Que me a face humedece,
Ao recordar sereno,
Desses bello s instantes , m elind ro so s,
Que amenos se movio,
Como a torrente em lmpido regato,
Que no tropea no mais dbil seixo,
Que no se enruga ao suspirar da brisa;
Tambm, lambem no suspirado aperto
Sinto bunhar-me o peito,
Doce prazer, que mixlo se confunde
Nesses ais que suspiro
Dias da infncia, d ias for tunoso s ,
Quando moo e lona eu ueseio ciia
O cncanecid o Tempo,
Bcctbei de meu peito o doce cffiuvio,
Deste prazer, que eu sinto,
Dias tia infncia, recebei meu pranto
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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oo
Hoje que, em balde, o corao resiste
Ao choque, lucta das paixes do miindo,
Q u e , ard endo n'alma, o corao trucid o ,
S vejo um aps oulro,
Dias so mbr io s,-que a existncia pungem,
To trislonhos, to pallidos,
Como a flor pela ssta emurchecida,
Que pouco pouco desfolhada expira
Tibio reflexo fnebre da lua,
A meia face desponlando apenas
Sobre o mar Iranquillo,
No mais Iriste em socegada uoile.
E cada passo, que.voJ.leja o Tempo,.
Mais perto enxergo a negra sepultura;
De meus males lambem mais perto enxergo
O infallivel term o .
1 8 4 6 .
A M E L A N C O L I A .
O h que vo se condensa ante meus o lhos,
To funereo, to pallido,
Como de gruta opaca a luz sombria
E o mundo de venturas,
Onde cm chusma flucluo
http://que.voj.leja/http://que.voj.leja/ -
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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56
Da vida encanlos mil, que vida aprazem,
S esse vo me esconde;
Qual nuvem, que abafando o sol ardente,
Seu brilho enlenebrece,
Ou qual do dia a luz cndida e pura
Encobre a noile escura
Que mo occulta ento me opprime o peito,
E os suspiros me abafa
Que tdio e nojo, que me causa tudo,
Que se me offerece por ventura aos o lho s
Mas to languida a oppresso, que eu sinto,'
Dessa dr, de que affliclo o peito anceia ?
O h meu Deus que viver este ? . . . vida
N o . . . , no posso chamar, nem lambem morte;
r i s entre a vida e a mo rte s parece
Haver um passo apenas
Nos embates, porem, da dor pungente,
Mas frouxa, qual de luz, que se amortece,
Bao e tibio claro, ou qual no tronco,
J d bil vai perdend o a flor o vio,
Com s da ssla calidos ardores;
Nesse tragar do calix de amargores
Uns longes de doura
Entre meus lbios dissolver-se eu sinto 1
Como um pharol se antolha-me o passad o ,
Que do futuro sobre o m ar me acena
Um rumo liso ngeiro
Ao pensamento er r an te
E nto, ento carpido e doloroso
L do imo peito foge-me um suspiro,
-
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A .
0 . 5 . DS
C A S T R O .
D E S A L E N T O .
(Ao mtu tvmvtjo S. 3. Tumvts Be\"\ov\.)
Pavido echo, que se perde ao longe,
Que foge triste de chorosa Voz;
Lngubre canto nas regies.da morte,
Que a o rphan entoa solitria a ss;
Basteira hervinha, que alimenta o ermo,
Que o sol requeima, que no brota flor;
Ave sem ninho, que se gela noite,
Que carpe a falta do seu doce amor;
Noite sem lua, que lhe ameigue as trevas,
Que a luz espalhe sobre o liso mar;
Adusto campo, que o k-il despresa,
Que doce lympha no lhe pode dar;
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59
Pallida rosa, que o calor da ssla
Deixou pendida sem perfume e cr;
Cirio de morte, que a saudade accenda,
Que o pranto alembra de pungenle dor;
E is minha vida como a voz cho rosa
De triste virgem, que perdeu seu pai
Ave sem ninho no vos pede um riso,
S pede pranto s, s vos d iz chor ai
Noite sem lua, que namore as ondas,
Sem astro amigo, que vos d iga amai
S'envolve em lucto, no mendiga affeclos,
S pede prantos, s vos d iz cho rai
Deixai que a rosa se desseque e morra
P end id a e murcha pelo sol d eixai
No pede beijos de fagueira brisa,
S pede pranto s, s vos diz cho rai
C O N F I D E N C I A .
Debalde lucto no se extingue a chamma,
A meu despeito o corao palpita
Ao som d'um riso teu.
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Inda mesmo trahldo, elle te ama,
Sabe que s d'outro mais em ti cogita,
Nos gosos que p e r d e u . . . .
Se te ouve os cantos no correr da brisa
E o doce aroma angelical, celeste
Contente respirou;
Uma phrase de amor, breve, concisa,
Como os ardentes beijos que lhe deste
Dos lbios se escapou.
E quando no correr de leve dansa
Tua figur a pallida d iviso
Alegre perpassar,
Sinto n'alma um desejo que me lana
A curvar-me a teus ps, e um leu sorriso
Humilde supplicar.
Se noile, nos meus sonhos mais fagueiros
Eu te descubro em nuvem vaporosa
Que a mente me seduz
Presinlo o desusar dos ps ligeiros,
O mimoso pousar da mo sedosa,
Que vida me conduz
E u vejo os lbio s teus na co r da r o sa,
Nos petalos do lyrio recendente
Da face a pallidez;
E
s
po rem, menos do ce e perfumosa
A pudibunda flor, menos nilcnte
Do lyrio a candidez
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No queiras pois que o peito desfallea
A' mingoas d'um sorriso de esperana
Dos doces lbios teus;
Aquelle que le amou jamais esquea,
Ao menos uma limida lembrana
Mitigue os males seus.
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Trajando roupas brancas e mimosas
Cujas franjas tremulas flucluo
Como as o ndas do mar
Quando, dormido o venddv.il, das brisas
Manso tangidas vm cheias d'escumas
Nas praias se quebrar;
Tendo no roslo anglica poesia,
Nos lbios risos, e nos meigos olhos
No sei que l d os ceo s
L-se nos puros olhos deslumbrantes
A innocencia e a virtude de lua alma,
Casto archanjo de Deus
E a lua imagem me alimenta a vida,
E o doce aroma, que tuas fallas solto,
Me embriaga de amo r,
E me inspira poesia, e fora, e vida,
Bem como aos tenros filhos,branca pomba
D vida e d calor.
E lens altares d entro de meo peito ,
Eeu le consagro um culto puro e santo,
E santa ado rao . . . .
Virgem, virgem de amor, minha alma e vida,
Meo
anjo , e minha irm, meo Deus, meo tud o ,
E' teo meo corao
http://venddv.il/http://venddv.il/ -
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E o que seriaovale, anjo for mo so ,
Se a mo do tempo impia lhe roubasse
Teo puro e santo amor?
Pavida sombra que surgio da campa,
Presbylerio sem cruz, tapera noute
Povoada de horror
Cruz isolada na soido das mattas
Cheia de lodo impuro e desherdada
Do culto do S enho r;
Lyra sem cordas, tronco desfolhado,
Errante nauta descrio das vagas,
Perdido viajor.
Mas no o meo amor sincero e fundo
Achou echo em teo peito almo e virgineo,
Mimoso seraphim;
E os nossos coraes teem sympathias,
Perfeita identidade, as nossas almas
Ah so gmeas emfim 1
E o nosso amor me alenta e viviica.
Bem como o sol as arvores rachiticas
Do impuro tremedal;
Ou como a neve que de noute a bri sa
Nas frescas azas traz em flocos ntidos
A' murcha flor do vai.
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A .
3 .
S E & F . E E O .
A INFNCIA.
Dorme o somno da paz, doce e profundo,
Lindo anjinho do ceo, cndido lyrio,
Meigo como o sorrir d'aurora bella
Entre cheirosas flores variadas,
Que em jardim deieiloso
Plantou virgem loua, pensando amores.
E' sagrado o repouso da iunocencia,
E eu amo conlemplar-le no repo uso
Por sobre o vo do somno transparente,
Quando leu seio, como em leve harpejo,
Se exhala em perfumados sons, macios.
Assim solta do barro, que te opprime,
Alma singela, que sorrir s sabes,
Pomba innocenlc que entre rosas brincas,
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O co das iluses sem justo no me,
Pode agora criar-te a mente livre,
Digno, digno de li, por li formado
A' prpria imagem lua sacro-sanla;
Em quanto, de remorsos lacerado
O mo no leito d'onro se revolve,
Qual, se d'espinhos de tocum nocivos,
Mo invisvel lhe alastrara os linhos,
E a superfcie do colxo de plumas.
O h nessas ho ras, ao d cscano d adas,
Elle no dorme, no horrendo espectro,
Estorcendo-se em dr volteia em torno,
Como-um agouro pela idia em febres;
E sua cabeceira vem sentar-se
Em glido silencio, agonisante
Tu, entretanto socegada e leda,
Bindo, em fagueiro exlasis te elevas,
Como um sublil vapor, nas brancas azas
Do Chcrubim dos sonhos innocentes.
Mas l nas regies do amo r, do arr o ubo ,
Onde chegas talvez, transpondo o mundo,
O que que assim te ar raia as faces lind as.
Porque, oh
sim, porque
Na placidez de teu jiicnntlo roslo,
To bello, to sereno, to mimoso,
Brilho divinos raios sobre encantos,
Que nunca, mareou paixo impura
Com p hlito de serpe?
Ah quem sabe? S Deus; mas no revela
Se douradas vises, mysteriosas
Ao templo da ventura te arrebalo.
Eu vi pintada alegre borboleta,
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Sem d de ouvir gemer triste a saudade?
Porque le auzentas na estao das flores,
Que inda em boto surgindo vem do calix,
To lind as, mas lojo vens, mas to tenr as? . . .
Sim . . . eu vejo . . eil-o alli, vem tod o co res,
Casto , como sahio da E terna E ssncia . . .
Formosa Eiina, d-lhe abrigo n'alma,
O nosso amor primeiro o co o inspira
E o corao no erra em voto amante.
Ah talvez d esper tand o , o abalo sintas,
Vago, indislincto, como a luz d'aurora,
Pulsar teu peito virgem brandamente.
5 de Julho de 1846.
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A .
F .
S C L I U .
tLLA.
E u a vi era um anjo ; a Deus orava
P ro slrad a aos ps tio altar como era bclla
Volvidos para a Virgem tinha os olhos
Em extasis de f, d'amor ardente;
Por entre preces cndida subia
Ao Eterno sua alma meiga e pura,
Como remonta aos ceos cheiroso incenso
Do thuribulo sacro ao som de cantos
E ra um anjo dos ceos baixado terr a,
Contemplando saudoso a ptria estncia,
Flor de iunocencia, q ladro de bellcza,
Typo da crcao. obri; b esmero
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Das mos do gro Artfice Supremo
Animada por sopro milagroso
Briza macia lhe brincava em torno,
Namorando-lhe a coma espessa e negra,
Que as pudibundas faces lhe cercavam
E a transparente cassa que seus membros
Mimosos torneado s encobria.
Leve murmrio os seus rubros labfos
Docemente agitava qual sussurr o
De fonte que entre pedras se resvala,
Ou qual em bosque tremulo de myrlos
Cicia a fresca aragem bemfazeja,
Ao declinar do sol, em dia estivo.
E ra um anjo do s ceos baixado ter r a,
Contemplando saudoso a ptria estnciat
De Irancelim finssimo pend ia
Ao colo de alabastro transparente
urea cruz delicada; arfava o seio
E a branda ondulao brilhar fazia-
Das luzes c'o reflexo a cruz sagrada
A espaos sobre o peito, denotando
Como urn santo pharol refugio sacro,
Manso bemdicla de chrislans virtudes.
Co'a delicada mo traou devota
O signal dos christos da fronte ao seio
E cessou de resar e ergueu-se airo sa,
Olhando inda uma vez a Virgem santa,
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-
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A . K. 3 . C L i T S I . A . ,
SONETO.
Quo bel lo o sol resurge no Oriente :
Quo risonha se mostra a naluresa
E esse monstro, a cruel , negra tr is lesa,
Me aperta o corao, me enlucta a menle
Vai um dia, outro vem alegremente,
Ostentando aos mortaes nova belleza.
S e u, ente infe l iz , de angustias preza,
Chorando passo a vida amargamente.
E que vale ch or ar ? os meus lamentos
No movem compaixo que desventura-,.
Find aro s co'a vida os meus torm ento s l
Oh mo f ina ex istn cia, oh sorte dura
V e m oh morte, acabar meus soffr imenlos,
Vem mostrar-me o caminho da ventura
-
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A 7 P . S 2 D A
2.
S 0 3 T 0 - U A I C S .
S O N E T O .
L\.' morta AtTSuiWfc MacAvaio.*)
Lamento, egrgio hefoe, a morte lua
E ncarando da ptr ia a negra so r te ,
Pois o fudo cruel com negro cor te
Do Brasil esloivou a gloria sua.
Memorvel aco, empresa rdua
Invid o u sus tentar teo brao foi te,
Abysmado f icou intei ro o Nor te ,
Ao vr a liberal espada nua
A' testa d e teo s bravo s avana
v a s ,
Morreste pela pt r ia . . . e no vingasle
Esses bravos Cales, que commandavas
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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Liberal no tr ibuna te moslrasle
Apoz a l iberdade tu voavas,
Libertar teos patrcios almej. isle
SONETO.
Altura regular, roslo marcado,
Lavada lesta, sobrancelha pouca,
Olhos vivos, sagaz, regular bocca,
Cabello corredio e acaslanhado;
Moreno, porem no descorado,
Pequeno buo os lbios seos lhe louca,
Voz foi e, n le l l ig ivel , porem rouca,
Empiehendedor, zeloso e desfarado;
Corteso, lios sales amando as bellas,
Costumado a viver entre deidades,
Desejando morrer nos braos d'ellas',
Eis o Ayres que diz puras verdades,
Que tem por moas mil paixes, ao vel-as,
Que seo retraio fez, l ivre vaidade*.
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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UM SUSPIRO.
Vai triste, triste suspiro
Consolar quem por mim chora,
Benovar ternos adeuses
Que jurei na fatal hora.
Dizeaquem de mim se lembra,
Que em meos braos soluou,
Que meos adeuses receba,
Que saudoso j me vou.
Que vou sulcar bravas ondas,
Vou luetar com o mar irado,
Mas que levo no meo peito
O soo todo retratado.
Que trago sempre na idia
Suas promessas d e amo r,
Que soffrocomo ella solfre,
Que sinto como ella a dor.
Que meos suspiros receba,
Soluando, entre mil ais,
Que traga sempre no peito
Do seo amado os signaes.
Quejamaisdemim se esquea,
Qutse recorde de mim,
-
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70
Que lamente minha sorte,
Cujos males no tm fim .
Dize,
dize meu suspiro,
Meu companheiro na dor,
Qual a triste despedida
Que lhe envia o meo amor.
Que chorando me despeo,
Que te mando em meo lugar,
Beceber os seos adeuses,
Por mim seu pranto enxugar.
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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C .
3 .
C A H T A K 3 D E .
C A N O .
M voas n avez r ien a me vire ,
Pou r quo i ven i r aup rcs de
i no i .
V. HGO.
Se no queres que eu te adore,
Porque me sorris assim ?
Porque me fallas de amores...
Porque no foges de mimv?
Se no queres que eu te adore,
Porque me sorris assim
Se no queres que eu te veja,
Porque no sahes da janella ?
Quando de longe me avislas
Porque no corres, bella ?
Se no queres que eu te veja,
Porque no sahes da janella?
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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78
Se tu no gostas de mim,
P o rque me apertas a mo ?
P o rque me deixas na walsa,
Estreitar-te ao corao?
Se tu no gostas de mim,
P o rque me apertas a mo ?
Se no queres vr meus olhos,
Porque no voilas os teus?
Ah eu s e i . . . tu queres vr
Se te vem os olhos meus
Se no queres vr meus olhos,
P o rque no voltas os teus?
Se no queres que eu te ame-,
Porque me deste esta flor?
E sta ro sa tua imagem,
Expresso do teu amor?
Se no queres que euteame,
Porque me deste esta flor
-
?
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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' .
C S B . D E
3 .
5 A I 0 8 0 .
S O N E T O
Mal o bater montono dos remos
A cruel separao trouxe a lembrana,
Pareceu-me fugir toda a esperana,
O fado j cumprir que todos lemos;
E como assim no ser, quando ns vemos,
Dos mseros huminos que a balana
ftcplecta s de dr, e sem bonana
Os infindo s pesares que soffrernos
Deus oh Deus, permelt que em breve veja
Aos mortaes que mais preton'esla vida
E que a rever minha alma tanto almeja.
E quando remorVr-mi l do fundo,
Das saudades o d
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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S A U D A D E S .
Meos ais ar rancados do imo do pei lo ,
Gerados na amarga , c rue l so ledade ,
Beeebe-os , quer ida , em leo co rao ,
Escuta-lhe os sons s dizem
saudade\
Aquelles dourados, celestes instantes
E m que me juravas eterna amizad e,
Benova em minha alma, curvada de dores,
O doce pung i r de amaiga saudade \
Jamais de l i longe, to doces instantes
Me escapo da alma, singella deidade
Mas ali, minha amada, do bem que gosamos
S hoje me resta perenne saudade
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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Meo anjo, eu te vejo no rubro hor isonle,
Na planta, no dia , na aurora na tarde,
Te escuto na brisa, no cicio d 'aragem,
Na voz de minha alma, na voz da saudade.
Te vejo na f lo r , no campo , na r clva,
Mas p h a n ta s ia . . . . c rue l real id ade
E s na minha alma que ests de continuo,
E' s no meo peito com a t r iste
saudade
\
-
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5. 3.
n HU
SMA.
O BEIJO NO AR.
No sei que sentia, se eslava dormiifdo
Se era acordado, ou ledo sonhava
iYi hora ditosa em que a teo lado
A voz eu le ouvia que meiga faliuva
Teo meigo semblante, to bel lo, meo anjo,
Cobr ia uma nuvem de doce t r is lesa. . .
Teos olhos bri lhanles, de vividos raios
Que fallas fallavo com tanla belleza
Descreto, eu confesso, no pude mirar- to,
Falei- te de amor, fugisle de mim
Busquei-te outra vez, paraste medrosa,
No fujas te disse, disse sle-m e: sim . .
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S . DE
F R E I T A S .
SONETO.
(AXYOSVICO.' ' )
Ditoso Vezes mil, ah se eu tivera
O gosto de te ver sempre a meu lado
Nos teus olhos genls o meu cuidado,
Ah Jonia encantado ra, eu s po sra.
Jnrar-te a cada instante s fizera
O mais ardente amor, mais sublimado,
A teus ps de continuo afim prostrado,
Nenhum'oulra ventura eu mais quisera
Ah quo pouco te cusin eu ser d ilo so
Bem poderas, oh
Jonia, i'im momento,
Elevar-me a ser teu, ser venuroso
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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8 5
Lisongeiro, e fallaz contentamento
Lo gr ar-ie, Jnia bella . . . O h co piedo so
Onde me levas lu, meu pensamento
N O M A R .
CS'um 3a ita avwvos.*)
Va, suspiro meu, transpe os mares,
Chega de Lisia plaga afo rtunad a,
De Natercia gentil chega morada,
Interprete vae ser dos meus pesares.
Quando nas nveas faces lu pousares.
Beija primeiro a bocca nacarada,
Dize depois, quo triste, amargurada
A vida passo entregue a mil azares.
A h no lhe escondas quanto no meu peilo
Lavra com fora atroz melancholia,
Da saudade cruel pungente efleilo
Dize,
que beijos mil Josirno envia,
E o protesto de amor oulrora feito,
Lhe renova em louvor d'csle almo dia
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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86'
IMPROVISO
Triste silencio
Ningum respira
Em vo minhalma
Geme e suspi ra . . .
No vejo Lilia...
Talvez agora
Nem ella pense
Em quem a adora . . .
Zcphiros brandos,
Levae-lhe um beijo;
Dae-lh'o na face,
Que o meu desejo:
Dizei, que triste,
E pesaroso,
Aqui deixaste
Um dcsditoso . . .
Co ntae-lhc as magoas
D'esla existncia,
Que se definha
Na sua ausncia:
Mas ah se ver d es,
Que est dormindo,
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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Pouzae-lhe em torno
Do rosto lindo,
E ade jando
Suavemente,
Deixae que durma
Tranquillamente.
Do molle somno
No a aco rd eis;
Vinde, apressac-vns,
No mais tardeis;
Vinde contar-me
Onde que a vistes,
E se o meu beijo
N'ella imprimistes.
Lisbo a 1844.
S O N E T O .
l^Ao ttavxav MIVYIVYAIO.J
Terra da minha ptria, eu te sado
E d eixand o -le, ah deixo a minha v i d a . . . .
Recebe o triste adeus da despedida
De quem ama o leu co mais do que tudo
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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No da sorte o aspecto carrancudo,
Que nesfhora solemne me intimida;
Deixo Lilia gentil, Lilia querida,
L il ia . . . mr bem que a v id a .. . al i no nle illudo
P tr ia doce penhor que amo e v en er o . . .
E ' fora que te eu deixe (oh d r pungente )
Mas a li ver -te uma vez eu ind a esper o .
E se tu no pcrmttes, Deus clemente,
Que eu gose esle favor, que imploro e quero,
Pe termo minha vida incontinente.
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
101/311
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
102/311
90
Os socegados ares perturbando;
Das entranhas da terra lhe responde,
Gemendo, voz horrisona. No peito
O sangue se nos gela: a clina eria-se
Aos ilentos coroeis. Do plaino equoreo
Em lanto sobre o dorso bumida serra
Empola em grossos borbotes; a onda
Seavisinha e espedaa, vomitando,
Entre rolos de espuma, a nossos olhos
Um monstro furioso. A larga fronte
De ameaadoras pontas se guarnece;
Cobre-lhe o corpo amarelada eseama:
Touro feroz, drago encruecido,
A extensa cola em roscas sinuosas
Se lhe curva e recurva: a praia Ioda
Treme e relreme aos seus longos mugidos.
O mesmo co, com v-lo, se horrorisa:
O ar se inficiona, a terra abala-se,
A onda que o lanou, espavorida
Recua. Sem se armar d'esforo intil,
Tudo fugio,.asylo procurando
Em um visinho Templo, s Hyppolyto,
0 digno filho de Theso no foge:
Os cavallos sustem, o arco alsa,
Remetteao monstro, e desfechando um dardo
Com mo segura, lhe abre n'um dos lados.
Larga ferida . A fera debatendo-se
De dor, de raiva, vem pulando e aos ps
Dos cavallos medrosos cahe bramindo,
Rebo ca-se no cho e lhes amostra
A gula inflamada, fumo e sangue
Sobre elles vomitando: apoderou-se
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
103/311
91
Dos corceis o terror: arranco, voo,
Surdos voz, que os doma, desbocados;
Em baldados esforos se consume
O teu filho , senho r ; sangnea espuma
Lhes roxa o bocado: um Deos se via,
(Dizem) no trance horrendo, aguilhoando
Os ilhaes pulverosos desses brulos.
De rocha em rocha o medo os precipita;
O eixo range e estala: o ardido Hyppolilo
Vio voarem pedaos o seu carro
E nas rdeas, cahindu, se embaraa.
Desculpa a minha dor; lo crua imagem
De pranto me ha de ser fonte pcrenne:
Eu vi, senhor, eu vi leu triste filho
Arraslrado por brulos, que nutrio.
Se elle os noma, sua voz aterro-se,
Correm: todo o seu corpo n'um momento
E ra uma chaga pura. A nossos gr ilo s,
O
campo retumbava, lamentosos.
Nos brutos finalmente o fogo afroxa:
Paro, no longe dos antigos tmulos,
Que do s reis seus avs as cinzas guar d o .
Corro chorando, a sua guarda segue-me,
Seu generoso sangue quem nos guia:
E lle as ro chas tingio ; e go tejando ,
De sus cabellos inda as sarus mostro
O sanguento d espojo. Chego, chamo -o ;
A
mo elle me estend e, os o lhos abre
Nadando j na mo rte, e logo os ce na:
Uma vida inno centeo co me arranca,
(Mc d iz) da triste Aricia te encar rego .
Amigo , se meu pai d csenganado
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7/25/2019 Parnaso Maranhense
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-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
105/311
F .
J .
G C & R Z A .
AS DUAS ILHAS.
l^vatludo tk W d o t Hugo.*)
I.
Duas Ilhas existem cujos mares
Separa um mundo,de longe dominando
As ondas, como cabeas de gigantes.
Ao seo aspecto inhospito e fragoso,
Bem se v que Deos as tirou do fundo pego
Para um grande desgnio, que nutria.
Sua fronte, alvo dos raios, delles fuma;
Sobre os seos flancos nus o mar referve;
Ronco volces occullos em seo seio.
Estas Ilhas, em cuja alpeslre base
Em flor a onda rebenta e se tr itu ra ,
So como dous navios de pirata,
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
106/311
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Presos por ancora eterna que os segura.
A mo que d estas bravias, negras co stas
Dispoz os stios agrestes, hem parece
Que to terrveis as fez e temerosas,
Para que n'uma nascesse Bonaparte,
E n'outra Napoleo morrer podesse
Uma foi o seo be r o o utraoseo tmulo
Estas palavras basto para os sec'los...
Jamais ho de os vindouros esquece-las,
Tenha o mundo desofrer grandes desordens.
A' estas Ilhas, de letrica appareneia,
Ao appllo, viro, de sua sombra,
As geraes fuluras, altrahidas.
Os raios que nos seos cimos descarrego,
Eseos cachopos e suas tempestades
So um fnebre bymno que o recordo.
Longe das nossas praias, abaladas
Pelos rudes furaces da sua sorte,
Sobre estas duas Ilhas solitrias
F-lo nascer e morrer a Providencia,
Para que elle podesse vir ao mundo,
Sem que um abalo profundo annunciasse
O seo primeiro momento, e, emfim, podesse,
Sem revolver a lerra, docemente
Expirar sobre o seo leito de soldado
II.
Que de fagueiros sonhos principio
O embalaro ao d epois que trisle aco r d o
-
7/25/2019 Parnaso Maranhense
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95
E' que, farto de gozar do seo engano,
O despertara a amarga experincia,
Para deixa-lo com elle fronte fronte,
Fazendo-lhe ver o nada das vaidades
De que doura o ambicioso o seo futuro,
A realeza, o Ihro no , a glo ria, a fama
Na Gorsega, onde nasceo, sendo inda infante,
Lhe revelavo vises seo sceplro ephemero
E a guia imperial se equilibrando
Sobre os seos estandartes vencedores;
E nesta expectao, que o enlevava,
Ja elle ouvia soberbo o hymno unisono,
B abel d e linguas, que, s po rtas conco rrid o
De sua tend a, ao d epo is, cantava em jbilo
Oseo povo universal que o acompanhava.
III.
ACCLAMAO
G loria Napoleo glo ria ao supremo
Dominador da terra, quem Deos mesmo
Do diadema cingio a fronle augusta.
Obedecem-lhe as Naes que vo do Nilo
Ao B o ryslhenes, po r elle d ebellad as.
Os reis, estirpes de velhas dyiiaslias,
S'inclino, ao v-lo passar; e elle, altivo,
Em Roma, outr*ora a arbitra do mundo,
S vio espao p'r 'o thro no de um menino .
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i
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Vimos emfim ruir o gran'coIosso
Envenenar possa o resto dos seos dias,
E persegui-lo ainda alem do tmulo
A conscincia tremend a do s seo s cr im es
P ermitia Deos que, ao fallar-se no seo nome
Do Manzanar, do Jordo, do Sena ao Volga,
Troe, echoando, a maldio dos mortos,
A' sua gloria fatal sacrificados,
Nessas scenas de luto e mortandade,
A que viclorias chamava o seo orgulho
Que elle veja em tropelagglomcrar-se
Ao derredor de si as suas victimas;
Que esla turba, eVadida dos abysmos,
Revelando os segredos d*alem tmulo,
Desfigurada pelo ferro e fogo,
A suja ossada enco ntrand o uns contraoso utro s,
Lhe faa um Josaphal de Sahla Helena
Seja-lhe a vida uma morte permanente
Que elle sinta cada dia e cada hora
E humilhado e cheio de remorsos,
A sua soberba em lagrimas se mude
Ignorando quasi a sua gloria,
E escarnecendo da sua immunidade,
Ho-lhe duros carcereiros carregado
De.
fria cadeia a essa mo ousada,
Acostumada a curvar regias cabeas
K Julgou eile que com sua fortuna,
Em victorias fecunda, venceria
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Seos bosques, verde manto que lhe pende
Do bro nco d o rso , e as nuvens que a coro o,
Amontoadas sobre a sua fronte.
Subi e ide Ia mesmo conlempla-la
Nessas zonas areas. P arecia-vos
To car o co , Ia chegand o , e entre nuvens
Vos achais perdido: tudo Iransformou-se.
E' um abysmo medonho onde negrejo
Seculares pinheiros, e se cruzo
As torrentes e o fogo dos coriscos
VIL
Tal a gloria: principio um bello prisma,
Ao depois um espelho expiatrio,
Aonde a purpura em sangue se converte
Primeiramente, dispondo, como um arbitro,
Dos destinos do mundo, e leis dictando,
Pelo direito da espada, tambm teve
Ao depois de ser vencido e humilhado.
Duas epochas oTrece a sua vida:
N'uma elle ideiava os seos Iriumphos,
N'oulra nos seos revezes s pensava.
Na Corsega, em Santa Helena, ainda hoje,
Nas invernosas noiles, o barquiiro,
Quando alguma exlialaHo aimospherica
V brilhar sobre a ponta de um rochedo,
O Irislo nho capito se lhe figura,
Immovel, braos cruzados, projeclando
A sua clssica sombra pelas ondas;
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E diz que, por final contentamento,
Elle vem reinar no meio da procella,
Como oulr'ora reinava nos combates.
Se elle perdeo um imprio, duas ptria?
Lhe ficaro, que o seo nome esclarece
E igualmente d eslustra, d uas ilhas:
Uma nos mares de Vasco, outra d'Annibal;
E deste sec'lo attestando a maravilha,
Jamais ser o seo nome proferido,
Sem que relumbe n'um e n'oulro.polo 1
Assim, quando uma bomba assoladora,
Inflammada, descreve a sua curva
Em ceo negro, por cima se balana
Dos muros assustados, -que a espreilo;
Depois, como um abutre Carniceiro,
De agudas garras, de cabea implume,
Que fere, ao pousar, a terra cora as azas,
Cabe, e com um estrondo que ensurdece,
Varre e descala a rea das cidades-
'Muito tempo depois da sua queda,
V-se ainda fumegar a bocea negra,
Sonora e larga do morteiro, d 'onde
Snbio, para cahir, o globo frreo,
E o lugar onde
a
bomba arr ebentand o ,
S 'cxlinguio vomitando o incndio e a mo rte
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0 LACRYMARUM FONS *
E u amo as lagrimas' porque s exprimem
Sentimentos que vo do corao,
Porque no mentem, como mente
o
r iso ,
Que muitas vezes occulta uma traio.
Eu amo as lagrimas porque s as verte
Urna alma sensitiva e generosa,
Quesoffre e chora, n'um eanto, solitria,
E guarda comsigo a d o r , silencio sa.
Eu amo as lagrimas porque ellas correm
De uma fonte que o mundo no corrompe;
Santa pia em que a alma se baptisa,
Quando o mundo a ventura lh'interrompe.
E u amo as lagrimas po rque ellas dizem
Que carece de consolo o que as derrama.
Quem, ao v-las correr, se no commove
E* um repro bo a quem o ceo d esama.
E u amo as lagrimas po rque ellas guio
s regies da bemaventurana,
Como outr'ora a contrita Magdalena,
Que s nellas fundou sua esperana.
Eu amo as lagrimas porque Deos amou-as,
Quando ando u entre os homens per egrino :
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Nunca vio um afflicto , que com elle
No repartisse o seo amor divino.
Eu amo as lagrimas porque no as lenho;
A naluresa avara m'as negou
Q u e , inspirand o -me d ellassed e ard ente,
Por inimiga, a fonle me seccou.
S U A V E S M I S C E T I S O D O R E S .
Voluptuosas flores, meos enlevos,
Inundai-me d'effluvios os sentidos;
Remoai-me o corao, nelle avivando
s illuses e o amo r, amo rtecid o s
Cnd idas filhas do ceo , copias d ivinas,
So is mais bellas que as virgens do s humano s;
Estas deixo no fim dos seos deleites
Saciedade e tristes desenganos.
E vs, celestes imagens da purCsa,
O desejo qiwnsprais no degenera:
O veneno do goso o no corr o mpe;
E' um fogo de veslal, que
H o
se altera
Tudo vs se associa, meos amores,
Quanto ha de mais bello e agradvel;
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E desta doce attraco
s.
a causa
Essa vossa helleza ineomparavel.
A madrugada verte suas pro las
Nos castos seios qu'expandis medrosas;
Os favonios, brincando, se perfumo
Nas delicadas ptalas cheirosas.
No se farlo de adejar as borboletas
Onde flores nas hastes se balano,
Ora nesta pousando, ora naquella;
E neste enleio suavejamais cano .
E' do neclar das flores que se nutre-
Ocambianle colibri mimoso;
E ' lambem dellas que as abelhas fazem;
O seo grato manjar delicioso.
Dellas tecem-se c'roas e grinaldas,
Que leva a noiva s aras do hymeneo,
E a virgem que deixou as falsas glorias.
Da terra, que tro co u pelas do ceo .
No ha moa que s flores no recoitra,
Quando quer parecer bella e louan;
E se assim enfeitadas se apresenlo,
So quaes rosas ao sopro da manhan.
De que estranhas delicias nos repassa
Oinefavel extasis divino.
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f . ' D I A S C A R H E f C .
P E L O I T A P I C U R U ' .
A tard e era bella; sopravam macias
As brisas; tard ias
Rolavam-se as nuvens do espao no azul.
As sombras cabiam do o uleiro visinbo;
Ningum no caminho;
O r io sosinho;
A margem de areia; o cho sem paul.
As folhas se agitam; o remo estrid-cnle
Fere a gua d o r m en te . . . .
Eis passa uma barca ligeira a correr.
As vezes um surdo gemido se ouvia;
A quilha tremia;
A areia rangia
E a barca cingrava sem nunca empecer.
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O vio deste arvo red o ,
O cuhir d estas folhagens
E o rumor destas aragens,
De flores toucando o cho,
Tudo isto j sertanejo,
Meus bar queir o s, cerra cerr a l'
T chegar na'minha terra '
Que eu s vivo no serto.
0 verso e a harmonia que cantam da proa
Se espalham, e soa
Nos echos dos montes um cntico igual.
E a barca ligeira que increspa a corrente..
No canto indolenle
Descuida-se a genle
E.a barca se enlaa n'um cru cipoal.
E logo revolta no leito do rio.
Como um corropio,
Deslisa ao declive das guas foz:
Mas sbito estaca, que as varas se curvam,.
As ondas se turvam,
Inlcnsam-se, incurvam,
E eslalam-se os nervos dos rijos cips.
E a barca passava; ifao rea penugem-^
De lmpida nuvem
Praleiam-se os limbos de mgica luz;
No frouxo ambieiile deslouca-se a lua,
A nuvem recua
E o espao tressua
Dos vagos incautos que a lua conduz-..
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E os ares condensam-se; e a noite Irescala,
E a vida se exhala
Nos doces effluvios do s astro s do co :
E a barca no rio c'o a lua parece
Aranha que esquece
O fio que tece
N'urgentea brancura de tremulo vo.
E os remos batendo coacham certeiros
Quaes passos matreiros
Das antas nas folhas, que o sol derrubou.
E ao fresco da noite, que espessa cahia,
A barca corria,
Arava, estendia
S umind o -se ao longo do r i o . . . e chegou.
P E R D O A E - L H E ,
S E N H O R .
Ella era um anjo que perdeu seu trilho,
Esqueceu-se do co, crendo no brilho
Que a gente faz cegar.
Dae-lhe, Senhor, um riso por piedade
Ao anjo, que no charco da vaidade
Deixou-se enxafurdar.
Antes ver dos mendigos o supplicio,
Que puros pela do r do sacrifcio
A misria os matou:
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E lla mais infeliz que o vagabund o ,
As brancas vestes no paul do mundo
Sor r indo mareou.
O peito da mulher como a tela,
Toma as cores da mo que imprime nelta,
Quer tintas, quer amor:
Se este nobre, d
r
um anjo a imagem sua,
Se o homem que ella adora a disvirtua,
Perdoae-lhe, Senhor.
P erd o ae-lhe, S enhor, se a tua essncia,
E nvolvida na argilla, d a iunocencia
Perdeu a lucidez:
A flor do valle no bater do venlo
Tambm cabe murcha, por faltar alento
A' frgil candidez.
E lla, coitada procurava amo res,
Como a abelha procura o mJ.nas flor es
Ao raiar da manhan:
Se fel esta encontrou, veneno aquella,
No lheenculpem o erro sua estreita
E' viver neste afun.
A gara as vezes passa sobre o lod o ,
Mas no pode uma s norloa de tod o
Ficar n'aza de brim:
Nelle porem a virgem fica impura;
Senhor, porque fizestes a brancura
Das azas do anjo assim?
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E ' triste ver-se o pallido vestgio
Que recorda um anglico prestigio
Na virgem que o perdeu:
Pois quantas vezes sem perfume a rosa,
Entre as cores dos petalos formosa^
Lastima o fado seu ?
Ella era um anjo que perdeu seu trilho,
Esqueceu-se do ceo, crendo no brilho
Que a gente faz cegar:
Dae-lhe, Senhor um riso por piedado
Ao anjo, que no charco da vaidade
Deixou-se enxafurdar.
UM
R E T R A T O .
La ho vedulta, o Lorcnzo,
Ia divina fanciua
U. FOSCOLO.
A Unia do pintor por sobre a tela
Um retraio estampou;
O rosto bello e a formosura delia.
E tudo que o pintor deixou na tela
Parece que animou.
Nelle um sorriso pula da innocencia,
Travesso a mais no ser:
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Oh que riso imprud ente e esta imprud ncia,
A no ser privilegio da innocentia
Far-me-hia cndoidecer.
Mas no, ella ainda to creana
Para inspirar amor
E assim mesmo um cortejo de esperana
Faz-me gerar na mente esta criana,
Mau grado ao pensador.
Procuro me entender na luz dormente,
Que o ultimo olhar soltou,
E nada posso ver seno que ausente
No suspira, nem geme a alma dormente,
Que o retrato imitou.
E fica nisto o goso da pintura;
E onde o corpo est ?
A i
bem longe de mim todo se apura
Em ser muito mais bello que a pintura,
Que comigo andar.
Mas no importa; eu saberei dar vida,
Dar-lhe corpo e expresso:
E a pintura ser Ho parecida,
Que cresa como a virgem tenha vida,
E mais um corao .
Hade gemer e suspirar de amores.
A copia e nada mais-^
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Ha de queimar por mim inscnso e odores,
Que tornaro felizes meus amores
De invejar aos mortaes.
Teus olhos brilhantes
Me cegam de luz:
So vivos diamantes
De raios cingidos,
Da noite embutidos
Em d ois cilio s, nus.
Teus olhos que agitam,
Que queimam se filam,
Teus olhos brilhantes
Me cegam de luz.
- s
u
Mas a i no pudessem
Teus olhos ser taes
Que morte elles dessem,
No fogo e martyrio
Da mente ao delrio,
o peito a meus ais
Se nunca elles matam,
Mas se alma arrebatam,
A i
nunca podessem
Teus olhos ser taes
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E Deus faz na terra
Mulheres assim
E quando o homem err a,
Perdido de amores,
S er, meus senhor es,
Um doido porfim?
Se o pelo suspira,
Se a mente delira,
Se Deus faz na terra
Mulheres assim
?
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AINDA
A T I .
Murmura muito embora a ss comligo
Palavras de desdm, de maldico
Tua sombra sou eu; teus passos sigo;
Sou leu phantasma; no me escapas, no I
Hei de gelar-te nos lbios o sorriso,
Quando alegre estiveres no festim.
O mundo no ser leu paraso,
Tendo sido um inferno para mim
Planlasteador no fundo de minhalma;
Mordesle um corao, que s te amou 1
Vingasle-te; pois bem; porem a palma,
A palma do Iriumpho qum ganhou ?
Oh, no, no s feliz; consulta agora
O sincero sentir do corao*
"Soffre, louca, essa dor que te devora;
Soffre; eu no soffro, no
0 PASSEIO.
Que noite aquclla 1
P A L M EIR IM .
No foi nos campos, onde a vida corre
Plcida, longe do rumor do mundo,
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