grãos – teremos o suficiente no futuro

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Grãos – Teremos o suficiente no futuro? Contribuições à desconstrução de mitos Neo-Malthusianos Por Osler Desouzart [email protected] O que eu entendo de grãos para escrever artigos sobre eles? Eu diria que tão pouco, tão pouco, que tenho o perfil quase que perfeito para ocupar o Ministério dos Grãos se o nosso governo desejar criar o 39º, pois a presidenta já expressou que é impossível administrar com 40 ministérios. Ou seja, com 39 é perfeitamente possível, embora onde eu tenha estudado ensinaram-me o quão complicado é gerir eficientemente uma equipe de mais de oito gestores. O que sei de grãos? Que passei a vida acompanhando os preços do milho e do farelo de soja, pois representavam mais de 2/3 do custo de produção dos animais que produziam as carnes e outros produtos de origem animal que eu vendia ou, versão mais realista, eu não atrapalhava muito os clientes quando eles queriam comprar. Depois que passei a fazer de pensar e estudar minha vida profissional, grãos seguiram sendo um dos meus interesses, pois as carnes entraram na minha vida em 1978 e nunca mais saíram. De tempos em tempos, minto para mim mesmo e digo que estou procurando a porta de saída, sem lograr, pois é difícil largar o amor de uma vida profissional. Hoje como não tenho agendas a defender – na vida corporativa sempre tem uma ou mais – posso permitir-me ser mais crítico, embora tal não seja nada simpático. Nessa condição vou me permitir criticar alguns dos mitos recentes que cercam a disponibilidade de alimentos para o mundo. O mito histórico é de que faltariam alimentos. Um exame da evolução da área cultivada, produtividade e produção de cereais 1 (Gráficos I e II) e oleaginosas 2 (Gráficos IV e V) contradizem essa crença neo-malthusiana. No Gráfico I podemos observar a evolução anual da produção mundial, da produtividade e da área cultivada. Observamos que esta permanece quase que estável, enquanto produção e produtividade registram uma ascensão quase que idêntica, demonstrando que crescemos a produção de cereais não porque ocupamos mais terras, mas porque, graças à Revolução Verde do Professor Borlaug, logramos produzir mais com menos. O Gráfico II com uma série quinquenal histórica e anual de 2005 a 2010 permite-nos uma visão quantificada da afirmação anterior. 1 As estatísticas apresentadas abrangem nessa categoria: Cevada, Trigo mourisco, Alpiste, Cereais, n.e., Fonio, Milho, Painço, Grãos misturados, Aveia, Quinoa, Arroz, Cevada, Sorgo, Triticale e Trigo. Os assim chamados grãos (Coarse grains) compreendem todos esses, menos arroz e trigo 2 As estatísticas apresentadas abrangem nessa categoria: Mamona, Coco, Caroço de algodão, Amendoins, com casca, sementes de cânhamo, Sementes de jojoba, Fruto da sumaúma, Nozes karité, Linhaça, Sementes de melão, Sementes de mustarda, fruto do palmiste, Olaginosas n.e.. Azeitonas, Semente ou caroço de palma, Palma, Sementes de papoula, Sementes de colza, Sementes de cártamo, Sementes de algodão, Sementes de gergelim, Soja, Girassol, Sementes de pau-de-sebo (tallowtree seeds), Sementes de tungue

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Grãos – Teremos o suficiente no futuro?

Contribuições à desconstrução de mitos Neo-Malthusianos

Por Osler Desouzart [email protected]

O que eu entendo de grãos para escrever artigos sobre eles? Eu diria que tão pouco, tão pouco,

que tenho o perfil quase que perfeito para ocupar o Ministério dos Grãos se o nosso governo desejar criar o 39º, pois a presidenta já expressou que é impossível administrar com 40

ministérios. Ou seja, com 39 é perfeitamente possível, embora onde eu tenha estudado ensinaram-me o quão complicado é gerir eficientemente uma equipe de mais de oito gestores.

O que sei de grãos? Que passei a vida acompanhando os preços do milho e do farelo de soja, pois

representavam mais de 2/3 do custo de produção dos animais que produziam as carnes e outros produtos de origem animal que eu vendia ou, versão mais realista, eu não atrapalhava muito os

clientes quando eles queriam comprar. Depois que passei a fazer de pensar e estudar minha vida profissional, grãos seguiram sendo um dos meus interesses, pois as carnes entraram na minha vida em 1978 e nunca mais saíram. De tempos em tempos, minto para mim mesmo e digo que estou procurando a porta de saída, sem lograr, pois é difícil largar o amor de uma vida profissional. Hoje como não tenho agendas a defender – na vida corporativa sempre tem uma ou mais – posso permitir-me ser mais crítico, embora tal não seja nada simpático. Nessa condição vou me permitir criticar alguns dos mitos recentes que cercam a disponibilidade de alimentos para o mundo. O mito histórico é de que faltariam alimentos. Um exame da evolução da área cultivada, produtividade e produção de cereais1 (Gráficos I e II) e oleaginosas2 (Gráficos IV e V) contradizem essa crença neo-malthusiana.

No Gráfico I podemos observar a evolução anual da produção mundial, da produtividade e da área cultivada. Observamos que esta permanece quase que estável, enquanto produção e produtividade registram uma ascensão quase que idêntica, demonstrando que crescemos a

produção de cereais não porque ocupamos mais terras, mas porque, graças à Revolução Verde do Professor Borlaug, logramos produzir mais com menos.

O Gráfico II com uma série quinquenal histórica e anual de 2005 a 2010 permite-nos uma visão

quantificada da afirmação anterior.

1As estatísticas apresentadas abrangem nessa categoria: Cevada, Trigo mourisco, Alpiste, Cereais, n.e., Fonio, Milho, Painço, Grãos

misturados, Aveia, Quinoa, Arroz, Cevada, Sorgo, Triticale e Trigo. Os assim chamados grãos (Coarse grains) compreendem todos esses, menos arroz e trigo 2 As estatísticas apresentadas abrangem nessa categoria: Mamona, Coco, Caroço de a lgodão, Amendoins, com casca, sementes de

cânhamo, Sementes de jojoba, Fruto da sumaúma, Nozes karité, Linhaça, Sementes de melão, Sementes de mustarda, fruto do

palmiste, Olaginosas n.e.. Azeitonas, Semente ou caroço de palma, Pa lma, Sementes de papoula, Sementes de colza, Sementes de cártamo, Sementes de a lgodão, Sementes de gergelim, Soja, Girassol, Sementes de pau-de-sebo (tallowtree seeds), Sementes de tungue

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Gráfico I

3 Gráfico II

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O Gráfico III permite ver que três culturas milenares – milho (domesticado entre 12.000 e 7.500 anos ACi na Meso-América), arroz (domesticado na atual China entre 12.000ii e 8.000iii anos AC) e

o trigo (domesticado na Mesopotâmia em torno de 9.600 anos AC iv) – concentram 89,1% da produção mundial de cereais, o que por si só fala sobre a importância desses grãos na alimentação

humana.

3 Elaborado por ODConsulting com base em dados FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2012 | 07 March 2012 Cereals and grains 61a2010 produção, área plantada e produtividade.xlsx 4 Idem # 3

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Gráfico III

5 O Gráfico IV apresenta a evolução da produção mundial de oleaginosas e aí é interessante destacar que a expansão das áreas cultivadas é mais acentuada que no caso dos cereais. Ainda assim observa-se que a partir de meados dos anos 60 a produtividade é incrementada e dela provém parcela importante da expansão da produção como um todo. Gráfico IV

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O Gráfico V apresenta essa evolução de forma quantificada e com mais facilidade se percebe a

partir dos anos 90 o grande salto no distanciamento entre a produção e as áreas cultivadas. No período de 1990 a 2010, a produção cresceu em 112,7% enquanto a área cultivada expandiu-se

43,8%. 5 Idem #3 6 Idem#3

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Gráfico V

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A soja e diferentes frutos de palmeiras8 respondem por mais de 54% da produção mundial de oleaginosas. Soja tem uma particular relevância na alimentação animal e, além disso, o Brasil é o segundo produtor mundial dessa leguminosa, que segundo pesquisadores é a cultura que produz significativamente mais proteínas por hectares do que qualquer outro cultivo ou uso da terrav. O

Gráfico VI apresenta o Pareto da produção mundial das quinze principais oleaginosas

Gráfico VI

7 Idem #3 8 Palm oil fruit no original em inglês no databank da FAOSTAT. É difícil fazer uma tradução exata para o português, pois habitualmente chamamos os diferentes frutos das palmeiras pela expressão genérica de coquinho ou então o nome específico da palmeira que o produz, como é o caso do dendê, açaí, babaçu, buriti, etc.

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Acredito que os dados apresentados até agora contribuem a derrubar o mito histórico de que faltariam alimentos. Como os profetas do apocalipse alimentar renovam seus argumentos a cada

derrota que sofrem no confronto com os fatos e dados, vamos incomodá-los um pouco mais com o Gráfico VII.

Verifiquem que os cereais e oleaginosas cresceram no mundo não pela expansão das áreas

cultivadas, mas pelo aumento da produtividade. Ou seja, estamos produzindo mais com

proporcionalmente menos recursos naturais. Missão cumprida? Não, missão começada pelo

Professor Borlaug. Cumpre a nós dar continuidade a seu trabalho e isso só o faremos com as

melhores armas do arsenal humano: ciência e tecnologia. Não o faremos voltando às técnicas de

produção dos séculos XVIII e XIX e nem obstando as conquistas que nos aportam a ciência e

tecnologia, como o fazem os neo-luddistas10vi.

Gráfico VII

9 Idem #3 10 Luddismo foi um movimento que ficou bastante conhecido em 1811 na Inglaterra e que pregava a condenação da mecanização do trabalho, uma das maiores consequências da Revolução Industrial. O nome do movimento deriva de Ned Ludd, um de seus

l íderes. Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia/luddismo.htm Neo- Ludismo é uma visão de mundo pessoal contra qualquer tecnologia. Neo-ludismo inclui a análise crítica dos efeitos que a tecnologia tem sobre os indivíduos e comunidades

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11 Voltemos ao tema principal deste artigo – mitos cercando a disponibilidade de alimentos. E mais

recente é que o uso de grãos para a produção de energia geraria fome no mundo. Acredito que os gráficos I e IV já desmitificaram muitas das alegações dos neo-luddistas.

A Tabela I reforça os argumentos de com ciência e tecnologia nós seremos capazes de gerar

produção suficiente para que do campo sigam saindo alimentos, componentes de rações, fibras e combustíveis renováveis. Vemos que a disponibilidade per capita dos principais alimentos de origem vegetal e animal aumentaram entre 1961 e 200712 (cf. Gráfico VIII), com a única exceção residindo nos legumes secos que sofreram queda de 32% no período, indicativo de mudança da dieta humana para ingestão de produtos mais complexos e nutricionalmente mais completos.

Tabela I – Disponibilidade de alimentos per capita a nível mundial

13 Gráfico VIII

11 Idem #3 12 As estatísticas de composição da dieta humana contidas nas seções Food Supply e Food Balance Sheets da FAOSTAT só cobrem até 2007. Devido à complexidade de sua elaboração por países tais dados tardam mais a ficarem disponíveis. É, entretanto um dos labores da maior relevância da Divisão de Estatísticas FAO. Disponibilidade não deve

ser confundida com consumo, que está sempre aquém daquela, mas ainda assim os dois sobem em paralelo. 13 Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT/Food Supply Disponibilidade per capita produtos selecionados 61-

07.xlsx

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O setor de pecuária é um dos maiores consumidores de grãos, conforme podemos constatar na

Tabela II e já consigo ouvir o coro de protestos entoados pelos neo-luddistas, simpatizantes e afins

a protestar contra o uso de grãos para alimentação animal e seus gritos, pois nas suas visões

romântico-regressistas a pecuária ameaça o planeta com as eructações dos bovinos 15 e as excretas

das demais espécies, ambos com o poder destruidor do planeta quase similar ao descrito no épico

“A Guerra dos Mundos”. E pensar que nos meus estudos no primário, vaca, frango, ovinos e

caprinos, suínos, peixe e abelhas eram classificados como “animais úteis”. A histeria ativista fez

recentemente com que olhássemos para um boi com o mesmo temor que para uma bomba

atômica.

Tabela II Média Mundial do Uso de Grãos Selecionados em Rações Animais16

Cultivo % usado em rações Trigo 18,0%

Milho 58,9%

Cevada 70,0%

Sorgo 37,4%

Soja 87,3%

O excepcional “Feed Grains Data: Yearbook”17 do Economic Research Service, USDA, apresenta

entre as suas 35 tabelas que cobrem “grãos forrageiros” uma primorosa sobre “Consumo de Grãos

14 Idem # 13 15 Progresso, pois até recentemente os NLSA acreditavam que a agressão ao meio ambiente se devia à flatulência dos bovinos, com a célebre foto de uma vaca com um depósito plástico para recolher os gases com o fito de mesurar emissão, depósito esse conectado ao terminal emissor de gases errado. 16 A tabela foi elaborada pela ODConsulting com base na média do uso de grãos em rações entre 2009/2010 a 2020/2021, segundo as projeções agrícolas do USDA-ERS Projections Data: Supply and Use Tables, 2011-2020. Feed Grains Projections to 2020 Main Players.xlsx + Soy Projections to 2020 Main Players.xlsx

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por Unidade Animal”. Traduzi no Gráfico IX as melhoras que anualmente estamos experimentando

no consumo de grão por unidade animal e, parafraseando o Professor Delfim Neto, “até os cegos

de boa-vontade enxergam” os ganhos de produtividade que ciência e tecnologia nos têm

proporcionado na transformação de produtos de origem vegetal em produtos de origem animal.

Gráfico IX

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Vamos examinar os grãos usados em alimentação animal. No Brasil, milho e soja são os principais componentes das rações animais, com o sorgo ganhando algum espaço. Mundialmente, usas -se

milho, sorgo, cevada (cf. Tabelas III, IV e V) e aveia como principais, ainda que trigo (cf. Tabela VI) tenha papel relevante em certas latitudes, complementado por centeio, painço e grãos mistos.

Não pretenderemos escrever tese sobre nutrição animal, até por incompetência (opa, reforço irresistível à minha candidatura ministerial), e não abordaremos fenos, gramíneas forrageiras e

tantos outros produtos de origem vegetal usados para produzir proteínas animais.

Não deixaremos naturalmente de lado as oleaginosas, principalmente soja, e buscaremos nos

centrar nos macroelementos de rações, sem abordar as farinhas de origem animal em alimentação, cuja rejeição na segunda metade dos anos 90 foi uma unanimidade agora

contestada. Fundamentalmente, concentraremos em milho, sorgo e soja (cf. Tabelas VII e VII), esta tanto em grãos quanto em farelo.

Tabela III

17 http://www.ers.usda.gov/Data/FeedGrains/

18Fonte idem #17. Rações energia incluem milho, sorgo, cevada, aveia e trigo. Rações Todas incluem ademais desses grãos, farelos de oleaginosas, componentes proteicos de origem animal, componentes proteicos de origem vegetal e

outros sobreprodutos de origem vegetal e animal. FGYearbookTables-Recent.xlsx

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19 Tabela IV

20 Tabela V

19Fonte: USDA Agricultural Projections for 2012-2021 International Agricultural Projections Data: Supply and Use Tables, 2011-2020. Feed Grains Projections to 2020 Main Players.xlsx 20 Idem # 19

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21 Tabela VI

22

21 Idem # 19 22 Idem # 19

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Tabela VII

23 Tabela VIII

24

Vemos em todas essas tabelas as indicações de que o crescimento da produção mundial na próxima década seguirá o caminho das últimas cinco décadas, o do aumento acima do

crescimento demográfico, o que significa dizer que mais alimentos estarão sendo disponibilizados para a população mundial.

23 USDA Agricultural Projections for 2012-2021 International Agricultural Projections Data: Supply and Use Tables, 2011-2020 Soy Projections to 2020 Main Players.xlsx 24 Idem

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Mas estão usando milho nos Estados Unidos para fazer etanol e os brasileiros estão plantando cana ao invés de alimentos? Vão faltar alimentos? Os preços ficarão mais caros? E outros gritos de

lobo, lobo, lobo. Há aqui, como em todas as questões, verdades e versões.

Efetivamente o valor da agricultura tende a crescer, na medida em que esta é capaz de responder às necessidades humanas dos quatro “F” – Food, Feed, Fuel, Fiber (Alimentos, Rações, Combustível, Fibras). Essas mesmas forças estimularão uma maior produção e busca de maior produtividade, o que já está acontecendo. Nos últimos 15 anos a produtividade das lavouras americanas de milho cresceu 34%, enquanto no Brasil esse ganho de produtividade foi de 49% e estamos com 3.970 kg/ha apenas arranhando a superfície do que podemos fazer (cf. produtividade média mundial na Tabela III).

Considere-se ainda o quanto o campo transferiu de renda para as cidades nos últimos 50 anos e

que em quase todas as latitudes a renda da área rural é muito inferior a da área urbana. Mas milho mais caro afetará o preço das rações e as carnes e lácteos vão ficar mais caros, dirá com

toda a propriedade o produtor pecuário. É certo, mas não em nível de inviabilizar o consumo de carnes e lácteos e favorecendo naturalmente aquelas espécies que melhor equacionarem os

aumentos de produtividade indispensáveis à sobrevivência, tanto da porteira para dentro como da porteira para fora.

Quanto aos gritos de lobo, lobo, lobo de que vão faltar alimentos, creio que os dados estatístic os

das produções do passado como as projeções feitas por organismos internacionais sérios e respeitados desmentem essas afirmações, por mais atraentes que sejam para se obter espaço na mídia. Fatos e dados demonstram que haverá alimentos suficientes, ainda que fome e mortes por inanição estejam longe de ser referência histórica superada. Haveria ainda o que escrever sobre grãos? Muito, mas temo que se o fizer perderei as minhas chances de me tornar Ministro dos Grãos, pois começaria a demonstrar um mínimo de conhecimento. Além disso, este artigo ficaria tão longo e chato que o leitor, o editor e mesmo o autor não aguentariam sequer uma página a mais. A equação é simples. Se deixarem ciência e tecnologia atuarem e desempenharem seus papéis, equacionaremos o desafio de produzir o suficiente para suprir o mundo de suas necessidades dos quatro “F” anteriormente mencionados. Como podemos ajudar a que o saber humano faça seu papel, mesmo não sendo eu ou você cientista ou tecnólogo? Simples: não nos calemos diante dos NLSA – Neo-Luddistas, Simpatizantes e Afins, pois temos a missão de produzir mais com menos enquanto eles vivem de seus próprios ativismos.

E agora termino para cuidar da minha candidatura ao Ministério. Só me falta conhecer alguém na

base aliada. i "Wild grass became maize crop more than 8,700 years ago", National Science Foundation, News Release at Eurekalert March 24, 2009 e Ranere, Anthony J., Dolores R. Piperno, Irene Holst, Ruth Dickau, José Iriarte (2009). "The cultural and chronological context of early Holocene maize and squash domestication in the Central Balsas River

Valley, Mexico". Proceedings of the National Academy of Sciences 106 (13): 5014–5018. doi:10.1073/pnas.0812590106. PMC 2664064. PMID 19307573. http://www.pnas.org/content/106/13/5014.full.pdf. e Piperno, Dolores R., Anthony J. Ranere, Irene Holst, José Iriarte, Ruth Dickau (2009). "Starch grain and phytolith evidence for early ninth millennium B.P. maize from the Central Balsas River Valley, Mexico". Proceedings of the

National Academy of Sciences 106 (13): 5019–5024. doi:10.1073/pnas.0812525106. PMC 2664021. PMID 19307570. http://www.pnas.org/content/106/13/5019.full.pdf.

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ii "World's 'oldest' rice found", Dr David Whitehouse". BBC News. October 21, 2003. http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/3207552.stm. iii MacNeish R. S. and Libby J. eds. (1995) Origins of Rice Agriculture. Publications in Anthropology No. 13. iv Feldman, Moshe and Kislev, Mordechai E., Israel Journal of Plant Sciences, Volume 55, Number 3 - 4 / 2007, pp. 207 - 221, Domestication of emmer wheat and evolution of free-threshing tetraploid wheat in "A Century of Wheat Research-From Wild Emmer Discovery to Genome Analysis", e Sue Colledge; University College, London. Institute of Archaeology (2007). The origins and spread of domestic plants in southwest Asia and Europe. Left Coast Press. pp. 40–.

ISBN 9781598749885. v National Soybean Research Laboratory, Soy Benefits: A soja pode produzir pelo menos o dobro de proteínas por acre do qualquer outra cultura vegetal ou granífera, de 5 a 10 vezes mais proteínas por acre do que pastos usados para

gado leiteiro e até 15 vezes mais proteínas por acre do terra usada para pastagem de gado de corte. http://www.nsrl.uiuc.edu/soy_benefits.html vi Jones, Steve E. (2006). Against technology: from the Luddites to neo-Luddism. CRC Press. pp. 20. ISBN 9780415978682