fuel design

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Adília Alves 21159 RPM . Trabalho teórico . 2010

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An assignment made ​​for the class During the last year at the university. We Were Supposed To research and write about Design That we liked. I wrote about Fuel.

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Adília Alves 21159RPM . Trabalho teórico . 2010

«Most designers think the whole graphic author-ship debate is worthless and most don’t do work of their own unless they are getting paid for it. But self-initiated work is not a bad thing because it expands the language of graphic design» - Peter Miles, Fuel

Caracterizado pela abordagem provocativa e fora do comum, tanto para a época como ainda hoje em dia, o trabalho desenvolvido pelos designers que compõem o grupo de design Fuel começou quando estes se encontravam ainda na universidade, estudando design gráfico no Royal College of Art em Londres. Damon Murray, Stephen Sorrell e Peter Miles, os membros fundadores de Fuel, principiaram os seu trabalho como equipa com a revista Fuel, um pro-jecto que a que se dedicaram em 1991, enquanto estudantes, e que acabou por lhes valer o seu primeiro trabalho a nível comercial para a marca de roupa Diesel. Estes foram os primeiros passos, sucedidos por outros tantos que fizeram com que o grupo Fuel se tornasse num nome controverso para uns e de culto para outros. O facto é que mesmo com a perda de Miles, que em 2004 teve que abandonar a equipa para se poder juntar a Marc Jacobs em Nova Iorque, trabalho não falta para Damon Murray e Stephen Sorrell, e Fuel, como marca registada, continua a crescer – em 2005 Fuel Publishing foi anexa a Fuel De-sign.

Damon Murray / Stephen Sorrell / Peter Miles

FUEL/GIRL 1991Design + Production: FUEL

Escrever sobre o grupo Fuel não se pode limitar apenas a falar sobre o seu trabalho e sobre a evolução cronológica dos acontecimentos. Não é suficiente falar somente do seu início e do background, nem mesmo nos podemos satis-fazer apenas por contemplar e analisar o desenvolvimento e o crescimento de Fuel Design e o surgimento de Fuel Publishing. É fundamental destacar que o grupo Fuel sempre trabalhou em equipa. Ao contrário de muitos gabinetes de design em que a equipa se divide e a forma como trabalham nos diferentes projectos pode passar pela distribuição de tarefas ou mesmo pela divisão de trabalhos, em que um designer trabalha para um cliente e um segundo designer trabalha para um outro cliente difer-ente, para Damon e Stephen - e mesmo para Peter, quando este era ainda parte integrante da equipa - um projecto é resultado do trabalho colectivo, e não de pequenas contribuições individuais. No caso dos Fuel, os direitos de autor são distribuídos de igual forma, pois num projecto, seja para um cliente ou seja um trabalho de carácter criativo da equipa, todos contribuem indivi-sivelmente para o resultado final, razão pela qual Fuel pode ser considerado como um só autor em vez de uma equipa de dois designers [1].

[1] «Third, in Fuel’s case authorship was share equally. The designers (…) made indivisible con-tributions to all projects and consequently ‘Fuel’ can be regarded as na author(...).» ; “No more rules: graphic design and postmodernism” por Rick Poynor; pág. 137/138

Esta noção de trabalho de equipa não foi surgindo ao longo do tempo que em que foram trabalhando juntos, pelo contrário, os três design-ers que no inicio formaram e começaram a publicar a revista Fuel, ainda enquanto estudantes, perceberam desde o início que essa seria a melhor maneira de trabalhar. Numa entrevista realizada pelo Design Museum, a equipa afirma que quando iniciaram a publicação da revista Fuel não pen-saram nisso como publicidade individual. Eles perceberam que poderiam ter mais proveito enquanto equipa e decidiram aproveitar isso [2].

É necessário também compreender que Murray e Sorrell, como Fuel, sempre organizaram um trabalho de provocação. Pode dizer-se que fizeram por se incluir e seguir a tendência arrojada do movimento Young British Artists, que se fazia sentir no final dos anos 80, entrando assim em conflito com os conceitos genéricos da época [3].

[2] « We didn’t really think of it as self-publishing – more as an outlet for our work. We felt we could achieve more as a group than as individuals.»; Design Museum, 2005; http://designmuseum.org/design/fuel

[3]«They eschewed the mateyness of most British graphic designers in favor of a dash of menace backed up an air of calculated detachment.»; « Damon Mur-ray, Stephen Sorrell and Peter Miles formed Fuel in 1991 (Miles left in 2004). They produced graphic design for a variety of clients including MTV, Levi’s, Diesel and the Sci-Fi Channel, and yet the trio declined to follow the path of growth that so many other design groups chose at that time.» ; Adrian Shaugh-nessy; http://www.designobserver.com/observatory/entry.html?entry=6277

Damon Murray / Stephen Sorrell

No entanto essa rebeldia, chamemos-lhe assim, prima pela simplicidade. Em contraste com o estilo que predominava na década dos anos 90, muito ornamentado, cheio - cheio! - de infor-mação e cor, com todas as influencias grunge e pop, o os projec-tos criados pela equipa Fuel distinguiam-se por serem leves e lim-pos, dando bastante uso à conjugação da imagem com tipografia, simples ou crua, ou ainda usando ilustrações mais invulgares - como em alguns posters realizados para a Virgin Records ou para a revista Fuel / Girl -, mas que em comparação com a linguagem gráfica em voga na década de 90, eram muito discretas [4]. Precisamente por se terem apresentado com uma abordagem diferente, o grupo de design Fuel sempre se esforçou, principal-mente no inicio, para que aquilo que faziam fosse admitido como design, e mesmo para que as pessoas os compreendessem como designers, e não artistas ou produtores de qualquer outro tipo de trabalho [5]. Os trabalhos que iam desenvolvendo por conta própria também contribuíram para que começassem a ser vistos como um pro-jecto promissor, alguns com uma percentagem de risco bastante elevada, por serem projectos bastantes ambiciosos.

[4] «(…)with a style that was much more understated than the prevailing taste for densely ornamental graphics.» por Stephen J. Eskilson; http://www.all-art.org/art_20th_century/design.BACKUP/d10.html

[5]«First, they were at pains to insist that they regarded themselves as graphic designers rather then as artist or makers of non-specific ‘work’, and they wanted others to perceive them in this way, too.»; “No more rules: graphic design and postmodernism” por Rick Poynor; pág. 137

Mas por outro lado essa também foi uma das particularidades que desde cedo quiseram afirmar, o facto de serem independentes de possíveis clientes, fazendo por conseguir sobreviver e vingar no mundo do design por si próprios. A perspecti-va que tanto Murray como Sorrell têm deste tipo de trabalho, de auto-publicação, é bastante optimista. Na verdade, o facto de existir iniciativa própria por parte dos designers parece ser um risco que deveria ser tomado por qualquer designer, por diversas razões. Se por um lado esta é uma óptima maneira de fazer ser reconhecido o trabalho que se produz, o risco tomado e a predisposição de abraçar um projecto não só pelo valor comercial que dele advém mas apenas pelo gosto de fazer design e de criar algo, só por si, já compreendem motivos suficientes para desenvolver tra-balho de autor.

Virgin Records poster, 1992Design: FUELClient: Virgin Records

[6]«We were bored with the set projects at college and so started a magazine.»; Design Museum, 2005; http://designmuseum.org/design/fuel

[7]«Companies cannot live by creative daring alone, though, and the pair know they must strike a commercial balance. “It’s definitely 50-50,” says Sorrell. “You have to have creative and commercial success if you’re going to survive, though we haven’t particularly chased the money.” Murray adds: “We’ve never had a long-term plan – we’ve never sat down and said, ‘in five years’ time, we’re going to be doing this and this’. We’ve always taken it project by project and tried to push it as far as we can.”; Design Council Magazine, 4ª edição, Verão de 2008; http://www.designcouncil.org.uk/Case-studies/DCM-case-studies/FUEL/

Numa entrevista para o Design Museum, quando questionados acerca do seu primeiro trabalho, a homónima revista Fuel, que foi também o primeiro trabalho de autor, a resposta surge bastante natural por parte dos designers Damon e Stephen, justificando o aparecimento deste projecto como resposta ao aborrecimento causado pelos trabalhos que tinham que realizar para a universidade [6]. Contudo tanto Murray como Sorrel reconhecem que não é fácil conseguir fazer apenas trabalho criativo e há a necessidade de conjugar esse lado mais atractivo com o trabalho comercial para clientes. Num artigo publicado na Design Council Magazine, é o próprio Sorrel que afirma que tem que haver uma conjugação a “50-50”, «Tem que haver sucesso criativo e comercial se quisermos sobreviver». E o segredo, ao que parece é não planear. No mesmo artigo, Murray continua dizendo que nunca tiveram um plano a longo prazo, «nós nunca nos sentamos e dissemos “daqui a cinco anos vamos fazer isto e aquilo”. Sempre agarrámos um projecto de cada vez e sempre tentámos fazer o máximo que conseguíssemos desta forma»[7].

E esta tem sido a premissa desde o inicio, conseguir combinar o trabalho criativo com o trabalho produzido para clientes. Ambos tentam não programar demasiado o que vão fazer, deixando que o progresso do trabalho vá influenciando o produto final, sem restringir a parte criativa, ou seja, deixando que, se for necessário e se assim acontecer, sobres-saia no resultado final do trabalho a imagem gráfica tão característica do grupo Fuel. Apesar desta aparente controvérsia, o número de empresas que procuram o grupo Fuel para realizar os trabalhos são imensas, entre eles Marc Jacobs, Virgin Records, Sofia Coppola – ficou à responsabilidade dos Fuel os opening titles do filme Lost in Translation -, MTV, Adidas e Nick Cave. Um dos exemplos é o trabalho produzido para a Sci-Fi Channel. Foi o encarregado de Universal Studios Networks, Michael Barry, que procurou o trabalho d0s designers. «Ele gosta do nosso trabalho e pediu-nos simplesmente para fazer-mos aquilo que sabemos fazer» [8].

[8]«One example of Fuel’s Creative process and commissioning practice was the series of idents produced for the global Sci-Fi Channel. The commis-sioner, Michael Barry of Universal Studios Networks, had wanted to work with Fuel for about two years. “He likes our wokr and simply asked us to produce what we do»;”Graphic originals: designers who work beyond the brief”por Jane Austin, pág.68

[9]«The most ambitious of these projects was Fuel 3000, a hefty tome that acted as a manifesto for their brutalist, non-ingratiating style. The book was an emotionally glacial mix of images and text that navigated a course through the 21st century media world of instant gratification and glassy-eyed fixation with the surface of things. In twenty years time, Fuel 3000 will be seen as far more emblematic of its era than most of the boosterish eye-candy design books published at the same time.»; Adrian Shaughnessy; http://www.designobserver.com/observatory/entry.html?entry=6277

Em 1996, Fuel Design Group deu o primeiro passo na publicação de livros com o seu primeiro volume intitulado Pure Fuel. Em 2000 seguiu-se Fuel 3000, um dos seus mais ambiciosos projectos [9].

Viktor & RolfDesign: FUELClient: Viktor & Rolf

Pure Fuel, 1996Design + Production: FUEL

“There’s always going to be a market for art in some form. People will always want to collect beautiful things, and we always try and imbue our books with something extra which makes them into beauti-ful objects, and that’s what makes people like them so much.”- Damon Murray, FuelIn Design Council Magazine, 4ª edição, Verão de 2008; http://www.designcouncil.org.uk/Case-studies/DCM-case-studies/FUEL/

Em 2005 foi criada ainda Fuel Publishing. Esta mudança pode representar mais um risco, mas na opinião dos design-ers, depois de tanto tempo a produzir e a compor livros para clientes eles sentiram-se encorajados a tentar. Apesar do entusiasmo, Stephen Sorrell reconhece que não é uma forma se-gura de garantir sucesso financeiro, mas acreditam que o publico vai sempre gostar deste tipo de publicações. Para já Fuel conta já com alguns volumes publicados, a maior parte deles com boa aceitação pela crítica.Uma das últimas e mais aclamadas publicações é o conjunto de três volumes que compõem a Russian Criminal Tattoo Encyclopaedia, publicado em 2009.Esta coleção recebeu da Brit Insurance Designs of the Year 2010 a seguinte crítica«By presenting this material in book form, FUEL have given the iconography of the Russian underworld the status of art... contextualising texts and pho-tographs, enabling cross-referencing between volumes. The tattoos are an extraordinary creative outpouring in otherwise bleak lives.»

Russian Criminal Tattoo Encyclopaedia,Design + Production: FUEL

Fuel 3000, 2000Design + Production: FUEL