evolução das paisagens naturais do estado do ceará

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  • Boletim Goiano de Geografia Goinia - Gois - Brasil v. 28 n. 1 p. 63-80 jan. / jun. 2008

    Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - Brasil

    Evolution of the natural landscapes of the state of the Cear Brazil

    Ftima Maria Soares [email protected]

    Resumo

    Esta pesquisa tem por finalidade efetuar resgate de estu-dos sobre a formao do substrato rochoso e formas de relevo que propiciaram a formao das paisagens natu-rais no Cear. Visa, a partir das classificaes morfoes-truturais e morfoesculturais do relevo em foco, descrever como so constitudas e distribudas as paisagens em seu espao territorial.

    Palavras-chave: paisagem, espao geogrfico, Cear

    Abstract

    This research has for purpose to effect one rescue of the studies on the formation of the rocky substratum and its relief forms in the State of the Cear, that had propitiated the formation of there existing the natural landscapes. From the classification of the morfoestruturas and mor-foesculturas that compose the relief of this State, to de-scribe as these landscapes are constituted and as they are distributed in its territorial space.

    Keys-words: Landscape, geographic space, state of the Cear

  • 6528, n. 1: 63-80, 2008Artigo BGG

    Introduo

    No campo de investigao cientfica, a Paisagem Geogrfica desperta interesse dos pesquisadores, em especial da Geografia. Apesar dessa linha de pesquisa ter se iniciado no sculo XIX, nas ltimas dcadas do sculo XX ela retomada por compreender, com maior propriedade a formao e trans-formao do espao geogrfico, como unidade e singularidade. Esta rea de investigao permite, nestes termos, entender os processos de formao da natureza e da sociedade de forma integrada e no compartimentada.

    Com o avano do conhecimento, gerando argumentos, informaes e tcnicas, atualmente torna-se possvel ter noo do uno, sem perda das bases conceituais e cientficas geogrficas, posto serem tratadas e analisadas como integrantes de um contexto.

    Pautando-se nestas premissas sero analisadas as paisagens do Cea-r, com suporte na morfologia e estrutura do relevo, estudadas por diversos pesquisadores ao longo do tempo. Nestes termos efetuou-se levantamento bi-bliogrfico sobre a formao das paisagens no Cear, dando nfase aos traba-lhos sobre o substrato rochoso e seus modelados na superfcie continental.

    Como se formaram as paisagens naturais do cear

    A identificao de unidades morfoestruturais e morfoesculturais constitui um dos campos de investigao cientfica da paisagem geogrfica, posto esta encontrar-se submetida ao efeito de processos exgenos e end-genos no planeta, que a modelam e remodelam tornando-a um ambiente singular.

    Apesar da noo de paisagem ser de integrao da natureza e da so-ciedade nela contida, a base de sua formao cientfica natural, formada pela troca incessante de energia e matria geradora das diversidades de am-bientes.

    A esttica da paisagem transforma-se em ritmo diferenciado na escala espao temporal, cuja energia desprendida em sua modificao origina-se das foras naturais e sociais.

    A formao da superfcie do planeta d-se a partir da liberao de for-as internas que a fraturam e desnivelam, submergindo-a, abrindo fendas que so preenchidas no tempo por sedimentos transportados pela dinmica exercida pela bacia hidrogrfica, agente remodelador da superfcie terrestre.

  • 66 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGGEmbora a fora desprendida do centro do planeta, liberando energia

    e matria, seja responsvel pelas formas de relevo de grandes dimenses, as atividades so controladas pela prpria estrutura evolutiva do astro. Sua superfcie protegida por placas que fluam sobre o magma de grande plas-ticidade e que so submetidas a foras extremas. Movimentadas por tecto-nismo ou expelidas por vulcanismo , as placas criam formas de orognese e de epirognese.

    Essa nova tipologia da superfcie retrabalhada continuamente pela ao das guas, quando da formao das bacias hidrogrficas, que modelam as rochas em sua descida pelas vertentes, aproveitando as fendas, fraturas e desnveis. Neste processo so carreados, da montante jusante, sedimentos e material rochoso que, ao serem depositados, redefinem as formas, e por-tanto, as paisagens.

    No esculturamento da superfcie terrestre, as condies climticas contribuem nas transformaes da paisagem. Os ciclos de glaciao e aque-cimento apresentam-se como agentes atuantes na formao do relevo. A ao das guas na forma slida ou lquida tem papel preponderante na formao do relevo. Sua mudana de estado permite o arrastamento de materiais de granulometria diferentes, burilando e esculpindo formas.

    A ao conjunta dos quatro elementos da natureza (atmosfera, hi-drosfera, toposfera e biosfera) aciona mecanismo de correlao em cadeia, formando paisagens. A variaao da temperatura altera o gradiente presso e a relao de troca energtica entre a atmosfera e litosfera. Seus efeitos de-terminam o ciclo climtico e sua biodiversidade, conforme sua localizao geogrfica. Assim, materializam-se os ecossistemas ocenicos e continen-tais, formando ambientes naturais com recursos que permitem a existncia e dominao do homem no planeta: usando e transformando a natureza, criando e modificando as paisagens.

    No Cear, as paisagens naturais formadas foram constitudas por: ma-cios cristalinos e inselbergs; depresses perifricas; chapadas sedimenta-res; plancies sub-litornea, fluvial e litornea (Figura 1).

    Essas morfologias foram esculpidas por movimentos tectnicos de epirognese e orognese, que fraturaram a crosta, formando graben (cuja ex-tenso possibilitou a formao da rede de drenagem e seus principais rios, como o Jaguaribe).

  • 6728, n. 1: 63-80, 2008Artigo BGGFigura 1. Mapa de Unidade de Paisagem do Cear (adaptao com base na Unidade de Relevo SOARES/2007)

    Segundo Beurlen (1967), a morfoestrutura do Cear comeou a se deli-near a partir do pr-devoniano, perodo de ruptura dos continentes africano e americano e de formao do Oceano Atlntico. Neste perodo, este oceano era separado em Norte e Sul, ligando-se o bloco nordestino ao continente africano. O citado bloco encontrava-se sob presso dos oceanos, tencionan-do a movimentao isosttico da crosta, ocasionando: flexes das estruturas para leste; aberturas de fendas profundas e direcionais; movimentos verti-

  • 68 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGGcais separando blocos escalonados (Figuras 2 e 3).

    Figura 2 - Estrutura Geolgica do Nordeste Brasileiro. Fonte - Kegel (1959)

    Figura 3 - Estrutura Geolgica do Nordeste do Brasil. Fonte - Kegel (1969)

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    Sob efeitos climticos de perodo mais seco, estabeleceu-se um mar raso que adentrou no continente, formando as estruturas de calcrios hoje existentes. Com a intensificao dos movimentos tectnicos, a crosta se rom-pe em vrias direes, com predominncia no sentido SW-NE e W-E. Os blocos entre as linhas tectnicas soerguem-se, mantendo uma face elevada e seu reverso inclinando-se suavemente.

    No que se refere presena de calcrio na regio, diversos estudos so realizados. Kegel (1957) identificou a oeste do rio Au, no Rio Grande do Norte, os calcrios ali depositados como sendo de diferentes perodos. O in-ferior, depositado em fcies lagunar, argiloso com intercalaes de camadas de gipsferas, ocorrido durante o perodo de regresso do mar e denominado de calcrio Jandara. O superior, formado por camadas clsticas, arenoso e puro com conglomerados de folhelhos denominados de Arenito Au. Este ltimo encontrado na Chapada do Apodi, com reverso situado no Rio Gran-de do Norte, e sua escarpa para Limoeiro do Norte, no Cear. Beurlen (1961) ratifica a ocorrncia do calcrio Jandara, identificado por Jacob (1946) nas falsias ao longo do litoral do extremo leste do Cear, trecho correspondente aos municpios de Icapu e Acarati.

    Na concernente ruptura em vrias direes da crosta, merecem desta-que os estudos:

    Suszczynski (1966, p.386 apud Crandall, 1910), efetuando anlise da seqncia litolgica do Cear, identifica fcies litolgicas que, segundo ele, possuem a seguinte seqncia: psamtica, peltica, peltica-calcria e calc-ria, dispostas paralelamente E-W. Entre Ors e Banabu, existem extensas faixas quartzticas, identificadas como pertencentes s sries Metamrficas: Independncia-Sobral e Jabara.

    A Srie Metamrfica Cear apresenta tenso longitudinal S de 400 km, estendendo-se por Chorozinho, Aruaru, Cunupira, Fronteira e Campos Sales. Neste trecho, ela se junta Srie Metamrfica Independncia-Sobral, que se alarga na poro N-S. De Fronteira a Ic, as elevaes seguem direo NE-SW, vergando-se para E-W, ou posicionando mais ao N.

    A Srie Independncia-Sobral comea SW/CE, prxima regio Pio IX Cococi em direo N-S, segue Independncia, Reriutaba, Sobral, numa seqncia litolgica E-W, com remanescente isolada ao E de Independn-cia. Esta srie contnua em toda sua extenso. As formaes de quartzitos formam cristas agudas com afloramento de 300km, que se juntam ao S/CE na regio da Vrzea Alegre, Cedro. Em Ors, Banabui, as elevaes dis-pem-se no sentido N-S, inclinando-se para NE na extremidade Norte e para

  • 70 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGGSW na extreminade Sul. Cada uma dessas sries metamrficas apresenta estgios diferentes de magmatizao e granitizao, constituindo-se em uma Unidade Geolgica Bsica com evoluo prpria e bem definida no tempo e no espao.

    A Srie Jabara, no Cretceo, sofre reativao em movimentos direcio-nais deslocando blocos para Sudoeste, com espessura em torno de 1.000m, no mostrando dobramento deformado em falhamentos. Estas falhas, como a do Jaguaribe, foram causadas por compresso do bloco posicionado NE, quando ainda estava preso ao continente africano, o que provocou levanta-mento epirognico e uma distenso da rea entre as falhas e a fossa amaz-nica, esta resultante do rebaixamento epirognico. Os blocos mais elevados do nordestino vo formar os Planaltos, e as bacias centrfugas.

    A Formao Juc, na alta bacia do rio Jaguaribe, consiste em sedimen-tos que preencheram a fossa tectnica, na transio da Plataforma Brasilei-ra. A referida sofreu tecto-orognese, caracterizando-se pela forma alongada na direo do dobramento subjacente.

    Almeida (1967) diz que as rochas metamrficas formadoras do Grupo Cear mostram-se linearmente dobradas no sentido NNE-ENE. Esses falha-mentos infiltram-se em discordncia com as rochas do Complexo Cristali-no, constitudo de xistos cristalinos e gnaisses. As rochas do Grupo Cear so antigos xistos argilosos com quartzitos, arenitos e calcreos, transforma-dos em mrmore. O granito da Serra da Meruoca surge como testemunho da movimentao intensa da crosta que emerge do interior do continente e cujo soerguimento deu origem a esta elevao. Parte dos dobramentos segue na direo NW-NE.

    A partir dos movimentos geoanticlinais ocorridos no Cear, movimen-tos sinclinais se ergueram na direo NE-SW, apresentando largura apro-ximada de 170 km e comprimento de 350 km, dispostos em toda extenso na parte central do Estado (Almeida op. cit p.391). Os Dorsais granticos, extensos e com pedogneses espessas, so encontrados em Quixad, Quixe-ramobim, Pedra Branca, Serras Maranguape, Baturit, Arara, Serra Feijo, ao Machado, Uruburetana, Serra Marrus, Serras Tamboril, Emanatuba e Boa Viagem.

    Em toda sua extenso, do centro para borda E do Estado, os geoanti-clinais esto muito dispersos e ligados a processos geolgicos diversos, ocor-rendo corpos metabsicos-ultrabsicos. Estes esto delimitados por faixas geolgicas com ambiente geotectnico primitivo, como os identificados em Fortaleza, Quixad, Madalena, Pedra Branca, Carrapateiras, Arneirs; Com-

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    plexo Magnesiano encontrado em Madalena, Pedra Branca e Carrapateiras (Almeida op cit p: 392).

    Nos dobramentos internos geoanticlinal so evidenciadas estruturas de grande complexidade, sistemas de dobramentos perpendiculares em dire-o NE-SW, sitos em Tamboril, Ebatub, Boa Viagem, Uruburetama, Itapag, Irauuba, Apuiars, Serra das Vertentes, Trapi, Sata Quitria e Catunda.

    Ao norte do Estado, o Macio do Baturit se dispe na poro W-SW, formado por sedimentos oriundos da Bacia do Meio Norte, distribudos de forma isolada e esparsa e dispostos em direes diversas. Seqncias lito-lgicas ectinticas da srie metamrfica encontram-se expostas no mesmo sentido, identificadas, a W, em Senador Pompeu e Mombaa, e a SW, em Boa Viagem, So Lus do Curu, Redeno e Aracoiaba.

    Almeida (1969) comenta que a evoluo geossinclinal cclica prosse-guiu at o quaternrio. No NE, as reas de dobramentos e as bacias intermon-tanhas so limitadas por falhas Serra da Ibiapaba. Estas foram preenchidas por duas formaes. A primeira, a inferior, composta por arenitos arcsios em pelitos vermelhos, com conglomerados basais. A segunda, a superior, formada por conglomerados polimticos de origem fanglomertica de inten-so magmatismo, cuja deposio deu-se por derrames e intruses de andesito, rilito, basalto, diabsio, plutes de granito (Serra Meruoca) e granodiorito. A formao da Serra Grande, constituda por arenito branco caolnico, foi oriunda da acumulao de quartzos e feldspatos calinizados, depositados fora da bacia e por uma posterior camada ferruginosa, sucedida pela Forma-o Pimenteira.

    Almeida (op. cit.) concorda com Berder (1965) e Beurlen (1961), quando atribuem a deposio dos calcrios, folhelhos e gipsitas, primeiro, a condies estveis de ao da plataforma continental e, posteriormente, a condies de instabilidade no sentido do litoral. sob estas mesmas condi-es ambientais que se formaram as bacias sedimentares localizadas mais ao continente, acumulando-se nos grabens de at 2.500m. Apoiada em Sam-paio e Schaller (1968), afirmaram serem esses depsitos evidncias observa-das na costa. Em 1969, Beurlen e Mabesoone afirmam que os depsitos de gipsita ocorreram quando da ingresso marinha episdica e transitria, cuja insero em ambiente de guas salobras e clima seco possibilitaram essa formao, em Santana do Cariri, Misso Velha, Portieras e Jardim. Sobre o depsito de calcrio, na Chapada do Araripe, dispe-se o arenito Itapecur.

    A formao das bacias ou manchas do cretceo superior conseqn-cia do depsito de sedimentos csticos, encontrados na Bacia de Barro (norte

  • 72 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGGdo Vale do Cariri) e classificados como Formao Brejo Santo-Misso Velha e Mauriti-Tacarat. Segundo Beurlen e Braun (1965/1966), estas duas forma-es possuem litologia semelhante da Serra Grande, na qual se encontram conglomerados de arenitos mdios e silicificados com capa latertica. Para esses autores, o desenvolvimento litolgico destas representam relquias conservadas em blocos afundados de uma nica capa sedimentar, anlogas da Chapada do Araripe.

    As bacias do Iguatu e dos Peixes, de ampla estrutura anticiclinal, dire-o W-E, tm, superposta a esta direo, estrutura epirognica original sin-clinal, sendo a atual estrutura imposta por uma inverso das tendncias epi-rognicas. As bacias apresentam na extremidade setentrional uma capa se-dimentar, caracterizada por descontinuidades e relevos testemunhos, como a bacia de Barro, entre Milagres e Ic, preenchida pela Formao Tacarut, Brejo Santo e Misso Velha. Apresentam-se como blocos inclinados para o sul e na mesma direo cortados por uma falha pronunciada.

    Outra relquia a bacia de Lavras da Magabeira. Localizada ao norte da capa sedimentar, onde se encontra a Chapada do Araripe, tem-se o vale do Cariri, superfcie cristalina que sobe bruscamente para o planalto do Ca-ririau e norte de Juazeiro do Norte, entre Milagres e Barros. Nestas reas, a altitude varia de 800 a 900m, sendo cortada por intensos vales fluviais, com nveis prximos ao da Chapada do Araripe. Na regio do Crato, Barbalha, Misso Velha e Milagres, observa-se a constituio da Formao Milagres-Brejo Santo, situadas em nveis altimtricos na faixa de 400 a 450m.

    Entre os geoanticlinais, encontram-se depresses Laterais que so parte do embasamento cristalino rebaixado ou ao mesmo nvel topogrfico das elevaes de suas circunvizinhanas. As depresses, segundo Ab Saber (1956), tiveram sua formao quando o movimento de orognese reativou a crosta como conseqncia de movimentos epirogenticos. Constituem reas deprimidas, circundadas por elevaes que, submetidas a mudanas climticas midas, desencadearam um processo rpido de intemperismo qumico das rochas. No entanto, a regio submetida temporalmente a mudanas climticas, de variao entre seca e semi-rida e cuja a ao intemprica decorre das mudanas de temperaturas diurna e noturna, de chuvas sazonais.

    Prximo ao litoral, as Formaes Infra-Barreira so sedimentos de concrees ferruginosas, com formao de canga na parte superior e presen-a de seixos de quartzos acumulados, nas proximidades do leito maior dos rios, quando do transporte por guas fluviais.

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    Transportados durante o perodo mido, os sedimentos originrios das rochas cristalinas foram depositados nas reas depressivas prximas ao litoral, remodelando a paisagem. A rede de drenagem controlada pelo sistema estrutural, com rios que correm em graben e cujos cursos so col-matados por sedimentos correlatos oriundos do cristalino e formadores dos tabuleiros pr-litorneos.

    No Cear, observam-se reas depressivas circundantes posicionadas para o litoral. Estas depresses foram preenchidas por sedimentos correlatos e so identificadas quando ocorrem afloramento. So resultantes de reati-vao tectnica que elevou esses pacotes de sedimentos e formou as fal-sias litorneas. Estas so compostas por sedimentos: coluvionais argilosos, formados em perodo climtico mais seco; aluvionais lixiviados arenosos, depositados em perodo de clima mais chuvoso.

    Em trechos do litoral leste, prximo fronteira com o Rio Grande do Norte, essas falsias emergem com pacotes de calcrio, superposto por sedi-mentos da Formao do Barreira e dunar. Neste trecho do litoral, as dunas adentram no continente sob a ao dos ventos, transportando sedimentos ao longo do tabuleiro costeiro.

    Castro (1979) enfatiza que os ciclos de mudanas climticas de glacia-es com fases mais frias e secas, com domnio das massas polares, ao de anticiclones subtropicais, desencadeiam processo de eroso mecnica, iden-tificado nos colvios e sitos nos interflvios dos canais de pequeno porte.

    Ao longo da faixa litornea, observa-se que as formaes dunares obe-decem aos ciclos de maior e menor aridez. Tais evidncias podem ser verifica-das nas formaes dunares descaracterizadas do litoral N: Caucaia e Trairi.

    Outra evidncia da ao climtica seus efeitos no barramento da foz dos rios, formando de um lado, lagoas costeiras permanentes, encontradas em Batoque, no municpio de Aquiraz e na lagoa do Sal em Beberibe. E de outro lado, lagoas costeiras temporrias, como a lagoa da Barra Mansa, entre Icara e Tabuba (Caucaia). No litoral norte, a formao de lagoas ocorre devi-do barramento da foz dos rios por sedimentos praiais formadores de dunas, identificados no litoral de Itarema, Camocim e Cruz.

    No litoral com topografia prxima ao nvel do mar, nos perodos mais ridos, observa-se a acumulao de sedimentos alterando o curso dos rios e sua foz. Estes sedimentos formam pequenas restingas, flechas litorneas e soterram lagoas.

    Com base nos estudos anteriormente realizados, santos et al (1972) classificou cinco (5) domnios morfolgicos no cear, subdividindo-os em 10 compartimentos de relevos, discriminados abaixo:

  • 74 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGG- Domnio do litoral, incluindo as plancies costeiras e os tabulei-

    ros sobre sedimentos da formao barreira;- Domnio das depresses interplanlticas e depresses perifri-

    cas, refererindo-se s partes rebaixadas da superfcie sertaneja;- Domnio das plancies aluviais, constando trechos alargados

    dos vales principais;- Domnio dos planaltos isolados e relevos residuais, subdivi-

    didos em trs compartimentos de relevo: planaltos isolados, superfcies de planaltos dissecados em morros e patamares, e superfcies de planaltos dissecados em cristas estruturais;

    - Domnio dos planaltos sedimentares, constando os comparti-mentos de relevo cuestiformes e plats, de relevos sedimentares dissecados e de superfcies conservadas de planaltos, capeadas por detritos ou laterizadas.

    A partir da classificao morfoestrutural supramencionada, moreira & gatto (1981) e prates et. al. (1981), propem considerao de cinco unidades morfoestruturais: plancie litornea, tabuleiros litorneos, superfcie serta-neja, planaltos residuais e planalto da ibiapaba.

    As propostas de classificao morfoestruturais retromencionadas ali-ceraram a proposta de souza (1988), que prope para o cear trs unidades de domnio morfoestruturais:

    - Plancies e terraos fluviais, correspondentes aos depsitos se-dimentares no cenozico;

    - Chapadas e planaltos, corresponden tes aos sedimentos das bacias sedimentares paleo-mesozicos, como a chapada do Ara-ripe, chapada do apodi, planalto do ibiapaba serra grande;

    - Escudos e macios antigos, correspondentes aos terrenos cris-talinos pr-cambrianos, que formam os planaltos residuais e a depresso sertaneja.

    Essas classificaes serviram como suporte para a classificao do embasamento cristalino do Cear por Saadi & Torquato (1992), indicando duas unidades morfoestruturais:

    - A primeira unidade resultante de uma complexa distribuio espacial de estruturas geolgicas em rochas de natureza gneo-

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    metamrfica do Pr-Cambriano, formadas por trs blocos estru-turais submetidos a diversos eventos orogenticos e epirogen-ticos, que desencadearam dobramentos, falhamentos, fratura-mentos e zonas de cisalhamento na direo NE-SW, associadas s feies dos planaltos sertanejas e aos macios residuais;

    - A segunda unidade resultante de eventos tectnico-estruturais, direcionados no sentido NW-SE, onde se formaram as depres-ses sertanejas, fortemente associadas a processos erosivos.

    Souza Filho (2000), apoiado nos estudos dos autores citados anterior-mente, estabeleceu um quadro litoestratigrfico em mapeamento geolgico na folha topogrfica SA 24-Y-D-V de Irauuba, identificando trs grandes agrupamentos: Metaplutnicas Pr-Brasilianas, Rochas Supracrustais e Plu-tnicas Brasileiras.

    Na seqncia, Soares (2001) elaborou uma classificao de paisagem, aplicando-a Bacia Hidrogrfica do Curu. Sua base de suporte foi a deli-mitao da bacia hidrogrfica como uma unidade natural, obtida a partir das unidades de relevo, cujo critrio fundante foi a morfoestrutura e mor-foescultura. Com as unidades delimitadas espacialmente a referida autora inter-relacionou os demais componentes naturais e sociais formadores da paisagem geogrfica.

    A finalidade da classificao de paisagens proposta consiste em utili-zar esta linha de investigao geogrfica na leitura e compreenso do espao no qual se estabelecem as relaes natureza-sociedade (agentes do processo de formao e transformao de paisagens).

    A paisagem como rea de estudo geogrfico constitui um campo de observao e anlise que permite compreender a formao da superfcie da crosta terrestre e seus ecossistemas, bem como as relaes estabelecidas com a sociedade.

    Desta forma as aes sociais agindo com a natureza se estabelecem como dimenso concreta e perceptiva, modificando e introspectando a pai-sagem.

    A estrutura e a morfologia, bases de sustentao e formao da super-fcie da crosta terrestre, so percebidas e observadas atravs das paisagens. A partir desta apreenso, e captao do visvel, passa-se compreenso do invisvel. O invisvel da paisagem constitui o cerne do visvel, pois o que se visualiza resultante de uma evoluo temporal, com forte base natural e social. A paisagem faceta de um momento histrico espacial, vivido,

  • 76 Evoluo das paisagens naturais do Estado do Cear - BrasilFtima Maria Soares - UECEBGGrelembrado e registrado atravs das mais variadas formas de expresses hu-manas.

    Procedimentos metodolgicos

    Para desenvolvimento deste estudo, efetuou-se pesquisa Referncias em forma de estudo explicativo, com levantamento de base de dados cons-tante em relatrios tcnicos e bibliogrficos. Conforme o mtodo explicativo, a morfoestrutura e morfoescultura do Estado do Cear foram utilizadas como parmetros de identificao das paisagens. Foram utilizados os trabalhos publicados pelos autores: Crandall (1910); AbSaber (1956); Beurlen (1957, 1961, 1965, 1966); Kegel (1957); Suszczynski (1966); Almeida (1967, 1969); Mabesoone (1969); Moreira & Gatto (1981); Prates et al (1981); Souza (1988); Saadi & Torquato (1992); Souza Filho (2000) e Soares (2001).

    Concluso

    A proposta de realizar resgate dos estudos desenvolvidos no Cear abarca uma dimenso epistemolgica, evidenciando trabalhos clssicos de-senvolvidos sobre a temtica e indicao dos pressupostos recentes.

    O estudo da paisagem na Geografia Fsica um campo de conheci-mento que utiliza base conceitual ampla, capaz de delimitar as unidades de relevo e determinar sua estrutura e forma: parmetros da classificao das paisagens.

    A considerao dos precursores essencial no desenvolvimento dos estudos sobre formao da superfcie, apresentando-se o Cear como pano de fundo eles evidenciam as tcnicas utilizadas para a identificao das paisagens no passado, que so e importantes na construo das propostas de classificao contemporneas.

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    Ftima Maria Soares - professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Cear-UFC

    Recebido para publicao em junho de 2008

    Aceito para publicao em junho de 2008