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  • FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AQICULTURA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    AQICULTURA SUSTENTVEL NA LAGOA DOS PATOS, BRASIL

    Fabrcio Staciarini

    Orientador: Prof. Dr. Mario Roberto Chim Figueiredo

    Rio Grande RS

    Maro de 2006

  • Livros Grtis

    http://www.livrosgratis.com.br

    Milhares de livros grtis para download.

  • iii

    FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AQICULTURA

    AQICULTURA SUSTENTVEL NA LAGOA DOS PATOS, BRASIL

    Fabrcio Staciarini

    Orientador: Prof. Dr. Mario Roberto Chim Figueiredo

    Rio Grande RS

    Maro de 2006

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do grau de Mestre em Aqicultura da Fundao Universidade Federal do Rio Grande

  • iv

    Dedicado s pessoas que mais amo.

    Meus Pais: Vander Luis Stacciarini; Maria de Lourdes Rodrigues Stacciarini. Meus Irmos: Frederico e Rodrigo; Meus Avs: Oswaldo e Anete; Minha Namo: Lari

  • v

    Agradecimentos

    Gostaria de agradecer aos meus paitrocinadores Vander & Lurdinha, e meus

    irmos Frederico e Rodrigo, por terem me apoiado. Muito obrigado pelo apoio que

    vocs me deram desde o incio dessa jornada aqui no extremo Sul do Brasil. Sei que

    nada nesse mundo recompensar a saudade sentida pelo tempo que ficamos distantes.

    minha av DAnete, gostaria de pedir desculpas pela distncia e teimosia de

    ficar aqui no Rio Grande.

    Ao meu falecido av Seu Oswaldo, gostaria que o senhor, em vida, dividisse

    comigo esta conquista. Entretanto sei que o senhor est torcendo por mim ai de cima

    desde o incio.

    Gostaria de agradecer ao meu Orientador Mario Chim, por ter me dado a chance

    de realizar um trabalho de extenso universitria, no qual aprendi muito sobre o

    verdadeiro papel das IES brasileiras.

    Aos Srs. da Banca (Poersch e Vinatea), por se disporem a ler e compartilhar esta

    experincia comigo. Espero aprender muito com os Srs. ainda!

    Aos laboratoristas, Sr. Sandro e Sr. Vanderlein, ao Sr. Votto da Oc. Biolgicas, a

    Profa. Ana Azambuja. Estas pessoas foram essenciais para minha dissertao.

    Ao Sr. Bucco e a Sra. Brandelli, por ter me ajudado com tudo que precisei.

    Vocs foram demais mesmo! Muito obrigado por me deixar cuidar da mais linda Flor

    do jardim de vocs: a Srta. Larissa Brandelli Bucco, minha amiga, companheira e

    namorada.

    A todos meus amigos e amigas do LAC, EMA, PPGAQUI, FURG e Rio Grande.

    CAPES pela bolsa de estudos e a FURG por me proporcionar 7 anos maravilhosos!

  • vi

    DICE

    DEDICATRIA .............................................................................................. iv

    AGRADECIMENTOS ..................................................................................... v

    RESUMO .......................................................................................................... viii

    ABSTRACT ...................................................................................................... ix

    INTRODUO GERAL ................................................................................. 01

    REFERNCIAS ............................................................................................... 04

    CAPTULO I

    Aqicultura Sustentvel na restinga ao sul da Lagoa dos Patos, Brasil ............ 06

    RESUMO .......................................................................................................... 07

    ABSTRACT ...................................................................................................... 07

    1. INTRODUO ...................................................................................... 09

    1.1 A importncia da aqicultura sustentvel ............................................. 09

    1.2. Boas Prticas de Manejo ...................................................................... 10

    1.3. Aqicultura Sustentvel no Brasil ........................................................ 13

    1.4. Cooperativas: alternativa para pequenos produtores ............................ 15

    1.5. Aqicultura Sustentvel no RS ............................................................. 15

    2. DESCRIO DA REA ....................................................................... 16

    2.1. A Lagoa dos Patos ................................................................................ 16

    2.2. Aqicultura sustentvel na zona Sul da Lagoa dos Patos .................... 17

    3. CONCLUSO ....................................................................................... 19

    4. RECOMENDAES ............................................................................ 20

    5. AGRADECIMENTOS .......................................................................... 20

    6. REFERNCIAS ..................................................................................... 20

    CAPTULO II

    Levantamento scio-econmico dos produtores rurais e pescadores artesanais

    interessados em piscicultura na regio sul da Lagoa dos Patos ....................... 28

    RESUMO .......................................................................................................... 29

    ABSTRACT ...................................................................................................... 29

    INTRODUO ............................................................................................... 30

  • vii

    MATERIAL E MTODOS ............................................................................... 34

    RESULTADOS ................................................................................................. 35

    DISCUSSO ..................................................................................................... 39

    CONCLUSES ................................................................................................. 40

    RECOMENDAES ........................................................................................ 41

    AGRADECIMENTOS ...................................................................................... 41

    REFERNCIAS ................................................................................................ 41

    CAPTULO III

    Qualidade de gua utilizada para piscicultura na Restinga da Lagoa dos Patos, Rio

    Grande, Brasil ..................................................................................................... 44

    Resumo .............................................................................................................. 45

    Abstract .............................................................................................................. 45

    Introduo .......................................................................................................... 46

    Objetivo Geral ................................................................................................... 47

    Objetivos Especficos ........................................................................................ 47

    Material e Mtodos ........................................................................................... 47

    Resultados e Discusso ..................................................................................... 49

    Concluses ........................................................................................................ 52

    Recomendaes ................................................................................................ 53

    Agradecimentos ............................................................................................... 53

    Referncias ....................................................................................................... 53

    DISCUSSO GERAL ..................................................................................... 56

    CONCLUSES ................................................................................................ 58

    REFERNCIAS ............................................................................................... 58

  • viii

    RESUMO

    A aqicultura sustentvel visa harmonizar os aspectos fsicos, biolgicos e

    scio-econmicos. A Lagoa dos Patos possui um enorme potencial para o

    desenvolvimento deste tipo de aqicultura. A zona Sul da lagoa cobre aproximadamente

    1.500 Km2 divididos entre os municpios do Rio Grande, So Jos do Norte e Pelotas,

    RS, Brasil (31 50 a 32 40 S; 52 20 a 51 50 W). Este tipo de aqicultura foi

    inserida nesta regio atravs de projetos de piscicultura e de carcinicultura com o intuito

    de oferecer fontes alternativas de renda para o pequeno produtor rural e pescador

    artesanal. Estes projetos foram desenvolvidos pela Fundao Universidade Federal do

    Rio Grande e premiados nacionalmente pelo programa da Universidade Solidria

    (UNISOL), em parceria com os Bancos Real (ABN AMRO BANK) e Banespa

    Santander, nos anos de 2003, 2004 e 2005 (trs ltimas edies). O objetivo deste

    estudo dissertar sobre a aqicultura sustentvel usada como alternativa econmica

    ideal para os pequenos produtores rurais e pescadores artesanais residentes na zona sul

    da Lagoa dos Patos. Este trabalho contm uma reviso sobre aqicultura sustentvel;

    um levantamento scio-econmico de pessoas que residem na restinga ao sul da Lagoa

    dos Patos, interessadas em piscicultura sustentvel como fonte alternativa de renda; e

    um experimento cientfico sobre freqncia de arraoamento versus qualidade da gua

    de seis viveiros distribudos em duas reas distintas prximas s margens desta lagoa.

    PALAVRAS-CHAVE: aqicultura sustentvel, piscicultura, economia familiar,

    freqncia de arraoamento, policultivo, qualidade de gua

  • ix

    ABSTRACT

    The sustainable aquaculture claims create harmony between the physical,

    biological, social and economics aspects. The Patos Lagon has a great potential to

    sustainable aquaculture employment. The lagoons south zone cover almost 1,500 Km2

    distributed between the cities of Rio Grande, So Jos do Norte e Pelotas, in South of

    Brazil (31 50 to 32 40 S; 52 20 to 51 50 W). This kind of aquaculture was

    inserted in this region through fish and shrimp culture projects by University of Rio

    Grande (FURG) and was recognized nationally for UNISOLs prize, sponsored by Real

    ABN AMRO and Banespa Santander banks. The objective of this study is to discuss

    about sustainable aquaculture as alternative way of development to small farmers and

    artisan fishermen living on the Patos Lagoons south zone. This work contains a

    sustainable aquaculture review; a social/economic aspects study of the local zone

    community interested in sustainable fishculture as alternative way of rent; and the last,

    its a study of feed frequency versus water quality of six fishculture ponds distributed in

    two different areas located in the same place.

    KEY- WORDS: sustainable aquaculture, fish culture, familiar economy, feeding frequency; policulture; water quality.

  • ITRODUO GERAL

    A aqicultura possui um papel importante na produo de pescado mundial,

    gerando empregos e divisas para diversas naes. Entretanto, esta atividade faz uso de

    um recurso atualmente considerado limitado: a gua potvel. Por isso, deve-se evitar o

    consumo abusivo de gua e tambm a contaminao indiscriminada do meio hdrico

    atravs dos efluentes (Castagnolli, 2004).

    Para se fazer um bom uso da gua, os sistemas de produo aqcolas devem

    adotar boas prticas de manejo, tais como: monitoramento da qualidade da gua e do

    solo, utilizao de sistemas de tratamento de efluentes, reduo das taxas de renovao

    de gua, otimizao da entrada de nutrientes devido fertilizao dos viveiros e

    freqncia de arraoamento, uso de densidades menores e sistemas de policultivo (Boyd

    & Queiroz, 2004).

    Sistemas de produo de peixes mais intensivos implicam no aumento de

    densidade, maior uso de rao e medicamentos, alm do maior volume de gua para

    renovao (Tacon & Foster, 2003). Como resultado, os efluentes oriundos de viveiros

    de piscicultura intensiva carregam grandes quantidades de nutrientes, restos de rao,

    fezes e microorganismos. Tais efluentes apresentam um potencial para provocar a

    reduo da concentrao de oxignio do meio nas reas prximas ao aporte,

    eutrofizao, aumento das taxas de sedimentao e alterao na estrutura da

    comunidade bentnica (Poersch, 2004).

    Por outro lado, cultivos semi-intensivos de organismos aquticos em sistema de

    policultivo so recomendados pelo fato de aproveitarem a produtividade do meio

    ambiente. Utilizar a produtividade natural do meio uma forma de se economizar

    dinheiro e de proteger o meio ambiente. Para isso, pode-se fazer a fertilizao do

    viveiro para aumentar a produtividade dos diferentes nveis trficos e priorizar espcies

    herbvoras, planctfagas e, ou onvoras, de preferncia em sistemas de policultivo

    (Naylor et al., 2000, Porrelo et al., 2003). A grande vantagem deste sistema que cada

    espcie ocupa um nicho ecolgico diferente, otimizando o uso do recurso hdrico e do

    alimento natural disponvel (Naylor et al., 2000). No policultivo de carpas, por exemplo,

    a principal fonte de entrada de nutrientes vem da rao destinada carpa comum e da

    fertilizao do meio para gerar um aumento de biomassa da comunidade planctnica,

    que serve de alimento para as carpas cabea-grande e prateada (Milstein, 1993).

  • 2

    A Comisso das Comunidades Europias (2002) reconheceu a importncia da

    aqicultura no mbito da reforma da poltica comum da pesca, bem como a necessidade

    de conceber uma estratgia de desenvolvimento sustentvel deste setor. Esta estratgia

    dever ser coerente com as outras estratgias comunitrias, para garantir a segurana do

    emprego e o bem-estar social. Para promover uma aqicultura sustentvel, se faz

    necessrio conhecer os possveis impactos desta atividade no meio ambiente e promover

    um manejo econmico e social que minimize os riscos ao meio ambiente, gerando

    empregos e divisas (Poersch, 2004).

    O termo Sustentabilidade um conceito amplamente usado em diversas reas,

    entretanto difcil de ser conceituado. Lynam & Herdt (1989) consideram que

    sustentabilidade um conceito indefinido, com diferentes significados sob ticas

    distintas. Para os ambientalistas, sistemas sustentveis de agricultura e aqicultura so

    aqueles que sempre produzem mudanas no negativas nos estoques de recursos

    naturais e na qualidade ambiental. J os economistas consideram sistemas sustentveis

    de agricultura e aqicultura aqueles que produzem tendncias no negativas no fator

    total de produtividade social (definida como o valor total da produo do sistema

    durante um ciclo produtivo, dividido pelo valor total de todos os custos necessrios

    produo durante este ciclo).

    Vinatea (1999) definiu aqicultura sustentvel como o tipo de aqicultura que

    faz o uso dos recursos naturais com a finalidade de atender a demanda econmica,

    ecolgica e social atual, sem comprometer as futuras geraes, tendo como princpio a

    integrao entre a prudncia ecolgica, eqidade social e eficincia econmica.

    Para se implantar um sistema aqcola sustentvel em uma regio se faz

    necessrio conhecer o perfil da populao residente. Do ponto de vista social, as

    possibilidades de desenvolvimento, atravs da aqicultura sustentvel, so promissoras.

    Estima-se que em cada hectare implantado, destinado produo aqcola em geral,

    seja gerado um emprego direto, sendo o custo dessa gerao de emprego relativamente

    baixo, comparativamente a outros setores da economia. (Valenti, 2000).

    A Lagoa dos Patos possui um enorme potencial para o desenvolvimento deste

    tipo de aqicultura. A zona Sul da lagoa cobre aproximadamente 1.500 Km2 divididos

    entre os municpios do Rio Grande, So Jos do Norte e Pelotas, RS, Brasil (31 50 a

    32 40 S; 52 20 a 51 50 W). A regio do municpio do Rio Grande formada por

  • 3

    uma zona de restinga e possui trs grandes ambientes naturais: o terrestre, o lacustre

    lagunar e o oceano costeiro (Vieira, 1983).

    Nos ltimos anos, a produo agrcola, a pecuria e a pesqueira passam por um

    momento de crise, apresentando baixos lucros e pouca produo, gerando desemprego

    na regio. Uma forma de combater o desemprego e o xodo rural diversificar a

    produo no campo. A aqicultura sustentvel aplicada em pequenas propriedades pode

    ser uma ferramenta para atingir este objetivo (FAO, 2000), pelo fato de ser uma

    atividade econmica alternativa, realizada em terras improdutivas, tanto para a

    agricultura como para a pecuria (Figueiredo, 2004, 2005).

    A aqicultura sustentvel foi introduzida na regio na dcada passada atravs de

    projetos elaborados pela Fundao Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

    financiados pela Secretaria de Cincia e Tecnologia, com apoio da Prefeitura Municipal

    do Rio Grande e de prmios recebidos da Universidade Solidria (Unisol-Banco Real e

    Banco Banespa/Santander), nos anos de 2003, 2004 e 2005 (UNISOL, 2005).

    O objetivo deste estudo foi discutir a implantao da aqicultura sustentvel

    como alternativa econmica para os pequenos produtores rurais e pescadores artesanais

    residentes na zona Sul da Lagoa dos Patos. A presente dissertao est apresentada na

    forma de trabalhos cientficos separados por captulos. O captulo I traz uma reviso

    sobre aqicultura sustentvel praticada no mundo, no Brasil, no Rio Grande do Sul e

    prope esta forma de aqicultura como modelo para a Lagoa dos Patos, Rio Grande,

    Brasil. O captulo II trata de um levantamento scio-econmico da populao rural e

    ribeirinha, residente na regio de abrangncia do Municpio do Rio Grande, RS, Brasil,

    interessada em piscicultura sustentvel como forma alternativa de renda. Por ltimo, o

    captulo III composto por um estudo sobre freqncia de arraoamento versus

    qualidade da gua em seis viveiros distribudos em duas reas distintas s margens da

    Lagoa dos Patos, Rio Grande, Brasil.

  • 4

    REFERCIAS

    BOYD, C.E, QUEIROZ, J.F. 2004. Manejo das condies do sedimento do fundo e da

    qualidade da gua e dos efluentes de viveiro. in CYRINO, J. E. P., URBINATI, E.

    C., FRACALOSSI, D. M. & CASTAGNOLLI, N. Tpicos especiais em piscicultura

    de gua doce tropical intensiva. Ed. TecArt. So Paulo. 1 Edio. p. 25-45.

    CASTAGNOLLI, N. 2004. Estado da arte da aqicultura brasileira. In CYRINO, J. E.

    P., URBINATI, E.C., FRACALOSSI, D.M. & CASTAGNOLLI, N. Tpicos

    especiais em piscicultura de gua doce tropical intensiva. Ed. TecArt. So Paulo. 1

    Edio. p. 1-7.

    COMISSO DAS COMUNIDADES EUROPIAS, 2002. Estratgia do

    Desenvolvimento Sustentvel da Aqicultura Europia. Bruxelas, 511p.

    FAO (Food and Agriculture Organization). 2000. Small ponds make a big difference.

    Integrating fish with crop and livestock farming. Rome, 30p.

    FIGUEIREDO, M.R.C. 2004. Piscicultura: atividade alternativa para pescadores e

    pequenos produtores rurais do Rio Grande e municpios vizinhos. VIII Prmio

    Universidade Solidria Banco Real (ABN AMRO BANK). Online. Pgina

    acessada em 15 de Jan. 2006. http://www.unisol.org.br/premios

    FIGUEIREDO, M.R.C. 2005. Consolidao da Cooperativa de Piscicultores e de

    Produtores de outros Organismos Aquticos (COOPISCO). X Prmio Universidade

    Solidria Banco Real (ABN AMRO BANK). Online. Pgina acessada em 15 de

    Jan. 2006. http://www.unisol.org.br/premios

    LYNAM, J.K. y HERDT, R.W., 1989. Sence and sustainability: Sustainability as an

    objective in international agricultural research; Agric. Econ. 3:381-398.

    MILSTEIN, A. 1993. Water quality and freshwater fish culture intensification: The

    Israeli example. Aquaculture Fish. Manage, 24(6):715-724.

    NAYLOR, R.L., GOLDBURG, R.J., PRIMAVERA, J.H.KAUTSKY, N.,

    BEVERIDGE, M.C.M, CLAY, J., FOLKE, C., LUBCHENCO, J., MOONEY, H.,

    & TROELL, M. 2000. Effect of aquaculture on world fish supplies. Nature.

    Macmillan Magazines Ltd. 405: 1017-1024.

  • 5

    POERSCH, L.H.S. 2004. Aquacultura no esturio da Lagoa dos Patos e sua influncia

    sobre o meio ambiente. Tese de Doutorado. FURG, Rio Grande. 147p.

    PORRELLO, S., LENZI, M., TOMASSETTI, P., PERSIA, P., FINOIA, M.G. &

    MERCATELI, I. 2003. Reduction of aquaculture wastewater euthrofication by

    phytotreatment pond system. II. Nitrogen and phosphorus content in macroalgae and

    sediment. Aquaculture Research. 219:531-544.

    TACON, A.G.J. & FOSTER, I.P. 2003. Aquafeeds and the environment: policy

    implications. Aquaculture Research. 226:181-189.

    UNISOL (Universidade Solidria). 2005. Projetos de Extenso. Online. Pgina acessada

    em 15 de Dez. de 2005. http://www.unisol.org.br.

    VALENTI, W.C. 2000. Introduo. In: Aqicultura no Brasil: bases para um

    desenvolvimento sustentvel. Braslia: CNPq/ Ministrio da Cincia e Tecnologia.

    p. 25-32.

    VIEIRA, E.F. 1983. Rio Grande: geografia fsica, humana e econmica. Ed. SAGRA.

    Porto Alegre, p. 15-92.

    VINATEA, L.A. 1999. Aqicultura e desenvolvimentos sustentvel: subsdios para a

    formulao de polticas de desenvolvimento da aqicultura brasileira. Florianpolis.

    Ed. Da UFSC. 310p.

  • 6

    CAPTULO I

    AQICULTURA SUSTETVEL A RESTIGA AO SUL DA LAGOA DOS PATOS, BRASIL.

    Fabrcio Staciarini & Mario R.C. Figueiredo

    NORMAS DE ACORDO COM A REVISTA AQUACULTUREAQICULTURA SUSTETVEL A RESTIGA AO SUL DA LAGOA DOS

    PATOS, BRASIL

    Fabrcio Staciarini1* & Mario R.C. Figueiredo2. 1 Parte da Dissertao de Mestrado. Programa de Ps-Graduao em Aqicultura. Fundao Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Rio Grande, RS, Brasil. CEP: 96205-000. (www.furg.br). 2 Laboratrio de Aquacultura Continental - Programa de Ps-Graduao em Aqicultura FURG. [email protected]

    RESUMO

    A aqicultura sustentvel vem sendo apontada nos ltimos anos como um dos melhores

    sistemas de produo de alimentos, uma vez que pode ser uma fonte de protena barata,

    com alto valor nutricional e bom preo de mercado. Este estudo uma reviso sobre

  • 8

    aqicultura sustentvel, apresentada como alternativa de renda para a comunidade

    carente situada nos arredores da zona Sul da Lagoa dos Patos, Rio Grande, Brasil. O

    policultivo de carpas chinesas e o cultivo de camaro em cercados foram idias que se

    mostraram viveis para a regio, promovendo a incluso social de pequenos produtores

    rurais e pescadores artesanais. A regio possui um considervel potencial para a

    produo de pescado em viveiros, cercados ou na forma de consrcios, como a

    rizipiscicultura. Rio Grande possui um grande porto naval e uma indstria de pesca com

    capacidade ociosa. Estudos com processamento do pescado e rejeitos provenientes da

    produo aqcola esto sendo feitos com intuito de agregar valor ao produto. Para

    assegurar a sustentabilidade de toda cadeia de produo aqcola ainda falta ser feito um

    plano de gerenciamento costeiro, atravs da parceria entre o poder pblico,

    universidades e a sociedade.

    Palavras-chave: aqicultura sustentvel; piscicultura; carcinicultura

    ABSTRACT

    The sustainable aquaculture is having been pointed in the last years which a big ones

    food productions system because it may be a cheap way of protein source, with high

    nutritional values and good market price. This study is a sustainable aquaculture review,

    witch is discussed as an alternative of rent to care-need community located in Patos

    Lagoon surrounding, Rio Grande, RS, Brazil. The Chinese carp policulture and shrimp

    culture through net pen looks like good deal for the region, promoting the social

    inclusion of small farmers and artisans fishermen. This region have a valuable potential

    for the finfish and shrimp production by aquaculture related ways, in addiction by

    production of an integrated production of rice with fish. Rio Grande city have a big

    harbor and an idle fish processment industry. Fish cultured (and bycatch) processment

    studies have been made to aggregate values and enhance the market price. In order to

    guarantee the sustainability of the role aquaculture production chain still must be done a

    coastal management plain, by the interaction of government, universities and the

    society.

    Key-words: sustainable aquaculture; fish culture; shrimp culture

  • 1. ITRODUO

    1.1 A importncia da aqicultura sustentvel

    O termo Sustentabilidade um conceito amplamente usado em diversas reas,

    entretanto difcil de ser conceituado. Lynam & Herdt (1989) consideram que

    sustentabilidade um conceito indefinido, com diferentes significados sob ticas

    distintas. Para os ambientalistas, sistemas sustentveis de agricultura e aqicultura so

    aqueles que sempre produzem mudanas no negativas nos estoques de recursos

    naturais e na qualidade ambiental. J os economistas consideram sistemas sustentveis

    de agricultura e aqicultura aqueles que produzem tendncias no negativas no fator

    total de produtividade social (definida como o valor total da produo do sistema

    durante um ciclo produtivo, dividido pelo valor total de todos os custos necessrios

    produo durante este ciclo).

    Vinatea (1999) definiu aqicultura sustentvel como o tipo de aqicultura que

    faz o uso dos recursos naturais com finalidade de atender a demanda econmica,

    ecolgica e social atual, sem comprometer as futuras geraes, tendo como princpio a

    integrao entre a prudncia ecolgica, eqidade social e eficincia econmica.

    Como visto, a aqicultura sustentvel visa harmonizar os aspectos fsicos,

    biolgicos e scio-econmicos. Esses aspectos so exigncias necessrias para se

    elaborar um estudo de impacto ambiental (EIA) de qualquer empreendimento humano.

    Cabe aos rgos de controle ambiental definir normas para garantir a sustentabilidade

    de empreendimentos aqicolas (Vinatea, 1999). De acordo com a resoluo do

    Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA: 001/86 Lei Federal 6.803/80), o

    diagnstico ambiental e suas respectivas abrangncias, da rea onde se queira implantar

    qualquer empreendimento humano, devem conter a descrio e anlise do meio fsico

    (solo, subsolo, gua, ar e clima), do meio biolgico (ecossistemas naturais, flora e

    fauna) e do meio socioeconmico (uso do solo, gua e perfil das comunidades

    atingidas).

    A Comisso das Comunidades Europias (2002) reconheceu a importncia da

    aqicultura no mbito da reforma da poltica comum da pesca, bem como a necessidade

    de conceber uma estratgia de desenvolvimento sustentvel deste setor. Esta estratgia

    dever ser coerente com as outras estratgias comunitrias, para garantir a segurana do

  • 10

    emprego e o bem-estar social, nomeadamente com a estratgia da Unio Europia em

    favor do desenvolvimento sustentvel.

    A sustentabilidade de um cultivo depende da espcie cultivada, do local e da

    forma como cultivada. Um cultivo de ostras completamente diferente, em termos de

    manejo, dos cultivos de peixes em viveiros. Indubitavelmente, alguns tipos de

    aqicultura so mais sustentveis do que outros (Hopkins, 1996). Entretanto, todos os

    cultivos devem seguir boas prticas de manejo para minimizar seus impactos

    negativos (Boyd & Queiroz, 2004).

    1.2 Boas prticas de manejo

    Recomendaes para o bom uso da gua foram debatidas no frum internacional

    do meio ambiente RIO 92 com o surgimento da Agenda 21. Logo depois, a FAO em

    1995, criou o cdigo de conduta responsvel para aqicultura e pesca (Castagnolli &

    Castagnolli, 2005). Sendo assim, para evitar os possveis impactos negativos gerados

    pela aqicultura, devem-se adotar medidas de preveno. Para isso, a aqicultura

    sustentvel visa seguir risca boas prticas de manejo tais como: realizar o

    monitoramento da qualidade da gua e do solo; utilizar sistemas de tratamento de

    efluentes; reduzir as taxas de renovao de gua; otimizar a entrada de nutrientes devido

    fertilizao dos viveiros; adotar uma freqncia de arraoamento adequada; utilizar

    raes de alta tecnologia; utilizar densidades menores; e adotar sistemas de policultivo

    ou cultivos integrados. (Ackefors et al., 2002; Tacon & Foster, 2003; Boyd & Queiroz,

    2004).

    No se pode falar em aqicultura sem ressaltar a preocupao com o uso da

    gua, especialmente sobre a qualidade e quantidade de seus efluentes. necessrio fazer

    o monitoramento e adotar medidas de correo dos parmetros fsico-qumicos da gua

    e do solo dos viveiros. A qualidade da gua, que est diretamente ligada qualidade dos

    solos, um dos principais fatores que influenciam na produtividade aqcola em

    viveiros escavados (Tacon & Foster, 2003; Das et al., 2005). O volume de nutrientes

    (nitrognio, fsforo e carbono) e de slidos em suspenso, contidos nos efluentes deve

    ser reduzido para evitar maiores impactos negativos tais como: a eutrofizao e

    conseqente hipoxia (falta de oxignio) do meio aqutico, provocando alterao na

    biodiversidade e na dinmica populacional das comunidades contaminadas. Outros

  • 11

    problemas que devem ser evitados so: a contaminao do meio por frmacos

    (antimicrobianos) e a introduo de doenas ou at mesmo organismos que possam

    afetar a cadeia trfica (FAO, 1995; Primavera, 1997; Frankic & Hershner, 2003).

    Para os cultivos intensivos e superintensivos sustentveis, o processo de

    reaproveitamento de gua extremamente importante e necessrio para a reduo do

    volume dos efluentes. Sistemas de recirculao e de reciclagem (Boyd, 1990; Milstein,

    1993; Frankic & Hershner, 2003), bem como o uso de flocos bacterianos, so exemplos

    de medidas e serem tomadas (Moriaty, 1997).

    No se deve apenas reduzir o volume de efluentes, mas melhorar a qualidade da

    gua dos efluentes. Para este fim existem alguns mtodos eficazes tais como o cultivo

    de mexilhes (capazes de filtrar slidos orgnicos) e macroalgas (capazes de aproveitar

    slidos inorgnicos) (CMMAD, 1991). Segundo Moriaty (1997) e Porrello et al. (2003),

    a associao da bacia de sedimentao com o cultivo de macroalgas e moluscos uma

    forma bastante eficaz de limpar o efluente e ganhar dinheiro com isto. Tanto a alga

    Gracilaria sp. como o bivalve Crasostrea gigas so espcies de alto valor comercial. As

    macroalgas, bactrias e fitoplncton ocupam o primeiro nvel trfico (produtores

    primrios) e absorvem os nutrientes como nitrognio e fsforo. J os moluscos, ocupam

    o segundo nvel trfico (consumidores primrios) e removem os slidos em suspenso,

    inclusive o biofilme gerado no local. A prpria vegetao de marisma cultivada dentro

    da bacia de sedimentao, em efluentes de cultivos de camaro marinho, pode atuar

    como filtro biolgico (Poersch, 2004).

    Outra forma de reduzir a contaminao dos mananciais de gua doce atravs do uso

    de sistemas de policultivo (Figueiredo, 1983, Gosh et al., 1984; Milstein et al.,1995;

    Tutundzic, 1995; Naylor et al., 2000), onde cada espcie ocupa um nvel trfico

    diferente. Outra forma seria o uso de sistema de cultivos integrados, onde a gua

    reaproveitada para outra finalidade, como irrigao e fertilizao de lavouras. A

    integrao ainda pode servir para a fertilizao do viveiro, como o cultivo de sunos

    integrado com piscicultura (Tomazelli & Casaca, 2001). Uma integrao, ou

    consrcio, promissora para o sul do pas a rizipiscicultura, onde os peixes, em geral

    carpas chinesas, so utilizados para controlar pragas e doenas do arroz (Cotrim et

    al., 2002, Lemos, 2002), atividade considerada ecologicamente correta e

  • 12

    ambientalmente sustentvel uma vez que suspende a aplicao de defensivos

    agrcolas (herbicidas, fungicidas e inseticidas) e reduz a aplicao de fertilizantes.

    Para que os efluentes contaminem menos, se faz necessrio aperfeioar a entrada

    de nutrientes, com o intuito de se obter a maior converso possvel de nutrientes em

    biomassa de pescado. Nesta tica, o manejo do arraoamento visa dar a quantidade certa

    de rao, na hora certa. Na aqicultura sustentvel recomendvel utilizar raes com

    alto valor nutricional, que seja especfico para cada espcie. As raes devem possuir

    alta taxa de converso, com baixa perda por lixiviao (Cho et al., 1994; Kaushik, 1995;

    Hardy, 1999; Tacon & Foster, 2003).

    Utilizar a produtividade natural do meio uma forma de se economizar dinheiro

    e proteger o meio ambiente. Para isso, pode-se fazer a fertilizao do viveiro para

    aumentar a produtividade da cadeia trfica e priorizar espcies herbvoras, planctfagas

    e, ou onvoras, de preferncia em sistemas de policultivo (Naylor et al., 2000; Porrelo et

    al., 2003).

    A introduo de espcies exticas atravs da aqicultura foi discutida por Pullin

    (1991; 1993). Segundo ele, em cultivos de gua doce, houve 1.354 introdues de

    peixes exticos. Destas, apenas 24 espcies se estabilizaram e se tornaram dominantes.

    Entretanto, 17 apresentaram efeitos ecolgicos neutros ou at positivos. Somente sete

    espcies do total introduzido causaram algum dano ecolgico, o que muito pouco.

    Cabe salientar que as espcies exticas possuem um pacote tecnolgico desenvolvido e

    por isso economicamente seguro, com uso de raes de alta tecnologia, que contaminam

    menos os efluentes. A fuga de espcies exticas pode ser evitada atravs de

    planejamento e engenharia especfica, tais como telas de proteo. O contato de animais

    cultivados, que so geralmente melhorados geneticamente, com uma populao

    selvagem da mesma espcie pode acarretar em reduo da riqueza gentica desta

    populao, j que existe a possibilidade de acasalamento.

    Contudo, nunca demais tomar as devidas precaues na introduo e

    transferncia de espcies exticas. Existem vrias entidades reguladoras como: o

    Conselho Internacional de Explorao dos Oceanos (ICES), a Comisso Europia de

    Pesca Territorial (EIFAC), a Sociedade de Pesca Americana (AFS) e a prpria

    Organizao da Unio dos Estados (ONU) com a Organizao de Alimento e

    Agricultura (FAO) e a Agenda 21.

  • 13

    A chegada de um empreendimento aqcola, como qualquer outro negcio,

    acarretar em modificaes scio-econmicas na regio. Entretanto, ela deve ser feita a

    fim de promover o desenvolvimento econmico, atravs do uso, de forma responsvel,

    dos recursos naturais locais. Dessa forma, haver gerao de renda para todos os atores

    envolvidos atravs de criao de postos de trabalho assalariado e, ou auto-emprego

    (Valenti, 2000). Contudo, para um negcio se tornar lucrativo, deve-se fazer uma

    anlise de toda a cadeia produtiva e aplicar metas como: reduo de custos, formas de

    se agregar valor ao produto, distribuio e comercializao de mercadorias (Rangel,

    1998; Kubitza & Ono, 2004).

    Do ponto de vista social, as possibilidades de desenvolvimento, atravs da

    aqicultura sustentvel, so promissoras. O impacto positivo em termos de emprego e

    renda merece destaque. Estima-se que em cada hectare implantado, destinado

    produo aqcola em geral, seja gerado um emprego direto, sendo o custo dessa

    gerao de emprego relativamente baixo, comparativamente a outros setores da

    economia (Valenti, 2000).

    A China o grande modelo mundial de produo aqcola. Para que a produo de

    protena no pas pudesse acompanhar o crescimento de sua populao, o governo

    chins incentivou a populao a comer mais carne de pescado e os pequenos

    produtores a cultivarem peixes, em sistemas de policultivo e de rizipiscicultura. Em

    2000, a produo chinesa era de quase 15 milhes de toneladas (55 % do total

    mundial) apenas atravs desses sistemas. A produo de carpas foi de 12 milhes de

    toneladas. A ndia tambm adotou estes mesmos sistemas de produo (Michielsens

    et al., 2002 e Weimin, 2002). A piscicultura, na forma de integrao ou consrcio

    com atividades tradicionais, evita um grande problema scio-econmico, que a

    competio pelo uso da gua dos mananciais da regio, tais como rios, lagos, baas,

    esturios e gua subterrnea (Vinatea, 1999).

    1.3 Aqicultura sustentvel no Brasil

    De acordo com o CONAMA (Resoluo 20/86), que classificou o estado de

    contaminao das guas interiores, atravs dos nveis de contaminantes qumicos e

    orgnicos, toda a atividade de produo em grande escala (animal ou vegetal) no Brasil,

    potencialmente poluidora. Entretanto, a Agncia Nacional das guas (ANA), criada

  • 14

    em 2000, props a aqicultura sustentvel como forma de minimizar os riscos

    ambientais (Castagnolli & Castagnolli, 2005).

    No Brasil, o tipo de aqicultura predominante a Familiar, ou seja, em pequenas

    propriedades, com cerca de cem mil produtores que utilizam em mdia uma rea

    alagada de 0,43ha (Borghetti & Ostrenski, 2000; Ostrenski et al., 2000, Castagnolli,

    2004). Sob este aspecto, a implantao de sistemas produtivos em escala familiar

    representa tambm um aspecto positivo da aqicultura, pois torna vivel a subsistncia

    de pequenos produtores (Assad & Bursztyn, 2000; FAO, 2000).

    Vrios so os rgos federais, estaduais e municipais que estimulam este tipo de

    aqicultura como: Programa Sebrae de Aqicultura (Barradas, 2004), a prefeitura de

    Goytacazes, no RJ (Andrade et al., 2004), Programa da SEAP-PR (Eid et al., 2004),

    EPAGRI, em SC (Tamassia et al., 2004) e o Instituto de Pesca do Estado de So Paulo

    (Eid et al., 2004).

    Queiroz et al., (2002) definiram alguns fatores fundamentais para o sucesso da

    aqicultura sustentvel no Brasil. Para estes autores, deve-se levar em considerao a

    definio da espcie a ser cultivada, a seleo da rea, o modelo e o sistema de cultivo,

    a utilizao de raes balanceadas de boa qualidade e a definio da capacidade suporte

    do ambiente envolvido. Entretanto, existem fatores limitantes para o desenvolvimento

    deste tipo de aqicultura, como por exemplo: a falta de assistncia tcnica, a falta de

    incentivos governamentais e a dificuldade de fazer o licenciamento ambiental,

    especialmente em razo da existncia de inmeras normas emanadas de diferentes

    rgos pblicos. O candidato a aqicultor deve submeter-se ao determinado pela Lei

    dos Crimes Ambientais, pelo Cdigo Florestal, pelo Cdigo das guas, pela Poltica

    Nacional dos Recursos Hdricos, pela Agncia Nacional das guas, pelo Instituto

    Brasileiro de Administrao do Meio Ambiente (IBAMA), pelo Conselho Nacional de

    Meio Ambiente (CONAMA), pelo Decreto 2.869/98 e pela Instruo Normativa

    Interministerial n 9 (que regula o uso das guas pblicas para aqicultura) (Caseiro &

    Wakatsuki, 2004).

    A Associao Brasileira de Criadores de Camaro (ABCC) est elaborando um

    Plano de Ao (Cdigo de Conduta) para assegurar a rentabilidade, a competitividade e

    a sustentabilidade da produo de camares marinhos. Existe tambm o modelo da

    fazenda PRIMAR, cujo objetivo foi a certificao ambiental e obteno de um rtulo

  • 15

    verde conhecido mundialmente como Eco-Label (Caseiro & Wakatsuki, 2004). Esta

    fazanda foi uma das empresas pioneiras em carcinicultura orgnica no Brasil. Realiza o

    cultivo de camaro marinho Litopenaeus vannamei associado com a ostra de mangue

    Crassostrea rhizophorae. O sistema manejado sazonalmente com o intuito de otimizar

    o aproveitamento da produo natural de alimento, plncton e bentos, por conseguinte,

    reduzir o uso de rao e custos de produo (Wainberg et al., 2004).

    1.4 Cooperativas: alternativa para pequenos produtores

    Um bom modelo de aqicultura sustentvel vivel para o Brasil o realizado na

    forma de cooperativas. Neste sistema obedecido o princpio da equidade social, no

    qual todos os atores participam da cadeia produtiva. Os resultados so divididos entre

    todos (Souza, 1995). Em 2000, j havia preocupao em se desenvolver uma sntese de

    experincias de programas de fomento do cooperativismo pesqueiro em alguns estados

    do Brasil, apresentado no Programa Plurianual para o Desenvolvimento do

    Cooperativismo Pesqueiro (PRODECOOPES, 2000): a) em Gois havia 70 associaes

    de piscicultores e uma cooperativa central prestadora de servios s associaes,

    proporcionando economia de escala, agregao de valor e qualidade ao pescado

    cultivado pelos associados; b) no Rio de Janeiro, a Federao das Colnias de

    Pescadores liderava o processo de integrao das colnias com as associaes e

    cooperativas de pesca e de aqicultura, com vistas organizao de uma cooperativa

    central anloga experincia de Gois (Eid et al., 2004).

    Em Santa Catarina e em So Paulo, ocorreu uma articulao com outros agentes

    do desenvolvimento. As prefeituras municipais, universidades, e os Ministrios do

    Trabalho e da Agricultura buscaram priorizar a integrao entre cooperativas de

    aqicultores (peixes e moluscos) com empresas de beneficiamento de pescado

    localizadas no litoral e com capacidade ociosa nos frigorficos detentores de SIF para

    exportao (Eid et al., 2004).

    1.5 Aqicultura sustentvel no Rio Grande do Sul

    O Rio Grande do Sul possui uma rea de produo aqcola com cerca de 28.000

    hectares. A grande maioria est distribuda em pequenas unidades aqicolas: 86% dos

    produtores de peixe possuem menos de dois hectares de rea inundada, 13% possui

  • 16

    entre dois e 20 hectares e menos de 1% possui mais de 20 hectares, sendo a mdia de

    1,13 hectares (Poli et al., 2000). O consumo de peixes de trs kg/hab/ano, mas, nas

    regies produtoras salta para 14 kg/hab/ano, mais do que o mnimo recomendado pela

    FAO (2002) conforme citado por Caseiro & Wakatsuki (2004). Se o consumo de peixe

    no RS chegar mdia recomendada, a demanda chegar a 78.000 toneladas de

    peixe/ano. Atualmente tm-se verificado um aumento no nmero de feiras e expressivo

    aumento do volume de peixe comercializado. Em 2003 foram comercializadas 408

    toneladas de peixes na Feira do Peixe de Porto Alegre. J em 2004 foram 512 toneladas,

    a um preo mdio de R$ 3,50/kg peixe vivo (Cotrim, 2004).

    Segundo Cotrim (2004), no RS, a aqicultura tambm se tornou uma alternativa

    a mais de renda para os pequenos produtores, atravs de sistemas de produo agro-

    ecolgicos, sem a utilizao de rao, com uma densidade de estocagem de 2500

    alevinos/ha. A produo cerca de 1000 kg/ha/ano. Existem tambm os sistemas de

    cultivo consorciado como a rizipiscicultura, onde o cultivo de peixe est associado e

    integrado com o cultivo de arroz irrigado, reduzindo o uso de maquinrio, adubos e

    defensivos agrcolas.

    2. DESCRIO DA REA

    2.1 A Lagoa dos Patos

    A Lagoa dos Patos est contida na plancie costeira do extremo sul do Brasil,

    que corresponde a uma zona biogeogrfica de transio temperada-quente, devido

    influncia da Convergncia Subtropical do sudoeste Atlntico, (aprox. 31 50 a 32 40

    S; 52 20 a 51 50 W). A zona Sul da lagoa cobre aproximadamente 1.500 km2

    divididos entre os municpios do Rio Grande, So Jos do Norte e Pelotas, no estado do

    Rio Grande do Sul (Vieira, 1983) . Como tpico de lagoas estranguladas, o canal da

    Lagoa dos Patos, com profundidade de 15 m e largura de 800 m, atenua os avanos da

    onda de mar (0,47 m) para dentro do esturio (Seeliger et al., 1997).

    A produtividade da Lagoa dos Patos, associada com a do Oceano Atlntico Sul,

    atingiu a sua capacidade de suporte e isto acarretou na estabilizao da pesca. A pesca

    predatria a principal responsvel pela queda, nos ltimos dez anos, de 40.000 para

    8.000 toneladas de pescado desembarcado no Rio Grande (Haimovici et al.,1998). As

    frustradas safras agrcolas (cebola), a mecanizao da produo, os problemas com

  • 17

    doenas como a febre aftosa e a concorrncia de produtos estrangeiros, tornou a

    situao do homem do campo e do pescador artesanal bastante desoladora. Isto resulta

    em forte xodo rural, inchao populacional na periferia, aumento do desemprego e da

    pobreza (COMAPERG, 1997). Nas reas mais valorizadas, prximas sede do

    municpio, as propriedades so vendidas e transformadas em stios de lazer, dos quais,

    muitas vezes os antigos proprietrios permanecem como caseiros, num evidente

    desprestgio e perda da dignidade (Figueiredo, 2004).

    2.2 Aqicultura sustentvel na zona Sul da Lagoa dos Patos

    A metade sul do Estado do Rio Grande do Sul possui um enorme potencial para

    o desenvolvimento da aqicultura sustentvel. Possui trs grandes universidades. Est

    distante apenas 300 Km das fbricas de raes. Em Rio Grande, encontra-se o terceiro

    maior porto martimo do Brasil, fbricas de farinha de peixe, um distrito industrial onde

    so produzidos fertilizantes, alm de uma indstria pesqueira desenvolvida e ociosa

    (Wasielesky et al., 2002 e Figueiredo, 2004).

    Na regio do Municpio do Rio Grande RS, a aqicultura foi inserida atravs

    de projetos de piscicultura e de carcinicultura. Os projetos de aqicultura sustentvel

    (piscicultura e carcinicultura) foram desenvolvidos pela Fundao Universidade Federal

    de Rio Grande, em parceria com a organizao no-governamental Universidade

    Solidria (UNISOL, 2005), o Banco Real (ABN AMRO BANK) e o Banco

    Banespa/Santander, a prefeitura municipal do Rio Grande e a Secretaria Especial de

    Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica (SEAP-PR). Esta parceria foi um bom

    exemplo da unio entre a populao local, universidades, o poder pblico e

    organizaes no-governamentais, em prol do desenvolvimento social sustentvel. Em

    todos estes projetos, existe um incentivo participao de toda a famlia durante o

    processo de produo e comercializao, em especial, a participao da mulher. O

    tempo gasto para o manejo da produo e comercializao foi por volta de uma hora por

    dia. Alm do mais este trabalho pode ser feito por qualquer adulto ou adolescente. A

    economia familiar foi vista como a melhor forma de fixar o homem no campo,

    evitando-se assim todos os problemas conseqentes, como o xodo rural e a

    desestruturao da unidade familiar (Wasielesky, 2002 e Figueiredo, 2004).

  • 18

    O projeto: Piscicultura: atividade econmica alternativa solidria e cooperada

    para pequenos produtores rurais e pescadores artesanais dos municpios do Rio Grande

    e de So Jos do Norte RS realizado em parceria com a Prefeitura do Rio Grande,

    ofereceu cursos de piscicultura e cooperativismo, fomentando o desenvolvimento dessa

    atividade na regio, visando a criao da Cooperativa de Piscicultores e de Produtores

    de outros Organismos Aquticos (COOPISCO). O projeto adotou o policultivo de

    carpas como forma inicial de piscicultura mais vivel para a regio, devido s

    caractersticas das espcies, tais como: rusticidade, crescimento rpido, facilidade de

    criao, facilidade de obteno de desova artificial, baixo custo (Tamasia et al., 2004), e

    aproveitamento sustentvel dos recursos dgua. (Naylor et al., 2000). Entretanto,

    existem experincias bem sucedidas com a introduo, nesses policultivos, da tainha

    Mugil platanus e do Jundi Rhandia spp, como alternativa de produo de espcies

    nativas, mais cobiadas pelo paladar da comunidade local (UNISOL, 2005).

    J o projeto: Cultivo de camaro-rosa como fonte de renda (Wasielesky et al.,

    2002) tambm forneceu um curso terico/prtico de cultivo de camares em cercados

    para os pescadores artesanais da poro Sul da Lagoa dos Patos. O sistema de cultivo de

    camaro empregado foi o semi-intensivo, atravs de gaiolas e tanques-redes (Dolci et

    al., 1996, Wasielesky et al., 2001 e Freitas 2003), utilizando a espcie nativa

    (Farfantepenaeus paulensis), comum no litoral Sul do Brasil. Como o cultivo feito

    dentro da lagoa, o pescador no precisa ter posse de terra, necessita apenas de uma

    licena do governo para usar aquele ambiente (no caso do Projeto Camares, a Lagoa

    dos Patos) que pertence Unio. Todo o processo de produo, desde o fornecimento

    de insumos, da instalao da infra-estrutura at a despesca e comercializao, tem sido

    acompanhado e avaliado pela FURG e se mostrou vivel economicamente (Abdallah et

    al., 2003). Alm disso, os pescadores receberam cursos de sensibilizao, discusso de

    prticas pesqueiras e tcnicas de cultivo, associativismo e cooperativismo (Wasielesky

    et al., 2001). O nico problema o fato de haver uma estao quente considerada

    pequena, em relao ao nordeste do Pas, que faz com que o cultivo de camares

    marinhos se volte para espcies nativas, mais adaptadas ao clima, porm com menor

    conhecimento sobre seu cultivo (Poersch, 2004).

    Outra forma de produo de camares marinhos de forma sustentvel a

    realizada em viveiros escavados localizados no municpio de So Jos do Norte. Nesta,

  • 19

    todos os cuidados de proteo ambiental foram tomados, como a construo de uma

    bacia de sedimentao, telas de proteo e respeito mata nativa e ciliar. Este projeto

    gera empregos diretos e indiretos para a populao local e tambm est recebendo o

    auxlio tcnico de pesquisadores da FURG. Outras seis fazendas, que seguem este

    modelo, aguardam a autorizao dos orgos fiscalizadores, totalizando 140 ha de

    cultivo (Poersch, 2004).

    Est em andamento o projeto Consolidao da COOPISCO (Figueiredo,

    2005), que tem por objetivo dotar a cooperativa recm-criada das condies mnimas

    para seu funcionamento e a implantao de uma micro-indstria de beneficiamento e

    processamento do pescado produzido pelos associados. Simultaneamente, projetos para

    processar o pescado esto sendo desenvolvidos por alunos e professores da rea de

    Engenharia de Alimentos da FURG com o intuito de agregar valor ao produto. Dentre

    os novos produtos se destacam a lingia de peixe, o surimi (pasta protica de carne de

    peixe), o empanado de peixe e o fil minimamente processado (Lanes, 2004).

    Em resumo, a promoo de fontes alternativas de renda para o pequeno produtor

    rural e pescador artesanal deve ser encarada como uma atitude necessria e urgente.

    Madrid (1999) afirmou que a tendncia mundial da aqicultura a desconcentrao de

    atividades e pessoas, valorizao do espao rural, tendo o pequeno produtor rural como

    elemento chave, e fortalecimento do segmento social. Assim, so criadas as condies

    necessrias para sua incorporao dentro de um novo modelo do desenvolvimento rural

    sustentvel. Este concebido como um processo planejado de interveno do governo e

    da sociedade civil, direcionando suas aes polticas, programas e projetos para o

    espao rural.

    3. COCLUSO

    A FURG tem avanado no trabalho de introduo da aqicultura sustentvel

    como alternativa de trabalho e renda para os pequenos produtores rurais e pescadores

    artesanais da restinga ao sul da Lagoa dos Patos.

    O modelo de aqicultura, que deve ser incentivado como forma de

    desenvolvimento sustentvel para a regio, est apoiado nas principais recomendaes

    encontradas na literatura.

  • 20

    4. RECOMEDAES

    Deve ser feito, atravs da parceria entre o poder pblico, universidades e a

    sociedade (COOPISCO), um plano de gerenciamento costeiro (Tagliani, 2002; Freitas

    & Tagliani, 2003) para modelar a melhor distribuio dos viveiros, obedecendo a

    capacidade suporte da regio. Para a escolha do local, deve-se levar em considerao: a

    reduo dos riscos ambientais; a disponibilidade de gua de qualidade; a qualidade do

    solo; e as necessidades dos pequenos produtores rurais e dos pescadores artesanais da

    regio Sul da Lagoa dos Patos.

    A comercializao dos produtos deve ser realizada preferencialmente atravs de

    cooperativas, como a COOPISCO, com intuito de encurtar a cadeia de distribuio e

    aumentar o lucro da cooperativa. O pescado proveniente da aqicultura sustentvel

    possui uma qualidade superior, em especial o camaro, e por ser fruto de uma economia

    ecologicamente correta, deve pleitear um Selo Verde para agregar, ainda mais, valor

    de mercado ao produto, conforme proposto por Cavalli et al. (2003).

    5. AGRADECIMETOS

    Bolsa de Estudos: Programa CAPES.

    Apoio Financeiro: Universidade Solidria (Banco Real ABN AMRO).

    6. REFERCIAS

    Abdallah P.R, Finco M.V.A, Wasielesky W.J. 2003. Viabilidade econmica do cultivo

    de camaro em cercados e gaiolas no esturio da Lagoa dos Patos. Estudos &

    Debate 10, 111-124.

    Ackefors, H. 2002 Best Environment Practice (BEP), health, monitoring and

    regulations, codes of conduct. Aquachallenge: Workshop devoted to Aquaculture

    Challenges in Asia in response to the Bankok Declaration on Sustainable

    Aquaculture, Beijing. pp. 27-30.

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  • 28

    CAPTULO II

    Levantamento scio-econmico dos produtores rurais e pescadores artesanais interessados em piscicultura sustentvel na Lagoa dos Patos, Brasil.

    Fabrcio Staciarini, Mario R.C. Figueiredo, Mrcio Echevengu e Darlene T. Pereira

    NORMAS DE ACORDO COM A REVISTA CICIA RURAL - UFSM

  • 29

    Levantamento scio-econmico dos produtores rurais e pescadores artesanais interessados em piscicultura sustentvel na Lagoa dos Patos, Brasil

    Social and economical study of small farmers and artisananal fisherman interested on

    sustainable fishculture on the Patos Lagoon, Brazil

    Fabrcio Staciarini2 Mario R.C. Figueiredo2 Mrcio Echevengu3 Darlene T. Pereira 4

    RESUMO

    Para se implantar um sistema aqcola sustentvel em uma regio se faz necessrio

    conhecer o perfil da populao residente. O propsito do presente estudo apresentar

    um levantamento scio-econmico da comunidade interessada em piscicultura

    sustentvel nos arredores da zona Sul da Lagoa dos Patos, Rio Grande, Brasil. Este

    estudo est baseado em dados obtidos durante a realizao do projeto: Piscicultura:

    Atividade econmica alternativa solidria e cooperada para pequenos produtores rurais

    e pescadores artesanais do Rio Grande, RS. Durante visitas nas propriedades, foram

    aplicados questionrios (n 110) respondidos pela pessoa responsvel encontrada em

    cada residncia. As respostas foram submetidas anlise de freqncia e os resultados

    interpretados. O pequeno produtor rural (rea < 10 ha) quem mais se interessou (53%)

    na introduo da piscicultura sustentvel como fonte alternativa de renda, em sua

    propriedade. A agricultura a atividade econmica mais praticada (51%). A renda per

    capita por propriedade (66%) inferior a um salrio mnimo. A gua disponvel para

    piscicultura provm de fontes (71%) sujeitas s variaes do clima da regio, tais como

    audes e reas alagadas. A comunidade local carente de fontes alternativas de renda

    sendo o pequeno produtor rural, que descapitalizado, o mais interessado em praticar a

    piscicultura sustentvel em sua propriedade.

    Palavras-chave: economia familiar, perfil scio-econmico, piscicultura

    ABTRACT

    The success of a sustainable aquaculture system in any location depends of resident

    community profile studies. The purpose of this study is to present a social and

    economic survey of the community interested in sustainable fish culture living on Patos

    Lagoon surrounding, Rio Grande, Brazil. This study is based on dates from project:

    Fishculture: cooperate and solidarity alternative way of economic activity for small

  • 30

    farmers and artisan fishermen of Rio Grande, Brazil. The questionnaires (n 110) have

    been taken through the locations visit. The answers have processed in a frequency

    analysis. The small farmer (area < 105 m2) is the most interested person (53%) in

    sustainable fish culture, inside her property, as alternative source of rent. This small

    farmer practices agriculture as main economic activity (51%). The individual gain for

    each property (66%) is less than brazilian minimal salary (US$: 167.00). The most of

    water source types (71%), available for fish culture, are affected by regional climate

    oscillation. The local community needs of alternative way of rent. The small farmer is

    uncapitalized but shows a big interest about sustainable fish culture in her property.

    Key-words: familiar economy, fishculture, social and economic profile

    ITRODUO

    A regio do municpio do Rio Grande est incrustada na plancie costeira do Rio

    Grande do Sul, s margens do esturio da Lagoa dos Patos e do Oceano Atlntico Sul,

    totalizando 3.338,35 km2 de rea ocupada (31 50 a 32 40 S; 52 20 a 51 50 W).

    Ela formada por uma zona de restinga e possui trs grandes ambientes naturais: o

    terrestre, o lacustre lagunar e o oceano costeiro (VIEIRA, 1983). A populao do

    municpio foi estimada em cerca de 195.000 habitantes (IBGE, 2006).

    Na zona de restinga, a principal atividade econmica dos pequenos produtores

    rurais o plantio da cebola (cebolicultor). Esses trabalhadores comearam a perder

    espao, devido mecanizao das lavouras, uso de defensivos agrcolas e concorrncia

    com as produes obtidas em outros estados, acarretando a venda da safra local a preo

    abaixo dos custos de produo (VIEIRA, 1983 e FIGUEIREDO, 2004).

    A comunidade de pescadores artesanais sofreu com as grandes redues das

    capturas. A pesca predatria a principal responsvel pela queda, nos ltimos dez anos,

    de 40.000 para 8.000 toneladas de pescado. Isto gerou um processo de empobrecimento

    das comunidades rurais e o conseqente abandono do campo (HAIMOVICI et al.,

    1998).

    A aqicultura sustentvel recomendada como forma de se promover a

    eqidade social, com garantia de trabalho e renda para as populaes rurais

    empobrecidas (VINATEA, 1999). No final da dcada de noventa, a aqicultura

    sustentvel foi introduzida na regio como alternativa para esses pequenos produtores

  • 34

    rurais e pescadores artesanais atravs de projetos elaborados pela Fundao

    Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Os primeiros projetos foram financiados

    pela Secretaria de Cincia e Tecnologia, com apoio da Prefeitura Municipal do Rio

    Grande e de prmios recebidos da organizao no-governamental Universidade

    Solidria, nos anos de 2003, 2004 e 2005 (UNISOL, 2005).

    Para se implantar um sistema aqcola em uma regio se faz necessrio conhecer

    o perfil scio-econmico da populao residente (Resoluo do CONAMA, 001/86

    Lei Federal 6.803/80), especialmente das pessoas interessadas em praticar aqicultura

    sustentvel como fonte alternativa de renda (FIGUEIREDO, 2004). Estudos

    semelhantes j foram realizados no Brasil, como o de EID et al., (2004) em SP e SC; o

    de SCHAEFER (2004) com trabalhadores de fazendas de camares, em Laguna/SC; a

    caracterizao do estado da piscicultura em Diamantina e em Capara, ambas em MG; e

    a caracterizao da aqicultura nos assentamentos da reforma agrria no interior do RS

    (VIGNOLO, 2004).

    O presente trabalho tem por objetivo avaliar o perfil scio-econmico dos

    produtores rurais e pescadores artesanais interessados na implantao de um sistema de

    piscicultura sustentvel na restinga ao sul da Lagoa dos Patos.

    Este estudo consiste na anlise de dados coletados durante a execuo dos

    projetos: Piscicultura: Atividade econmica alternativa solidria e cooperada para

    pequenos produtores rurais e pescadores artesanais do Rio Grande, RS e

    Consolidao da cooperativa de piscicultoes, carcinicultores e criadores de outros

    organismos aquticos - COOPISCO (UNISOL, 2005).

    MATERIAL E MTODOS

    O primeiro passo foi a divulgao do projeto nas rdios, TV e na imprensa

    escrita local. Com apoio da EMATER (Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso

    Rural), foram selecionadas 20 localidades do interior do municpio, onde foram feitas

    visitas, divulgando o projeto. Os interessados em participar preencheram uma ficha de

    identificao, com nome, residncia e telefone de contato. Foi realizada uma lista dos

    interessados (n = 138), reunidos por distritos ou bairros mais prximos, de acordo com

    o nmero de representantes.

  • 35

    As visitas nas propriedades foram agendadas por telefone e ocorreram entre o

    ms de novembro de 2003 e maro de 2004. Foram aplicados questionrios (n = 110)

    para a pessoa responsvel pela propriedade, presente na visita (ANEXO 1), contendo

    indagaes sobre o tamanho da propriedade, nmero de habitantes, atividades

    desenvolvidas, formas de obteno de renda (incluindo valores) (BRANDO, 2001) e

    uma avaliao especial sobre a rea onde se implantariam os viveiros, inclusive sobre a

    fonte de gua. As respostas foram submetidas anlise de freqncia e os resultados

    interpretados seguindo metodologia descrita por SOUZA (1995).

    As localidades visitadas foram: Quinta, Santo Antnio, Corredor So Pedro,

    Lomba da Quinta, Palma, Querncia, Senandes, Bolacha, Barra Falsa, Barro Vermelho,

    Carreiros, Siola, Guams, Corredor Mendona, Pesqueiro, Povo Novo, Quitria, Ilha do

    Leondio, Ilha da Torotama e Ilha dos Marinheiros (Marambaia, Porto Rei e Fundos da

    Ilha), no municpio do Rio Grande. Em So Jos do Norte, foram visitadas as

    localidades de Boqueiro, Capo do Meio, Estreito, Capela e Sarandi.

    A atividade principal de cada propriedade foi definida como a que gerava

    mais renda e a atividade secundria como a segunda que gerava mais renda. A

    renda familiar e individual considerada foi informada na entrevista. Os dados de

    aptido para a aqicultura foram registrados nos questionrios de acordo com as

    informaes dos entrevistados e observaes feitas pelos visitantes. A partir dos

    questionrios foi montado um banco de dados. Foi realizada uma anlise de

    freqncia de dados.

    RESULTADOS

    O pequeno produtor rural quem mais se interessou na introduo da

    piscicultura como fonte alternativa de renda, em sua propriedade. Mais da metade dos

    interessados vive em propriedades com rea menor que 10 hectares (ha). Apenas dos

    proprietrios possui grandes extenses (> 21 ha) de terra (Figura 01).

    Um pouco mais de 50% das propriedades continham trs moradores ou menos

    (Figura 02). As propriedades eram habitadas pelos entes mais velhos, enquanto os

    jovens habitavam na cidade.

  • 36

    Tamanho da Propriedade (%)

    53%

    23%

    13%

    11%

    < 10 ha

    11 at 20 ha

    21at40 ha

    > 40 ha

    Figura 01 Percentual de ocorrncias por classe de tamanho (ha): n = 111.

    A maioria das propriedades (61%) pratica apenas uma atividade. A agricultura,

    como plantio da cebola, a atividade mais praticada. Em 51% das propriedades onde s

    existe uma atividade, a agricultura praticada. J nas propriedades que praticam mais

    de uma atividade, a atividade agropecuria a mais dominante (81%) sobre a pesca

    (14%) (figura 3).

    Nmero de pessoas por residncia

    at 231%

    323%

    424%

    513%

    mais de 59%

    Figura 02 - Nmero de pessoas que vivem em cada propriedade (%). n = 110.

  • 37

    Figura 03 - Discriminao das atividades das propriedades. Acima: proporo entre as

    que possuem apenas uma atividade e as que possuem mais de uma. Abaixo esquerda: proporo entre as atividades realizadas nas propriedades com mais de uma atividade. Abaixo direita: proporo entre as atividades realizadas nas propriedades com apenas uma atividade.

    A renda mensal per capita em cada propriedade mostra que, praticamente, dois

    teros da populao do local possui uma renda inferior a um salrio mnimo (R$

    300,00) (Figura 04).

    Existem vrios tipos de fonte de gua na regio que podem ser disponibilizados

    para a piscicultura. Entretanto, a maior ocorrncia delas (71%) se encontra na forma de

    nascentes, audes e reas alagadas (Figura 05).

  • 38

    Renda per cpita (%); n = 101

    66,3

    21,8

    5,05,9

    1,0

    < 1 Salrio

    1 a 2 Salrios

    2 a 3 Salrios

    3 a 5 Salrios

    > 5 Salrios

    Figura 04 - Renda per capita dos interessados na aqicultura. Salrio Mnimo de R$ 300,00.

    Tipo de Fonte de gua

    16%

    44%

    11%

    2%

    3%

    13%

    11%

    Aude

    Nascente/chuva

    rea Alagada

    Arroio/Rio

    Canal da Corsan

    Lagoa

    Poo Artesiano

    Figura 05: Ocorrncia (%) dos diferentes tipos de fontes de gua; n = 109.

  • 39

    DISCUSSO

    Durante a fase de divulgao do projeto, foi anunciado que o pblico-alvo era o

    pequeno produtor rural. Contudo, tambm foi anunciado que qualquer pessoa que

    tivesse interesse poderia participar dos cursos oferecidos e da futura cooperativa. A

    predominncia de pequenos produtores rurais inscritos revela a disposio deles na

    busca por uma fonte de renda alternativa em suas propriedades.

    O fato de um pouco mais de 50% das propriedades conter trs moradores ou

    menos (Figura 02) evidencia o processo de xodo rural do municpio. Nestes casos, as

    propriedades eram habitadas pelos mais velhos, ou seja, os jovens no habitam na

    propriedade e sim na cidade.

    No geral, a agricultura e a pecuria so as atividades predominantes. Na regio

    ocorre muito a associao da agricultura com a pecuria (VIEIRA, 1983 e

    COMAPERG, 1997). A pecuria perdeu um pouco seu espao devido aos baixos preos

    de mercado do leite, carne e derivados.

    Os valores de renda per capita mostram uma situao desoladora.

    Aproximadamente dois teros da populao vive com menos de um salrio mnimo por

    ms, enquanto apenas 1% vive com mais de cinco salrios mnimos (Figura 04). A

    freqncia de rendimentos mensais acima de cinco salrios est associada existncia

    de propriedades onde vive, geralmente, um casal de aposentados com renda

    relativamente alta, que no depende da produo da propriedade.

    Boa parte dos agricultores (50%) tambm so pescadores, principalmente os que

    se localizam nas margens da Lagoa dos Patos, especialmente na Ilha dos Marinheiros

    (VIEIRA, 1983). Isto tambm foi descrito por HAIMOVICI et al. (1998), que

    constataram que a comunidade de pescadores artesanais, dos quais grande nmero

    tambm cebolicultor, sofre com as oscilaes das safras de camaro e peixes do

    esturio. Os dados obtidos revelam o menor interesse dos pescadores pela oiscicultura,

    quando comparados com os agricultores e pecuaristas (Figura 3).

    A questo do tipo de fonte de gua preocupante. A grande maioria (Figura 5)

    fortemente influenciada pelo regime de chuvas, que, por sua vez, influenciado pela

    sazonalidade e por fenmenos metorolgicos-oceanogrficos, tais como: bloqueios

    atmosfricos; oscilao do fenmeno meteorolgico El-Nio (ENSO) (MLLER et al.,

  • 40

    1996, GARCIA et al., 2002); a oscilao de Madden-Julian (OMJ); e a Zona de

    Convergncia do Atlntico Sul (ZCAS) (KRUSCHE & REBOYTA, 2005).

    Um acompanhamento detalhado da qualidade e quantidade de gua disponvel

    para piscicultura deve ser realizado antes de se tomar a iniciativa de construo de um

    viveiro. A precauo com a falta de gua de qualidade vlida, pois pode comprometer

    toda a cadeia de produo. Por outro lado, algumas formas de manejo da gua podem

    minimizar o problema tais como: construo de canais; diques; e lagoas artificiais. Os

    pequenos produtores no tm condies de arcar com os custos de toda essa infra-

    estrutura. Por isso, faz-se necessrio um planejamento, no qual o poder pblico, as

    universidades e organizaes no governamentais participem de forma cooperada, com

    o intuito de realizar um manejo sustentvel dos mananciais de gua da regio.

    Uma forma de combater o desemprego e o xodo rural diversificar a produo

    no campo. A aqicultura sustentvel, aplicada em pequenas propriedades, pode ser uma

    ferramenta para atingir este objetivo (FAO, 2000), pelo fato de ser uma atividade

    econmica alternativa, realizada em terras improdutivas, tanto para a agricultura como

    para a pecuria (FIGUEIREDO, 2004). Do ponto de vista social, as possibilidades de

    desenvolvimento da aqicultura sustentvel so promissoras. O impacto positivo em

    termos de emprego merece destaque. Estima-se que em cada hectare implantado,

    destinado produo aqcola em geral, seja gerado um emprego direto, sendo o custo

    dessa gerao de emprego relativamente baixo comparativamente a outros setores da

    economia (VALENTI, 2000). O aprendizado de uma atividade econmica alternativa,

    realizada em terras improdutivas tanto para a agricultora como para a pecuria, dever

    estimular a permanncia do homem do campo em suas propriedades nas propriedades

    (FIGUEIREDO, 2004).

    COCLUSES

    O pequeno agricultor, com uma propriedade menor que 10 ha, onde a renda per

    capita inferior a um salrio mnimo (R$: 300,00) o perfil do cidado interessado em

    piscicultura sustentvel na restinga ao Sul da Lagoa dos Patos.

    O pequeno produtor rural e pescador artesanal residentes na regio so,

    predominantemente, carentes de fontes alternativas de renda.

  • 41

    RECOMEDAES

    A piscicultura sustentvel deve ser colocada como uma importante forma de

    alavancagem para o desenvolvimento da comunidade rural dos arredores da zona Sul da

    Lagoa dos Patos. A consolidao da COOPISCO (FIGUEIREDO, 2005) dever ser um

    grande passo nesse sentido. Para isso, faz-se necessrio a participao efetiva dos

    empresrios locais, do poder pblico, das universidades e da sociedade.

    AGRADECIMETOS

    Bolsa de Estudos: Programa CAPES.

    Apoio Financeiro: Universidade Solidria (Banco Real ABN AMRO).

    REFERCIAS

    BRANDO, C.R. Repensando a pesquisa participante. 3 Ed. Brasiliense.

    Tatuap. 2001. 252p.

    COMAPERG (Conselho Municipal de Desenvolvivemto da Agropecuria, Pesca,

    Micro e Pequena Empresa). Diagnstico de desenvolvimento da agropecuria,

    pesca, micro e pequena empresa. Rio Grande, Brasil. 1997. 64p.

    EID, F., et al. Princpios e Critrios para o Cooperativismo Pesqueiro Auto-

    Sustentvel. I Seminrio de Gesto Scio-Ambiental pra o Desenvolvimento da

    Aqicultura e da Pesca no Brasil. Rio de Janeiro. 2004. p.133-140.

    FAO. Small ponds make a big difference. Integrating fish with crop and livestock

    farming. Rome. 2000. 30p.

    FIGUEIREDO, M.R.C. Piscicultura: atividade alternativa para pescadores e

    pequenos produtores rurais do Rio Grande e municpios vizinhos. 2004.

    In:_____. VIII Prmio Universidade Solidria Banco Real (ABN AMRO BANK).

    Online. Capturado em em 15 de Janeiro de 2006.

    http://www.unisol.org.br/projetos/piscicultura

    FIGUEIREDO, M.R.C. Consolidao da Cooperativa de Piscicultores e de

    Produtores de outros Organismos Aquticos (COOPISCO). 2005. In:____. X

  • 42

    Prmio Universidade Solidria Banco Real (ABN AMRO BANK). Online.

    Capturado em 15 de Janeiro de 2006. http://www.unisol.org.br/projetos/coopertiva

    GARCIA A.M., VIEIRA, J.P. & WINEMILLER, K.O. 2003. Effects of 1997-1998 El Nio on the dinamics of the shallow-water fish assemblage of the Patos Lagoon Estuary (Brazil). Estuarine Coastal and Shelf Science, n.57, p. 489-500.

    HAIMOVICI, M., et al. Pescarias. In: SEELIGER, et al. Os ecossistemas costeiro e

    marinho do extreme Sul do Brasil. Rio Grande. Ecoscientia. 1998. p. 205-218.

    IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Online. Capturado em Jan. de

    2006. hppt://www.ibge.gov.br/cidades@

    KRUSHE, M. & REBOITA,M.S. Caracterizao de um perodo muito seco pelos

    quantis das sries pluviomtricas de Rio Grande, de 1990 a 2004. In:_____IX

    Congresso Argentino de Meteorologia, Buenos Aires. 2005. 10pp.

    MOL