UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
JHONY OURIVES DO NASCIMENTO
AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE RENDIMENTO VOLUMÉTRICO DE
TORAS DAS ESPÉCIES Goupia glabra Aubl.; Qualea paraensis Ducke e ;
Trattinnickia burserifolia Mart.
SINOP
MATO GROSSO - BRASIL
2017
UIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
JHONY OURIVES DO NASCIMENTO
AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE RENDIMENTO VOLUMÉTRICO DE
TORAS DAS ESPÉCIES Goupia glabra Aubl.; Qualea paraensis Ducke e;
Trattinnickia burserifolia Mart.
Trabalho de Curso – TC, apresentado à
Universidade Federal de Mato Grosso -
UFMT - Campus de Sinop, como parte das
exigências do Curso de Engenharia Florestal.
Orientador: Jair Figueiredo do Carmo
SINOP
MATO GROSSO - BRASIL
2017
DEDICATÓRIA
Dedico essa conquista a minhas mães Vera Lucia Ourives do Nascimento e Gessy Alves
da Rocha, ao meu pai Jose Ourives do Nascimento, aos meus irmãos João Paulo do Nascimento
Lemos, Jose Ourives do Nascimento Filho e Thais do Nascimento Lemos, a minha sobrinha
Bruna Karla, e em especial ao meu irmão Raimundo Marques Ourives do Nascimento (in
memoriam) que hoje vive no céu, ao lado de Deus.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter sido minha força nos momentos mais difíceis, ter me proporcionado
felicidades quando eu estava triste, ter estendido proteção sobre todos os meus passos e feito
com que esse sonho se tornasse realidade.
A meu pai José Ourives, minhas mães Gessy Alves e Vera Lucia, meus irmãos José
Filho (Zezinho), João Paulo, Thais Nascimento e minha sobrinha Bruna Karla por serem meu
alicerce, por terem ajudado eu chegar até aqui e sempre terem acreditado no meu potencial.
A meu irmão Raimundo Marques, quando em vida sempre me motivando, e hoje
intercedendo por mim, lá do céu.
A minha namorada Maria Rozane, pela motivação, pelo companheirismo, pelos
conselhos e por ter proporcionado muitos momentos felizes durante a graduação.
Ao professor Jair Figueiredo, por ter aceito ser meu orientador, e ter colaborado o
máximo para que eu conseguisse realizar esse trabalho.
Ao meu amigo Engenheiro Florestal Luciano Berti, pela confiança depositada em mim,
e pelas diversas oportunidades de trabalho na minha área de formação.
Aos meus amigos conterrâneos de Itinga do Maranhão, Cristiane Ramalho, Eduardo
Almeida, Jonas e Janaina Ferreira, Lucas Correia e Max Weverton por toda força desde o início
da faculdade.
As amizades conquistadas no período de graduação: Ana Galani, Anderson Louback,
Abner Lazaro, Amauri Rosalino Jr., Caio e Caique Cavalcante, Cliviane Fidagoli, Felipe
Borges, Gean Marcos, Huerlis Carvalho, Gabrielly Santos, Jhonathan Andrade, Jhonatan
Batista, Jonas Amaral, José Resplandes, Leidivan Satelis, Matheus Teixeira, Pamella Souza,
Pedro Amon, Rodrigo Souza, Tiago Pádua, Wesley Ribeiro e Zilda Ramalho, muito obrigado
pela parceria galera.
Aos amigos dos grupos de orações JUSCA e Segue-me, por sempre estarem do meu
lado.
Aos meus amigos do grupo Cerrado Projetos Florestais, por toda confiança e
oportunidades oferecidas.
Aos amigos dos grupos “Madeira de lei” e “Os teteos”, obrigado por toda a parceria
galera!
A Universidade federal de Mato Grosso, pela oportunidade oferecida em fazer um curso
de nível superior.
Aos meus professores por todo os ensinamentos que eles me passaram, assim
contribuindo diretamente com meu futuro profissional.
A todos que participaram desse período em minha vida, e me ajudaram direta ou
indiretamente, meus sinceros agradecimentos.
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................ 10
ABSTRACT ............................................................................................................................ 11
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 12
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 13
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 16
2.1. Objetivo geral ................................................................................................................ 16
2.1. Objetivos específicos ..................................................................................................... 16
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ...................................................................................... 17
3.1. Setor de base florestal ................................................................................................ 17
3.2. Rendimento Volumétrico .......................................................................................... 19
3.3. Espécies utilizadas para fins madeireiros .................................................................. 21
3.4. Espécies utilizadas no estudo .................................................................................... 23
3.4.1. Qualea paraensis Ducke (Cambará) .................................................................... 23
3.4.2. Trattinnickia burserifolia Mart. (Amescla) .......................................................... 24
3.4.3. Goupia glabra Aubl (Cupiúba) ............................................................................ 24
4. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 25
4.1. Local do estudo .......................................................................................................... 25
4.1.1. Identificação dos maquinários .............................................................................. 25
4.2. Seleção das toras das espécies selecionadas .............................................................. 27
4.3. Determinação do volume das toras ............................................................................ 29
4.3.1. Diâmetro ............................................................................................................... 29
4.3.2. Comprimento ........................................................................................................ 30
4.3.3. Cubagem das toras ............................................................................................... 30
4.3.4. Processamento das toras ....................................................................................... 31
4.3.5. Determinação do volume da madeira serrada ...................................................... 33
4.3.6. Volume de madeira serrada .................................................................................. 33
4.3.7. Determinação do coeficiente de rendimento volumétrico (CRV) ........................ 34
4.3.8. Análise estatística .................................................................................................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 38
5.1. Volume das toras ....................................................................................................... 38
5.1.1. Madeira serrada .................................................................................................... 38
5.1.2. Coeficiente de Rendimento Volumétrico ............................................................. 42
5.1.3. Comparativo entre os rendimentos obtidos para as três espécies estudadas e a
proposição da Normativa .................................................................................................. 44
6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 47
7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 48
ANEXOS ................................................................................................................................. 51
Dados gerais da espécie Goupia glabra Aubl. ......................................................................... 51
Dados gerais da espécie Qualea paraensis Ducke. .................................................................. 52
Dados gerais da espécie Trattinnickia burserifolia Mart. ........................................................ 53
Ficha de campo utilizada para as três espécies em estudo ....................................................... 54
10
RESUMO
Com as alterações propostas pela Resolução do CONAMA sob o nº 474, de 6 de abril de 2016,
as indústrias madeireiras tiveram seu índice de rendimento reduzido de 45% para 35%, valor
este considerado baixo pelo setor de base florestal da região Amazônica. Partindo dessa
situação, este estudo teve como objetivo, avaliar o rendimento volumétrico de três espécies
florestais nativas brasileiras (Goupia glabra Aubl.; Qualea paraensis Ducke e; Trattinnickia
burserifolia Mart.), visando comparar estes com o rendimento estabelecido por lei. O estudo
foi realizado em uma serraria localizada na cidade de Sinop-MT, e foram selecionadas 8 toras
de cada espécie de forma aleatória. As mesmas tiveram seu volume calculado com posterior
acompanhamento do seu processamento. Após isso foram calculados o volume das madeiras
serradas, para obter-se o de rendimento volumétrico. Os valores dos índices de rendimento
encontrados no estudo foram: Goupia glabra Aubl.- 60,69%; Qualea paraensis Ducke –
60,05% e; Trattinnickia burserifolia Mart – 61,05%. Constatou-se que os índices de rendimento
estão superiores ao estabelecido pela Resolução do CONAMA, remetendo a uma perspectiva
de novos trabalhos com um número maior de espécies da Amazônia, levando em consideração
todos os aspectos que possam influenciar no rendimento em madeira serrada.
Palavras chaves: Processamento; Rendimento volumétrico; Industrias madeireiras.
11
ABSTRACT
With the changes proposed by CONAMA Resolution No. 474 of April 6, 2016, the timber
industries had their index yeld reduced from 45% to 35%, an amount considered low by the
forest-based sector of the Amazon region. The objective of this study was to evaluate the
volumetric yield of three native Brazilian forest species (Goupia glabra Aubl., Qualea paraensis
Ducke and Trattinnickia burserifolia Mart.), In order to compare them with the yield established
by law. The study was carried out in a sawmill located in the city of Sinop-MT, and 8 trunk of
each species were randomly selected. After that, the volume of the sawn timber was calculated
to obtain the volumetric yield . The values of the yield indices found in the study were: Goupia
glabra Aubl.- 60.69%; Qualea paraensis Ducke - 60.05% e; Trattinnickia burserifolia Mart -
61.05%. It was verified that the indexes of yield are superior to the one established by the
Resolution of CONAMA, referring to a perspective of new works with a greater number of
species of the Amazon, taking into account all the aspects that can influence the yield in sawn
wood.
Keywords: Processing; Volumetric yield; Timber industries.
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação da Amazônia legal
Figura 2: Principais espécies comercializadas entre os anos de 2009 à 2014.
Figura 3: Barracão de produção.
Figura 4: Serra fita vertical
Figura 5: Mesa de serra circular – Alinhadeira
Figura 6: Serra circular – Destopadeira.
Figura 7: Toras utilizadas em estudo da espécie Goupia glabra Aubl.
Figura 8: Toras utilizadas em estudo da espécie Qualea paraensis Ducke.
Figura 9: Toras utilizadas em estudo da espécie Trattinnickia burserifolia Mart.
Figura 10 - Mensuração dos diâmetros
Figura 11- Mensuração dos comprimentos
Figura 12 –Determinação do volume da tora em m³
Figura 13: Desdobro na serra fita, da tora 1 da espécie Goupia glabra Aubl.
Figura 14: Desdobro das peças de madeira na serra alinhadeira, da espécie Trattinnickia
burserifolia Mart.
Figura 15:Desdobro das peças de madeira na serra destopadeira, da espécie Qualea paraensis
Ducke.
Figura 16 - Peça de madeira serrada
Figura 17:Organização das peças produzidas por tora, após o processo de desdobro
Figura 18: Rendimento volumétrico médio das espécies deste estudo, em comparação com o
definido pela Resolução do CONAMA nº 474, de 6 de abril de 2016
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação do tipo de peça.
Tabela 2: Espécies florestais utilizadas em industrias madeireiras do estado de Mato Grosso.
Tabela 3: Volume encontrado entre as toras em estudo.
Tabela 4: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Goupia glabra Aubl.
Tabela 5: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Qualea paraensis Ducke.
Tabela 6: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Trattinnickia burserifolia
Mart.
Tabela 7: Rendimento encontrado entre as espécies
14
1. INTRODUÇÃO
O setor industrial madeireiro é de grande importância econômica e social para os
estados pertencentes à Amazônia Legal. No ano de 1987, esse setor gerou cerca de 250.000
empregos diretos e 800.000 empregos indiretos, e foi considerado como a segunda fonte
geradora de recursos no Brasil, perdendo apenas para o setor de mineração, em termos de
arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) pelos estados (TEREZO,
1990). Dentre os estados que compõe a Amazônia Legal, o estado de Mato Grosso destaca-se
no comercio madeireiro, contribuindo com 10% da arrecadação de impostos no estado
(SOUZA, 2000).
As serrarias que processam e transformam a matéria-prima, tora e torete em madeira
serrada no estado de Mato Grosso, é fiscalizada pela Secretaria de Estado e Meio Ambiente
(SEMA), onde a mesma estabelece um índice de aproveitamento dessa matéria-prima, com
intuito da redução da supressão da floresta nativa, como também um meio de fiscalização de
comercio ilegal no setor. O índice de aproveitamento estabelecido pelo CONAMA – Conselho
Nacional do Meio Ambiente, segundo a Resolução nº474, de 6 de abril de 2016, é de 35%, onde
esse valor pode ser alterado, quando feito o estudo do Coeficiente de Rendimento Volumétrico
(CRV), dirigido por um técnico competente (Engenheiro Florestal). Esse estudo, necessita
atender o que é solicitado pela legislação vigente, para que a empresa solicitante do CRV, possa
aumentar o rendimento, assim contribuindo com um melhor aproveitamento da matéria-prima
e consequentemente aumentando o lucro da empresa.
Em meios às dificuldades encontradas pelas indústrias madeireira, a presente
legislação determina o coeficiente de rendimento volumétrico igual para todas as espécies de
folhosas tropicais, não observando a diversidade entre as mesmas, representando em diferentes
CRV´s em função, além da própria espécie, de fatores como maquinário, mão de obra,
qualidade da tora, tipo de produto que está sendo gerado, apresentando valores diferentes aos
declarados na legislação ambiental. Aspectos econômicos e a dificuldade de obtenção da
matéria-prima, incentivam o empresário, a buscar formas que possibilitem a redução dos custos
de produção sem agredir a legislação ambiental, e se embasando na mesma, para melhor
adequação em relação ao seu processo prático de desdobro da tora.
A conversão eficiente da madeira e melhor rendimento em madeira serrada é de
interesse do empresário que busca a manutenção da faixa de lucro sobre seus produtos, além da
15
valorização dos recursos humanos presentes na indústria, o que pode repercutir em melhor
produtividade da empresa e conservação dos recursos florestais disponíveis.
16
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
O objetivo deste estudo é analisar o rendimento volumétrico em madeira serrada de três
espécies florestais nativas do Brasil (Goupia glabra Aubl. - Cupiúba; Qualea paraensis Ducke
- Cambará; Trattinnickia burserifolia Mart.- Amescla), em uma serraria localizada no
município de Sinop – MT.
2.1. Objetivos específicos
a) Comparar o rendimento volumétrico em madeira serrada proposto pelo CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente, para as referidas espécies;
b) Avaliar que aspectos podem influenciar no rendimento no desdobro volumétrico das
diferentes espécies florestais.
17
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
3.1.Setor de base florestal
Em todo o planeta, os recursos florestais tem uma enorme importância no cotidiano
humano, sendo como forma de energia, ou para as indústrias madeireiras ou de papel e celulose,
que fazem uso da matéria-prima. O Brasil apresenta uma enorme abundancia dos recursos
florestais, contudo, pelo fato do país ser um dos principais detentores desses ditos recursos, o
uso torna-se limitado.
Dentre os setores citados acima, as indústrias madeireiras recebem um destaque por
seus inúmeros benefícios econômicos que as mesmas atribuem, segundo o SNIF – Sistema
Nacional de Informações Florestais (2017), este setor teve uma enorme contribuição no Produto
Interno Bruto (PIB 2007) do Brasil, sendo que o comercio de madeira serrada, compensados e
produtos de maior valor agregado por US$ 2,9 bilhões, e o de móveis por US$ 1,05 bilhão.
Segundo Terezo (1990) no ano de 1987, o setor madeireiro gerou cerca de 250.000
empregos diretos e 800.000 indiretos em nosso país, deixando o setor com o segundo maior
gerador de empregos nacionalmente, ficando atrás apenas do setor de mineração. No ano de
2004, o setor gerou aproximadamente 380.000 de empregos, sendo 124.000 diretos
(processamento e exploração florestal), e 255.000 empregos indiretos. Cada um desses
empregos diretos gera 2,06 postos de trabalho relacionados à área comercial (venda de madeira
processada e de equipamentos para a indústria), marcenarias, transporte de madeira processada
e serviços especializados, como consultorias técnicas e manutenção de equipamentos (LETINI
et al. 2005).
Devido ao maior número de matéria-prima a disposição dos estados que compõe a
Amazônia legal (Figura 1), a concentração de industrias madeireiras nessa região é muito
grande, de acordo com os registros do IBAMA (2002), o número desse ano era de 3.358
empresas. Os estados que apresentam as maiores contribuições na produção de madeira é o Pará
(mais de 90% da produção regional), seguido por Rondônia (4,5%), e o Mato Grosso (3,3%),
assim tornando essa região com um potencial enorme (ROCHA, 2004).
18
Figura 1. Representação da Amazônia legal
Fonte: Portal da Amazônia, 2015.
Dentre os estados que compõe a Amazônia legal, no estado de Mato Grosso é
responsável por 33% da produção de madeira tropical, sendo ele um dos maiores consumidores
de madeira tropical do mundo (RIBEIRO, 2013).
O setor madeireiro do estado, ocupa o 10º (décimo) lugar em geração de emprego, e
no ano de 2000 apresentou o segundo maior volume comercializado, com US$ 77,6 milhões,
perdendo apenas para o “complexo soja”, atualmente o item mais importante do estado. No ano
seguinte (2001), o mercado madeireiro foi o que mais gerou empregos em todo o estado
(GARCIA, 2013). Outro fator importante que destaca a importância desse comercio no estado,
foi registrado pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de
Mato Grosso - CIPEM (até setembro de 2014) que contabilizou entre os anos 2013 e 2014,
cerca de 9.534.347.303m³ transportados e distribuídos em GFs (Guias Florestais). Dentre esse
volume, foi comercializado toras, madeiras serradas, réguas, palanque, cabos para ferramentas,
postes, madeiras beneficiadas, dentre outros SEFAZ (2012), citado por Ribeiro (2013).
19
3.2.Rendimento Volumétrico
O rendimento de toras em madeira serrada (ou índice de aproveitamento) é a relação
entre o volume de madeira serrada produzido e o volume das toras antes do desdobro, expresso
em porcentagem (TONINI, 2004).
O conhecimento do rendimento volumétrico das toras (matéria-prima), em madeira
serrada (produto), é um fator muito importante para o conhecimento da capacidade produtiva
de uma determinada indústria, sendo rendimento influenciado pela metodologia de desdobro,
maquinários e pela espécie trabalhada.
O rendimento volumétrico é influenciado por diversos fatores, Biasi (2005) ressalta
que a serra, a metodologia aplicada no processamento podem interferir diretamente no
rendimento. Além desses fatores citados, outros também influenciam nos rendimentos, como a
potência e tipo dos maquinários, layout fabril e principalmente a qualidade das toras.
O layout fabril está relacionado com a disposição das máquinas no interior da serraria,
as mesmas estarão que ficar em locais que facilitem o movimentação das toras e das madeiras
serradas (BATISTA, 2015).
Garcia et al. (2012), afirma que a qualidade das toras influencia diretamente no
processo desdobro da tora, enfatizando que toras que apresentam melhores qualidades, geram
uma quantidade de madeira serrada maior (consequentemente menor resíduos), assim somando
maiores lucros e reduzindo a quantidade de árvores abatidas. A qualidade da tora está ligada a
sua tortuosidade, conicidade, bifurcação, nós, protuberâncias, inclinação de grã, rachaduras,
anéis ondulados e tensões de crescimento (MARCHESAN, 2012).
Segundo Tsoumis (1991), citado por Marchesan (2012), o diâmetro das toras também
é um fator que influencia no rendimento, sendo toras com os diâmetros maiores apresentaram
maiores rendimentos.
O estado do maquinário, bem como o tipo de ferramenta de corte, são fatores que
afetam no rendimento das toras, de modo geral as serras circulares apresentam maiores
espessuras de cortes, quando comparadas com as serras fitas, isso refletindo em um maior
rendimento (SALVADOR, 2013). Além da qualidade dos maquinários, outro ponto importante
é a escolha de seus operadores, pois os mesmos estarão tomando decisões diariamente que irão
afetar no desempenho industrial (produtividade, qualidade, elevado índice de retrabalho), e
consequentemente nos lucros das empresa (MURARA JUNIOR, 2005).
20
Dentre os maquinários, a utilização de uma máquina inadequada para uma determinada
espécie, como também para determinado produto, comprometerá na produção. Gomide (1974),
considera que as toras que apresentam o rendimentos entre os valore de 45 à 55% são
considerado normais dentre as espécies de folhosas.
Segundo Garcia et al. (2012), muitas técnicas de produção estão sendo desenvolvidas nas
industrias madeireiras, afim de aumentar o rendimento, contudo esse rendimento ainda fica em
torno de 50%.
Para o IBAMA, segundo Freitas (2000), o aproveitamento das arvores pelas indústrias
madeireiras está em torno de 30 à 60%, variando entre empresas.
Mesmo com diversos estudos apontando um valor médio em torno de 50%, a
legislação vigente estabelece por meio da Instrução Normativa n°15, de 20 de maio de 2016,
como 35% o rendimento volumétrico para as empresas que não apresentarem estudos que
comprovem um rendimento superior. Estes estudos que comprovem o rendimento superior são
por meio do CRV (Coeficiente de Rendimento Volumétrico), onde o mesmo necessita ser feito
por um Engenheiro Florestal e terão que ser apresentados no prazo de 365 dias após a
publicação da Resolução CONAMA nº 474, de 06 de abril de 2016. O CRV é determinado pela
relação entre o volume da tora processada e o volume obtido de madeira serrada devidamente
comercializada (MMA, 2016).
Instrução Normativa nº 15. Art.2º. “Os empreendimentos que
obtiverem CRVs superiores a 35% deverão apresentar estudos
técnicos nos termos do § do 4° do art. 6° da Resolução n°
411/2009”.
A metodologia de estudo para determinação do coeficiente de rendimento, segue o
proposto pela Portaria nº 096, de 18 de junho de 2010 (discriminada no tópico 4 – MATERIAIS
E MÉTODOS).
Para os cálculos do rendimento de produção da madeira serrada, só serão aceita as
peças cujo seu comprimento seja superior a 80 cm, as inferiores são denominadas como peças
curtas, e são considerados materiais aproveitado de resíduos e não entram no cálculo, para
madeira serrada, porem caso o empresário queira contabilizar essas peças, o mesmo necessitará
também de um estudo de aproveitamento de resíduos.
21
Portaria nº 096 de 18 de junho 2010, Art. 9°. “A transformação
de material residual em desdobros de peças curtas, no sistema de
controle de produtos florestais SISFLORA do CC-SEMA, fica
condicionado à apresentação de um Laudo Técnico contendo
estudos de coeficiente de rendimento volumétrico, relatório
fotográfico e ART específica”.
A classificação do tipo de produto gerado (peças), segue a partir da Resolução nº 411,
de 6 de Maio de 2009, onde está representado abaixo (Tabela 1).
Tabela 1: Classificação do tipo de peça.
Nome Espessura (cm) Largura (cm)
Bloco, quadrado ou filé > 12 > 12
Pranchões > 7,0 > 20
Prancha 4,0 - 7,0 > 20
Viga > 4,0 11,0 - 20,0
Vigota 4,0 - 8,0 8,0 - 11,0
Caibro 4,0 - 8,0 5,0 - 8,0
Tábua 1,0 - 4,0 > 10,0
Sarrafo 2,0 - 4,0 2,0 - 10,0
Ripa < 2,0 < 10,0
3.3. Espécies utilizadas para fins madeireiros
O Brasil é o país onde se encontra a maior floresta tropical do mundo, rico em diversas
espécies florestais que desempenham vários papeis, seja ele econômico, social, ou ecológico.
Economicamente a floresta oferece várias formas de aquisição de renda, dentre fins madeireiro,
onde retira-se por meio de Plano de Manejo Florestal Sustentável as espécies que apresentem
características favoráveis para processamento. Em estudos feitos sobre a Amazônia legal, foi
constatado 3.000 espécies madeireiras, contudo há o aproveitamento nas indústrias de apenas
230, onde cerca de 80% da produção é mantida por aproximadamente 50 espécies.
Segundo Biasi (2005), algumas espécies não são utilizadas por industrias madeireiras,
por apresentarem características indesejáveis, tais elas: densidade, dureza, sílica, óleo, resinas,
resistência etc.
22
Outro fator importante na escolha da espécie, é se a mesma apresenta um bom valor
agregado, sendo ele interferido pelas características citadas acima, como também pelas
características estéticas, tais elas: cor; distribuição dos anéis de crescimento, grãs, etc.
Segue abaixo (Tabela 2), a lista com algumas espécies utilizadas nas industrias madeireiras no
estado de Mato Grosso (RIBEIRO et al. 2016).
Tabela 2: Espécies florestais utilizadas em industrias madeireiras do estado de Mato Grosso.
Espécies utilizadas em industrias madeireiras
Nome cientifico Nome vulgar
Apuleia sp. Garapeira
Aspidosperma sp. Peroba
Bagassa guianensis Tatajuba
Cedrelinga catenaeformis Cedro-rana
Cordia goeldiana Freijó
Dinizia excelsa Angelim vermelho
Dipteryx sp. Cumbarú
Erisma uncinatum Cedrinho
Goupia glabra Cupiúba
Hymenaea sp. Jatobá
Hymenolobium sp. Angelim pedra
Manikara sp. Maçaranduba
Mezilaurus itauba Itaúba
Ocotea sp Canelão
Peltogyne sp. Pau-roxo
Qualea sp. Cambará
Simarouba amara Marupá
Tabebuia sp. Ipê
Torresea acreana Cerejeira
Trattinickia sp. Amescla
As espécies que tiveram o maior uso no estado entre os anos de 2009 à 2014 segundo
o CIPEM (Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato
Grosso), foram: Amescla; Angelim; Cambará; Cedrinho; Cupiúba; Garapeira; Goiabão; Itaúba;
23
Ipê e Jatobá, sendo que dentre essas as que mais foram utilizadas pelo setor (nesse período que
foi avaliado) foram o Cedrinho, Cambará e a Itaúba. Para melhor representação, segue abaixo
no Figura 2, onde mostra a quantidade de anos que as mesmas estiveram presentes.
Figura 2: Principais espécies comercializadas entre os anos de 2009 à 2014.
3.4.Espécies utilizadas no estudo
3.4.1. Qualea paraensis Ducke (Cambará)
A espécie Qualea paraensis Ducke, conhecida popularmente como, cambará,
mandioqueira, mandioqueira-áspera, mandioqueira-vermelha, e etc. pertence a família das
Vochysiaceae, e tem a ocorrência em vários estados tais eles: Amazonas; Pará; Rondônia;
Roraima; Mato Grosso. Sua ocorrência também foi registrada em outros países, como a Guiana
Francesa, Peru e Colômbia.
A árvore tem a altura média de 10 à 15 metros, quando adulta, tendo sua copa
arredondada e rala. Tronco cilíndrico e ereto, e com casca com coloração cinza, com bastantes
rugas. Suas folhas são simples, opostas, totalmente glabras, presença de nervura broquidódroma
(coletora), de 5 à 10cm de comprimento e 3 à 5cm de largura. Seu fruto é em capsula lenhosa,
deiscente de superfície suavemente vermicosa e glabra, com o tamanho de aproximadamente
4cm.
Sua madeira é pesada, com densidade de 0,78 g/cm³, dura, grã irregular, com média
resistência mecânica e tem seu cerne distinto do alburno.
Os principais usos da espécie é para compensados, caixotaria, construção civil, para
instrumentos agrícolas, remos, canoas, esquadrias, cabo de ferramentas, etc.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Nú
mer
o d
e an
os
pre
sen
tes
24
3.4.2. Trattinnickia burserifolia Mart. (Amescla)
A espécie Trattinnickia burserifolia Mart, popularmente conhecida como Amescla,
Amesclão, breu, breu-preto, morcegueira, etc., pertence a família das burseraceae, e tem sua
ocorrência registrada nos estados: Amazonas; Acre; Amapá; Mato grosso; Pará e Rondônia.
Também registrada nos países vizinhos ao Brasil, como o Equador, Guiana, Guiana Francesa,
Suriname e Venezuela.
A arvore tem uma altura média quando adulta entre 8 à 16 metros, com fuste cilíndrico,
ritidoma sujo e áspero, e copa globosa. Suas folhas são alternas, compostas imparipinadas.
Folíolos coriáceos, em número de 5-9 rugosos e opostos. Fruto drupa ovoide e apiculada, glabra,
com polpa carnosa e adocicada, de cor roxa quando madura,
Os principais usos desta devida espécie são para: Construção civil, em geral (Cordões;
guarnições; rodapés; forros; lambris, etc.); Mobiliários (moveis estândar; partes internas de
moveis, podendo ser também para fins decorativos.); dentre outros usos (chapas de
compensados; laminas decorativas; embalagens, etc.).
3.4.3. Goupia glabra Aubl (Cupiúba)
A espécie Goupia glabra Aubl, vulgarmente conhecida como cupiúba, cupiúva,
peroba, peroba fedida, peroba bosta, etc., pertence a família Celastraceae, tem sua ocorrência
registrada nos estados: Amazonas; Acre; Amapá; Mato Grosso; Pará; e Rondônia. Também já
foi evidenciada em outros países, como Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e
Venezuela.
Esta devida espécie, chega a altura de 8 à 16m de altura, com copa globosa, e seu
tronco curto, cilíndrico e com casca grossa. Suas folhas são alternas, compostas imparipinadas,
com seu eixo comum (pecíolo e raque) de 15 à 25 cm de comprimento. Seu fruto é do tipo drupa
ovóide e apiculada, glabra, com poupa carnosa e adocicada, com sua colocação roxa quando o
mesmo se encontra maduro.
Sua madeira pesada com densidade de 0,87 g/cm³, dura, com textura média, grã
irregular, e tem seu odor desagradável.
Os principais usos são: construção civil (pontes, postes, mourões, cruzetas, esteios,
escoras); construção naval; cabos de ferramentas; transporte; embarcações; embalagens, e etc.
25
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1.Local do estudo
O devido estudo foi realizado em uma serraria no município de Sinop – MT (Figura
3), no mês de maio do ano de 2017, onde foi acompanhado o processamento das toras utilizadas
em estudo do rendimento volumétrico em madeira serrada. A determinação das espécies
utilizadas em estudo foi dada a partir da análise das principais espécies comercializadas no
estado de Mato Grosso, durante os anos de 2009 a 2014. A partir disso chegou-se a decisão de
estudo das espécies: Goupia glabra Aubl. – Cupiúba; Qualea paraensis Ducke. – Cambará;
Trattinnickia burserifolia Mart. – Amescla.
Figura 3: Barracão de produção.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
4.1.1. Identificação dos maquinários
A indústria madeireira onde foi realizado o estudo conta com as seguintes máquinas:
a) Conjunto de serra fita vertical (Figura 4), com as seguintes características: Ano de
fabricação 2013, Largura da lâmina da serra 17,8 cm; Volante de 110 cm de diâmetro;
Potência do motor principal 75 cv WEG; Potência do moto auxiliar (guincho) 7,5 cv
WEG; Potência do motor de avanço de 15cv WEG; Capacidade de produção diária (08
horas) de 40 m³ de madeira serrada; Fabricante IKL.
26
Figura 4: Serra fita vertical
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
b) Mesa de serra circular – Alinhadeira (Figura 5), com as seguintes características:
Diâmetro de serra 350 mm; Espessura do dente de corte 4,0 mm; Potência do motor 25
cv WEG; Capacidade de produção diária (08 horas) 40 m³ de madeira serrada; Ano de
fabricação – 2013; Fabricante – Metalúrgica MIL.
Figura 5: Mesa de serra circular – Alinhadeira.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
27
c) Serra circular – Destopadeira (Figura 6), com as seguintes característica: Diâmetro da
serra 350 mm; Espessura do dente de corte 4,0 mm; Potência do motor é de 25 cv WEG;
Capacidade de produção diária (08 horas) de 40 m³ de madeira serrada; Ano de
fabricação 2013; Fabricante – Metalúrgica MIL.
Figura 6: Serra circular – Destopadeira.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
4.2.Seleção das toras das espécies selecionadas
De acordo com a Portaria nº 096 de 18 de junho 2010, anexo I, foi adotado o processo
de amostragem aleatória simples;
Este processo requer que todas as combinações possíveis de (n)
unidades de amostra da população tenham igual chance de
participar da amostra. A seleção de cada unidade amostral deve ser
livre de qualquer escolha e totalmente independente da seleção das
demais unidades de amostra (SANQUETA et al, 2009).
Seguindo este princípio de amostragem, as toras de madeira foram selecionadas
aleatoriamente no pátio da empresa, sem nenhuma interferência tendenciosa pertinente a
população estudada. Observando o tamanho da população foi determinado o número mínimo
de amostras por meio de cálculos estatísticos.
As toras de madeira selecionadas foram agrupadas e numeradas em ordem para leitura
das medidas (figuras 7, 8 e 9), diâmetro e comprimento resultando na cubagem, pertinente a
28
cada tora, observando os critérios estabelecidos na Portaria nº 096 de 18 de junho de 2010, e
Resolução do CONAMA nº 411 de 2009. Para cada espécie em estudo, foi selecionada 8 toras.
Figura 7: Toras utilizadas em estudo da espécie Goupia glabra Aubl.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
Figura 8: Toras utilizadas em estudo da espécie Qualea paraensis Ducke.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
29
Figura 9: Toras utilizadas em estudo da espécie Trattinnickia burserifolia Mart.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
4.3. Determinação do volume das toras
4.3.1. Diâmetro
Para determinação do diâmetro, foram utilizadas as medidas no sentido transversal do
toro, coletando a medida maior e menor das duas extremidades conhecidas como “base e topo”,
desconsiderando a casca no ato da leitura e utilizando como unidade de medida o “centímetro”.
Segue figura 10 como exemplo:
Equação 1:
Db=[(d1+d2)/2]
Equação 2:
Dt=[(d3+d4)/2]
𝑑2 𝑑3
𝑑4
Figura 10 - Mensuração dos diâmetros
30
4.3.2. Comprimento
Para determinação das medidas, foram realizadas duas leituras longitudinais da tora,
respeitando o menor e maior comprimento. De posse das leituras, encontra-se a média do
comprimento, utilizando-se do “metro” como unidade de medida. Segue figura 11 como
exemplo:
Equação 3:
𝐿 = [(𝐿1 + 𝐿2)/2]
4.3.3. Cubagem das toras
Conforme exposto na Portaria nº 096 de 18 de junho de 2010, para cubagem das toras,
foi adotado o método geométrico, utilizando a equação de Smalian (equação 4), tendo como
base o diâmetro e comprimento da tora.
Equação 4:
V=[(d
b2 .
π
4)+(d
t2.π
4)]
2.L Ou 𝑉 = 0,7854. [
𝐷𝑏+𝐷𝑡
2]
2
. 𝐿
V = volume em m3; L = Comprimento, equação 3, tendo como unidade “metro”; db = Diâmetro
da base da tora em metro (obtido a partir da média do maior e menor diâmetro na seção – em
𝐿2𝑑1
𝐿1
Figura 11- Mensuração dos comprimentos
𝑑1
𝑑2 𝑑3
𝑑4
Figura 12 –Determinação do volume da tora em m³
𝐿1
𝐿2
31
cruz, equação 1); dt = Diâmetro do topo da tora em metro (obtido a partir da média do maior e
menor diâmetro na seção – em cruz, equação 2);
Para os cálculos será utilizado planilha eletrônica Excel, para formatação das fórmulas e
determinação dos resultados.
4.3.4. Processamento das toras
A princípio as toras utilizadas no estudo, foram colocadas no estaleiro para dar-se
início ao processamento, posteriormente iniciou-se o desdobro com as toras passando pela serra
fita (Figura 13), e seguindo para a mesa de serra circular alinhadeira (Figura 14).
Figura 13: Desdobro na serra fita, da tora 1 da espécie Goupia glabra Aubl.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
32
Figura 14: Desdobro das peças de madeira na serra alinhadeira, da espécie Trattinnickia burserifolia Mart.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
A partir da serra alinhadeira, é determinado a largura das peças, sendo uma
característica para determinação de qual produto se trata. Por último, as peças chegam na serra
circular destopadeira e recebem o último corte (Figura 15), onde determina o comprimento de
cada peça.
Figura 15:Desdobro das peças de madeira na serra destopadeira, da espécie Qualea paraensis Ducke.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
33
4.3.5. Determinação do volume da madeira serrada
Para cálculo do volume de madeira serrada, foi observado as medidas de espessura,
largura e comprimento de cada peça de madeira gerada compreendidas a cada tora. Conforme
Figura 16, será a leitura dos dados, seguindo a unidade de “metros” sendo aplicados os valores
de acordo com a equação 5, determinando o volume da peça de madeira.
Equação 5:
V = E. L. C
Onde observa-se:
V = volume em m3; L = largura em metros; C = comprimento em metros; E = espessura em
metros;
Segue em anexo planilha eletrônica com os respectivos dados coletados.
4.3.6. Volume de madeira serrada
Agrupando e somando os volumes de cada peça de madeira produzida (equação 5), foi
obtido o volume de madeira serrada produzida em relação a respectiva tora.
E
C
L
Figura 16 - Peça de madeira serrada
34
4.3.7. Determinação do coeficiente de rendimento volumétrico (CRV)
O rendimento volumétrico é a relação entre o volume produzido de madeira serrada e
o volume da tora utilizado para esta geração expresso em porcentagem.
Segundo Vital (2008), o rendimento volumétrico por tora pode ser expressado pela
equação 6:
Equação 6:
R =M
Tx100
Em que:
R – rendimento em porcentagem de madeira serrada; M - volume de madeira serrada em m³; T
– volume da tora em m³.
4.3.8. Análise estatística
a) Estatística descritiva
A realização deste trabalho será associada à teoria de amostragem. A amostragem
permite que a medição de apenas parte de uma população forneça informações que possibilite
inferir sobre o todo, com grau aceitável de precisão, dentro de um nível de probabilidade
previamente especificada.
O presente trabalho foi conduzido por amostragem aleatória com um limite de erro
máximo de 10% (LE = 10%) sobre o valor médio do CRV, com probabilidade de 95% para o
intervalo de confiança. A análise estatística utilizada neste processo amostral foi orientada
através das seguintes expressões:
35
b) Média Aritmética
Equação 7:
n
yy
n
ii
1
Onde:
y = Coeficiente de Rendimento Volumétrico médio; yi= Coeficiente de Rendimento
Volumétrico de cada amostra; n= tamanho da amostra.
c) Variância
Equação 8:
1
2
1
1
2
2
n
n
y
y
yS
n
i
in
i
i
Onde:
s² = Variância; yi= Coeficiente de Rendimento Volumétrico de cada amostra; n=
tamanho da amostra.
d) Desvio padrão
Equação 9:
2ss ou 1
2
1
1
2
n
n
y
y
yS
n
i
in
i
i
Onde:
s = Desvio padrão; yi= Coeficiente de Rendimento Volumétrico de cada amostra; n= tamanho
da amostra; s² = Variância.
36
e) Erro padrão da média
Equação 10:
sS
Onde:
s = Desvio padrão;
f) Coeficiente de Variação
Equação 11:
100*y
sCV
Onde:
CV= Coeficiente de variação; s = Desvio padrão; y = Coeficiente de Rendimento Volumétrico
.médio
g) População
Segundo Sanquetta, 2009, a intensidade amostral pode ser definida conforme equação
12:
Equação 12:
N
nf
Em que:
f = fração da amostragem; n = tamanho da amostra; N = população;
Se o fator de correção ( f1 ) ≥ 0,98; a população é considerada infinita.
Se o fator de correção ( f1 ) < 0,98; a população é considerada finita.
37
h) Para intensidade amostral com população finita
Equação 13:
N
CVtE
CVtn
222
22
*%
*
Onde:
n = intensidade amostral; N= número da população; t = valor de probabilidade de Student; CV
= Coeficiente de variação; E= fator representado pelo produto do limite de erro, no caso igual
a 10%.
i) Intervalo de Confiança
Equação 15:
n
styIC
Onde:
IC= Intervalo de confiança; S = desvio padrão; y = Coeficiente de Rendimento Volumétrico
médio; n = tamanho da amostra; t= valor de probabilidade de Student (nível de confiança de
95%).
Conforme resolução n°. 411 do CONAMA, foi determinado o intervalo de confiança ao nível
de 95% de probabilidade com limites inferior e superior que o CRV pode apresentar para
determinada espécie.
38
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização dos estudos na serraria, bem como o processamento dos dados
coletados, chegou-se aos resultados descritos abaixo.
5.1.Volume das toras
Fazendo uso da metodologia exigida pela Portaria nº 096 de 18 de junho de 2010 para
determinação do volume das toras a serem processadas, chegou-se a esses valores descritos na
Tabela 3 abaixo.
Tabela 3: Volume encontrado entre as toras em estudo.
Goupia glabra Qualea paraensis Trattinnickia burserifolia
Volume médio (m³) 1,09688 1,57255 2,06581
Volume máximo (m³) 2,49908 2,57781 4,12148
Volume mínimo (m³) 0,47095 0,91794 0,94265
Desvio Padrão 0,48413 0,56568 0,95895
Coeficiente de variação 44,13698 35,97241 46,42003
As dimensões das toras são fatores que influenciam fortemente no volume das
mesmas, e foi possível notar a partir da análise apresentada na Tabela 3, que foram utilizadas
no estudo toras com diversas características quantitativas (volume). As espécies G glabra e T.
burserifolia apresentaram coeficiente de variação superior à 40% sendo caracterizadas como
espécies “Muito Heterogêneas” quanto as dimensões utilizadas pela empresa, já a espécie Q.
paraenses apresentou CV menor que 40% (30% < CV ≤ 40%) indicando ser uma espécie
“Heterogênea” quanto as suas dimensões. Deste modo foi respeitada o que estabelece a
legislação, no que se refere a seleção de amostras modo aleatório na questão das dimensões das
toras selecionadas.
5.1.1. Madeira serrada
As peças de madeiras produzidas durante o estudo apresentaram várias dimensões,
sendo descritas em anexo para cada tora analisada. Em resumo, obteve-se diversos tipos de
peças em cada tora, com variadas dimensões entre largura, espessura e comprimento,
classificadas de acordo com a legislação.
39
Todas as peças produzidas de cada tora, foram cuidadosamente separadas conforme
mostra a Figura 17, para que as mesmas não se misturassem e assim ocasiona-se erros no
momento da realização dos cálculos de volume de produzido.
Figura 17:Organização das peças produzidas por tora, após o processo de desdobro.
Fonte: Jhony Ourives do Nascimento, 2017.
Abaixo, nas tabelas seguem todos os tipos de produtos que foram gerados de forma
geral no estudo.
Tabela4: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Goupia glabra Aubl.
Classificação
Portaria 096/2010
Medidas coletadas no estudo de forma geral
Espessura (m) Largura (m) Comprimento
(m)
Caibro 0,050 0,050 >0,80
Vigota 0,050 0,110 >0,80
Viga 0,050 0,150 >0,80
Viga 0,050 0,200 >0,80
Viga 0,080 0,150 >0,80
Viga 0,080 0,200 >0,80
Da espécie G. glabra, foram gerados 3 tipos de produtos, como mostra na tabela acima,
onde obteve-se a maior quantidade de caibros (118 peças) seguido da vigota (90 peças) e a viga
(86 peças). A tora que gerou mais produtos foi a 8, onde foi produzido 28 caibros, 21 vigas e
40
25 vigotas, totalizando assim 74 peças, a tora que obteve a menor quantidade de peças foi a tora
4, onde a mesma obteve 6 caibro, 4 vigas e 8 vigotas, totalizando assim 18 peças.
Mesmo produzindo apenas três tipos de produtos, foram gerado peças com diversas
dimensões, como mostra na tabela acima (Tabela 6), isso influenciado pelas dimensões das
toras como também pelas características qualitativas das mesmas (rachaduras, tortuosidade e
oco). Na tora oito como já relatado foi a que apresentou a maior quantidade de peças, a mesma
também foi a que obteve as maiores dimensões, contudo esperava-se uma quantidade ainda
maior pelo fato de seu volume obtido, expectativa não superada por conta da mesma apresentar
defeitos qualitativos (tortuosidade), assim influenciando em seu rendimento.
Tabela 5: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Qualea paraensis Ducke.
Classificação
Portaria 096/2010
Medidas coletadas no estudo de forma geral
Espessura (m) Largura (m) Comprimento (m)
Sarrafo 0,025 0,050 >0,80
Sarrafo 0,030 0,050 >0,80
Sarrafo 0,020 0,050 >0,80
Sarrafo 0,035 0,100 >0,80
Tábua 0,035 0,110 >0,80
Tábua 0,025 0,150 >0,80
Tábua 0,035 0,150 >0,80
Tábua 0,025 0,200 >0,80
Tábua 0,025 0,250 >0,80
Tábua 0,025 0,300 >0,80
Tábua 0,035 0,300 >0,80
Tábua 0,035 0,320 >0,80
Tábua 0,035 0,320 >0,80
Tábua 0,035 0,330 >0,80
Tábua 0,035 0,350 >0,80
Tábua 0,025 0,400 >0,80
Tábua 0,035 0,410 >0,80
Tábua 0,035 0,480 >0,80
Caibro 0,050 0,050 >0,80
Vigota 0,050 0,100 >0,80
Viga 0,050 0,150 >0,80
41
As toras que apresentaram a maior quantidade de produtos gerados, foi da espécie Q.
paraensis, como mostra na tabela acima (Tabela 5), foram gerados 5 tipos de produtos (Sarrafo,
Tábua, Caibro, Vigota e Viga), os mesmos distribuídos em diferentes dimensões, como também
em quantidades diferentes.
Algumas das toras dessa espécie, não foi possível gerar a mesma quantidade de
produtos, apenas nas toras 3 e 4 foi gerado todos os tipos, nas demais foram gerados 4 tipos,
sendo a viga esse produto que não teve ocorrência.
A tora que obteve a maior quantidade de peças, foi a 4 com 39 vigotas, 14 caibros, 13
tábuas, 13 sarrafos e 1 viga, isso justificado pelas grandes dimensões dessa tora, sendo essa a
que foi encontrado o maior volume dentre as demais utilizadas. A que teve a menor quantidade
de peças, foi a tora 6, isso por conta de seu volume ter sido um dos menores, dentre as toras
utilizadas.
Tabela 6: Tipos de produtos gerados no estudo, pertencente a espécie Trattinnickia burserifolia Mart.
Classificação
Portaria 096/2010
Medidas coletadas no estudo de forma geral
Espessura (m) Largura (m) Comprimento (m)
Sarrafo 0,030 0,100 >0,80
Sarrafo 0,026 0,100 >0,80
Sarrafo 0,025 0,100 >0,80
Tábua 0,025 0,560 >0,80
Tábua 0,025 0,400 >0,80
Tábua 0,025 0,160 >0,80
Tábua 0,025 0,200 >0,80
Tábua 0,025 0,250 >0,80
Tábua 0,025 0,300 >0,80
Tábua 0,026 0,580 >0,80
Tábua 0,025 0,150 >0,80
Tábua 0,025 0,180 >0,80
Tábua 0,025 0,120 >0,80
Tábua 0,025 0,155 >0,80
42
Como mostra na tabela acima (Tabela 6), foram gerados apenas dois tipos de produtos,
sendo esses apresentando uma grande diversidade de dimensões. Como já esperado, as toras da
espécie T. burserifolia, foi a que gerou a maior quantidade de produtos, isso pelo fato das toras
que foram usadas por essa espécie ter sido as que tiveram os maiores volumes, como também
os produtos gerados serem os que tem as menores dimensões.
Dentre as toras dessa espécie, a que produziu a maior quantidade de peças foi a tora 3,
resultado justificado pelo grande volume que a mesma tinha, a mesma gerou 116 peças, sendo
essas 87 tábuas e 29 sarrafos.
5.1.2. Coeficiente de Rendimento Volumétrico
Segue abaixo nas tabelas Tabela 7, o coeficiente de rendimento volumétrico para cada
espécie analisada no devido estudo, onde foi utilizado o Microsoft Excel para chegar os devidos
resultados.
Tabela 7: Rendimento encontrado entre as espécies
Espécie
Goupia glabra Qualea paraensis Trattinnickia burserifolia
C.R.V. médio (m³) 60,69 60,05 61,05
C.R.V. máximo (m³) 68,20 67,88 75,94
C.R.V. mínimo (m³) 50,66 51,20 49,91
Desvio Padrão 6,70 5,70 8,60
Coeficiente de variação 11,00 9,50 14,10
a) Goupia glabra
Os valores de rendimentos encontrados entre as toras da espécie Goupia glabra, não
apresentaram diferenças estatisticamente significantes, todos os critérios que a legislação
estabelece foram devidamente respeitados. O coeficiente de variação encontrado, mostra que
os valores entre as toras não se diferem muito, sendo assim classificado como “homogêneos”
(10% < CV ≤20%). O tamanho ideal da população para esse devida espécie, foi de 5 amostras,
como foi utilizado 8 amostras no estudo, o número foi estatisticamente atendido como também
significativos.
A tora que obteve o melhor rendimento foi a tora 1, contudo a mesma não foi a que tinha
o maior volume, porém como essa tora apresentou baixa conicidade, e tinha um formato bem
cilíndrico, assim afetando significativamente e positivamente em seu rendimento. Conicidade
é a redução do diâmetro ao longo do tronco, e segundo Vital (2008), uma tora que apresenta
43
grande conicidade, terá grande quantidade de resíduo, modificações em suas propriedades
físicas e mecânicas e consequente baixo rendimento.
A tora que apresentava o maior volume era 8, contudo ela foi a que obteve o segundo
menor rendimento (51,84%), isso pelo fato de apresentar problemas qualitativos ao longo da
mesma, sendo esse: bastante tortuosidade. A tortuosidade ocorre nas arvores por contas de
fatores genéticos, crescimento em solos ou condições climáticas desfavoráveis, quando ocorre
esse problema na tora, influencia diretamente nos comprimentos das peças a serem geradas,
desse modo aumentando a quantidade de resíduos e diminuído consequentemente seu
rendimento em madeira serrada (VITAL, 2008).
b) Qualea paraensis
O indicie de rendimento volumétrico em madeira serrada para a devida espécie, como
mostra na tabela acima, foi de 60,05 %, onde seu coeficiente de variação ficou baixo, e os
valores encontrados em cada tora da espécie não apresentaram-se dispersos, sendo assim o
mesmo ficou classificado como “Muito homogêneo” (CV ≤ 10%), isso mostrou que mesmo
com diversas características quali-quantitativas vistas entre as toras (Tortuosidade, rachadura
e conicidade), os valores de rendimentos não apresentaram diferenças significantes.
Utilizando um intervalo de confiança ao nível de 10%, o número ideal de amostras para
esse devido estudo seria 6, contudo foram utilizado 8 amostras nesse estudo, assim atendendo
a legislação, como também os critérios estatísticos.
c) Trattinnickia burserifolia
A espécie que obteve o maior rendimento entre as utilizadas nesse estudo foi a T.
burserifolia, apresentando um indicie médio de 61,05%, isso justificado pelo fato da grande
quantidade de produtos gerados, e a baixa quantidade de resíduos.
A quantidade de resíduos foi menor, pelo fato da dimensões dos produtos serem
pequenas (quando comparados com outros produtos), assim colaborando com o maior
aproveitamento do tora, e consequentemente reduzindo os desperdícios.
Seu desvio padrão e consequentemente seu CV, ficaram relativamente altos quando
comparados com os valores encontrados nas outras espécies desse estudo, seus valores ficaram
classificados como “homogêneos” entre eles (10% < CV ≤20%), e a quantidade de amostras
44
utilizadas foi o suficiente, como mostrou no cálculo do tamanho da população ideal para a
espécie (8 amostras).
5.1.3. Comparativo entre os rendimentos obtidos para as três espécies estudadas e a
proposição da Normativa
Na Figura 18, observa-se o comparativo entre o rendimento encontrado para cada
espécie, comparados com o rendimento determinado pela Resolução do CONAMA, nº 474 de
6 de abril de 2016.
Figura 18: Rendimento volumétrico médio das espécies deste estudo, em comparação com o definido pela Resolução do CONAMA nº 474, de 6 de abril de 2016
Como pode ser observado, as toras avaliadas apresentaram valores superiores ao
proposto pela Resolução do CONAMA n°474/2016, onde se observa que a média do
rendimento entre as três espécies avaliadas ficaram relativamente próximos, sendo que a
Amescla apresentou uma ligeira superioridade comparativamente com as outra duas espécies.
Em outros estudos sobre rendimento de toras em madeira serrada, também foi notado
valores superiores ao autorizado atualmente, como foi no estudo de Biasi (2005), que avaliou
três espécies florestais (Erisma uncinatum –Cedrinho; Qualea albiflora – Cambará e;
Mezilaurus itauba - Itaúba), sendo este de 59,84% (Cedrinho); 62,63% (Cambará) e; 53,90
(Itaúba), sendo estes semelhantes aos encontrados neste estudo.
0
20
40
60
80
Goupia glabra Qualea
paraensis
Trattinnickia
burserifolia
RESOLUÇÃO
nº 474
60,69 60,05 61,05
35,00
Comparativo entre os rendimentos encontrados e
o estabelecido pela legislação.
45
Em um estudo realizado por Melo et. al (2016), em uma serraria localizada no
município de Sorriso – MT, onde o mesmo avaliou a influência do diâmetro no rendimento em
madeira serrada de Cambará (Qualea sp.), encontrou um aproveitamento médio da madeira
serrada de 52,18%.
Oliveira (2014), citado por Paixão et al. (2014), ao realizar um trabalho em uma
serraria de pequeno porte no município de Rolim de Moura – RO, encontrou o rendimento
volumétrico médio para espécies nativas de 60,4 %.
No estudo realizado por Tonini & Ferreira (2004), com a mesma finalidade desse
devido estudo (rendimento em madeira serrada) para as espécies Cupiuba (Goupia glabra),
Caferana (Erisma uncinatum) e Angelim-pedra (Dinizia excelsa), chegaram aos respectivos
valores 51,93%, 60,89% e 66,20 %. Os valores encontrados por esses pesquisadores também
tiveram uma semelhança considerável, assim deixando mais nítido os valores médios
encontrados no processamento das toras nas serrarias.
Oliveira et al. (2003) realizando um estudo no município de Jaru – RO, onde o mesmo
avaliou o rendimento volumétrico de toras de 15 espécies tropicais em 3 serrarias da cidade, ele
encontrou o valor médio de rendimento dentre as serrarias de 60,84%, isso mostra que mesmo
em diferentes locais de produção, como também diferentes espécies, o rendimento não é tão
baixo, como está sendo proposto por lei.
Angelo et al. (2004), realizou também um estudo no município de Sinop, onde o
mesmo avaliou o rendimento volumétrico de11 espécies tropicais, dentre essas estão a Goupia
glabra Aubl, e a Trattinnickia burserifolia Mart, que apresentou os rendimentos
respectivamente de 61,90 e 60,00%.
Iwakiri (1990), ao avaliar o rendimento volumétrico de 20 espécies amazônica,
encontrou valores médios variando de 41,9% a 61,8%, com a média entre as espécies estudadas
de 52,3%
Piovesan et al. (2013), ao avaliar o rendimento volumétrico em madeira serrada para
a espécie Handroanthus sp. (Ipê), em uma serraria localizada no município de Uruará – PA,
encontrou o valor médio de 49,91%, onde o mesmo também na ocasião destacou que o valor
era superior ao proposto pela lei que estava em vigor (Resolução nº 411 de 06 de maio de 2009
do CONAMA), que a mesma estabelecia 45%.
46
Mesmo com diversos fatores que podem influenciar no rendimento volumétrico das
toras em madeira serrada, podendo levar a um valor baixo ou alto de rendimento, os valores
autorizados por lei está bem abaixo com a realidade dos encontrados nas serrarias, isso foi
notado nesse estudo atual, e em outros como citados acima, que foram realizados em locais
diferentes e com outras espécies.
47
6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Os valores de rendimento volumétrico encontrados para as espécies Goupia glabra,
Qualea paraensis e Trattinnickia burserifolia, foram superiores a 60%. Estes valores são
superiores ao indicado pelo CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da
Resolução nº 474 de 06 de abril de 2016, que prevê rendimento na ordem de 35%;
A escolha das toras para as três espécies obedeceu a um critério aleatório, porém
sabendo da forte influência da qualidade da tora no rendimento volumétrico, sugere-se novos
trabalhos onde se defina claramente a qualidade das toras avaliadas, de forma a indicar com
mais propriedade o rendimento volumétrico dentro das diferentes classes de qualidade de tora,
bem como um valor médio para as diferentes classes.
48
7. REFERÊNCIAS
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VITAL, Benedito Rocha, Planejamento e operação de serrarias. Viçosa: UFV, 2008.
51
ANEXOS
Dados gerais da espécie Goupia glabra Aubl.
Quadro estatístico
Total de toras da amostra: 8
Média do rendimento 60,69
Variância 44,4
Desvio Padrão 6,7
Erro Padrão da Média 2,6
Coeficiente de Variação 11,0 Homogênea
Muito Homogenênea CV ≤ 10%
Homogenênea 10% < CV ≤20%
Levemente Heterogênea 20% < CV ≤ 30%
Heterogênea 30% < CV ≤ 40%
Muito Heterogênea CV > 40%
Intervalo de Confiança CRV (5%) 4,61 56,08
65,31
Intervalo de Confiança do CRV
(10%) 3,87
56,82
64,57
Tamanho ideal da amostra para t 5% onde t = 2,365 23,419 24 amostras
para t 10% onde t = 4,187786 4,188 5 amostras
Dados gerais
Nº do
Comp.
(m)
Diâmetro base
(m)
Diâmetro topo
(m)
Volum
e
Volume de
madeira CRV
(%) Individu
o 1 2 1 2 1 2 (m³)
serrada
(m³)
1 4,08 4,08 0,43 0,46 0,48 0,51 0,7079 0,4828 68,20
2 4,05 4,08 0,45 0,45 0,5 0,51 0,7279 0,4919 67,57
3 4,11 4,13 0,6 0,67 0,83 0,74 1,6312 0,9786 59,99
4 3,79 3,8 0,39 0,38 0,43 0,39 0,4710 0,3101 65,83
5 5,56 5,56 0,42 0,42 0,48 0,47 0,8745 0,4430 50,66
6 6,08 6,06 0,45 0,46 0,48 0,45 1,0088 0,6195 61,41
7 3,11 3,09 0,67 0,6 0,58 0,52 0,8547 0,5132 60,05
8 5,26 5,2 0,8 0,73 0,84 0,75 2,4991 1,2956 51,84
52
Dados gerais da espécie Qualea paraensis Ducke.
Quadro estatístico
Total de toras da amostra: 8
Média do rendimento 60,05
Variância 32,8
Desvio Padrão 5,7
Erro Padrão da Média 2,4
Coeficiente de Variação 9,5 Muito Homogênea
Muito Homogenênea CV ≤ 10%
Homogenênea 10% < CV ≤20%
Levemente Heterogênea 20% < CV ≤ 30%
Heterogênea 30% < CV ≤ 40%
Muito Heterogênea CV > 40%
Intervalo de Confiança CRV (5%) 3,97 56,08
64,02
Intervalo de Confiança do CRV (10%) 3,33 56,72
63,38
Tamanho ideal da amostra para t 5% onde t = 2,365 26,538 27amostras
para t
10% onde t = 1,895 5,407 6 amostras
Dados gerais
Nº do Comp. (m)
Diâmetro base
(m)
Diâmetro topo
(m) Volume
Volume de
madeira CRV
(%) Individuo 1 2 1 2 1 2 (m³) serrada (m³)
1 4,6 4,56 0,65 0,59 0,56 0,56 1,2522 0,7876 62,90
2 5,51 5,49 0,78 0,76 0,8 0,75 2,5778 1,3458 52,21
3 5,22 5,2 0,8 0,77 0,58 0,56 1,8782 1,1490 61,17
4 5,16 5,14 0,77 0,69 0,9 0,8 2,5244 1,5165 60,07
5 5,25 5,2 0,65 0,59 0,49 0,46 1,2301 0,7458 60,62
6 4,68 4,67 0,55 0,46 0,57 0,42 0,9179 0,6231 67,88
7 4,1 4,1 0,59 0,52 0,53 0,5 0,9217 0,4719 51,20
8 4,68 4,67 0,56 0,55 0,66 0,59 1,2781 0,8228 64,37
53
Dados gerais da espécie Trattinnickia burserifolia Mart.
Quadro estatístico
Total de toras da amostra: 8
Média do rendimento 61,05
Variância 74,5
Desvio Padrão 8,6
Erro Padrão da Média 2,9
Coeficiente de Variação 14,1 Homogênea
Muito Homogenênea CV ≤ 10%
Homogenênea 10% < CV ≤20%
Levemente Heterogênea 20% < CV ≤ 30%
Heterogênea 30% < CV ≤ 40%
Muito Heterogênea CV > 40%
Intervalo de Confiança CRV (5%) 5,98 55,07
67,03
Intervalo de Confiança do CRV (10%) 5,02 56,03
66,07
Tamanho ideal da amostra para t 5% onde t = 2,365
44,175 27
amostras
para t 10% onde t = 1,895
7,177 8
amostras
Dados gerais
Nº do Comp. (m)
Diâmetro
base (m)
Diâmetro
topo (m) Volume
Volume de
madeira CRV (%)
Individuo 1 2 1 2 1 2 (m³) serrada (m³)
1 7,82 7,6 0,98 0,8 0,77 0,75 4,1215 2,9110 70,63
2 4,62 4,58 0,76 0,74 0,75 0,72 1,9918 1,1518 57,83
3 5,35 5,33 1,08 0,7 0,99 0,94 3,6079 2,7400 75,94
4 5,23 5,22 0,64 0,6 0,64 0,6 1,5775 0,9503 60,24
5 4,69 4,63 0,57 0,56 0,45 0,45 0,9426 0,4705 49,91
6 5,01 5,07 0,54 0,52 0,5 0,48 1,0296 0,6447 62,62
7 4,67 4,74 0,52 0,49 0,52 0,5 0,9517 0,5067 53,24
8 4,71 4,69 0,82 0,8 0,81 0,73 2,3038 1,3359 57,99
54
Ficha de campo utilizada para as três espécies em estudo
Espécie________________________________ Tora ______
Comp. Comp. Média dos
Diâmetro
maior(m)
Diâmetro
menor(m) Média dos
Maior (m) Menor (m) comp. d1 d2 d3 d4
Diâmetros
(m)
Madeira serrada
Quantidade Espessura Largura Comprimento Produto