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FORAMINIFEROS DO CARBONIFERO DA AMAZONIA POR SETEMBRINO PETRI Departamento de Geologia e Pal eontologia, Fa c. FiI., Cien, Letras Universidade de Sao Paulo ABSTRACT Some Carboniferous Foraminifera from the Amazonian Valley are here described; two new species are proposed : T etrataxys zelleri and Paramillerella derbyi, Some data on the stratigraphical distribution of the species studied ar e given herein. All species des- cribed are referred to the Pennsylvanian age. RESUMO o autor des creve alguns Ioraminiferos do Carbonifero da Amazonia, provenientes de diversos aflorarnentos das rnargens do rio Tapajos, Estado do Para e de testemunhos de sondagem de Nova Olinda, Estado do Amazonas (v. mapa). Propfie 2 especies novas: Tetrstaxys zelleri e Paramillerella derbyi, Fornece esclarecimentos sobre a distribuicji o estratigrafica das form as estudada s, Tfidas as especies assinaladas sao referidas ao Pen - silvaniano. INTRODU(:AO Foraminiferos do Carbonifero da Amazonia, apesar de citados na li- teratura desde 1894 (Derby), s6 foram descritos em 1952, sendo provcnientes da -regiiio do rio Parauari, Estado do Amazonas (foraminiferos endothyroi- des, e outros tipos, Petri 1952a) e da regiiio do rio Tapajos, Estado do Para (Fusulinideos, Petri 1952b). Como foi mostrado pOI' Petri (1952b, p. 31-34), os Iusulinideos descritos do rio Tapajos (M illerella e Fusuline1la), indicam a idade pensilvaniana me- dia (moscoviana) para os sedimentos que os contem. Tarnbem para os se- dimenLos com endothyroides do rio Parauari, a idade pensilvaniana niio e discrepante (Petri 1952a, p. 29). Procedencia das jormas estudadas Na presente nota noticramos a presen«a de foraminiferos nas seguintes Iocalidades da Amazonia: 1) Sondagem de Nova Olinda, margem direita do

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FORAMINIFEROS DO CARBONIFERO DA AMAZONIA

POR

SETEMBRINO PETRI

Departamento de Geologia e Paleontologia, Fa c. FiI., Cien, Letras

Universidade de Sao Paulo

ABSTRACT

Some Carboniferous Foraminifera from the Amazonian Valley are here described; twonew species are proposed : Tetrataxys zelleri and Paramillerella derbyi, Some data on

the stratigraphical distribution of the species studied ar e given herein. All species des­

cribed are referred to the Pennsylvanian age .

RESUMO

o autor descreve alguns Ioraminiferos do Carbonifero da Amazonia, provenientes de

diversos aflorarnentos das rnargens do rio Tapajos, Estado do Para e de testemunhos de

sondagem de Nova Olinda, Estado do Amazonas (v. mapa). Propfie 2 especies novas:

Tetrstaxys zelleri e Paramillerella derbyi, Fornece esclarecimentos sobre a distribuicji o

estratigrafica das formas estudadas, Tfidas as especies assinaladas sao referidas ao Pen­

silvaniano.

INTRODU(:AO

Foraminiferos do Carbonifero da Amazonia, apesar de citados na li­teratura desde 1894 (Derby), s6 foram descritos em 1952, sendo provcnientesda -regiiio do rio Parauari, Estado do Amazonas (foraminiferos endothyroi­des, e outros tipos, Petri 1952a) e da regiiio do rio Tapajos, Estado do Para(Fusulinideos, Petri 1952b).

Como foi mostrado pOI' Petri (1952b, p. 31-34), os Iusulinideos descritosdo rio Tapajos (M illerella e Fusuline1la), indicam a idade pensilvaniana me­dia (moscoviana) para os sedimentos que os contem. Tarnbem para os se­dimenLos com endo thyroides do rio Parauari, a idade pensilvaniana niio ediscrepante (Petri 1952a, p. 29).

Procedencia das jormas estudadas

Na presente nota noticramos a presen«a de foraminiferos nas seguintesIocalidades da Amazonia: 1) Sondagem de Nova Olinda, margem direita do

~6·wG

FAIXA GARBONIFERA DO RIO TAPAJOS---(Mopa bouodo ~ ~I)~ OhlllllltO 1950!~.~)

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PE'L'RT FORAMINfFEROS DO CARBONrFERO 19

rio Madeira, Estado do Amazonas; 2) Rio Tapajos, Estado do Para (v,mapa),

1) Sondagem de Nova Olinda

A sondagem de Nova Olinda foi localizada na margem direita do rioMadeira, cerca de 50 Km de sua foz no rio Amazonas, tendo atingido a pro­fundidade de 2745 m, sem atingir 0 embasamento cristalino. Macrofosseiscaracteristicos do Antracolitico aparecem no intervalo 1360m-2500m. Os fo­raminiferos encontrados provem de testemunhos de sondagem das seguintesprofundidades: 1) 1585 m - Tetrataxys zelleri Petri, sp. nov. (Pensilvania­no ou Permianol ; 2) 2132 m - MillereNa d. marblensis Thompson (Vistosem secedes delgadas, cerca de 15 por cm2 ) e Fusulinella silvai Petri (em sec­c;;oes delgadas, cerca de 10 por cm 2 ) (Pensilvaniano l ; 3) 2166 m - Millerel­la d. marblensis Thompson (15 a 20 por cm2 ) - (Pensilvaniano).

2) Afloramentos do rio TapajosOs sedimentos carboniferos do rio Tapajos - serie Itaituba - estfio

superpostos a sedimentos do Devoniano; capean do a serie aparecem folhe­lhos escuros de idade incerta. A espessura das camadas aflorantes da serieItaituba no rio Tapajos, e calculada em 260 m (Mendes, 1956, p. 35). Co­mo 0 mergulho regional das camadas carboniferas e para 0 norte, de urnamaneira geral, quanta mais ao norte estiver 0 afloramento, mais alto, estra­tigraficamentc, e 0 mesmo.

A serie inicia-se por urn arenito de cerca de 30 m, hem exposto em Ma­loquinha; este arenito passa gradualmente no topo, para calcario arenoso eeste para calcario rna is puro (Localidade de Paredfio}. Alem do aflora­mento de Paredfio, aparecem calcarios intercalados com clasticos, ainda nasseguintes localidades, de baixo para cima: Bom Jardim, I taituba, Parana doCastanho, Cruz Alta, Castanho, Pedra Branca, Barreiras, Monte Cristo e San­tana. Em todos esses afloramentos aparecem macrofosseis caracteristicos daserie Itaituba. As localidades que forneceram foraminiferos sao as seguintes:

Paredao - Plectogyra sp. e Paramillerella derbyi Petri, sp. nov.

Bom Jardim - Millerella d. marblensis Thompson, muito comuns emcertas partes (As vezes 60 por em- de rocha ) e Textularia sp.

Parana do Castanho - Haras Millerella cf. marblensis Thompson.

Cruz Alta - Millerella d. marblensis Thompson (cerca de 10 por ern?de r ocha}, Fusulinella silvai Petri, ja descritas (Petri 1952b) e uma seccfiolongitudinal de Tetrataxys.

Barreiras - Raras Millerella d. marblensis Thompson e outros for ami­niferos (Textularia e outros).

Pelo exposto, conclui-se:

1) 0 genero Millerella possui grande distribuicao estratigrafica naserie Itaituba, parecendo que todas as populacfies possam ser referidas auma rnesma especie ou pelo menos a especies afins.

2) A epibole desta especie parece cair proximo a base da serie, aflo­ramento de Bom Jardim. Contudo so a parte superior do afloramento, cons-

20 BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1956

titu ida de ca lcar io creme clare, contem os Ioraminiferos, A par te inferior,constituida de calcar io escuro , parece ser desprovida deles, Mesmo no cal­car io creme cla re, a distribuiqiio das Millerella s nfio e uniforme. Nos aflora­men tes estratig ra ficamente mais altos da erie, a partir de Cruz Alta , as Mil­lerellas sao raras.

3) Parece qu e, de um a rn an eira gera l, as Mi llerel las lor nam-se mai sdeprimidas quan ta mai s alta e tra tig raficamentc, e sua posi ~iio 118 ser ie I tni­tuba. Corneeando pela form a de Paredfio, vemos que seu indi ce de formavaria de 0.44 a 0.52 , na quarta volta. 13 nas Iormas de Born Jard im, esseindice varia de 0.33 a 0.35 . Nas Iorrnas de Cruz Alta a var iacfio do indi cede forma e de 0.2P. a 0.49 , con tudo a 'moda cai em lorno de 0,35 (e pos ivelque nem lad os as exemplares de Cruz Alta pert encam a uma tinica especie) .Nas forma de Bar reira s, este indi ce esta em lorn o de 0.25. IComparar, aesse respeit o, as secedes axiais de Paredao, Est. 2, figs. 6-8, com as secedesaxiais de Born 1ardim, Est. 1, figs. 1, 3, e de Barreiras, Est. 2, fig. 2. Com­parar tamhem com as secedes axiais de 'Cruz Alta, em Petri, 1952b, Est. 1,figs. I~-7 I .

o num er o de exemplares provenientes de Barreira e escasso, ra zjio por­que deve-se torna r 0 result ad o atin gid o para estn 10 ialidade, com ca ute la.Tambem narla pode-se adian tar sabre os exernplare do Parana do Cnstanhodevido a raridade e precar io estado de conse rvacfio.

4) As"Millerellas " da base da serie Itaituba, afloramento de Paredao,sao gen ericamente d istintas da s que ocorrem mai s acima, pertencendo ao ge­nero Paramillerella.

5 ) 0 gen ero Fusulinella parece ter distribuiciio estratigrafica re strita,sendo conhecido, na re giao do Tapajos, pelo menus ate agora, so no aflora­mento de Cruz Alta.

6 ) As Plectogyras de Paredao, caracterizam-se pelo fraco desenvolvi­men to de depositos secundar ios da base das camaras, contrastando, nesteparticular, com 0 espe cime de Parauari (v, mapa ) , figurado por Petri (19.52a,p. 29, fot o 2 ).

Sob 0 ponto de vista mi cropaleontologico, a fatinula do Parediio possuiaspecto diverso das fatinulas carboniferas estratigraficamente mais altas.Edward Zeller e Doris Nodine Zeller (Co municacfio verbal) ja notaram esteaspeeto diver se desta faiinula basal. Segundo este autores, as formas doParediio po ue m a pecto chcster iano (Mis issipiano Superior ) . Eles derama esta ob ervacdo , sufic ien te peso para co locarem as afloramentos da basedo Carbonifero do Tapaj os, no 1ississip iano up eri or (Chesler iano) . Se­r iam portan to, desta idad e, 0 a renite de Maloquinha e 0 calcar io de Pa­redfio, a base do Paredfio apare!:-e calca r in ar en oso, separado, pOI' umabrecha calcaria, seguida de arenite, do calcar io niio arenoso que aparece naparte superior do afloramento. Conludo encontramos os mesmos microfos­seis tanto na base como na parte super ior do af loramento. 0 Pensilvanianoso comecaria, por eonseguinte, com 0 afloramento de Born Jardirn onde apa·reee Millerella d. marblensis Thompson, a qual logo aeima, no afloramentode Cruz Alta, encontra-se associada a Fusulinella silvai Petri. Contudo a fau-

P ETRI - FORAlVIINIFEROS DO CARBONIFERO 21

na de braquiopodos, estudada por Mendes (comunicacao verbal), parece serhornogenea do Paredao ate 0 topo da serie Itaituba, nao sugerindo, portanto,a existencia de hiato entre Paredao e Born Jardirn. Por outro lado, nfio po·demos aceitar incondicionalmente a Plectogyra do Paredao como de idademississipiana, visto que e discutivel se se pode aplicar os resultados atingidospor Zeller (1950) no vale do Mississipi, para a regiao tapajonica (v. p. 26),

A especie de Paramillerella, restrita ao Paredao, pareee nova, nao po·dendo servir para avaliacao da idade uma vez que 0 genero ocorre tanto noMississipiano como no Pensilvaniano.

Preferimos, portanto, considerar todo 0 pacote, des de 0 afloramento deParedao ate 0 de Santana, como de idade pensilvaniana, ate que novos dadosesclarecam melhor a idade dos afloramentos da base do Carbonifero do Ta ­pajos.i

Neste estudo foram utilizadas amostras coletadas por S. de Oliveira eSilva e 1. Camargo Mendes, bem como testemunhos de sondagem.

CONSIDERA<;OES GERAIS

Como ja foi apontado acirna, 0 genera Fusulinella tem distribuicao res­trita na regiao do Tapaj os, sendo limitada ao afloramento de Cruz Alta, quecorresponderia, aproximadamente, a urn tergo da coluna geologica da serieItaituba nesta area. E possive! que essa distribuicao restrita do genero Fusu­linella, seja real a uiio devi da aos azar e de co leta ou de conse rvacao, tantoma is qu e c usual entre os Iusul inirleos, espec ies de pequena du ra gao, geo lo­gica. Essa s ea mad as de Cr uz Alta porlerfio, por ta nt o, no fu turo, co nstituir­-se em camada chave na estra tig raf ia du serie I taituba. Correlacio na remos,tenta tiva men te, a!' ca rn adas de Cr uz Alta com as camadas com Fusulinella deNova Olinda (2132 m de profundidadel . Em ambas as ocorrencias, Fusu­linella siluai Petri esta associada a Millerella cf. marblensis Thompson.

Poderiamos ser tentados a correlacionar as carnadas de Born Iardim,epibole de Millerella d . trutrblens is Thompson, com as rochas de Nova Olindaobtidas a 2166 m de profundidade, onde esta especie e numerosa. Contudo,nesta ultima localidade, a maioria das form as estfio roladas, mo strando evi­dencias de transporte antes da Iossilizacao.

DESCRI<;XO DAS ESPECIES

Textularia sp.

Est. 1, Fig. 7

Material - Vma seccao longitudinal excepcionalmente bern oricntada,de um individuo cornpleto bem con servado, proveniente de Barreiras, Tapa.jos, D.G.P. * Lamina VII -443. Duas seccfies longitudinais de individuosincompletos, faltando a parte inicial, provenientes de Bom lardim. D.G.P . La­minas VII-437 e VIJ-439.

[Iescricdo - Testa alongada, com extremidade ini cial obtusamente ar re­don dada. Extremidsde inicial ocupada pelo proloculum seguido imediata----- -

D . G. P . == Departamento d e Geclogiu e Pnleontolcgin. <in Fuculd ude elf' F'ilosof'Ia, Ci{~nrins eI..errns du Un iversid ade de Silo Paulo .

22 BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1956

- 56camara3620

10816

mente pelas camaras em arranjo bisserial, Periferia ligeiramente lobulada.Camaras mais largas que altas, Iigeiramente infladas, principalmente as daultima serie, as quais sao bern mais largas que as precedentes, 0 mimero decamaras, a partir do proloculum, e de 10 em arranjo bisserial de 5 camaras.As suturas sao ligeiramente deprimidas. Os septos sao eonvexos para a faceapertural e possuem a forma de clava devido as extremidades espessadas. Aparede e grossa e caracteristicamente dividida em duas partes: A interiore homogenea e transparente, aparecendo clara em seccao, constituida, ao queparece, de quitina. A exterior e escura, mostrando claramente 0 seu carateraglutinante, se bern que os detritos sejam finos e a quantidade de cimento,grande. Este carater duplo da parede estende-se ate as extremidades dos sep­tos, Abertura grande, situada na base da ultima camara.

Dimensiies - Todas as medidas sao dadas em mrcrons ;

1) ComprimenLo da testa -- 7022) Largura " " - 4683) Espessura total da parede, medida na ultima4) Espessura da eamada aglutinante da parede5) " " " quitinica " "6) Diiimetro extcrno do proloeulum7 ) Parede do proloculum (indiferenciada )8 ) Comprimento das camaras

sa 126 1444a 144 1263a 126 1082a 108 901a 72 90

9) Largura das camarasSa 216 2524,a 180 1623a 162 1442a 126 108l a 108 90

10) Altura das aberturas a partir da face aperlural (Aberlurasahrindo-se ora para a esquerda ora para a direita )

Esquerda Direita

lOa 369a 368a 367a 206a 20Sa 204a 203a 122a ,8l a

PETRI - FORAMINIFEROS DO CARBONIFERO 23

Obseroaciies - Preferi nao descrever esta espeCle especificamente, de­vido ao numero reduzido de exemplares, sendo que so urn esta complete.Este exemplar deve ser megalosferico. Mais exemplares, principalmente mi­crosfericos, seriam necessarios, para se ter ideia completa das variacfies daespecie, A natureza dupla da parede e urn carater muito importante, pois asdiferencas na estrutura da parede que se observa nas especies de Textulariapodem, eventualmente, constituir-se em fei<;oes de valor mais importante queo especifico (Lee 1937, p. 70).

Ocorrencia: - Born Jardim e Barreiras

Tetrataxys zelleri Petri, sp, nov.

Figuras de texto La - e.

Material: - 22 individuos isolados. D.G.P., VII-418 e VII-419.

Descriqiio : - Testa livre, altamente conica ; vista lateral em forma detriangulo curvo com os lados convexos e a base concava. As ultimas ca·maras do lado dorsal tendem a se dispor de uma maneira espraiada, sepa­rando-se assim da parte jovem que e mais altamente conica, A base e pro­fundamente concava e escavada dando, it testa, a forma de urn chapeu. Ascamaras sao pouco numerosas, muito indistintas, a niio ser na vista basalonde aparecem nitidamente as quatro camaras caracteristicas do genero. Assuturas sao indistintas, ligeiramente deprimidas. A parede e arenosa comcimento calcifero. Abertura no lado ventral, alongada, proxima ao bordoumbilical da ultima camara.

10

lb

1cB'ig. J - TetTat((.xys zelleri Petri, sp, nov , -- La, Lb, I.c, vistas respectivamente dorsal,

ven tral e lateral da mesma testa . Aumento 100 X.

24 BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1956

Dimensiies: As dimensdes, medidas em 20 individuos, sao as seguintes,em microns:

Diametros Altura

270 250 130290 290 180300 280 190310 300 190360 330 210360 360 250370 360 250390 370 180400 400 190420 420 240430 410 210 - Fig. texto n. La - c430 390 270460 450 240490 490 340550 550 310580 550 300580 580 330600 570 370630 550 360730 730 450

A moda da relacfio A/D x 100 sendo A a altura e D 0 diametro maior,parece estar em torno de 62 a 63. ~ste indice varia de 46 a 69. Os dia·metros foram medidos no lado ventral, 0 qual e quase circular, Em urnunico caso, a diferenca entre os dois diametros e relativamente grande. Pa­rece que 0 individuo em consideracao esta urn tar-to deformado.

ANGULO95 APICAL9011500

POPULAy~O - ZOTESTAS

'---

II

I75

N9 DE ESPECfMES

6

5

4

Fig . 2 - l'etr..ataxys zelleri Petri, sp. nov. - H.istogruma mostrando a var'iaeaodo lingula apical,

PETRI FORAMTNfFEROS DO CARBONfJ<'ERO 25

(lbseruaqiies - A especie brasileira alia-se ao grupo de T. conica Eh­renberg. Das especies conhecidas de Tetrataxys, a que rnais se assemelha itespecie brasileira e T. minima Lee e Chen do Carbonifero da China, pelocarater da parede, tamanho e altura da testa, declive lateral convexo e pelacavidade umbilical. A nossa especie, contudo, possui angulo apical de 72°a 93°, enquanto T. minima, segundo Lee e Chen, possui angulo apical emtorno de 60 0

• 0 angulo apical foi meclido tomando-se as linhas entre a periferiaformada pelo contacto dos lados dorsal e ventral e 0 apice, Este valor seriamaior se tomassernos a maior abertura, visto ser convexo 0 declive lateral dolado dorsal.

Dedico esta especie ao casal Edward J. Zeller e Doris N. Zeller, bri­lhantes micropaleontologos que se dedicaram a pesquisas no Laborat6rio dePaleontologia da Petrobras em Helem, Estado do Para.

Ocorrencia - Sondagem de Novasiltito escuro intercalado em anidrita.tegraefio do siltito,

Olinda, 1585 m de profundidade, emOs f6sseis foram isolados pela desin-

Tetrataxys sp.

Figura de texto :1.

Material - Uma seccao longitudinal. D.G.P. Lamina VIl-142.

Descriciio - Testa altamente conica, Declive uniformemente convexo.A base e concava c escavada na regiao mediana; esta escavacao interessaduas voltas do corpo. A testa e formada por quatro voltas do corpo. Ascamaras sao eliticas, de seccao aproximadamente uniforme (cerca de 65 x 4Smicrons), com 0 maior diametro paralelo a base da testa. A parede mostraperfeitamente 0 carater aglutinante, possuindo cerca de oito microns de es­pessura.

Dimeusoes - Diarnetro, 360 microns; altura,220 microns; angulo apical, 97°.

Obseroaciies - Este individuo lembra a espe­eie T. zelleri descrita no presente trabalho e prove­niente da sondagem de Nova Olinda. A formageral, numero de voItas do corpo e as dimensoes,estao dentro do limite de variacao daquela especie.

Pig, 3 - Tet rata xus sp, - Seocta oOcorrencia - Este individuo aparece em la- longi tudinal.

rnina delgada de calcario, proveniente de Cruz Al-ta, associ ado as especies de fusulinideos Millerella d. marblensis Thompson eFusulinella silvai Petri.

26 BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1956

Plectogyra sp

Est. 1, fig. 6

Material - Uma seccao sagital e var ias seccfies obliquas, D.G.P. U .­min a VII-430.

Descricd o Testa clip oirla l em ec<;ao sag ital, com as cfima ras entu-meseida entre a ' suturas. a s deposito secunda rios nfio sao mu ito desenv ol­vidos, sendo homogen ccs, n jio ex i tindo ganchos (" hooks" '). Abertu ra ba ixa,Distorciio an gu lar da s volta s relati vamen te gra nde . Parede finamen t gra­nular, homogen ea. Sep tos ligeira mcnte inclinados para a parte anterior, re­la tivamente longos. A ultima volta do corpo e Iormada p OI' oit o camar ns.

Dimensiies - Diamelros c1a testa , 486 e 360 microns. Diarnetro ex­terno do proloculum, 45 micr ons. Espessura da parcde na ultima volta, 18mi cr ons. Altura do tunel na pen ultima cfimara, 36 microns.

Ubseruaciies - Esta specie se carac teriza pel o fraeo desenvolvimentode depositos secunda rio da bas e das cfima ras . Zeller estudo u em 1950 a dis­tribuicfio estra tig ra fica do s foraminifer o cndothyroides do va le do M issis­s ipi (Devonian o S up erior - Pensilva nia no Medio l , Esta espec ie polo ta­manho, rnan eira de enro lamen to e sobretud o pelo Ira co desenv olvimento dosdep osito secunda r ios cia bas e rlas cfimar as aliur-se- ia as formas norte-arne­ricanas colocadas pOI' Zeller no Chesteriano Missis ipian o uperior },

Ocorrencia - Pared iio.

Param illerella derb yi Petri, sp. nov.

Est. 2, F igs. 5-7

Mat erial - etc sec 'oes a xiai medi da s. Tres secedes sag itais medidas,Gr ande mirn er o de Ecc<;oes oli liquas e secedes axiais de difi cil medi ca o de­vida ao e:ta do cl conservac iio ou a outras ca usas, a s especimes d:'\ tab clade medidas , correspondem as seguintes numeracfies: D.G.P. Lamina, VII-422(Especimcs 1, 2, 9 e 10); VII-426 (3 ) ; VII-427 (4, 5, 6 e 8 ); VII·428 (7).

Descricdo - Te sta dis coid al, relat ivamente gra nde, umbilicada, gera l­ment e in voluta a n iio ser a ultima volta qu e as vezes e parcialmente evoluta.Per iferia largamente arredondada. Proloeulum pequeno. Cama ra , aumen­tando gradualmente de tamanho. as exemplares adultos sao constitui rlos ]101'

6 voltas do corpo . Septos dirigidos ligeiramente para a Irente. P arede re­lati vamente grossa co rn depositos secunda r ios pouco desen volvid os. a s In­dices de forma (form-ratio) sao relativamente altos.

Dim ensoes - V. tabela de medidas,

Obs eruacoes - a genero Paramillerella se di .tingue de Millerella p0rser mais intimamen te enrolado, possuir as ultirnas voltas do eorpo involutasou quase , n fio havendo tendenc ia ao desenrolarnento n03 estag ios gero nticos,as camaras aumentando de altura gradual e uniformem ente.

Medidas de ParamiIIerel1a derbyi Petri, sp nov, (Em microns)

Voltas. .: Comprimento (C) Largura ~L) - ,Indice da Forma (C/L)

1 2 3 4 5 6 7 I 2 3 4 5 6 7 I 2 3 4 5 6 7

0 18 - - - - 18 - 18 - - - - 18 - - - - - - - -1 35 67 45 54 54 58 54 50 90 81 99 90 75 99 0.70 0.74 O. 55 O. 55 0.60 0.77 O. 552 60 94 72 90 99 104 90 90 146 139 162 180 149 162 o.66 0.64 O. 52 0.55 0. 55 0.70 0. 553 100 135 - 144 135 149 - 160 261 - 252 324 254 - 0.62 0.51 - 0.57 0.42 0.59 -4 150 184 - 180 234 179 - 290 - - - 486 403 - 0.52 - - - 0.48 0.44 -5 210 - - - - 238 - 480 - - - - 582 - 0.44 - - - - 0.41 -

-6 - - - - - 328 - - - - - - - - - - - - - - -

Altura das voltas Espesura da Espiroteca N ,? de Septos

I 2 3 4 5 (i 7 1 2 3 6 8 9 10 S 9 10

I 18, - 18 31 - 31 31 - - - - - - - 8 8 72 22 40 31 31 45 38 31 4 4 4 9 4 5 9 13 11 9

3 36 45 53 45 72 50 - 10 7 7 9 4 7 18 15 - 15'4 58 - , 8?; - - 81 74 - 18 7 - 18 - - 18 - - 17

5 121 - - - - 80 - 18 - - 18 - - - - - -6 - - - - - 134 - - - - 18 - - -- - - -

'i:lt;j>-3i;d~

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~.....Z..."'::jt;ji:do00

t:loo>-~oz...,.':tjt;ji:do

~

~

28 BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1%6

A especie em consideracao nao se assernelha it nenhuma das especies deParamillerella existentes na literatura. A especie que ela mais se aproxima eP. chesterensis (Cooper ) , pelo aspecto da secciio axial; contudo a especie doTapajos e maior por volts. do corpo correspondente, tracado mais uniforrne­mente convexo das voltas do corpo vistas em secciio axial, e indice de formamais alto.

o indice de forma e, para as voltas corres pondentes, mais alto do que naespecie Millerella cf. marblensis Thompson, proveniente de Born Iardim, CruzAlta , Barreiras e Nova Olinda.

Algumas seced es axial de Param illerella de Pa rediio , pela forma len­ticula r e gra nde prolucul urn, se assemelham a P. cooper i D. Zeller (Est. 2fig. 8). Esta formas talvez pudessem ser interp retadas como exernp lares me­galosfer icos de P. derbyi a qual poss ui pro loculum peq ueno. ConLudo, aocontriirio da reg ra, as Formas com peq ueno pro loculum sao as predominantes.

Dedico esta especie ao geologo Orville A. Derby, 0 primeiro a citar fu ­sulinideos na serie Itaituba.

Ocorrencia Parcdiio.

Millerella d. marblensis Thompson 1942

Est. 1, figs. 1-3 ; Est. 2, figs. 1-4

Esta espe cre foi assinalada em Cruz Alta (Petri 1952b, p. 35·37, Est. Ifigs. 1-5. As seccoes axiais da Est. 1, figs. 6·7 , sao mais bojudas e talvez devamsel' excluidas da especie}, Ela e assinalada aqui, peIa primeira vez, em BornJardim e Nova Olinda (2132 m e 21(;6 m de profundidade) onde e comum,e no Parana do Castanho e Barreiras, onde e rara. Os especimes provenien­tes desta s localidades apresentam a form a geral caracter istica da especie, um­bilicadas, com as ultimas voltas do corpo tornando-se evolutas, com tendenciaao desenrolamento. As seccoes sagitais mostram as septas convexos para aface apertural, aumentando bruscamente de largura. 0 indice de forma esemelhante aos especimes de Cruz Alta (0.33 a 0.35 em Born lardim; 0.3] a0.44 em Nova Olinda; todos esses indices para a quarta volta do corpo}.

Secedes delgadas do calcario do testemunho 709 de Nova Olinda (2166 mlsao literalmente cheias de individuos desta especie, Contudo eles parecem tel'sofrido transporte antes da fossilizacao pais sao arredondados como gr aosem sedimento.

Os especimes de Nova Olinda parecern possuir maior indice de expansiiodas voltas do corpo do que as especimes de Cruz Alta. Quanta aos espe­cimes de Bam Jardim, eles sao menores e com menor indice de expansiio dasvoltas em rela cao a05 especimes de Cruz Alta . Os especimes de Barreiras saomais deprirnidos, possuindo indice de forma mais baixo do que as de outrasprocedencias (0 ,25 na quarta volta ) . Cornparar as secedes sagitais de BomJardim, Est. 2 fig!'. ~ : 4, Nova Olinda, Est. 2 fig. 1, e Cruz Alta (Petr i 1952b,

PE'!'R [ - FOR A1\'1 INfI<~EROS DO CARBONf F'ERO 2~)

Est. 1, figs. 1-3). Comparar tambern as secedes axiais de Born Jardim, Est.1, figs. 1, 3, Nova Olinda, Est. 1 fig. 2, Barreiras, Est. 2, fig. 2 e Cruz Alta(Petri 1952b, Est. 1, figs. 4-7 ) .

Os exemplares provenientes do Parana do Castanho sao escassos e emestado de conservaciio precario,

Fusulinella silvai Petri 1952b

Est. 1, fig. 4

Esta especie foi originalmente descrita atraves de seccoes delgadas docalcario que aflora em Cruz Alta, onde ela se encontra associada a Millerellacf. marblensis Thompson. Ela e aqui assinalada, pela primeira vez, fora dalocalidade tipo, em Nova Olinda, em testemunho de sondagem (2132 11l deprofundidade), onde e comum, encontrando-se tambem assoeiada a Millerellacf marblensis Thompson. Como nos especimes de Cruz Alta, as testas saopequenas para 0 genero, obesas, como extremidades polares arredondadas e es­boc;o uniformemente convexo e arredondado. 0 proloculum possui diametroem torno de 54 microns. A metade do comprimento, na quarta volta, variade 486 a 720 microns e 0 vetor radial, 290 a 432 microns. 0 indice de forma ,e em torno de 1,67.

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30

Fig s . I , 3

Pig . 2~'ig . ·1

~'ig .

• 'ig, 6

l!'ig . 7

BOL. SOc. BRAS. GEOL. V. 5, N. 2, 1956

Estampa I

illille r el1a cc. marblensitr Thompson - Sec~tl es a xiu is x 100, Bo rn Jardim, D.G.P.VII·435 e VII·4 36 .Idem - No'; " Olinda 2I D2m profundidade, D .G.P. VII·422 .PHStll'ine71n silvai Petri - Sec~ii.o axial x67, Nova Olinda 2132m profu n d idade,D.G .P. VII·422.Mill erello sp. - Rec~ao axia l xIOO, Nova Olinda 2I32m profundidade - D .O.P .VII·422.

- P lec toim r« sp , - Seceao sa g ital xIOO, P arediio, D .G.P. VII·4 32 .- Trxt',,;ar ;l/. sp, - Sec cao Icngitudinal x67, B arrei r ns, D.G .P. VII·445 .

3

F.STAI\II'A J

4 5

32

Fig ,

Pig' . 2~-'igf:; . ;3. 4ll~ig- . {)

[30 1,. SOC. BH A. , (;£01.. V. ,5, N. 2, l ~S()

Jlill''I't'llu d. nmrblc n» i,'1' Thompson - Sp(',iio sugitnl xlOO, XOY:l Olinda 21 GGmprofund idnd e. D .G .P . VU-423 .

J dem - Seccu o uxin l x100, B'""',-'il"". D . (+ . P . 1'11-444_Idem - Sec~oe, sag ituis x106, Bom .Ia rd im . D .G .P. VII-441 e VII-437 .Puru mitleretla d erbu! Petri, sp. 110\-_ - Re(;{"[10 :-:agita] xlOO, Pnredtto. J) . G . P .VJI-429 (Especime 8 d a tab . de mcd id as ).Idem -- S{-'('\'f!o axial x j Ou, Pn rvdflo. ]) .n . P . V1I-424 (1'~S]ll~('inw 1. <1<1 tuh . demed idus ) •Idem -- ,sec\'iio axial .xnl, Pu rcd Iiu. J>,U .P . Yll-420 (Especime du tub . demedidu s ) .PW/'(IIIIil!f'I'f'l[a sp , -- 8(' ("("50 nx iu l x]OO, Pnreduo, D .G.P. VTl-42.:J..

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