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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCOCurso de Graduação em Farmácia
DIANA ALVES MORAESRODINEI VIEIRA VELOSO
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NAPREVENÇÃO DO USO ABUSIVO DE BENZODIAZEPÍNICOS
ENTRE MULHERES
Bragança Paulista2014
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DIANA ALVES MORAES – R.A. 001201000109
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NAPREVENÇÃO DO USO ABUSIVO DE BENZODIAZEPÍNICOS
ENTRE MULHERES
Monografia apresentada ao curso deGraduação em Farmácia da UniversidadeSão Francisco,Campus Bragança Paulista,como requisito parcial para obtenção dotítulo de Bacharel em Farmácia.
Orientação: Prof. Esp. Rodinei Vieira
Veloso
Bragança Paulista2014
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DIANA ALVES MORAES
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NAPREVENÇÃO DO USO ABUSIVO DE BENZODIAZEPÍNICOS
ENTRE MULHERES
Monografia aprovada pelo programa decurso de Graduação em Farmácia daUniversidade São Francisco, Campus Bragança Paulista, como requisito parcialpara obtenção do título de Bacharel emFarmácia.
Data de aprovação: ___/___/___
Banca examinadora:
Prof. Carlos Eduardo Pulz Araújo
Universidade São Francisco
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Aos meus pais Claudinei e Giani e ao
meu amor Juliano Silva que com todo
carinho e apoio, não mediram
esforços para me ajudar, contribuindo
significativamente para que eu
pudesse concluir esta etapa tãoimportante de minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado a grande oportunidade de iniciar e
concluir mais essa etapa de minha vida, me dando forças para enfrentar as dificuldades
encontradas no decorrer desta jornada.
Agradeço ao Professor Rodinei Vieira Veloso, por toda sua dedicação em sua
orientação, que com paciência e incentivo tornou possível a conclusão deste trabalho. Ao
Professor Paulo Valente pela sua orientação quanto a metodologia utilizada no
desenvolvimento do trabalho.
À Professora Iara Lúcia Tescarollo por estar tão presente, não somente comoprofessora, mas como amiga que me acolheu com sábias palavras me ajudando a buscar
forças para concluir esta etapa.
Às minhas queridas amigas e futuras colegas de profissão Caroline, Luciane e
Tamiris que com todo amor e carinho me apoiaram e me ajudaram a passar pelos
momentos mais difíceis e também com quem compartilhei os melhores momentos que
fizeram parte desta jornada.
Sou grata também aos meus avós Maria Antonia e Jose Alves da Silva (Zé do Néo)
que sempre muito preocupados por eu ter que pegar estrada todo dia e chegar em casa já
de madrugada, com muita atenção e cuidado sempre me apoiaram em tudo.
Ao meu companheiro Juliano Silva pelo amor e compreensão suportando estar ao
meu lado nos meus dias mais difíceis, mesmo passando pelo mesmo processo.
Agradeço também aos meus irmãos Julio e Juliana que mesmo sem demonstrar,
torciam por mim a todo momento.
E finalmente, aos meus heróis, Sr. Claudinei Nunes de Moraes e Sra. Giani Alves da
Silva, meus pais que com o maior amor do mundo estiveram do meu lado desde o início até
o final desta jornada, sempre me ajudando para que fosse possível tornar mais esse sonho
em realidade. Eu amo vocês.
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"[...] Só é digno do pódio quem usaas derrotas para alcançá-lo. Só é digno da
sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la. Os
frágeis usam a força; os fortes, a inteligência [...]" Augusto Cury
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RESUMO
Os benzodiazepínicos são fármacos utilizados para tratamento dos sintomas da
ansiedade e como indutor do sono. Sendo assim, seu uso adequado pode trazer diversos
benefícios para o paciente, porém o seu uso abusivo pode trazer sérias consequências
como intoxicação e dependência. O uso abusivo de medicamentos como os
benzodiazepínicos vem sendo cada vez mais motivo de importante preocupação para a área
da saúde pública. O uso abusivo de benzodiazepínicos é predominante entre as mulheres,
esse fator pode ser explicado pelo fato de que vivem mais e pelo maior contato com os
serviços de saúde em relação aos homens. A carência de informações sobre o
medicamento e tratamento entre as pacientes é considerado um importante fator
contribuinte para o uso abusivo de benzodiazepínicos. Este último pode ser revertido
através do conjunto de atividades que envolvem a atenção farmacêutica, desde a interação
direta do farmacêutico com o paciente durante o momento da dispensação e no
acompanhamento do tratamento até a interação do mesmo com a equipe de saúde.
Palavras-chave: Benzodiazepínicos, Atenção Farmacêutica, Uso abusivo, Dependência.
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ABSTRACT
Benzodiazepines are drugs used to treat the symptoms of anxiety and as a sleep
inductor. Therefore, the proper use can bring many benefits to the patient, but the abusive
use can cause serious consequences such as intoxication and dependence. The misuse of
drugs such as the benzodiazepines has been an increasingly reason of major concerns to
the public health system. The abuse of benzodiazepines is prevalent among women, this
factor can be explained by the fact that women are living more and because they have more
contact with health services in relation to men. The lack of information about the medicine
and treatment among the patients is considered an important factor that is contributing to the
abuse of benzodiazepines. The latter can be reversed through a set of activities involving
pharmaceutical care, since the direct interaction between pharmacist and patient during the
time of dispensing and monitoring of treatment, to the interaction of the patient with the
health care team.
Keywords: Benzodiazepine, Pharmaceutical Care, Misuse, Addiction.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 Estrutura Química dos Benzodiazepínicos.......... 14
TABELA 1 Principais Características dosBenzodiazepínicos no Homem............................ 15
FIGURA 2 Mecanismo de Ação dos Benzodiazepínicos...... 16
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre DrogasPsicotrópicas
GABA - Ácido Gama Aminobutírico
SNC - Sistema Nervoso Central
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SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO............................................................ 112 OBJETIVO.................................................................. 13
2.1 OBJETIVOS GERAIS.......................................................... 13
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................... 13
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................. 14
3.1 BENZODIAZEPÍNICOS........................................................ 14
3.1.1 Propriedades Farmacológicas........................................... 16
3.1.2 Indicações Terapêuticas................................................... 17
3.1.3 Efeitos Colaterais............................................................... 18
3.1.4 Tolerância e Dependência................................................. 19
3.2 ABUSO DE BENZODIAZEPÍNICOS.................................... 19
3.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA............................................... 20
3.3.1 A Importância da Atenção Farmacêutica na Prevenção
do Uso Abusivo de Benzodiazepínicos...................................... 21
4 METODOLOGIA......................................................... 23
4.1 DELINIAMENTO DO ESTUDO DE DADOS........................ 23
4.2 APURAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.................................. 23
5 RESULTADOS e DISCUSSÃO ................................. 246 CONCLUSÃO............................................................. 28
REFER NCIAS ............................................................ 29
GLOSSÁRIO.................................................................. 34
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1INTRODUÇÃO
Desde a história antiga, o homem utiliza substâncias químicas que causam
alterações em seu nível de consciência ou que proporcionam reações físicas ou mentais
capazes de causar sensações temporariamente prazerosas, buscando tratar os sintomas da
insônia e da ansiedade (FORSAN, 2010).
Como descrito pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas -
CEBRID (2007), existe uma grande variedade de medicamentos capazes de atuar sobre a
ansiedade e a tensão. Embora antigamente designados tranquilizantes, por proporcionar
tranquilidade ao paciente estressado, tenso e ansioso, atualmente esses medicamentos são
chamados de ansiolíticos por possuírem como efeito terapêutico principal a redução ou
supressão da ansiedade.
Segundo Bernik (1999), os benzodiazepínicos constituem uma classe de
medicamentos com propriedade ansiolítica que foram sintetizados na década de 50 e
comercializados na década seguinte. Os benzodiazepínicos são fármacos depressores do
Sistema Nervoso Central (SNC) classificados como sedativo-hipnóticos pela sua capacidade
de acalmar o paciente e induzir ao sono. Seu efeito terapêutico é alcançado pela ligação aoreceptor GABA A promovendo a redução da excitabilidade nervosa (GOODMAN & GILMAN,
2012).
Os benzodiazepínicos tiveram um grande avanço no mercado farmacêutico e se
tornaram amplamente aceitos pela classe médica pelo fato de apresentarem alto índice
terapêutico e por serem relativamente seguros por apresentarem baixo risco de
dependência e intoxicação (MARTIN et al., 1995 apud BERNIK, 1999).
Os medicamentos que constituem a classe de benzodiazepínicos, geralmente,
possuem nomenclatura terminadas com sufixo “pam”, como o clonazepam, diazepam,lorazepam, bromazepam, flurazepam, flunitrazepam e nitrazepam. Alguns outros como
triazolam, midazolam, alprazolam e clordiazepóxido são exceções neste caso (CEBRID,
2007).
Inicialmente os benzodiazepínicos eram prescritos com entusiasmo devido a sua
segurança e baixa toxicidade, porém no final da mesma década a empolgação inicial deu
lugar à preocupação com o consumo quando pesquisadores começavam a detectar
potencial de uso nocivo e risco de dependência entre os usuários do tal medicamento
(GRIFFITHS e ATOR Apud NATASY et al., 2008).
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Apesar da classe de medicamentos possuir controle específico de dispensação
(BRASIL, 1998), atualmente no Brasil o uso abusivo de benzodiazepínicos é fator de
preocupação para a saúde pública (ORLANDI e NOTO, 2005). Pesquisas recentes
constataram que os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais consumidos nomundo, principalmente entre mulheres, de acordo com vários autores a proporção da
utilização do medicamento pelas mulheres é de duas a três vezes maior que os homens
(BICCA e ARGIMON, 2008). São diversos os fatores que caracterizam a predominância do
uso abusivo de benzodiazepínicos entre as mulheres (TELLES FILHO et al., 2011).
A atenção farmacêutica, sendo uma prática voltada ao paciente objetivando a
promoção e recuperação da saúde, possui significativa relação entre o uso racional de
medicamentos, sendo considerada uma importante ferramenta para a prevenção do uso
abusivo de medicamentos como os benzodiazepínicos (BALDISSERA et al., 2010)
O presente trabalho tem como foco principal o uso abusivo dos benzodiazepínicos
por mulheres sabendo da importância do abuso do medicamento em questão e das
consequências que seu uso abusivo pode causar à saúde, o objetivo do trabalho é
descrever quais os principais fatores que favorecem o uso abusivo do medicamento bem
como relatar as principais consequências que esse fato pode causar à saúde das pacientes
ao mesmo tempo enfatizando a importância da atenção farmacêutica nesse processo.
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2 OBJETIVO
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Identificar quais os principais fatores causais e as consequências envolvidas no uso
abusivo de benzodiazepínicos entre as mulheres, enfatizando a importância da Atenção
Farmacêutica neste contexto.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Relatar a prevalência do uso abusivo de benzodiazepínicos entre as
mulheres;
Descrever o perfil das mulheres que estão mais propensas ao uso abusivo de
benzodiazepínicos;
Caracterizar os fatores e as consequências associadas ao uso abusivo de
benzodiazepínicos pelas mulheres;
Descrever a importância da atenção farmacêutica na prevenção do uso
abusivo de benzodiazepínicos.
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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 BENZODIAZEPÍNICOS
A história dos benzodiazepínicos teve início em New Jersey nos Estados Unidos por
volta da década de 1950, quando acidentalmente em um de seus trabalhos de pesquisas,
Dr. Leo Henryk Sternbach deu origem a um composto de estrutura química constituída por
um anel benzeno (A) ligado a um anel diazepínico de sete membros (B), o qual devido suaprópria composição recebeu o nome de benzodiazepínico (FIGURA 1). Comercializado na
década de 1960, o primeiro composto benzodiazepínico sintetizado foi o clordiazepóxido
cujo foi rapidamente identificado como constituinte da classe de fármacos sedativo-
hipnóticos pelo fato de apresentar atividades como relaxante, calmante e indutivo do sono.
Logo após, em meados da década de 1970 outros fármacos da classe, como o diazepam,
foram sintetizados a partir do mesmo composto (BERNIK, 1999).
FIGURA 1 - Estrutura Química dos Benzodiazepínicos
R7
R1 R2
R3
R4a
R2´
A B
C
EstruturaBásica
GrupoFuncional
Fonte: Adaptado, Goodman & Gilman (2012)
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Atualmente no Brasil, já se passa de cem o número de medicamentos à base de
benzodiazepínicos. Os medicamentos que compõem a classe dos benzodiazepínicos,
geralmente, possuem nomenclatura terminada pelo sufixo "pam", como: diazepam,
bromazepam, clonazepam, oxazepam, flurazepam, temazepam, lormetazepam,flunitrazepam, lorazepam e nitrazepam. Alguns outros medicamentos da classe são:
triazolam, midazolam, alprazolam e clordiazepóxido (CEBRID, 2007).
Os medicamentos compostos por substâncias benzodiazepínicas possuem controle
específico de dispensação, sendo dispensados sob retenção de notificação de receita B1,
conforme a Portaria SVS/MS n.º 344, de 12 de maio de 1998 que Aprova o Regulamento
técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial (BRASIL, 1998).
Além de apresentarem ampla versatilidade de efeitos terapêuticos, dependendo da
dosagem administrada, os benzodiazepínicos eram considerados relativamente seguros por
apresentarem baixo risco de intoxicação e dependência, fatores que levaram à uma rápida
e ampla aceitação do fármaco pela classe médica. Porém, o entusiasmo pelo fármaco já
não era o mesmo nos anos seguintes, quando se percebeu por meio de pesquisas e através
da própria experiência clínica os primeiros casos de uso abusivo de benzodiazepínicos.
Sabendo que seu uso prolongado pode causar sérios problemas como tolerância, síndrome
de abstinência e dependência o uso abusivo do fármaco passou a se tornar uma grande
preocupação para a saúde pública (BERNIK, 1999).
3.1.1 Propriedades Farmacológicas
O Sistema Nervoso Central (SNC) é o principal local de ação para a maioria dos
benzodiazepínicos sendo redução da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular,
amnésia anterógrada e a atividade anticonvulsivante os principais efeitos desses fármacos.
A administração intravenosa de certos benzodiazepínicos pode causar a vasodilatação
coronária e doses muito altas desses fármacos pode levar ao bloqueio neuromuscular,
esses dois últimos são os dois efeitos originados da ação periférica dos benzodiazepínicos
(GOODMAN & GILMAN, 2012).
Conforme Goodman & Gilman (2012), o ácido -aminobutírico (GABA) é o principal
neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC) tendo como receptor o GABA
do subtipo A, que constitui-se de múltiplas subunidades formando um canal de cloreto (Cl -).
A ligação do GABA ao seu receptor faz com que os canais de cloreto se abram transferindo
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Cl- para dentro das células (FIGURA 2), causando hiperpolarização das mesmas levando a
um potencial inibitório dessas células. Os benzodiazepínicos agem ligando em sítios
específicos do receptor GABA A intensificando o número de ligações entre o GABA e seu
receptor, aumentando o fluxo de Cl-
promovendo maior redução da excitabilidade nervosa.
Fonte: Liga de Neurocirurgia (2005)
FIGURA 2 - Mecanismo de Ação dos Benzodiazepínicos
Importantes propriedades farmacológicas desses fármacos como farmacocinética e
físico-química influenciam significativamente sua aplicação na clínica terapêutica. Os
benzodiazepínicos são altamente lipossolúveis o que lhes conferem completa absorção,
porém possuem um grau de lipofilia que pode variar até 50 vezes mais dependendo da
polaridade e eletronegatividade de vários substituintes (GOODMAN & GILMAN, 2012).
Rang & Dale (2011), aponta-nos que considerando a duração total da ação principal
dos benzodiazepínicos, o tempo de meia-vida desses fármacos podem ser classificados em
ultra-curta, curta, intermediária e longa. Ainda segundo o autor, o triazolam e o midazolam
são benzodiazepínicos considerados de ultra-curta duração, sendo seu tempo de meia-vida
menor do que 6 horas. O lorazepam, oxazepam, temazepam e o lormetazepam são
classificados como fármacos de curta duração, podendo variar o seu tempo de meia-vida
entre 12 e 18 horas. O tempo médio de duração do alprazolam e do nitrazepam é de 24
horas sendo sua meia-vida classificada como intermediária. São considerados de meia-vida
longa os que possuem tempo de duração maior que 24 horas, como o diazepam,
clordiazepóxido, flurazepam e o clonazepam (TABELA 1).
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Após sua metabolização, os benzodiazepínicos são eliminados na forma de
glicuronídeo na urina (RANG & DALE, 2011).
TABELA 1 - Principais Características dos Benzodiazepínicos no Homem
FármacoDuração total da ação
principal e meia-vida (h)Principais Usos
Triazolam e midazolam Ultracurta (< 6h)
Hipnótico
O midazolam é usado como
anestésico intravenoso
Lorazepam, oxazepam,
temazepam e lormetazepamCurta (~ 4h) Ansiolítico, hipnótico
Alprazolam Média (24 h) Ansiolítico, antidepressivo
Nitrazepam Média Hipnótico, ansiolítico
Diazepam e clordiazepóxido Longa (24-48 h)
Ansiolítico, relaxante muscular.
O diazepam é usado como
anticonvulsivante
Flurazepam Longa Ansiolítico
Clonazepam Longa Anticonvulsivante, ansiolítico
Fonte: Adaptado, Rang & Dale (2011).
3.1.2 Indicações Terapêuticas
São diversos os efeitos terapêuticos e usos farmacológicos dos benzodiazepínicos.
Testes em animais comprovaram sinais de redução da ansiedade e da agressão através de
sua utilização. A indução do sono e a sedação também se tornaram importantes efeitos do
fármaco, agem diminuindo o tempo que o paciente leva até dormir e aumentam a duração
total do sono em pacientes que normalmente dormem menos que 6 horas por noite. O
fármaco pode também ser utilizado como pré-medicação antes de cirurgias médicas ou
odontológicas pelo fato de apresentar ação sedativa (RANG & DALE, 2011).
Ainda segundo Rang & Dale (2011), a ansiedade pode causar o aumento do tônus
muscular provocando dores musculares, inclusive cefaléia. A utilização clínica dosbenzodiazepínicos neste caso é considerada importante para a redução do tônus muscular
sem que haja considerada perda da coordenação motora. A atividade anticonvulsivante e a
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amnésia anterógrada também são efeitos dos benzodiazepínicos, sendo este último
utilizado em procedimentos cirúrgicos com a intenção de não trazer lembranças
desagradáveis ao paciente. Os benzodiazepínicos em geral, não possuem efeito
antidepressivo, porém segundo o autor, o alprazolam pode ser uma exceção (TABELA 1). Ainda segundo o autor, a utilização clínica dos benzodiazepínicos está diretamente
relacionada com a meia-vida de cada fármaco. Os fármacos de meia-vida longa, por
exemplo, são utilizados como anticonvulsivantes e os de meia-vida curta são utilizados
como hipnóticos (TABELA 1).
Embora possuem diversos efeitos terapêuticos sendo variável a sua utilização
clínica, atualmente os benzodiazepínicos são prescritos principalmente para tratar os
sintomas da ansiedade e como indutores do sono (SOUZA et al., 2013).
3.1.3 Efeitos Colaterais
Os benzodiazepínicos são considerados bem tolerados, porém podem causar efeitos
colaterais ou até mesmo adversos dependendo da dosagem utilizada. A sonolência,
confusão mental, amnésia e o comprometimento da coordenação motora são os principais
efeitos colaterais causados durante o seu uso terapêutico, por isso é importante que o
paciente seja orientado quanto a possibilidade de causarem alguns efeitos colaterais que
podem comprometer sua capacidade de realizar tarefas consideradas de risco como
conduzir veículos ou operar máquinas, principalmente nos primeiros dias de uso (RANG &
DALE, 2011).
Em relação a sua toxicidade são considerados menos perigosos quando comparado
com outros ansiolíticos/hipnóticos, porém em casos de superdosagem aguda causam sono
prolongado sem depressão grave da respiração ou da função cardiovascular, embora neste
caso sejam considerados menos agressivos que outros ansiolíticos/hipnóticos, seu uso
concomitante com outros depressores do Sistema Nervoso Central (SNC) como o álcool,
por exemplo, podem causar grave depressão respiratória podendo levar a morte (RANG &
DALE, 2011).
Segundo Telles Filho et al. (2011), os efeitos colaterais do medicamento como
sonolência, ataxia e hipotensão podem ser evidenciados com mais facilidades nas mulheres
idosas. Além disso, alguns efeitos psicomotores e a hipotensão, causadas pelo
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medicamento, contribui significativamente para o número de acidentes como queda e fratura
entre as idosas (COUTINHO e SILVA, 2002).
3.1.4 Tolerância e Dependência
A tolerância a determinado fármaco se caracteriza pelo fato da necessidade de
aumento progressivo de sua dose para a obtenção do efeito desejado. A tolerância e a
dependência ocorre com todos os benzodiazepínicos (WAFFORD, 2005 apud RANG &
DALE, 2011).
Conforme Goodman & Gilman (2012), o aumento progressivo da dose do fármaco
favorece para o desenvolvimento da dependência, ou seja, a tolerância ao fármaco contribui
para o surgimento do quadro de dependência.
O grau de tolerância do fármaco varia de acordo com o número de receptores
ocupados e com o tempo de duração da ligação fármaco/receptor. Contudo a dose e o
modo de uso terapêutico, respectivamente, interferem no nível de tolerância pelo paciente
(RANG & DALE, 2011).Quanto ao quadro de dependência, o paciente deve ser constantemente orientado e
supervisionado em relação a retirada do fármaco. O tratamento com benzodiazepínicos se
interrompido de maneira abrupta, após semanas ou meses de tratamento, o sintomas de
ansiedade tendem a aumentarem ainda mais e o paciente ainda pode apresentar tremores,
tonturas, perda de peso e perturbação do sono caracterizando o quadro de síndrome de
abstinência. Por isso recomenda-se que o tratamento com benzodiazepínicos seja
interrompido gradualmente com redução da dose do fármaco (RANG & DALE, 2011).
3.2 ABUSO DE BENZODIAZEPÍNICOS
Como descrito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2009), o Abuso de
Medicamentos se caracteriza pelo uso excessivo intencional de um ou mais medicamentos,
podendo ser constante ou não, acompanhado de efeitos físicos ou mentais prejudiciais a
saúde. Atualmente o consumo de medicamentos tem se tornado uma preocupação mundial
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(PEUKER et al., 2010). Se não controlado, o uso do medicamento para fins terapêuticos
pode ser revertido causando danos à saúde (MELO et al., 2006).
O uso indiscriminado de medicamentos é causado principalmente pelo seu uso
inadequado que além de favorecer o surgimento de eventos adversos, consequentementeaumentam o risco de morbidade e mortalidade (VIEIRA, 2007).
Conforme Orlandi e Noto (2005), o controle do uso indiscriminado de medicamentos
psicotrópicos tem despertado a atenção de Órgãos Internacionais como a Organização
Mundial da Saúde (OMS) e o International Narcotics Control Board (INCB) nos países em
desenvolvimento. No Brasil, uma forte realidade relacionada ao uso de benzodiazepínicos
foi reforçada a partir de estudos e pesquisas realizados entre as décadas de 80 e 90.
Atualmente, o uso abusivo de medicamentos como benzodiazepínicos tem se
tornado considerada preocupação para a Saúde Pública. Dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS) demonstram que aproximadamente um terço das internações hospitalares
são por reações adversas causadas por medicamentos (CASTRO et al., 2013).
O abuso de benzodiazepínicos geralmente ocorre quando a dose do fármaco é
aumentada pelo próprio paciente ou pela sua utilização desprovida de orientação médica
(COELHO et al., 2006). Em casos de insônia e de ansiedade recomenda-se que o tempo de
tratamento com benzodiazepínicos não ultrapasse quatro semanas, porém já foram
relatados casos de tratamento prolongado com duração de muitos meses ou até mesmo
anos (SOUZA et al., 2013).
O uso racional de medicamentos se caracteriza pela sua utilização adequada
seguindo procedimentos adequados como o uso de doses corretas e tempo de tratamento
adequado, contribuindo significativamente para que não ocorra o abuso de medicamento
(AQUINO, 2008).
3.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA
Devido ao crescimento da tecnologia farmacêutica e consequente aumento dos
medicamentos industrializados, o profissional farmacêutico foi perdendo, aos poucos, o
contato próximo com o paciente. Com o decorrer do tempo o farmacêutico passava a ser
considerado pela sociedade um simples vendedor de medicamentos, esse fato deu início apreocupação pela desvalorização da profissão entre os farmacêuticos. Na década de
sessenta, surgiu a primeira reflexão sobre o caso que teve como resultado o movimento
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denominado "Farmácia Clínica" tendo como objetivo principal a aproximação do
farmacêutico com o paciente e sua integração com a equipe de saúde, visando uma boa
execução do processo de farmacoterapia (MENEZES, 2000).
Segundo Pereira e Freitas (2008), alguns autores da época acreditavam que o termo"Farmácia Clínica" estava restrito à área hospitalar, com isso alguns anos mais adiante o
termo foi ajustado para Atenção Farmacêutica, que teve seu conceito ampliado e redefinido
ao longo do tempo.
No Brasil, a Atenção Farmacêutica foi considerada uma estratégia de atuação social
e multidisciplinar do farmacêutico junto ao paciente e à sociedade (MENESES e SÁ, 2010).
Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, organizado em 2002, o conceito
de Atenção Farmacêutica se resume em:
Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos,comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades naprevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de formaintegrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com ousuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultadosdefinidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos,respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica daintegralidade das ações de saúde (Consenso Brasileiro de AtençãoFarmacêutica, 2002, p. 16).
Este processo proporciona a interação e o contato entre o farmacêutico e o paciente,
facilitando a realização da farmacoterapia, ou seja, o acompanhamento do paciente durante
o tratamento com determinado medicamento a fim de evitar danos futuros causados pelo
medicamento (PEREIRA e FREITAS, 2008).
3.3.1 A Importância da Atenção Farmacêutica na Prevenção do Uso Abusivo de Benzodiazepínicos
De acordo com a proposta de Atenção Farmacêutica pelo Consenso Brasileiro de
Atenção Farmacêutica (2002), atividades farmacêuticas relacionadas ao paciente como a
dispensação de medicamentos e a orientação farmacêutica são consideradas atividades
que compõem a prática de Atenção Farmacêutica (ANGONESI e RENNÓ, 2011).
A dispensação de medicamentos é considerada uma prática farmacêutica de suma
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importância que vai além do simples fato de separar os medicamentos nas quantidades
adequadas atendendo à prescrição médica. O momento da dispensação é o momento em
que o paciente deve receber juntamente com o medicamento prescrito pelo médico um
conjunto de informações que visam orientá-lo sobre o tratamento do quadro patológico e omedicamento utilizado, bem como da importância da relação entre ambos (OLIVEIRA,
BERMUDEZ e CASTRO, 2007).
O alerta sobre as consequências prejudiciais que podem ser causadas pelo uso de
benzodiazepínicos é muitas vezes falho ou até mesmo inexistente por parte do
farmacêutico, contribuindo significativamente para o uso irracional do medicamento
(BALDISSERA, COLET e MOREIRA, 2010).
Ainda dentro do contexto da Atenção Farmacêutica, outro aspecto considerado
importante no processo de uso racional de medicamentos, como os benzodiazepínicos, é a
integração do profissional farmacêutico com a equipe da saúde visando melhores
resultados através da farmacoterapia (PEPE e CASTRO, 2000).
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4 METODOLOGIA
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO E COLETA DE DADOS
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre os principais fatores causais que
caracterizam o uso abusivo de benzodiazepínicos entre as mulheres, bem como suas
consequências e a importância da atenção farmacêutica na sua prevenção.
Para a coleta de dados serão utilizadas buscas no site Nacional Library of Medicine
(PUBMED) e na coleção Scientific Electronic Library Online (SCIELO), e na base de dadosda Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME ) e base de dados MEDLINE , utilizando os
seguintes descritores: benzodiazepínicos, uso abusivo de benzodiazepínicos, uso
indiscriminado de psicotrópicos, uso indevido de medicamentos e atenção farmacêutica.
Além dos descritores, foram selecionados os seguintes limites fornecidos pelo
próprio site: artigos publicados nos últimos quinze anos, em português, cujo tema se
relaciona com benzodiazepínicos e seu uso abusivo.
4.2 APURAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Para a seleção de artigos, foram realizadas leituras do título e do resumo dos
mesmos. Utilizando os seguintes critérios de inclusão: artigos que tratavam sobre o abuso edependência de fármacos, uso indevido de psicotrópicos, uso indevido de psicotrópicos
especificamente em mulheres, atenção farmacêutica e assistência farmacêutica no uso
racional de medicamentos.
Os critérios de exclusão adotados foram: artigos que ressaltem qualquer outro
assunto que não se relaciona com benzodiazepínico, uso irracional de medicamentos ou
atenção farmacêutica. Para delimitar ainda mais os estudos a serem utilizados, foram
priorizados os artigos que tratem especificamente de benzodiazepínicos e seu uso abusivo
em mulheres, somando num total de vinte e sete artigos revisados.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso inadequado é considerado a principal consequência do uso abusivo de
medicamentos, contribuindo pelo surgimento de efeitos adversos e consequentemente
aumentando os riscos de morbidade e mortalidade. Este fato pode ser confirmado através
de estudos realizados por vários autores como Netto et al. (2012) e Vieira (2007). Várias
pesquisas revelam que os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais
consumidos no mundo, inclusive no Brasil. (MENDONÇA e CARVALHO, 2005; NORDON, et
al., 2009). De acordo com vários autores revisados, os benzodiazepínicos são responsáveis
por 50% de toda prescrição de psicotrópicos, o que confirma uma pesquisa feita por
Andrade et al. (2004). Apesar de seu consumo ter controle específico ainda assim
continuam sendo utilizados incorretamente. O abuso de benzodiazepínicos é comum
quando as pacientes aumentam a dose recomendada ou o medicamento é usado sem
orientação médica. Fatores associados, como características pessoais, condições sociais e
profissionais, bem como distúrbios psiquiátricos podem favorecer o abuso (COELHO et al.,
2006).
O presente estudo indica uma forte relação entre idade e gênero com o uso abusivode benzodiazepínicos. A prevalência do uso está entre as mulheres, em uma proporção de
duas a três vezes maior em relação aos homens, sendo que considerando as pacientes que
apresentam algum transtorno psiquiátrico esse número se torna ainda maior (NORDON et
al., 2009; TELLES FILHO et al., 2011). Este fato se confirma através da revisão da literatura
de vários autores que afirmam que o uso inadequado de benzodiazepínicos, bem como seu
abuso, atualmente é considerado um problema de saúde pública, sendo encontrada maior
ocorrência entre as mulheres (BICCA e ARGIMON, 2008; FIRMINO et al., 2012; HUF et al.,
2000; NASTASY et al., 2008; NORDON et al., 2009; SOUZA et al., 2013.). Segundo Orlandie Noto (2005), em uma de suas pesquisas médicos relatam que há dois perfis
predominantes de usuários, sendo um deles composto por mulheres de meia idade que
buscam tratamento para insônia e para os sintomas da ansiedade. Neste estudo observou-
se que o tratamento prolongado, muitas vezes até crônico, é a principal forma de uso
inadequado levando ao uso abusivo de benzodiazepínicos entre essas pacientes, o que
favorece para o surgimento de dependência do fármaco (NORDON et al., 2009; ORLANDI E
NOTO, 2005; SOUZA et al., 2013). Porém, mesmo que a dependência seja percebida pelas
próprias pacientes, elas afirmam necessitar dar continuidade ao tratamento e que nãopossuem motivos para sua interrupção (SOUZA et al., 2013).
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De acordo com uma pesquisa realizada por Mendonça e Carvalho (2005), o perfil
das mulheres que mais utilizam o serviço de saúde mental possuem idade igual ou superior
a 40 anos. Porém, outros autores indicam que a prevalência do uso de benzodiazepínicos
está entre as mulheres acima de 50 anos, as quais possuem relacionamento estável, commenor renda e baixa escolaridade (NASTASY et al., 2008; NORDON et al., 2009). Em
relação as pacientes idosas, Bicca e Argimon (2008) relatam que esse predomínio é
presente em mulheres com faixa etária média de 79,73, viúvas e que vivem da
aposentadoria.
Os fatores que levam essas mulheres ao uso abusivo do medicamento são diversos.
A pesquisa aponta que além da falta de informação, fácil acesso ao medicamento e da
prescrição indevida, o fato de que as mulheres vivem mais e estão mais ligadas aos
serviços de saúde são os principais fatores associados ao uso abusivo de
benzodiazepínicos pelas mulheres (BICCA e ARGIMON, 2008; MENDONÇA e CARVALHO,
2005; TELLES FILHO et al., 2011;). Os serviços de saúde são intensamente buscados pelas
mulheres pelo fato de que as mesmas são consideradas mais fragilizadas e susceptíveis à
transtornos psiquiátricos e por viverem mais e sentirem mais as dificuldades causadas pelo
processo de envelhecimento, isso possibilita uma melhor relação entre a paciente e o
médico comparado com os homens e isso faz com que as mulheres se sentem mais a
vontade em falar de seus problemas e consequentemente os médicos possuem maior
facilidade em entende-los, esses fatores de uma maneira geral contribuem para um
considerado aumento da prescrição médica de benzodiazepínicos, bem como maior chance
de uso contínuo ou prolongado do medicamento pelas mulheres (MENDONÇA et al., 2008;
MENDONÇA e CARVALHO, 2005; TELLES FILHO et al., 2011). Além disso, conforme
Firmino et al. (2012), as mulheres estão mais predispostas ao quadro de ansiedade.
Segundo a maioria dos autores pesquisados, a falta de informação sobre o medicamento ou
do próprio tratamento gera uma grande preocupação em relação a essa situação, já que
várias pesquisas indicaram que há constante falha na transmissão de informação tanto
pelos prescritores como por outros profissionais da saúde proporcionando assim o uso
incorreto do medicamento, considerando que a carência de esclarecimento ao paciente
sobre os riscos aos quais se submetem seja um dos principais motivos para o uso crônico e
consequentemente prolongado de benzodiazepínicos. Em relação a disponibilidade do
medicamento, é importante ressaltar que seu baixo custo e sua dispensação gratuita por
programas governamentais facilitam sua aquisição, tornando assim o fácil acesso ao
medicamento um dos fatores que predispõe ao uso constante pelo paciente (ORLANDI e
NOTO, 2005; TELLES FILHO et al., 2011;). Em um estudo sobre o consumo de
benzodiazepínicos por mulheres idosas, Mendonça e Carvalho (2005), encontraram o fato
de que acontecimentos marcantes em algum momento da vida dessas pacientes levando ao
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início do tratamento. Ainda neste estudo foi relatado que sintomas como "vontade de chorar"
e "barulho na cabeça" são sanados pelo uso do medicamento, além disso as pacientes
afirmam que não conseguem viver bem sem o medicamento, o que caracteriza o quadro de
dependência. Uma outra questão que se encontrou a partir de vários dos autorespesquisados, refere-se sobre a importância na relação entre a prescrição e o uso
inadequado de benzodiazepínicos, visto que é considerado alto o número de prescrição do
medicamento que se inicia por clínico geral já que o ideal é que o prescritor seja especialista
nesse tipo de medicação (CASTRO et al., 2013).
São vários os problemas relacionados com o uso abusivo de benzodiazepínicos a
serem considerados. O estudo revela que o período de tratamento ultrapassando de 4 a 6
semanas pode desencadear tolerância, abstinência e dependência (ORLANDI e NOTO,
2005). Embora seu uso por um curto período de tempo apresente relativa segurança quanto
aos efeitos adversos, seu uso inadequado e prolongado se torna responsável pelo
aparecimento de diversos efeitos colaterais e dependendo da dose e da duração do
tratamento pode levar a dependência do fármaco. Mendonça e Carvalho (2005), afirmam
perceber a presença do quadro de dependência quando as usuárias crônicas de
benzodiazepínicos demonstram o fato do corpo estar acostumado com medicamento. Diante
essa situação o estudo apresentou ainda, o fato de que o tempo médio de tratamento com
benzodiazepínicos entre as mulheres é de dezesseis anos, o que confirma o quadro de
dependência entre essas mulheres. Com relação às mulheres idosas, as conseqüências
podem ser ainda maiores. Além do risco de tolerância e dependência ser aumentados, a
chance do surgimento de efeitos colaterais dos benzodiazepínicos como sonolência, ataxia
e hipotensão podem ser evidenciados com mais facilidade (TELLES FILHO et al., 2011).
O uso inadequado de medicamentos vem se tornando cada vez mais uma importante
preocupação para saúde pública. O estudo revela a importância da atuação do profissional
da saúde nesse contexto, considerando a significativa contribuição do médico e do
farmacêutico neste fenômeno do uso irracional de medicamento (BALDISSERA et al., 2010).
O fato de que o farmacêutico é o principal profissional relacionado ao medicamento vem
sendo estudado e aprimorado ao longo do tempo. Atualmente é bastante relevante a ligação
entre o farmacêutico, medicamento e o paciente considerando o paciente como foco
principal. A atenção farmacêutica é uma ferramenta utilizada pelo profissional farmacêutico
a fim de facilitar a relação entre farmacêutico e o paciente proporcionando melhor
acompanhamento do paciente tornando possível o controle da farmacoterapia. Sabendo que
a desinformação sobre o medicamento é um importante fator contribuinte para o uso
abusivo de benzodiazepínico entre as mulheres, fica clara a importância da atenção
farmacêutica diante à esse contexto, já que no momento da dispensação deve ser
esclarecidas as informações e dúvidas sobre o medicamento ou até mesmo sobre o
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tratamento, permitindo assim a contribuição do farmacêutico para a promoção da saúde
entre as mulheres (PEREIRA e FREITAS, 2008; VIEIRA, 2007).
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6 CONCLUSÃO
Através do presente trabalho foi possível compreender que os benzodiazepínicos
são medicamentos de ótima escolha principalmente para o tratamento da ansiedade e da
insônia, se utilizados adequadamente. Porém o seu uso abusivo, consideravelmente
predominante entre as mulheres, vem se tornando cada vez mais uma importante
preocupação para saúde pública, visto as consequências que este fator pode trazer para as
pacientes. Foram vários os fatores encontrados que levam ao uso abusivo do medicamento,
dentre eles se destaca a carência de informação sobre o medicamento ou tratamento entre
as pacientes. Dessa forma, fica clara a importância dos profissionais da saúde neste
contexto, envolvendo os médicos que prescrevem o medicamento e os farmacêuticos que o
dispensam, podendo este último utilizar de importantes ferramentas como a atenção
farmacêutica no momento da dispensação informando às paciente as devidas informações
sobre o medicamento e esclarecendo as supostas dúvidas das mesmas, contribuindo
significativamente para a prevenção do uso abusivo de benzodiazepínicos entre as
mulheres.
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GLOSSÁRIO
Ácido -amino butírico - Neurotransmissor inibitório central.Amnésia Anterógrada - É a perda de memória para eventos que ocorrem
posteriormente a administração do fármaco, ou seja, é a deficiência em formar novas
memórias.
Ataxia - Falta de coordenação dos movimentos musculares.
Efeitos Adversos - É qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não
intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para
profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função
fisiológica.Efeitos Colaterais - Efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco
podendo ser benéfico ou maléfico.
International Narcotics Control Board - Conselho Internacional de Controle de
Entorpecentes.