UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
CAMPUS GOVERNADOR FERNANDO ANTONIO DA CÂMARA FREIRE
CURSO DE TURISMO
LOUISE KALINE DE ALMEIDA SANTOS
PASTORIL, LAPINHA E QUADRILHA JUNINA: A PARTICIPAÇÃO EM
GRUPOS FOLCLÓRICOS COMO FORMA DE LAZER NA VILA DE PONTA
NEGRA. NATAL/RN
NATAL/RN
2011
LOUISE KALINE DE ALMEIDA SANTOS
PASTORIL, LAPINHA E QUADRILHA JUNINA: A PARTICIPAÇÃO EM
GRUPOS FOLCLÓRICOS COMO FORMA DE LAZER NA VILA DE PONTA
NEGRA. NATAL/RN
Trabalho de monografia apresentado como requisito para a conclusão do curso de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Para obtenção do título de bacharel em turismo. Professora Orientadora: Prof.ª Esp. Marília Medeiros Soares
NATAL/RN
2011
LOUISE KALINE DE ALMEIDA SANTOS
PASTORIL, LAPINHA E QUADRILHA JUNINA: A PARTICIPAÇÃO EM
GRUPOS FOLCLÓRICOS COMO FORMA DE LAZER NA VILA DE PONTA
NEGRA. NATAL/RN
Monografia aprovada para a obtenção do titulo de Bacharelado em Turismo pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Natal, 25 de outubro de 2011
BANCA EXAMINADORA
Orientadora
Professora Esp. Marília Medeiros Soares
Professora Ms. Michele Galdino Câmara
Professora Ms. Tatiana Moritz
“Quando a sabedoria penetrar em teu coração e o saber
deleitar a tua alma, a reflexão velará sobre ti, aparar-te-á a
razão.”
Provérbios cap.3, vesc.10-11.
DEDICATÓRIA
A minha mãe, Rizelda Maria Leitão de Almeida, que
desde que nasci fez de tudo para me dar um futuro melhor,
trabalhou duro para me dar condições de estudar, entrar na
universidade e me formar. Obrigada!
Aos meus avós que me inspiraram e serviram de
motivação. Muito carinho e amor!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me deu a dádiva da vida e o dom da
inteligência.
A minha mãe por todo o esforço que fez por mim durante toda a minha vida.
Aos meus irmãos e padrasto que me apoiaram da melhor maneira que
puderam.
A minha família, principalmente meus avós.
A Carlos Eduardo Morais do Nascimento que foi meu porto seguro durante o
desenvolvimento da monografia.
Aos meus amigos que me deram força pra continuar na universidade quando
eu já não mais queria.
A Marília Medeiros Soares, minha orientadora por nunca me dizer que minhas
idéias eram absurdas.
Aos meus professores que partilharam um pouco do seu conhecimento comigo
durante os anos de curso.
Aos grupos culturais Lapinha do Menino Deus, Pastoril Estrela do Amanhã na
Melhor Idade e Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”, da comunidade da Vila
de Ponta Negra, sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
pesquisa.
RESUMO
O Turismo é, normalmente, analisado por seu aspecto econômico negligenciando seus aspectos social, cultural e ambiental. Este trabalho visa abordar o aspecto social do turismo sob a ótica do lazer uma vez que este vem se tornando cada dia mais importante na sociedade. Com o aumento do tempo livre e do stress do cotidiano o lazer tornou-se fundamental para a melhoria de vida do individuo. Na Vila de Ponta Negra - Natal/RN há pessoas que utilizam a participação em grupos culturais como uma forma de lazer. Diante disto este trabalho visou por meio de referencial teórico conceituar lazer e cultura, além da história da Vila de Ponta Negra. E por meio do levantamento de dados resgatou a origem dos grupos culturais Lapinha do Menino Deus, Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor Idade e Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”, onde ocorre essa prática. E após traçar o perfil dos participantes e compreender os motivos que os levam a se inserirem nesses grupos, analisou qual a atratividade dos grupos para o turista que frequenta o bairro. Utilizou como metodologia o levantamento de dados por meio de questionários aplicados aos turistas e participantes dos três grupos culturais e entrevistas com os fundadores dos grupos. E como método utilizou a observação participante que proporcionou uma análise mais profunda do objeto de pesquisa. Palavras chaves: Lazer, Cultura, Participação
ABSTRACT
The Tourism is usually analyzed by its economic aspect, neglecting their social part, cultural and environmental. This work aims to address the social aspect of tourism from the perspective of leisure since this is becoming increasingly important in society. With increase of the free time and stress of everyday life the leisure has become essential for the betterment of the individual. In the Vila de Ponta Negra – Natal/RN there are people who use participation in cultural groups as a form of recreation. Given that this study aimed at using the theoretical concept of leisure and culture, and the history of the Vila de Ponta Negra. Through data collection rescued the origin of cultural groups Lapinha do Menino Deus, Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor Idade e Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”, where this practice occurs. After outlining the profile of the participants and understand the reasons that lead them to insert themselves in these groups, it was analyzed the attractiveness of these groups for the tourists that attend the neighborhood. The methodology used for data collection was done through questionnaires applied to tourists and participants of the three cultural groups, and interviews with the founders of these groups. The method used was participant observation, which provided a deeper analysis of the research object.
Keywords: Leisure, Culture, Participation
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vista Aérea da Vila de Ponta Negra antiga.
Figura 2: Vista Aérea da Vila de Ponta Negra atualmente.
Figura 3: Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor Idade.
Figura 4: As belas meninas do pastoril da Vila de Ponta Negra.
Figura 5: Quadrilha “Vai Mexer com Nós” apresentando-se no festival de quadrilhas juninas de Currais Novos/RN
Figura 6: Quadrilha “Vai Mexer com Nós”
Figura 7: Crianças da Lapinha do Menino Deus apresentando-se na comunidade da Vila de Ponta Negra.
Figura 8: Apresentação da Lapinha Do menino Deus na Vila de Ponta Negra.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. LAZER
3. CULTURA
4. CULTURA POPULAR
5. A VILA DE PONTA NEGRA
6. METODOLOGIA
7. PASTORIL ESTRELA DO AMANHÃ NA MELHOR IDADE
8. QUADRILHA JUNINA “VAI MEXER COM NÓS”
9. LAPINHA DO MENINO DEUS
10. O PERFIL DOS COMPONENTES DA LAPINHA, DA QUADRILHA JUNINA
E DO PASTORIL DA VILA DE PONTA NEGRA
11. A UTILIZAÇÃO DOS GRUPOS CULTURAIS DA LAPINHA, QUADRILHA
JUNINA E PASTORIL DA VILA DE PONTA NEGRA COMO FORMA DE
LAZER
12. A ATRATIVIDADE DOS GRUPOS CULTURAIS DA VILA DE PONTA
NEGRA JUNTO AOS TURISTAS QUE FREQUENTAM O
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
12
1. INTRODUÇÃO
O Turismo é uma área do conhecimento que busca estudar as interações que
ocorrem do contato entre pessoas originárias de locais diferentes e os impactos que
essas interações promovem nas mais diversas áreas. Contudo, é mais frequente
analisar o Turismo dentro de uma perspectiva econômica, como uma indústria,
deixando de lado seu aspecto social enquanto fenômeno cultural. É fundamental
analisar os outros aspectos do turismo para que assim, possa-se compreendê-lo
como um todo.
Dentre os aspectos sociais do Turismo pode-se destacar o Lazer. Não só
devido à atividade turística ser considerada uma forma de lazer, mas também pelo
fato de algumas atividades praticadas pelas populações receptoras atraírem o “olhar
do turista”. Analisar o turismo sob essa ótica é fundamental, principalmente, à
medida que o lazer vem ganhando grande importância na vida cotidiana das
pessoas nas últimas décadas. Fato resultante do aumento de tempo livre dos
indivíduos proporcionado por diversos fatores como a redução da jornada de
trabalho e o advento da tecnologia de ponta. Além do aumento demográfico nas
grandes cidades e o stress do dia-a-dia.
O Lazer pode ser entendido de diversas formas, como tempo livre, ócio, a
busca pelo prazer. Dumazedier (1973) define o lazer como sendo um conjunto de
ocupações às quais o individuo pode ter uma série de interesses como divertir-se,
entreter-se ou estimular a capacidade criadora, a participação social voluntária,
desenvolver sua informação ou mesmo formação desinteressada, depois de
desenrolar-se de suas obrigações, sejam familiares, profissionais ou sociais.
Assim, além do aumento do tempo livre a busca pela melhoria da qualidade
de vida é outro fator que contribui para o maior interesse pelo lazer. “Uma convicção
aporta para o caminho de situar o lazer em suas múltiplas possibilidades como uma
alternativa real de melhoria da qualidade de vida” (Maia, 2004 pg.10). As pessoas
buscam uma fuga para os problemas do cotidiano, uma maneira de utilizar melhor
seu tempo disponível e até mesmo uma forma de melhoria da saúde, seja mental ou
física.
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Existem diversas formas de se praticar o lazer. Atividades físicas, viajar,
realizar atividades culturais, como ir ao cinema, ao teatro, assistir um espetáculo de
dança, fazer artesanato, ir a festas tradicionais. A participação em grupos culturais
também pode ser considerada uma pratica de lazer, desde que se enquadre dentro
das características das atividades de lazer: escolha pessoal, não seja remunerada, e
tenha como objetivo a busca do prazer.
Na Vila de Ponta Negra, comunidade pertencente ao bairro de mesmo nome
localizado em Natal, Rio Grande do Norte, existe diversos grupos folclóricos criados
e compostos por moradores do bairro, dentre eles a Lapinha, o pastoril e a quadrilha
junina. Para participar desses grupos os componentes não ganham remuneração, o
fazendo de livre e espontânea vontade. Diante disto esta pesquisa teve como
problema entender como ocorre essa participação dos moradores do bairro nestes
três grupos culturais.
Teve como objetivo geral entender que relação tem o lazer com a
participação dos moradores da Vila de Ponta Negra – Natal/RN em grupos culturais.
E como objetivos específicos pretenderam-se desvendar a história dos grupos
culturais estudados; traçar um perfil dos participantes dos grupos; perceber a
intenção da população ao participar dessas atividades; e analisar qual a atratividade
dessas práticas para o turista.
Na busca por responder aos objetivos pretendeu-se compreender como se
dá essa atividade de lazer na comunidade da Vila de Ponta Negra, uma vez que é
importante inserir a população local dentro do “pensar turístico”, percebendo a
influência que esta tem dentro do processo de desenvolvimento do turismo enquanto
atividade econômica e como área do conhecimento. Para tal, é necessário não
somente entender o que é lazer e turismo, mas também, entender o que é cultura,
uma vez que são as manifestações culturais dos moradores da Vila que serão
analisadas enquanto forma de lazer.
A cultura são as características particulares de um povo, o que o torna
peculiar e único. Kashimoto, Marinho e Russeff definem cultura como “o conjunto de
soluções originais que um grupo de seres humanos inventa a fim de se adaptar a
seu meio ambiente natural e social” (2002, pg. 1). Seus costumes, crenças, danças,
música, política, hábitos do cotidiano. Arantes afirma ainda que a cultura é “em
grande medida arbitrária e convencional, ela constitui os diversos núcleos de
14
identidade dos vários agrupamentos humanos, ao mesmo tempo em que os
diferencia uns dos outros”. (2004, pg.26).
Existem diversas maneiras de expressar-se culturalmente. Dançar é uma
delas. E na Vila de Ponta Negra esse tipo de expressão é comum aos moradores.
Eles dançam e divertem-se. Praticam lazer e preservam a cultura. E sendo Ponta
Negra um dos maiores cartões postais do Estado do Rio Grande do Norte, conhecer
as práticas de lazer e cultura da comunidade é conhecer a comunidade. E esse
conhecimento é essencial para o turismo.
Diante do exposto o presente trabalho se justificou pela importância de se
pensar o Turismo não apenas como uma atividade econômica, mas como uma área
do conhecimento das ciências humanas que tem as relações entre os indivíduos
como um de seus objetos de estudo, sejam essas relações econômicas, sociais,
culturais ou políticas. Pela relevância de se observar o turismo sob a ótica da
população local, devido às interações sociais das populações nativas moldarem as
características de boa parte dos atrativos turísticos. Sua história, sua cultura, sua
economia, sua gente, seu modo de ser é que vão dar a cada localidade
especificidades que as tornam únicas, interessantes, diferentes e atrativas aos olhos
dos visitantes.
A pesquisa justificou-se também pela relação de familiaridade que a autora
tem com o objeto de pesquisa uma vez que esta cresceu na comunidade da Vila de
Ponta Negra. Adquirindo ao longo do tempo o profundo interesse em analisar de
forma acadêmica o que via e sentia de maneira empírica.
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2. LAZER
O lazer pode ser compreendido como ócio, tempo livre, diversão, atividades
prazerosas ou como diria os italianos o “dolce far niente”, a doce arte de não fazer
nada, um tempo livre das obrigações diárias com o trabalho, família e com a
sociedade. De acordo com Dumazedier (2004) “lazer é um conjunto de ocupações
às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, para desenvolver a sua
formação ou informação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua
livre capacidade criadora, após liberar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” Assim, o lazer pode ser compreendido como um
conjunto de atividades que se realiza no tempo livre das obrigações de rotina onde o
indivíduo tem como principal objetivo o prazer.
No entanto, não são todas as atividades realizadas no “tempo livre” que
podem ser caracterizadas como lazer. Existe uma série de características que
conferem a uma determinada atividade o caráter de lazer. De acordo com Camargo
(2003), há quatro características fundamentais: escolha pessoal, gratuidade, prazer
e liberação.
Escolha pessoal: As decisões do indivíduo e suas escolhas são influenciadas
por uma série de fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, geográficos
e biológicos. Com as atividades de lazer não seria diferente. A escolha por
uma ou outra forma de lazer pode ser uma influência clara ou velada da
cultura e meio social em que está inserido.
Gratuidade: Diz-se que ao se realizar uma atividade de lazer não se espera
nada em troca. Contudo não é possível afirmar que exista prática
desinteressada de algo. “Toda ação obedece a algum interesse, claro ou
disfarçado (Camargo, 2003, p.11). O caráter gratuito da prática de lazer está
no fato de o indivíduo não o realizar com o intuito principal de ser
remunerado. Um homem pode jogar futebol como profissão e ainda assim no
fim de semana jogar a famosa “pelada” com os amigos. Quando estivesse
atuando pelo clube o qual é contratado estaria trabalhando, contudo, quando
estivesse jogando com os amigos estaria praticando lazer, já que não seria
remunerado para isso.
16
Prazer: As atividades de lazer são praticadas com a intenção de sentir prazer,
mesmo que inicialmente tenha que se realizar algum esforço para ao final
obter uma sensação agradável. Um exemplo dessa intenção está em quando
se realiza uma atividade física exaustiva a qual não está acostumado, como
uma trilha. Inicialmente pode-se sentir algum desconforto, mas ao final se
sente mais relaxado, a pessoa se sente bem.
Liberação: O lazer é liberatório. O indivíduo pratica o lazer com o intuito de se
liberar de suas obrigações, fugir da rotina, do stress do cotidiano. Ir ao cinema
no fim de semana, passar férias no campo, fazer compras são alguns
exemplos. No entanto, se a atividade se torna rotineira pode deixar de ser
vista como lazer, pois perde o caráter liberatório.
Porém, acredita-se que na realidade existe apenas certo grau de liberdade
dentro das escolhas de lazer, ou seja, elas não são totalmente livres. O meio
sócio-cultural no qual o indivíduo está inserido, suas condições financeiras, seu
estado civil, entre outras variantes influenciam na escolha. Segundo Camargo, o
que difere as atividades é que “há um certo grau de liberdade nas escolhas
dentro do lazer maior que nas escolhas que se faz no trabalho, no ritual familiar,
na vida sócio-religiosa e sócio-política.” (2003, p.10). Dessa forma, mesmo que
influenciadas pelo meio e pela cultura as escolhas relacionadas ao lazer
possuem um maior grau de livre arbítrio que as demais atividades, principalmente
aquelas que são tidas como obrigatórias.
Desta forma, pode-se entender que a prática do lazer se dá quando o indivíduo
realiza uma atividade em seu tempo livre, sem interesses lucrativos, o faz para fugir
da rotina diária e com o objetivo principal de sentir prazer.
3. CULTURA
A primeira concepção do conceito de cultura surgiu na Alemanha no século
XVIII. O termo Kultur, significava cultivo e simbolizava os aspectos espirituais de um
povo, seus costumes, crenças, histórias, jeito de ser. Esse conceito era utilizado em
contra partida ao conceito de civilização que tomava como referência valores
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vigentes na nobreza, a economia política. Os franceses tinham no conceito de
Civilização a explicação para cultura, e tinha como base um conjunto de atributos e
valores que deveriam ter continuidade. Esse conceito passou a ser posto em
oposição aos conceitos alemães.
Esse impasse só seria resolvido em 1871, quando Edward Tylor definiu
cultura como um “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,
costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como
membro de uma sociedade.” Com esse conceito ele uniu os termos e conceitos
alemães e franceses. A cultura passou a ser encarada como um conjunto de
características da sociedade humana. “Tylor procurou, além disto, demonstrar que a
cultura pode ser objeto de um estudo sistemático, pois se trata de um fenômeno
natural que possui causas e regularidades, permitindo um estudo objetivo e uma
análise capazes de proporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e a
evolução.” (LARAIA, 2009, p. 30)
Contudo, a teoria de Taylor sendo influenciada pelos estudos de Darwin, tinha
uma perspectiva evolucionista, assim como Darwin entendia a origem do homem
como única e resultado de uma evolução, Taylor pensava a cultura como única e
universal. Existiria uma evolução da cultura dividida em estágios que partiria da
selvageria, passava pela barbárie até chegar à civilização. As diferenças entre as
sociedades eram explicadas com base nesses estágios. Dessa forma, as
sociedades européias seriam consideradas como civilizadas, enquanto as demais
sociedades, como as americanas e africanas, estariam em estágios inferiores.
Além dos impasses a respeito da conceituação de cultura, existiam também
impasses a respeito da forma de transmissão cultural. As principais teorias da época
explicavam a transmissão da cultura por meio dos determinismos biológicos e
geográficos.
O antropólogo cultural Franz Boas foi o primeiro a defender a idéia de que as
características sociais não eram definidas biologicamente, mas culturalmente, por
meio da educação. Para ele não existia uma cultura única, mas diversas culturas
diferentes com características únicas que lhes conferiam caracteres particulares.
Essas características eram mantidas ao longo do tempo, por seguir um padrão e as
características compartilhadas entre as sociedades, que eram fruto da difusão que
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ocorria do contato entre elas. Mas, mesmo as características obtidas por meio da
difusão eram moldadas e acordo com a cultura da sociedade que a absorvia.
As relações entre diferentes aspectos da cultura seguem padrões mais
variados e não se prestam com proveito, a generalizações. Assim, cada cultura é
única e é por padrões que se estabeleceram na sociedade ao longo de sua história.
Assim, pode-se entender cultura como um conjunto de características
inerentes a uma determinada sociedade ou grupo de pessoas, abrangendo uma
série de valores, costumes, tradições, manifestações e relações sociais nos âmbitos
político, religioso, econômico, artístico e social. Sendo que cada grupo social possui
características particulares que o torna único. Cada povo e sociedade é diferente um
do outro, e é essa diferença que o torna interessante.
4. CULTURA POPULAR
O termo cultura popular inicialmente era utilizado para caracterizar as
manifestações artísticas não eruditas, ou seja, a cultura que se dizia ser
desenvolvida a partir de conhecimentos não elaborados, formais e acadêmicos. O
que surgia do povo de forma espontânea. Posteriormente o termo passou a ser
encarado como o conjunto de tradições e costumes de um povo.
Para muitos autores o termo folclore se apresenta como único representante
dessa cultura. “Um grande número de autores pensa a “cultura popular” como
“folclore”, ou seja, como um conjunto de objetos, práticas e concepções (sobretudo
religiosas e estéticas) consideradas „tradicionais‟” (ARANTES, 2004, pg.16).
São diversas as discussões a respeito do real significado do conceito, não
existindo ainda um consenso, mas, para alcançar os objetivos dessa pesquisa
cultura popular será entendida como um conjunto de tradições, costumes, ritos,
crenças e manifestações artísticas de uma determinada sociedade, passadas de
geração em geração.
No Brasil dentro da cultura popular pode-se destacar o folclore como um dos
maiores representantes do saber popular. A maneira de ser de um povo, a forma de
19
festejar, como age, como sobrevive como conta sua vida cotidiana e sua história
como educam seus filhos, as produções e expressões artísticas são alguns dos
exemplos dessa cultura. Esses exemplos revelam “(...) como são importantes as
coisas que o povo diz, faz e com as quais se diverte.” (MONICA, 1999, pg.17). O
folclore é parte importantíssima de um povo, revela o que de mais intimo e peculiar
ele tem, seu “espírito”.
Mas, a importância do folclore só se torna evidente a partir do momento em
são realizados eventos para discuti-lo teoricamente e elaborar uma definição única
para esse enorme conjunto de manifestações populares. Um bom exemplo foi o I
Congresso Brasileiro de Folclore, realizado no Rio de Janeiro em 1951. Neste
evento fixaram-se elementos “essenciais a pesquisas cientificas do folclore
brasileiro”. E instituiu-se a Carta Magna do Folclore Brasileiro, documento contendo
os princípios fundamentais e normas de trabalho sobre o assunto no Brasil.
Em 16 de Outubro de 1989, a Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), se reuniu em Paris na sua
25º reunião. Nesta ocasião debateram a respeito do folclore. Dentre diversas
considerações feitas pode-se destacar que:
Consideram que o folclore faz parte do legado universal da humanidade e que
é um poderoso meio de aproximação entre os povos e grupos sociais
existentes e de afirmação de sua identidade cultural.
Levaram em conta a sua importância social, econômica, cultural e política,
seu papel na história dos povos e seu legado cultural contemporâneo.
Ressaltou a natureza específica e a importância do folclore como parte
integrante do legado cultural viva.
Com isso a UNESCO reforça a relevância que o folclore tem na formação de um
país, mais que isso, a importância que ele tem a formação da relação de identidade
de uma população com seu país, estado, cidade e comunidade.
O folclore é o conhecimento que surge do povo de maneira espontânea. Está
presente nas nossas vidas, pois é parte constituinte da sociedade em que vivemos.
“Apesar de não percebermos, acompanha a nossa existência e tem grande
influência na nossa maneira de pensar, sentir e agir.” (Megale, 2001). Por meio da
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educação passa-se de geração em geração. Não por meio da educação formal,
escolar, mas por meio do aprendizado do dia-a-dia, na convivência com as outras
pessoas.
5. A VILA DE PONTA NEGRA
Figura 1: Vista Aérea da Vila de Ponta Negra antiga. Fotógrafo desconhecido
Figura2: Vista Aérea da Vila de Ponta Negra atualmente Fonte: Alex Fernandes, 15-04-2007. Blog SOS Ponta Negra .
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A Vila de Ponta Negra localiza-se na zona sul de Natal. Juntamente com o
Conjunto Ponta Negra e o Conjunto Alagamar formam o bairro de Ponta Negra. A
Vila é a parte do núcleo originário do bairro. Sua população era basicamente
constituída de pescadores que, além da pesca, cultivavam roçados, faziam carvão e
renda, mas com o advento do turismo no bairro esse cenário mudou.
Segundo Câmara Cascudo (1984), a vila teve sua ocupação iniciada no
período da chegada dos holandeses à costa norte-riograndense, no início do século
XVII, desencadeando a aglomeração urbana. Ponta Negra também foi ponto
estratégico para a defesa do território. O primeiro nome da localidade foi Cabo de
São Roque, possivelmente pela fé no santo. Depois passou a se chamar Ponta
Preta– graças à quantidade de pedras.
De acordo com Lisabete Coradini (2008) sabe-se que em 1635 o processo de
ocupação começou oficialmente. Vagarosamente a população foi se instalando no
bairro, em 1930 as construções apenas circundavam a igreja ou se localizavam na
praia. Foi a partir da década de 1940 que começou o desenvolvimento do bairro
com a chegada da energia elétrica, calçamento das ruas e outros equipamentos
urbanos. A partir dos anos sessenta a Vila passou a ser um local de veraneio e
passeio. Contudo, devido à falta de uma legislação urbanística ocorre a ocupação
irregular dos terrenos e construções sem qualquer planejamento. Contudo, o
desenvolvimento de fato acorreu a partir dos anos oitenta, com a transformação do
bairro em um dos principais pontos turísticos da cidade.
O espaço sofria seus primeiros sinais de transformação. Na orla, as casas de
veraneio se contrapunham às casas dos antigos moradores. As construções da Via
Costeira e da Avenida Engenheiro Roberto Freire permitiram o acesso mais rápido a
Vila e a aproximação com a cidade. Conseqüentemente, houve a valorização dos
terrenos e a consolidação do pequeno comércio à beira-mar, com vendas de
produtos como renda, pesca e artesanato. Com essas mudanças em 1983 a Vila já
possuía 500 casas e dois mil habitantes.
Nos anos de 1990, a prefeitura resolveu remodelar a orla. Construiu um
calçadão com quiosques e iluminação pública. As barracas foram removidas e deu-
se início à reurbanização da orla de Ponta Negra. A partir desse período todo o
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bairro sofreu modificações impulsionadas pela “turistificação”. Surgiram hotéis,
pousadas, e restaurantes. E, também, a verticalização dos prédios, a especulação
imobiliária, o turismo sexual, o tráfico de drogas e a prostituição.
Esse novo cenário tem provocado mudanças significativas na forma de viver
e de trabalhar daquela comunidade, além de mudanças na sociabilidade e no lazer
dos moradores. É possível verificar um número expressivo de hotéis, pousadas,
restaurantes, casas noturnas, albergues, locadoras de veículos e mercados surgindo
a cada dia naquela localidade.
Contudo, a Vila de Ponta Negra conseguiu preservar diversas características
da cultura tradicional do bairro. Ainda, é possível encontrar famílias de pescadores e
rendeiras, além de grupos folclóricos como pastoril, boi-de-reis, bambelô, lapinha,
congos de calçola e quadrilhas juninas. Esses grupos compostos em sua maioria por
descendentes das famílias tradicionais da comunidade fazem com que as novas
gerações possam compartilhar da cultura de seus pais e avós, e assim manter vivo o
caráter peculiar desse local.
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6. METODOLOGIA
O lazer envolve relações entre pessoas e de pessoas com o meio. A cultura
também envolve relações humanas. Dessa maneira, para analisar um fenômeno que
envolva cultura e lazer é necessária uma pesquisa profunda, que leve em
consideração todo o contexto onde está inserido. Pensando assim, esta pesquisa
caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa do tipo exploratório- descritiva, uma
vez que visou analisar e estabelecer relações entre todos os elementos envolvidos
com o objeto de estudo. Segundo Lakatos (2002), “é na pesquisa qualitativa que o
investigador entra em contato direto e prolongado com os indivíduos ou grupos
humanos, com o ambiente e a situação, permitindo assim um contato de perto com
os informantes...” Esse tipo de pesquisa permitiu ter um olhar mais íntimo em
relação ao fenômeno estudado e compreender melhor como ocorre o processo de
participação da população nos grupos.
O método de pesquisa utilizado foi à observação direta, o que permitiu
entender não somente os grupos, mas o ambiente onde eles se desenvolvem e a
relação que têm com o turismo. Já que nesse tipo de análise o estudioso tem um
contato direto com o objeto de pesquisa e pode analisá-lo dentro do contexto em
que está inserido, está se levando em consideração as relações dos indivíduos
existentes entre si e com o meio-ambiente.
A escolha da Vila de Ponta Negra, Natal/RN como unidade de análise se deu
por se tratar de um local onde a participação em grupos culturais é tida, entre outras
coisas, como uma forma de se obter lazer. Também por se tratar de uma
comunidade inserida dentro dos bairros de maior fluxo turístico da cidade.
Para uma melhor análise do fenômeno abordado neste estudo tomou-se
como universo os atores envolvidos direta ou indiretamente com os grupos culturais
do Pastoril “Estrela da Manhã na Melhor Idade”, Lapinha do Menino Deus e da
Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”, bem como turistas que estiveram visitando o
bairro durante a realização da pesquisa.
A coleta de dados se deu primeiramente pelo levantamento de fontes
primárias (livros, artigos, documentos) que pudessem colaborar com a pesquisa
conceitualmente, além de obter dados a respeito da história da comunidade, para
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que assim fosse possível compreender o contexto social onde os grupos estão
inseridos.
Posteriormente foi realizada a pesquisa in loco. Esta por sua vez teve que ser
dividida em três fases: primeiro foram realizadas entrevistas com os coordenadores
dos grupos para obter informações a respeito da origem destes, como o
conhecimento foi transmitido para os componentes e como estão organizados
atualmente; em seguida foram aplicados questionários, durante os meses de maio e
junho de 2011, com os componentes dos grupos, para assim poder traçar seu perfil
e identificar seus interesses ao participarem dos grupos, podendo assim estabelecer
se de fato essa prática dos moradores da vila poderia ser considerada como lazer.
Por fim, foram aplicados questionários com turistas na praia de Ponta Negra,
para obter informações que pudessem revelar qual a atratividade que as
manifestações folclóricas do bairro têm para os turistas que o visitam levando em
conta o formato que essas manifestações apresentam atualmente.
A amostra da analise referente aos grupos culturais foi obtida por meio da
fórmula para determinação do tamanho da amostra (n) com base na estimativa da
proporção populacional. Utilizando um grau de confiança de 95% e uma margem de
erro de 5%. Dessa forma foi obtido um numero de 7 questionários por grupo e uma
amostra total de 21 pessoas. Neste caso o universo considerado foi os participantes
de grupos culturais da Vila de Ponta Negra, sendo a população, especificamente, os
participantes da Lapinha do Menino Deus, do Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor
Idade e da Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”.
Já a amostra relacionada aos turistas foi obtida de forma arbitrária, devido à
impossibilidade de precisar o número de turistas que freqüentam a praia de Ponta
Negra, Natal/RN, e respectivamente o bairro de mesmo nome. Foram aplicados o
numero de 50 questionários ao longo da praia entre os dias 15 e 29 de maio de
2011.
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7. PASTORIL ESTRELA DO AMANHÃ NA MELHOR IDADE
O costume de se praticar danças folclóricas sempre fez parte da história da
Vila de Ponta Negra. Diversos grupos se formaram e acabaram, mas a tradição
permaneceu. Contudo, hoje em dia a origem dos grupos existentes atualmente,
principalmente os mais antigos, foi se perdendo. Está presente apenas na memória
dos seus componentes. Por isso, para se compreender como esses grupos são
utilizados como lazer pela população e se a maneira como se encontram hoje é
atrativa ou não para o turismo, é preciso primeiramente resgatar a história de cada
um deles.
Dentre os três grupos pesquisados o Pastoril é o mais antigo, fundado pela
Senhora Maria Helena Correia dos Prazeres, a cerca de 20 anos. É Composto por
20 participantes, 4 homens e 16 mulheres. Seu nome “Estrela da Manhã na Melhor
Idade”, revela não somente a faixa etária de seus componentes mas a busca por
uma vida melhor por parte de seus componentes.
O Grupo é uma alternativa de lazer para os idosos do bairro que possuem
poucos espaços destinados ao lazer. Eles vêem no pastoril e nos demais grupos
culturais uma forma de fugir da rotina diária, de se divertir, e de preservar a cultura
da comunidade, além de preservar sua própria história, que está intimamente ligada
às tradições culturais do bairro.
Dona Helena, como gosta de ser chamada a fundadora do grupo, é uma
moradora antiga do bairro. Ela conta que aprendeu a dançar o pastoril na escola
juntamente com outras integrantes do grupo. Mas com o passar do tempo o grupo
escolar acabou. Passaram-se muitos anos, os integrantes do antigo grupo escolar
casaram-se e constituíram suas famílias, até que, já com certa idade as amigas se
reuniram e decidiram criar um novo grupo, tendo-a como mestra. Foi então que
criaram o “Estrela do Amanhã”, resgatando assim a tradição de se dançar pastoril na
comunidade. Mantiveram o formato tradicional do grupo, narrando o caminho das
pastoras para encontrar o menino Jesus.
O Pastoril Estrela da Manhã na terceira idade é dividido em dois cordões, o
encarnado e o azul, e tem a Diana que representa a união dos dois cordões, além
de personagens como o palhaço, a borboleta e a florista. Dona Helena, fundadora e
26
mestra do pastoril, põem-se a frente do cordão encarnado e puxa as canções que
embalam as dançarinas e contam a história do caminho que as pastoras
percorreram até encontrar o menino Jesus.
Figura 3: Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor Idade. Fonte: Ricelly, 21-10-2008 Natal/RN
Figura 4: As belas meninas do pastoril da Vila de Ponta Negra. Fonte: Eugenio Bezerra, 6-04-2011 Natal/RN
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8. QUADRILHA JUNINA “VAI MEXER COM NÓS”
Dançar quadrilha sempre foi tradição no bairro de Ponta Negra, pessoas de
todas as idades se reuniam e de improviso ou com vários ensaios apresentavam-se
nos arraiás do bairro. Com o crescimento e valorização dos festivais de quadrilha
junina pelo Estado o que antes era brincadeira tornou-se algo mais sério. Surgiram
às quadrilhas estilizadas, e com suas coreografias e enredos conquistaram o
público. Na vila começou-se a tentar montar quadrilhas desse tipo mais devido à
origem humilde dos moradores do bairro e, sem apoio financeiro, os moradores do
bairro optaram por quadrilhas mescladas, e assim reinventaram o tradicional. Os
passos antigos ganharam uma nova roupagem, as roupas foram padronizadas, mas
manteve-se o livre estilo de dança. Cada participante inventa seu passo e o exibe
enquanto realiza as coreografias.
Dessa forma surgiu à quadrilha junina “Vai Mexer com Nós”, fundada em
2006 por Geovani Costa de Lima, até hoje presidente do grupo. A quadrilha possui
esse nome provocador devido a boatos surgidos na comunidade de que o fundador,
juntamente com mais dois amigos, não conseguiriam levar o grupo adiante. O nome
que inicialmente era uma resposta para os duvidosos entrou no gosto da
comunidade e dos componentes do grupo, perdurando até os dias atuais.
Atualmente a quadrilha é composta por 45 pessoas, entre diretoria e
dançarinos. O grupo se prepara ano após ano para participar dos festivais juninos
que ocorrem no Estado durante as festividades de São João, sem esquecer,
evidentemente, de prestigiar a comunidade, com apresentações em arraiás do
bairro. Se reinventando todos os anos faz por merecer o nome que tem
Figura 5: Quadrilha “Vai Mexer com Nós” apresentando-se no festival de quadrilhas juninas de Currais Novos/RN Fonte: Genilza Nascimento,Currais Novos/RN 06-06-2009
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Figura 6: Quadrilha “Vai Mexer com Nós” Fonte: Genilza Nascimento, Currais Novos/ RN 06-06-2009
9. LAPINHA DO MENINO DEUS
O grupo da Lapinha tem uma história um pouco diferente dos outros dois
grupos. Foi fundado em 2005 por Lucimar Ferreira dos Santos. Ela nasceu na
Paraíba em 1953, mas durante a infância mudou-se com a família para a Vila de
Ponta Negra. Onde fundou o grupo, com a peculiaridade de ser uma das ações
realizadas dentro do projeto “Protagonistas da Paz”, também fundado por ela em
1996. Segundo ela o projeto tem como objetivo fazer com que as crianças da
comunidade tenham uma oportunidade de obter cultura, conhecimento e lazer, e
dessa forma manter-se afastadas das drogas e da violência crescentes no bairro.
A senhora Lucimar tinha um desejo antigo de montar a lapinha no seu projeto
por dois motivos: primeiro por se tratar de uma tradição do bairro que estava sendo
esquecida, segundo por sua religiosidade, já que por se tratar de um presépio vivo, a
Lapinha seria uma forma de louvar a Deus.
Contudo, no início da formação do projeto Lucimar, enfrentou problemas para
conquistar a confiança e o respeito da comunidade. Uma vez que ela não é nativa
do bairro era tida como uma intrusa, alguém que queria entrar na comunidade fazer
parte de seus costumes e cultura sem fazer de fato parte dela. Aos poucos foi
alcançando seu espaço e acabou por conseguir o apoio do Mestre Pedro, respeitado
29
mestre do grupo dos congos de calçola da comunidade, que lhe ensinou o pastoril e
posteriormente a Lapinha.
Para montar a Lapinha ela teve muitas dificuldades, principalmente devido
muitas das canções entoadas durante as apresentações já terem sido esquecidas
pela comunidade. Então, com a ajuda das senhoras Zenilde e Lúcia, que haviam
dançado lapinha quando mais jovens, resgatou algumas músicas, o que lhe permitiu
fundar o grupo Lapinha do Menino Deus.
Figura 7: Crianças da Lapinha do Menino Deus apresentando-se na comunidade da Vila de Ponta Negra. Fonte: Ricelly, 21-10-2008 Natal/RN
Figura 8: Apresentação da Lapinha Do menino Deus na Vila de Ponta Negra. Fonte: Eugenio Bezerra, 06-04-2011
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Cada um dos três grupos possui uma história, características e objetivos
diferentes. No entanto, fazem parte da mesma comunidade, são compostos pela
mesma gente. Isso traz para a comunidade da Vila de Ponta Negra há uma
diversidade cultural relevante. Manter a origem desses grupos viva na memória e
registrada em documentos é uma forma de contribuir para a manutenção da cultura
do bairro e chamar atenção para eles. Não somente no que diz respeito à
população, mas também ao turista que visita a praia de Ponta Negra ou a
comunidade, e dessa forma contribuir para a valorização dessa prática.
10. O PERFIL DOS COMPONENTES DA LAPINHA, DA QUADRILHA JUNINA E
DO PASTORIL DA VILA DE PONTA NEGRA.
Apesar de pertencerem à mesma comunidade, cada um dos grupos possui
um contexto social particular e uma história de fundação diferente, e isso acaba por
definir o perfil das pessoas que irão compor o grupo. Da mesma forma que é
importante conhecer a origem de cada um dos grupos estudados também é
necessário conhecer as pessoas que se inserem em cada um deles e assim,
compreendê-los melhor.
Conhecer o perfil das pessoas que participam dos grupos culturais da Vila é
fundamental, pois são elas que vão definir as características do grupo, seus desejos
e sua história. Pires (2002, pg. 30) afirma que “cultura é um termo genérico, por isso
exige pleno conhecimento das pessoas que atuam diretamente nesse campo, ou
seja: Qual ou quais são os seus produtos: pesquisa, instrução, lazer? Tudo isso?
Nada disso?”
Para entender a cultura é preciso buscar entender as pessoas, o meio em que
estão inseridas e a forma como se comportam em relação ao grupo ao qual
participam. Por isso, nesta pesquisa buscou-se traçar um perfil dos participantes da
Lapinha, do Pastoril e da quadrilha Junina. Dessa forma entender melhor como se
compõem cada um desses grupos.
O Pastoril Estrela do Amanhã na Melhor Idade é o grupo mais antigo. É
composto por um grupo de senhoras e senhores acima dos 40 anos. Essas pessoas
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aprenderam a “brincar” pastoril quando crianças e depois de adultas resolveram
juntar-se e montar um grupo para reviver a história e divertir-se. 90% dos
entrevistados são nativas da comunidade, cresceram e estão vendo seus filhos e
netos crescerem na Vila de Ponta Negra. Estão observando as transformações
ocorridas no bairro ao longo dos anos. Mesmo diante das mudanças mantiveram
tradições vivas como a renda de bilro e a pesca artesanal.
Com uma renda mensal de 1 a 3 salários mínimos, sobrevivendo de
aposentadorias e trabalhos artesanais, buscam na tradição uma forma de lazer.
Esse tipo de pratica é frequente entre os idosos da comunidade, seja se inserindo
em grupos, seja através da religião ou da organização de viagens, buscando
manterem-se ativos socialmente. De acordo com Souza (2006) a apesar das
dificuldades enfrentadas no dia-a-dia os idosos não abrem mão do lazer.
Agindo dessa forma as senhoras e senhores do pastoril da Vila além de
manter a cultura da comunidade viva tornam-se participantes da vida social do bairro
e obtém o almejado lazer.
Já a quadrilha “Vai Mexer com Nós”, por se tratar de um grupo relativamente
novo se comparado ao pastoril, e com uma proposta diferente dos demais grupos
culturais da comunidade acaba por ser mais atrativo para pessoas mais jovens, na
faixa etária entre 12 e 25 anos. Eles são atraídos pela oportunidade de se
mostrarem para as pessoas, de fazer amigos, se divertirem e principalmente por ter
a oportunidade de viajarem pelo Estado, uma vez que o grupo participa de
apresentações em festivais juninos estaduais.
Como possuem uma renda familiar baixa os integrantes da quadrilha, em
muitos casos, não teriam condições financeiras de viajar pelo Estado se não
estivessem inseridos no grupo. Como 98% dos participantes entrevistados são
nativos da comunidade possuem o apoio dos familiares para dançar, pois seus
familiares, quando jovens, dançaram quadrilha. Os pais dos mais novos arcam com
as despesas de vestuário e alimentação. Já os mais velhos, além de arcarem com
os custos de seus figurinos, também ajudam na arrecadação de caixa por meio de
eventos desenvolvidos pelo grupo, como festas com musicas eletrônicas e pagodes
realizados no conselho comunitário do bairro.
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Na Lapinha do Menino Deus, por se tratar de uma ação do projeto social
“Protagonistas da Paz”, é composto por crianças de até 12 anos. Crianças essas
que estão sendo testemunhas da crescente violência do bairro. Justamente por
estarem à mercê do crime e das drogas são inseridas pelos pais ou pela fundadora
do grupo nesse projeto.
São crianças que moram na Vila de Ponta Negra, e não possuem atividades
fora do horário de escola. Uma vez inseridas no grupo, além de participar de
atividades culturais como a Lapinha, também realizam atividades esportivas como
futebol, e participam de momentos educativos, como palestras sobre drogas e têm
contato com outros projetos sociais. São crianças cuja renda familiar é baixa, e por
isso têm um acesso limitado ao lazer, vendo no projeto uma oportunidade de lazer,
de fazer amigos e, principalmente, de inserir-se em um grupo, e dessa forma,
afastar-se da realidade violenta da comunidade.
Como se pode notar cada um dos grupos é integrado por um perfil diferente
de indivíduos. Com realidades semelhantes, porém com épocas, histórias e
objetivos distintos. Por meio deles é possível ver diferentes gerações, cada uma
mostrando o que foi aprendido por ela dentro da comunidade. Essa variedade de
faixas etárias envolvidas na prática da participação em grupos culturais mantém a
cultura viva e se renovando a cada dia. A presença dos grupos possibilita uma
oportunidade de lazer para a população.
11. A UTILIZAÇÃO DOS GRUPOS CULTURAIS DA LAPINHA, QUADRILHA
JUNINA E PASTORIL DA VILA DE PONTA NEGRA COMO FORMA DE LAZER.
O lazer é, atualmente, fundamental para a qualidade de vida das pessoas. No
entanto os espaços de lazer cultural mais “comuns” como teatros, cinema, casas de
show e galerias se encontram muitas vezes fora do alcance das populações das
periferias. Cercados pelo descaso e com poucas oportunidades, muitas vezes, as
pessoas dessas áreas se refugiam no crime e na violência. De acordo com
Marcellino (2004), para minimizar atitudes desse tipo e contribuir para o
33
desenvolvimento de níveis mais criativos é preciso distribuir o espaço e o tempo
para o lazer e juntamente com isso realizar ações culturais.
Ele afirma que é preciso fazer uma verdadeira revolução cultural do lazer. Ou
seja, tornar o lazer acessível a todas as camadas sociais, utilizando a cultura como
um meio para isso. Dessa forma ao utilizá-la ao mesmo tempo estaria fazendo do
lazer um canal para difundi-la e educar as pessoas concretizando os valores sócio-
culturais.
Levando-se em consideração as características das atividades de lazer
elencadas por Camargo, ou seja, escolha pessoal, gratuidade, prazer e liberação, é
possível afirmar que na Vila de Ponta Negra ocorre à revolução cultural difundida por
Marcellino. Uma vez que a participação em um grupo cultural tornou-se um canal
para inserção do lazer no cotidiano dos moradores do bairro, democratizando-o e
educando-os em relação às tradições da comunidade.
Os dados obtidos na pesquisa reforçam isso. Eles mostraram que 80% das
pessoas participavam dos grupos para obter prazer. Contudo, mesmo os que
alegaram participar dos grupos para preservar a cultura, 20% no total, também
tinham essa prática como uma forma de obtenção do lazer. Os componentes não
recebem remuneração alguma, e todo o dinheiro obtido com alguma apresentação
fora do bairro é revertido para o próprio grupo. Além que a pessoa escolhe se vai
entrar no grupo, quanto tempo vai permanecer e em qual grupo quer entrar.
Esso fato revelou que cada vez mais a cultura vem sendo utilizada como um
meio de lazer para as pessoas, especialmente em comunidades carentes. Edmur
Antonio Stoppa, em seu artigo “Tá ligado Mano”, faz uma análise da utilização dos
grupos de hip hop como forma de lazer nas periferias de Guarulhos/SP. Ele mostra
como a participação em grupos culturais vem se tornando cada vez mais uma
alternativa de lazer para as populações das periferias das grandes cidades, além de
ser um meio para se debater e resistir aos problemas do cotidiano. Ele afirma que:
Como forma de resistir e encontrar alternativas para a periferia das cidades, as pessoas têm, cada vez mais, procurado soluções na formação de grupos de interesses, com a participação em ações comunitárias, em busca de saídas para os problemas vivenciados. A formação de grupos culturais, onde o lazer ocupa ponto central, é em
34
muitas ocasiões o tema que une as pessoas como caminho para a tentativa de minimizar tais questões. (STOPPA, 2005 pg. 13
Diante disto, pode-se afirmar que assim como em Guarulhos, na Vila de
Ponta Negra a participação em grupos culturais se tornou um caminho para alcançar
esse objetivo “ocasionando a construção de laços de identidade, de partilhas das
vivências cotidianas, onde o lazer poderia ser „utilizado‟ como canal para a mudança
de valores e possível construção da cidadania.” (STOPPA, 2005, pg. 13).
As mudanças estão ocorrendo, a forma de encarar o lazer vem mudando. E
cada vez mais o apelo cultural será sentido dentro desse campo. Novos valores
estão se incorporando à sociedade todos os dias, e o lazer contribui para essas
mudanças. “A despeito de todas as barreiras impostas pela estrutura social, ou
verificadas no plano cultural, o lazer vem se constituindo em objeto de reivindicação,
principalmente se considerarmos as populações urbanas.” (Marcellino, 2004 p. 80).
E a Vila de Ponta Negra de uma forma ou de outra se insere dentro desse contexto.
A participação em grupos culturais como lazer, traz uma nova perspectiva da relação
entre lazer e cultura.
12. A ATRATIVIDADE DOS GRUPOS CULTURAIS DA VILA DE PONTA NEGRA
JUNTO AOS TURISTAS QUE FREQUENTAM O BAIRRO.
O Turismo é um campo vasto, possui diversas vertentes, a econômica, social,
cultural e ambiental, mas, independente do ângulo que se analise ele possui um
princípio básico de que para haver turismo é preciso que pessoas saiam de seu local
de moradia para visitar outros lugares. De acordo com Pires (2002) As pessoas
viajam pelos mais diversos motivos, mas de uma forma ou de outra acabam
realizando turismo cultural, só não o fazem se não tiverem conhecimento ou se não
lhes for oferecido.
Isso condiz com os dados obtidos nesta pesquisa, apesar de o principal
motivo que leva as pessoas a viajarem para Natal/RN, em especial a Ponta Negra,
ser a praia. 100% dos entrevistados alegaram ter interesse em conhecer a cultura
35
local. No entanto, não o faziam por não terem conhecimento de grupos ou
manifestações culturais da cidade ou do bairro.
Outro fato importante revelado foi que 68% dos turistas que responderam aos
questionários alegaram preferir ver apresentações culturais em casas de show
especializadas em vez de fazê-lo na comunidade de origem do grupo ou de
apresentações exibidas no hotel onde estavam hospedados. Esse dado mostra que
os turistas têm uma preferência por manifestações culturais mais espetacularizadas.
Esse tipo de preferência faz com que grupos como os da Vila de Ponta Negra não
sejam atrativos para o turismo, uma vez que mantém as características mais
tradicionais de sua dança.
Isso faz com que em muitos casos, para se tornarem mais atrativos, os
grupos folclóricos de determinadas comunidades acabam adotando um caráter mais
espetacularizado. Foi o que ocorreu com o Maracatu Rural de Pernambuco, que se
transformou em um produto comercial para os turistas. Esse processo de
comercialização foi analisado por Sofia Araújo de Oliveira em artigo publicado pela
Revista Cultur. Ela afirma que “no caso de rituais e folguedos, é comum a
espetacularização para apresentação aos turistas. Estas manifestações são
deslocadas de seu contexto tradicional de produção para se apresentar em teatros,
hotéis e aeroportos.” (Oliveira, 2010 p.62). Assim, ao perder características mais
tradicionais e adotarem um caráter mais espetacularizado os grupos se tornam mais
atrativos aos olhos do turista.
Já no caso de Cachoeira/BA, analisado por Janio Roque Barros de Castro,
foram às festas juninas que perderam suas características tradicionais. Antes eram
realizadas nas ruas, acendiam-se fogueiras e os grupos culturais da comunidade
apresentavam-se. Com o passar do tempo elas adquiriram um caráter mais
moderno, com shows de forró, festivais de quadrilha e barracas para a venda de
alimentos. No entanto, os grupos culturais da cidade preservaram seus traços
tradicionais e contribuíram para as modificações nas festas juninas. Eles
enxergaram no evento uma forma de valorização e resgate da cultura local. Os
grupos fazem parte da programação e apresentam-se no “horário nobre”,
geralmente destinado às atrações principais.
36
Dessa forma, ao transformar uma tradição em espetáculo, os grupos culturais
de Cachoeira conseguiram uma alternativa para preservar-se e de revitalizar
tradições “adormecidas”. Dessa forma, conseguiram também dar uma maior
visibilidade para a cidade durante o período das festas juninas. O risco da
espetacularização das festas juninas atingir os grupos é evidente e gera diversas
criticas. Sobre essa realidade Jânio Roque afirma que:
Existem os perigos da cooptação turística de eventos culturais, por isso, tornaram-se recorrentes as críticas às mega-festas juninas que se constituiriam em “rolos compressores” da cultura local. Sabe-se que muitas manifestações culturais da atualidade se transformaram em pastiches folclorizados para “turista ver”, desaparecendo do cotidiano lúdico comunitário no período de baixo afluxo turístico em algumas localidades; entretanto, deve-se destacar que algumas pessoas perceberam que, através de determinadas manifestações culturais, pode-se auferir renda e, ao mesmo tempo, divertir-se com o exibicionismo de rua. (2009, pg. 13)
É claro que a cultura não é algo estático. Ela muda conforme mudam as
gerações e os contextos sociais. E dentro dessa realidade, para as manifestações
culturais sobreviverem muitas vezes tem que mudar a forma como se apresentam à
comunidade. Tem que tornar-se atrativa a cada dia. O turismo pode contribuir para
isso. Só que nem sempre a intervenção turística é positiva, ocorrem casos como o
do Maracatu Rural, onde a turistificação acaba descaracterizando a manifestação
cultural. E há casos onde a busca por uma maior visibilidade contribui para a
preservação dos grupos culturais, como ocorreu em Cachoeira/BA.
Há grupos na Vila de ponta Negra que mantêm as características bem
tradicionais como a lapinha e o pastoril. Outros mesclam o tradicional e o moderno
como é caso da quadrilha junina. Eles buscam o reconhecimento da população e
lutam por sua preservação. O turismo poderia contribuir para isso, contudo, a partir
dos dados obtidos, esses grupos, atualmente, não possuem visibilidade turística.
Essa realidade se dá em parte por falta de divulgação e por outro lado pela
maneira como se apresentam, por sua composição e estrutura. O turista que
freqüenta o bairro não sabe da presença desses grupos na comunidade, por se
tratar de grupos mais tradicionais com pouca estrutura e sem um local apropriado
para apresentações
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13. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os grupos culturais Lapinha do Menino Deus, Pastoril Estrela do Amanhã na
Melhor Idade e Quadrilha Junina “Vai Mexer com Nós”, da Vila de Ponta Negra,
possuem uma história particular, mas com raízes nas tradições culturais da
comunidade. Todos eles surgiram da vontade de reviver um costume adormecido. E
preservando a cultura os seus fundadores proporcionaram para os moradores do
bairro uma oportunidade de lazer que muitos não teriam devido às condições sociais
que possuem.
É interessante verificar que cada um dos grupos, seja por sua fundação ou
por sua composição, atrai uma faixa etária diferente. Essa peculiaridade permite que
gerações diferentes sejam inseridas dentro da cultura do bairro de maneira ativa,
mudando de grupo conforme sua idade. E dessa forma preservando as tradições da
comunidade.
Os integrantes dos grupos buscam se inserir nessas atividades,
principalmente, buscando uma forma de lazer. A busca pelo prazer e por fazer algo
fora da rotina os une. No entanto, não se esquecem da importância social de
preservação que cada grupo assume por se tratar de uma manifestação cultural.
Essa consciência preservacionista faz com que busquem manter as
características tradicionais da dança e o hábito de apresentar-se nas festividades da
comunidade. E devido a isso acabam por descaracterizar-se como atrativo turístico,
uma vez que os turistas, cada vez mais, buscam por manifestações culturais
espetacularizadas, apresentadas em casas de show especializadas ou em grandes
eventos.
Diante dessa realidade os grupos culturais se vêem diante de dois caminhos,
ou transformar-se em algo mais atrativo para o turista, abrindo mão de
características mais tradicionais, ou se manterem como são, mudando suas
características de forma natural, esperando serem valorizados pelo que são.
Mas, o importante é perceber que a participação em grupos culturais na Vila
de Ponta Negra, tornou-se uma forma de lazer para a população, que se viu
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oprimida pela expansão imobiliária e rápido crescimento do bairro. E compreender
que da maneira como estão constituídos e apresentam-se hoje esses grupos não se
caracterizam como atrativos para o turista que frequenta o bairro.
39
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