UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM SANTANA DO
SERIDÓ/RN: DESENVOLVIMENTO LOCAL
Impacto do Pró-Sertão na economia local: A experiência no município de Santana do Seridó
Discente: Tereza Raquel da Silva Dantas
Orientador: Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena
Supervisor: Valdízia Karen Isabela dos Santos Gomes
Currais Novos/RN
2016
TEREZA RAQUEL DA SILVA DANTAS
IMPACTO DO PRÓ-SERTÃO NA ECONOMIA LOCAL: A EXPERIÊNCIA NO
MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ
.
ORIENTADOR: PROF. Esp. JOÃO PAULO OLIVEIRA
LUCENA
SUPERVISOR: VALDÍZIA KAREN ISABELA DOS
SANTOS GOMES
Currais Novos/RN
2016
Projeto de Estágio apresentado ao Curso de
Graduação em Administração da
Universidade Federal do Rio Grande Norte
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Bacharel em Administração.
TEREZA RAQUEL DA SILVA DANTAS
IMPACTO DO PRÓ-SERTÃO NA ECONOMIA LOCAL: A EXPERIÊNCIA NO
MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ
.
Data da Aprovação:
_____/_____/______
____________________________________________
Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena
Projeto de Estágio apresentado ao Curso de
Graduação em Administração da
Universidade Federal do Rio Grande Norte
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Bacharel em Administração.
Aos meus pais, Luiz e Tereza, todo meu
amor.
AGRADECIMENTO
Talvez o momento mais difícil após a concretização de uma longa trajetória, não por ser
difícil o ato de prover o devido reconhecimento e agradecer, mas o de elencar todos aqueles
que fizeram e fazem parte de um processo que foi construído, vivenciado e hoje vem a ser
concluído.
A Deus, essa força suprema a qual me movo pelo instinto da fé, da união e da esperança em
dias melhores.
Aos meu pais, Luiz e Tereza, que em meio a simplicidade dos gestos sempre se fizeram
amorosos, atenciosos, presentes de forma muito especial. Por sempre mostrar de forma
singela que a educação é o caminho para se chegar onde quer que seja e queira, com
honestidade, respeito ao próximo e humildade, cotidianamente visto em seus atos. A vocês,
meus agradecimentos e todo meu amor.
A minha irmã, Eliana, não só de sangue, mas de alma e coração. Pelos momentos de debate, o
compartilhamento de experiências e a reciprocidade de afeto e união. A você, minha gratidão.
Aos professores, que contribuíram desde os primeiros anos de ensino escolar, até a obtenção
de título de bacharel em Administração, meu muito obrigada. Em especial, aqueles que
ajudaram e contribuíram, no decorrer do curso, de forma significativa na formação
universitária: Ao professor Dalmo Evangelista, pelos ensinamentos e estimulo constantes a
pesquisa, a percepção de soluções a problemas sociais, ao exemplo de ética e
profissionalismo; Ao professor Marcos Adller, pelo convite a viver a extensão universitária,
em um trabalho por vezes árduos, mas compensatório e de significância social. A vocês, meus
agradecimentos.
Aos amigos, pela amizade já tida e as que foram conquistas por essa oportunidade, a cada um
que se fez presente e sabe, pela descrição, que é lembrado por mim. Ao momento que
sorrimos e felicitamos os primeiros passos na construção do futuro; ao passo que vieram as
adversidades e compartilhamos angústias e positividade para suporta-las; aquela palavra de
força no momento necessário; ao abrigo nos momentos de amparo. A esperança de sempre ter
essas pessoas presentes em minha vida e que, embora pela incerteza do futuro, sempre estarão
na lembrança e no coração. Aos meus amigos, meus agradecimentos.
A supervisora do estágio, Valdízia Karen, pela aceitação e contribuição para o
acompanhamento da construção desse trabalho. A você, meus agradecimentos.
A cada entrevistado que se dispôs a contribuir com este trabalho, embora fadigado pela luta
diária, mas sempre receptivos e cordiais. A vocês, o meu respeito pela coragem de lutar pela
conquista de uma vida melhor, e meus agradecimentos.
E, por fim, e não menos importante – porque não o é – o orientador deste trabalho de
conclusão, o professor João Paulo Oliveira Lucena. Inicialmente, pela aceitação e
comprometimento com a proposta lançada. Pela busca de meios que favorecessem a
construção científica. Ao atendimento de solicitação em qualquer que fosse o momento. A
paciência, as contribuições e o diálogo na construção do futuro. A você, meus agradecimentos
"O destino não é uma questão de sorte, é
uma questão de escolha; não é algo a se
esperar, é algo a se conquistar."
Willian Bryan
RESUMO
O Programa de Industrialização do Interior (Pró-Sertão) é constituído por meio de parcerias
entre o governo do Estado do Rio Grande do Norte (RN), Fecomércio, SENAI, prefeituras
municiais e outros órgãos, voltado para a instalação e apoio a facções de costura – ou fábricas
de costura – na região do Seridó oriental do referido estado. Mediante estratégia, o Pró-Sertão
fomenta o Desenvolvimento Local de realidades que dispunham de baixa oferta de emprego
para os residentes e, em conseguinte, modificam positivamente o panorama da geração de
emprego e renda. Dessa forma, é propósito desse estudo analisar o impacto econômico do
Pró-Sertão a partir da experiência do município de Santana do Seridó/RN. Trata-se de um
estudo exploratório-descritivo (GIL, 2002), de natureza quali-quantitativa, utilizando-se
entrevista semiestruturada e questionário, respectivamente. O método qualitativo foi
desenvolvido por meio de entrevista semiestruturado a um representante da Secretaria de
Assistência Social do município. Já o método quantitativo foi aplicado por meio de
questionários junto a uma amostra de 47 funcionários das facções de costuras. Além disso,
também foram obtidos dados secundários no IBGE, CAGED, entre outros. Mediante análise
de dados, pode-se aferir que o Pró-Sertão – após sua implantação no ano de 2014 - foi um
importante programa para a geração de empregos formais, uma vez que, supriu a demanda da
população, além de garantir a asseguração de seus direitos como trabalhador. Fato que
chamou a atenção foi o de que 66% dos entrevistados afirmaram já ter ocupado emprego antes
do Pró-Sertão, entretanto, apenas 32% relataram ter a carteira assinada, ou seja, 34% dos que
se diziam empregados antes atuavam informalmente. Ao passo que hoje, todos os
trabalhadores das facções de costura, tem a carteira assinada e, para parte deles, pela primeira
vez. Na perspectiva de futuro, o município almeja constituir - já que possui seis facções e
prospecta aumentar esse número - a formalização de uma marca própria, de forma a
caracterizar, posteriormente, Arranjos Produtivos Locais – APLs. Tudo isso só foi possível,
mediante a participação e parceira de “atores sociais” capazes de promover e modificar uma
realidade social.
Palavras-chave: Pró-Sertão. Desenvolvimento Local. Arranjos Produtivos Locais. Atores
sociais.
ABSTRACT
The Industrialization's Program of Interior (Pró-Sertão) is constituted by partnerships between
the government of Rio Grande do Norte (RN), Fecomércio, SENAI, municiais municipalities
and other agencies, focused to installation and support of factions sewing – or sewing
factories - in the eastern region of state, Seridó region. By strategy, Pro Hinterland fosters
Local Development realities that had low jobs for residents, and positively change the outlook
of the generation of employement and income. Thus, the purpose of this study is to analyse
the economic impact of the Pro-Hinterland from the municipality of Santana do Seridó/RN
experience. This is an exploratory-descriptive study (GIL, 2002), of qualitative and
quantitative, using semi-structured interview and questionnaire, respectively. The qualitative
method was developed through semi-structured interview with a representative of the city's
Social Welfare Department. But the quantitative method was applied by means of
questionnaires to a sample of 47 employees of the seams factions. In addition, secundary data
were also obtained in the IBGE, CAGED, among others. Through data analysis, one can infer
that the Pro-Hinterland - after its implementation in 2014 – was an important program for the
generation of formal employment, since supplied the people's demand, and ensure the
assurance your rights as a worker. A fact that drew attention was that 66% of respondents said
they had busy jobs before the Pro-Hinterland, however, only 32% reported having a formal
contract, or been, 34% of employees said that before worked informally. Nowadays, all
workers in the sewing factions, has signed a license and, for part of them for the first time. In
future perspective, the municipality aims to be - as it has six factions and prospects to increase
this number – the formalization of its own brand, in order to characterize subsequently a
Local Productive Arrangements - LPAs. All this was only possible through the participation
and partnership of "social actors" able to promote and modify a social reality.
Keywords: Pro-Hinterland. Local Development. Local Productive Arrangements. Social
actors.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Fórmula usada para definição de amostragem ......................................................... 27
Figura 2: Comparativo das respostas dos entrevistados sobre o vínculo empregatício e se já
tiveram carteira assinada antes do Pró-Sertão .......................................................................... 30
Figura 3: Geração de empregos formais no município de Santana do Seridó do ano de 2002 a
2015. ......................................................................................................................................... 32
Figura 4: Renda familiar anterior e posterior a emprego em fábricas de costura.................... 33
Figura 5: Número de pessoas que contribuíam e passaram a contribuir com a renda
familiar......................................................................................................................................34
Figura 6: Participantes de Programas Sociais antes e depois de empregados em fábricas de
costura ....................................................................................................................................... 35
Figura 7: O entrevistado e a relação com os cursos de capacitação ........................................ 37
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Universo e amostragem de entrevistados empregados em fábricas de costura da
zona urbana do município de Santana do Seridó/RN. .............................................................. 28
Tabela 2: Perfil Social dos empregados entrevistados das fábricas de costura do município de
Santana do Seridó/RN .............................................................................................................. 29
Tabela 3: Empregos citados antes de ser empregados em fábrica de costura ......................... 31
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1.PROBLEMÁTICA ............................................................................................................. 12
1.2.HIPÓTESES ....................................................................................................................... 13
1.3. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 14
1.4. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14
1.4.1.Objetivo geral .................................................................................................................. 14
1.4.2.Objetivos específicos ....................................................................................................... 15
2.REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15
2.1.DESENVOLVIMENTO LOCAL ...................................................................................... 15
2.2.ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS .............................................................................. 20
2.2.1.Arranjos Produtivos Locais e a promoção do Desenvolvimento Local .......................... 22
2.2.2.As articulações com os Arranjos Produtivos Locais ....................................................... 23
2.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MUNICIPAL ........................................................ 24
3.METODOLOGIA ................................................................................................................ 26
4. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................... 29
4.1. PERFIL SOCIAL DOS COLABORADORES ENTREVISTADOS ................................ 29
4.2. IMPACTO ECONÔMICO DO PRÓ-SERTÃO ............................................................... 32
4.3. PARCERIA COM ÓRGÃOS OFERTANTES DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO ....... 35
4.4. O PRÓ-SERTÃO E A PERSPECTIVA A LONGO PRAZO ........................................... 37
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 39
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
APÊNDICES ........................................................................................................................... 45
12
1. INTRODUÇÃO
1.1. PROBLEMÁTICA
O Programa Pró-Sertão surgiu a partir da intenção do Grupo Guararapes em expandir,
com apoio e parceria do governo do Estado do Rio Grande do Norte (RN), Federação das
Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Fecomércio/RN, Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), entre outros que, de forma articulada, dão
suporte à implantação e extensão da industrialização do setor têxtil na região Seridó do
referido estado.
O Pró-Sertão visa estimular e apoiar a implantação de facções de costura – ou fábricas
de costura – além de dá suporte as que já existem nesse meio. Permeia como grande
diferencial a geração de emprego e renda em municípios que careciam dessas oportunidades.
No ano de 2014 e parte de 2015, o município de Santana do Seridó foi contemplado
pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) com bolsas
da qualificação de mão-de-obra destinadas a população. Na ocasião foi-se ofertado os cursos
de costura industrial – com foco nos futuros colaboradores das facções de costura -, como
também de conserto de máquinas, formado, assim, um conjunto de suporte a instalação das
facções, dessa forma, por meio da qualificação profissional.
No que se refere ao Setor Público, os benefícios são vistos na geração de emprego que
destinam a mão-de-obra, antes ociosa, para ocupação de cargos na iniciativa privada, com
isso, diminui a demanda de ações assistencialistas e surgi meios para a promoção de melhoria
de vida da população, inicialmente pela melhor condição em termos econômicos.
Outro ponto importante é o incentivo ao Empreendedorismo Local, nessa questão, o
SEBRAE, oferece toda a assessoria ao “faccionista” (proprietário do empreendimento têxtil),
com foco na melhoria da gestão empresarial. Percebe-se no Pró-Sertão a intenção de fomento
a economia local, na qual a região Seridó do Rio Grande do Norte é pioneira na implantação
das facções.
A partir desse pressuposto, o município de Santana do Seridó/RN, com cerca de 2.526
habitantes (IBGE, Censo 2010), encontrava-se com o perfil de população empregada, em
maior parte, no setor público, uma vez que a atividade comercial não representava
13
oportunidade de emprego no município. Inclusive, essa fonte de empregabilidade não
conseguia/conseguiria atingir a totalidade da população, resultando no desemprego.
Porém, com a adesão e apoio ao Pró-Sertão, o município já conta com seis facções -
sendo cinco na zona urbana e uma na zona rural - nesse período inicial. Pode-se aferir que
estão sendo beneficiados tanto os empreendedores, que são os faccionistas, como o Setor
Público e, principalmente, a população.
Diante do exposto, este trabalho busca responder a seguinte pergunta: Qual o impacto
econômico decorrente da implantação do programa Pró-Sertão na economia local e no perfil
econômico da população empregada nas facções no município de Santana do Seridó?
1.2. HIPÓTESES
Em pouco mais de um ano de implantação do Pró-Sertão no município muitas pessoas
conseguiram um emprego, em alguns casos, o seu primeiro, modificando de forma
significativa sua condição de vida [econômica]. Tem-se, então, como primeira hipótese, o
aumento do número de pessoas empregadas no município.
Na economia do município, se percebe um aumento na procura de alguns
estabelecimentos, pode ser dito em virtude da inserção de um número maior de pessoas
assalariadas. Essa demanda é vista na maior procura por salões de beleza, lojas de vestuário,
abertura de micro empreendimentos no ramo alimentício (lanchonetes, vendas porta-a-porta),
entre outros. Sendo assim, a segunda hipótese vem a ser o aumento de empreendimentos no
município.
Já em ligação com a Secretária de Assistência Social do referido município, outra
decorrência do aumento da renda da população é vista em uma diminuição da demanda por
alguns programas sociais, como é o caso do “Bolsa Família”, uma vez que, para participar
desse programa, a renda mensal não pode ultrapassar R$ 154,00 per capita. Portanto,
configura-se a terceira hipótese a diminuição do número de integrantes em programas sociais
no município.
14
1.3. JUSTIFICATIVA
O programa Pró-Sertão é uma iniciativa do governo do Estado do RN em parceira com
outros órgãos – SEBRAE, SENAI, Grupo Guararapes, entre outros – que, de forma conjunta e
articulada estão em processo de expansão, para o interior do Estado, em decorrência da
implantação de facções de costura. No município de Santana do Seridó, esse programa já
conta com seis facções pelo Pró-Sertão, sendo cinco na zona urbana e uma na zona rural.
Percebe-se que o município tem um grande impacto decorrente desse programa, uma
vez que, não havia grande oferta de emprego, até então. Entretanto, sendo esta iniciativa dada
a pouco mais de um ano, muitos empregados estão em atuação desde o primeiro momento, é
importante saber qual a mudança e as perspectivas por parte destes.
No âmbito acadêmico, a proposta eleva a discussão do poder da Gestão Pública em
promover o efetivo bem-estar social, nesse caso, com a pactuação de parcerias que fomentam
a instalação das facções de costuras que, posteriormente, ofertam empregos. Outro ponto
importante é a geração do empreendedorismo em localidades até então tidas como “última
opção”, porém, que careciam de incentivos quanto a essa ação para se desenvolver.
No que diz respeito ao acesso a essas informações, a pesquisa se restringe aos
empregados das facções instaladas na zona urbana. A discussão sobre a iniciativa Pró-Sertão é
relativamente nova, surgida por volta do ano de 2013. No município, ganhou força e forma
em 2014, quando possuiu sua primeira facção instalada por meio do programa. No panorama
da pesquisa, esse tema representa algo ainda inexplorado, visto que é uma iniciativa nova e só
tida no Estado do RN.
1.4. OBJETIVOS
1.4.1. Objetivo geral
Analisar o impacto econômico do Pró-Sertão no município de Santana do Seridó/RN.
15
1.4.2. Objetivos específicos
Descrever o perfil socioeconômico dos empregados das facções instaladas pelo Pró-Sertão
no município;
Conhecer a parceira traçada junto às instituições ofertantes de cursos de capacitação e se
houve inserção nas facções por meio desses;
Confrontar dados econômicos referentes a antes e depois da implantação do Pró-Sertão;
Levantar número de famílias integrantes de Programas Sociais, antes e depois do Pró-
Sertão.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1. DESENVOLVIMENTO LOCAL
O conceito de Desenvolvimento Local é algo que não se limita apenas ao fator
econômico, dessa forma, engloba demais critérios e índices, tal como a melhora da qualidade
de vida das pessoas residentes em uma determinada localidade. Para Araújo (2011), o
Desenvolvimento Local consegue sua efetivação quando é um processo “includente”, isso em
decorrência da “construção social” de “movimentos sociais organizados”, que objetivam criar
condições para reequilibrar a “correlação de força da sociedade”.
Nesse aspecto, ressalta Franco (2000, p. 36), “(...) desenvolvimento só é
desenvolvimento mesmo se for humano, social e sustentável”. Percebe-se que, embora haja
um crescimento em termos econômicos, a plenitude do desenvolvimento só se consagra
quando o lado humano – os anseios individuais daqueles que constituem uma organização; o
social – a junção dos indivíduos, visando à busca do bem-estar coletivo; e o sustentável –o
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desenvolvimento do agora também existente para o futuro; integrados no objetivo de
desenvolver.
Sabendo-se o que é o desenvolvimento e a organização de forças torna o cenário local
uma unidade, assim representa o “locus privilegiado”, pois comtempla a existência de
parceiras traçadas entre os “atores sociais”, no qual a competição cede espaço à cooperação,
estabelecendo, assim, “redes sociais” (CARON, 2009). Então, o Desenvolvimento Local é o
desenvolvimento humano, social e sustentável que acontece em uma localidade.
Essa junção dos “atores sociais” pode ser compreendida como a articulação dos
setores existentes na sociedade, tais como: o governamental, o empresarial e o social,
firmando a introdução de um novo conceito, o de Desenvolvimento Local ou Territorial que,
segundo Pecqueur (2005, p. 12): “designa todo processo de mobilização dos atores que leve à
elaboração de uma estratégia de adaptação aos limites externos, na base de uma identificação
coletiva com uma cultura e um território”.
A mobilização parte da ideia de transformar alguma realidade que, com base em
Buarque (1999), são refletidas nas bases econômicas e na organização social em nível local,
com vista na exploração das capacidades e potencialidades específicas da sociedade.
Por exemplo, na concepção do crescimento econômico do entorno local, com a oferta
de geração de emprego, mais pessoas terão oportunidade de alcançar a autonomia econômica;
uma pessoa antes não assalariada, agora já possui seus próprios recursos e passará a consumir
produtos e/ou serviços anteriormente não acessíveis a esta; como em uma cadeia, o indivíduo
consome mais e passa, implicitamente, a gerar novos postos de trabalho, em virtude da
demanda surgida.
Nesse ponto, Franco (2000) alerta para a ideia de que desenvolvimento não se
restringe meramente ao desenvolvimento econômico, mas sim ao conjunto de fatores
estimulados que promovem o desenvolvimento. Em suma, enfatiza que é preciso que as
pessoas tenham acesso à renda, à riqueza, ao conhecimento e ao poder. Detalhe importante é a
presença do conhecimento, sendo esta uma “riqueza inalienável”, uma vez tendo acesso, não
há quem o prive dessa condição.
Em consonância com esse pensamento Araújo (2011, p.49) diz que: “para medir o
desenvolvimento de uma população, não basta considerar apenas a dimensão econômica, mas
também as características sociais, culturais e políticas que interferem na qualidade de vida”. A
exemplo, a métrica do desenvolvimento em termos sociais pode levar em consideração o
índice de escolaridade dos indivíduos em uma sociedade, ou ainda a melhoria deste índice,
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como a redução do número da evasão escolar, quando a localidade está na fase do
desenvolvimento.
O propósito da geração de qualidade de vida parte para um cenário mais complexo,
isso diz respeito ao conjunto de serviços públicos para promoção do bem-estar social que visa
o desenvolvimento. O básico seria, talvez, quatro coisas: “gerar renda, multiplicar o número
de proprietários produtivos, elevar o nível de escolaridade da população e aumentar o número
de organizações da sociedade civil” (FRANCO, 2000, p. 40).
No ponto de aumentar o número de organizações da sociedade civil o mesmo afirma
que o desenvolvimento se inclina a ser “includente”, pela construção social decorrente da
participação de movimentos sociais organizados, isso permite o alcance de um projeto de
mudança com foco em uma “prática política participativa”, que configura uma sociedade mais
ativa.
Especificamente ao processo de “geração de renda”, na ótica do âmbito municipal,
isso pode refletir em bons ganhos, em especial, quando se tratando de pequenos ou micro
municípios, já que há uma grande preocupação pela busca de oportunidades de geração de
emprego e renda. Quanto a isso, Rocha e Bursztyn (2007, p. 11) relatam um dos problemas
que inibem esse processo:
A desigualdade de renda, na sua expressão territorial, decorre, em muitos casos, da
ausência e/ou estagnação das atividades econômicas. Um indicativo interessante
para evidenciar a estagnação econômica dos municípios brasileiros é a dependência
ao Fundo de Participação Municipal (FPM). Muitos municípios brasileiros
dependem das transferências federais como única fonte de receitas.
Essa problemática representa um dos grandes dilemas da geração do Desenvolvimento
Local atribuída, nessa questão, a estagnação das atividades econômica, que podem ser do
comércio, setor de serviço, da agricultura, entre outros. O Fundo de Participação Municipal
(FPM) é a transferência de recurso da União (Governo Federal do Brasil) para os municípios,
com o repasse na proporcionalidade do número de habitantes estimado pelo IBGE
(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2012).
De acordo com o IBGE na pesquisa feita sobre o “Perfil dos Municípios Brasileiros –
Finanças Públicas” no período de 1998 a 2000, o FPM era responsável em 57,3% da receita
disponíveis para algumas prefeituras com até 5 mil habitantes. Ou seja, quanto maior o
município em termos populacionais, maior a arrecadação de impostos e menor a dependência
ao FPM.
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Uma forma de se desviar desses problemas é o estímulo à captação de investidores, já
abordando o segundo tópico, “multiplicar o número de proprietários produtivos”. Contudo,
esses visados investidores são atraídos para determinada localidade por meio de incentivos
fiscais que configuram a existência de indicadores de escolha de uma determinada região. Em
alguns casos, vão além do fornecimento de infraestrutura básica de instalação tais como: água,
saneamento, energia e telefone, podendo até incluir terrenos, construções de galpões
industriais e renúncia fiscal (ROCHA e BURSZTYN, 2007).
Os autores relatam que esses “benefícios” que representam a chamada “guerra fiscal”,
nos últimos anos, resultaram de forma expressiva na localização de determinadas unidades
industriais no interior da região Nordeste. Acrescentando nesse sentido, Santos (1999) ressalta
a ideia de “guerra fiscal” como uma “guerra global entre lugares”, ganha mais aquele que
apresentar mais vantagens.
Quanto à relação de desenvolvimento local com a elevação do nível de escolaridade da
população, subtende-se que: “onde as populações detêm mais habilidades, conhecimentos e
competências, torna-se mais fácil desencadear processos de desenvolvimento” (PAULA,
2000, p.285). Em complementariedade, leva a crer na existência de uma sociedade civil mais
crítica pelo acesso ao conhecimento, mais democrática em seu verdadeiro sentido, não uma
sociedade civil em seu sentido tradicional, mas em uma sociedade política ou um Estado, com
cidadãos ativos (STEHR, 2008).
O entendimento da liberdade como um meio de desenvolvimento está diretamente
ligado a melhoria de vida das pessoas e da autonomia que esta desfruta. Diante disto, não
compreende meramente ao aspecto econômico, o desenvolvimento é potencializado pela
liberdade, nesse ponto de vista, Sen (2002, p. 52) defende:
As liberdades substantivas incluem capacidades elementares como, por exemplo, ter
condições de evitar privações como a fome, a subnutrição, a morbidez evitável e a
morte prematura, bem como as liberdades associadas a saber ler e fazer cálculos
aritméticos, ter participação política e liberdade de expressão etc. Nessa perspectiva
constitutiva, o desenvolvimento envolve a expansão dessas e de outras liberdades
básicas: é o processo de expansão das liberdades humanas, e sua avaliação tem de
basear-se nessa consideração.
No processo de “expansão das liberdades humanas” o indivíduo tem, por direito,
acesso a vários benefícios que o garantam gozar de estabilidade, como a saúde, educação,
renda, segurança, entre outros. Contudo, segundo Abramovay (2002), a existência de leis não
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diz respeito à garantia dos direitos, uma vez que: os indivíduos precisam deter capacidades,
qualificações e prerrogativas de participar dos mercados e de estabelecer relações humanas.
Sendo estes detentores de qualificações para inserção no mercado, volta-se a ideia de
sua atuação no município para impulsionar o processo de Desenvolvimento Local. Dessa
forma, se o processo vier a acontecer no município, à ideia de desenvolvimento local se
contempla a partir do “processo endógeno”, ou seja, que acontece nesse sistema (município),
sendo decorrente do “agrupamento humano” em “pequenas unidades territoriais” que são
capazes de promover a melhoria da qualidade de vida da população (BUARQUE, 1999).
Ainda nessa perspectiva, o respectivo autor afirma que o processo endógeno é
potencializado pela existência de um ambiente político e social favorável, expresso da
mobilização de atores sociais do município ou comunidade, em torno de determinadas
prioridades e orientações básicas de desenvolvimento.
O Desenvolvimento Local leva em consideração a relação direta com a realidade local,
que facilita o processo de valorização das potencialidades locais, dessa maneira, levando em
consideração, mais uma vez, o princípio da endogenia. Vale salientar, o estimulo a
democratização do poder e autonomia dos agentes envolvidos nesse processo (ROSA,
GOMES e ROSA, 2015).
O Desenvolvimento Local pode ser visto como o conjunto de diversos aspectos que
influenciam diretamente na qualidade de vida da sociedade, além de fatores como renda,
conhecimento, cultura, entre outros, o objetivo é abranger a coletividade na localidade.
Quanto às ações desenvolvidas em âmbito municipal, estas são as que compreendem
uma maior proximidade com o objeto dela, o cidadão. Pressupõe-se que é mais fácil
identificar as demandas tidas por meio da sociedade, todavia, isso não diz respeito a sua
totalidade, mas a um aumento de chance de se chegar ao ponto de surgimento de alguma
demanda social.
Pelo mesmo pensamento acima relatado, os municípios podem se configurar, através
de suas ações de intervenção, como espaços de “transformação social”, vale salientar, até pela
proximidade com seu sujeito (cidadão). Essa transformação ocorre por meio de iniciativas que
visam a melhor prestação de serviços à sociedade ou o estimulo ao desenvolvimento local
(BLOCH e BALASSIANO, 2000).
O cenário municipal pode ser caracterizado por “local”, dessa maneira, o exercício de
suas atividades representam importantes transformações sociais, políticas e econômicas que,
para que aconteçam em nível global, tem que ter como ponto de partida, o nível local
(CARON, 2009).
20
Porém, para Bocayuva (2003), o desenvolvimento local não deve ser restrito apenas a
um mero “localismo”, em outras palavras, ao território em si, pois vai além dessa
classificação, pois resulta em um “conjunto de respostas e conflitos” oriundos de “forças
sociais e produtivas” presentes em determinado território.
Para tal, o município representa um local propício ao desenvolvimento, especialmente,
na realidade daqueles classificados como micro ou pequeno, sendo assim, ações
desenvolvidas nesse contexto inclina a uma maior abrangência e promoção de bem-estar
coletivo.
2.2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Os Arranjos Produtivos Locais – APLs – ou cluster, são aglomerações de empresas
que comungam particularidades em comum, tal como a mesma especialização produtiva (o
que se produz) e a localização em um mesmo espaço geográfico. São princípios das empresas
que constituem APLs a articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando
também com apoio de instituições locais como Governo, associações empresariais,
instituições de crédito, ensino e pesquisa (SEBRAE, 2009).
Percebe-se que essa união por diversas entidades representa, de fato, a cooperação
visando à aprendizagem, é uma ação de “mão dupla”, uma vez que a intervenção por meio de
pesquisas feitas por essas instituições de apoio, por exemplo, tende a diminuir os riscos de
falhas na execução de atividades dos APLs.
Essa mesma ideia de cooperação é defendida por Bueno (2006, p.85) que relata:
“atuando em conjunto, as empresas trocam e compartilham informações, possibilitando a ação
de estratégias comuns”. Em síntese, conforme o autor, essa junção de empresas do mesmo
setor que, de forma articulada, tende a aumentar as chances de crescimento e sobrevivência
através da integração existente entre os agentes envolvidos.
O entendimento é que de forma conjunta as empresas consigam apoderar-se de
qualificações que seriam dificultadas perante a ação individual, vivenciando a “cooperação”
dita pela relação dos “agentes”. Dessa forma, essa organização permitiria o compartilhamento
de qualificação de mão-de-obra, da compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos,
serviços especializados de logística, etc., almejando eficiência, competitividade, lucratividade,
entre outras vantagens (COSTA, 2003).
21
Em caso contrário a organização em APLs, os pequenos negócios terminariam por
executar as formas de funcionamento tidas pelas grandes empresas que atuam de forma
individual, contudo, não seriam geradoras, tal como empresas de maior porte, de capacidade
de gerar economia em escala ou até de aplicar maior investimento em inovação produtiva e
gerencial, por exemplo, (SEBRAE, 2003).
A organização em APLs visa, basicamente, a somatória de forças – articulação das
pequenas empresas – que, de forma isolada seriam propensas a pouca competitividade em
detrimento de empresas de maior porte. Evidencia-se a busca por maiores vantagens
competitivas e duradouras, a partir da união entre a capacidade produtiva e a inovação das
empresas que constituem os arranjos produtivos.
Nesse aspecto de competição entre pequenas empresas para com as de maior porte,
Cassarotto e Pires (2001) refletem sobre a possibilidade de se haver duas estratégias nessa
situação para que as pequenas empresas sejam potencializadas: a primeira é serem
fornecedoras de uma grande empresa; e a segunda é participar de uma “rede flexível” de
pequenas empresas, que são denominadas APLs.
Em base no referido autor, percebe-se a dificuldade que as pequenas empresas
enfrentam para competirem, sendo fadadas a fornecer produtos que elas mesmas poderiam
comercializar ao consumidor, entretanto, passa para outra empresa essa tarefa. Destaca-se a
outra possibilidade de ser juntarem para se tornar uma “rede flexível”, subtendida como a
ideia de APLs.
Em síntese, os Arranjos Produtivos Locais podem ser classificados segundo o BNDES
(2003, p. 14) como:
Um APL é definido como uma concentração geográfica de empresas e instituições
relacionadas a um determinado setor e inclui, em geral, fornecedores especializados,
universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras
organizações que provêem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico.
Na maioria dos casos, participa do APL um número significativo de pequenas e
médias empresas, acrescentando efeitos distributivos, em termos patrimoniais e de
emprego, às dimensões setorial e regional. No entanto, a característica peculiar dos
APLs é a cooperação e a confiança entre as empresas e instituições integrantes do
arranjo. Isto estimula a especialização e subcontratação, permitindo ganhos de escala
e melhoria de qualidade dos produtos, mas também uma série de outras vantagens
relacionadas à atuação conjunta das empresas, como viabilização de investimentos e
aumento do poder de barganha.
Além da conjuntura de agrupamento de pequenas e médias empresas, existe a presença
de demais instituições que almejam contribuir na constituição dos APLs. Outra questão até
então não citada é o “poder de barganha” tido por esse agrupamento de empresas, além da
22
tendência a viabilização de investimentos. Se percebe as parcerias como fator fortalecedor
nesse caso.
É possível inferir, com base no exposto, que os arranjos são as empresas que
produzem algum produto ou serviço de um mesmo segmento, na qual estão territorialmente
localizadas próximas umas das outras. Dessa forma, o ambiente que as empresas se inserem é
uma das coisas que podem levar a compreensão do seu desenvolvimento.
Na análise do ambiente, essas empresas são vistas em sua forma conjunta na relação
traçada com as demais instituições e o ambiente. Bueno (2006, p. 16-17) afirma: “é crescente
também o interesse sobre o papel que as Micro e Pequenas Empresas (MPE's) podem ter na
readequação dos sistemas produtivos e consequentemente no desenvolvimento econômico”.
Para Porter (1999) a concentração geográfica de empresas representa vantagens
competitivas, uma vez que os fatores locacionais influenciam nesse processo. Por exemplo, a
facilidade no processo logístico de transporte ou até a permanência em um determinado local
pelos incentivos fiscais.
No que influencia o aspecto do desenvolvimento, embora existam-se APLs em sua
forma mais incompleta, as contribuições trazidas por eles ainda refletem, principalmente,
sobre a geração de emprego e renda local (BUENO, 2006). Nessa relação, outros envolvidos
são beneficiados, decorrente do reflexo dos APLs em uma determinada localidade.
2.2.1. Arranjos Produtivos Locais e a promoção do Desenvolvimento Local
Ao decorrer do tempo se percebe de forma significativa a importância dos APLs, seja
em países em desenvolvimento ou nos já industrializados, isso é atribuído às vantagens
competitivas trazidas por meio dessa organização em arranjos. Mais ainda, pela notoriedade
do desenvolvimento econômico a nível local e regional (BUENO, 2006).
Com fundamento em Casarotto e Pires (2001) o desenvolvimento seja regional ou
local pode ser uma das alternativas que o país busca para superar problemas sociais, em
especial, a distribuição de renda, que quando mal distribuída acentua o problema das
desigualdades sociais. Ainda nesse ponto de vista, quando a região se torna competitiva ela
aumenta suas possibilidades de gerar maiores números de cargos de emprego, logo, pode
atuar no eixo de atenuação das desigualdades.
23
Segundo Staub (2001, p. 16) “(...) as empresas de pequeno porte são importantes
geradoras de emprego, estão presentes em todos os segmentos industriais e têm grande
capilaridade, podendo se constituir em agentes de desenvolvimento local”. Em essência, o
Desenvolvimento Local parte dessa perspectiva, da geração de emprego, em suma, pode ser
compreendido na relação com os APLs desde o fortalecimento das PMEs que emanam
potenciais melhorias para esse processo, como a geração de renda a pessoas daquele entorno.
O desenvolvimento nessa premissa não se restringe somente a geração de renda, mas,
também, a elevação desta, de forma justa de acordo com o executado. Ao atrair empresas para
um dado local, seja criação ou reforço de um “polo de desenvolvimento”, fortalece o próprio
polo de desenvolvimento, como já citado, pela elevação de renda, atração de pessoas e o que
se pode perceber por maior período de tempo é o investimento do setor público em
infraestrutura (BARBOZA, DINIZ e SANTOS, 2004).
Quando se fala no maior investimento do setor público que, além de beneficiar as
empresas que terão melhorias seja onde for esse investimento, visa, essencialmente, a
melhoria para coletividade. Tal que quando se pensa em APLs não se deixa de lado a presença
desses “atores” que influenciam no desenvolvimento da atividade local, ou ligada diretamente
ao desenvolvimento (SEBRAE, 2003).
Para que de fato o desenvolvimento seja consumado, é importante essa adoção de
“políticas e ações de apoio”, que se complementam com a participação de outros agentes e
representantes da sociedade, que objetiva uma maior “eficiência coletiva” (BUENO, 2006).
Ou seja, o Desenvolvimento Local tende a ser potencializado pela prática dos APLs que
visam à inclusão de demais instituições, além da articulação entre elas e a melhoria de
condições a população, consequentemente.
2.2.2. As articulações com os Arranjos Produtivos Locais
Conforme a temática já abordada, as articulações que formam os “arranjos” são
provenientes da junção de entidades do mesmo ramo produtivo, além das quais também a
participação de demais organizações que agregam e de certa forma sofrem reflexos desses
aglomerados, a exemplos de instituições públicas. Diante disto, BRITO e ALBAGLI (2003, p.
03 – 04) revela:
24
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos,
políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e
que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente envolvem a participação
de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até
fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e
associação. Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas
voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e
universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e
financiamento.
Embora que uma das principais intenções na constituição de APLs seja agrupar
pequenas e médias empresas para juntas somarem força competitiva para o mercado, a
“pactuação” que são, por base em Rocha e Bursztyn (2007, p. 09): “os pactos territoriais de
desenvolvimento – acordos formais entre atores relevantes (públicos e privados) da dinâmica
econômica dos territórios, cuja finalidade expressa é a promoção do desenvolvimento local”.
Essa formação de pactos é uma estratégia que permite aferir e estimular a
competitividade local, uma vez que as ações se complementam, sem a presença de caráter
predatório, mas de ajuda mútua entre setores distintos, em especial, por suas finalidades: a
maximização dos recursos (privado) e a promoção do bem-estar social (público).
Os APLs refletem no processo de Desenvolvimento Local, para tal isso é resultado de
uma “ação coletiva intencional” em uma dada localidade como uma forma de
“regulamentação social”, que são as articulações nesse contexto (PIRES, MÜLLER e VERDI,
2006). Nesse sentido, enfatiza-se a parceria entre o setor público e o privado, em essência,
visualizada na melhoria de infraestrutura proporcionada pelo setor público para a geração de
empregos pelo setor privado.
2.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MUNICIPAL
O município compreende, por meio de ações executadas em sua localidade, a
mobilização social em torno das suas capacidades e potencialidades próprias, que influência a
matriz socioeconômica e cultural do local. Dessa forma, diz respeito à percepção do
“empreendimento endógeno” (BUARQUE, 2008).
Porém, para que o empreendimento em âmbito municipal exista, é necessário à
elaboração do planejamento estratégico. Morais (2005, p. 19) define planejamento estratégico
25
como: “[...] um processo de longo prazo através do qual uma organização estabelece aonde
quer chegar e como quer chegar para o cumprimento de sua missão”.
A ideia de planejamento estratégico é mais facilmente visualizada no setor privado,
pois subtende-se que há uma maior soma de forças para atingir o seu objetivo organizacional:
a maximização dos resultados. Porém, no que compete ao setor público, essas iniciativas estão
sendo introduzidas como forma de melhorar a gestão e cumprir seu objetivo esperado: a
geração do bem-estar social.
Então, para que o setor público tenha a aplicação do planejamento estratégico tão
acentuado como no setor privado, é importante que disponha de condições para tal, como:
iniciativa política para o processo de transformação; liderança competente; também de
recursos mínimos, como pode ser dito, a infraestrutura necessária (PFEIFFER, 2000).
Ainda nessa discussão, o referido autor enfatiza a utilização do planejamento
estratégico como um instrumento de gerenciamento que visa como objetivo torna a
organização – neste caso, a gestão municipal – mais eficiente.
Com foco nessa eficiência, o planejamento estratégico municipal é direcionado a ações
de forma geral do município e prefeitura, ou seja, envolve os diversos “atores sociais”, nesse
caso: os munícipes, gestores locais e demais interessados na cidade (REZENDE, 2006).
Pode-se aferir que o Programa Pró-Sertão impacta no desenvolvimento dos municípios
localizados na região do Seridó do Rio Grande do Norte, onde este projeto tem aplicação.
Esse projeto conta com a participação de diversas entidades, ditos como “atores sociais”,
porém, em especial, é imprescindível a contribuição do município nesse processo.
No Pró-Sertão, mesmo o empreendimento sendo algo da iniciativa privada, o
município empreende quando viabilizam estímulos à implantação, tal como os incentivos
fiscais. Esse estímulo é possível por meio do planejamento estratégico municipal, a exemplo
do município de Santana do Seridó/RN isso é visto na disponibilização de galpões para a
instalação das fábricas; no intermédio de cursos profissionalizantes a instituições credenciadas
– SENAI, SESI, etc. – entre outros fatores.
Sendo assim, o planejamento estratégico em nível municipal deve, conforme Buriol
(2005, p. 41): “resultar em bens, serviços e mudanças sociais de caráter político, econômico e
urbanístico, propostos pelo Governo em nome da comunidade e, sempre que possível, com
sua participação”.
No processo de planejamento estratégico municipal são esses pontos que podem ser
pensados e voltados ao processo de Desenvolvimento Local, uma vez que, será possível por
meio da colaboração dos diversos “atores sociais” envolvidos nesse propósito.
26
3. METODOLOGIA
É propósito desta pesquisa analisar o impacto econômico da iniciativa Pró-Sertão no
município de Santana do Seridó/RN. A forma de mensurar o impacto econômico é possível a
partir da interpretação de alguns indicadores tidos antes e depois da implantação no
município.
Exemplo disso é a elaboração do diagnóstico empregatício municipal, que compreende
aos índices de empregabilidade tidos antes e depois; o perfil socioeconômico dos empregados
das “facções” de costura; e, a consequente melhoria da qualidade de vida – parte dela, em
virtude do aumento da renda.
A pesquisa é de natureza básica, pois destina-se a gerar conhecimentos novos com
relação à iniciativa Pró-Sertão e identificar os possíveis avanços tidos nesses anos iniciais.
(GERHARDT e SILVEIRA, 2009).
Para tal finalidade dos objetivos, optou-se pela utilização do método de pesquisa
exploratório-descritiva que, segundo Gil (2002, p. 41-42), o caráter exploratório se dá com
“objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torna-lo mais
explícitos ou constituir hipótese” e descritivo por fazer uma “descrição das características de
uma determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
variáveis”.
A opção pela pesquisa exploratória se dá pela possibilidade de conhecer um assunto
ou problemática ainda não estudada, sendo o objetivo geral a descoberta (GUILHOTO, 2002).
Com base no objetivo do estudo, a iniciativa Pró-Sertão é algo relativamente novo, surgida
em 2013. Ainda não há muitas informações cientificas acerca de seus impactos, uma vez que
a região do Seridó do RN é pioneira nessa atividade a relativamente pouco tempo.
E a complementação da pesquisa exploratória é a descrição dos resultados obtidos
nessa pesquisa que é uma das pioneiras sobre a referida temática. Guilhoto (2002) afirma ser
necessário nessa pesquisa a “exatidão” e a “precisão” dos dados coletados, que assegura a
veracidade da pesquisa. Para, consequentemente, fazer a descrição precisa dos resultados.
Este estudo utiliza procedimentos dos métodos bibliográfico, documental e de
levantamento. Sobre esses métodos Fonseca (2002) diz que quanto à pesquisa bibliográfica é
a realizada atrás de levantamento de referências teóricas sobre um determinado assunto, nesta
pesquisa isso foi feito na busca de autores que recorrem sobre temas como Desenvolvimento
Local, Arranjos Produtivos Locais, Planejamento Estratégico Municipal; no que diz respeito à
27
análise documental o autor afirma ser próxima à bibliográfica, porém, com a busca de
informações em outras fontes, nesse caso, no IBGE, SEBRAE, CAGED, entre outros; com
base nesse último ponto, Fonseca (2002) aponta que o método de levantamento é muito
utilizado em pesquisas exploratórias e descritivas, pois é visualizada em duas formas:
levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população (também designado censo).
Serão abordados dois métodos de entrevista. O primeiro, questionário fechado,
aplicado junto aos colaboradores das facções, de maneira que estes ajudarão a compor o
diagnóstico econômico tido antes e depois da geração de emprego em face do Pró-Sertão.
Essa pesquisa tem como foco os funcionários empregados nas fábricas de costura no
município, sendo cinco na zona urbana. O universo da pesquisa totaliza, então, cerca de 124
funcionários. Para definir a amostra, foi utilizado programa de computador com a seguinte
formulação:
Figura 1: Fórmula usada para definição de amostragem
Fonte: Cálculo Amostral (SANTOS, 2016).
No que diz respeito a fórmula apresentada, as siglas representam:
n: Amostra calculada;
N: População;
Z: Variável normal padronizada associada ao nível de confiança;
p: Verdadeira probabilidade do evento;
e: Erro amostral.
Após substituição, a amostra do universo totalizou 47 funcionários o que,
estatisticamente, representa 37,9% que foi rateado nas cincos facções de costura para serem
proporcionais. Avulsamente classificadas como fábrica 01, fábrica 02, fábrica 03, fábrica 04 e
fábrica 05, respectivamente, com a seguinte quantidade e percentual abordado que foi
definido pela seguinte fórmula:
28
Tabela 1: Universo e amostragem de entrevistados empregados em fábricas de costura da
zona urbana do município de Santana do Seridó/RN.
FÁB. 01 FÁB. 02 FÁB. 03 FÁB. 04 FÁB. 05 TOTAL
SEXO F M F M F M F M F M F M
19 4 18 8 17 7 21 5 18 7 90 34
PERCENTUAL 73% 27%
TOTAL 23 26 24 26 25 124
AMOSTRA
PERCENTUAL
37,9% 37,9% 37,9% 37,9% 37,9% 37,9%
AMOSTRA
ABSOLUTA
9 10 9 10 9 47
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Embora seja utilizado o critério de amostragem probabilística a indicação para ser
entrevistado segue a abordagem “bola de neve”, na qual escolhido uma pessoa, dita “semente”
de cada facção, esta indicou uma outra a ser entrevistada (ALBUQUERQUE, 2012).
Na intenção de compreender como se consagra a parceria entre o município e as
instituições ofertantes de cursos de capacitação, como também as perspectivas a longo prazo
do Pró-Sertão, será utilizado a aplicação de entrevista semiestruturada, de caráter qualitativo a
um representante da Secretaria Municipal de Assistência Social do município. Cujo qual
intermedia as parcerias com as instituições fornecedoras de cursos técnicos
profissionalizantes.
Dessa forma, a entrevista semiestruturada “[...] favorece não só a descrição dos
fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade...”
(TRIVIÑOS, 1987, p. 146).
De forma a obter maiores informações sobre o impacto em âmbito municipal, será
apresentado o diagnóstico com dados do antes e depois da implantação do Pró-Sertão no
município.
29
4. ANÁLISE DOS DADOS
4.1. PERFIL SOCIAL DOS COLABORADORES ENTREVISTADOS
De maneira a conhecer de forma mais aproximada a condição social dos empregados
entrevistados nas facções do município de Santana do Seridó/RN, foram ressaltados aspectos
como: sexo, idade, estado civil, número de residentes por imóvel, número de filhos e
escolaridade, dispostos na tabela 2.
Vale salientar que, o número de mulheres empregadas, no universo da pesquisa,
representa um percentual de 73%, em contrapartida de 27% do sexo masculino. Percebe-se o
nível majoritário das mulheres no setor faccionista, no que compreende a função de costura e
montagem de peças de vestuário, entretanto, sendo um setor que está incluindo a mão-de-obra
masculina, sem a exclusão por gênero.
Tabela 2: Perfil Social dos empregados entrevistados das fábricas de costura do município de
Santana do Seridó/RN
DADOS
PESSOAIS
OPÇÕES PERCENTUAL UNIDADE TOTAL
SEXO Feminino 81% 38 47
Masculino 19% 9
19 a 26 19% 9
27 a 34 9% 4
IDADE 35 a 42 61% 29 47
43 a 50 9% 4
51 a 58 2% 1
Solteiro (a) 34% 16
ESTADO CIVIL Casado (a) 62% 29 47
Outros 4% 2
NÚMERO DE 01 2% 1
RESIDENTES 02 15% 7
(incluindo o 03 43% 20 47
entrevistado) 04 17% 8
05 ou mais 23% 11
TEM FILHOS Sim 60% 28 47
Não 40% 19
Ensino
fundamental
incompleto 19% 9
Ensino médio
incompleto 2% 1
30
ESCOLARIDADE Ensino médio
completo 64% 30
47
Ensino técnico
incompleto 4% 2
Ensino técnico
completo 4% 2
Ensino superior
incompleto
6% 3
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
A opção de “estado civil” e “escolaridade” dispõe na tabela com as opções
contempladas pelos entrevistados, sendo excluídas as que não tiveram nenhuma indicação,
como, pelo exemplo da escolaridade, o nível “superior completo” no momento da entrevista.
Ainda dentro da constituição “Perfil Social dos Colaboradores Entrevistados”, foi
indagado qual o anterior trabalho exercido pelo entrevistado e se, diante disso, o mesmo já
tinha tido a carteira assinada. Segue o comparativo na figura 2:
Figura 2: Comparativo das respostas dos entrevistados sobre o vínculo empregatício e se já
tiveram carteira assinada antes do Pró-Sertão
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Isso porque, na atual fase de empregado nas facções de costura do Pró-Sertão, umas
das exigências é a regularização das leis trabalhistas, que assegura ao funcionário os direitos
que a ele compete.
66%
32%34%
68%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Já trabalhou anteriormente Já trabalhou com carteira assinada anteriormente
Sim Não
31
Na análise das respostas dos entrevistados, cerca 66% afirmou já ter trabalhado antes,
porém, em “empregos informais” em virtude de apenas 32% ter sua carteira assinada. Dos
empregos citados, a tabela 3 expõe quais os que foram citados e a frequência de vezes isso
ocorreu.
Cerca de 30% dos entrevistados afirmaram ser empregados, anteriormente, como
“costureiro (a)”, isso porque no município já existiu uma fábrica de costura antes da iniciativa
Pró-Sertão. Contudo, essa mão-de-obra, em parte, foi absorvida pelas facções que hoje se
instauram pelo Pró-Sertão, uma vez que esse funcionário já tem a experiência necessária para
executar o ofício.
Tabela 3: Empregos citados antes de ser empregados em fábrica de costura
CARGOS PERCENTUAL UNIDADE TOTAL
AGRICULTORA 3% 1
31
AJUDANTE DE SALÃO 3% 1
AUXILIAR DE SERVIÇOS
GERAIS – ASG
10% 3
ATENDENTE 3% 1
BORDADEIRA 10% 3
COSTUREIRO (A) 30% 9
DIARISTA 10% 3
EMPREGADA DOMÉSTICA 3% 1
ESTAGIÁRIA 3% 1
FRENTISTA 3% 1
GERENTE DE PRODUÇÃO 3% 1
LOJISTA 3% 1
REVISORA 3% 1
SERVENTE 3% 1
VENDEDORA 7% 2
VIGILANTE 3% 1 Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Uma conclusão já tida do aspecto social é que o Pró-Sertão representa a ocupação de
mão-de-obra que se encontrava desempregada e da oportunidade a pessoas que não tinham
tido seu primeiro emprego e hoje passam a ter, com todos os seus direitos assegurados.
32
4.2. IMPACTO ECONÔMICO DO PRÓ-SERTÃO
Na proposta de se debater sobre o impacto econômico dessa iniciativa no município,
antes é imprescindível conhecer qual era a realidade tida no aspecto da empregabilidade. Por
tal finalidade, a figura 3 apresenta os dados da geração de emprego no ano de 2002 a 2015 no
município. Esses dados compõe o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a seguir:
Figura 3: Geração de empregos formais no município de Santana do Seridó do ano de 2002 a
2015.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2016.
O ano de 2015 representa o maior número de empregos formais gerados no decorrer
desses anos. Isso se deve ao incentivo e apoio aos empreendedores que se propuseram a aderir
a iniciativa Pró-Sertão. Tendo início no ano de 2014 - com a abertura da primeira facção pelo
Pró-Sertão – e seguimento em 2015 – com a abertura das outras quatro e a da zona rural.
A geração de emprego e, consequentemente, renda, em decorrência do impacto
proveniente da iniciativa Pró-Sertão é sentido de forma geral na sociedade, já que há maior
número de pessoas com poder de compra. Para tal, nada melhor que saber qual esse impacto
na perspectiva do colaborador, segue a figura 4 que expõe qual a renda antes e depois desse
vínculo nas fábricas de costura.
2111
29
012 9
1
-18
3643
9
-46
30
125
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Número de empregos formais por ano
33
Chama a atenção a realidade econômica que era tida por parte dos entrevistados e suas
famílias, na qual cerca de 32% afirmavam viver com a renda familiar inferior à de 1 salário
mínimo. Atualmente, com a regularização trabalhista, as famílias passam a viver com a renda
variante em maior frequência no tópico: “de 1 até 2 salários mínimos”.
Figura 4: Renda familiar anterior e posterior a emprego em fábricas de costura
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
O valor levado em consideração é o bruto, pois com as deduções da previdência social
o valor líquido é um pouco menor. Se fosse utilizado a variável líquida, poderia gera um
resultado corrompido, pois não se é permitido nesse seguimento trabalhar as 44 horas/semana
e receber menor que o salário mínimo vigente.
Com a melhoria de renda, em alguns casos, mais pessoas passam a contribuir com as
despesas familiares, como visualizado na figura 5.
A renda familiar, antes centralizada em apenas uma pessoa, representa um percentual
de 72%, o que, atualmente, já muda o perfil das famílias, pois 64% delas têm duas pessoas
que provém o sustento do lar. Isso melhora significativamente as condições dessas famílias,
composta, em sua maioria (43%), por três residentes.
32%
64%
4%0% 0%0%
74%
19%
4% 2%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Menos de 1 salário De 1 até 2 salários Mais de 2 até 3
salários
Mais de 3 até 4
salários
De 4 salários acima
Renda familar anterior Renda familiar após empregado em facção do Pró-Sertão
34
Figura 5: Número de pessoas que contribuíam e passaram a contribuir com a renda familiar
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Outro ponto interessante é que são as mulheres que mais ocupam empregos nas
facções, como dito pelo representante da Secretária Municipal de Assistência Social
(representante SMAS): “O único ramo aqui, antigamente, era o de cerâmica, só tinha duas
cerâmicas [...] a prefeitura e os aposentados, não existia mais nenhuma atividade que gerasse
emprego e renda no município, para as mães de família, para os jovens, não existia isso”.
O Pró-Sertão contemplou no município essa mão-de-obra que almejava uma
oportunidade de emprego que, de certa forma, contribuí para a permanência do indivíduo na
localidade, que muitas vezes se deslocam para grandes certos em busca de emprego.
Reflexo também da melhoria de renda é o não enquadramento em público-alvo de
programas sociais (figura 6).
Para a escolha por parte dos entrevistados, poderia se optar por mais de uma
alternativa, caso o mesmo fosse inserido em mais de um programa social. Há quase uma
equiparação, pois enquanto antes de empregado pelo Pró-Sertão, 68% afirmava participar do
Bolsa Família, enquanto que atualmente, 72% afirmam não mais fazer parte de nenhum
programa social.
Todavia, ainda 17% se enquadra nos critérios, talvez em virtude da quantidade de
residentes do lar ou por não manter atualizado o Cadastro Único de Programas Sociais
(CadÚnico).
72%
26%
2% 0%
21%
64%
13%
2%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Apenas 01 02 duas pessoas 03 pessoas 04 pessoas ou mais
Contribuintes anteriormente das despesas familiares
Após empregado (a) em fábrica de costura, quantas pessoas contribuiem nas despesas familiares
35
Figura 6: Participantes de Programas Sociais antes e depois de empregados em fábricas de
costura
Fonte: Elaborador pela autora, 2016.
De forma geral, o Pró-Sertão vem trazendo ao município grandes avanços, em
especial, na população economicamente ativa. Essas pessoas vivem em condições
constatadas, em dados e relatos, melhores do que as tidas anteriormente, são mais livres
economicamente e, por tal, também, mais independentes social e politicamente.
4.3. PARCERIA COM ÓRGÃOS OFERTANTES DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO
O sucesso que se pode atribuir à adesão iniciativa Pró-Sertão pelo município está
estritamente ligada a capacitação dos funcionários, pois é este fator que vai possibilitar a
qualidade e fazer com que a produção atinja os parâmetros pretendidos.
O município recebeu por meio de solicitação, até o início do ano de 2015, cursos
financiados por meio do PRONATEC que, além da gratuidade ao município, ainda
remunerava os alunos que estavam sendo capacitados, segundo o representante da SMAS.
Contudo, em decorrência de cortes orçamentários do Governo Federal, o PRONATEC passou
a se torna criterioso, como citado pelo representante da SMAS: “uma cidade pequena como a
68%
15%
43%
2%
15%17%
0%
17%
0%
72%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Bolsa família Bolsa escola Programa do leite Outros (Agente
jovem)
Não
participei/participo
Já particiou de programas sociais antes Participação de programa social no momento
36
nossa [Santana do Seridó], não tinha mais como concorrer com Natal, que tinha uma demanda
bem maior”.
Em virtude dessa problemática o município, por meio da Secretaria de Assistência
Social, buscou meios de solucionar essa questão de “como continuar qualificando sem o
PRONATEC?”. Para tal, a solução encontrada foi adquirir, com recursos próprios, os cursos
para oferecer a comunidade, descrito, da seguinte forma, pelo representante da SMAS:
Procuramos o SENAI, novamente, a FIERN, SEBRAE, e engatamos a proposta de
comprar esses cursos, continuar comprando esses cursos que vinham pelo
PRONATEC. Houve acordos, houve contratos que a gente assinou com eles
[ofertantes] de continuar comprando esses cursos...
Com essa mudança de um curso que antes era ofertado pelo PRONATEC e, agora,
passa a ser ofertado pela Secretaria de Assistência Social, alguns indicadores que restringiam
o acesso de alguns foi retirado, como, a necessidade de participação no CadÚnico e a posse
do Número de Identificação Social – NIS.
Percebeu-se, então, a inclusão de grupos antes não adequados aos indicadores do
programa, conforme o representante da SMAS, “várias pessoas, vários jovens que tinha
interesse em aprender, mas que não tinham Cadastro Único e que queria participar do curso”,
esse público foi contemplado pela ausência de critérios.
O município passou a ter como critério para formação de turma a “ordem de chegada”,
completa as vagas ofertadas, o cidadão adentraria na lista do cadastro reserva, em caso de
desistência de algum membro da turma. Por base no relato, não houve uma diminuição da
demanda em virtude do não pagamento de bolsa aos alunos, isso mostrou o interesse em se
capacitar e buscar e se tornar um potencial funcionário de uma facção de costura.
Os entrevistados responderam, conforme a figura 7, sobre os cursos de capacitação,
caso tinham feito, se foi pelo PRONATEC e se já tinham alguma noção antes da capacitação.
Grande parte dos funcionários relatam ter se capacitado, sendo 68% deles. Com a
concessão de bolsa esse percentual é de 36%, ou seja, o não oferecido de bolsas do
PRONATEC, mas a oferta pelo município, moveu as pessoas em torno de se capacitar para,
eventualmente, buscar empregos nas fábricas do município.
37
Figura 7: O entrevistado e a relação com os cursos de capacitação
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Chamou atenção pessoas que citaram não ter feito curso, consequentemente,
responderam negativamente a alternativa de fazer curso por meio do PRONATEC e nem tinha
noção de costura. Sobre esses, alegaram ser empregados em outra fábrica, tida antes do Pró-
Sertão ter apoio no município, e nela aprenderem o que hoje sabem e, por tal, são admitidos
pela experiência em outras fábricas.
O município representa no processo de adesão e apoio ao Pró-Sertão um dos “agentes”
facilitadores, na soma de parcerias que fazem com que essa iniciativa se solidifique e venha a
perdurar no longo prazo, com o beneficiamento da sociedade e a promoção do
Desenvolvimento Local.
4.4. O PRÓ-SERTÃO E A PERSPECTIVA A LONGO PRAZO
O Pró-Sertão representa no município de Santana do Seridó, uma iniciativa que foi
amplamente aceita pelos envolvidos nessa parceria: o poder público – com a promoção de
cursos de capacitação ao funcionário e apoio aos faccionistas; aos faccionistas – que são os
68%
36%
45%
32%
64%
55%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Fez curso de capacitação Fez curso pelo Pronatec Tinha noção de costura
Sim Não
38
empreendedores e tem acesso a instituições que o ajudam a gerir, como o SEBRAE; e o
colaborador - aquele que faz as coisas acontecerem.
Pelos diversos atores envolvidos na idealização dessa iniciativa – Governo do RN,
Fecomércio, Sistema “S”, entre outros - tudo aquilo que é produzido na região do Seridó é
fornecido a duas empresas: a Hering e o Grupo Guararapes. No município, a maior venda é
feita ao Grupo Guararapes, que envia as peças cortadas e prontas para ser costuradas e
montadas pelas fábricas.
É um modelo que vem dando certo no município, contudo, esse é um mercado
potencial e com margens a persistir no longo prazo, sendo bem gerido e buscando se adaptar
as demandas que irão surgir.
Na visão de futuro o município está na busca um novo segmento, uma vez que, no
momento, a produção gira em torno de peças jeans – calças, saias, shorts, entre outros -, tem-
se a proposta do curso de confecção de peças íntimas.
É uma modelagem bem diferente das de fábricas que trabalham com o jeans, pois,
estas possuem em média 25 colaboradores, enquanto uma produção de peças íntimas pode ser
formada por 5 ou 6 colaboradores.
Segundo o representante da SMAS, parte do plano de pensar a longo prazo, formalizar
no município uma marca própria, ou seja, cada empreendimento ser produtor de um
determinado segmento, além do jeans, como malha (em camisas, por exemplo), peças íntimas,
moda praia, entre outros.
Essa visão de se formar no futuro uma marca própria, torna as facções que hoje são
produtoras de peças de um único tipo, participantes de um grupo em virtude da marca. Isso
representa a caracterização de um Arranjo Produtivo Local (APL) já que serão independentes,
mas que juntas tomaram força para serem competitivas.
Parte dessa ideia é expressa nas palavras do representante da SMAS: “[...] você vem
de São Paulo pra comprar peças, então, se eu tenho um canto que tenha cueca, que tenha polo,
um canto que tenha calça jeans, que tenha moda praia, então a gente vai tentar conseguir isso,
a todo custo, porque é uma preocupação...”
Independente do êxito da iniciativa hoje, no município, esse pensamento de ser mais
independente leva a crer que há meios de se preservar a longo prazo tal iniciativa. É notório
que a soma das parcerias hoje, será ainda mais necessária na implantação da marca própria,
por exemplo, no futuro. Prova-se que o Desenvolvimento Local é possível pela ação conjunta
de “atores sociais”.
39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode ser constatado que a iniciativa Pró-Sertão surtiu, em Santana do Seridó, uma
carência pela geração de empregabilidade no município. Isso foi possível pela junção de
atores que direta e indiretamente fizeram/fazem parte desse processo, tais como: SEBRAE,
SENAI, Prefeitura Municipal, faccionistas, entre outros.
Com base nas entrevistas aplicadas junto a amostragem de colaboradores, é percebido
critérios positivos e de impacto econômico após a aderência ao Pró-Sertão, tais como: a
melhoria da renda familiar; o aumento do número de contribuintes; o não enquadramento em
parâmetros de Programas Sociais – isso em decorrência do aumento da renda; e, um ponto
muito importante, a seguridade por meio de emprego formal.
Os pontos abordados como resultados vão ao encontro das hipóteses estabelecidas,
como a primeira e a terceira que dizem respeito ao aumento da empregabilidade e, vale
salientar, de empregos formais, como também a redução por demanda em programas sociais,
respectivamente. Por conseguinte, para alcance da terceira hipótese, não foram encontrados
documentos formais ou dados a respeito do aumento de empreendimentos, dessa forma, surgi
mais indicações de pesquisas futuras.
Embora afirmado por 66% dos entrevistados já terem trabalhado anteriormente,
apenas 32% já tinham tido a carteira assinada, ou seja, 34% dos que afirmaram trabalhar
estavam a atuar na informalidade, sem seus direitos resguardados.
Outro fator importante é a inserção da mulher no mercado de trabalho, que pode ser
dito até como majoritário (73% mulheres e 27% homens) no ambiente das facções de costura
do município. Isso representa uma mudança que vem sendo notada nos paradigmas da
sociedade, através do empoderamento da mulher, conquistado com lutas, ao longo dos anos.
A oportunidade dada a mulher, no contexto citado, contribui na concepção das
liberdades alcançadas por meio da independência, a princípio, a financeira e, posteriormente,
a social e política.
O Desenvolvimento Local é possível, como citado por Sen (2000), por essas
liberdades que o indivíduo vem a gozar. O Pró-Sertão inicia esse processo pela liberdade
financeira, na qual o trabalhador, em alguns casos, era dependente de familiares e cônjuges.
Vale salientar que se encontrava em uma realidade de um pequeno município que, como
mencionado pelo representante da Secretaria de Assistência Social: “era bom de se morar,
mas não tinha emprego”.
40
Pelos dados obtidos no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) após a adesão em
2014 e a implantação da primeira facção no município, a realidade começou a tomar uma
nova forma, pode ser dita até como uma mais “independente”. Notada em 2015 a geração de
125 empregos formais, para um município que apresentou até índices negativos e ausência de
oportunidades.
O ponto mais alto de toda essa discussão, pesquisa e análise está em aferir que as
ações só vieram a se consolidar pelo agrupamento de diversos atores em prol de um objetivo,
o Desenvolvimento por meio da geração de emprego e renda.
A perspectiva é que, semelhante ao município de Santana do Seridó, outras realidades
possam visualizar a possibilidade de mudança e melhoria de vida da população. Quando o
setor público não consegue absorver a maioria e o setor privado necessita de maiores
estímulos para permanecer na luta dos desafios impostos pelo mercado.
A longo prazo, poderá ser pesquisado quais os setores que mais foram solicitados em
decorrência dos efeitos do Pró-Sertão na vida do colaborador, como também os indicadores
de saúde e qualidade de vida deste trabalhador.
Ainda na perspectiva do longo prazo, será possível acompanhar a proposta de
implantação de uma “marca própria” no município, na qual as facções de costura serão
empresas independentes, como já são, mas que se articularão em prol de “unir forças”,
galgando a ideia do que vem a ser os Arranjos Produtivos Locais – APLs.
Conclui-se, por fim, que a iniciativa Pró-Sertão contribui na geração do
Desenvolvimento Local, promove um impacto econômico que, para um pequeno município,
vem de forma tão expressiva modificar uma realidade. Além de atender aos clamores de uma
população que, atualmente, não necessita, obrigatoriamente, como uma forma de subsistência,
se deslocar a grandes centros em busca de oportunidades e qualidade de vida.
Os resultados obtidos na pesquisa são restritos ao município de Santana do Seridó e a
funcionamento do programa estudado, não sendo possível fazer uma extensão desses
resultados ao funcionamento de tal programa em outros municípios, nem comparar a
programas similares que funcionam em outras regiões.
Assim, os resultados desta pesquisa são singulares a realidade abordada. Neste sentido,
para se conhecer de forma mais aprofundada as transformações proporcionadas por este
programa e outros similares, além das variáveis que posam envolvê-los, recomenda-se
posteriores estudos para se conhecer e avaliar como estão os outros municípios da região do
Seridó Potiguar, bem como demais localidades.
41
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45
APÊNDICES
APÊNDICE A – Questionário colaboradores
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
QUESTIONÁRIO I – COLABORADORES
1. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS
1.1. Idade. _____________
1.2. Sexo
( ) Feminino ( ) Masculino
1.3. Qual o número de pessoas (incluindo você) que residem na sua casa?
( ) 1 pessoa;
( ) 2 pessoas;
( ) 3 pessoas;
( ) 4 pessoas;
( ) 5 ou mais pessoas.
1.4. Qual seu estado civil?
( ) Solteiro/a;
( ) Viúvo/a;
( ) Casado/a;
( ) Divorciado/a;
( ) Outros.
1.5. Possui filhos?
( ) Sim. Quantos? ______ ( ) Não.
1.6. Qual o seu grau de instrução?
( ) Ensino fundamental incompleto;
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto;
( ) Ensino médio completo;
( ) Ensino técnico incompleto;
( ) Ensino técnico completo;
( ) Ensino superior incompleto;
( ) Ensino superior completo;
( ) Pós-graduação incompleta;
( ) Pós-graduação completa.
46
1.7. Qual era o seu emprego antes deste que você ocupa?
( ) Não era empregado antes desse trabalho que estou;
( ) Sim, era empregado(a). Em qual função? _________________________________
1.8. Já trabalhou com a carteira de trabalho assinada antes?
( ) Sim
( ) Não
2. PERFIL ECONÔMICO
Este bloco diz respeito, a saber, questões antes do vínculo empregatício na facção.
2.1. Qual a renda familiar anterior?
( ) Menos de 1 salário;
( ) De 1 até 2 salários;
( ) Mais de 2 até 3 salários;
( ) Mais de 3 até 4 salários;
( ) De 4 salários acima.
2.2. Quantas pessoas antes contribuíam nas despesas familiares?
( ) Só 1 pessoas;
( ) 2 pessoas;
( ) 3 pessoas;
( ) 4 ou mais pessoas.
2.3. Já participou de algum programa social antes deste emprego e que hoje não tem
mais?
( ) Não participei de nenhum;
( ) Bolsa família;
( ) Bolsa escola;
( ) Programa do leite;
( ) Outros. Citar:___________________
3. ATUAL PERFIL ECONÔMICO
Este bloco diz respeito, a saber, questões após o vínculo empregatício na facção.
3.1. Qual a renda familiar atual?
( ) Menos de 1 salário;
( ) De 1 até 2 salários;
( ) Mais de 2 até 3 salários;
( ) Mais de 3 até 4 salários;
( ) De 4 salários acima.
3.2. Quantas pessoas contribuem, atualmente, nas despesas familiares?
( ) Só 1 pessoas;
47
( ) 2 pessoas;
( ) 3 pessoas;
( ) 4 ou mais pessoas.
3.3. Atualmente participa de algum programa social?
( ) Não participo;
( ) Bolsa família;
( ) Bolsa escola;
( ) Programa do leite;
( ) Outros. Citar?___________________
4. CAPACITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO
4.1. Fez algum curso de “corte e costura” ou “costura industrial” antes de ser
contratado?
( ) Sim
( ) Não
4.2. Em caso positivo, o seu curso foi realizado por meio do PRONATEC?
( ) Sim
( ) Não
4.3. Se fez algum curso, já tinha noções de costura antes?
( ) Sim ( ) Não
48
APÊNDICE B – Entrevista representante da Secretaria Municipal de Santana do Seridó/RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
QUESTIONÁRIO II – SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
1. AÇÕES DA SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA EM TORNO DA INICIATIVA PRÓ-
SERTÃO
1.1. Qual o antigo panorama do município no que se referi a questão da empregabilidade?
1.2. Em linhas gerais, como o município articula com as instituições ofertantes de cursos do
PRONATEC?
1.3. A secretária dispõe de alguma estatística em torno do número de capacitados e se eles
estão empregados em alguma fábrica de costura do município?
1.4. Quais são os critérios que a secretaria utiliza para formação de turmas?
1.5. Qual a sua visão de futuro com relação ao crescimento da iniciativa Pró-Sertão no
município?
49
APÊNDICE C – Cronograma
Atividades/Meses 2015 2016
Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Escolha do tema X
Definição da
empresa X
Notificação do tema
e do orientador à
coordenação do
curso
X
Plano de trabalho:
problemática,
hipóteses,
justificativa,
objetivos,
bibliografia inicial
X X
Referencial teórico
inicial. X X
Metodologia X
Revisão pelo
professor orientador
e modificações
finais
X
Entrega do projeto
final ao professor
orientador.
X
Entrega do projeto
final à Coordenação
de Curso.
X
Revisão do
Referencial teórico X
Desenvolvimento do
instrumento de
coleta de dados
X
Coleta de dados X
Análise e
interpretação de
dados
X
Considerações finais X
Revisão pelo
professor
orientador.
X
50
Correções finais X
Entrega do trabalho
final ao professor
orientador.
X
Entrega do trabalho
final à Coordenação
de Curso.
X