julio cesar pereira de souza junior as linguas e os...
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Julio Cesar Pereira de Souza Junior
AS LiNGUAS E OS BAROES ASSINALADOS:PROGRESSOES ORTOGRAFICAS E SEMANTICAS
ILUSTRADAS COM 0 TEXTO 0'05 LusiADAS
Trabalho de conclusao de curso apresentado ao cursode Letras da Faculdade de Ciencias Humanas, Letras eArtes da Universidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial para obtencao da graduacao de licenciatura emLetras Portugues/lngles.Orientadora: Professora Irene Boschiero.
CURITIBA2007
RESUMO
Este trabalho objetiva evidenciar que as linguas sao dinamicas e estao sempre emconstantes transformac;oes. Elas nao S8 degeneram ou empobrecem, tao pouco, urndeterminado estagio da lingua e a ideal ou serve de modelo para Dutro. Com 0 textode Os Lusiadas de Luis Vaz de Camoes como referencial, e trac;ado urn hist6rico dalingua portuguesa desde a Idade Media tendo enfoque sobre as progressoes nosaspectos semantico e ortografico. No ambito das mudanC;8s semanticas saoapresentados alguns dos diversos voeabulos que Camoes buseou do latim e deunovos sentidos a eles. Quante as mudanC;8S ortograficas, sao apresentados astratados, aeordos e reformas que 0 portugues passou em busea do aperfei,oamentona escrita, ate chegarmos ao acordo que almeja unificar a ortografia de todos aspaises de lingua portuguesa que 8Sta previsto para entrar em vigor no inicio do anade 2008. E ainda, sao realc;adas a representatividade d'Os Lusiadas para a literaturamundial, a genialidade de seu autor e, sobretudo a eontribui,ao da epopeia noprogresso de nossa lingua.
Palavras-ehave: LingOistiea; Progress5es; Lingua Portuguesa; Os Lusiadas
SUMARIO
INTRODUC;:ii.O... . 092 A MAIOR OBRA DE NOSSA LiNGUA... . 112.1 0 CLASSIClsMO... . 112.2 A ESTRUTURA 122.3 EPOPEIA 142.4 0 MARAVILHOSO NAEPOPEIA 152.5 CAMOES: GRANDE ESTUDIOSO? CULTO? GENIO? 172.6 PRESTiGIO MERECIDO.. . .213 LiNGUAS INDOMAvEIS 233.1 OPEAARIOS DA DINAMICA 253.2 A REVELAc;:AO ENTRE A DISTINc;:Ao 273.3 RENOVAc;:AO! NAO DEGENERAC;:AO... . .284 A LiNGUA QUE CAMOES PRATICOU: TEMPO E ESPAC;:O 304.1 PORTUGAL DO SECULO XVI: ACONTECIMENTOS ECARACTERislTICAS DA L1NGUA... . 324.2 LA INFLUENCIA ESPANOLA 334.2.1 0 bilingOismo luso-espanhol.. 334.2 GRAMATICOS, LEXICOGRAFOS E FILOLOGOS.. . 354.3 0 AFASTAMENTO DO GALE GO 355 MUDANC;:AS SEMANTICAS NOS CANTOS DE as LusiADAS 375.1 VOCABULOS QUE NAo DEVEM TER ORIGEM SEMANTICANO LATIM 385.2 VOCABULOS DE ORIGEM POPULAR 395.3 VOCABULOS DE ORIGEM POPULAR, MAS COM FONETICAERUDITAMENTE RESTAURADA 425.4 VOCABULOS DE ORIGEM ERUDITA..... .. .436 PROGRESSOES ORTOGRAFICAS: D'OS LusiADAS ATE A AOULP .487 CONCLusAo .. ..56REFERENCIAS.. .. 59ANEXOS... .. ..60
INTRODUCAO
Para muitos puritanos da lingua portuguesa, as naturais modifica90es
ocorridas ao lango do tempo nao deveriam acontecer DU serem incorporadas anorma padrao da linguagem. Sendo, portanto, considerados errados os novos
formatos que a lingua vai adquirindo com 0 passar dcs anos. Alguns, em especial
pessoas pertencentes a classes economicas mais privilegiadas, que normalmente
nao dao inicio ao processo de mudan~a,recebem as formas inovadoras de maneira
preconceituDsa. (Faraco, 2005, p.27) Apesar das constantes transforma~5es socia is
e culturais sempre presentes em nossa hist6ria e das diferenc;as culturais entre
Brasil e Portugal, para as conservadores, a lingua portuguesa deveria manter-S8
inalterada desde a Idade Media. Em outras palavras, deveriamos falar, literalmente,
a lingua de Cam6es.
o presente trabalho desmistificara esta cren9a de que 0 portugues correto e
desejavel e 0 portugues de Camoes, mostrando 0 processo evolutivo nos aspectos
ortogrMico e semantico que a lingua passou atraves destes cinco seculos que nos
separam da epoca em que foi escrito Os Lusfadas.
Nao estamos contestando, de forma alguma, a importancia desta grande obra
de Luis Vaz de Cam5es. Sendo a obra maxima de Cam5es e da poesia de lingua
portuguesa, as Lusiadas e considerado por todos, uma leitura obrigatoria. Nao
almejamos aqui sugerir que a lingua portuguesa que falamos hoje seja melhor do
que·a lingua contida nos versos desta epopeia. Ao contrario, com a escolha dos
textos dos cantos desta obra, estamos valorizando-a e demonstrando nosso respeito
e fascinio pela mesma. Nossa inten9ao, portanto, e simplesmente mostrar que a
linguagem utilizada em as Lusiadas revela 0 portugues que era utilizado na epoca
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de sua composi,ao e 0 que este grande poema representou para a lingua
portuguesadesde entao.
Desde a Idade Media, muitas fcram as mudany8s ocorridas em niveis
semantico e ortografico na lingua portuguesa. Elucidaremos neste trabalho: quais
seriam as principais mudany8s, como ocorreram e S8 fcram prejudiciais ao
portugues que falamos hoje.
Para tanto, no ambito das mudany8s semanticas, fez-s8 necessaria a
comparayc3o dos diferentes significados que alguns vocabulos ou express6es - que
fcram escolhidas no texto original d'Os Lusiadas - foram adquirindo em diferentes
epocas.
Quanto as modifica,oes ortograficas, um hist6rico da lingua foi !ra,ado,
apontando todas as modifica90es de ortografia pela quais 0 portugues passou, as
tratados e acordos e alguns fatares que influenciaram tais modificac;oes.
Este fascinante estudo: a analise diacr6nica sabre algumas progress6es
ocorridas em nossa lingua, e a importancia em discutir que tais mudanyas nao
degeneram a realidade sistemica da mesma, e sim, que sao conseqOencias naturais
do dinamisma das linguas humanas, instigou e foi determinante para a escolha do
tema deste trabalho, a formulayao dos abjetivos gerais e especificos e a
problematiza,aodesteTCC.
II
A MAIOR OBRA DE NOSSA liNGUA
Neste primeiro capitulo, iremos tratar do texto que sera base para este
trabalho: a grande obra as Lusiadas e tambem, de seu genial autor, 0 poeta Luis
Vaz de Cam5es. Aqui teremos como embasamento teorico as ideias de Massaud
Moises (1999) para falar do periodo literario em que a epopeia esta inserida, da
maneira como a obra foi dividida, de seu enredo e porque e considerada a grande
obra literaria em lingua portuguesa. Embasaremos-nos tambem nas ideias de
Francisco da Silveira Bueno (1998), para falar da defini9ao de epopeia e do motivo
da utiliza980 da mitologia au do maravilhoso, no poema, bern como da cienda de
Camoes.
2.1 0 CLASSICISMO
A obra as Lusiadas S8 enquadra no periodo literario do Classicismo e de
acordo com Moises (1999), a maior de todas as figuras desta epoca e Luis Vaz de
Cam5es, autor da epopeia.
o inicio da epoca do Classicismo se da com 0 regresso de Sa de Miranda da
Italia, trazendo consigo as novos ideais esteticos de literatura. Esse periodo vai ate 0
falecimento de Cam5es, no ana de 1580. Periodo em que Portugal passa a ser
dominado pela Espanha.
o movimento classico era assim chamado, pois buscava imitar os antigos
gregos e latinos. Ele constituia a faceta estetica da Renascen9a. 0 Classicismo
facilitou 0 caminho para 0 cultivo da poesia, da historiografia, da literatura de
viagens, da novelistica, do teatro classico e da prosa doutrinaria. Essas
caracteristicas naD 56 estao presentes, como tambem constituem as Lusiadas. Com
apenas uma leitura superficial da obra, venda como 0 autor a dividiu e organizou,
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quais as assuntos que abordou, e 0 estilo que empregou enfim, pode-s8 constatar
que Os lusiadas e urn tipico texto do Classicismo.
Camoes como herdeiro da lingua e cultura latinas 1, de maneira perieita podia
ver a renov8c;ao classica do Renascimento.
2.2 A ESTRUTURA
Contendo ao todo 10 cantos, Os Lusladas retlne 1102 estancias em oitava
rima com esquema abababcc, au seja, 8816 versos decassilabos her6icos que tern
cesura na 2a silaba, ou na 3a, au na 4a e 6a e na 10a. A epopeia de Camoes e
dividida em tres partes: Introdu9ao, Narra9ao e Epilogo.
A IntrodUl;:ao ocupa as 18 primeiras estancias e compreende a Proposicao,
que sao as estancias 01, 02 e 03, que trazem as assuntos do poema: "As armas e
os baroes assinalados", "Cantando espalharei por toda parte". A segunda parte e a
Invocacao as Tilgides, Musas do rio Tejo, sao as estancias 04 e 05. A terceira parte
que consiste na introduc;ao da epopeia, e a Oferecimento, que vai da estancia 06 ate
a estancia 18. Este olerecimento e dirigido ao rei D. Sebastiao que concedeu a
subven9ao para que losse possivel a publica9ao da obra de Camoes.
A partir da estancia 19, no canto I, Camoes inicia a Narra980 que se estende
ate a estancia 144 no canto X. E por tim, 0 Epilogo que se en contra no canto X nas
estancias 145 a 156.
A epopeia baseia-se na viagem de Vasco da Gama as Indias. Entao a
narra,80, inicia-se com a navega9ao das caravelas pelo Oceano Indico. No
momenta em que os aventureiros se Jan9am ao mar, reaJiza-se, ao mesmo tempo,
no QJimpo, urn conciJio com as de uses para discutir a sorte dos portugueses na
1 0 termo latino sera usado neste trabalha para indicar a heranCa deixada pelos ramanas. Numaacepcao recente, latina se refere a America Latina e aos paVQs da America Latina que vivem emautros continentes, bem como a suas prodw;6es culturais.
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empreitada pelo mar. Conseguindo veneer a furia de Baeo, Venus consegue a
permissao para que as navegantes prossigam a viagem.
A primeira parada e em M09ambique, la os navegantes escapam de outras
armadilhas preparadas por Baeo, novamente com a ajuda de Venus. Chegando a
Momba9a, as artimanhas de Baeo S8 repetem e mais uma vez Venus intercede
pelos aventureiros portugueses.
Seguindo a viagem, as caravelas aportam em Melinde. Entao, 0 rei da
localidade, indo ate a nau capitania, pede a Vasco da Gama que narre para ele toda
a hist6ria de Portugal. Primeiramente, Gama descreve todo 0 continente Europeu.
Depois, 0 nauta inicia a narray80 da hist6ria de seu pais com a funda9ao da
Lusitania por Luso, passando por D. Henrique de Borgonha e prossegue narrando
os principais eventos hist6ricos como: 0 de Egas Moniz, a batalha de Ourique, a
batalha do Salado, 0 Episodio de Ines de Castro, a batalha de Aljubarrota, a tomada
de Ceuta, as prolecias contidas no sonho proletico de D. Manoel, 0 planejamento e
preparativQspara a grande viagem e a largada das naus em Lisboa. Em seguida, ele
relata os contratempos que enlrentaram na primeira parte da viagem: 0 Fogo de
Saltelmo, a aventura do Veloso, 0 Gigante Adamastor, e por lim, a chegada a
Melinde.
Quando as naus partem de Melinde, BaeD sopra as ventos contra elas.
Durante a calmaria, conta-se 0 episodio dos Doze da Inglaterra. Desatada a
tempestade, Venus resolve mandar ninfas amorosas ao encontro dos ventos
furiosas a fim de abranda-Ios.
A viagem termina com a chegada da Irota nas Indias. Apos varios desafios
superados com muita coragem, os navegantes aportam em Calicute. Ao
desembarcarem, Vasco da Gama e sua tripula9aO sao recebidos com lesta pelo
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Samorim, ao mesma tempo em que 0 Catual e recebido par Paulo da Gama na nau
capitilnia. Ele decifra ao Catual 0 sentido das figuras desenhadas nas bandeiras das
naus. Tendo atingido 0 seu objetivo as indias. as portugueses retornam para a
patria.
No regresso, sao premiados com a Ilha dos Amores que Venus colocou
propositalmente no caminho deles. La sao recebidos como verdadeiros her6is pelas
ninfas da ilha que as recompensam com muito carinho e amor pelos desgastes e
transtornos em conseqih~ncia da viagem. Vasco da Gama e conduzido par Tetis aD
topo da ilha. La no topo esta Ihe descortina a "maquina do mundo" e 0 futuro cheio
de glorias da na9ao portuguesa. Saem da ilha e seguem 0 retorno a Portugal. 0
epilogo da obra tem um tom melancolico e triste.
2.3 EPOPEIA
Alguns fatos historicos causam grande impacto e repercutem muito entre 0
povo. Sao sempre mencionados, e ate mesmo celebrados, pelos poetas e, a medida
que as anos passam, estes fatos recebem circunstancias cad a vez mais her6icas. E
assim, tornamwse fatos miticos para as gera96es posteriores aos acontecimentos.
Quando 0 pavo naD pode mais explicar tais fatos utilizando-se das formas naturais e
humanas, recorrem aos elementos sobrenaturais, mitificando tais acontecimentos.
Surge entao 0 elemento chamado "maravilhoso", pOis neles existe a intervenc;:aoda
fon;a de seres sobrenaturais, genios, fad as, deuses, magicos, etc. Assim os
intelectuais celebram os fatos mitificados e lendarios de variadas formas,
acrescentando a eles novas circunstancias. Assim, 0 poeta procede da seguinte
maneira segundo Bueno: "vem 0 poeta de genio, reline as variantes, seleciona-as,
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da-lhes unidade, vaza-as em sua forma poetica, em sua lingua propria e cria a
epopeia. Desaparece a poesia heroica, nacionalista e vulgar." (1998, p.13)
2.4 0 MARAVILHOSO NA EPOPEIA
Os feitos heroicos, que sao a base primeira das poesias nationais, dos cantos
patriotieos, aeabam impressionando fortemente a imaginayao das pessoas pela alta
difieuldade de sua execuyao.
Conforme as anos VaG passando, as gerac;:6es contemporaneas a esses
acontecimentos VaG se extinguindo e consequentemente a forte impressao que
estas narrac;:6escausavam vai diminuindo. Faz-se entao necessaria a utilizac;:aode
circunst€mcias e artificios que possam ajudar a manter a heroicidade dos fatos. E ai
que aparece a intervenc;;ao dcs seres sobrenaturais, sejam eles favoraveis ou
contrarios a sorte dos envolvidos.
Naturalmente os fatos passam aos limites da lenda, do mito. Entao de acordo
com Bueno e correto afirmar que: "A ayao do sobrenatural na execuyao dos fatos
poetieos e 0 maravilhoso da epopeia" (1998, p13). E dessa forma nao so os feitos
tornam-se extraordinarios como tambem as pr6prios her6is podem passar adeificayao e serem considerados deuses ou genios. Esse processo, constitui 0 fundo
maravilhoso dos poemas desde a antiguidade mais remota. Ja mais proximo a
epoca do Cristianismo, 0 maravilhoso continuou a entrar na epopeia, mas apenas
como um recurso artistico para as classes intelectuais (pelo menos). apenas como
uma exigencia tecnica da epopeia, Virgilio, Horacio, Ovidio e outros genios
adiantados para 0 tempo, nao criam nele.
Oai por diante, nas epopeias dos seculos ja cristaos, 0 maravilhoso continuou
apenas como um elemento de teeniea. Oeorreu apenas uma substituiyao da
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rnitologia paga pelo conjunto sobrenatural do cristianismo que eram anjos,
demonios, santos, Jesus Cristo, etc. e isso podemos conferir na obra de Tasso,
Klapstock, Ariasta, Milton e Cam6es.
Na obra de Cam6es, 0 maravilhoso pagao e 0 maravilhoso cristao S8
misturam, cheganda aa ponto de Venus interceder pelas portugueses junto a Jupiter,
com a justificayao de que eles iriam propagar a que era considerada a verdadeira fe,
a fe crista. Foi par fidelidade aos canones classicos da epopeia que Cam6es
manteve 0 maravilhoso pagao em sua obra, assim como fizeram as escritores
renascentistas. Eles mantiveram em tudo 0 que produziram toda a mitologia greco-
romana. Ate mesma em Roma, as denomina90es cristas viram suas doutrinas e
preceitos inumeras vezes substituidas pelas pagas. Entao temas Maria como
Minerva ou Venus; Cristo como Apolo e ocupando 0 lugar do Padre Eterno estava
Zeus ou Jupiter.
Ao fazer em todos os momentos os deuses pagaos subardinados aos santos
cat6licos, Cam6es nao foi tao longe quanto os seus contemporaneos. Segundo
Bueno Cam6es "jamais envolveu tal mistura qualquer convicC;ao do poeta, que a tal
recorreu par ser assim a tradigao da tecnica e por ser do momento renascentista
essa moda da volta aas temas classicas". (1998, p. 13)
Na Alemanha e na Franga, 0 maravilhoso pagao era pertinente e fazia parte
das lend as do Rei Artur e Carlos Magno, muito antes de Camoes. Os amores
carregados de crime entre Carlos Magno com a propria irma, que teve Rolando
como fruto dessa relagao; do Rei Artur, que era amante da irma e 0 fruto era
Gouvain, par exemplo, nada mais sao do que uma outra versao do que acontecera
entre Osiris e iris, entre Zeus e Hera, entre outras adaptayoes.
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Portanto, 0 fata de fazer a mistura entre a maravilhoso pagao com a cristao
naO foi exclusividade de Camoes, pais toda a tradiyao francesa e toda a tradiyao
germanica deram-Ihe base para este destac8vel feito na epopeia.
2.5 CAMOES: GRANDE ESTUDIOSO? CUL TO? G~NIO?
A ciemcia de Camoes e uma caracteristica impressionante e bastante
marcante do poeta, e tambem algo que desperta a interesse de diversos estudiosos
que procuram os conhecimentos camonianos em diversas areas do saber: na
medicina, na astrologia, na geografia, nas ciencias naturais, na filosofia, na teologia,
na astronomia, etc.
Dentre estes muitos estudiosos conceituados, existem alguns que nao
compartilham das mesmas ideias a respeite de tais conhecimentos do poeta.
Segundo eles, nao era possivel que Camoes pudesse ter estudado tao profunda e
amplamente e em tantas areas diferentes, uma vez que na vida do poeta nao havia
nenhuma condi,ao favoravel para estudos serios e 0 tempo de vida para que ele
pudesse ter adquirido todo esse saber foi muito curto.
Souza Viterbo foi urn dos que mais severamente negou todo 0 elogio que
Faria e Souza havia feito do saber enciclopedico de Cam5es, como podemos
conferir na passagem abaixo:
UPor muito grande que fosse a erudi9ao do cantor dos Lusfadas, custaria ainda assima admitir que ele tivesse tido tempo e paciencia para ler tant05 autores. Nao foramlong05 as anos de seu transito na terra, esses mesmos ocupados e agitados, e malse compreende que a serte Ihe reservasse tao apetecidos e apetitosos 6ciosliterarios. IS50 era born para urn Sa de Miranda, a quem a mimo de duas rendosascomendas, alf§m de Qutros bens de fortuna, permitiam filasofar senecamente noremanso florida dos riozinhos pitarescos, que Ihe serpenteavam a solarengapropriedade minhota" (VITERBO apud BUENO, 1998, p. 21)
A estas raz6es Bueno achou que era devido acrescentar outras ainda: Cam6es
estudou apenas dos doze aos treze anos em Coimbra. Com estudos humanisticos,
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preparava-se para entrar na universidade. Apes isso, foi para a corte e la, naD teria
tido a oportunidade de mais estudos e leituras sarias, devido as conlusoes e perigos
da mesma. Tambem tinha que participar nos ser6es do Payo, glosar as motes das
damas e dirigir versos as namoradas.
Por outro lado, sabemos 0 quanto loi tumultuado 0 periodo em que passou
em Lisboa, recheado de confus6es, duelos e brigas que resultaram em desterros.
Quando muito jovem esteve na Africa servindo no que equivale hoje ao serviyo
militar. E Iii tambam nao teve tempo para ler latinos, gregos e italianos, prova disso a
o pouquissimo tempo de sua estada, que ainda foi ocupado par cambates horriveis
que Ihe custau a deformidade do rosto, tendo urn de seus elhos feridos gravemente.
Depois, em Lisboa, pouco tempo se demorou e novamente loi preso e par lim
enviado a india, a tim de se libertar do careere. E na india, ande passou 0 resto de
sua vida bastante curta, ocupou a cargo de soldado raso, enviado a cambates,
preSQ, processado e vitima de naufnfigios.
Tantos acontecimentos que tornaram a vida do autor tao conturbada, nao
deixaram que ele encontrasse folga para leituras e estudos cientificos. E mesmo que
houvesse encontrado tempo, nao teve acesso a bibliotecas, arquivos ou obras para
consulta.
Eo consenso hoje que Camoes nao sabia grego, pais neste aspecto, suas
cita90es sao todas de segunda mao. Eo bem claro que ele sabia latim, pais no
Renascimento ate mesmo as mulheres sabiam latim, ou ate melher, eram latinistas.
JtI italiano nao deveria saber, pois a influencia que recebeu de Petrarca foi de sua
escola e nao da lingua do seu mestre. E quase unanime a confusao entre: influencia
da escola Iiten;ria e influencia da lingua que a a idioma dessa escola. Dante e
Petrarca loram imitados par toda a Europa desde a seculo XIV, par exemplo, mas a
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lingua italiana era ignorada pela grande maioria. Sabemos que existe uma frase toda
de Petrarca, porem unic8, que esta no canto IX, na estrofe 78: "tra la spica e la man
qual muro e messo".
E passiveI argumentar que toda a forma,ilo renascentista de Camoes e de
todos da sua epoca nao foi adquirida diretamente da 1181ia e sim, atraves da
Espanha. Par exemple, latinismos introduzidos par Camoes na lingua portuguesa ja
eram utilizados nos seculos XIV e XV pelos escritores hisp€micos como: dulcissimo,
convivia, exilio, ileso, leticia, flumen, honorifencia, e estao em Berceo; ainda no
poema de "Apolonio" estao: conturbado, lapidar, mallcia, idola, vicario; no
"Alexandre'" pr6/0go, tributario, silogismo, lincencia, versificar, elemento, qua/idade e
etc.
No seculo XIV, Don Juan Manoel escreve de seus trabalhos: "Sabed que
todas las razones son dichas par muy buenas pa/abras et par los mas fermosos
laNnes", (apud R. Lapesa, Hist6ria de La Lengua Espanola pag, 134). Dante,
Petrarca e Bocaccio sao imitados na Espanha desde a final do seculo XIV. Bocaccio
foi traduzido par Ayala no livra ("La caida de princepes".).
Em 1444, Napolis foi conquistada par Afonso V de Aragao. E desde entao, a
influencia italiana foi mais forte e direta. Os mais lidos e imitados em Portugal sao:
Santillana e Juan de Mena, como as chefes de movimentos. Juan de Mena foi muito
apreciado par Gil Vicente e a influenciou. Fernandez de Heredia traduziu Tucidides,
Ayala traduz ainda Boecio e Tito Livia, Henrique de Villena, Juan de Mena e outros
traduzem Vergilio, Homero, Seneca e Plat:io.
Surgem latin ism as que depois encontramos em Camoes como: exhortar,
disolver, subsidio, colegir, servar (conservar), estilo, mestrua, obtuso, fuscado,
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rubicunda, ignea, turbulenta, repugnar, (como nos Lusiadas), u/tnz, laeuela, punir,
fruir, notumo e a/guns ifalianismos como: uxel (uccello), dona, mu/her, etc..
Tamanha fai a influencia castelhana na epaca do Cancioneiro de Resende
que quase todos as paetas dessa fase escrevem de maneira bilingOe. Tamanha era
a imita9ao dos espanhois que chegavam a copia-los . No seculo de ouro multiplica-
se essa influencia.
Cam6es escreve em castelhano, assim como jil haviam feito Gil Vicente, Sade Miranda e depois fizeram Rafrigues Lobo e Dom Francisco Manuel de Melo.
Seria impassive I Cam6es nao conhecer os grandes paetas e prosadores da
lingua em que escreveria. As influencias renascentistas empregadas nos Lusiadas
fcram herdadas de Garcilaso de La Veja e Boscan, seus mestres diretas. Eo provavel
que tenha sido Herrera quem 0 guiou nas questoes de estilo e cultura mitologica.
Para ele, "ningun poeta puede merecer la estimacion de noble poeta, que fuese facil
a todos e no tuviesse encubierta mucha erudici6n". Lapesa ja citado, continua
afirmando: "herrera prodiga recursos mitol6gicos dificiles, em los que muestra su
familiaridad com los poetas grecolatinos y atiende com nimio cuidado a la pompa y
majestad de la forma" (pags. 166-167).
Encontramos na linguagem de Herrera: languideza, ondos/assamiento,
sublimar, consiclio, horrido, aura, caru/eo, horrissono, flam[gero, argentar, ruti/ar,
infando, ledo, ufano e ufania. Camoes utilizou todos esses vocabulos, em especial
/edo, esse ele utilizou em a vontade. A maioria, se nao todos, os grecismos e as
latinismos apontados no poeta portugues ja eram utilizados por autores hispanicos
desde a seculo XIV.
Portanto, nao foi na Italia enos autores de primeira mao que Camoes
encontrou sua influencia classica e sim, na Espanha. 0 fato de Garcilaso ja ter
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empregado a famosa altava de Ariosto, depois dita, erroneamente, camoniana,
confirma a nossa afirma~ao.
o livro publicado na Espanha La canci6n petrarquista em la Lirica Espanola
del Siglo de Oro, de E. Segura Covarsi, Madrid, 1949, ainda nos lomece argumentos
para nos provar que ate mesma na poetica menor, nas can90es, as influencias
recebidas par Portugal, naD fcram diretamente da Italia, mas sim da Espanha.
Par tudo isso, nos convencemos de que Cam5es naD foi conhecedor da
fantes primiuias do Renascimento Italiano; foi discipulo dos paetas espanh6is, 0 que
naD Ihe faz menes merecedor do merito de ter criado a maior epopeia nacionalista
que 0 Renascimento produziu.
Aos argumentos de Correa da Silva, e s6 dizer que as afirmativas de Camoes
("Nem me lalta na vida honesto estudo". - X, 154) provam apenas que 0 preparo do
poeta era aeima do comum, ele era urn grande observactor, com conhecimento,
como ele mesma declara em Dutra passagem, "de experiemcia feito".
Storck e Michaelis acham que 0 poeta nao era conhecedor de gregG e
duvidavam de seu conhecimento de frances. Porque se existem duvidas em rela9c3.0
a esses dois idiomas, tambern podemos duvidar de seu conhecimento de italiano. 0
que conhecia profundamente era latim; depois castelhano em que poetou e foi este
idiom a que the deu acesso a conhecer 0 Renascimento Italiano.
2.6 PRESTiGIO MERECIDO
Os Lusiadas e a representa9ao da lace epica da poesia de Camoes.
Considerada por alguns 0 "Poema de Ra9a", para outros a "Biblia da Nacionalidade",
etc., ela teve a virtude de constituir urn retrato liel da visao do mundo propria dos
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portugueses quinhentistas, e, ao mesma tempo, verdadeiro e emocionante relato do
momento em que Portugal atingia 0 apogeu de sua progressao hist6rica.
Os Lusiadas represenlam fielmenle 0 espirilo novo lrazido pela renascen9a,
de maneira que suas caracteristicas acabam sendo urn tanto heterodoxas quando
comparadas com a epopeia classica (Odisseia e l/iada, de Homero, e Eneida, de
Virgilio).
A obra ultrapassa 0 sEkula XVI, adquirindo valor universal e duradouro,
porque traz a imagem do homem de todos as tempos, sedento de novas conquistas
que Ihe proporcionem a impressao de superar a certeza da pr6pria condi9ao
minuscula humana e da sua depend em cia, reconhecida com 0 sentimento de
angustia que surge ao contemplar os entao "assombros da Natureza",
Como Camoes teve uma representa~o de pensamento universal, vindo de
um singular poder de lransfigura980 poelica, caraclerislicas essas, dignas de um
visionario ou de genio, 0 poeta e sua obra tornaram-se um dos maiores que a
humanidade ja conferiu.
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3 LiNGUAS INDOMAvEIS
Para comprovar que as linguas sao dinamicas e e5taO em constantes
mudanc;as, sendo ista uma caracteristica natural em todas elas, este capitulo sera
embasado nas ideias de Faraco (2005), e Ilari e Basso (2006).
As linguas sao dinamicas e mudam de acordo com a passagem do tempo.
Podemos atribuir estas mudanc;as a diversos fatores, mas, como afirmou 0 IingOista
russo Valetin N. Voloshinov, essas mudanC;8s sao resultantes de mudanc;as antes
de tudo, socia is e obedecem uma ordem:
~E nesta rnesma ordem (lsto e, do social para 0 IingOfstico) queverdadeiramente acontece a mudane;.a em uma lingua, mudam as rela90essociais, rnudam as interayOes verbais no quadro destas reJa<;Oes sociais; asformas nos at05 de fala mudam em conseqOl!ncia das mudanc;as nainterac;ao; e, enfim, esse processo de mudanc;a se reflele na alleraC;ao dasformas da IIngua-. (VOLOSHINOV apud FARACO 2005, p.66).
Oevemos considerar, portanto, a influencia de fatares sociolingOisticos na
alteral'ao de uma lingua. As mudanl'as lingOisticas sao con seq OEmcia de mudanl'as
antes de tudo socia is, economicas e assim por diante, mais especificamente na
heterogeneidade da realidade lingOistica e na complexa dinamica das rela<;oes
interacionais. As mudan<;as nas rela<;oes socia is poem em contato falantes de outras
variantes lingOisticas e grupos socia is, da mesma forma como falantes de outras
linguas, etnias e culturas.
Normalmente os falantes nao percebem que a sua lingua esta mudando. Eo
como se, na condi<;ao de farantes, construissemos uma imagem de que a lingua
esta eslatica. E muitas sao as razoes para que criemos tal imagem da lingua. Entre
elas, 0 proprio fato de que, em bora se deem de maneira constante, as mudan<;as
acontecem de forma lenta e gradual. As evolu<;oes s~o discretas e sempre
acontecem de maneira regular. Para termos uma prova de como a nossa lingua esta
mudando, basta compararmos a linguagem de pessoas de diferentes idades e/ou
24
gerac;::oes.Certamente, identificaremos diferenc;::asconsiderilVeis entre estas duas
variantes.
Ahomdisso, sempre que as mudanyas ocorrem, elas atingem partes e nao 0
todo da lingua. Entao, a historia das linguas S8 constr6i nurn complexo jogo de
mutac;ao e permanemcia, refofc;ando aquela imagem de estagnac;::aoque os falantes
tern de sua lingua, ao inves de urna imagem dinamica.
Nao podemos tambem ignorar as culturas de escrita. Estas tem por suas
propriedades, hist6ria e funryoes socia is, urna realidade rna is estavel e permanente
do que a lingua falada. Elas desenvolvem um padrao de linguagem codificado em
gramaticas, cultivado pelos mais cultos e ensinado nas escolas. Assim, S8 fixam
nurnpatamar de estabilidade e perman€mciaque e maior do que Qutras variac;oes da
lingua. Funcionando, dessa maneira, tanto como urn refreador temporario de
mudanC;8s, como tambem, e principalmente, como ponto de referemcia para a
imagem que os falantes constroem da lingua.
Existem porem, ocasioes em que os falantes acabam percebendo a mudanya
acontecendo na lingua. Podemos citar alguns exemplos de como essas situa90es
podem ocorrer: quando os falantes sao expostos a textos escritos em sua lingua ha
muito tempo atras; ou relacionam-se com falantes de classes socia is excluidas da
experiemciaescolar ou da cultura escrita, ou ainda, que nao encontram muito acesso
para am bas; tambem quando escrevem e nao conseguem se enquadrar nas norm as
de lingua, cultivadas socialmente na escrita.; e ainda como ja citamos, 0 convivio
entre falantes de diferentes idades.
Em todas essas situa90es se evidencia - atraves do contraste entre uma
imagem que se tem da lingua e a realidade - 0 ate de que a lingua passou ou esta
passando por mudanyas. Essas situayoes envolvem manifestacoes lingOisticas que
25
ocorreram em espat;:os de tempo nitidamente bern distantes urn do outro; gerat;oes
distintas convivendo no mesma momenta historico; au a 8c;ao linguistica de grupos
socia is naa atingidos de maneira mais direta pela vigil€mcia social sabre as formas
da lingua; au ainda a relativo conservadorismo da escrita. Em todas elas, fica claro
que, no fluxo do tempo, existe transformac;oes na lingua, au seja, palavras au
estruturas que antes existiam, ja nao ocorrem mais au estao deixando de oeorrer.
Ou entaD, estaa ocorrendo modificadas em sua forma, fun<;ao e/ou significado.
Eo importante saber que qualquer mudan9a de uma lingua vai gerar altera90es
de configurac;ao da estrutura das linguas, no entanto, nao se perde, de mane ira
alguma, aquila que e chamada de plenitude estrutural e potencial semi6tico das
linguas. Apesar das mudanC;8s e altera~5es nas configura~6es estruturais, as
linguas nao perdem seu carater sistemico, continuam organizadas e nunca deixam
de fornecer aos seus falantes as recursos necessarios para a circula~ao dos
significados. 0 fato de que as linguas humanas sao dinamicas e estao em constante
transforma~ao e a verdade empirica principal da IingOistica hist6rica.
3.1 OPERARIOS DA DINAMICA
Atraves dos estudos cientificos da hist6ria das Iinguas, pode-se mostrar que
as implementa~5es inovadoras sao feitas principalmente par dois grupos: pelos
grupos etarios mais jovens e pelos grupos socioeconomicos chamados de
intermediarios, que abrange, quando se trata de popula~6es urbanas em sociedades
industrializadas, a classe media baixa e a tapa da classe aperaria. Oessa forma,
diante das mudan~as, as elementos inovadores da lingua ocorrem com menor
frequencia na fala de gera90es mais vel has e dos grupos socioeconomicos mais
26
altos do que na fala das gera90es mais novas e dos grupos socioeconomicos
intermediarios.
Quando pessoas mais conselVadoras da lingua se deparam com formas
diferenciadas e que nao se enquadram nas normas vigentes da gramatica, sua
rea9ao normalmente e de reprova-Ias e muitas vezes con stranger seus talantes. No
entanto, ignoram que, 0 usa das formas mais discriminadas e criticadas e muito mais
comum e freqGente do que pensamos au imaginamos, ate mesma na fala e na
escrita daqueles que discriminam as variantes de menor prestigio. Muitas dessas
pessoas ficariam assombradas ao constatar 0 quanta se usa na fala formas como:
oce [por voce); ne [por mlo e?). ta [por esta) ou consturyoes como: a casa que more;
na infancia (par a casa em que morei na infancia}, va se voce me entende (par veja
se voce me entende], e assim par diante. Uma vez que essa e a realidade, 0 ato de
apontar os erros na fala de outrem nao tem 0 objetivo construtivo de corrigi-Io. E sim,
uma forma de excluir 0 outro e de realyar uma desigualdade percebida.
E interessante observar que os grupos implementadores de inovayoes
geralmente nao gozam de alto prestigio social e sua fala (inclusive 0 que nela e
inovayao) costuma ser caracterizada de forma pejorativa pelos grupos de maior
privilegio economico, social e cultural. Entao, e com a quebra paulatina desse
estigma (ou seja, com a mudanya de valores correlacionada com mudanyas nas
relayoes sociais) que as novas formas vao ganhando forya e condiyoes de se
espalharem para outras variedades da lingua.
Par essas razoes, 0 contraste na fala entre gera90es diferentes e 0 contraste
na fala de grupos socioecon6micos distintos podem ser interpretados nao s6 como
comprovadares, mas tambem como reveladores de mudan9as na lingua.
27
Porem, nao e qualquer diferenc;a de falas entre gera90es e grupos
socioecon6micos que esta revelando mudanc;:as na lingua. Muitas vezes essas
diferenc;:as sao apenas variantes que sao caracteristicas da fala de cada grupo e naD
estao ligadas, em principia, com mudanc;:as.
E a partir dessa ideia que se diz que em lingQistica historica nem toda
variac;ao implica mudanC;8, mas que toda mudanc;:apressupoe variac;:ao,au seja, a
lingua e uma realidade heterog,mea e multifacetada. Embora nem todo fato
heterogemeo va resultar necessariamente mudanc;:a,e dessa heterogeneidade que
as mudanc;asgeralmente emergem.
Geralmente, 0 que indica para 0 pesquisador a passivel existe!ncia de uma
mudan9aacontecendo e 0 aparecimento,na distribui9ao estatistica dos dados, de
correlac;ao de variantes lingUisticas com grupos socloeconomicos e com grupos
etarios diferentes, de urn uso mais freqUente de uma variante nos grupos
socioeconomicos intermediiuios e nas gerac;:6es rna is jovens em contraste com 0
padrao linear nos outros grupos socioeconomicos e etarios.
Frente as situa90es que apontam que uma mudan9a esta acontecendo no
tempo presente,0 lingOistadeve fazer uma busca na dimensao do chamado tempo
real, ou seja, deve levantar dados de diferentes periodos da historia da lingua objeto
da pesquisa, buscando a valida9aO de sua hipotese de que encontrou urn processo
de muta9aoem andamento.
3.2 A REVELAC;;AO ENTRE A DISTINC;;AO
A distin9aOentre lingua escrita e lingua falada e outro meio de detec9iio de
eventuais rnudan9as em progresso, pOis a lingua escrita e naturalmente mais
conservadora do que a lingua falada. Dai 0 contraste entre as duas pode nos
28
mostrar fen6menos inovadores expandindo-se na fala, mas que ainda naD entraram
na escrita.
o falante comum pode S8 dar conta destas mudanc;:as no momento em que,
na escrita, encontra dificuldades especificas com certas estruturas que, embora ja
correntes na tala, ainda naD sao aceitas na escrita.
No portugues do Brasil, par exemplo, as orayoes relativas iniciadas par
preposic;:ao:
o livro de que rnais gostei foi Dorn Casrnurro.
Elas parecem estar em pleno processo de desaparecimento na lingua falada,
tanto nas situayoes espontaneas interacionais, quanta nas situayoes formais.
Preferencialmente S8 diz nesses cases:
o livro que rnais gostei foi Dorn Casrnurro.
3.3 RENOVA<;:AO!NAo DEGENERA<;:AO.
OS falantes que naD conhecem IingGistica nao sabem que a lingua sempre
esta em processo de mutaC;:8o e a tendencia e de que eles, muitas vezes,
desenvolvam paralelamente uma atitude negativa em rela9210 as alterac;oes,
interpretando-as como uma forma de decademcia, cemo se elas estivessem
empobrecendo a lingua e tornando-a pier.
Hil tambem as que acreditam que a mudanya significa simplificayao e tendem
a desenvolver uma atitude positiva frente as mudanyas, porem, acreditam que a
lingua de hoje, por ser aparentemente mais simplificada, e mais "priltica" e melhor
do que a lingua usada no passado.
Na verdade, essas duas visoes que representam 0 senso comum da
realidade da mudanya lingOistica e que ocorreram como formulayoes cientificas para
29
a hist6ria dessa ciencia (lingOistica), naD expressam 0 que realmente vern a
representar uma mudanc;:a lingOistica.
Quando uma mudam;a ocorre em uma [[ngua, a mesma naD perde 0 seu
carater sistemico e naD S8 degenera au empobrece, ja que a lingua nao perde as
dados necessaries para a circulac;:ao des significados. Como e 0 casa do nossa
portugues atual, apos inumeras mudanc;as, ele continua fornecendo as dades
necessarios para a comunicac;:ao entre as falantes e 0 sistema da lingua naD foi
degradado.
Encerramos 0 capitulo com a afirma9ilo do lingOista dinamarques Otto
Jespersen (1860-1943) que, no final do seculo XIX defendeu, em seu livro Progress
in Language (1894), a tese de que na hist6ria das linguas humanas nilo existe
degenerac;:ao, decadencia, degradac;ao au empobrecimento das mesmas, e sim,
existe, 0 progresso, urn caminho que S8 faz de mudanc;as rumo a formas mais
aperfei90adas. (apud FARACO, 2005, p. 77)
30
4 A liNGUA QUE CAMOES PRATICOU: TEMPO E ESPAC;:O
Para urn panorama IingOisticoda epoea em que Os Lusiadas foi escrito, bern
como, para traf):aras principais acontecimentos do periodo 0 embasamento sera em
Silva (2006) e Teyssier (2001).
A complexidade em determinar, delimitar e nom ear as periodos hist6ricos
pelos quais a lingua passou, gera uma dificuldade em estabelecer urn consenso
geral. Assim, para uma abordagem das caracteristicas da lingua portuguesa em
uma determinada epoea, taz-S8 necessaria uma observa9ao sabre as diferentes
epocas em que 0 portugues e dividido pelos estudiosos da histaria da lingua.
Tambem e necessario saber que a questao da subperiodiza9ao do portugues
e uma discussao que hi! tempos tern dividido lingOistas. Cada urn forma uma
designa9ao diferente para as fases que 0 portugues passou em sua histaria. Cada
autor pade assim 0 fazer, determinando urn periodo especifico em que lingua
assumiu determinadas caracteristicas e formas, designando-a atraves dos seculos
ou grandes periodos hist6ricos que marcaram e que caracterizem aquele
determinado momento, ou seja, usando-os como refer~ncia.
Essa estrategia, se assim podemos dizer, justifica-se no fato de que as
linguas adquirem diferentes conjuntos de variedades ao longo dos anos e, estando a
lingua em constantes mutayoes, para uma analise, e necessario lanyar mao de uma
periodizayao e em seguida, uma nomeayao destes periodos. Per exemplo, fala-se
em "portugues arcaico", "portugues medieval", "portugues europeu", "portugues
classico",Nportugu~sdo seculo", etc. Deste modo, torna-se possivel a comparayao
entre os diferentes momentos pertencentes a histaria da lingua.
31
Entretanto, qualquer que seja 0 criteria adotado para 0 esquema de
periodiza9c10 das linguas, issa e apenas urn recurso para auxiliar na analise, ainda
que importante. POis, de acordo com Faraco, e correto afirmar que:
ela permite que se localizem as fatos sob estudo numa dimensaotemporal, 0 que facilita nao 56 a recuperaCao da idade dos acontecimentos esuas relacoes com a conjuntura maior (social, hist6rica e cultural) em que sederam, mas principalmente a fundamenta~o do trabalho comparativa, basedos estudos de lingOisticahist6rica: (2005,p. 50)
Alraves do quadro abaixo (Castro, org.,1988:12), podemos comparar as
divisoes do portugues arcaico de quatro auto res diferentes e suas respectivas
nomeat;oes:
Epoca Leite de Silva Neto PilarV. Lindley Cintra
Vasconcelos Cuesta
ate s.IX
(882) pre-hislorico pre-historico
ate ± 1200 proto-historico proto historico pre-litenirio pre-literario
(1214-1216)
ate 138511420 galego- portugues
portugues trovadoresco portugues antigo
ate 153611550 arcaico portugues portugues pre- portugues
comum classico medio
ate s. XVIII portugues portugues
portugues portugues classico classico
ate s. XIX/XX moderno moderno portugues portugues
moderno moderno
32
4.1 PORTUGAL DO SECULO XVI: ACONTECIMENTOS E CARACTERlslTICAS
DA LINGUA
A epopeia Os Lusiadas teve seus dez cantos concluidos provavelmente em
1556 e teve sua primeira publica9aOno ano de 1572. Na literatura esse momento e
denominado Classicismo. Nesse periodo a lingua portuguesa passava par
alterac;:6es consideraveis e interessantes a nossa analise.
Reconhecendo as influencias que a lingua recebeu e 0$ fatares que
contribuiram para que ela passasse par alterac;oes, entenderemos melhor a lingua
portuguesa que estava sendo falada no periodo objeto de nosso estudo. Neste
capitulo teremos urn panorama do momento historico em que Os Lusfadas foi escrito
e publicado pela primeira vez; veremos quais eram as suas principais caracteristicas
e a forte infiuencia que recebeu do espanhoJ.
Urnas das principais instituic;6es que desempenharam papeis mais
importantes na cultura do pais fcram as mosteiros de AlcobaC;:8 e 0 de Santa Cruz de
Coimbra e a Universidade de Coimbra, fundada em Lisboa e apos algumas
transferencias, instalou-se definitivamente em Coimbra no ana de 1537. Nessa
epoca, a cidade de Lisboa era a cidade mais povoada de Portugal e tornou-se 0
primeiro porto do pais. A partir dai, 0 centro de domlnio da lingua portuguesa passa
a ser formado pelo eixo Coimbra-Lisboa. E e nesse ambiente, longe da Galicia, que
o portugues vai se firmar como lingua independente, deixando de ser, como era
denominado ate entao, "galego-portugues".
Nesse periodo, os portugueses estao vivendo 0 auge da expansao
ultramarina atraves das sofisticadas embarca90es e da ousadia dos destemidos
tripulantes rumo ao desconhecido. Anteriormente, ja haviam descoberto e
conquistado os arquipelagos da Madeira e dos A90res, Ceuta e a costa da Africa.
33
Em 1488, Bartolomeu Oias dobra 0 Cabo da Boa Esperanya. Em 1498, Vasco da
Gama chega a Calicute na India (toda essa aventura loi narrada com maestria pelo
poeta Cam6es em sua obra as Lusiadas. Em 1500, Pedro Alvares Cabral,
junta mente com sua frota, descobre 0 Brasil. Em seguida, as portugueses
prosseguem em suas descobertas e chegam ate Malaca, as IIhas de Sonda, asMaloucas, a China e ao Japao.
Atraves das expedic;oes ultramares, as portugueses levaram e difundiram a
lingua portuguesa nestes vastos territorios conquistados. Hoje Portugal jil nao tem 0
dominic sabre estas republicas, 0 antigo imperio tambsm nao mais existe. Porem,
muito dos portugueses ainda permanece, inclusive a lingua.
4.2 LA INFLUENCIA ESPANOLA
Se as linguas sao fen6menos que estao e sempre estiveram em constantes
mudan9as, e passivel que elas possam tambem reeeber a influencia de outras
linguas. Mesmo porque falantes de diferentes idiomas, seja por proximidade
geografica, seja por diversas atividades politicas tem grandes possibilidades de
estabelecer cantata e desenvolverem rela~5esde muita proximidade. Esse e um
fator muito importante no processo de mutac;;ao de uma lingua e em analise, ajuda a
entender os formatos que a lingua foi adquirindo em suas mudan9as.
o portugues da epoca em questao foi influenciado por uma lingua em
especial, lalada por povos proximos ao territ6rio portugues: 0 espanhol. Este caso
que iremos abordar e relacionar alguns latos e 0 que Paul Teyssier denominou de:
4.2.1 0 bilingOismo luso-espanhol.
No periodo que vai de meados do seculo XV ao fim do seculo XVII, os
portugueses mais cultos tinham 0 espanhol como uma segunda lingua, Na corte, os
34
casamentos entre nob res portugueses e princesas espanholas resultararn numa
especie de "castelhanizatrao" entre todos. Durante dais seculos aproximadamente, a
espanhol foi uma segunda lingua de cultura.
Podemos ter como prova de que a espanhol era considerado urna lingua para
as cultos de Portugal, 0 fata de as mais importantes intelectuais portugueses da
epoea demonstrarem dominic e usa da lingua de Castelha, escrevendo em
espanhol. Eo 0 caso de Gil Vicente, de Sa de Miranda, de Francisco Manuel de Melo
e de Luis de Camoes. Alguns ate chegaram a hispanizar 0 proprio nome e
abandonar completamente a propria lingua materna. Foi 0 caso de Montemor (1559-
?) que em "Diana" alterou seu nome, ficando Montemayor.
E muito curiosa que as adeptos deste bilingOismo nao veern nenhum
problema nessa pnitica e naD acreditam que isso naD caracteriza nenhuma traiy8.o
ao seu pais. Alguns autores como Antonio Ferreira (1528-1569) demonstraram certo
patriotism a e resistelncia ao bilingGismo e nac escreveram nenhum documento em
espanhol.
Mais curiosa e peculiar ainda e que 0 espanhol falado em Portugal era
pronunciado com 0 sotaque dos portugueses e sua morfologia e sua sintaxe S8
diferenciava das narmas vigentes na Espanha. Como exemplificou Teyssier (2001).
o infinitivD flexion ado do portugues era introduzido em castelhano: "Penitencia sera
hartal pensares em mi tormento", como diz uma personagem de Gil Vicente. E esses
lusismos do "castelhano de Portugal" se encontram tambem no vocabulario. E como
naD sabiam expressar em espanhol 0 sentimento que 0 portugues nomeia como
saudade, os entao escritores bilingOesforjam a nova palavra saludad.
3S
4.2 GRAMATICOS, LEXICOGRAFOS E FILOLOGOS
Este e urn ponto muito interessante a analise da hist6ria da lingua. Em 1536,
Fernao de Oliveira lanc;a a Grammatica da Lingoagem Portuguesa, nasee entaD a
gramatica em Portugal da cultura humanista, sendo Fernao de Oliveira 0 pioneiro
deste ensino. Em seguida, surge a Grammatica da Lingua Portuguesa (1539-1540),
de Joao de Barros. A partir dai, aparecem inumeros tratados de ortografia e
gramaticas normativas ate meados do seculo XIX. Podemos citar como exemplo
Ortographia, 1576, e Origem da Lingua Portuguesa, 1606, de Duarte Nunes de
Leao; As Grammaticae Pro Lingua Lusitana, 1672, de Bento Pereira; Regras da
Lingua Portuguesa, 1721 de D. Jeronimo Contador Argote; Orthographia, 1734 de D.
Luis Caetano de Lima, entre Qutros. E nessas obras, par incrivel que possa parecer
para as pesquisadores de hoje, sao encontradas informa90es preciosas sabre 0
estudo das linguas. A lexicografia tambem nasceu do humanismo. Sendo 0 primeiro
lexic6grafo, Jeronimo Cardoso, ele elaborou varios dicionarios de latim para 0
portugues. Foram as edi,oes de: 1551; 1562-1563; 1569-1570.
4.3 0 AFASTAMENTO DO GALEGO
A partir do seculo XVI, 0 galego-portugues passou a ser usado apenas na
oralidade, deixando inclusive, 0 campo da literatura. Alem disso, 0 galego passa por
uma serie de alterac;6es no aspecto fonico, separando-se assim, cada vez mais, do
portugues. Como exemplos dessas altera,oes podemos citar: 0 ensurdecimento das
fricativas sonoras escritas Z, S e J (ex.: cozer, coser, ja), confundindo-se com 9, SS,
e X, entre outras mudan,as. E 0 galego, por sua vez, passa por altera,oes dialetais
e tern 0 seu vocabulario influenciado pelo espanhol.
36
Depois da separayao do galego, 0 portugues chegou a ser falado par um
territorio que corresponde, aproximadamente, ao territ6rio nacional de Portugal
continental. Paralelamente a isso, acontecem algumas diferenc;as de dialeto no
9a1e90, e a seu vocabulario foi cada vez mais influenciado pelo espanhol, tornando-
S8 assim, recheado de hispanismos.
No seculo XVI, as caracteristicas dialetais do 9a1e90 ja comeC;8vam a ser
percebidas e distinguidas pelos portugueses, ao mesma tempo em que eram vistas
como arcaicas e provincia is. Dessa forma, 9a1ego e portugues vao S8 separando e a
sua fonetica, a sua morfologia, a sua sintaxe, a sua ortografia, e 0 seu vocabulario
vao S8 tornando cada vez mais distintos.
37
5 MUDAN<;:AS SEMANTICAS NOS CANTOS DE OS LusiADAS
Esle capitulo tera como base a analise de Gongalves (2002), os
apontamentos de Faraco (2005) e Buarque de Holanda Ferreira (2001) para citar os
sentidos atuais de alguns vocabulos. Aqui serao apresentados as vocabulos que
ganharam novos sentidos em Os Lusiadas de Luis de Camoes.
Segundo Faraco (2005), a semanlica estuda a significag80. Em lingiiistica
hist6rica, ela tern sido abordada como urn processo que altera 0 significado da
palavra. Acredita-se que grandes causadoras dessas mudanC;8s sejam as figuras de
linguagem. par exemplo, a metatara, a metonimia, a hiperbole, pois, na medida em
que e urn processo gerador de novas signific8c;oes, automaticamente tern efeita na
mudanga dos significados das palavras. Fala-se tambem de processos que reduzem
o significado das palavras e outros que a ampliam. E par meio de estudo etimol6gico
que, muitas vezes, e passivel, descobrir as alterac;5es do significado das palavras.
Para Gongalves (2002), Camees enriqueceu a lingua portuguesa ao se
inspirar em escritores latines e mudar as sentidos de alguns vocabulos. No entanto,
salienta que existem apenas aparencias de imitagao de sentidos latinos, ja que
determinados termos originalmente latinos, fcram difundidos de forma popular e sem
a interven~ao de falanles cultos. Em contrapartida, existem vocabulos que tiveram
suas origens em fontes eruditas, cujas significa~6estomadas na obra sao diferentes
das que tinham em latim.
Veremos neste capitulo alguns vocabulos que falamos no portugues atual,
mas que, em as Lusiadas, apresentam significados distintos dos empregados hoje.
38
5.1 VOCABULOS QUE NAo DEVEM TER ORIGEM SEMANTICA NO LATIM
Mover = "comover", "abalar",
"Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te nao move a culpa que nao tinha" (111,127,7-8)
No sEkula XVI mover ainda tinha sentido de "comover", "abalar" que ja vinha
de epocas anteriores.
Partes = "regioes"
"Que nunca veja as partes do Oriente.
Eu descerei a Terra, eo indignado" (I, 72, 4)
"Ha-de fazer nas partes do Oriente" (II, 44,8)
"Em que tres Reis das partes do Orienta
Foram buscar um Rei de pouco nado" (V, 68,2)
Aqui 0 substantivo partes tern 0 sentido de regi6es e esta ligado a oriente.
Esses dais substantivos em latim formam uma expressao que corresponde a
Orientis partes.
39
5.2 VOCASULOS DE ORIGEM POPULAR
Assento :::"morada"
Esse vocabulo aparece em varios versos em as Lusiadas, mas talvez 0 mais
conhecido deles seja:
"Do claro assento etereo 0 grao Tebano" (1,73,1)
No sentido de morada/sede, era uma expressao vinda do latim popular.
Quanta a assento etereo, havia muitos model os diretos do latim em Qutros autores
como aetheriis ... / sedibus.
Esclarecido = "ilustre".
"Sereis entre os Herois esclarecidos" (IX, 95,7)
Esc/arecer::: "tarnar ilustre"
"Esse outro que esclarece toda Ausonla," (V, 87, 5)
Atualmente esc/arecer aparece no sentido de "aclarar" e, 56 no periodo do
Renascimento, ele assume 0 sentido de "tamar ilustre" (que se refere ao adjetivo
esclarecido). Ai existe a posslvel influencia semantica do adjetivo latino claTUs.
Grave = "pesado"
"Em todos estes orbes, diferente
Curso veras, nuns lIilllill e noutros leve" (X, 90, 1-2)
40
N'Os Lusiadas este vocabulo esta empregado como "pesado" e sem vinculo
com algum Dutro vocabulo. Mas geralmente grave estava ligado a sona (sona
pesado). E desse adjetivo que temes gravidade e ate gravida no portugues corrente.
/dade ; "epoca", "era"
"E la vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade" (1,17,7)
"Maravilha lalta de nossa idade" (1,6,6)
"Idade d' ouro, tanto te privou," (IV, 98,7)
Imitado do termo latino aetas, tinha pleno uso no Renascimento. E tambem
nao faltavam modelos poeticos para 0 a!argamento semantico desse terma par
Cam6es.
Louvor = "merito"
"Viverao teus louvores em mem6ria" (11,105,8)
"Os louvores da gente navegante" (IX, 45, 3)
Para S8 dar 0 sentido de "merito" temas que nos reportar ao latim, onde laus
ocorrera inumeras vezes com tal valor, pDr exemplo nas horacianas laudes egregii
Caesaris (Odes, 1,6, 11).
41
Milagre = "obra marvilhosa"
''Tao grande era de membros, que bern posso
Certificar-te, que este era 0 segundo
De Rodes estranhissimo Colosso,
Que urn dos sete milagres foi do mundo:" 1,\/,40,1-4)
Estes versos encontram-se no epis6dio do Gigante Adamastor e milagres ali,
refere-s8 as "sete mara vii has"
Possuir = "habitar"
"a ilha e possuida da malina gente" (1,99,3)
"A gente que essa terra possuia" (V,62,1)
Com 0 mesma sentido de "habitar", Camoes usou outro termo: ter.
"as que 0 Austro tern" (1,21,7)
Rumor = "fama"
"0 louvor grande, a rumor excelente" (IX, 46,1)
Alem do sentido de "rumor" corrente no portugues atual, tinha 0 de "opiniao
corrente", "voz publica".
Seio = "golfo"
42
liE S8 Antenor as seios penetrou
lliricos e a fonte de Timavo;" (II, 45, 3-4)
"Logo as Dalmatas vivem; e no seia,
Onde Antenor ja muros levantou," ( III, 14, 1-2)
"A terra de Cambaia ve, riquissima,
Onde do mar 0 seio faz entrada;" (X, 106, 5-6)
"De la do seio Arabico outras gentes," (VII, 33, 2)
Os paetas quinhentistas se agradavam muito em usaf seio na acep9ao de
"golfo". Como Jeronimo Corte Real: Persico Seio (Naufragio, II, 680), A persia vai
deixando, e deixa 0 seio / Que dela tomou 0 nome (ibid., VI, 125-126) etc.
5.3 VOCABULOS DE ORIGEM POPULAR, MAS COM FONt:TICA
ERUDITAMENTE RESTAURADA
Claro = "ilustre"
"Que ele seja entre a gente ilustre e claro" (X, 25,7)
No verso acima, curiosamente CamOes usa a sinonimia ilustre e claro. Com 0
adjetivo claro, 0 poeta enaltece deuses, her6is, objetos, fatos, virtudes.
Quasi = "como que", par assim dizer"
43
"Os montes de mais perto respondiam
Quasi movidos de alta piedade" (IV, 92, 5-6)
Na literatura do Renascimento, 0 adverbio quasi junta as sentidos de "como
que, "por assim dizer". Segundo Gon,alves (2002), "reproduz, deste modo, um dos
meios de que 0 latim dispunha para atenuar urna afirmac;ao, exprimindo-a par urna
semelhanc;a, em vez de a exprimir direta e concretamante .. 0 simples emprego de
quasi era dos mais utilizados"
Virtude ~ "valentia"
"Alguns dos seus, que a animo valente
Perde a virtude contra tanta gente." (IV, 35, 7-8)
o emprego de virlude como "valentia", apesar de absolutamente normal no
latim, nao era leito de maneira muito habil na epoca de Cam6es, mas 0 poeta 0
soube tazer com maestria. Em sua raiz, esta 0 substantivo "vir",mesma raiz de "viril",
"virilidade", que significava homem do sexo masculino, marido. Assim, Virtus, Virtulis
designava caracteristica de urn homem romano.
5.4 VOCABULOS DE ORIGEM ERUDITA
Acento ~ "tom modulado"
"Cantava a bela ninfa, e cos acentcs
Que pelos altos passos vao soando" (X, 6, 1-2)
44
"00 latim, Becentus nao costumava apresentar este sentido em escritores do
periodo clilssico. Tinha-o, no entanto, implicito, dada a natureza sui generis do
aeento latino, como se comprova em Aus6nio, Epistolas, XXII, 48: innumeros
numeros doc/is accentibus effer" (Gonl'alves, 2002, p. 155)
Especular = "observar"
"Que os nassos sa bios magos e alcan9aram
Quando 0 tempo futuro especularam" (VII, 55, 7-8)
Com 0 mesmo sentido, se encontra muito freqUente em latim.
Humido = "aquatico"
"Entra no umido reino, e vai-se a corte" (VI, 7, 7)
"As aguas campo deixam as cidades,
Que habitam estas umidas deidades." (VI, 8, 8)
Foi usado aqui de maneira formal e encontramos em Virgilio muitos exemplos
de hUmido nesta acepl'ao: humida regra (Ge6rgicas, IV, 363), etc.
Humor = "liquido"
"De pescados criando varios mod os,
Com seu humor mantendo os corpos todos." (VI, 12, 8)
45
Este sentido e correspondente a urn dos empregos mais freqOentes do
humor, podendo se referir a qualquer liquido, S8 relaciona basicamente com agua e
ate podia ter 0 genitive aquae em sua depend em cia. Ternes Humor no sentido atual
como disposirrao de espirito; veia comica, grat;8 e no campo da fisiologia como
subslancia organica liquida au semiliquida.
Lascivo ;::;"brincalhao"
"Sendo das maos lascivas mal tratada" (111,134,3)
Este sentido foi diretamente imitado da primeira acep9ao do vocabulo em
latim.
Numeroso ;::;"cadenciado", "ritmico"
"Em versos divulgado numerosos." (I, 9, 8)
"Quante de quem 0 canta, os numerosos
Versos; isso s6 louva, isso deseja." (V, 93, 3-4)
Cam6es escreve fazendo imita9clO de urn sentido que vinha de seus autores
preferidos, como, Ovidio.
Repugnantes = "oposto", contrario".
"Solte as furias dos ventos repugnantes," (VI, 35, 7)
WOfuror VaG dos ventos repugnantes:
Depois que a larga terra Ihe aparece," (VII, 15, 4)
46
Imita-s8 urn sentido fundamental do latim repugnare que significava "oper-se",
"ser contra rio" , tanto com sujeitos concretos, como com sujeitos abstratos.
Atualmente como algo repulsivo, nojento; que causa aversao, najo.
Respirar = soprar
"Co'os ventos navegando, que respiram:" (II, 68, 4)
"Os ventos brandamente respiravam," (I, 19,3)
Como 0 verba nao tinha este significado na linguagem corrente, fica evidente
que Camoes trouxe esse vocabulo diretamente do latim. Hoje 0 verba tem 0 sentido
de as seres absorverem oxig€mio do ar e expelir gas carbonico. Ata indispensavel
para a manuten9ao da vida.
Urgente = "opressivo"
"Vicio da tirania infame e urgente;" (IX, 93, 4)
"Nem vendo-se num cerco duro e urgenle." (IX, 48, 4)
lmita urn sentido corrente do latim urgere que pode ser encontrado, par
exemplo, em Virgilio e em Horacio.
Peregrina;;; "extraordinario" "raro"
"Quem de uma peregrina formosura.
De urn vulto de Medusa propriamente," (III, 142, 5-6)
"Esse que bebeu tanto da agua A6nia,
Sobre quem tern contenda peregrina," (V, 87, 1-2)
Este mesmo sentido aconteee em Qutros poetas qUinhentistas como, par
exemplo, Jeronimo Corte Real. 0 vocabulo que tern origem no latim como
peregrinus. atualmente refere-se a pessoas que peregrinam, estranhos,
estrangeiros.
47
48
6 PROGRESSOES ORTOGRAFICAS: O'OS LusiADAS ATE A AOULP
Este capitulo tera como base 0 hist6rico de lIari e Basso (2006) para relatar
as mudan-;;as ortograficas que ocorreram em nossa lingua desde a epoca de Os
Lusiadas. Para talar das novas mudan9as ortograticas do Acordo da Ortogralia
Unificada da Lingua Portuguesa que esta previsto para entrar em vigor em janeiro
de 2008, serao utilizadas as inlorma96es da revista IstoE (2007).
Oesde sua primeira ediyao em 1572 a obra Os Lusiadas fai adquirindo novas
grafias de acordo com as regras vigentes de cada epoca. Abaixo, algumas palavras
do canto I, que no texto original de 1572 apresentam grafias diferentes das atuais:
Occidental = ocidental (1,2)
praya = praia (1,2)
Daque/les = daqueles (2,2)
Fee = Ie (2,3)
i/lustre = ilustre (3,5)
Peyto = peito (3,5)
My = mim (4,2)
Hum = urn (4,5)
Igoal = igual (5,5)
Hemispherio = hemislerio (8,3)
Dece = desce (8,4)
Yreis = ireis (9,4)
Dous = dois (17,2)
Occeano = oceano (19,1)
Cousas = coisas (20,4)
Ceo = ceu (20,5)
49
Fermoso = formoso (20,5)
Tam = tao (25,2)
fnhumanas = inumanas (60,5)
Pariiose = partiu-se (72,1)
Chis/ao = cristiio (99,2) etc.
Segundo Ilari e Basso (2006), a grafia da Idade Media, apresentava
diferenC;8sna pronuncia dos sons, par esse motivD, duas au tres grafias diferentes
eram usadas para a mesma palavra. Nessa epoca, havia a car€mciade narmas, mas
posteriormente a lingua passou par urn processo de estandartiz8y80. Esse termo foi
definido par lIari e Basso como Uo fato de que uma lingua assume uma mesma
forma para a maioria dos usuarios e passa a obedecer a modelos definidos" (2006,
p.197-198).
Nesse processo pelo qual uma lingua pode passar, pode existir a interferemcia
de fatores extralinguisticos. Ressalta-se as inovac;6es tecnol6gicas que modificaram
as a comunicac;:aonos ultimos mil anos. Com 0 surgimento da imprensa, foi passivel
que a mesma obra fosse lida com 0 mesmo texto em lugares diferentes, issa tudo
em alguns poucos seculos. Antes da imprensa, as obras circulavam com vers6es
manuscritas que eram produzidas a bico de pena em oficinas de c6pia. a fato de os
empregados nao conhecerem nada a respeito do assunto, as diferentes formac;6es
de cada urn, a propria demora na execu9aOda tarefa que obrigava a utiliza9iio de
varios copistas na prodw;ao de urn mesmo manuscrito, faziam com que 0 mesmo
texto se alterasse com 0 passar do tempo.
Por outro lado, os fatores extralingliisticos contribuiram para a uniformiza9iio
da lingua da mesma forma que contribuiram com a desacelera9ao das suas
50
mudan,as. Destes fatores destacamos: a) a fixa,ao da ortografia; b)o trabalho dos
lexic6grafos - que foi fundamental para que a vocabulario se fixasse; c) a trabalho
dos gramaticos - que foi de fundamental import~ncia para a uniformizal):2Io da
morfologia e da sintaxe; d) a definiyao de uma norma "brasileira".
A origem de uma escrita costuma ser caracterizada como uma fase de
experimentayao. Reconhecem6-la como uma fase de grande quantidade de
alternativas experimentadas. Com relayao a ortografia do portugues, essa fase de
experimentac;oes e indefiniyoes se encerrou em mead os do final do seculo XVI. Sua
principal preocupa,80 foi de fazer da grafia uma fidedigna reprodu,80 dos sons da
fala. E par esse motivo que e comum dizer que a ortografia medieval do portugues
foi uma orlografia fonelica.
Exatamente nesse periodo esta as Lusiadas. Essa foi uma obra em que Luis
de Camoes usou uma lingua perfeitamente regular e de extrema elegancia. Ela e
considerada par muitos a culminancia daquela primeira fase, alem de literariamente
ser a maior obra da lingua portuguesa e uma das maiores da humanidade. 0 grande
poema de Camoes pode ser interpretado como um momenta importante da
sistematizac;:ao da nossa lingua e da ortografia da mesma.
Posteriormente, a periodo que vai de 1572 ate 1911, e conhecido como
"pseudo-etimoI6gico". Eis a razao para chama-Io de etimol6gico: a dominio da
preocupa,ao de representar a origem da palavra na escrita. Foi nesse periodo que
se fixaram definitivamente as grafias de homem e havia no lugar de omem e avia.
Essas definil:(oes nao fDram motivadas pela pronuncia, pois 0 portugues nunca
pronunciou 0 h no inicio das palavras, e sim pel as suas origens graficas do latim
hominem e habebal. Foi tambem no periado "pseudo-etimoI6gico" que se fixaram
SI
algumas ortografias que despertam a curiosidade em muitas pessoas nos dias
atuais como pharmacia (por farmacia) e ptysico (por tisico).
Esse periodo era chamado de "pseudo-etimologico" e nao apenas de
etimol6gico porque existia a preocupar;ao de mostrar conhecimento nas linguas
classicas que deram origem a muitos vocabulos. A questao era que muitas vezes
esse conhecimento era precario, 0 que levou, em muitos casas, a explica90es
muitas vezes bern criativas e que nao correspondiam a verdade. Por exemplo, 0 h
no inicio da palavra S8 justificava, na palavra ermitao, que entaa era escrita
hermitao, porque a letra hera representada com uma haste arredondada, que
lembrava 0 cajado dos ermit6es.
o periodo subseqOente da ortografia da lingua portuguesa e a que vivemos
ate hoje. Iniciou-se com 0 IingOista.portugues Aniceto dos Reis Gon9alves Viana,
que, em 1911, produziu em Portugal, como fruto de seu trabalho, uma reforma de
muita importancia para a ortografia. Uma das mudanyas foi a supressao dos
digrafos de origem etimologica (pharmacia > farmaciai, 0 y com som de til (hysteria
> histeria), as geminadas (commodo > comodo) e 0 <w> presente em palavras de
origem germanica (wagao > vagao). Muito da transparencia da originalidade fonetica
da ortografia da lingua portuguesa perdida no periodo pseudo-etimol6gico foi
recuperada com a "Reforma de Gonyalves Viana".
o Brasil aderiu a ortografia "simplificada" de Gongalves Viana no ana de
1931, e por causa disso, as mesmas diretrizes foram adotadas por Brasil e Portugal
por algum tempo. No entanto, findos 14 anos, aproximadamente em 1945, uma
comissao binacional, encarregada de sanar duvidas menores deixadas pelo acordo
de 1931, apresentou certo numero de novas propostas, conhecidas como "A
52
ortografia de 1945". Como 56 Portugal adotou essas novas propostas, a ortografia
dos dais paises em questao voltou a ter distinc;oes ern alguns aspectos.
Somente no ana de 1986, a uniformizayao da ortografia de todos as paises de
lingua portuguesa comeyou a ser tema de discussoes e negociac;oes internacionais.
Foi nesse ana em que representantes de sete palses de lingua portuguesa se
reuniram para ensaiar urn projeto de unificayao. Os paises participantes deste
esb090 foram: Portugal, Brasil, Angola, M09ambique, Cabo Verde, Guine Bissau e
Sao Tome e Principe.
Atualmente vivemos urn momento importante para a ortografia de nossa
lingua, pais esta previsto que em janeiro de 2008 entrarao em vigor algumas
altera90es de grafia da lingua portuguesa vindas do Acordo da Ortografia Unificada
da Lingua Portuguesa. Apos muitos anos de discussao, Brasil, Portugal, Cabo
Verde, Angola, M09ambique, Sao Tome e Principe, Guine-Bissau e Timor Leste,
decidem unificar a escrita desses palses. Mas essa unificac;:ao naD inclui a fala, a
complexidade idiomalica e as distintos sotaques dos diferentes povos continuarao 0
mesmo, apesar das altera90es na ortografia. Em entrevista II IstoE, 0 embaixador
cabo-verdiano e secretario executivo da Comunidade dos Paises de Lingua
Portuguesa (CPLP) Luis Fonseca atirmou que: "0 fato de utilizar a mesma gratia nao
impede que haja formas diferentes de dizer as palavras. Presumo que a unifica9aO
ortogratica nao signifique a unifica9aOfonetica".
o acordo demorou muito tempo para acontecer devido a quest6es
burocraticas. Chegar a um consenso sobre as regras gramaticais foi 0 primeiro
desafio a ser vencido e isso foi possivel com a flexibilidade de todos os paises. Para
o acordo entrar em vigor, 0 documento final teria que ser validado por cinco paises,
e foi ai que 0 processo parau. Ate recentemente, somente tres paises tinham
53
validado: Brasil, Portugal e Cabo Verde. Entao, a comunidade decidiu criar 0
Protocolo ModificativD, que reduziu 0 numero de signataries necessaries para tn3s. 0
novo protocolo teria que ser ratificado par todos os paises e dcs tres que ja tinham
assinado antes somente Brasil e Cabo Verde 0 fizeram nova mente de forma
imediata. Mas para Portugal aderir, segundo 0 embaixador "falta apenas urn aspecto
meramente formal da assinatura". Em visita aD Rio de Janeiro, em dezembro, a
representantedo Ministerio luso da Educayao,MariaAngelica Ribeiro, declarou que
faltava apenas "urn passinho, uma questao politica". Mas nao esclareceu, nem
quanta tempo demoraria a ser resolvida, e nem que questao politica seria essa. Sao
Tome e Principe resolveu 0 impasse, ratificando no mes de novembro.
Portanto, agora e passive] que 0 acordo entre em vigor em mead os do infcio
de 2008. Par enquanto, estamos no period a de transic;:ao no qual a Ministerio da
Educac;:ao, associac;:6es e academias de Letras, editores e produtores de materiais
didaticos recebam as novas regras ortograficas e possam assim, de maneira
gradativa, reimprimir livros, dicionarios, cartilhas e assim por diante. a mesmo
processo se repetira na medida em que os outros paises forem assinando a acordo.
o embaixador Fonseca acredita que a fase de transic;:ao dure entre dois e cinco
anos. "Incomoda a Academia Brasileira de Letras que nao tenhamos livros editados
par uma s6 linguagem, com regras lexograficas comuns, como acontece com a
lingua espanhola, par exemplo," declarou Marcos Vinicius Vilaya, presidente da
ABL.
Dentre as razoes que justificam a padronizayao da lingua portuguesa
podemos destacar a fortalecimento das relac;:6es internacionais politicas e
economicas entre as paises falantes do portugues e outros paises do mundo, como
os da comunidade europeia, etc.; a promoyao de nossa lingua em centr~s
S4
universitarios da Europa e dos Estados Unidos; a cria9ao de urn padnio ortogn3.fico
unico para a lingua portuguesa, 0 que facilitara a definir;ao de criterios para exames
e certificados para estrangeiros.
A unifica';8o completa e urn prop6sito de forte alcance cultural e politico,
como par exemplo, ela e necessaria para que a Portugues, como uma das dez
linguas rnais faladas do mundo, possa ser usada de maneira efetiva pelas
Organiza90es das Na90es Unidas (ONU). Mas, para que a alva de uma artagrafia
unificada de tadas as paises de lingua partuguesa seja verdadeiramente alcan9ada,
existem ainda muitos problemas, tanto no ambito politico como no ambito lingOlstica.
As mudan9as artagraficas que a Acarda da Ortagrafia Unificada da Lingua
Portuguesa trara sao as seguintes:
• Incarpara9aa definitiva aa alfabeta das letras K, W, e Y.
• Fim do aeente circunflexo no primeiro 0 do hiato 00, como em voo e
enjaa.
• Supressao do circunflexo nas formas verbais creem, leem, deem, veern
e seus derivados.
• Extinr;ao do trema.
• Criar;ao de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciayc3o.Por
exemplo, uso do acento agudo na primeira conjugayao, tais como
louvamos em oposiyao a louvamos e amamos em oposiyc3oa amamos.
• Elimina9aa da acenta aguda nas ditangas abertas ei e ai de palavras
paraxitanas, casa de assembleia, ideia, heroica, jibaia, etc.
E apartuna lembrar de alguns equivacas carrentes e apanta-Ios. Urn deles,
talvez 0 principal, consiste em pensar que a ortografia e a lingua e que uma boa
55
reform a ortografica erradicara todos os problemas que a mesma possa ter. IS50 eurn grande engano, pais a lingua pode existir sem existir a escrita e tazer uma
reform a ortografica nao e tazer uma reforma da lingua, ah~m de ter urn Gusto social
muito alto. Outro equivoco e tentar produzir uma ortografia fiel aos sons da fala. Se
essa ortografia existisse, seria como urn dos muitos sistemas de transcriC;:8o
utilizados pelos foneticistas, 0 mais renomado deles e 0 IPA (International Phonetic
Alphabet) 0 Alfabeto Fonetieo Internaeional. Aeonteee que urn sistema de
transcric;:ao fonetica tern func;oes muito diferentes da de uma escrita alfabetica
corrente. A escrita alfabetica tern fins praticos e no minima ela 56 vai funcionar S8
ambigua. Pela existencia das inumeras variayoes lingClisticas presentes em todas as
partes do Brasil e no mundo, uma ortografia exatamente fonatica teria que escrever
palavras com diferenc;as de sons, mas com a mesma grafia, de maneiras diferentes.
Em outras palavras: uma grafia rigorosamente fonatica comprometeria a unidade
que a lingua apresenta em niveis de pais.
Para encerrar, e interessante citar Ilari e Basso, para os quais "um fato que 0
professor de portugues precisa saber a que a sociedade atribui com frequencia aortografia estabeleeida (e a sua reforma) "valores" que nao tern nada a ver com a
func;ao de facilitar a leitura ou a alfabetizac;ao. Pessoas cultas e sensiveis ja
assumiram essa postura." (2006, p.202).
56
CONCLUSAOAo se talar de evolu90es da lingua entramos conseqOentemente, no campo
da lingGistica historica. Entao, para se contar urn pouco da hist6ria de nossa lingua
fomos buscar como referencial a maior de todas as obras poeticas de que ela
passui, fazendo dessa forma, uma ponte entre lingOistica e literatura.
Sao muitas as raz6es para se considerar que as Lusiadas e a maior obra da
lingua portuguesa e dentre elas destacamos neste trabalho seu valor literario e a
importancia de sua representa9ao para a dinamica da lingua portuguesa. Alem de
enaltecer as grandes feitos do pavo portugues e imortalizar as her6is das grandes
navega90es, seu poeta, no ato da composiy80 de seus dez cantos, trouxe para a
epopeia 0 que havia de mais elegante na linguagem da epoca do classicismo. Epoca
essa em que alguns fatos hist6ricos marcavam Portugal e estavam intimamente
ligados a lingua, como a influemcia espanhola e a separay80 entre 0 9a1e90 e 0
portugues, ocasionando, assim, algumas mudanc;as nos aspectos foneticos,
morfologicos, etc. e, consequentemente, na ortografia. Como resultado de varios
autros fatores, aconteceram tambem as mudanc;as semanticas em rnuitos vacabulas
que estao presentes em Os Lusiadas, como pudemos conferir no capitulo V.
Quanta as mudanc;as ortograficas, depois de urn processo de estandartizac;ao
safrida pela lingua, normas foram estabelecidas. 0 progresso nos meios de
comunicac;ao e a invenc;ao da imprensa vieram a colaborar com a normatizac;ao e
frear os processos de mutac;ao. Com 0 passar dos tempos, as pessoas nunca
deixaram de perceber a necessidade de altera90es na grafia na busca por formas
rnais aperfei90adas. Entao, na historia da lingua portuguesa, constam alguns
tratados e acordos de mudan,. da ortografia, bern como os que ainda virao, como eo caso do acordo que esta previsto para entrar em vigor a partir de janeiro de 2008.
57
Os motivQs para tais alterac;oes pod em ser IingOisticos au extralingOisticos, como
interesses politicos, economicos, etc.
Quanto as mudanyas semanticas, as figuras de linguagem podem ser as
responsaveis per mudanc;as de significado das palavras sendo geradoras de novas
significayoes. Por meio de uma investigayao etimol6gica, podemos descobrir a
mudanc;a de significado das palavras. Camoes enriqueceu a lingua portuguesa
trazendo novos significados para alguns vocabulos que estao presentes n'Os
Lusiadas.
As Unguas sao dinamicas par excelencia e mudam com 0 passar do tempo.
As mudanC;as fazem e sempre farae parte das linguas. As Unguas mudam, pOis
antes de tudo, existem mudanc;as sociais no ambiente cnde estao seus falantes.
Normalmente os falantes nao percebem que sua lingua esta mudando, mesmo
porque, estas mudanyas se dao de maneira bastante lenta e gradual. Geralmente os
respons8veis par trazer novos formatas a lingua sao falantes de classes men os
privilegiadas e pessoas rnais jovens. Por outr~ lado, os grupos que geralmente nao
daD inicio as mudanc;as, recebem estes novas farmatas de maneira preconceituosa
e apresentam resistencia em relac;ao as alterac;oes ocorridas, tach and a-as de
erradas.
Nao podemos dizer que as mudanyas empobrecem as linguas ou as
degradam, pais as linguas nao perdem seu carater sistemico e as mudanc;as nao
impedem a circulac;ao dos significados, na prejudicando a comunicaC;ao entre os
falantes. Da mesma forma que afirmar que alguma nova forma e erro quando na
verdade ela pode ser uma inovayaO, pois 0 que hoje pode ser considerado vulgar,
amanha pode constituir a norma culta da lingua.
58
A lingua portuguesa que Cam6es utilizou n'Os Lusiadas hi! quatro seculos
atras naD e mais rica e aperfeic;:oada do que a lingua portuguesa que falamos hoje.
Ela foi a ideal naquela epoca e hoje, apes varios anos e muitas mudanc;:as, temes
uma lingua que continua a nos oferecer as dados necessaries para a nossa
comunicac;:ao.
59
REFERENCIAS
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Bueno. Rio de Janeiro: Ediouro,1998.
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SILVA, Rosa Virginia Mattos e. 0 portugues Areaico: fonologia, morfologia e
sintaxe. Sao Paulo: Contexto, 2006.
TEYSSIER, Paul. Historia da lingua portuguesa. 2. ed. Sao Paulo: Martins
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Anexo 1:
C6pia dos Cantos I e II no texto original da primeira ediyao d'Os Lusiadas
(1572).
60
~os LVSIADASDE LVlS DE
CAMOE.S.
Canro prirnciro.
S armas, & OS ba.,·CrlarinaftJdos.t.:triaOccidental P!.nl..<J Lufi~[and,
Por mal'ts ntlll(a Jt anUS 114:
1lrgiJJof,~,<1;'ldaQ{emda Taprobw,Em perigOJ,~ guerraJ (JrOr~aJol,},1t1iJ do (ItlCpromelia afo'~Q hurnall4.Et1ItTi'$.tllferemota rdijirt1rrloNUIIO'i{tillo ,ql!ttantojllbfimll,ao.
Elambtm 111 mrmolil/lglorio{tu1)al ml!eJ 'l\eil,1lJ.ifOTirodil:ltandoA r ol"'prrio,'U' MttrraJ }Jiejo/as1>e;ljfri(:I,(!7'drAfia,dlldarao Jtl<ajlando,E~l(luepo'(jbraJlJtllerofJsSt 1140dal!.Ldn Motif libu/alldo.(llIfftmelotjpal/'attyportoJepqrU,Sf a tantome ajudar 0 tngcnho (7 ar/f.
A· f!/1tm
~(loJAbioGrtgo ,ts'doTroJd/I!>,AllIlIutg",otJgratrdtJ'IutfiztrAo:(al/e{rdt .Alexandra, t.7' titTfdjano,.Afd'l'1lad., }Iin(),j'2J1uttiltt,~.~ ttl canto 0P!l!..o.i!l!dl!1Lfl{thmo,.Aquem Ntptuno. (!l'U,Jrtt obttlrfu10'CtfJttu.dooquta "'u!a4lft~u4C4ntd,2!,tDutro}lodor maiJ altoJe aftuanta.
ElfDt TagitltJminh4J ,pais (ridaTe"irs em..1!J.J!Jum nlluo tl~tnho arJtnft.Sr [tmprt tm lftr{ohumildt.aftbradoF.yJtmfl1Ojforio alt,grtmtntt, .tJ.imt ago,a&!!!!l!oMafto, (!J' lublimdD,]illmcllilJg,s,antldoco,& corrtn!t.tporqur dt liolforagoar 'PIJt6D orJwe 1
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P'os.!!!!!!p,&nouor4l1lofiortCtnit,D, kY aruortdtQaiIJom4;S amaJ~~~naJ'iJano Occidtntt,(~rarta,ou Chriflianifom4 chamad4!Ytdtono }loBotftuJo, qut prt{tlllCV()Jamof1raA lfiEioriajaplJlJaJa.'Na '1RalwIatU por a~mal, cr ariXOlLAsqut.d!:ptra[t1J1t Cru~tomou.
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Ymu alnortlapahil1 J nao mOllitio1),pmniol>il:mar l1/tO. ($' 'fUIl{r ttertlo~t ~l2!.pT(mio }Iii, ftr conhtcirloPar ~ /'rtg(1(/do ninho tntup:l.ltTllo.Ou"i !Jrrris0 nOIllt.tngra/JI(reido.~'IMil!fdtQ'4C'1n foit!mllorfllprrno.E jll{garrisqua(1z!.mail (XU/MIt,StJtfdonJundo'R..!j,j(d~Ill/gmu:
II Olllli,qut 11;;0 }'trtij'0>111>;1flf(mhalFantajl;caJ,p'}JirlaJ,mrntirofal,LoulltITOll>OOul•como /'las,prallhasM,,{at, atrngr4 timr/, dr/tjo/IlI,.drlftrdtlJtiras 1>00111~t4ml1nh4.l,Qutt,J(mlrm Ifs/",hadas/abu/ofal:~t txuJ,m 7{od,tlnolflt,ur0 liao~I,gtiro,E Orianio,illa41"e/or4 }lrrd4dJiro.
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11 Em \101(e l>emtl4 Olimpira moraJd,
1Jot.~,aJ 4ImarC4famofor,H;;d 1M p:JtAn!}liM doura.da,OJJftl pa/AsbaI4/b.1J{tlf'l.'liIlOII.J:Em lIoIt/pUAO,l>tr/t ftnOu4d4SU4/lltmoria ,t!J'obriH lIll/trO{tll,E fa 1101 ftm l\jgotrnofim d« iailJt,'No ttmplodaj~pftmarJtrniJaJt.
Mil.
CANTO [
18 Mdr rm 'lU4n/otIlttempo paJfo lm/o,Dt rrgmltl 01 pOUOJ, qUf 0 Jtjrjdo:.1!.JyvOJfoUOrdonouoDtTtui"'t1110,'~qur(Rtlm(uJlIrrfo, \tl1jJos(tpOElttrtisirrortllndooJalloargtnto:OJ lJo!JosAfgMlautaJ,porqutlJrj.1o.2.!!.'~ vifialat lJOInG mar;:;;Jr4doJ,fCOJ1Ut71lli~Hlf j4ajtrint40Cdao.
19 Id1lt1(a,,!,o~'MU(J:otU~0,.A,i"ql/itfill "I/J,JI apartnndo.OtVtlJtolbf.fIId.JmtlJtr.~t1)aJJ19.Q.S41llrllalrolluHld1inchanJo:1J4 brallctJtfiumr1 ,OJ m"rttfimtf1raU40(ubtTfof~o/IC/r'Hproa;lJ10(ortanda..AIm.Jfj/jrna,~conf.'i.r4d'H,~tJogaJo de Prottofilrn(orlad.l1.
20 !l!!dIlJooIDto{t,noOlimpo lumina[o.OndtagoUtrMtf7.i ,Ja hurnallag",teSt"julltAOtfTIconfiliog/orif)(o,Sobrtal S2Eh.lji4tWTlIldo Oritntt:Pi/_miD °aifill/inoM,.mno{o,-Pt"'l'tftlVi;l LdFlea,juntdnttnteP'!l40f4JOJJ" P4,tt d(TOllanU •Pc[oNttoLtntilJIJ ]ltf!Jo.Adilntt.
A f 'Dtixao
21 1)tixaodos{tte(tosortgimtnfo,~e do podtr mairaffo/he[oidado,.AlIopoatr, qw~ /05fl.ptnlamtntoGoutrna 0 ((o,a Trrra,(!J"0,\tf"r.~_,A/i/tlltharaoiunlolllum mommle,Orqll.th12bit:io°,ArEllirocongrJdn.E orqll.to!l!dlroltnJ,U'4'/,4'ttJ onde.It duroranaFr~r..!l'0 c1~foSolftcj,ond(.
22 Eflauao 'Padr(a/i{ublimt 0- aiI/o,QutltibrdOlfUl,,~~d(j/I/I(AlIO,Numafftnlo dt tflrtl/llJ(fijldi"o,Com gtjlo4lto, (rHtrO,ts jobu<lno,1JorojlorrJpirau4hum a, dil4ino,!2.!!eJiumo (Orn1r4hum ((Jrpohumilno:Com hiidCOfoa,U' ((ptrorutitantt,1)tollir4pdra maiJ el"raqkt diamantt.
25 Em luztl!tr;.zjfilltct,marcbtlaaol1)(ouTO,es d, pt,{41, m<liJabaixo eflall.:loOs outrOJ:rU.a/!J.loaolafJtnlildof,(omoalJtjf~.?io,t.7Il O,dtm (Ollcntauiio;tprtudem 01ant~wos mais honrrados,Mil abaixtl01 I!IMorrsIf aJltntall(w:fJ.!!.<lndolupittTdito3fb-di~ndo,CNm (om de l1o,tomr5a,graut C7 horrtllJo.
£temor234
H Etuntu matadortlda lu~n'tE{lel{"o polo (S darn ajJcnJo,StdogrtJ"dt lodlor Jafor/I:gtnft.1)1'Lujo, ni,o ptTJr;Japtni'Hn(nt~,1)twtifJtI,T /abiclac/ltTamtnlt(omo!1!JoJ{4do'grandtJ wlo initnlO'0!t por tJ/;,./t/qurcilOOI/JUnfanOI,1>r A]li,ioJ,rp"/as,Gagal C" ~manol.
25 la/llrfoy( btmOl1ifles)(onuaiao.UuJJ podtr!JJ.!Dfillgrlo(S l.4.!!1ptqw:nr.TOlffar/tOh{ouro(artt0'J,llltrnecida,Todaa UtI'a'Ttli'fr~.1 0 Trjo ammo:PoiJ eonlt.tO(4lr'ji,allotalllitmidoSr'nprtId("J7~oUfaUOfd;fio(urno.A!l.i'fllr{rmprtrmfom(pmfama (5rglori.'i,TturOI~pwdl!'!lUjd.1 viCloria.
~6 'Dtixo Deo(rJ~af'ma!!!JligJM. ~Q!f!'ntJJ.rnudt'i\onlll/or:lran~arM,~af1,{olomVafiI110,l/aillimi,g.1 ~Clltfrr.'1\oman.lla1/IO/t~/~a.Tllrn/ltmdti;'(1)11 1If!nlM;.!, '1l1tO.Ob'i,g,4.Ii!,.•ndr nolilt,11unAo alOMRtaraoHllm pOf{tl/copi/llo,'lUI:potgrinofi~ion4 ((fila'jpifilod,uil/o.
.IlJorot.
A~a,a vta(Jb,m, quI' cornt/mio,o djlliaolomar, "urnImlJD/rutPor }li"nlmc" )JladlH,n40 t(m(nJo1Jt&Id!0 ($" Nolo tIfOffa 4 mailfotrtut:~e lIurntiotantoi'qUtAl paruJ '/ltnJo~Ondt °di3bf comp,iJo,f.S onde brtllr.Inc/in,jo/(11 propo{tta,f.7' ptrfiaAlItr aJ btffOljondt n(Jftt°Ji.:
28 Prrmlttido IIletpa do (aJo tierno,Cui.a/tlde}.zwv.poJt ftr 'lUt{;radd,fl.!!,tImhdo longollempo! 0gouuno1)0mar, qUt lit do Sola roxlI tII/rll/1I:
Nal ago.!1ttm p4Jad() 0 duro lmmno,Agtnltlotm perJidaCT trab,J/bIlJa.laplJrm hem/tifo,qut iJJt {ti4Moflrdda A nOHatttra quele/tjll.
29 E porqur,camol,iftrt, ttm paff4aOlN.111iagem, tam a/pm! prri,go!,TAJliO!(fimal (7 Ceol (xptrimrntIlJos,Tan/olilrortie vtntosinimigos~t friam,de Urmino, tll.n/(JihaJolNtf1(Jcofill~comoam~or.Eundo(~uarn'ridaa falfofr0ta,Tomari/o afrguirfa, tongarata:~
~"
CANTO I
EjltlJpill:JuralIl1pitt,~~u.lu/'OIJ.b2/IJ,po'ort/tlllrt(pfJ/lderufo}Na{tnttn!aI,J/mdooUITO difirill,~tOtS diutrJaldam/o C!r rtrthtnJ".opaJ,e'B.uo, "f~ (onftntill.NO'lUf.lupilU tfijfo,con/mtndo~trqUtctrdo/tUl [ei/olno Oriwtr,Se fap(JjJIJrII L"fitallagtnu.
~1 Ouuido /iizfJ4aDs Fadol'lut lIiriaHuagtntt fort!fimodt Htlf4nhll,Pdomar4!to,4 lJllaljojtilaria1>.$ ('lai4,ludoqllanto Dnrilbanha:E'Om1l01llf$lJiElori4lPencerid,.Ai,miJIJnti,ga,oll,[ild,OU/offitflranha•.A{14mmltlhr.~pudcr aglori.J,'De1'uNil" celtbr.lina"amtm"ilS.
32 Y,qut jll/eUt0 Indo{ojugalo,£ nunelf fhttirollFortUlIIl,OU(lifo,Por vllfCeJordafndi.sJtrcdntado,'Dr ql4411tOI btbtH1a ,,gudt PIVII"fo.Ttl11tagora 'IutJtja/epllfc4ao,StU tlSm((ltbrtnoml ,lm mgro 1ilt/o~
1)IJ~o4dol{'l'/tlimm/a,jrW (I,tgaoOJ 10rieJ 'Portu,gurftsl'iMt IWttg;fo,
SujltntilulZ
S ••filllt.u4a(ontratlltVtnul htfla.AfftifoarlaIfagruu L,.{it;;;;;:tf'orqllllHltJl'lll(JliallJ'J}l14ntlltt,1)a alll~a111m allllld4/ufJ?.amafla,Nl)sforul (orAfOrj, nagrandt~~t"'oflr",;;oflatrrr4Tin.gitllnA;E n"~, n. QII4I, quando imagina,(0111 pouca (Orrllf)40at 'l'lt!!:aLii/ill/I.
34 EjJA1CIIII/almGlliao0Jtrtd,E m.jr,PGr'llltd~j7'Af(dHitll.:J (nttlln'~Q..utIUJ 't{trctlthradaII "4rd Vta,Onat agtnU btfigtraJttJltndt.APi 'l'ltbum prillinrtlmia qlltarrt((a,Eo outropO/ltlhonrll1qutprmlt"(,1)tbllltm, f.,'Tn'pt,fin pt,mantum,.AqUlliquu/tlllamgru !auort(tlu:
35 f2!!:l[,A.j1ro!tro,ou'Borttll natfpt/Jura,1'Jtfofll'llrtaruortd04bafle(ida,fR..omptnAoOJ rllmOIl>.<Jaa/tlllt.atjilll"dJ
CU'/Iimpi/a {f'braUtt,4Jr/mtdlda.'13ramtlrod" monttl"h~, 0101llmUfII1flU"d,
~mprnl(al (o(has!truea/crraerJlfida,TallTlfdlfuao tlmlu{/oltutlnfado,Entre OJ D(Ofi' no Olrl/rpoconj"2.rIlJo.
M4s235
60 fartia altgrtmtnltntJUtg4nJo,,A)ltrasnaolligtirasLllfita"dl,(0111 rrfrr{roda terra,tillfi widanJlt,~ fE!E~!!ElarJtnltJi'lbulntJtl4J:~t O!dpoUftntOI Cafpio! ;'abiland~../fcoIl1ui/laraJttrra!AfitJ'Ia!YiUdO:cr por ordem do deflillo,Dimperio tomar;:;oa C0ftantino.
61 tJ\!uhto(!pitaoaltgrrmtntt,o Mouro,C" toda[ua cOlllpanl,id.1)allJtde riralptftJJ !Jum prt(tlllt,~r fflprraIJl0l!i!!]4 tra.;:jtJ:'DalhecOIIjmltJdOft,(7 tla/ht0drJmftN:io )Jladoficar111t d,ia/fgria,Tuda 0 M'ol/ro{onlmie brillrmbl,E muilomais {o1ltwftcomtJO' beht.
62 EjlJagtntemaritimadtLflJo,Suhia::ptlacxarci4,dt aamiraJd,Notando °tflra~tiromodo,(7 lifo,E a lingo3gfm lJuftharbara(:J t'lifaria.TAmbtmoMoUToaflutotJ1Jum(l4/o,Olbandoa corjotrajo,cra fortearmada.Eptrgfmfal/dotudo/bt~gja, ,SeporptlltJ4ra}lil/hEoatTtlrqUla. .
!B 1 £1114"
6;' Email IbtJi;zlolmhtm,qUt lItrJe{tjaOlliJirOlatfilaity,prtetito,oujt,'PUlA IItrIecOl/formtafuaftja,Ou jtf~n dOl dt (hriflo,Como at:EporqHetllaoMle,(7 tuJol!eja,Ao Capifaopeaif/,qflelhedr,Monra aal(oritsarmas ae qUi lfauio,0!andocosinim~osp~.
fR.!lpondt °lIaltTo{o Capitao,
Por hum 'lilta lin,gIU t{cllrahIm /1l6ia.1)arleQ.SenhorJ.!!!11E rt/Q{ao;Pemy,a.z..l!1, clasarm"s quttra~a:Wm/os,a.1 !erra) nnn"" grr!f~'Dalgtnttstnojojasde Tur'luia:'Malfou cia/orl, Europa hdicofo,'.Elf/flo41tUfas da India.~ famofa.t
65 .A.J!:ittrJho~f.a(UjoimptrioOheJm 0 l!ijtbi/,(!J'inuifibil,~tqlltCliof(todoo Em;!/!.htr;o~.Tlldo oqUl!/tnlt, (S todo0 inftnfibilQ.ut~dtshonra,Ci"}Jituptrio,Sofrt'ldomorlt injufta,C7 ifljl/lf/bil:E'lu,dCl(tO!!!lerraemfimd«!9,Por JllbirOf mor/aiJ.faterraaD eto.
'DtJl.
CANTO I
1>er1tDt/'lf home"" (llto.V?;njillito.01 LiurClsqlletupedts,~tra,J4.~bempolfo('ftflrar [ra'Zcrr/aiptoEm papd,o qIJe11;1 almJ,(IIIJar~atlj~J.S~:JIarmas quertJ lItr, como ttl ddo,(omprido rffidt/tjoujrr;,,: .Como am~o Qsl!aal, porque ~u,m~ obllgo,!l.!!,emmcaasqfl(irIlJl!trcomotmm!!o.
61 1jlodi::."tnJo,maIlJaoJdifJ,gmtttMmijlro!,lllno/lrararIITmIlJurdf,Ytm arnt/ti,cs ptifolrtil/~nttt.Malhar fif/Jt,0' laminas{rgurdJ1E{cIlJrJfJe pint'lTltlllij{trtIJlts.Pilol/roJ, E'fpjngardMJ~afopural,,A"{Of,0" /agitti[rrtH Itijalllfs,P'JflajalJaJaguMs, {hu]4shTau.u.
$5 .AJ bomh",J lIunJr fogo, &' juntamtllif..ftSp4!J!..!!EJ./lIl{l4rtaJ,tJJm.danojar,Porem40ldtllulcallo/wn COf//ntt~eJrlllfogoaas bomharJaJ trmrrofu:Porqu~ogtnerofoQJlimo, (!i' I.alentt.ElIlregtnttstam potlfasJ (!i' mfaro/aJ.NEo moflraquanto podt,<.S (om rrlZdOJ
~b~frarle,a mtrtolld/'as(rr /iao.1) i Porcm
69 Port",Jijlo qlleo 'A-fOUTOaqlli notOIl.Edttllaooqur~.com olhoatento,./.i3!Dodiocertoll"almall,tficou•lliA,}JMtaae lilaar:prnfammto.NarJno(ira!,&-nogrflo ouao mofirrJl,r.M.ucom ri/onhrrJVJ"ledo/"'gimtnta,TrataloJ hranJamtnte daumina,Attquemojlrarpojf.J.°1/jejm~j"IW'.
;0 Pilo/oslhtptJi;lo(!pitiio,Por quell/poJr'Dta.1 Ill/Iiafir lruado,1>j~bt, 1'1( 0 largol'rtmioItu';riio,1Jo irabalhoqueniJIojor tom/fdo.Promrtelbos °lYfouroJ(om ttnf;io'DtpeitolItIltnOfO,&taoal1nado:~t a mOft( ItpadtlJe ntfitai(1jEm lugardrPiloto!/IJedaria.
71 Tanldllho 0 oJiOfo}, (!J' a ma l!Ontl1.at,~t aOl rflrangrirol/lipilOtomoll,Sahtndo fer{tquaw Ja lItrJadr,!l.!!.t0f.iff,0dtVallirlllOJtnflnoll,Os/tl.rrdosJa'lll.dl4Ellrnidf/de.AqMI/)J.!!L"2.a~:tIlInaotl"a1/foll.~ nll.lICafaltrhum pufido iw'm!go,.;1 a~lltlfes de qlltmfofle tantorltnigo?,
Partloft.238
.~!II;f!ofi1:fim!£.E.col/Jp.lIIhitJ,D.u I!JPI0 {aljo~{OIlI"O;{eJpdidv,[0111 (lt~'lIID!a·(S.srllnd~comfit.[olllgt{loleJoa todDS., '~.:7fill$/fo:(ortar.ioOfp.::!1lif4curtl!}liaVal.l,goasdt N~pIJilIO, ~- rCCCbiJllNa ittrado obJrf/litllUajulllammto,Sif!!:L0 MOllroaoco3'lito ..!poufr,~io;
~l 1J()".Jro~J'J!4toEftl'to,ogr1oTthdM,7Q3JiJ PJti~I/.II COXd!.2),/,.I{iidoOlfMnJO oapilltamcnto L,{tlano,AoAfouroFr Ino/efto,~ ':lIwraido:'Noptllfamel/lol.!JJ.d.'&!2~'lIlo(om '/I/t frj.1de t<'IJodtnfllldo~Ee1!!.~!!!E;iJ10{011.1Idllf,'iml/gill.II,.1(041$0 tf/asp<lIal"a!pr.1tiwla.
EjJ.ldo {.trloj,{rltttrmilllJ'/o,~t tJII:anl!.H}liflorirllt'lllfflmof:JJ.;I/io o}1 Port'w,tjn tI"4n~dn,'])4slldi4111lIPtl/{tsbelieD/a!.E CIIfo fi!bo,);P<1Ibc f"b/im<1rl'v,[om t,m/:u 1l/a/itl~desS,tIlCfo/4J:Ey Jtlofocr qur 0 FIJJofjllorr!ftOllfrcm,foT~ltemlllfll1l0nlcJt:rf(t(l'tf,l
Ja'lJliftTiia
T.Iqui{trtJlnos Dto{tt1~i ti~'1F',o ri/,oJ! Filipnnrflapltrtf\Tj/nlo potier,que Illdo/vmmjfi'J)th:J/xodo (tiljl!F,0)ofiroMam:Jr.JaJI1/Je dtloffrrr qltt0 FlJcioJtffi,.A (IJm pau(ot til,"a/JbQesfo'~o,0' arttG2!tu (0i/:J/1lMdutlonio , &" IJ\omano,1)tmoJ lugar JOl/omi Lllfit411.!
7h N40 flr.1",ffj,porqlletJllttsqflt"Jtg'ufoStjatfle(trpitiio,aflul:tmtnltL/;!fira t,mlO tng.vl!'fabricaao,Q.£!..tn~ncJ}ltJaaJpartrJdoOrientt:Eu aoccrt) tJJ ItTTa, & ointlignadlJptito,rtuo{utrtYl/a "A{allra$,rntr~porqlJ.tfcmpre pDr lliayraderritlf,~mdooportullO tempo Ie aproHtit4.
!flodi"'m,lopatin, &tJua/i i,,!dJlo,Sobre.:terra AjJ,!J(an,lde/ul/deo,Ol/(lrlttflimloa{onn4 & gtJlo hllmano,rprr.lo'Prcl!o {lJbidofi11l0lleo.Epor mijl,oruccr0 Ifflktorngallo,'Nogt[lon,lIural{ecolJucrteo.'Dum HfJ~/'o,cl/I MO~'ll11b'q~r {onhuiJ~,Vdho;fobio,!7 co Xr'Jut 1II1~ l'a/ido.
Een/rando
CANTO I
78 EflllrtlnJ04hlJ{al<1flllf,alCmpo (,71'GTlU,.ft {tJIJ {aljidaJ( acomoJaJar,LIJt Ji" (omo u,iogtntrs rOl4baJlJrar,Efl4J que oraJe1101l0 {am chrgada,:~J.unarOrrllJ(oflil 1II0radlJrat.(orrenaOtlf1m(f lIrio,'IlierOJ/badar,Foriiopor tfItsh()lllrsque p.JjJ4uao,~t com panos d~f4'-ftmpTe arleorauiio.
79 SrAbe mair, /lJtJiz, (0l1l/)tIIttndidoTW/10 J(flelClrrift;ios/m!gllinoitlltos1~quafitodoom:J'/(m defiflliJo.Comrnllbol,corninWldios}lio{cn/oJ:E trazun ja dt lOl/grtl~Qllo}lrdido,[ulltr4110J, tr ql/~tOI{OSlUll illWllOSS1m PU,IIIDI maf.1ft'II/,{7 rOllb,lrem,E molhtw(,7 jilhos(,Jptill.Jum.
so E. tdmhtm fty que telllJ(((rmilll1Jo,Dt virpor ago:Ja terra II1l1itoado,o [tlpir.iodOlfiw ,{compo,tllI/do.~ d"tel/sallJd<lnadilll:J!ct0 mtd<J:Til dwrsdtyr t4mbtlllCOl teus IlrmaJoE(perallo tm (j/<lJa ,ow"lto r:rqutdu:Por'/Ilt{tJillJoagmu defo.lJdadaJ(Il;T:1Oi",jtmcilte114tilda'l.
EJlinJa.
81 EJr indanao fitt:TemdtRt gtilo,DtRrttydoJ, ou mortostotalmenfe,En tmho hntJ,ginada 1/0(onailo,Oll/rtlmanha c:rardilqut(((al/Utilt:J.,'(a"JalhedaT Piloto, qUt titgeitoSrjaafluto110tngallo, c:rtam prudente0!.!osItlltaonde jrj.1adtjlruydos, I'J)esbafat.doJmorfoJ,oupefJidoJ.
81 Talftoqutt{1arpdaurdl alahoM,o Mouro nos fIJi, CIJ{oI ) (abio($')It/EoOs bra§os ptfa£0/10Ihe/an$o«,.Agradeundomuito 0 talconjtfho:E logontffiinflanlt(olletTlou,Ptraagutrra a bdigtro apal'tlhti:Pera qllt ao 'Portflglltf/t /hetorms/fo,Em TOXO [allgJleaagoaiue blJjeajJt.
~3 E. bl/Fa maisptra0cuydaJo (~ano,MOUTO qut porPilot044 1/40 'htmandt,Saga, .•afluto, (F /lJbiotm todooJ.sno1)( quem par IepofJahrlmfiitoJ,l'a,uJe,Di,lbr que awmpanhalJdo 0 Lllfitano,1'f'0rtailco{lIJJ,&mofweotlltanJt:~ Itdaqui tleapa" que /adilll/le:V4 caiTOndt mmcajra/wantt.
lAo239
8~ I04ora)'oApoli,ltfJ 'l!i{llotUa,
Os HOI1lcSNablllh!oJ aundie/o,Q!.!..JndoGamacos[wl Jrrmrri~dlld,1)e 1.;r por a60l1 a tcrr.f aptrubtdo:AgrnU1UJJ bauisfico11Urlau.1,6'110 /efo/fo0 en,gal/oj.:jabidu;Un pode fofpcitdrftl,fCiimrntt,~e 0 corar:ioprtJag.omilled.menu.
65 E m.1i, ralllhcml/J,mJJc/otiI11", Il/crrrr,'DeanUS pdo 'PilatolImIFII"io:E(oj/herefpolli/do)1.'111 (om degI4ml!,
(ilfo claqlltWyd.lU.Jmll,w (o/UrJrio:(Por iflo,0' p~rqrlr{abc _1l1antOtrra,~WlftcredercUpC1fido (ldu~rJ'lrio,Aptmbidollotycomo pOJi.i,Em (telbareisromwu:qu~ trd::J;t;
66 },(,JS OJ N!ol"OI1U( ttnd,w.7o pda P'.1j',I,Por thederMa,f II ngOd dr/rjaJa,Hllmd~tl'IIJormbll'pJ(), (7 de (/Zll<~a)\t,
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88 ~/IIO(Orro(ang,uin9,oftdoa.l7wtlr,Vtrtl/IJIf ftrmO/4 J4111aJr/qIJa,o TOl/fO bufca,<:r pondo IeJiantr,SrI/ttJ,corrt,jibiI4,4un4, C7 brltJ4:M(Js 0 ltninul4tro~tm/ft i"fltJlllt,(0111 tJ[rontt cornigtraillcli,J4d4.'Bral11lt11doduro (Orrt, <:rOJa/hOI (tf'rd,
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89 EiJlIOJb.tttiso(o/J.0/fleuanttl,Nafl/fjo/a cr durr:lff/illJtria,.A plumber! pt/11n:f1fa,0 braJo t{pill1ta:F.tridooarrtfu1llbd,(!/,4jJouia:Oeorll!I'II1:1AOJ!I(O/Jrol[C1Ile6raula,o ((mors/"nde 0 (mlJ,mll)/:{({iia.I<t(ogt ot/(OI'IdiJI'IaCIII(Jro(o,Emomodtflibcrto auel1t11rofo·
N;~
CANTO [
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91 FUJ.inJo,afoldO i\{ollfoJlt.tytirtlndo,Srm for).)Je (ouard~,($ d~ "prr/FJo,.A ptJra,oplio,(S 0 c.mlO 4nemrffar;do,'Dillhtarmal °furor drill/judo;laa lilJa,(710400 mait, Je{t'mparl4lu{o~Aa tura finnt foge amcdrom.do.Pajfo,(7 cortJ do mar °rjlaifobrJfO,!l.!!! a lJhlf em rorno Cfr(aI fIn poucoefpcfo.
HUI lt~OIIfIt almaJi,tl cllrrpg,aJar,Hum Cortd0 m,lra IIlldodi/igfllt~,~tln Itaff0J,anaJ ondaJ tnrurUJ4411Q::tm btbt °mar, C"'O Jtitajllnrammrt:,Arromb:io dJ meUda! bornbardad.s0/ 'P.mgaios(otilda brur,tgrnt!.1>rfla4TI.(otpor~utltmfim (a/li;)I,A ..,jlma{,ciaJprrpd" ,inimi,ga.
Tornao
Torniio ltiF1nrio(oJpua a armaJd,(od~pojo daJ,lItrra, \.!1" ricltprr{dJ
E It.104/rll.pra,n flOZfrag,o,ula,Srm ad.'arrrfifhllcia,IItmd(ft/aFi(all~a M<1l1ragtnlemagaada,Na od,oanr~o, mai, 1k( nUIl(aactfo.E lttndolun IIingallflt(allfodano,Samrlllr efl,iba nofti.Wldocngano.
94 'P4VS com,'ur mal/daarrrpwJiJo,o 'R.!J.tdQrJ.t'llitflaini(atrrra,S(m/(r~os LufitallostII/Maido,~(t", jiglll"ddepaz /f,rmandagurrra:Porqf4r u Pilotofol/o promrtido,Que toaa" rna unJdo no ptitotl/eara.Pua os gll;,1f a4 moru fbemandautl,Como Cmfilt4tdasPG~.lJ que lra/litla.
9S 0 Capitao, qUt j:1l1)trntamCOtlkinl'4,Tornara/fl4caminlio aeojlumado,~rump()(onttfttJJo, C!l"trentoltinha,P"4 yr blljcarII Indo J(ftiado.~tctbfl/dQo'Pi'oto1I1tf/)t\1inl!d,l-oydrltr"f~Jrtlnr1Jtt''i.4{<1/Jado;E }"frpol1d~"doao mfll{agciJ"o) a Irnta.AM vell'lfmlfndlfdar.1OIII'l.o ltent/):
])'[1.240
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Ptf~ /J{iil/dina#aaltd"{rota:'}ofalaDro/arm (jtbtJtet/,braJd,]lrndocomo dC;X4U4 a {frtarotd,Por Jf bllle"ra moru ndO (uidaJ",N40 con{clllriur (111 fUrlSldOrt1l101#& ptreJagtflttdrllaCmltoam4da.E (()InlIenU)f(o"tr,,;rola df/uia,'Donde 0 Pilolof.I/fo a/rua, & guia.
'01 }.folJomalu4doJvfoll,o nampodrnlo,TalrftJtfmin:l~a., ltuarallanir,Outra maldlldo:i'liea(ummndo,Ai/II/arm{tllprilpo/iloconfl.lllu,LhtJi{.9ucpoisdJIJgoas cli/co"rnJ_,OJ Iwido pOf /i"',dpor dial/Jr,~to/ltl'a /lfla Urn perro, cujagrntt.ErdoC/JrijillOJ,om~fouroJjlln(al/1rntt.
T4/11lbw1.
CANTO'
102 TJl7lb(m nrflaJpafauraf /lItJ1Itnfia,(omo pOl' rrgim,,,!o t11l limfeua"t;,~a1lligrnlrdr (hrifionao4uia:MaJ1I1J1t4 MalJllmrdtalrbraua.o Capild()'fuerm Illdoo IIJ()llrOail!,
P'i'lInd04JlItifaJ, a 111MdrmandllU4:MtlJ lIam'lucrtlfdoaDro/lIgum-rlildoT.1,Nam enlrapda baffa, \7j/!rg~for4
Eflalu all/JaM/tYrata11l clJfg:Jdd,~!JUnttfltr;ro prq'ltlttladiuidia,HHacidadrntlfafituada,01rnnjronlrdo mar apnrrci:J,1Jtnobm rd,fici()J(abri(ad.t,Corn!'pcr forll,~IlfOll,~rdr/cobrid,~'lJdttpor hum 'R.,ei rI('ilIJt~lIa idr/dt,Mumba}a Iu 0 uomt J" 111M)& da CiJade.
.104 E.IOldua eltlltl C<!pi(ao chrgaJo,Eflranlmmrnu Itdl},po'11,rr{pmjDt podrr ~'('r0 piHIU b4pl;~arf(),
:omoo{nl/o Pi/olvll)('diOrra:£is vrm btl/t;r;nttrTt:(om r-(((IIio1)0 1?.ei,q"~jtl(abifIGgcdfr 911t tra,Qu, Bato mU/fot/ratlln0 Dwl"fll,Nt:f~r/lladoutrO Mellro 1"( (omara.
(l Urtcado
105 0 rt(doquetrll~1I1 bt dt alll{gOJ:
Mas dtbdXO 0 lItnmolItm ellhuiD,0!.roJptnfomttltoltraodrinim~ol,Stgundo {oJ 0 t~4no dt(cuhtrto.o grandtJ C!rgrauif1il11o'ptr~ol.OcaminlJo dt lIidanUIlC/1 (trto:
~r aOlldtagrlllrporm fua r{?trans",TtflfulJ~l>idatam fou£a/tgUT.<Inf4.
No ltIal'tIJntIJtormtnta, C!I'tdnto J<tn~,TIJnt4J)1r,,1 amorUaptrctbjJa,N. ltrra,lallfa !"trrJl,141ll0 tng4n".TanIa nrct[l,dlldtauorrtcitLs:Ondt ~t ;1colfm/rbllm fraco ,.UIti4M,Ondtltrajrgllrda(IIrt4l1id.tQ.::rnall/t41'II/t,(7 Itind~nt (}(toJtrtM.C!fl(r4 hum hi,ho d4tm.:l tam prqllrn••
Fm,.
241
ftl Canto Segundo.
none tempo 0'PlAnt/a,
hora. 110:.1 Jo Jia diflin-,guindo,
(hrt.a~11alt Jr/rjJd{/I {oS Itntl1~tlt1,.,A 1,,~;..crl(/ltaaJ1:,l'lltJ rlf("brlllao:
EJ4 "{tf nf<f,jt;ma (Ult/4,Ll.tt{llll/.loDtoJNoflurnDap,O'!4ab"Jo:Q.!.and04,infiria,grnl~lfr(I)(!.",a?••.44JIlIfOS,qHtpOU'OaUl;'lque allCOrarao.
f)"",rt rJlru'/u"tqUrtr,i"z tUCnmmrfarlo,o morti{crotngano,Il[l,rft,iil.(!pltiiol.afuojo,1"tc~rtadoTIIIJ eltN'pulflo" UJIlf:J alaI/a "'ilt,01triq ••tmalll{arfldlf11lf,allloraSllllo1)" wildt! til'am Itmea altl.,ia,0:.,1114m ar/tjn M4il11<t 4J,llja[/)arlt,
r.!!~tJ c::~ n~'-,Oa'io,,/orm4rlt.- f J §f"!",
Eporqull{1atmt(lftmO drfrjofoDtft1rtr,comocou{411omtt:Ja,
T110J:" 'Iutde ",rl. rtm/o.Ent,,, <I b,ur., tilcam toda 4,,",,Jd:Ep"r'l"tJo(am;I'lholfabalho(o.T"fiI'l1gtlllt thbil,e- C;J;,rfl<{a,1J;tQUt naUlra ptJatJ,,(orma{4.~a Ilall/TI~ (dlf~a a Jrjtjaltl,
E.fe bufiimJo11lUIIltr{t1dorid,Q£e pyoduzt 0 Aur/foro LruAffu,(!.nrlla,CrJKo) "rdrnu t}PUi:Jlid,QKDr01.al"lllli{tra,6'"p'tflalm:Ou (t1rurtJ 1,,{tllttprJraritl)O??llh;fino,or~iJo Di,,"'I1I1(':1).J1rri'(uortufllJo'Qm/ohtjo.(Olll qfJt lJ.~aJofim" tiN dij(JO~
:Ao mtIJ(.J.tiroor"itiiort(~uclr,..Aspd(aWrQr dO '1\ci"JraJtcrnt{o,E Ji~''1wtpor'1lNoSoIIIOTnllr(te[condt,N;'o rnlr.1"'4«m(ro nhtdtw1do,'Port'"1"((01710 <1 h, moflrarpor 01llitVillernprfigo, afratanao /rm!ndo,(omp'"..cjlmr(wo {tu Inllndado,!k! a mailpor taljrnhar rfiRobrlJ,at!o.
"- Pn&~IIlll.tE.~
CANTO II
'Ptri,rlfl!rrlf,tdt(poit,r;':f1.10ll'IW~:J
(hri/l:inJ,wl1I()oP,lotoJ/ude:;,!:J,OmclI{<J,gr;,oaflrito'jlltl,.iutrfll,LI}tdl{,qur;tllllliJd::grl(rm("'i{lo"i~:'DrftaJomao Friloll}tJtnerr"TOdd II. (o/peifa,{7 (iJUt,'!iJllfaji,,;Po-ronae 0 (Ilprr;io (tgrlflrTnrntt,'Se fill ciainjitl,(.!Tfa/fogOlf(.
Ede a&~J qllttr,uia (ondO/adol,Por(u(ptH, C7p~r{citaJlIugMI,a(ol •f}JorilltFnrlrDtm(rrIlUWflJrotial.Em(afo/,/41010~trdJJlridolal.Manrl ..,dOI/HI/.l!I r1J.J?..rr,~nf.ri(l,{I)I.Porql/~ ;rolw/dol;"'{OUTOft'l6lH/olo/,JfCtdadt,(7 podu,C'5'po'qM \ltjfio,OlquI'(Jmj1ltol.qU(jotalllovrrd'fij<io.
Epo,r(lr/oo'1{tiprr(w!u men:!.J.'1'0'1111'0bOlll'OIl,~d~ 11/( mofhr.llo1,Trnha {irmt,{ts,tfrQ,{ullfll, ~ h,1t1JI1,A 911al(,rm (lOCO'1irIlH'O tm ,udo tjlau.l.10 Il(Oltlt)(mI,i.1(>rrpla,(1Ie(llfJIio1JtJ1naoJ/ttlrfPtJ;~(70 mll,'corr.mo,For:~l7fwng(flor/et/ol,'0' pl/gitto"01dOUJ dO/forll em 1'''4rwbidol.
( 4 EJ'fp,i.
E dr/poi,que <10 1{tidpre{t"rJ,:io,~ moao OJprtftnltlque trA~d6J.A Ciaaatco"trao, (7 nOI.ir;ioMu;r() mtnOJ daquillo'liltiutrilo.~eof Mourof(auttloJolItguard,ira.1)t lhem~(lr4Ttm lrtdo0 'Jueptdiao.~romJtrtin,jomll{icio, ,flll_ r((rio!l.!!!(Jfo{ iJl1.<JJilzar lloptilO411,,;0.
10 }.{atd'1rul{tque {tmprta mocidaJtTtm noro(1optrptlUO, (!T fOJ nafiiJo1),ar/tlsmAil: 'iut)lrJio11f,jffidl1dt,'Por lItr CIn4utgontt drflruydo:E(lOtl4 /lU4c4JIJaO Gdanr,ComrojIolmmllno,& h4bi,0 fingiJ.Ma/JrontJo(r Cbri{liio-,(7jahricau.IIlIm a{t••rJumptuojo IJUt ad"AU4.
'.Jr,tin!,dtmrUrat~ (J/!~I/roda'Do altoC!l'Sal/Elo/piritoapinturo•.;f candidaPomhinha a,h/lxaJa,Sohre (J 1Ilj~aFlIIix1>ir$t1llpurllJAcompQnfllll{anEta((lapintatltf
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1)OJ dozt (11m toru4doJ na fi!.lIrd,(01110 OJqut ,[0 JIlJiing,orrlqllHoJrAo)'D(fo~o,Vari4J (;":'001rrftrirAo.
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On:laol/ltiltm,gano'1JrfctlcffalllJPo,,"tr.t (trraosg,;lIl1m.(7oJ {tlltidolNaqudlt D(lu. q~t 0 /1JIllfJogouUnllf1.JOs cf)(irortx(({/(nlesprodllz:idor,N41'.t.rrcfMi40dori/mlqutinwllfo Thin/ltu, (9" a{llpard~,rtJdcirtJOfalfo DtoslJdorao Imd:zdtiro.
n ..tf(jll.iforaoJtltoitta,g<tf.llh.dol,Com 1010 01,0111, f.7 honr/lo traial1fMIOOr dour Chri{1Jol, "am III!!IJo'lilttng'1I11J3Os ti"I,IJ0{affo, c:r{tfnfhJiflgirnwto:}.faI ajliC0l/10 atraJorr/pll/bador!JoSol (ord.ono mlllldo,c:r IIJ{III mom'nt~...Apllrma III)rubido Orj-zynu, •Nt: mor4 d, Til,io trroxa {rontr:.
Torn.1o d,1 itrrdIH MouroJ co r((adOD" 'R,ri,pmlqllt tllfrajfom,(7 (OI1{igoOrrloul1,UOCilpittioti"ha mllndad,.Aqurm{ro f{rimajlrolljif/((fOa",(g.O:E(frtdoo Port'glltJ {rrtifiroJo,1)( n/o aUt( rmio titptr~o.£ 1111:g(I1(( J((I:riflotmturn nuia..Ventra nojapo rioemrar 1utria
1)~",
15 1Jj~tm/lIt01 qur mOl/dOll'1utrm urra )I;r40,SMfaJt1f1U, (7foarJo/l /tI'lfflo,f2!!talifi a,gaj"ffllirao,(Sdormirao,Em q1l1111/0a lut rllbrio0tJeuromllnto:E que no 1?.li,crgrnw l1(ioflntiraoStlliio(Onlmillnunto. (7goflo 14ntO:Q!lt 11.10 podia UTto aurYfofptita,Nlia mofiYQriloclara, (7 laoptrfijra.
16 Co iflo0 nobrtGam4 ftuhi4,Alt~/rmtllitor 'A1iJurOJqUt[u/;iao,Cl!:.tIrutm(l!U bUln4llimofrfit1,1)( mofi,.,u qUI tiioartarpart(i~o:.AJ/4od<lgrnu p"fitll1/t!ncbia,1Jcixauao IIbordo oshartOJqUt tTit~aol.Alr!.rt'J,inllAototiOI,porquemm!!.!:!ap't/lJarj(jadd(((ttl/em.
17 Nil Ulfd(IlUllfmtnltllpartJlJlludo,Armal,(ji monifOtJ,qurcomoltijJtm~tn0'R.iOOJlfdlliolnll{ortfu;io,NellcI01add>TJrnlt fo {ubiDtm;Entflal'ri~40 a(((flnilfllll:io,
~ OJ Je L~!oAt 'OJ~ Ar/lruifFm;£1ueitlw,toll'agajJrrndrf1(J,citoa mal'jllttm MOftlmbi1ue finhaofiito.
-If.
CANTO II
18 .AllII!{oTaJ/tlf.'fcts)laoltlUl'lIla,Coma n:futi'''J.fit,(ojlllmt11a,1>a proa ill IItllal/01 40 \Itt/todalldo,Inclinnoptr.:a bllrrlll1b4fi/lldll:M4la lindacri(ina, 1ut gum/dIll/a.A'ldalia[tmpl'tagent( af/ma/'lIJI1:J'tncloilci/lldagrMd" (71111tt(aul.1roa do [to 40 MaT como h'Hafila.
19 ConI/Oed alalll4lfilh4SritNtTeO,Com toJt II mais etTu/racompd,,11iof,~t por'!utno /afgado Mar ntt/eto,:D.s al,Il.11 0 pod" thtobrdtcia.E propondo /lJta cau/a IIqUt dWD,(ant todosjunt:Jmmit Itp4Tlia:Ptr4f[lorUJf qUt a arm4JalfQO chtl,aj[:AondtptrGjrmprt ft Mabllgt.
20 1d n4dgo4 trgurnJo ):i'tl.COIIf//lmJtptilfd,(om 4.I.rgtnUal , ••udas {"'4ffr4 t/curna,(/oco(0ptitocortll,t7(I(r:lIltfJlI(Om 1Il'~lf~ro, oMllr do qut cof1um4.Salta Nilt, Nuille Ieorrrmt/fo,'PfJrcimlldaagoa e"lpa 1 rm/or{a {uma;Abremcdltlinho as ondiIJtnCUfJUdal,De ltmor am Ntrtidllsaprtjfod4/."'- '._-,'-'.... Nlu
NOl/'ombros dt 1~lImTri~;'ocom l/jlo"tfo,V.f} a I/Ilda Dione {UrIO/.J,N10 {mit quem a twa 0 dOJ{fifo,V.: /obtrbo, com (4rg" tam fumo/a:]:/(f)fgaoptrtodond( 0 'VOItO 110,EndJttlI'Idlasd.:FOld bdico/a.'R..tparun{t,(Srodraont!fr injlllnteAl ful{JJ'ig(iraJ'luthitiopOT diantr.
tJ'otmfr t1 'Dro{a(om outral(m JuriloVa proa c4pit4in4.(Jr 41i/tcbandtl,o (aminho da barra tnao dtgtito,!2.!!trml1iionjJopraol1tnro,a),Itllainch;Jo:Plum no madeiro duro 0 brando prir(1,Prra detrala forltnaO [orrando.Ou/ras rm duudof lruandoa rflaUAg,E.Ja barra inimi.;aa dtjuiduao.
23 Q.;f4tJpm. a ,,,ua alprouiJas {onnigp,Ltu,mdoo ptJogr411t1tacomotlArlo,.As{orral rxrrcirao,titillimigaJ,1)0 irtim!go/nurrno (otlgrlatlo:.A~i/:tmjfustr4balhol, C!rjadigar,ilil moflrao \lrgor}fUllcat{prr4Jo.Tais andauao ITtNimphdttjloTliarulg.,Aagrntt POTlugutja (Jfimnrfando.
Toma243
~4 TClrn.:ptra dar.21<! Nlla forfada,A pr{ardOll/ur{wa"que grit,mJo,Mart;;o 't>rlllll.{trur<!genltyada J
D trmta hlVn bordo,(7 <! oulfoIItrauel!m.1C1o MrjJrr 41uto rfllllaociapopa brl1da.,Jl'tndocCinlodi:ltltrdmtaf4I1floDltfldll4 !'um I114ritimo ptrudo,~Jt'1urbrarJIJta Na()lIJtmmmrJI:
25 ,.tfultumam~Jor1b4(ealtuantl1,No rudo Marinhtiro qlle trabalha.D grllntILt{lrOllJo,aA{aura gmu rfpiD1t4,fmo It !lilfrmhl1rridabatalhJ:Namfohtm4raZ40d~ruria {,ml4,Nafll/abtm Itefiaprtlfoqf/tm II)rlIalh4,Cllyd;;CIq'lt(rm r~allClIflm /abidol,E '1Ul4tu/rIrrpor iJJo"'luipunk/CII.
26 Etolfobir4'ffrllu/tL:mf4U401A /tUJ harri,l,doul que tra~iio.VulrOl(IlC;maomaraftuantarlao.Sa/lando nagoaa nadoIeaco/Mao:'Drhum hordo (7'doulrojuhilo (altau1.,~e 0 medoor comprlia do 'liltlIi40).f2!!.rantrS1u(rtmaomarautnttlrar{r.tl.:!!nal maoJ ;nimig,asrntftgoift.
.... .,fjfi
..Jj!icomotmItf'JJticaallfj,od,AI rAllI4ttmpoant~oL)'ciagtnttJ
Stitnurn por lIentura}lirpr/fo#,Eflando/(Jrll Aa ago" in(alltammrt.'D09Iti,(9"daii/allando,0 ef,anD /01,Por fogirdo puigO qur /tftntt,E a(ollundofo ao (outoqut (ol/hatm,Sos III lahtflH na 4g04{htdJNlrtCtm.
28 Af1if0!.tm01Mutuol, (7 0 'Pifor~OJ!!ao perigogrdndt OJ naOJ,gui;rd,frtltdaqlltfiufnganot(1alld1l0(0,Tdmhtm{ogt (4{tandonaagoaamara:Mal por Il<JI" damn 110 ptntdo immoto,OmJtpmdod 1>iJaJD!t,(7(ara:.Aan(orafolld logoa ctJpitd;nd,Cl..!tJ/qllcrJaloutraJJuntodrll.amain.l.
29 VcnJooGII,"a,attnt~Jod tflrallhtZ41)tlJMOllro.n.10(/l;d4d<1, cs jrlniammU,o 'PiICllo{ul/rlfu(om puf/t~ll,Enw·dt oqutorAtl1<1ua a brUl4sptr.E !lendo/t",(olllrafir,<7/tmbrllutZ4VOl "t'l(01)ou daf)l<loal frm CQ/rtntr,C2!!d Naopaffarawanu naopoJil,""umlfo 0 fOr mila.grraft; d(~a.
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CANTO 11
o £afti.r.JlId~, rf/ral//'o,f.7niiow).J<1Jo,o milagrl:c!a,ifrmo,~euid.:ntr,o J!jwbato tI~al1()iflopinado,o puftda illimiJ,a,(7f,llfagtnle,~mpodtrAJo ilia!apordbadoLiurar{t [tmptrig()[4hiamtntr.Stla dt cima agwJrda/ohtrana,Nao amdir aa [r,I(afOTfa /'um:lna?
,3] fBtm nOI lnof!r44Jillill:fprollidmcia,'DeUtl portot, apo/l(ajtgllranftf#!Btm d"'0 tlIllOI"i(1ol/:ldpllrtmid,Q,!!}' trarn,gaIMrI".I/0J!a{onfianf<JMal P";lfrlhrrIJllm.1no,nullprudmciaEng:mof(,lInfillgidoJ 11.1111al,anlo:o tll,f,IJIIT!/adirlin4,um midadoX)(1u.m jew ri114mpo:l~for ,guardorto.
12 E{ttrmou{'(.lIltoi1pitdlll{e,1JtflalIIifor4gUlu peregrina,~rr)rort'III(TIIif.il/l.lhontlale,Dagtnu 11falw/J;,perfid/JCS'mAlillaJ
No!gum portoftguro de lwdaJe:f!lfdllZi1IloJjfl"Jol'a "{'{(rmina,OU nOIamorIra ,I ttrraqffthllj(111110S,'Poisfopor t(lljrrlfif'nall!gamOJ.
VI/llial/,e
13 Ouuiolbt r/14Jpalaur,upiddofuJ
A formo! ••1>iont,t7 (omol/ida,1)llltlrtasNilllphasftl'IlY,111tfauJofolFicl1r,iodtfia[llbita paTtida:10pmrtra as EJlrrllm".minOra/,la lIa trmyra Elpbtra rruhiJaA/Jilnu paffa, (7 /4110 {tXlo(!o(l'trao,sdrcjldUd 0 PadrtJt mOl<to.
';4 E COIIIOIJiaa{raJJ/lldado(amin~~Tiio(mno/a nogeJlo /tmofiraulZ.O!!.ralE{lrrllos,(7 0 (eo,(!i'II .Ar )Ji~·'JhoJE tudo quantoa 11ionallJorau.l1)01olhol,ondr fa{Jeu filho0 n;lIhoHi.s 1pirjloJ1>JuoJ;mpiraua •[olnfllitos'Polosgtladol a(tnJia,E tornaUd do Fogo a rjphrrafrio.
Epormaisllal/lorar of~lm·al/oPadrt,dt qUl'lll(o)'JtmpTt amod.:,& (arl1St IhaprrJl'1It.1 ajJi (omoao TfoyalloJ
N" {tIl/a/dCII ja ftaprtjtll/dra:St a }I;ra0 (,,(aJor .1,.t0 I'ultoI",mano1'rrdrlJ, IIrndo Di,lIIalll1agoacldra:NUI/(ao,folllil1lo'ga~osomalar;jlJ,!2.e'primrifodrjtjoJoacab"rao.
Oscmpof244
:i/, 0,(re{pIJljilnaOflrO {ttJp~rzjlioftloeo[o,qutallwttjeurtcit1,.Ant/t1l1aOas/t1fltt11trW /J;ttrtmi~D,[om qtltm Amor brinct1I1t1,(.7/laoJt }I;4.
1)t1a{uapetrinajlamllJ'''rIa/ao,DllIfe 0 millinot1Salmt11actndltJ.tpolJlliraIColiinIlJlIJftrepa/(~o,Vtltjo., que como Era}t CIITolau;;~.
(Hm atlgadow,Jalal parW (ob,e,Ve'jutmllrrgllnlJaIJt"alurairrp4f1J,Portmmm waotlcondt.1/rmat!(obrlo lItodosToxolJirio;poucoau.1ro:}[QI pua que °dt/tjoQan./t1, ~dobrt)Lhepormd,allll(f1uf!ltobjtfloraro.laft[mrem I/O(ro, pOI roda aparte.GUIII(Stm VU1(I%IIO,.,All/ortill Martt:
~.s Emoflrandolloall,%,tiico [tmbrlflllt,[orifl,)u:;.trif1f~.1l1lijltO'ttda>(o/7ladalllQqlle(ojdo illctw(oI1I11.mlt.
Embrill(OIlIInOrofo'1ll4flrlltada,0!.efo dqutix.l,u ft ri,lIIl111 mrjml)ilJfi;1/t,Eft rornarlllrealt!,,.ellJ.1~/Jada.:Dtfldflrtta Drofa, 11qMm 11(1/11;11 igullla,Jrfailmimllja'lllftri[ieo1O'Padrrfllla..-. --. 1) S,mf'~
StlJlprttlfClriJtJ,0 Padre poder%,0..4tpaaaIcor.t[.u,q!ltfudo ptitoamaffiTe ad)tiff~brlllu[o.an~bil,C7dmoroJo,'PofIoque fI<l~lIm (01l(r.1irofhepeM[t.·Maspois'IuecolltralllyUl'tj"yroJo,Semque 10 mrrt'Crlfr,mm(etllajfe.FtJ\alt(omo~a[o l{rUrmirfd,.;f/plltare)'tmjim qutfU) mojilfJ.
.10 Ejlrporloqllehtmw,porqnrm acrr;t11lo,Aslagmrwqhfellll,iio(aiJall>tjo,Q:f.ea!fozdemafU)cquuo,po;squt 0111110:
Stlldotil (auto(OntTa mtu dt/tjo:Par eUt a Iirogando choro, (7 braml)JEWltrflminhaJlta rmJimptltjo.Ora poisporqu, 0 amo he /Iliff trdiad"J0.!!fo'hequerermal/aa guardado,
M4J ",aura em fim ndS m:101 dds prutdlgtnltl,~~ poiltil {IfY:& lIif10de mimofdo rorlo b,mlJa,fm laglimtJsardt/ltt!J(0I110(00Tu~ihofi(4a(rtfidroJ,I'(aLula/mIT! porlco,,01/10Ie mtft asdtnUsLht imptdira tJ{altapitdofa.Torna a (tg,/ila,(7indopordia!!te,?::~~~~~~{~:!0fodrrojolf.7gra.o Tona~tn' _
EII~IS
CANTO 11
42 f,'dt{2albr.III/.umojlralcor1louido,~e mOlSrr:1odthllmTigTt 0 ptitotluro.(0 hlto Altgn, qual do (eo {ubido,Torntl!trtnoerclaroonrt!curo..As !a;.rimasfht alimpa, ($' t1andido'NAfafea bClj"'t7'abTfl~ao(oiopllro.1)tmodo qUl aali,It foJeAc!Jarll,Dutro flOuO(lipj'oJt~trarll.
Eto {ruaPlrf4ndo0 ro{1o amAJo,f2.:!.tos!alufoJ,&lllgrilHaJ4umtnta,(01110mjrrinoJa a'M(llfligltJo,Q..!!}'lurmlloaffllgllocborolbe 4(rUtnt4,Por {hepor t'n100tgo 0 priloyrlldo,Muifol CllrOJ {uturoJ Iht IlpTt/tnla.1)os{lIdol4SllltlllnbllJreuolurnJo,1Jefl4mancjr4emfim/beejl~ Jizmto.
H Fermof4filhaminl,a IJaotrmailPerigo 4~um, nOll/off01 Luji((/not,Nt'" 'lUtnin,gutm (amigo poffamail,~etfJ(Jcborojorol"oJlobt'lll/os:~etuloos prommfi",a ,utll,jaisE/qummr/t CregoJ C!l' I'f?,omanol.Prlori/(u{1m/r'itos'1uteflagtnlt,Ha de14~r nIlSp4rm do Oritnte.
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~foof4(UdaVfi/Jeltfcapou,Diftr ITa Og~ia 111,.1,mrITOI/clauo:Ele Iffluncrof/riosp,nttrou,IliricoJ,f$afOlllrArTil1lauo.E {r0 pillc/% Entas 17.Jllrgou,'Dt S(i/a,($'dr (ll,ibdiJO Mllr pral/o.o 1I0fJ(JI mOTCt cOllra~Illmto1ndo,NouosmlfnJOJIlOl/lurldoyr,IO moflrlll1do.
46 Fortait"dr,CiJaarr,&alrormlirol,Porl!l£1l1tuiIfi",tltdijicadO!:OSTUTCO.bdllciflilrdJI't.7durOI,1>tllel[tml',e L>trtis dc.bar.Jradol.Or R.!ir cUt Inc/ia lium .'& leguTOJ,YtftilIlO '1?.tipottntt[ojllg"d~s.E pOT tiffS attllaOem fim {trlf,O"/,Ser~odadal1/dtm ••/dImillJoltI.
47 prrt;1rf1r,11Jlagora prt},ro{o.Por tamos medol 0 II/do If.:ljbufcdnrlo,Trrmtrdd/r N'f'llmo d, medl'oJo,Srl1lllWrO jUdi d,g0'UmeTt/panao.o (a(aIW1Cd l>ijlo,(;rmi/ngraJop..!}.ttrt:lIld,(!J'(rTf/II0 War rmca/rna rn~d()'o gtllte/orre,0' de rrltnJpt"/Il'flrntOJ,iJ.!!tambemdtilahiig mtrlo OJ Elrmmt01.
- -- -- IIcreil245
45 PmislltfTr&qut44g0.:lilJtto/hia,~indabJtltr ImmporlO mu) atunlt.Em qut !laodeJean/llraa 10ng.:lJ,i:1,.AI naOS que nalfr.g.1rtmaoO((idrnlt.Toaa efJa(oftatm fm,qut oJ,orllllrdia,o mortiftro e-ngano,obtaitnft,Lbt piJgaratributos,c'JIl/JUtnao.NAo podtr rtJiflirIlOL1{o hOf/tnio.
49 BlltrtiJoMar roxotamfimlofo,To~r le1l·tamarriloae infiado:Pmis at Ormu,o f/{!inopodnofo,1)U4J l!t:;.tJto/Mdo, &" jojugado..,Alilwti, 0 Mouro furi%,1)t {ualmtjmas {ctastraJpaffado.2!!.equem lIayCOlltraosl!OfJol,claro l'tj4,~tftrtfifIe, conlr4Jipritja.
aD Ymisailltxpu,gnabilL;oforit,~Jous (mas ted ,dos l'OjfoSflndo..AliJtmeflrar; fou pft{e, t7/ertt,Feitosd~arm.lJ:;.ran:1if!l/noJ/a,wao.EfI"'j%l!rrriJogr'?oMallortt,Dopeilo Luli/llIIo,{ao (!J'horrrnao.Vo MOl/loalil!traO(juta yozrxtrtmd,'Dof"lju~bamrJ~ no (to b/a{rl1l4.
1) 1 GO!
SI Coaj,utif/uu MflHrol{rrtOntdila,.A quafllirddt{poilI1ltr{Mho,,,,'Dt/arlo0 O,irn/r, CY lu~fimada(01 trilimphoJ d4gtflltlJtnm!orll.Ali {obtrbClalliua,0' txa!rab..ft'J (mltioqM osldo!oladord.'Duf'JfnopoTll,c:ratoaaat"rt1,~ CIIidarde f4:~rr401 lJOIJOIglmra.
S2 Y'trrisa{orl.:1lr{4fujlrntdl{t,1)~t!'w:or ,compoJiCa/orffft7,gtntt:E. IItrril(a/uu dtlbarda'lt.(jJad~ populof.'1,t7 tam pountt;E WtiJ(m (j"J,imajfina!arjr,Talllo lJllmpritofobtr/;o,0'illjoftnrr,Q.litC:l<lrajllmllis(alltoJjlJiFl~ria,!l.t.tafilll(/tfamrnonomp,t:rJ/ori.J.
S3 Nunttl(om Marlt,injlruF1o &-furio{o,Sf 'J,io{rnurLfU{Il/(,,/llanJo..AU!UPDN"ci"i, .AflialguuraliJl1imojo.o (apitao j.tllcto1\om.1noinjuf1o.~ dOl ponosatAllroM, &" do!dlfJofoNilo,& do '13;;9rllScitico,C!irobuf1o,.A lIif/oridtra~d, r.:rprt/a rica,P!t[o da E$.;pci.1IinJiIU" naopuJ;ca.'.. '.. ~ ~cm9
CANTO 11
54 Conroltrrri,omar(OUlfll/otlcr{o.(0' jnctnaioJdOl )loffosptlrjllnclo,Ltuando ofJeiola!ra,'lS0MOllro pr1o,1)t l1a~CtJd1frrcnw (riump/Jando,Bfog,itaaric4.Aurca (/;t'[ollt/O,Alto tongi(o(hinanautgando.EQS IIIJasmQil rrmotasdo Orimit,Str/hi 4 todoo Ourallo obrdiente.
55 %)t moao jil/Jamilll'i1,iflltat2,til(J,Amoj1rariiots(orf()1/14is'jiltI)U'nanD,2.!r nllncaICl!tratam (orltpti/o,Va Gangtticomar aD GaJitQno,Nrm. d.lI130rraisandal, ao Efi'ri(O,£2!!rmojlrouoagrauado LlifitllnO:1'1)/10qllrtm todo 0 mu"do, dr af}ront~JostJ{:foCllaDon'odes OJ p.JjJados.
(omoinoJi!Jt,I1tollJao confograJoFillJOdeMou 4-.1 urra,porqut ttnbd,HW1f pacificopcrto,[7j(lffil.ado~'Ptraondr /rmrrCtJf1a(rofalltll!;a:E per" '1urtiff A-fomba{d,4UtlllllraJeJo forttftpitiioJrnaodtlfnha,Lhemiidama;s''1urrm{onf,ollhemojlra!fo~ tm.fJ ondr '1ijjt(ortpouJaffi·
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$7 l.,ptlo.lro()'ltneol,o.lu,r,(Ortl al ajar1ltn p~s aa trTr.JJtv •Sf/a }I.'lf;r {atallMm:Jo IfrlIlU<l,(om que OJ o//;olcall[,rdosadormw:ComeJIaJ4strifltsalmas T(IIO(o1Il,I,
:Do lllfimo,& 0 lImto lh~obrdtit.Nit cabefaOgA/irO COJIWII4do,E de{Ja 4ftea Me/iI/de JoJ c/JegIfJo.
(04'2,.0 II Fama leU4, porque Jiga,1)0 Lufitano, opre50grill/dr, {7 raro,!l!!e0 1I0me j[(uflrea hu Cfrto arnol'Ohlig4.Efa{aqutmotem, amadO{7 (aro.1)tfla arlt lJq;'(a'{wJo II grllream~a,Co fJjm~r flmafifI,mo, & perdaro.Ls MelilldeWI dcjrjoJardr 'odo,1Jel'trdagcnteforte 0J.tflo,&,molo.
1>:lI;p:r.,Mombara logoparte,.AmId!'at 1U10Sr{1'1I44olemerofal,'Ptrdqueaagtnum.1nde quefe aparlf,1)abarr.1jnr~a,& terr,lJ[ofpritoJ'JJ:'Porqlu tnl,'pOt/co',IaltJ(oTfo, (7 arll',(onlrainfimair!lrJllcadestnJ,anofaJ:tJ'oucolJalcor.Jfiio,ajlU(i." t7fi(o,~ ~.1E.sfe.o!~lJ!!!l'~I!~~~lrfledliifo.
~f'Jo246
Mey" caminh" a mite tinh.Jr1ndadl1,£41 Eprt/larnoCtocoa II/~aIlJtid,Tin".10 0 fargo MUlfJo alumir1do,Efoco{olfOdgmte Ie mrria.o Capitao illllflre,ja canfodo,1Jtll,g;ara noite,11/i~arrm'i,t,11rellerepollfoalltam aar olholdau.1,.!foutragmtea1uartos l,ie.,iallit.
~I'/(/o Mrrwriaem {onlJOJthe apartft,Di;(.pJio ,fi'Je,{uge L,{trallo,1)4 eilda qllto~i 111.1[114doUft,Portetr.J?pa'fun,(Jr(xtremor{al1o.FI!ge,queov;.llfo,~o (rate fauorefe,Sermao umplH(J,(7o a(Ul/lla)EOlltro~i maiJ4m{ga ,1Ioulra parlt,O/ti.{epod!, Jrguro 4J,afalh,1m.
mo tr!/l aquifl n.1Ilap/1ftlhaaa,o I)ofpicioqlle 0 em Viamtdel Jaud,F.1~!,ldofer m.mj,1r acoflumado,1Jte/fIlal'or Ifgmu111t holptarwa:,Ar arar de 'Bufiririll/am.tao,amit01')o{pedertriflerimolalfd.TuafCtrtar<1l/ui, fim!lito(/ptr4t,fMgt 4~'Jt~!_(fpCffi.d~!(yfirat.
!!iI.
Vaill!ao fo".!.odllCOfl<1d{romndo,E Ok/ra (trra(/(/,.:r';Jat Tna;J'VtTdlfJeLa qllJji junlo dondt 0 Sol ar4wJo,J.?,u.daodill,(;r 1/Oiurm qllalltiJade:A/i/u4(ro(Aalrgrrl'tCebtndol-ium'R!i,commllitaJ obrasdt ami.,-a:ir,G4{tlJ!;adoleguroleJgia,EpU;.I;l India cerl(J\7 fabjagllia.
64 IfIoMucl.lrioJif]f) (7 0 folIO {fuaAo ("l'it40,qll.~ com IIIllygranJtt[plmtoAtord;.!,<:r I'r firia"1l r/(l.raITeu",'Dehiilljubit;.lluz,(7 rayo/rll1£7o:E urw{odaroqu.mto tI,rTt/tua,Nfio/rdmrll<l t(fraim'qua tanto.(om 11011.0Iprito(10 Mrfhr /(If mallJallll,
Q,!!! <11 'Vt/lasdrffi.-:o'Vmto qut aJJopT~ua.
Dil)'lIdlaJ,dijJf,Jayao l.ugo1Itnto,~(D (eonoJfuuorrrf,0" ])rol0 tTtandd,~t IIUIII m~r1ag(j,o\lido cfllTo(lj]or/oCl:!!{ofm [auar dr no/folpaJ/OJam{a:./IlfI.l4Ilta/eni/loolnollimfnto,:Dos mQrillbtjro$,r/fhUd C!!" de outrd ban;",LtIlRO!.,j/lllltiOllJrlIl{OT4SQciml1,
MojlrQl1doa rudafoy~a,'iI/(ftrf1jm,t.N,n.
CANTO II
N.rJlf tcmplJ.quc121 an(OT4J Iwau;o,Na (ombT;t rJcura 01 UOJlro, t{ronJiJot,?fan{artlfnttaJ nmarr41/1)( (OrraU40,
Par {mm,Jam/o aa (o/la,drjlruydol:Mal {om lIifi"dtLinus J.oisiau,io,Os Portugurftlfrmpr~ "pmrbiJof.Ellelcomo aeoTJ4JoI01 [en/irao,Y04ndO)(!r nao rtmal/daIht(02.i,;o •
67 MtfJjaas ag/.daJproaldpdTtanJo,H.aodllliaJ hum;J.J drafgtnto,.A/Joprallugll/tTl.O0'VtlllOlc:rbrando,&m {Udllt er{rguTo mDlIimtnto,Not ptTigOJp4D4Ju lIaofa{ando,!lEmal It ptrdtr;iodo prnjamtllto,OJ {,dJo'granJu,Jo"Jt trntdnlOaplTto
.A }Ida tm jaluot/capa.f<JT<KUIO.
611 Tin114M4'VoftaJ.Jdoo SO{;lT/ltntr,£ noulTa{Orntf41U,quando J.oird(l.Ao longeJou111auiol,bratJdamtlll~(OJ 'V(nIOllJ4utgarJdo,'lutTtfpir.io_Porqutduiaodt {efaaM4uragtmp,Pua dIn arrib4ndo, al 1It![,u'Vir40.Hum dt urnordo mal qllt aTftCtaulf,
tf.orft J4!~r a.&fn!.(~~~~Hadau4.NA~
69 Niio.;tooutro1urfieataomanho{o:MdJnarmrlOs'V4}CaiTJo Lufilallo,Stm 0 r.gol'dt Marre fUTiofo,E fom IIJUI iaIJOTl'tnd<1dt 1I:&allo,~(omol(1Jrdebi! (7'1:IfdTO/O,
Va POIl(d,gtn{( 0 frMO ptito I)/IlIIaIlO;
NdO reutrt{tj1C11cid,(7ft IItillera,M,J;laAllo.r1rjJilldortltbfra.
E (omo0 e,/ma mujto Jrltjdjfi~rpifotoprraalndi':qMb11(aUlt,(lI;doll'IUttnlTt tfitJMauro, °tomdjfi:Mal n.io/1)(jacm/eo como (uidaua,Q.:<t IItn/1II1Il dtUn IN/1ue /he ill{lllajfiA qrlt twttdOl (tal a Illdiaefialla.'PoTtlndi:zrm [lirtl'Jo/11utUrn perla,Melinde Olld(aclJ.iTiio'Piloto,mo.
71 LOllIldOdv'1\r:01 MouroJ nbolldaJr,(olldifllmlibua/,jillctTOptito)Ma,gllijictncj,JJ,.Tarf~t,.($" !,umanidatIf,(om pnrftfde grandifIrmo re/pri!o•a [apil,io(l 1l0r{{apoTt>tTdadr,POTqut jll.Iho difJfrd dtjlrgtito,o C)"fenrotm/Ollf'OJ,(7 pa1ti:t,rpfTIIOMt %nl)v,f7 (I MOUTolhr di\.!4.
f.,.247
i2 Er.1110 ttl7lpOI&6f( qUIHldO ~ntfi1W4,
No rOllbdJlJrat Europ"ll fH1;. Frbc4.Cl.!:al!dobuJJJ,(!Touutro'MllolfJ((u/J""rl1uaE F/ora drrr.:ma!l110 Ih Ama(/!;r4:.A mt1J1)rj"t/rJdillrCI/Oudua,o !'((II/roftS.ol,qllc0 CtO rodt<1.
Em qut d,/udlt, d quem II/dotjlafogritrJ,oJtll~pOJlJ q'laatoliflb.•fiito.
73 ~4~dll(l)cgaf/Jd{rotd4.t1I1dI4p.1rrr,Dlldr 0 1\rino r\4clilldtjaIt Ili,l,
'Dr tlliJordJ()I"lIadd,~.sledadrarrc~ btm ma{1rar(lil/lara S,mfloJia:Tftll1ra Bdflarird,voao E./lal,d",tf,.Aco'porpuf(a.ao IOllgraptlrrcia.Soaoor aldmborn (7 pllIll.rir;)!.Eafi mirallao fer/Of <::r!,."trrciror.
~4 'En 1)( [ctOJ,1d/lray.1~rdind.1'IJ,Dagtllfr qllclI(ml'cr"/dtf ~"I/t::II1,Grlllrrnai;l>rrd.:drir.rJ,'0.mairluUlwl11~toJll II dourra Il"rr!!alrM d~ixad4.SllTgt Ji.llllta frot,' L:Jj;tan.1,Prg.1l!ofinJrJ.1.1I/(or,1prJada.NGn laoIllr.,/lIImdofMouNu; (0.rn6r;;".rpgr 1u~l/Jjl/avir/ria40 1\.;;maniftjlJ.r:w.
011,:,
i!; 01\.tiqurjdldbiaJ"nobrr{.dtjUttantoof'Port"glit/l'/rngrmrJect,T011fartmo/tuporlo (dntopltZd,~lIloagrlJft (Ortftimll"'flNe:E com IIrrdaJriroallimo,(5 purrZIf,~ro/ptilo;g(ntroJol(nl1obr({(.LJ.tmal/Ja rogar mU'l{O~fjr/al1tm,Pero 9l1rde /(UI 'R.!inolJr/tr"1irm:
76 Sam oDuuimrnlo/ll,·I'JaJrirof.Epa/aura {ifl(tff1J,naoaobraJ,J/,.;1111"(01\';mand" aO. /lobul calJolltilor.~tlQnto mGr (7tarofttm paD4JI1J:ManJ:Jlhe mdi.idnigtfOI (4rnri,os IEgallfJhalJornej1icas !tlJddaJ,(om dJ[fUnal quI'IInlllmnil ttrraaui4,Ea )Iolltadtat;d;J,buatx(,di::.
77 ~ctbeo(4pj(aOd'tgml1tIlUo mtnf;J.'!.tiroIrdo, (7/(14 r((ado,E logom",u/a 40 'R...'ioz,lrop'tlrn(t~~Jr/ongt tfa{ja apart/hado:E/Cllrlat.1purpurra, (o,.arJrnrf',o fllm% (oralfi"o,(7 prtzodo.!l!!td,baxo daf "gOdl molr crt~t,£. coma hefora dd/alletnJllrt~r.
E.m,n"
CANTO !!
78 Mal/Jama;Jbum napralicadtganu,~,o'R!jnobrtIJJpaZ(J'onctrtaffi,E que dtnao {airnJ.qurlleinflofltt,1)t {uar IIaOIM11tfra a Jr/(ulpol/r.Partido '11'0 embaixalorprtflantt,ComOII~I(rfadO 'R.!i{taprt/fllt"ffi:(om t{liltoque PatH Ihctn{ina/14,Ef14s pwlauras laiIfo"alJdoOramf.
i9 Sllhlime~j,aq!umJo OlimpopuYt1)Foyda/llrna 114f'lifdconadidoJ
iJ{t{rtar0flbubopol4o duro,Niio I1ttffOJdrift4rnaJo, 'liltttmiJo,(OMO portomuy forte, ~ mw] Jtguro)'Dt to:/oD Ofitnlt conhteido:Tr}lil1'10f4bu[car,prr4 qlltdchrmorEm. ti0 r(mediomto que 'II/trtmol.
80 1{;io{omOJrOflb.1Jam,1ut pJ/J4nJoPtlaf rrac(U ciJ.ldtJdrfiuidada".A foITO, (!Ta fog", rtSgtntCl"aOI1l.1IandoPar rOl/bar/ht4S faZtIJdasfIIbiraJal:Mascia {oberba Europa naucg4l/do,Himos bllfiallJo-af((ITaJ.'partlldllf1)a f,1!!i<J~rallde,&rica1 por mandaJo~t!!I!!E'K.;i'1l(!!~~1I!1Ialloli.7!ubfimaJo.
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Anexo 2:
Hist6rico dos fatas mais importantes na progressao da Lingua
Portuguesa.
CRONOLOGIA DA LiNGUA PORTUGUESA: FATOS IMPORTANTES
• Ate 1000 d.c. - Dialetos moc;:iuabes ao sui e no centro da Peninsula
Iberica.
• 1100 - 1200 - Primeiros textos nota ria is
• 1210-1216 - Nolicia do Torto
• 1214 - Teslamenlo de Alonso II
• 1255 - Documentos da Chancel aria de Alonso III
• 1270 - Fora de Garvao
• 1280 - Fora de Real
• 1290 - Par uma disposiyao de D. Diniz, as documentos oficiais passam
usar vermiculo portugues inves do latim
• 1300 - Oielogo de Sao Gregorio
• 1344 - Cr6nica Geral da Espanha
• 1350 - 1400 - Fim do galego portugues I fim de pois temporal e pera
explicativo
• 1450 - Fim dos hiatos I convergencia de varias terminac;oes no ditongo
nasal final - ao / Fim dos participios em - udo I eslar alterna com ser como
verbo de Iiga9ao e introdu9ao de cultismos na lingua
• 1536 - Fernao de Oliveira: Gramatica de lingoagem portuguesa
• 1540 - Joao de Barros: Gramalica - Oielogo em louvor de nossa linguagem
1572 - Inicio de uma nova lase na lingua ("Portugues classico", segundo
Vasquez - Cuesta e Lindley - Cintra; "Portugues moderno", segundo Leite
de Vasconcelos e Serafim da Silva Neto)
• 1576 - Duarte Nunes de Leao: Ortografia da lingua portuguesa
• 1580 - Forte influencia do castelhano sobre 0 portugues que perdura depois
da recuperac;ao da independemcia
• 1606 - Duarte Nunes de Leao: Origem da lingua porluguesa
1631 - Alvaro Ferreira de Vera: Orlhographia au arie para escrevercerto na
lingua porluguesa
• 1650 - 1700 - Unificam-se nas pronuncias [s] e [zl.respectivamente, osa
sons escritos s - ss- c - + - e, i, 9, e, s - z (ca 1660)
• 1710 - Publica9aO de Arle de gramatica abreviada, de Manuel Carlos de
Almeida
• 1712 - Come9a a publica9ao do Dicionario, de Bluteau (ate 1721)
• 1725 - Jeronimo Contador de Argote: Regras de lingua porluguesa,
espelho da lingua latina
• 1728 - 1729 - Rafael Bluteau: Prosas porluguesas
• 1734 - Joao de Moraes Madureira Feij6: Orlografia
• 1736 - Luis Caetano de Lima: Orlografia da lingua pO/tuguesa
• 1758 - Diret6rio do Marques de Pombal, que prolbe 0 uso das linguas
indigenas no ensino ministrado na colonia e imp6e 0 portugues como lingua
de ensina
• 1767 - Luis de Monte Carmelo: Compendio de Orlografia
• 1770 - Antonio dos Reis Lobato: A Arle da gramatica da lingua porluguesa
• 1789 - Santa Rosa Viterbo: Elucidario de palavras
• 1792 - 1814 - Antonio das Neves Pereira: Ensaio critico sobre qual seja 0
usa prudente das palavras e Ensaio sobre a fonologia porluguesa por meio
do exame e compara,ao
• 1799 - Pedro Jose de Figueiredo: A arle da gramatica da lingua porluguesa
• Inicio do sec XIX - Em Portugal 0 romantismo litera rio reabilita arcaismos,
introduz palavras estrangeiras e cria palavras compostas
• 1825 - 0 Visconde de Pedra Branca fala em idioma brasileiro
• 1825- Varios autores, no Brasil, falam em "idioma nacional" I "idioma
brasileiro"
• 1832 - Macedo Soares redige 0 Dicionario Brasileiro da lingua porluguesa,
no qual aparece a expressao "lingua brasileira"
• 1853 - E editado no Brasil 0 Vocabulario pra servir de complemento as
dicionarios de lingua portuguesa de Braz da Costa Rubim
• 1902 - Rui Barbosa responde as Observagoes de Carneiro Ribeiro sobre 0
texto do c6digo civil da Republica, por meio da Replica (0 c6digo civil s6
sera promulgado em 1916)
• 1918 - Soneto A Lingua Portuguesa ("Ultima do lacio ..") de Olavo Bilac
• 1920 - Auge do teatro anarquista, que se exprime parcialmente nas Unguas
dos imigrantes
• 1922 - 0 movimento modernista repee em pauta a questao da lingua
nacional
• 1931 - 0 Brasil adere a relorma ortogrilfica de Portugal
• 1936 - primeiro congresso da lingua brasileira cantada
• 1937 - Urn projeto da camara (n. 36/37) determina que a lingua lalada no
Brasil sera chamada "brasileira" nos livros didaticos
• 1938 - 0 decreto n.30/30 estabelece que duas localidades diferentes nao
podem ter 0 mesmo nome
• 1939 - Proibida a alfabetizagao em lingua estrangeira
• 1943 - 0 Brasil revoga 0 acordo ortografico de 1931 (Voltara a aderir a ele
em 1945)
• 1945 - Adesao dos portugueses a "Ortografia de 1945".
1957 - Eo aprovada a resolu~ao que recomenda 0 usa da NGB
(nomenclatura gramatical brasileira)
• 1959/80 - 0 Sumer Institute of Linguistic est;; presente nas areas indigenas
1962 - A faculdade de letras USP inclui disciplinas de linguistica em seus
curs~s de gradu8980
• 1968 - pelas disposi~oes do Concilio Vaticano (1962 a 1965), a igreja
Cat61ica passa a rezar a missa em portugues
1969 - Funda9ao das principais associa90es da Linguistica com atua980 no
Brasil: abralin, GEL, ALFAL
• 1975 - Publica~ao do Novo dicionario da lingua portuguesa, de Aurelio
Buarque de Holanda Ferreira
• 1976 - A carta cultural da Africa poe como objetivos 0 usa das linguas
africanas no ensina e 0 combate ao analfabetismo
1977 - Publica9ao do Dicionario Etimol6gico, de J. P. Machado e 0 Atlas
lingOislico de M. Gerais, de Mario Zaggari
• 1986 -Inicio das negocia~oes para a unifica9ao da ortografia
• 2002 - Timor Leste adota 0 portugues como lingua oficial