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Simon Kuper | Raquel Vaz-Pinto 30 de janeiro de 2020 CCIP – Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Lisboa Moderação de Vasco Mendonça LISBON TALKS 1/2020 FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL

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Page 1: LISBON TALKS...LISBON TALK “FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL” 1 ORADORES: Simon Kuper, jornalista do Financial Times e autor do livro Football Against The Enemy e coautor

Simon Kuper | Raquel Vaz-Pinto

30 de janeiro de 2020CCIP – Câmara de Comércio eIndústria Portuguesa, Lisboa

Moderação de Vasco Mendonça

LISBON TALKS1/2020

FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL

Page 2: LISBON TALKS...LISBON TALK “FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL” 1 ORADORES: Simon Kuper, jornalista do Financial Times e autor do livro Football Against The Enemy e coautor

LISBON TALK “FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL”

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ORADORES: Simon Kuper, jornalista do Financial Times e autor do livro Football Against The Enemy e coautor de Soccernomics | Raquel Vaz-Pinto, investigadora do IPRI-NOVA, membro da direção do Clube de Lisboa e autora de Para lá do Relvado. MODERADOR: Vasco Mendonça, consultor de marketing e comentador de futebol.

Existe uma relação muito próxima entre as dimensões do futebol e da política.

No contexto atual, a política tende a ser vista como uma competição entre equipas. Os políticos contemporâneos adotaram comportamentos do fenómeno desportivo que estão a transformar a relação com os próprios eleitores, e o reverso também é verdade. Como diria Sven-Göran Eriksson: “Há mais política no futebol do que na política”.

Existe uma relação muito próxima entre as dimensões do futebol e da política, que não se resume apenas a um aproveitamento político de regimes autoritários, mas também de democracias. No entanto, Simon Kuper, orador na Lisbon Talk, desvalorizou o impacto das vantagens obtidas pelos políticos com a associação a feitos desportivos.

O futebol é um meio de mensagem muito poderoso e um bom método para perceber a sociedade. A este propósito, veja-se o exemplo do ex-primeiro-ministro de Itália e ex-presidente do AC Milan, Sílvio Berlusconi, que partiu do futebol para se afirmar no contexto político do seu país. Berlusconi passou do futebol para a política com uma metáfora sobre o futebol: “decidi ir para o campo”.

O atual presidente norte-americano, Donald Trump, também utilizou a ligação ao mundo do wrestling como uma forma de afirmação junto da classe trabalhadora americana, onde esta modalidade ainda tem grande implantação popular. Desta forma, Trump estabeleceu uma relação essencialmente emocional com o eleitorado.

A Argentina foi identificada como o ground zero do aproveitamento do futebol pela política, partindo da teoria que diz que a ditadura militar de Jorge Videla viciou a seu favor o Mundial de futebol de 1978, passando pela ascensão de Maurício Macri à presidência do país em 2015, após liderar o Boca Juniors entre 1995 e 2007. Neste contexto, o futebol ajudou também o Papa Francisco, enquanto fã, a posicionar-se na opinião pública “como um de nós”.

Raquel Vaz-Pinto, oradora na Lisbon Talk, centrou a sua análise na ação da China em relação ao futebol europeu. Com efeito, para a elite chinesa e para o Partido Comunista da China, o futebol é um tema muito importante, sendo o investimento de grandes empresas em clubes europeus uma manifestação de um possível soft power. Entre os clubes com laços a Pequim estão o Atlético de Madrid, Wolverhampton, Manchester City e Slavia Praga, entre outros.

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LISBON TALK “FUTEBOL E POLÍTICA NO CONTEXTO GLOBAL”

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ORADORES: Simon Kuper, jornalista do Financial Times e autor do livro Football Against The Enemy e coautor de Soccernomics | Raquel Vaz-Pinto, investigadora do IPRI-NOVA, membro da direção do Clube de Lisboa e autora de Para lá do Relvado. MODERADOR: Vasco Mendonça, consultor de marketing e comentador de futebol.

No debate com a audiência, questionado sobre alguns investimentos milionários no futebol, de origens pouco claras, o autor britânico lembra que esse é um problema que transcende o futebol e afeta a própria sociedade em geral.

Se formos pensar no papel de oligarcas e regimes autoritários na sociedade ocidental - e devemos preocupar-nos com isso -, é um problema muito maior do que o futebol, uma vez que o futebol é apenas a parte mais visível, a ponta do icebergue. Lisboa, por exemplo, é uma cidade em que dinheiro corrupto de Angola abriu muitos caminhos, e muitos negócios em Lisboa, tal como em Londres ou Paris, beneficiaram da ajuda a estes oligarcas e a estas pessoas corruptas que trouxeram o seu dinheiro para as cidades europeias, ajudando-os a limpar a sua imagem. É necessário referir, contudo, que a indústria do futebol, apesar da sua importância política e social, não assumiu ainda uma dimensão financeira comparável à do basebol americano, por exemplo (os valores envolvidos no futebol, em 2019, rondam os 15 mil milhões de dólares).

A questão dos fenómenos negativos das claques foi também abordada, sendo esta uma questão que extravasa a capacidade de resolução dos clubes, uma vez que as respetivas direções não possuem a força nem os meios para tal; nesse sentido, tal deveria ser responsabilidade das autoridades governamentais, e os desacatos tratados como um caso de polícia. Foi referida a experiência inglesa e de outros países, onde o problema foi tratado dessa maneira, banindo os autores de atos de violência dos estádios, o que resultou num decréscimo drástico da violência no futebol.

Não sendo um pilar da Belt and Road Initiative, os investimentos chineses têm uma componente futebolística interessante. No entanto, o entusiasmo com a hipótese de a China conquistar os hearts and minds dos europeus através do futebol já perdeu algum gás. Um dos exemplos mais interessante é o contraste entre a compra, e o regresso ao sucesso futebolístico do Slavia de Praga, versus a critica da sociedade civil checa a Pequim.

Por outro lado, o mercado chinês é irresistível para os clubes europeus, mas devido ao fuso horário a programação de jogos para passarem em horário nobre chinês não tem sido pacifica. A este propósito, destacam-se os exemplos da primeira data do Barcelona vs. Real Madrid e, em dezembro, o jogo entre o Olympique Lyonnais vs. Nantes. Este último acabou mesmo por acontecer e o que fizeram os adeptos? Uma bandeira gigante do Tibete, impossível de não ser vista nos écrans de televisão.

Veja o vídeo desta Lisbon Talk

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Conteúdo: Raquel Vaz-Pinto

Design/layout: 004 F*@#ing Ideas e Diana Alves

Fotos: Gustavo Lopes Pereira, Âmago media

#clubedelisboa #lisbontalks

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