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LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA:
ANÁLISE CRÍTICA DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS.
A PROPÓSITO DE QUATORZE CASOS DO HUCFF-UFRJ
Rosa Maria Cruz Garcia
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Dermatologia, Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Medicina
(Dermatologia).
Orientadoras: Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Rio de Janeiro
Março/2004
Livros Grátis
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LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA:
ANÁLISE CRÍTICA DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS.
A PROPÓSITO DE QUATORZE CASOS DO HUCFF-UFRJ
Rosa Maria Cruz Garcia
Orientadoras: Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Dermatologia, Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Medicina (Dermatologia).
Aprovada por:
__________________________________________ Presidente, Prof. Dr.
_________________________________________ Prof. Dr.
_________________________________________ Prof. Dr.
Rio de Janeiro
Março 2004
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Garcia, Rosa Maria Cruz Líquen Escleroso e Esclerodermia Localizada: Análise crítica dos critérios diagnósticos. A propósito de quatorze casos do HUCFF-UFRJ / Rosa Maria Cruz Garcia. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2004. xxvi, 160 f. : il. ; 31 cm. Orientadores: Lúcia Maria Soares de Azevedo e Tullia Cuzzi Dissertação (mestrado) – UFRJ / Faculdade de Medicina / Dermatologia, 2004. Referências Bibliográficas: f. 148-154 1. Líquen Escleroso. 2. Esclerodermia Localizada. 3. Fibras Elásticas. - Tese. I. Azevedo, Lúcia Maria Soares de e Cuzzi, Tullia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina. III. Título.
iv
À memória do meu pai, Nilo
À minha mãe, Maria Inez
v
AGRADECIMENTOS:
À Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo, por sua dedicação ímpar
como orientadora e, sobretudo, pelo seu exemplo de dedicação ao ensino, à
pesquisa e aos pacientes.
À Profª. Drª. Tullia Cuzzi, registro a grata satisfação em contar com sua
orientação, partilhando diversas dúvidas e descobertas ao longo da realização
desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira, meu reconhecimento por sua
dedicação ao Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pelo apoio financeiro recebido, de fundamental importância para o
desenvolvimento deste projeto.
Às pacientes do Ambulatório de Dermatologia Genital do HUCFF - UFRJ,
pela inestimável participação nesta pesquisa.
Registro meu especial reconhecimento ao Prof. Dr. Célio Abdalla que,
desde 2001, acompanha minha vida profissional com interesse. Fica aqui minha
profunda gratidão por sua participação nesta banca examinadora, pelos preciosos
ensinamentos e a certeza de uma amizade duradoura.
vi
À Profª. Drª. Sueli Coelho da Silva Carneiro, exemplo de dinamismo e
dedicação profissional, agradeço sua valiosa amizade e sua participação nesta
banca examinadora.
À Profª. Drª. Mayra Carrijo Rochael, agradeço a gentileza de aceitar o
convite para esta banca examinadora e registro minha admiração por sua
contribuição intelectual.
À Profª. Drª. Luciane Faria de Souza Pontes, amiga de tantos anos, minha
admiração por sua trajetória, exemplo para todos nós.
Ao Dr. Eduardo Lago, meu reconhecimento pelo incentivo e colaboração
durante o curso de mestrado.
Às Sras. Sônia Oliveira Souza e Antônia Ferreira de Mesquita, meus
sinceros agradecimentos pela fundamental participação nesta pesquisa.
Às Sras. Deise Pereira da Cunha e Gilsara Jaccoud, pela amizade e
constante auxílio durante a minha permanência no Curso de Pós-Graduação.
Às Dras. Adriana Franco, Melanie Barroso e Paula Schlaffer, meu carinho
e gratidão pelo apoio e incentivo, desde os tempos da graduação.
À minha família agradeço sinceramente o estímulo e a confiança. A
Humberto Matos, por seu auxílio na conclusão deste trabalho. À minha irmã Lúcia
Maria, minha grande amiga, por estar sempre ao meu lado, com seu otimismo e
alegria. Ao meu irmão Celso e à Sandra, pelo carinho e incentivo constantes.
Ao Marcus Augusto Nejaim, por ter compreendido os muitos momentos
em que precisei me dedicar quase integralmente à dissertação, compartilhando as
dificuldades das suas etapas finais. Divido com ele a felicidade de tê-la concluído
e a expectativa de muitas outras conquistas ao seu lado.
vii
Aos meus pais Nilo Garcia e Maria Inez Cruz - aos quais dedico este
trabalho - registro minha gratidão, que não consigo expressar com palavras.
viii
RESUMO
LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA: ANÁLISE
CRÍTICA DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS. A PROPÓSITO DE QUATORZE
CASOS DO HUCFF-UFRJ
Rosa Maria Cruz Garcia
Orientadoras: Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Fundamentação teórica: A concomitância de líquen escleroso e
esclerodermia localizada é rara e impõe dificuldades diagnósticas. Desde o início
do século XX, há controvérsias quanto à posição nosológica destas doenças e
suas relações etiopatogênicas. No Ambulatório de Dermatologia Genital do
HUCFF contamos com uma grande casuística de líquen escleroso, o que
possibilitou a realização deste estudo.
ix
Objetivos: Descrever as características clínicas e histopatológicas de:
lesões concomitantes de esclerodermia localizada e líquen escleroso; lesões cujo
diagnóstico clínico (líquen escleroso, esclerodermia localizada) não correspondeu
ao diagnóstico histopatológico (líquen escleroso, esclerodermia localizada ou
líquen escleroso e esclerodermia localizada).
Metodologia: Desenho: série de casos. Participantes: 14 pacientes do
HUCFF. Procedimentos: entrevista; exame dermatológico; documentação
fotográfica; exame histopatológico.
Resultados: Os quatorze casos foram do sexo feminino. Dois casos
apresentaram características clínicas e histopatológicas de líquen escleroso e
esclerodermia localizada em uma mesma lesão; nove casos apresentaram lesões
de líquen escleroso e de esclerodermia localizada em sítios distintos; três casos
apresentaram lesões com diagnóstico clínico (líquen escleroso ou esclerodermia
localizada) diferente do histopatológico (líquen escleroso, esclerodermia
localizada ou diagnóstico simultâneo destas doenças).
Conclusões: É rara a concomitância de líquen escleroso e esclerodermia
localizada, sobretudo em uma mesma lesão. Máculas acastanhadas em faixa,
com ou sem alteração da consistência devem levantar a suspeita de líquen
escleroso. Máculas acastanhadas com ou sem endurecimento, permeadas por
pápulas hipocrômicas nacaradas, devem levantar a suspeita de concomitância
das duas doenças. A derme papilar mostra-se freqüentemente alterada na
esclerodermia localizada. Alterações das fibras do sistema elástico superficial na
derme papilar são freqüentes no líquen escleroso e eventuais na esclerodermia
localizada. Alterações destas fibras na derme reticular são freqüentes na
esclerodermia localizada. O reconhecimento do líquen escleroso em amostras
x
com alterações simultâneas de esclerodermia localizada exige a presença dos
aspectos histopatológicos clássicos do líquen escleroso.
Palavras-chave: Líquen escleroso, Esclerodermia localizada, Fibras elásticas
Rio de Janeiro
Março/2004
xi
ABSTRACT:
LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA: ANÁLISE
CRÍTICA DOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS. A PROPÓSITO DE QUATORZE
CASOS DO HUCFF-UFRJ
Rosa Maria Cruz Garcia
Orientadoras: Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo
Profª. Drª. Tullia Cuzzi
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Theoretical grounding: Concurrence and overlapping of lichen sclerosus
and localized scleroderma are rare and impose diagnostic difficulties. Since
beginning of the 20th century there are controversies about the nosologic position
of these diseases and their etiopathogenic relation. In the HUCFF Ambulatory for
Genital Dermatology we deal with a great number of lichen sclerosus cases, which
allowed perform this study.
xii
Objectives: Describe clinical and histopathological characteristics of
patients with: concurrent lesions from localized scleroderma and lichen sclerosus;
and lesions whose clinical diagnosis (lichen sclerosus or localized scleroderma)
does not correspond to the histopathological diagnosis (lichen sclerosus, localized
scleroderma or lichen sclerosus and localized scleroderma)
Methodology - Study design: series of case studies. Participants: 14
patients from the HUCFF. Procedure: interview, dermatological examination;
photographic documentation; histopathological examination.
Results: All fourteen patients were of the feminine sex. Two cases were
found with clinical and histopathological characteristics of extragenital lichen
sclerosus and localized scleroderma located in the same lesion. Nine cases
presented lesions with clinical characteristics of lichen sclerosus and localized
scleroderma in different sites; three cases presented lesions with clinical diagnosis
(lichen sclerosus or localized scleroderma) differing with the histopathological
diagnosis (lichen sclerosus, localized scleroderma or lichen sclerosus + localized
scleroderma)
Conclusions: Concurrence of lichen sclerosus and localized scleroderma
is rare, especially in the same lesion. Brownish macules with distribution in band,
with alterations of consistence or not, should raise the clinical hypothesis of lichen
sclerosus. Brownish macules with hardening or not, with white papules inside,
should raise the clinical hypothesis of concurrence of the two diseases.
Papillary dermis frequently shows alteration in cases of localized
scleroderma. Alteration of fibers of the surface elastic system in the papillary
dermis frequently occurs in lichen sclerosus, but is uncommon in localized
scleroderma. Alteration of these fibers in reticular dermis is frequent in localized
xiii
scleroderma. The diagnosis of lichen sclerosus in samples with simultaneous
alterations of localized scleroderma requires the presence of classical
histopathological aspects of lichen sclerosus.
Key-words: Lichen sclerosus; Localized scleroderma; Elastic fibers
Rio de Janeiro
Março/2004
xiv
SUMÁRIO:
LISTA DE QUADROS ...................................................................... XVI
LISTA DE FIGURAS ...................................................................... XVIII
1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 1
2 OBJETIVOS................................................................................... 4
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................... 5
3.1 LÍQUEN ESCLEROSO ......................................................................................5
3.1.1 Histórico e Nomenclatura: .....................................................................5
3.1.2 Epidemiologia: .......................................................................................6
3.1.3 Clínica:...................................................................................................6
3.1.4 Etiopatogenia:........................................................................................9
3.1.5 Histopatologia:.....................................................................................12
3.2 ESCLERODERMIA LOCALIZADA ......................................................................16
3.2.1 Aspectos Gerais: .................................................................................16
3.2.2 Epidemiologia: .....................................................................................16
3.2.3 Clínica:.................................................................................................16
3.2.4 Etiopatogenia:......................................................................................19
3.2.5 Histopatologia:.....................................................................................21
3.3 LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA.....................................21
4 MATERIAL E MÉTODOS: ........................................................... 30
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO : .......................................................................30
xv
4.2 PARTICIPANTES: ..........................................................................................30
4.2.1 Critérios de inclusão: ...........................................................................30
4.2.2 Critério de exclusão: ............................................................................31
4.3 METODOLOGIA: ...........................................................................................31
5 RESULTADOS:............................................................................ 34
5.1 CASUÍSTICA: ...............................................................................................34
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DEMOGRÁFICAS DOS CASOS ESTUDADOS: .........35
6 DISCUSSÃO: ............................................................................. 131
7 CONCLUSÕES: ......................................................................... 146
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................... 148
9 ANEXOS .................................................................................... 155
xvi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Gradação histológica proposta por Hewitt (Hewitt 1986) .................13
Quadro 2 Características demográficas e clínicas dos casos
estudados.........................................................................................35
Quadro 3 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 1................................................................37
Quadro 4 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 2................................................................46
Quadro 5 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 3................................................................50
Quadro 6 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 4................................................................57
Quadro 7 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 5................................................................63
Quadro 8 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 6................................................................67
Quadro 9 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 7................................................................74
Quadro 10 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 8................................................................82
Quadro 11 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 9................................................................88
xvii
Quadro 12 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 10..............................................................96
Quadro 13 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 11............................................................105
Quadro 14 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 12............................................................114
Quadro 15 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 13............................................................121
Quadro 16 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e
histopatológica) do caso 14............................................................126
xviii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fibras do sistema elástico preservadas em todo o tecido
dérmico. RFO-100X .........................................................................33
Figura 2 Caso 1. Mácula hipocrômica anular com bordas eritêmato-
violáceas, de superfície lisa e consistência normal, na axila............38
Figura 3 Caso 1. Lesões acrômicas e eritematosas nas regiões
inguinais, de superfície lisa e consistência normal...........................38
Figura 4 Caso 1. Máculas hipercrômicas permeadas por máculas
puntiformes nacaradas nas regiões posteriores das coxas,
de superfície lisa e consistência normal...........................................39
Figura 5 Caso 1. Lesão 1. Derme papilar hialinizada. HE – 100X..................40
Figura 6 Caso 1. Lesão 1. Detalhe da derme reticular com alterações
esclerodermiformes. HE – 400X ......................................................40
Figura 7 Caso 1. Lesão 1. Detalhe da diminuição do número das
fibras do sistema elástico na derme papilar. RFO – 400X ...............41
Figura 8 Caso 1. Lesão 1. Fragmentação das fibras do sistema
elástico na derme reticular. RFO – 200X .........................................41
Figura 9 Caso 1. Lesão 2. Fibroplasia com hiperplasia fibroblástica
na derme papilar. HE – 100X ...........................................................42
Figura 10 Caso 1. Lesão 2. Detalhe da foto anterior mostrando
fibroblastos hiperplasiados e hipertrofiados. HE – 400X..................42
xix
Figura 11 Caso 1. Lesão 2. Derme papilar exibindo áreas com fibras
do sistema elástico de aspecto normal e outras nas quais
estão fragmentadas. HE – 400X ......................................................43
Figura 12 Caso 2. Lesão em faixa com bordas eritematosas e centro
nacarado, com consistência discretamente aumentada e
superfície apergaminhada na coxa esquerda. .................................47
Figura 13 Caso 2. Máculas hipocrômicas nacaradas coalescentes no
ombro direito ....................................................................................47
Figura 14 Caso 2. Lesão 1. Derme papilar hialinizada. HE – 100X..................48
Figura 15 Caso 2. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na
derme papilar. RFO – 400X .............................................................48
Figura 16 Caso 3. Máculas acastanhadas em faixa ocupando
antebraço, braço e ombro esquerdos, entremeadas por
lesões hipocrômicas.........................................................................51
Figura 17 Caso 3. Detalhe da lesão no braço. Mácula hipercrômica
com lesões maculosas hipocrômicas brilhantes de permeio............51
Figura 18 Caso 3. Detalhe da lesão do ombro e do dorso ...............................52
Figura 19 Caso 3. Lesão 1. Visão panorâmica. Alterações difusas por
todo o estroma conjuntivo. HE – 40X...............................................53
Figura 20 Caso 3. Lesão 1. Diminuição do número das fibras do
sistema elástico na derme papilar. RFO – 400X ..............................53
Figura 21 Caso 3. Lesão 2. Visão panorâmica. Hialinização da derme
papilar com pobreza de anexos na derme reticular. Análise
da derme reticular parcialmente prejudicada pela
amostragem. HE – 40X....................................................................54
xx
Figura 22 Caso 3. Lesão 2. Diminuição do número das fibras do
sistema elástico na derme papilar e fragmentação destas
estruturas na derme reticular. RFO – 100X......................................55
Figura 23 Caso 4. Lesão em faixa, acastanhada, com áreas
hipocrômicas nacaradas de permeio, no antebraço
esquerdo. .........................................................................................58
Figura 24 Caso 4. A lesão ocupa todo o membro superior esquerdo,
com distribuição em faixa.................................................................58
Figura 25 Caso 4. Lesão 1. Foto panorâmica. Hiperceratose,
retificação da epiderme, hialinização da derme papilar e
esclerose da derme reticular com pobreza de anexos e
células. HE- 40X ..............................................................................59
Figura 26 Caso 4. Lesão 1. Detalhe da derme reticular profunda. HE –
100X.................................................................................................59
Figura 27 Caso 4. Lesão 1. Junção dermo-epidérmica. HE – 100X.................60
Figura 28 Caso 4. Lesão 1. Total irregularidade de distribuição das
fibras do sistema elástico por todo o tecido dérmico. RFO –
100X.................................................................................................61
Figura 29 Caso 5. Lesão 1. Hialinização e espessamento por toda a
derme representada. Pobreza de células e de anexos. HE –
40X...................................................................................................64
Figura 30 Caso 5. Lesão 2. Hiperceratose, alteração vacuolar da
camada basal e hialinização da derme papilar. HE – 100X .............64
Figura 31 Caso 5. Lesão 3. Discreta vacuolização da camada basal.
Hialinização da derme papilar. Infiltrado inflamatório
subjacente. HE – 100X.....................................................................65
xxi
Figura 32 Caso 6. Máculas arredondadas, eritematosas, com
telangiectasias e brilho nacarado localizadas na região
interescapular...................................................................................68
Figura 33 Caso 6. Máculas arredondadas, eritematosas, com
telangiectasias e brilho nacarado localizadas na região
anterior do tórax e nas mamas.........................................................69
Figura 34 Caso 6. Lesão 1. Junção dermo-epidérmica mostrando
discreta hialinização subepitelial. HE – 100X...................................70
Figura 35 Caso 6. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na
derme papilar. RFO – 100X .............................................................70
Figura 36 Caso 6. Lesão 2. Hialinização e espessamento do tecido
dérmico estendendo-se da derme papilar até as traves
conjuntivas da hipoderme. Pobreza de células e de anexos
no tecido dérmico. HE – 40X............................................................71
Figura 37 Caso 6. Lesão 2. Fibras do sistema elástico preservadas na
derme papilar e na derme reticular. RFO – 100X.............................72
Figura 38 Caso 7. Placa acastanhada endurecida, com máculas
hipocrômicas coalescentes de permeio, ocupando o dorso e
a região lombar. ...............................................................................75
Figura 39 Caso 7. Detalhe da lesão .................................................................76
Figura 40 Caso 7. Lesão acastanhada com máculas hipocrômicas de
permeio no abdome .........................................................................77
Figura 41 Caso 7. Mácula hipocrômica ocupando a vulva. Hipotrofia
do clitóris e dos pequenos lábios. Máculas hipocrômicas
rosadas na região glútea..................................................................78
Figura 42 Caso 7. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na
derme papilar. RFO – 100X .............................................................79
xxii
Figura 43 Caso 7. Lesão 1. Diminuição do número e fragmentação
das fibras do sistema elástico na derme reticular. RFO –
100X.................................................................................................79
Figura 44 Caso 7. Lesão 2. Ausência das fibras do sistema elástico na
derme papilar. Derme reticular com diminuição do número e
fragmentação destas estruturas. RFO – 100X .................................80
Figura 45 Caso 8. Mácula acastanhada endurecida, de superfície
apergaminhada, com máculas hipocrômicas nacaradas de
permeio no dorso do pé. ..................................................................83
Figura 46 Caso 8. Mácula acastanhada, de consistência
discretamente aumentada e superfície lisa, apresentando
lesões nacaradas puntiformes de permeio, no abdome...................84
Figura 47 Caso 8. Mácula acrômica, eritematosa, com telangiectasias,
ocupando toda a vulva até a margem anal. Pequenos lábios
diminuídos........................................................................................85
Figura 48 Caso 8. Lesão 2. Hiperceratose, hialinização da derme
papilar e exígua representação do tecido dérmico. HE –
100X.................................................................................................86
Figura 49 Caso 9. Lesão acastanhada endurecida entremeada por
máculas hipocrômicas no abdome...................................................89
Figura 50 Caso 9. Mácula hipocrômica ocupando a face interna de
grandes lábios, com áreas de pele de coloração normal de
permeio. O prepúcio do clitóris encontra-se fimosado e os
pequenos lábios diminuídos.............................................................90
Figura 51 Caso 9. Lesão 1. Hialinização e espessamento do tecido
dérmico estendendo-se da derme papilar até a derme
reticular profunda. Pobreza de anexos e células
xxiii
especialmente notadas na porção central da amostra. HE –
40X...................................................................................................91
Figura 52 Caso 9. Lesão 2. Discreta vacuolização da camada basal.
Hialinização da derme papilar e infiltrado inflamatório
liquenóide. HE – 100X......................................................................92
Figura 53 Caso 9. Lesão 3. Hialinização e espessamento do tecido
dérmico estendendo-se da derme papilar até a derme
reticular profunda. Pobreza de anexos e células. HE – 40X ............93
Figura 54 Caso 10. Lesões maculosas hipercrômicas entremeadas por
lesões nacaradas no abdome, mamas e membros
superiores. .......................................................................................97
Figura 55 Caso 10. Máculas hipercrômicas entremeadas por lesões
nacaradas no abdome, com aumento da consistência,
acometendo a cicatriz umbilical .......................................................98
Figura 56 Caso 10. Máculas acastanhadas nos membros inferiores, de
superfície lisa e consistência aumentada.........................................99
Figura 57 Caso 10. Hipotrofia do clitóris e pequenos lábios vulvares;
máculas hipocrômicas eritematosas atróficas na região
glútea .............................................................................................100
Figura 58 Caso 10. Lesão 1. Hialinização e espessamento do tecido
dérmico estendendo-se da derme papilar até a junção
dermo-hipodérmica. Pobreza de anexos e células.HE – 40X ........101
Figura 59 Caso 10. Lesão 2. Derme papilar com poucas alterações.
HE–100X........................................................................................102
Figura 60 Caso 10. Lesão 2. Hialinização focal intrapapilar muito
discreta na região da membrana basal. HE – 400X.......................102
xxiv
Figura 61 Caso 10. Lesão 2. Marcada diminuição do número das
fibras do sistema elástico sem preservação da arquitetura
normal na derme papilar. RFO – 100X...........................................103
Figura 62 Caso 11. Mácula ovalada acastanhada, discretamente
endurecida, com a superfície lisa. Notar as máculas
hipocrômicas nacaradas no centro da lesão. .................................106
Figura 63 Caso 11. Derme papilar hialinizada em caso de
esclerodermia localizada com pouca esclerose da derme
reticular. HE – 100X .......................................................................107
Figura 64 Caso 11. Fibras do sistema elástico preservadas na derme
papilar. RFO – 400X.......................................................................107
Figura 65 Caso 11. Visão panorâmica de um dos fragmentos da
amostra, mostrando alterações próprias do líquen escleroso
e da esclerodermia localizada. HE – 40X.......................................108
Figura 66 Caso 11. Visão panorâmica do mesmo fragmento,
mostrando alteração vacuolar da camada basal, marcada
hialinização da derme papilar e alterações
esclerodermiformes mais atenuadas da derme reticular. HE
– 100X............................................................................................109
Figura 67 Caso 11. Detalhe da foto anterior: alteração vacuolar da
camada basal e hialinização da derme papilar. HE- 100X.............110
Figura 68 Caso 11. Fragmentação das fibras do sistema elástico na
derme reticular. RFO – 400X .........................................................111
Figura 69 Caso 11. Marcada diminuição do número das fibras do
sistema elástico na derme papilar RFO -100X...............................112
Figura 70 Caso 12. Ferida cirúrgica no abdome após exérese parcial
da lesão..........................................................................................115
xxv
Figura 71 Caso 12. Hiperceratose, alteração vacuolar da camada
basal e hialinização da derme papilar. HE – 100X.........................116
Figura 72 Caso 12. Derme reticular profunda. Junção dermo-
hipodérmica. Marcada esclerose do tecido conjuntivo
dérmico. HE – 100X .......................................................................116
Figura 73 Caso 12. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 100X.......................................................................117
Figura 74 Caso 12. Fragmentação das fibras do sistema elástico na
junção dermo-hipodérmica. RFO – 100X.......................................117
Figura 75 Caso 12. Derme papilar hialinizada. HE – 100X ............................118
Figura 76 Caso 12. Alterações esclerodermiformes. HE – 100X ...................118
Figura 77 Caso 12. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 100X.......................................................................119
Figura 78 Caso 12. Diminuição do número das fibras do sistema
elástico na derme reticular. RFO – 100X .......................................119
Figura 79 Caso 13. Mácula acastanhada, com aumento da
consistência e superfície áspera e apergaminhada, acima
do maléolo lateral direito. ...............................................................122
Figura 80 Caso 13. Hialinização da derme papilar, fibras colágenas
discretamente espessadas na derme reticular sem evidente
esclerose. HE – 40X.......................................................................123
Figura 81 Caso 13. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 100X.......................................................................123
Figura 82 Caso 13. Diminuição do número e fragmentação das fibras
do sistema elástico na derme reticular. RFO – 100X .....................124
xxvi
Figura 83 Caso 14. Lesão acastanhada, em faixa, endurecida, na
região inguinal direita, passando pela face medial da coxa,
até a face medial da perna direita. .................................................127
Figura 84 Caso 14. Detalhe da lesão na coxa................................................128
Figura 85 Caso 14. Hiperceratose, Tampão córneo folicular. Ampla
faixa de edema e hialinização. HE- 100X.......................................129
Figura 86 Caso 14. Diminuição do número e fragmentação das fibras
do sistema elástico na derme reticular. RFO – 200X .....................129
Figura 87 Caso 14. Aspecto normal das fibras do sistema elástico na
derme reticular. Anexos bem separados. RFO – 100X..................130
1 INTRODUÇÃO
O Ambulatório de Dermatologia Genital do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho da UFRJ, inaugurado em novembro de 1985, consolidou-
se como um centro de referência para doenças da região genital. O líquen
escleroso, pela particularidade de acometer preferencialmente esta região,
contribuiu para que reuníssemos uma grande casuística desta doença
dermatológica, inclusive de suas formas extragenitais. A observação contínua de
casos novos e o acompanhamento de outros ao longo destes anos, têm
propiciado a realização de diversos estudos sobre o líquen escleroso no Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho, contando com colaboradores da UFRJ e de
outras instituições. Além disso, a crescente experiência no diagnóstico clínico e
histopatológico do líquen escleroso, tem permitido o diagnóstico e a abordagem
precoce de lesões incipientes ou atípicas desta doença.
Temos observado, esporadicamente, casos de líquen escleroso
extragenital que se confundem, em alguns aspectos, com a esclerodermia
localizada. Alguns destes, embora apresentem o quadro histopatológico clássico
do líquen escleroso, não mostram clinicamente as pápulas nacaradas típicas
desta doença; ao contrário, exibem lesões sugestivas de esclerodermia
localizada, tanto pelo formato, ovóide ou linear, como pela coloração acastanhada
das lesões. Há outros que, clinicamente, sugerem líquen escleroso, mas ao
exame histopatológico apresentam alterações morfológicas presentes na
esclerodermia localizada. Em alguns casos, observamos a coexistência das duas
2
doenças em um mesmo paciente e, em outros, de forma mais surpreendente
ainda, observamos uma superposição destas doenças na mesma amostra
histopatológica.
Estes casos são incomuns e impõem dificuldades diagnósticas, além de
suscitarem dúvidas quanto à posição nosológica destas doenças e suas possíveis
relações etiopatogênicas. Apesar de tais dúvidas estarem sendo discutidas
desde o início do século XX, ainda são controversas as opiniões da comunidade
científica a respeito. Alguns autores acreditam que líquen escleroso e
esclerodermia localizada sejam manifestações diversas de uma doença espectral.
Outros, ao contrário, consideram as características clínicas e histopatológicas de
cada uma destas doenças suficientes para considerá-las distintas e não
relacionadas, sustentando que lesões coexistentes seriam apenas coincidentes.
Em pacientes brasileiros, temos conhecimento de casos esporádicos de
superposição de líquen escleroso e esclerodermia localizada, apresentados em
congressos regionais e nacionais de Dermatologia. Há dois relatos nos Anais
Brasileiros de Dermatologia: o primeiro, publicado em 1966 por Rabello et al.,
descreve um paciente com “características de líquen escleroso e atrófico e de
atrofia nevóide em placas e com possibilidade de uma forma incompleta de
esclerodermia” e o segundo por Melo et al., em 1985, sobre a concomitância de
esclerodermia localizada, líquen escleroso e ceratodermia de Ramos e Silva.
Este estudo teve como objetivo descrever as características clínicas e
histopatológicas de casos registrados no HUCFF que remetessem à polêmica
relação entre líquen escleroso e esclerodermia localizada: lesões concomitantes
de esclerodermia localizada e líquen escleroso; lesões clinicamente sugestivas de
esclerodermia localizada, mas que apresentavam achados histopatológicos
3
compatíveis com o diagnóstico de líquen escleroso; lesões clinicamente
sugestivas de líquen escleroso, mas que apresentavam achados histopatológicos
compatíveis com o diagnóstico de esclerodermia localizada.
Consideramos que o estudo minucioso destes casos e a análise crítica
dos seus critérios diagnósticos poderão auxiliar no diagnóstico clínico e
histopatológico do líquen escleroso e da esclerodermia localizada, particularmente
nas apresentações incomuns, além de fundamentar estudos que pretendemos
elaborar sobre as alterações da matriz extracelular que poderiam melhor
caracterizar as diferenças entre estas doenças.
4
2 OBJETIVOS
Descrever as características clínicas e histopatológicas de pacientes com:
1. Lesões concomitantes de esclerodermia localizada e líquen escleroso;
2. Lesões cujo diagnóstico histopatológico (líquen escleroso, esclerodermia
localizada ou líquen escleroso e esclerodermia localizada simultâneos)
não correspondeu ao diagnóstico clinico
5
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 LÍQUEN ESCLEROSO
3.1.1 Histórico e Nomenclatura:
O líquen escleroso foi descrito clinicamente por Hallopeau em 1887. Onze
anos após, relatou mais três casos de uma condição que acreditava ser uma
forma peculiar do líquen plano atrófico, devido ao achado ocasional de lesões
orais. Em 1892, o quadro histológico típico de líquen escleroso foi formalmente
descrito por Darier (Meffert et al., 1995). Os primeiros casos, detalhados por
Darier e Hallopeau, aparentemente limitavam-se a áreas extragenitais. Estes
autores não mencionaram o envolvimento da região anogenital, nem sequer há
evidências de que estas áreas tenham sido examinadas. No entanto, deveria ser
creditado a Weir o primeiro caso publicado de líquen escleroso, pois em 1875,
realizou uma excelente descrição de uma doença em tudo compatível com o
diagnóstico de líquen escleroso, em uma paciente com quadro ictiosiforme oral e
vulvar (Wakelin e Marren, 1997).
A partir da descrição de Hallopeau, vários termos foram usados para
denominar condições que, retrospectivamente, eram clínica e histologicamente
semelhantes e que posteriormente, seriam descritas como líquen escleroso.
Alguns dos mais freqüentes e amplamente publicados são: líquen plano atrófico
(Hallopeau, 1887), líquen plano escleroso (Darier, 1892), Weissflecken Dermatose
“White spot disease”; (Westberg, 1901), lichen albus (von Zumbusch, 1906),
6
líquen plano escleroso e atrófico (Montgomery e Ormsby, 1907), dermatite
liquenóide crônica e atrófica (Csillag, 1909), craurose vulvar (Breisky, 1885) e
balanite xerótica obliterante (Stümer, 1928). Em 1976, o termo líquen escleroso foi
formalmente adotado pela Sociedade Internacional para o Estudo das Doenças
Vulvovaginais (ISSVD) e é a nomenclatura preferencialmente utilizada atualmente
(Meffert et al., 1995). Tal diversidade de nomenclatura justifica-se pelas
semelhanças clínicas e histológicas entre o líquen escleroso e outras doenças,
particularmente o líquen plano e a esclerodermia.
3.1.2 Epidemiologia:
Há poucos estudos epidemiológicos sobre o líquen escleroso.
Conseqüentemente, dados sobre a prevalência desta doença na população são
escassos e subestimados (Wakelin e Marren, 1997). O acometimento genital
dificulta ou retarda, muitas vezes, o atendimento médico. A doença pode ser
assintomática ou as lesões cutâneas podem passar despercebidas, já que o auto-
exame da região genital não é prática habitual, sobretudo entre as mulheres.
Além disto, há formas clinicas muito sutis de líquen escleroso, que dificultam o
seu reconhecimento inclusive por médicos experientes. A abordagem
fragmentada por diversos especialistas também dificulta o diagnóstico, visto que
ginecologistas e urologistas raramente realizam um exame detalhado da pele da
região genital, enquanto dermatologistas geralmente excluem o exame desta
área.
Um estudo publicado em 1971, encontrou uma incidência variando de
1:300 a 1:1000 dentre todos os pacientes admitidos nos Departamentos de
Dermatologia e Ginecologia de um hospital geral (Wallace, 1971). Observações
7
recentes e não publicadas de uma coorte de 17000 mulheres entre 50 e 59 anos
de idade, em uso de anovulatório oral (The Oxford Family Planning Association
Contraceptive Study) estimaram a incidência de líquen escleroso confirmado
histopatologicamente em 13.7 por 100.000 por ano. No entanto, este estudo
apresenta um viés de seleção, já que a amostra é formada por mulheres
sexualmente ativas na pré-menopausa (Wakelin e Marren, 1997).
Há relatos de líquen escleroso em todas as faixas etárias; porém, a
doença acomete preferencialmente mulheres na perimenopausa. Esta parece ser
dez vezes mais comum em mulheres, porém esta relação varia de acordo com os
grupos populacionais estudados e os critérios diagnósticos empregados (Wallace,
1971). Embora o líquen escleroso já tenha sido observado em todos os grupos
étnicos, a maioria dos relatos se refere a pacientes brancos, o que reflete, sem
dúvida, a composição das populações estudadas, geralmente européias ou norte-
americanas. Em ambos os sexos, a forma genital é a mais comum independente
da faixa etária (Wakelin e Marren, 1997).
O líquen escleroso tem predileção pela região anogenital de mulheres.
Em uma série de 350 mulheres, 98% tinham acometimento vulvar e 46% tinham
envolvimento vulvar e perineal (Meyrick Thomas, 1988). No homem, as lesões
geralmente ocorrem na glande ou no prepúcio, sendo incomum o envolvimento da
região perianal (Wakelin e Marren,1997).
Dados sobre a prevalência de pacientes com lesões genitais e
extragenitais de líquen escleroso são discordantes em diversos estudos. É rara a
apresentação extra-genital na ausência de lesões genitais da doença, tendo sido
observada em 6% de 200 mulheres com líquen escleroso (Wakelin e Marren,
1997).
8
3.1.3 Clínica:
Lesões genitais:
Os principais sintomas são prurido e dispareunia. As lesões clássicas
consistem em máculas acrômicas, hipocrômicas ou róseas, com brilho céreo ou
nacarado, podendo exibir ceratose de intensidade variável. A doença altera de
forma progressiva e irreversível a anatomia vulvar em um grande número de
pacientes, levando ao apagamento dos pequenos lábios vulvares, fimose do
prepúcio do clitóris e redução da amplitude do vestíbulo vulvar (Meffert et al.
,1995; Wakelin e Marren, 1997).
Nos homens, as lesões genitais de líquen escleroso consistem em lesões
maculosas e ceratósicas que ocorrem geralmente na glande ou no prepúcio.
Fimose de início súbito, com aderências prepuciais, diminuição da sensibilidade
na glande, ereções dolorosas e obstrução urinária por estenose do meato uretral
podem ocorrer (Meffert et al., 1995).
Em crianças, disúria é um sintoma freqüente, além de constipação nos
casos com acometimento perianal. Lesões purpúricas, sangramento vulvar e
perineal podem ocorrer espontaneamente ou como conseqüência à coçadura na
pele fina e atrófica, levando à suspeita de abuso sexual (Wakelin e Marren, 1997).
Lesões extragenitais:
São geralmente assintomáticas, raramente ocasionando o prurido tão
freqüente e intenso das lesões genitais. Apresenta-se de forma semelhante em
ambos os sexos, iniciando-se com pápulas poligonais achatadas, de tonalidade
nacarada, que posteriormente coalescem em placas, exibindo ceratose folicular
9
característica. As lesões tornam-se progressivamente mais lisas e de coloração
branco-porcelana. As lesões extragenitais podem ser localizadas ou, raramente,
disseminadas. Os locais mais afetados são pescoço, ombros, axilas, regiões
inframamárias e punhos (Meffert et al., 1995; Wakelin e Marren, 1997).
Foram descritos dois casos de líquen escleroso extragenital em um
padrão correspondente ao das linhas de Blaschko, ambos sem acometimento
genital. No primeiro, em uma paciente de 25 anos de idade, a lesão se estendia
do quadrante inferior esquerdo do abdome, em uma configuração em S, sobre o
flanco esquerdo até a região lombar esquerda, consistente com o padrão de
Blaschko (Libow e Coots, 1998). O segundo caso, em um paciente do sexo
masculino com placas violáceas arciformes com centro atrófico, em faixa,
estendendo-se do mamilo esquerdo até a linha lateral axilar esquerda (Choi et al.,
2000). Há casos relatados de líquen escleroso, com lesões violáceas em faixa,
bem circunscritas, no tórax (Gross 1958), sendo possível que alguns destes casos
sigam o padrão das linhas de Blaschko.
3.1.4 Etiopatogenia:
A etiologia do líquen escleroso permanece obscura, apesar do interesse
crescente e das pesquisas realizadas na tentativa de melhor elucidar os fatores
envolvidos no seu surgimento. Fatores auto-imunes genéticos, hormonais e
infecciosos participariam, possivelmente inter-relacionados, da sua etiopatogenia
(Wakelin e Marren, 1997).
A associação entre líquen escleroso e auto-imunidade vem sendo
demonstrada em diversos estudos.(Brunsting et al., 1962; Goolamali et al., 1974;
Faergemann, 1979; Harrington e Dunsmore, 1981; Meyrick Thomas, 1982;
10
Meyrick Thomas, 1983; Meyrick Thomas, 1984; Ridley, 1984; Holt e C.Darke
,1985; Kahana et al.,1985; Lavery et al., 1985; Natarajan e Green, 1986; Meyrick
Thomas, 1988; Azevedo e Jr, 1989; Azevedo et al., 1992; Marren et al., 1994;
Soares, 1998; Azurdia et al., 1999; Córdoba et al., 1999; Farrel et al., 2000;
Aslanian, 2001). O primeiro a sugerir formalmente a relação entre o líquen
escleroso e auto-imunidade foi Wallace, em 1971, ao observar que 2,6% de seus
pacientes com líquen escleroso eram portadores de vitiligo (Wallace, 1971). Três
anos depois, Goolamali et al. (1974) publicaram a primeira investigação sobre
auto-anticorpos no líquen escleroso, no qual 40% das 25 pacientes do sexo
feminino, entre 14 e 70 anos, apresentaram anticorpos anti-tireoidianos e em 44%
delas anticorpos contra células gástricas parietais. Tais resultados demonstraram-
se significativos estatisticamente, após terem sido comparados a grupos-controle.
A incidência de outras doenças auto-imunes parece ser maior em
mulheres cujo líquen escleroso tenha tido início entre 41-60 anos de idade, sem
relação com o local ou duração das lesões (Harrington e Dunsmore, 1981). Cerca
de 50% das mulheres afetadas pelo líquen escleroso têm história pessoal ou
familial de doenças auto-imunes (Marren et al., 1994). As associações mais
significativas são com doença tireoidiana, alopecia areata e vitiligo (Meyrick
Thomas, 1988; Soares, 1998), mas há relatos de concomitância de líquen
escleroso com cirrose biliar primária (Lavery et al., 1985; Natarajan e Green
,1986), lúpus eritematoso sistêmico (Kahana et al., 1985), polimialgia reumática
(Faergemann, 1979) e diabetes mellitus (Meyrick Thomas, 1988). Homens com
líquen escleroso também apresentam maior prevalência de doenças auto-imunes
e auto-anticorpos,(Meyrick Thomas, 1983). Doenças auto-imunes têm sido
observadas não só em pacientes com líquen escleroso, mas também em seus
11
parentes de primeiro grau (Harrington e Dunsmore, 1981; Meyrick Thomas, 1983;
Azevedo e Jr, 1989) .
Casos de líquen escleroso em parentes de primeiro grau e em gêmeos
monozigóticos sugerem o envolvimento de fatores genéticos em sua
etiopatogenia. Os estudos sobre fatores genéticos relacionados ao líquen
escleroso concentram-se principalmente sobre o complexo HLA, que parece ter
papel determinante na susceptibilidade individual às doenças inflamatórias. No
entanto, os estudos a respeito da associação entre líquen escleroso e HLA são
muito heterogêneos em relação às classes e especificidades estudadas e à
metodologia utilizada, concorrendo para resultados conflitantes. Os trabalhos
publicados utilizaram, em sua maioria, populações-controle inadequadas,
representadas por doadores de sangue ou de rim, cadáveres ou residentes da
comunidade, que não foram submetidos a exame clínico para descartar a
presença de líquen escleroso. Nestes estudos, observamos que o HLA-DQ7 tem
sido o mais freqüentemente encontrado em estudos populacionais de líquen
escleroso, incluindo homens, mulheres e crianças (Meyrick Thomas,1983; Meyrick
Thomas ,1984; Holt e C.Darke, 1985; Marren et al., 1994; Azurdia et al., 1999).
No setor de Dermatologia Genital do HUCFF –UFRJ, foram estudadas
três famílias nas quais havia mais de um indivíduo afetado pela doença. Neste
estudo, de caráter descritivo e seccional, todos os participantes foram submetidos
a tipificação de seus marcadores imunogenéticos HLA, para análise de suas
freqüências. Foram encontrados oito casos de líquen escleroso nas três famílias
(dois a três casos/família). Os marcadores HLA mais encontrados foram: - B*15, -
B*57, -CW*03, -CW*07, -CW*18, -DRB1*07, -DRB4* (Aslanian, 2001).
12
Fatores hormonais parecem ter participação na etiopatogenia do líquen
escleroso, considerando que a maioria dos casos ocorre na região genital de
mulheres na perimenopausa. O líquen escleroso vulvar é caracterizado pela
involução de estruturas anatômicas andrógeno-dependentes, bem como por
alterações da pele também influenciadas por estes hormônios. Em um estudo
transversal controlado realizado no HUCFF, investigou-se as alterações
plasmáticas dos esteróides sexuais de 67 mulheres com líquen escleroso vulvar,
com idades entre 21 e 81 anos. As pacientes com líquen escleroso apresentaram
níveis plasmáticos mais elevados de estradiol e testosterona livre em relação aos
controles, porém com redução dos níveis de estrona e sulfato de DHEA. As
alterações hormonais encontradas sugerem fortemente que alterações no
metabolismo androgênico participariam da etiopatogenia do líquen escleroso
(Azevedo et al. ,1994).
Uma possível relação do líquen escleroso com fatores infecciosos,
notadamente com a infecção pela Borrelia burgdorferi tem sido proposta através
de pesquisas com resultados conflitantes. Em um estudo transversal controlado
realizado no Ambulatório de Patologia Vulvar do HUCFF-UFRJ, com 66 pacientes
com líquen escleroso comprovado histologicamente, não foram verificadas
alterações eletrocardiográficas, neurológicas ou reumatológicas relacionadas à
Borreliose de Lyme, comparadas a 61 controles. Anticorpos anti- Borrelia foram
encontrados em 3 pacientes e 3 controles (Kede, 1996).
3.1.5 Histopatologia:
No líquen escleroso, o exame histopatológico é realizado nos casos
incaracterísticos e nos de difícil diferenciação clínica entre outras doenças como o
13
líquen plano erosivo, o penfigóide superficial e a esclerodermia localizada. É
importante, também, para o diagnóstico de carcinoma epidermóide, que
raramente pode surgir em uma lesão de líquen escleroso. O quadro histológico
clássico compreende hiperceratose, freqüentemente com tampões córneos
foliculares, adelgaçamento da epiderme, edema de intensidade variável e
homogeneização do colágeno na derme papilar, infiltrado inflamatório
mononuclear em faixa na derme papilar, freqüentemente obscurecendo a junção
dermo-epidérmica, além de alteração vacuolar da camada basal.
O infiltrado linfocitário perivascular pode estar deslocado para baixo,
devido ao edema da derme papilar. A porção mais superior da derme reticular
pode exibir fibras colágenas espessas e desorganizadas (Elder et al. ,1997) .
Em 1986, Hewitt sugeriu que a presença de hialinização da derme papilar,
mesmo discreta, seria o único critério histológico significativo para o diagnóstico
de líquen escleroso. Através de um estudo baseado na análise seqüencial de
nove amostras obtidas por vulvectomia para tratamento de carcinoma invasivo da
vulva, Hewitt propôs uma classificação para o líquen escleroso, que possibilitaria
o reconhecimento de casos com alterações histológicas mínimas, além de permitir
uma gradação histológica da doença (Hewitt, 1986).
I.1 LS clássico com infiltrado inflamatório subjacente
Hewitt I (clássico) I.2 LS clássico sem infiltrado inflamatório
II.1 Superficial, hialinização subepitelial, em faixa
II.2.a Espessamento hialino da membrana basal
Hewitt II
(hialinização do colágeno)
II.2.b Hialinização intrapapilar
Quadro 1 Gradação histológica proposta por Hewitt (Hewitt 1986)
14
Alguns estudos, principalmente ultra-estruturais, têm demonstrado que,
no líquen escleroso, as fibras do sistema elástico estariam destruídas, o que
poderia auxiliar na diferenciação histopatológica entre líquen escleroso e
esclerodermia localizada, na qual estas fibras estariam preservadas (Rahbari
,1989).
O sistema elástico da pele é composto pelas fibras oxitalânicas e
elaunínicas, que formam as fibras do sistema elástico superficial e por fibras
elásticas maduras. Estas fibras diferem quanto à composição química, estrutura e
propriedades tintoriais à microscopia óptica. As fibras oxitalânicas são mais
superficiais e estão dispostas paralelamente à epiderme conferindo um aspecto
de “pincel“. São compostas basicamente por microfibrilas e conferem resistência
às forças mecânicas, além de contribuírem para a sustentação da junção dermo-
epidérmica. As fibras elaunínicas conectam as fibras oxitalânicas às fibras
elásticas maduras; são compostas por microfibrilas e elastina. As fibras elásticas
maduras contém cerca de 90% de elastina e situam-se mais profundamente,
ocupando quase toda a derme reticular (Elder et al., 1997).
Steigleder e Raab, estudando o líquen escleroso extragenital, relataram
que nos estágios iniciais da doença, o edema proeminente da derme papilar
deslocaria as fibras elásticas, e que estas seriam destruídas com o avançar da
doença (apud Farrel et al., 2001).
A maioria dos estudos que utilizam microscopia ótica ou eletrônica
demonstra redução de fibras elásticas; no entanto, Mann e Cowan estudaram
quatro casos de líquen escleroso extragenital através de microscopia eletrônica e
demonstraram a presença de fibras elásticas em maior quantidade do que na pele
normal. Os autores atribuíram a diminuição destas fibras, observada em vários
15
estudos com microscopia óptica, a propriedades tintoriais e não à real diminuição
de seu número (apud Farrel et al. ,2001). Porém, Farrel et al. através da
utilização de anticorpos monoclonais para elastina em dezesseis pacientes com
líquen escleroso histopatologicamente confirmado, evidenciaram fragmentação e
redução número das fibras elásticas na zona de esclerose em 15 pacientes,
contribuindo para sustentar a observação de outros autores (Farrel et al., 2001).
Douglas et al. demonstraram maior atividade de uma protease tipo
elastase em culturas de tecidos obtidos de lesões de líquen escleroso, quando
comparados às de pele normal (apud Farrel et al., 2001). Godeau et al.
demonstraram que os fibroblastos presentes em lesões vulvares de líquen
escleroso produzem esta enzima, o que poderia explicar a lise maciça de fibras
elásticas na doença (Godeau, 1982). A ausência ou diminuição das fibras do
sistema elástico superficial, constatada através de colorações especiais, pode ser
resultante do deslocamento das mesmas pelo depósito de glicosaminoglicanas
(Farrel et al., 2001).
No líquen escleroso vulvar há modificação na distribuição de diversas
proteínas da matriz extracelular em áreas lesionais da derme, ocorrendo acúmulo
significativo de proteoglicanos/glicosaminoglicanas sulfatados na derme superior,
em colocalização à zona de hialinização. Estes proteoglicanos/
glicosaminoglicanos sulfatados possivelmente, ao interagirem com as fibrilas
colágenas levam à modificação da fibrilogênese, com conseqüente formação de
fibras finas e curtas, aspecto caracterizado através de microscopia confocal.
Observou-se, também, acúmulo de colágenos do tipo I e do tipo III na derme
papilar, com modificação do padrão da arquitetura das fibras, através de
microscopia confocal a laser (Corrêa, 2000).
16
3.2 ESCLERODERMIA LOCALIZADA
3.2.1 Aspectos Gerais:
O termo esclerose é clinicamente definido como endurecimento da pele
(do grego skleros duro, -sis condição). Além da esclerodermia, outras doenças
como dermatomiosite e lúpus eritematoso, podem apresentar endurecimento da
pele.
3.2.2 Epidemiologia:
A esclerodermia localizada é três vezes mais frequente no sexo feminino,
sendo mais comum entre os 20 e 40 anos de idade, embora possa ocorrer em
qualquer faixa etária. As lesões lineares ocorrem principalmente abaixo dos 10
anos de idade. Parece ser rara em negros. Algumas drogas como carbidopa,
pentazocina, cocaína e inibidores do apetite têm sido implicadas. Implantes de
silicone e de parafina, bem como a exposição a algumas substâncias químicas,
como cloreto de polivinil, solventes orgânicos, pesticidas, resinas epóxi e sílica
foram seguidas por surgimento de lesões de esclerodermia (Rook et al. ,1998).
3.2.3 Clínica:
A esclerodermia localizada ou morféia caracteriza-se por esclerose
cutânea localizada, sendo esta a forma clínica mais prevalente. Além da
esclerodermia em placas, existem outras formas clínicas que ocasionalmente
coexistem nos pacientes (Rook et al., 1998).
As lesões em placas caracterizam-se mais freqüentemente por uma ou
mais áreas endurecidas de tamanhos variados, arredondadas ou ovaladas, que
17
nas fases iniciais são geralmente violáceas ou eritematosas. Após algumas
semanas ou meses elas perdem a cor, principalmente na sua porção central,
exibindo uma coloração marfim, com o característico anel lilás ao redor.
Freqüentemente são múltiplas e bilaterais, porém são geralmente assimétricas.
Podem ocorrer em tronco e membros, face e região genital, tendo instalação
geralmente insidiosa. A superfície geralmente é lisa e brilhante, mas pode ser,
excepcionalmente, nodular. Os pêlos estão ausentes e ocorre anidrose na lesão.
Bolhas, vesículas e telangiectasias podem ser observadas (Rook et al., 1998).
Muitos casos diagnosticados como esclerodermia em gotas
correspondem, na verdade, ao líquen escleroso (Rook et al., 1998). O termo
white-spot disease tem sido usado indistintamente para as duas condições. Esta
imprecisão de nomenclatura tem contribuído para dificultar o estudo dos casos já
relatados.
As lesões lineares apresentam características clínicas semelhantes às
das lesões em placa, porém geralmente não exibem o anel lilás. São
habitualmente únicas, porém lesões bilaterais podem ser observadas. Os
membros são freqüentemente afetados, sobretudo as pernas, mas podem
acometer o tórax e o abdome. As lesões podem seguir as linhas de Blascko.
Apresentam-se como áreas lineares de endurecimento cutâneo que podem
acometer os músculos e os ossos subjacentes, resultando em distúrbios do
crescimento e deformidades articulares. Geralmente as lesões ocupam o
comprimento de um membro ou localizam-se ao redor do tronco (Rook et al.,
1998).
As lesões frontoparietais, denominadas “em golpe de sabre”, iniciam-se
com endurecimento da pele no local afetado e evoluem com uma placa
18
endurecida, marfínica, freqüentemente com telangiectasias e bordas
hiperpigmentadas. Uma depressão linear surge na região frontoparietal,
estendendo-se para o couro cabeludo, produzindo uma área de alopecia
cicatricial. Alterações oculares e dentárias podem resultar da extensão das lesões
(Rook et al. ,1998) .
As lesões generalizadas são raras, iniciando-se mais freqüentemente
entre 30 e 40 anos de idade. Apresentam evolução insidiosa, assemelhando-se
às lesões em placas, porém são habitualmente maiores. Iniciam-se geralmente no
tronco e não estão associadas a manifestações sistêmicas. Podem desenvolver-
se como uma extensão da esclerodermia localizada e, ocasionalmente,
apresentam-se concomitantes a lesões de líquen escleroso (Rook et al., 1998).
As lesões bolhosas ocorrem raramente sobre as várias formas clínicas
da esclerodermia localizada e são objeto de ampla discussão. Na maioria dos
casos publicados, as bolhas apresentavam, curiosamente, aspecto
histopatológico de líquen escleroso, configurando mais uma forma de
concomitância entre as duas doenças (Nicolas et al., 1988; Trattner et al., 1994).
A esclerodermia profunda compreende os casos de esclerodermia
subcutânea, fasciite eosinofílica e esclerodermia pan-esclerótica incapacitante da
infância. A esclerodermia subcutânea caracteriza-se por placas escleróticas
profundas, estando as alterações inflamatórias localizadas na fáscia e no tecido
subcutâneo. Por este motivo, não se evidenciam as alterações de pigmentação
observadas nas outras formas de esclerodermia.
A fasciíte eosinofílica ou Doença de Schulmann é mais freqüente em
homens e comumente apresenta-se com dor, eritema, edema e induração nas
extremidades,ocasionando limitação dos movimentos de pés e mãos. Parece
19
associar-se a traumatismos locais e a exercícios intensos. Eosinofilia periférica,
velocidade de hemossedimentação elevada e hipergamaglobulinemia podem
ocorrer.
A esclerodermia pan-esclerótica incapacitante da infância é uma forma
rara, grave e mutilante, que envolve a derme, tecido subcutâneo, fáscia,músculo e
até o osso. Inicia-se geralmente antes dos 14 anos, levando a esclerose
superficial e profunda do tronco e extremidades,couro cabeludo e face, poupando
os dedos das mãos e pés. A doença é progressiva, permanente e intratável (Rook
et al., 1998).
3.2.4 Etiopatogenia:
A etiologia da esclerodermia localizada permanece indefinida. Trauma ou
imobilização parecem agir como fatores desencadeantes. Há relatos da doença
iniciando-se após vacinação com BCG, varicela, injeções de vitamina K e até
trinta anos após radioterapia para câncer de mama (Rook et al., 1998).
A observação de que a penicilina pode levar à estabilização ou até
mesmo à remissão completa da esclerodermia localizada sugere uma possível
etiologia infecciosa. Em 1985, Aberer et al. foram os primeiros a propor que a
esclerodermia localizada seria causada pela Borrelia burgdorferi, argumentando
que esta doença assemelhava-se em aspectos clínicos e histopatológicos à
dermatite crônica atrofiante e detectaram anticorpos contra B. burgdorferi em
cinco dos dez pacientes com esclerodermia localizada (Weide et al., 2000). Desde
então vários estudos sobre uma possível associação da doença com este
microorganismo têm sido publicados, muitos deles com resultados contraditórios.
20
(Colomé-Grimmer et al., 1997; Özkan et al., 2000) (Aberer et al., 1988; Buechner
et al., 1993; Kede, 1996).
Em 1986, Asbrink et al. evidenciaram lesões de líquen escleroso ou de
esclerodermia localizada em 12% dos pacientes com acrodermatite crônica
atrofiante. Em outro estudo, estes autores demonstraram quatro de 32 casos de
acrodermatite crônica atrofiante com lesões de líquen escleroso, confirmadas
histopatologicamente. No entanto, após anos de pesquisa, faltam evidências
significativas para confirmar a associação destas doenças com a Borrelia, porém
sua participação não pode ser excluída. A detecção histológica e imuno-
histológica da B. burgdorferi foi relatada em 20 dos 82 casos de esclerodermia
localizada e em 17 dos 36 casos de líquen escleroso (Weide et al., 2000).
O cultivo da Borrelia a partir de lesões de esclerodermia foi bem sucedida
em cinco de 68 pacientes..A detecção sorológica de anticorpos contra Borrelia
burgdorferi foi descrita em 0-60% dos pacientes com esclerodermia na Europa e
na Ásia. Nos Estados Unidos, a positividade foi inferior a 19%. Na Europa e na
Ásia, 0-25% dos casos de líquen escleroso foram positivos. No entanto, 2-11% de
pacientes assintomáticos, dependendo da região geográfica, tiveram anticorpos
anti-Borrelia detectados. Na Europa e na Ásia, O DNA da Borrelia burgdorferi foi
detectado por PCR em 17 de 82 pacientes com esclerodermia. Nos Estados
Unidos nenhum dos 98 pacientes apresentou positividade ao PCR (Weide et al.
,2000).
Várias hipóteses têm sido propostas para justificar resultados tão
contraditórios. Fatores externos como radiação, exposição a alguns agentes
químicos, infecções pelo vírus Epstein-Barr, entre outros, podem estar envolvidos.
Além disso, é possível que a esclerodermia esteja relacionada a alguma
21
subespécie de Borrelia burgdorferi. Diferenças regionais na prevalência destas
subespécies poderiam explicar os resultados norte-americanos opostos à
associação da esclerodermia localizada com a Borrelia burgdorferi (Weide et al.
,2000).
3.2.5 Histopatologia:
Os vários tipos de esclerodermia localizada não podem ser diferenciados
histologicamente. Suas alterações histopatológicas mais significativas encontram-
se na derme inferior e na hipoderme, justificando a necessidade de quantidade
representativas de tecido subcutâneo nas amostras de pele obtidas para exame
(Elder et al., 1997) .
Ackerman define o termo esclerose como um tipo de fibrose caracterizado
por homogeneização dos feixes colágenos e por uma significativa redução no
número de fibrócitos. Considera, inclusive, que as lesões bem constituídas de
esclerodermia não apresentam esclerose, já que os feixes colágenos, apesar de
espessados e com espaços reduzidos entre eles, apresentam seus limites
preservados (Ackerman, 1997).
Nos estágios iniciais da doença as alterações histopatológicas presentes
nas bordas violáceas consistem em espessamento das fibras colágenas e um
acentuado infiltrado inflamatório linfoplasmocitário de permeio, podendo atingir o
subcutâneo, que é gradativamente substituído por colágeno neoformado
composto por fibras finas e onduladas, fracamente coradas pela hematoxilina-
eosina. Nos estágios mais avançados da doença o infiltrado inflamatório tende a
restringir-se a algumas áreas do subcutâneo. Os feixes de colágeno na derme
reticular apresentam-se espessados e mais eosinofílicos. As glândulas écrinas
22
apresentam-se atróficas, enclausuradas pelo neocolágeno circundante (Elder et
al. ,1997).
O comportamento das fibras do sistema elástico superficial na
esclerodermia localizada permanece controverso. Alguns autores consideram que
as fibras do sistema elástico superficial estão preservadas na esclerodermia
localizada, enquanto outros evidenciam diversas alterações das fibras do sistema
elástico na esclerodermia localizada, porém não demonstram ausência das
mesmas. (Ackerman, 1997 ; Rahbari, 1989).
3.3 LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA
Uma possível relação entre líquen escleroso e esclerodermia localizada
vem sendo discutida por médicos e pesquisadores desde o início do século
passado e consiste em assunto polêmico na atualidade. Em 1910, Ormsby
comentava a dificuldade no diagnóstico clínico diferencial entre as duas doenças.
Em 1913, Hazen relatava um caso de evolução de esclerodermia em gotas para o
então denominado líquen plano atrófico. A coexistência de líquen escleroso e
esclerodermia localizada em um mesmo paciente é descrita desde meados do
século XX. Em 1951, Laymon fez referência a três casos de esclerodermia
localizada e líquen escleroso concomitantes (Patterson e Ackerman, 1984). No
Brasil, Rabello et al. publicaram o primeiro caso de concomitância de líquen
escleroso e esclerodermia, em 1966. (Rabello et al., 1966). Dezenove anos
depois, Melo et al. publicaram o segundo caso brasileiro de concomitância das
23
duas doenças em uma paciente do HUCFF, que também apresentava
ceratodermia marginada de Ramos- e- Silva (Melo et al., 1985).
Em 1971, Wallace confirmou histologicamente a presença de
esclerodermia em placas em treze pacientes de uma série de 380 pacientes com
líquen escleroso. Destes treze pacientes, seis apresentavam lesões
generalizadas. Além disso, em quatro pacientes, as lesões apresentaram
endurecimento apenas discreto e o exame físico não foi suficiente para excluir o
diagnóstico de líquen escleroso. Neste estudo, o autor descreveu a coexistência
do líquen escleroso com outras doenças, como o vitiligo, o líquen plano e a
alopecia areata, mas somente a associação com esclerodermia localizada e
vitiligo tiveram significância estatística (Wallace, 1971).
Uitto et al., em 1980, demonstraram a coexistência de esclerodermia
localizada e líquen escleroso em 10 pacientes. Em sete casos, características
clínicas e histopatológicas de ambas as doenças foram encontradas em uma
mesma lesão. Em um caso observou-se a transição de líquen escleroso para
esclerodermia localizada em um período de dois anos, com desaparecimento
concomitante de qualquer evidência clínica de líquen escleroso (Uitto et al., 1980).
Casos de concomitância de líquen escleroso, esclerodermia localizada e
líquen plano têm sido raramente documentados. Connelly et al. relataram um
caso de coexistência de líquen plano, líquen escleroso e esclerodermia localizada
e encontraram oito casos anteriormente publicados (Connelly e Winkelman,
1985).
A coexistência de líquen plano e líquen escleroso pode sugerir uma
possível relação entre estas doenças. Os achados histológicos das duas doenças
são parecidos, ambos podendo apresentar infiltrado inflamatório em faixa na
24
junção dermoepidérmica. Ambas apresentam sobreposição de algumas variantes
clínicas, como líquen plano atrófico, líquen plano bolhoso e líquen escleroso
bolhoso, podendo apresentar formas ulceradas (Connelly e Winkelman, 1985).
Natarajan et al. descreveram um caso de concomitância de cirrose biliar
primária, esclerodermia generalizada e líquen escleroso, até então o primeiro
documentado. Um caso de esclerodermia sistêmica e cirrose biliar primária já
havia sido relatado em 1970 (Natarajan e Green, 1986).
Córdoba et al. (1999), publicaram o primeiro caso de líquen escleroso em
uma paciente do sexo feminino com doença enxerto versus hospedeiro
esclerodermiforme. As lesões de líquen escleroso surgiram na região cervical
dois anos após um transplante alogênico de medula óssea e foram confirmadas
histopatologicamente.
Estas observações têm levado a questionamentos sobre a relação entre
esclerodermia localizada e líquen escleroso. Em 1980, Winkelmann, considerava
que líquen escleroso e esclerodermia localizada seriam doenças espectrais,
sendo o primeiro uma forma subepidérmica de esclerodermia (Patterson e
Ackerman, 1984).
No entanto, muitos pesquisadores acreditam que líquen escleroso e
esclerodermia localizada sejam entidades distintas e não relacionadas, cujas
similaridades na derme papilar configuram quadros clínicos e histopatológicos
ocasionalmente parecidos. Ackerman assegura que o líquen escleroso nada mais
seria do que uma forma de esclerodermia confinada à derme papilar e às porções
mais altas da derme reticular, referindo-se ao líquen escleroso como “morféia
superficial” ou “esclerodermia da derme papilar”. Além dos casos com alterações
preponderantes na derme superficial, haveria casos de envolvimento preferencial
25
da derme reticular, ocasionalmente atingindo o tecido subcutâneo e a fáscia
muscular. Para sustentar esta idéia, Ackerman baseia-se em algumas situações
que, apesar de pouco freqüentes, suscitam dúvidas diagnósticas e terapêuticas
na prática dermatológica: lesões de líquen escleroso e de esclerodermia
localizada em sítios diferentes, na qual há acometimento da derme reticular média
ou profunda, ou seja, pacientes com líquen escleroso genital ou extra-genital e
lesão de esclerodermia localizada em outra localização; a presença, na mesma
lesão, de características clínicas de líquen escleroso e de esclerodermia
localizada e, por último, achados histopatológicos das duas doenças em um
mesmo fragmento da lesão; por exemplo, características morfológicas de líquen
escleroso na derme papilar e de esclerodermia localizada na derme reticular ou
até mesmo abaixo dela (Ackerman, 1997).
No entanto, o próprio autor admite não conseguir justificar algumas
diferenças histopatológicas entre o que ele próprio denomina esclerodermia da
derme papilar e as formas de esclerodermia que acometem a derme reticular e
até o tecido subcutâneo. Nestas últimas, apesar de haver redução no número de
fibrócitos, não haveria esclerose, pois a individualidade dos feixes colágenos
estaria preservada, o que não ocorreria nos casos de homogeneização do
colágeno na derme papilar, característica do líquen escleroso. Além disso, as
colorações especiais para avaliação de fibras elásticas revelam destruição
variável destas fibras no líquen escleroso, o que não ocorre nos casos de
esclerodermia localizada com acometimento preponderante da derme reticular
(Ackerman, 1997).
Patterson e Ackerman realizaram um estudo clínico e histológico de 24
pacientes com características clínicas de líquen escleroso e esclerodermia
26
localizada em sítios distintos ou em uma mesma lesão. Os autores concluíram
que, sob critérios histológicos, todos as lesões deveriam ser consideradas como
esclerodermia localizada, mesmo aquelas clinicamente compatíveis com líquen
escleroso. Argumentaram que, embora as amostras exibissem alterações na
derme papilar sugestivas de líquen escleroso, havia pouca alteração vacuolar da
camada basal e ausência de infiltrado liquenóide sob a derme papilar. Além disso,
havia infiltrado inflamatório e esclerose na derme reticular, dados histológicos que
justificariam o diagnóstico de esclerodermia. Para os autores, a semelhança
histológica entre as duas doenças deve-se a similaridades na derme papilar que,
no início do quadro de esclerodermia, apresentaria-se edemaciada, com posterior
esclerose (Patterson e Ackerman, 1984).
Casos de concomitância de líquen escleroso e esclerodermia localizada
são, certamente, subestimados. Tafelkruyer et al. estudando um paciente com
lesões sugestivas de ambas as doenças, constataram histologicamente a
presença exclusiva de líquen escleroso, não tendo sido confirmado o diagnóstico
de esclerodermia. É possível que biópsias realizadas em áreas clinicamente mais
características de esclerodermia pudessem confirmar sua presença(Tafelkruyer e
Claessens, 1978).
Além dos casos classicamente descritos como superposição das duas
doenças, observamos ocasionalmente apresentações clínicas de líquen escleroso
e de esclerodermia localizada que fogem às habitualmente descritas .Lesões de
líquen escleroso extragenital com disposição linear, inclusive seguindo padrão de
linhas de Blaschko, têm sido documentadas (Bolognia et al.,1994; Libow e Coots,
1998; Choi et al, 2000). Lesões maculosas acastanhadas, sem induração,
eventualmente nos surpreendem com características histopatológicas de líquen
27
escleroso. A presença de lesões gutatas esbranquiçadas de permeio a lesões de
esclerodermia poderia indicar a coexistência de duas formas de esclerodermia –
em placas e gutata - ou a concomitância com líquen escleroso.
O surgimento de bolhas em áreas escleróticas da pele consiste em um
evento de difícil compreensão e tem sido atribuído ao linfedema resultante de
dilatação dos vasos linfáticos (Trattner et al., 1994). A etiopatogenia das bolhas
em lesões de esclerodermia localizada tem sido amplamente discutida, bem como
se esta forma clínica deveria ser incluída no espectro das variantes morfológicas
da esclerodermia localizada ou considerada como líquen escleroso bolhoso
Trattner et al. (1984) relataram um caso de uma paciente do sexo
feminino, de 57 anos de idade, com uma lesão na mama direita diagnosticada
histopatologicamente como esclerodermia localizada, iniciada seis semanas após
radioterapia para um câncer desta mama. Três anos após, desenvolveu uma
erupção bolhosa sobre a lesão de esclerodermia, que era clinicamente sugestiva
de esclerodermia bolhosa. O exame histopatológico demonstrou características
clássicas de líquen escleroso, inclusive com ausência de fibras elásticas à
coloração pela orceína. Os autores consideram improvável a existência de uma
forma bolhosa de esclerodermia, considerando que os casos relatados na
literatura deveriam ser atribuídos à superposição de lesões bolhosas de líquen
escleroso em lesões de esclerodermia, e que os casos em que alterações
histopatológicas de líquen escleroso não foram observadas poderiam ser
explicados como resultantes de uma separação dermo-epidérmica artefatual em
uma lesão de esclerodermia. Além disso, salientam que as lesões de líquen
escleroso apresentam dilatação de vasos sanguíneos e linfáticos, podendo haver
áreas de hemorragia e linfedema , ao qual seria atribuído a formação das bolhas.
28
Nicolas et al.(1988) relataram o caso de um paciente do sexo masculino,
de 71 anos com lesões generalizadas de esclerodermia comprovadas
histopatologicamente, sobre as quais surgiram bolhas cujo aspecto histológico foi
de líquen escleroso, inclusive após emprego de microscopia eletrônica e técnicas
de imunofluorescência.
McNiff et al.(1999) descreveram seis casos de esclerodermia nos quais
achados histológicos típicos eram restritos à derme reticular superficial, sem
qualquer alteração em derme profunda ou epiderme. Dos seis pacientes, todos do
sexo feminino, somente um apresentava endurecimento da pele da lesão. Os
autores consideram que espessamento do colágeno limitado à derme superficial
pode representar uma variante histológica de esclerodermia localizada,
manifestada clinicamente como discreto endurecimento.
Vários autores têm sugerido técnicas histológicas adicionais objetivando
elucidar os casos de difícil diferenciação clínica e histopatológica. A coloração
pela orceína revela ausência ou redução significativa das fibras do sistema
elástico superficial na derme papilar de lesões de líquen escleroso, enquanto o
comportamento destas fibras na esclerodermia localizada permanece
controverso. Alguns autores suportam que não há qualquer redução no número,
enquanto outros evidenciam diversas alterações das fibras do sistema elástico na
esclerodermia localizada, porém não demonstram ausência das mesmas (Rahbari
,1989).
Além dos estudos realizados com microscopia óptica, outros com
microscopia imunoeletrônica demonstraram que a reação positiva para elastina na
derme superficial de lesões de líquen escleroso era somente ocasional. Dupré et
al. relataram que, à microscopia eletrônica, as lesões da glande não
29
evidenciavam fibrilas de ancoragem na lâmina basal. A partir destes achados, é
possível sugerir que, além da redução significativa ou da ausência das fibras do
sistema elástico superficial, outras alterações ultra-estruturais ocorrem na derme
papilar das lesões de líquen escleroso (apud Rahbari, 1989).
Shono et al.(1991) realizaram um estudo histológico utilizando lectinas em
pacientes com lesões concomitantes de líquen escleroso e esclerodermia,
comparando o padrão de ligação ao observado nas lesões individuais. As lectinas
têm sido utilizadas com sucesso na investigação do desenvolvimento e da
diferenciação da epiderme. Os resultados indicaram que o padrão de ligação a
lectinas foi diferente nas duas doenças, e que nos casos de concomitância, as
lesões de líquen escleroso apresentavam o mesmo padrão de ligação das lesões
isoladas, o mesmo ocorrendo com as lesões de esclerodermia.
30
4 MATERIAL E MÉTODOS:
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO :
Série de Casos
4.2 PARTICIPANTES:
Quatorze pacientes do sexo feminino cadastradas no Ambulatório de
Dermatologia Genital do HUCFF, que preenchiam os seguintes critérios de
inclusão:
4.2.1 Critérios de inclusão:
Lesões com características clínicas de líquen escleroso e de
esclerodermia localizada em sítios distintos, ou
Características clínicas de líquen escleroso extragenital e de
esclerodermia localizada em uma mesma lesão, ou
Lesões com diagnóstico histopatológico (de líquen escleroso,
esclerodermia localizada ou casos de superposição de ambas) diferente do
diagnóstico clínico (de líquen escleroso, esclerodermia localizada ou de
superposição destas doenças).
31
4.2.2 Critério de exclusão:
Pacientes submetidas à radioterapia
4.3 METODOLOGIA:
➣ Seleção dos casos cadastrados no banco de dados e recrutamento dos
casos novos do HUCFF
➣ Entrevista e assinatura do TCLE (anexo 1)
➣ Anamnese dirigida e exame dermatológico completo, incluindo a área
anogenital (anexo 2)
➣ Revisão de prontuários
➣ Documentação fotográfica das lesões dermatológicas relevantes para o
estudo
➣ Exame histopatológico: Biópsia da pele realizada nos casos novos
incluídos no estudo e em pacientes já em acompanhamento no
ambulatório que apresentavam lesões novas que preenchessem os
critérios de inclusão. As amostras de pele foram obtidas com punch de 3
mm ou com bisturi, considerando-se em cada caso a localização e o
tamanho das lesões. Foram biopsiadas 32 lesões nos 14 pacientes
estudados.
➣ Processamento das biópsias: após fixação em formol tamponado a 10%,
todas as amostras foram processadas em parafina. Nos casos antigos,
foram utilizados os blocos de parafina arquivados no Serviço de Anatomia
32
Patológica do HUCFF. Todas as amostras foram submetidas às
seguintes colorações:
• Hematoxilina-eosina;
• Resorcina-fuccina pré-oxidada (técnica de Weigert, 1898,
modificada por Langeron, 1934) Dentre as técnicas descritas para o
estudo das fibras do sistema elástico superficial e disponíveis para
realização no Serviço de Anatomia Patológica do HUCFF-UFRJ,
esta é a mais sensível na detecção de alterações nas fibras
oxitalânicas, que estariam alteradas no líquen escleroso.
As amostras foram avaliadas pelos pesquisadores sem identificação dos
participantes ou de suas características clínicas ou evolutivas.
Para o diagnóstico de líquen escleroso, foram considerados os achados
histopatológicos classicamente descritos por Lever (Elder et al., 1997)
Hiperceratose
Tampões córneos foliculares
Adelgaçamento da epiderme
Degeneração vacuolar da camada basal
Edema da derme papilar, de extensão variável
Infiltrado linfocítico perivascular
Infiltrado linfocítico liquenóide
Para o diagnóstico da esclerodermia localizada, consideraram-se as
seguintes alterações histopatológicas, também descritas por Lever (Elder et al.,
1997)
Feixes colágenos espessados e eosinofílicos na derme reticular;
33
Infiltrado inflamatório intersticial e perivascular, predominantemente
mononuclear;
Áreas de tecido subcutâneo substituídas por colágeno neoformado;
Atrofia das glândulas écrinas, com diminuição ou ausência do
tecido conjuntivo perianexial
Folículos pilosos e glândulas sebáceas diminuídos ou ausentes
Para a avaliação das fibras do sistema elástico utilizando a técnica de
coloração pela resorcina fucsina pré-oxidada consideramos como normal o
aspecto demonstrado na figura abaixo:
Figura 1 Fibras do sistema elástico preservadas em todo o tecido dérmico.
RFO-100X
34
5 RESULTADOS:
5.1 CASUÍSTICA:
A seguir serão apresentadas as histórias clínicas e o exame
dermatológico dos quatorze casos estudados. Seus respectivos achados
histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica), serão
descritos sob a forma de quadros (quadro 2 ao 16).
Todos os casos foram do sexo feminino, com idades que variaram de 10
a 76 anos. A distribuição por raças, segundo os critérios do IBGE, foi: 5 pacientes
brancas, 8 pardas e uma indígena.
Os casos obedeceram aos seguintes critérios de inclusão:
➣ 9 casos apresentaram lesões com características clínicas de líquen
escleroso e de esclerodermia localizada em sítios distintos. (casos 1, 2, 3,
4, 5, 7, 8, 9, 10)
➣ 2 casos apresentaram características clínicas de líquen escleroso
extragenital e de esclerodermia localizada em uma mesma lesão. (casos
11 e 12)
➣ 3 casos apresentaram lesões com diagnóstico histopatológico (de líquen
escleroso, esclerodermia localizada ou de superposição de ambas )
diferente do diagnóstico clínico (de líquen escleroso ou de esclerodermia
localizada) (casos 6, 13 e 14)
35
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DEMOGRÁFICAS DOS CASOS ESTUDADOS:
CASO RAÇA IDADE (ANOS)
DURAÇÃO DA DOENÇA
LS GENITAL
LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES EXTRAGENITAIS
LOCALIZAÇÃO DAS BIÓPSIAS
1 parda 48 11 anos não Axila, regiões inframamárias, membros inferiores
Coxa,axila e mama esquerdas, região inguinal esquerda
2 branca 58 12 anos não Membros superior e inferior, abdome Antebraço esquerdo, coxa direita
3 parda 23 4 anos não Membro superior esquerdo Antebraço e ombro esquerdos
4 parda 55 10 anos não Membro superior esquerdo Braço e ombro esquerdos
5 parda 40 1 ano não Face, pescoço, mama, tórax, dorso, abdome, membros superiores e inferiores
Braço esquerdo, tórax anterior, mamilo esquerdo
6 branca 33 12 anos não Regiões inframamárias, membros superiores, tórax, dorso e região lombar
Regiões interescapular e lombo-sacra
7 parda 59 37 anos sim Mama, dorso, região lombo-sacra, membros inferiores
Dorso, região lombar, vulva
8 parda 10 5 anos sim Abdome, membros inferiores, Abdome, vulva
9 parda 61 1 ano sim Abdome, dorso Abdome, vulva, região lombar
10 branca 76 5 anos sim Pescoço, mamas, tórax, membros superiores, abdome
Coxa, vulva
11 branca 19 5 anos não Região lombo-sacra Periferia e centro da lesão
12 parda 39 4 anos não Abdome Centro e periferia da lesão
13 branca 13 1 ano não Membros inferiores Região maleolar direita
14 indígena 15 5 anos não Região inframamária, tórax, abdome, membro inferior direito
Coxa direita
Quadro 2 Características demográficas e clínicas dos casos estudados
36
Caso 1: C. D. N. F, feminino, 48 anos, parda, do lar
Há aproximadamente onze anos percebeu manchas mais claras que a cor
da pele, assintomáticas, nas regiões laterais do abdome. Há três anos surgiram
manchas semelhantes às primeiras nas mamas e, posteriormente, nas regiões
inguinais, na axila esquerda e na região posterior das coxas, intensamente
pruriginosas. Nega traumatismos nos locais afetados. Há dois anos é
acompanhada no Serviço de Dermatologia do HUCFF, tendo sido submetida a
biópsias de lesões cutâneas em quatro locais: 1- face posterior da coxa esquerda,
próxima à região glútea; 2- axila esquerda; 3- mama direita; 4- região inguinal
esquerda
Exame dermatológico:
Mácula hipocrômica anular com bordas eritêmato-violáceas, de superfície
lisa e consistência normal, medindo aproximadamente 3 cm de diâmetro na axila
esquerda.
Lesão com aspecto mosqueado, com áreas hipocrômicas e acrômicas,
nas regiões inframamárias, de superfície lisa e consistência normal.
Lesões em faixa, acrômico - rosadas, com aspecto mosqueado,
distribuídas horizontalmente nos flancos, de superfície lisa e consistência normal.
Máculas hipocrômicas mosqueadas nas regiões posteriores das coxas, de
superfície lisa e consistência normal.
Máculas hipocrômicas na região intermamária, de superfície lisa e
consistência normal.
Exame da região anogenital: sem anormalidades.
37
Epiderme
Estroma Conjuntivo
Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Acantose discreta
Sim
Mononuclear perivascular superficial
HE: Hialinização
RFO: Fibras elásticas preservadas
HE: Espessamento das fibras
colágenas Hipocelularidade intersticial Raros anexos
RFO:Fragmentação de fibras elásticas
LS+EL
LS/EL
Lesão 2
Hiperceratose
Acantose
Não
Perivascular superficial
HE: Fibroplasia com hiperplasia fibroblástica
RFO: Fibras elásticas
preservadas
HE: Espessamento das fibras colágenas Hipocelularidade intersticial
Escassez de anexos
RFO: Fibras elásticas preservadas
EL
EL
Lesão 3
Hiperceratose
Acantose
Sim (focal)
II confluente de linfócitos na derme
papilar
HE: Estreita faixa de hialinização Ectasia e proliferação vasculares
RFO: Diminuição das fibras
elásticas
HE: Sem alterações
RFO: Fibras elásticas preservadas
LS
LS/EL
Lesão 4
Hiperceratose
Acantose
Sim (focal)
Mononuclear confluente na derme papilar
HE: Estreita faixa de hialinização Ectasia e proliferação vasculares RFO: Ausência em faixa de fibras
elásticas
HE: Sem alterações
RFO: Fibras elásticas preservadas
LS
LS
Lesão 1: Lesão mosqueada na região posterior da coxa esquerda Lesão 2: Mácula hipocrômica anular com bordas eritêmato-violáceas na axila esquerda Lesão 3: Lesão com aspecto mosqueado na mama esquerda Lesão 4: Mácula hipocrômico-rosada na região inguinal esquerda
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 3 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 1
38
Figura 2 Caso 1. Mácula hipocrômica anular com bordas eritêmato-violáceas,
de superfície lisa e consistência normal, na axila
Figura 3 Caso 1. Lesões acrômicas e eritematosas nas regiões inguinais, de
superfície lisa e consistência normal.
39
Figura 4 Caso 1. Máculas hipercrômicas permeadas por máculas puntiformes
nacaradas nas regiões posteriores das coxas, de superfície lisa e consistência
normal.
40
Figura 5 Caso 1. Lesão 1. Derme papilar hialinizada. HE – 100X
Figura 6 Caso 1. Lesão 1. Detalhe da derme reticular com alterações
esclerodermiformes. HE – 400X
41
Figura 7 Caso 1. Lesão 1. Detalhe da diminuição do número das fibras do
sistema elástico na derme papilar. RFO – 400X
Figura 8 Caso 1. Lesão 1. Fragmentação das fibras do sistema elástico na
derme reticular. RFO – 200X
42
Figura 9 Caso 1. Lesão 2. Fibroplasia com hiperplasia fibroblástica na derme
papilar. HE – 100X
Figura 10 Caso 1. Lesão 2. Detalhe da foto anterior mostrando fibroblastos
hiperplasiados e hipertrofiados. HE – 400X
43
Figura 11 Caso 1. Lesão 2. Derme papilar exibindo áreas com fibras do
sistema elástico de aspecto normal e outras nas quais estão fragmentadas. HE –
400X
44
Caso 2: M.M.P.G, feminino, 58 anos, branca.
Há cerca de 12 anos surgiram manchas acastanhadas com bordas
eritematosas nas regiões inframamárias direita e esquerda e no abdome. Nega
alterações da sensibilidade ou da consistência da pele na ocasião. Procurou
dermatologista, que realizou uma biópsia da lesão cutânea do abdome, cujo
diagnóstico histopatológico foi sugestivo de hanseníase (sic). Realizou tratamento
para hanseníase durante um ano, com resolução das manchas nas regiões
inframamárias. Um ano após surgiram lesões com as mesmas características nas
pernas, diagnosticadas como eritema pigmentar fixo e medicadas com corticóide
tópico de baixa potência. Posteriormente, surgiram novas lesões, semelhantes às
anteriores, no tronco, membros superiores e membros inferiores. Em agosto de
2002 foi realizada em outro hospital uma biópsia na face lateral da coxa esquerda
cujo laudo foi líquen escleroso. No HUCFF foram realizadas duas biópsias, uma
no antebraço esquerdo e outra na coxa direita.
Exame dermatológico:
Máculas hipocrômicas de limites mal definidos no abdome, de superfície
lisa e sem alteração da consistência
Mácula acastanhada numular na face medial de coxa esquerda de
superfície lisa e sem alteração da consistência
Lesão em faixa com bordas eritematosas e centro nacarado, com
consistência discretamente aumentada e superfície apergaminhada na coxa
esquerda.
45
Lesão em faixa com bordas eritematosas e centro nacarado, com
consistência discretamente aumentada e superfície apergaminhada na perna
direita (de menores dimensões que a da coxa esquerda).
Mácula acastanhada de superfície discretamente apergaminhada, sem
alterações da consistência, na panturrilha esquerda.
Máculas hipocrõmicas nas regiões pré-tibiais, com superfície lisa e
consistência normal
Máculas hipocrõmicas nos antebraços, com superfície lisa e consistência
normal
Lesões acastanhadas em faixa, simétricas, estendendo-se do dorso às
regiões laterais do abdome
Exame da região anogenital : sem anormalidades
46
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Retificação
Sim (focal)
Esparso perivascular superficial
HE: Hialinização
RFO: Diminuição das fibras elásticas
HE: Fibroplasia
Espaço preservado entre as fibras
colágenas Derme adventicial
preservada
RFO: Rarefação das fibras elásticas
LS
LS
Lesão 2
Hiperceratose
Retificação
Não
Esparso perivascular superficial
HE:Hialinização
RFO: Diminuição focal
das fibras elásticas
HE: Áreas de
espessamento e hialinização
Enclausuramento de anexos
RFO: sem alterações
EL
EL
Lesão 1: Mácula hipocrômica no antebraço esquerdo
Lesão 2: Mácula acastanhada na coxa direita
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 4 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 2
47
Figura 12 Caso 2. Lesão em faixa com bordas eritematosas e centro
nacarado, com consistência discretamente aumentada e superfície
apergaminhada na coxa esquerda.
Figura 13 Caso 2. Máculas hipocrômicas nacaradas coalescentes no ombro
direito
48
Figura 14 Caso 2. Lesão 1. Derme papilar hialinizada. HE – 100X
Figura 15 Caso 2. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 400X
49
50
Caso 3: M. C. S., feminino, 23 anos, parda
Há 4 anos surgiu mancha escura assintomática no antebraço esquerdo,
que se estendeu até o braço e ombro esquerdos. Nega traumatismos no local.
Exame dermatológico:
Lesão em faixa ocupando antebraço, braço e ombro esquerdos,
constituída por máculas acastanhadas entremeadas por lesões discretamente
papulosas, hipocrômicas, brilhantes, estas mais numerosas nas regiões deltoidea
e escapular esquerdas. Não havia alteração da consistência.
Exame da região anogenital: sem anormalidades
50
Epiderme
Estroma Conjuntivo
Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Retificação
Sim (focal)
Perivascular superficial discreto
HE: Espessamento e
hialinização contíguos à
derme reticular
RFO: Diminuição de fibras elásticas
HE: Espessamento e
hialinização
RFO: Fragmentação
de fibras elásticas
LS+EL
EL
Lesão 2
Hiperceratose
Adelgaçamento
Sim (focal)
Mononuclear perivascular superficial
HE: Estreita
faixa de hialinização
RFO: Discreta diminuição de fibras elásticas
HE: Discreto espessamento e
hialinização
RFO: Fragmentação
de fibras elásticas
LS+EL
LS
Lesão 1: Mácula acastanhada no antebraço esquerdo
Lesão 2: Pápula hipocrômica brilhante no ombro esquerdo
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 5 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 3
51
Figura 16 Caso 3. Máculas acastanhadas em faixa ocupando antebraço, braço
e ombro esquerdos, entremeadas por lesões hipocrômicas.
Figura 17 Caso 3. Detalhe da lesão no braço. Mácula hipercrômica com lesões
maculosas hipocrômicas brilhantes de permeio.
52
Figura 18 Caso 3. Detalhe da lesão do ombro e do dorso
53
Figura 19 Caso 3. Lesão 1. Visão panorâmica. Alterações difusas por todo o
estroma conjuntivo. HE – 40X
Figura 20 Caso 3. Lesão 1. Diminuição do número das fibras do sistema
elástico na derme papilar. RFO – 400X
54
Figura 21 Caso 3. Lesão 2. Visão panorâmica. Hialinização da derme papilar
com pobreza de anexos na derme reticular. Análise da derme reticular
parcialmente prejudicada pela amostragem. HE – 40X
55
Figura 22 Caso 3. Lesão 2. Diminuição do número das fibras do sistema
elástico na derme papilar e fragmentação destas estruturas na derme reticular.
RFO – 100X
56
Caso 4: H. P. S., feminino, 55anos, parda
Há 10 anos percebeu lesão pruriginosa, de coloração escura no primeiro
quirodáctilo esquerdo, que resultou em restrição à mobilidade deste dedo. Meses
após, surgiram lesões semelhantes, pruriginosas, no antebraço, braço e ombro
esquerdos. Nega trauma local. Foi medicada com creme de colchicina a 0,005%
sem modificação das lesões.
Exame dermatológico:
Lesão em faixa, castanho escura, com áreas mais claras de permeio,
estendendo-se do primeiro quirodáctilo até o ombro esquerdo. No quirodáctilo a
pele apresentava-se eritêmato-atrófica, com restrição do movimento de flexão. No
antebraço, braço e ombro, não havia alterações da consistência da pele e nem
restrição aos movimentos do membro superior esquerdo.
Exame da região anogenital:sem anormalidades.
57
Epiderme
Estroma Conjuntivo
Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Retificação
Sim
Ao redor de folículos
pilossebáceos e na junção
dermo-hipodérmica
HE: Hialinização
RFO: Rarefação de fibras elásticas
HE:
Homogeneização, espessamento e hialinização até o
limite derme-hipoderme, com obliteração do
espaço entre as fibras
Enclausuramento de anexos
RFO: Rarefação de
fibras elásticas
LS+EL
EL
Lesão 2
Hiperceratose
Retificação
Sim
Mononuclear
intersticial focal
perivascular
HE: Hialinização
em faixa RFO: Fibras
elásticas preservadas
HE:Exiguamente
representada
RFO: diminuição de fibras elásticas
LS (análise prejudicada
para EL)
LS
Lesão 1: Lesão hipercrômica acastanhada no braço esquerdo
Lesão 2: Área hipocrômica na região posterior do ombro esquerdo
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 6 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 4
58
Figura 23 Caso 4. Lesão em faixa, acastanhada, com áreas hipocrômicas
nacaradas de permeio, no antebraço esquerdo.
Figura 24 Caso 4. A lesão ocupa todo o membro superior esquerdo, com
distribuição em faixa.
59
Figura 25 Caso 4. Lesão 1. Foto panorâmica. Hiperceratose, retificação da
epiderme, hialinização da derme papilar e esclerose da derme reticular com
pobreza de anexos e células. HE- 40X
Figura 26 Caso 4. Lesão 1. Detalhe da derme reticular profunda. HE – 100X
60
Figura 27 Caso 4. Lesão 1. Junção dermo-epidérmica. HE – 100X
61
Figura 28 Caso 4. Lesão 1. Total irregularidade de distribuição das fibras do
sistema elástico por todo o tecido dérmico. RFO – 100X
62
Caso 5: Z. L. F., feminino, 40 anos, branca
Há 5 meses intenso ressecamento e endurecimento cutâneos, sem
melhora com o uso de emolientes.
Exame dermatológico:
Lesões eritêmato-descamativas e infiltradas generalizadas.
Mácula acrômica no mamilo esquerdo.
Exame da região anogenital: sem anormalidades.
63
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado Inflamatório
Porção papilar Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Retificação
Não
Discreto perivascular superficial
HE: Hialinização
RFO: Fibras elásticas preservadas
HE: Espessamento das fibras elásticas Hipocelularidade intersticial Escassez de
anexos
RFO: Fragmentação de fibras elásticas
EL
EL
Lesão 2
Hiperceratose
Tampões córneos
foliculares
Retificação
Sim (focal)
Discreto
perivascular superficial
H-E: Hialinização
RFO: Diminuição focal
de fibras elásticas
HE: Discretas áreas de hipocelularidade RFO: Diminuição focal de fibras elásticas
LS
EL
Lesão 3
Hiperceratose
Paraceratose
focal
Acantose discreta
Discreto perivascular co
eosinófilos
HE: Hialinização
RFO:Grande diminuição
de fibras elásticas
HE e RFO: sem alterações
LS
LS
Lesão 1: Lesão infiltrada no braço esquerdo
Lesão 2: Lesão eritêmato-descamativa e infiltrada, na região anterior do tórax
Lesão 3: Mácula acrômico-rosada no mamilo esquerdo
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 7 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 5
64
Figura 29 Caso 5. Lesão 1. Hialinização e espessamento por toda a derme
representada. Pobreza de células e de anexos. HE – 40X
Figura 30 Caso 5. Lesão 2. Hiperceratose, alteração vacuolar da camada
basal e hialinização da derme papilar. HE – 100X
65
Figura 31 Caso 5. Lesão 3. Discreta vacuolização da camada basal.
Hialinização da derme papilar. Infiltrado inflamatório subjacente. HE – 100X
66
Caso 6: A.P. N, feminino, 33 anos, branca.
Há 12 anos percebeu máculas eritematosas assintomáticas na região pré-
esternal. Há 2 anos surgiram lesões semelhantes às primeiras nos ombros e nas
regiões paravertebral e lombo-sacra.
Exame dermatológico:
Máculas arredondadas, hipocrômicas, medindo entre 1 e 2 mm,
discretamente eritematosas e com telangiectasias , brilho nacarado e superfície
lisa, algumas coalescentes, localizadas nos ombros, região pré-esternal, dorso e
região lombar. As lesões apresentavam consistência normal e eram
assintomáticas. Nega trauma local. Fez uso de corticóides tópicos sem melhora.
Exame da região anogenital: sem anormalidades.
67
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Pequeno segmento
de retificação
Bastante focal
Perivascular
HE: Edema focal com discreta hialinização
RFO: Ausência focal de fibras
elásticas
HE: Discreto espessamento de feixes colágenos,
porém sem aspecto
significativo de esclerose
RFO: Diminuição
focal de fibras elásticas na derme reticular profunda
LS
LS
Lesão 2
Hiperceratose Tampões córneos
foliculares
Acantose discreta
Não
Perivascular superficial
HE: Hialinização em contigüidade
com a derme reticular
RFO: Fibras
elásticas preservadas
HE: Espessamento de fibras colágenas
Área de relativa pobreza de anexos
RFO: Fibras
elásticas preservadas
EL
LS
Lesão 1: Mácula eritematosa, com brilho nacarado e telangiectasias na região interescapular
Lesão 2: Mácula eritematosa, com brilho nacarado e telangiectasias na região lombo-sacra
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 8 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 6
68
Figura 32 Caso 6. Máculas arredondadas, eritematosas, com telangiectasias e
brilho nacarado localizadas na região interescapular
69
Figura 33 Caso 6. Máculas arredondadas, eritematosas, com telangiectasias e
brilho nacarado localizadas na região anterior do tórax e nas mamas
70
Figura 34 Caso 6. Lesão 1. Junção dermo-epidérmica mostrando discreta
hialinização subepitelial. HE – 100X
Figura 35 Caso 6. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 100X
71
Figura 36 Caso 6. Lesão 2. Hialinização e espessamento do tecido dérmico
estendendo-se da derme papilar até as traves conjuntivas da hipoderme. Pobreza
de células e de anexos no tecido dérmico. HE – 40X
72
Figura 37 Caso 6. Lesão 2. Fibras do sistema elástico preservadas na derme
papilar e na derme reticular. RFO – 100X
73
Caso 7: I. C. J. C, feminino, 59 anos, parda
Há 37 anos surgiu mancha pruriginosa no hipogástrio. Nos anos
seguintes surgiram lesões semelhantes no dorso, pernas e mamas. As lesões
inicialmente eram mais claras que a cor da pele, posteriormente escureceram e a
superfície tornou-se áspera. Foi encaminhada ao HUCFF em 1990, onde foram
realizadas biópsias de três locais: região lombar, dorso e vulva, esta última devido
à suspeita clínica de líquen escleroso .
Exame dermatológico:
Placa acastanhada endurecida, com máculas hipocrômicas nacaradas na
periferia, ocupando o dorso e a região lombar.
Exame da região anogenital: Mácula hipocrômica ocupando a vulva.
Hipotrofia do clitóris e dos pequenos lábios.
74
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Segmento de
retificação
Focal
Perivascular e superficial
HE: Estreita faixa de hialinização
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE:
Espessamento das fibras colágenas Hipocelularidade intersticial
Apagamento da derme adventicial Enclausuramento de anexos
RFO: Diminuição e fragmentação de
fibras elásticas
LS+EL
LS
Lesão 2
Hiperceratose
Retificação
Focal
Perivascular superficial
HE: Hialinização mais
proeminente que na lesão 1 RFO: Ausência de fibras elásticas
HE: Espessamento das fibras colágenas
Anexos escassos RFO:Diminuição e fragmentação de fibras elásticas
LS+EL
EL
Lesão 3
Hiperceratose e
paraceratose discretas
Acantose irregular
Não
Infiltrado inflamatório liquenóide
HE:Discreta hialinização
Infiltrado inflamatório intersticial acentuado
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE: Escassa, sem alterações
RFO: Sem alterações
LS
LS
Lesão 1: Lesão puntiforme, marfínica, atrófica no dorso
Lesão 2: Placa endurecida, acastanhada, com halo hipocrômico, na região lombar
Lesão 3: Mácula hipocrômica eritematosa na vulva
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 9 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 7
75
Figura 38 Caso 7. Placa acastanhada endurecida, com máculas hipocrômicas
coalescentes de permeio, ocupando o dorso e a região lombar.
76
Figura 39 Caso 7. Detalhe da lesão
77
Figura 40 Caso 7. Lesão acastanhada com máculas hipocrômicas de permeio
no abdome
78
Figura 41 Caso 7. Mácula hipocrômica ocupando a vulva. Hipotrofia do clitóris
e dos pequenos lábios. Máculas hipocrômicas rosadas na região glútea
79
Figura 42 Caso 7. Lesão 1. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. RFO – 100X
Figura 43 Caso 7. Lesão 1. Diminuição do número e fragmentação das fibras
do sistema elástico na derme reticular. RFO – 100X
80
Figura 44 Caso 7. Lesão 2. Ausência das fibras do sistema elástico na derme
papilar. Derme reticular com diminuição do número e fragmentação destas
estruturas. RFO – 100X
81
Caso 8: K. B. A, feminino, 10 anos, parda
Há cinco anos percebeu lesão acastanhada endurecida no tornozelo
direito, assintomática. Nos meses seguintes, surgiram lesões semelhantes à
primeira no dorso dos pés, nas pernas e no abdome. Nega traumatismo no local.
Há seis anos queixa-se de prurido vulvar, que melhora com o uso de corticóides
tópicos.
Exame dermatológico:
Máculas acastanhadas endurecidas, de superfície apergaminhada, no
dorso dos pés, tornozelos, regiões pré-tibiais e panturrilhas.
Mácula acastanhada, de consistência discretamente aumentada e
superfície lisa, no abdome
Exame da região anogenital: mácula acrômica, eritematosa, com
telangiectasias, ocupando toda a vulva até a margem anal. Pequenos lábios
diminuídos.
82
Lesão 1: Mácula acastanhada, de superfície lisa, discretamente endurecida no abdome; análise histopatológica em parte prejudicada pela pequena amostragem da derme reticular.
Lesão 2: Mácula hipocrômica na vulva
EL Esclerodermia localizada LS
83
Figura 45 Caso 8. Mácula acastanhada endurecida, de superfície
apergaminhada, com máculas hipocrômicas nacaradas de permeio no dorso do
pé.
84
Figura 46 Caso 8. Mácula acastanhada, de consistência discretamente
aumentada e superfície lisa, apresentando lesões nacaradas puntiformes de
permeio, no abdome
85
Figura 47 Caso 8. Mácula acrômica, eritematosa, com telangiectasias,
ocupando toda a vulva até a margem anal. Pequenos lábios diminuídos.
86
Figura 48 Caso 8. Lesão 2. Hiperceratose, hialinização da derme papilar e
exígua representação do tecido dérmico. HE – 100X
87
Caso 9: J. M. B, feminino, 61 anos, parda.
Há um ano percebeu área de pele mais escura e endurecida no abdome,
com sensação de fisgadas. Há três meses notou mancha mais clara que a cor da
pele, discretamente pruriginosa, na vulva.
Exame Dermatológico:
Lesão acastanhada, endurecida, da região paravertebral até a região
infra-umbilical, ocupando a margem inferior dos gradis costais. No abdome a
lesão é entremeada por máculas hipocrômicas de 1 a 2 mm.
Exame da região anogenital: mácula hipocrômica ocupando a face interna
de grandes lábios, com áreas de pele de coloração normal de permeio. O
prepúcio do clitóris encontra-se fimosado e os pequenos lábios diminuídos. Na
região perineal, há máculas hipocrômicas rosadas entremeadas com a pele
normal.
88
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular Histológica Clínica
Lesão 1
Hiperceratose discreta
Acantose
Não
Discreto perivascular superficial
HE: Leve hialinização
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE: Espessamento e hialinização de fibras colágenas, mais evidentes na
derme reticular profunda RFO: Fragmentação de fibras elásticas
EL
EL
Lesão 2
Hiperceratose Tampões córneos
foliculares
Acantose focal
Focal
Mononuclear na derme
papilar esboçando
faixa
HE: Hialinização
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE: Escassa e sem alterações RFO:
Fibras elásticas preservadas
LS
LS
Lesão 3
Hiperceratose
Acantose
Não
Perivascular superficial discreto
HE: Hialinização na região da
membrana basal
RFO: Fibras elásticas preservadas na maior parte da amostra
HE: Hipocelularidade Escassez de anexos Espessamento
dos feixes colágenos RFO: Fragmentação de fibras elásticas
EL
EL Lesão 1: placa acastanhada endurecida no abdome Lesão 2: Mácula hipocrômica eritematosa na vulva Lesão 3: : placa acastanhada endurecida na região lombar
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 11 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 9
89
Figura 49 Caso 9. Lesão acastanhada endurecida entremeada por máculas
hipocrômicas no abdome.
90
Figura 50 Caso 9. Mácula hipocrômica ocupando a face interna de grandes
lábios, com áreas de pele de coloração normal de permeio. O prepúcio do clitóris
encontra-se fimosado e os pequenos lábios diminuídos.
91
Figura 51 Caso 9. Lesão 1. Hialinização e espessamento do tecido dérmico
estendendo-se da derme papilar até a derme reticular profunda. Pobreza de
anexos e células especialmente notadas na porção central da amostra. HE – 40X
92
Figura 52 Caso 9. Lesão 2. Discreta vacuolização da camada basal.
Hialinização da derme papilar e infiltrado inflamatório liquenóide. HE – 100X
93
Figura 53 Caso 9. Lesão 3. Hialinização e espessamento do tecido dérmico
estendendo-se da derme papilar até a derme reticular profunda. Pobreza de
anexos e células. HE – 40X
94
Caso 10: R. L. S., feminino, 76 anos, branca.
Há 4 anos surgiram manchas pruriginosas nas coxas, circundadas por
halo avermelhado, e posteriormente no abdome e nas mamas. As lesões
tornaram-se acastanhadas e algumas eram endurecidas. Nega trauma local. Usa
creme de colchicina a 0,005% desde o início do quadro; atualmente em uso de
colchicina oral, na dose de 0,5 mg/dia, três vezes por semana. Refere que as
lesões tornaram-se evolutivamente mais claras e menos endurecidas.
Exame dermatológico:
Máculas acastanhadas nas regiões anteriores das coxas, de superfície
lisa e com aumento da consistência
Máculas hipercrômicas entremeadas por lesões puntiformes nacaradas
no abdome, com aumento da consistência da pele, acometendo a cicatriz
umbilical
Máculas hipocrômicas nacaradas na região cervical, sem alteração da
consistência, mais evidentes à esquerda.
Máculas hipocrômicas com brilho nacarado nos braços, sem alteração da
consistência
Lesões com aspecto pontilhado, com atrofia e brilho nacarado nas regiões
infra-axilares
Placa nacarada na fossa poplítea esquerda, de superfície áspera e com
alteração da consistência.
95
Exame da região anogenital: Mácula discretamente hipocrômica na face
interna dos grandes lábios; pequeno lábio esquerdo diminuído; máculas
hipocrômicas atróficas puntiformes na região glútea
96
Epiderme Estroma Conjuntivo
Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura Vacuolização
da camada basal
Infiltrado
Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Lesão 1
Hiperceratose
Retificação
Muito focal
Perivascular muito discreto
na derme reticular
HE: Discreta hialinização
RFO: Fibras
elásticas preservadas
HE: Espessamento
das fibras colágenas
Hipocelularidade Rarefação de
anexos
RFO: Fragmentação das
fibras elásticas
EL
EL
Lesão 2
Ortoceratose
Retificação
Não
Esparsas células
inflamatórias ao redor de
vasos ectasiados
HE: Hialinização RFO: Marcada diminuição de fibras elásticas
sem preservação da
arquitetura normal
HE e RFO: sem alterações
Inconclusivo ou LS
LS
Lesão 1: Mácula acastanhada na coxa
Lesão 2: Mácula discretamente hipocrômica na vulva
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 12 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 10
97
Figura 54 Caso 10. Lesões maculosas hipercrômicas entremeadas por lesões
nacaradas no abdome, mamas e membros superiores.
98
Figura 55 Caso 10. Máculas hipercrômicas entremeadas por lesões nacaradas
no abdome, com aumento da consistência, acometendo a cicatriz umbilical
99
Figura 56 Caso 10. Máculas acastanhadas nos membros inferiores, de
superfície lisa e consistência aumentada
100
Figura 57 Caso 10. Hipotrofia do clitóris e pequenos lábios vulvares; máculas
hipocrômicas eritematosas atróficas na região glútea
101
Figura 58 Caso 10. Lesão 1. Hialinização e espessamento do tecido dérmico
estendendo-se da derme papilar até a junção dermo-hipodérmica. Pobreza de
anexos e células.HE – 40X
102
Figura 59 Caso 10. Lesão 2. Derme papilar com poucas alterações. HE–100X
Figura 60 Caso 10. Lesão 2. Hialinização focal intrapapilar muito discreta na
região da membrana basal. HE – 400X
103
Figura 61 Caso 10. Lesão 2. Marcada diminuição do número das fibras do
sistema elástico sem preservação da arquitetura normal na derme papilar. RFO –
100X
104
Caso 11: E.C.M.B.T, feminino, 19 anos, branca
Há cinco anos sua mãe percebeu uma lesão na região lombo-sacra. A
lesão era assintomática e evoluiu com aumento de suas dimensões. Nega
traumatismos no local.
Exame dermatológico:
Placa ovalada castanho acinzentada, endurecida, com a superfície lisa,
medindo 10 cm no eixo horizontal e 03 cm no eixo vertical. No centro e na
margem esquerda da lesão havia máculas arredondadas hipocrômicas
nacaradas, medindo aproximadamente 3 - 5mm, algumas coalescentes.
Exame da região anogenital : sem anormalidades.
105
Epiderme
Estroma Conjuntivo
Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Região 1
Hiperceratose
Acantose discreta
Não
Mononuclear perivascular superficial
HE: Hialinização em faixa
RFO: Fibras elásticas preservadas
HE: Espessamento das
fibras colágenas Hipocelularidade focal Enclausuramento de
anexos
RFO: Fibras elásticas fragmentadas e
dissociadas
EL
EL
Região 2
Fragmento 1
Hiperceratose
Retificação e adelgaçamento
Sim
Mononuclear perivascular
discreto
HE: Edema e hialinização
RFO: Fibras elásticas
ausentes
HE: Fibras colágenas de
aspecto normal
RFO: Fragmentação de fibras elásticas
LS
LS
Fragmento 2
Hiperceratose
Retificação e
adelgaçamento
Sim
Mononuclear perivascular
discreto
HE: Edema e hialinização
RFO: Fibras elásticas
ausentes
HE: Espessamento das
fibras colágenas
RFO: Fragmentação de fibras elásticas
LS+EL
LS
Região 1: Área castanho-acinzentada endurecida, na periferia da lesão
Região 2: Mácula nacarada no centro da lesão
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 13 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 11
106
Figura 62 Caso 11. Mácula ovalada acastanhada, discretamente endurecida,
com a superfície lisa. Notar as máculas hipocrômicas nacaradas no centro da
lesão.
107
Figura 63 Caso 11. Derme papilar hialinizada em caso de esclerodermia
localizada com pouca esclerose da derme reticular. HE – 100X
Figura 64 Caso 11. Fibras do sistema elástico preservadas na derme papilar.
RFO – 400X
108
Figura 65 Caso 11. Visão panorâmica de um dos fragmentos da amostra,
mostrando alterações próprias do líquen escleroso e da esclerodermia localizada.
HE – 40X
109
Figura 66 Caso 11. Visão panorâmica do mesmo fragmento, mostrando
alteração vacuolar da camada basal, marcada hialinização da derme papilar e
alterações esclerodermiformes mais atenuadas da derme reticular. HE – 100X
110
Figura 67 Caso 11. Detalhe da foto anterior: alteração vacuolar da camada
basal e hialinização da derme papilar. HE- 100X
111
Figura 68 Caso 11. Fragmentação das fibras do sistema elástico na derme
reticular. RFO – 400X
112
Figura 69 Caso 11. Marcada diminuição do número das fibras do sistema
elástico na derme papilar RFO -100X
114
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado Inflamatório
Porção papilar
Porção reticular
Histológica
Clínica
Região 1
Hiperceratose
Retificação
Sim
Perivascular e perianexial
HE:Hialinização contígua à
derme reticular
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE: Hipocelularidade,
espessamento e hialinização
Diminuição da derme periadventicial
Anexos escassos
RFO:Fragmentação de fibras elásticas
LS+EL
LS
Região 2
Hiperceratose com tampões
córneos foliculares
Retificação
Sim
Mononuclear confluente abaixo da
derme papilar
HE: Hialinização
Ectasia e
proliferação vascular
RFO:
Diminuição das fibras elásticas
HE: Espessamento e
hialinização de algumas áreas.
Enclausuramento de anexos
RFO: Fragmentação das fibras elásticas
LS+EL
EL
Região 1: Pápula nacarada na região central da lesão
Região 2: Região periférica da lesão, acastanhada e endurecida
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 14 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 12
115
Figura 70 Caso 12. Ferida cirúrgica no abdome após exérese parcial da lesão.
116
Figura 71 Caso 12. Hiperceratose, alteração vacuolar da camada basal e
hialinização da derme papilar. HE – 100X
Figura 72 Caso 12. Derme reticular profunda. Junção dermo-hipodérmica.
Marcada esclerose do tecido conjuntivo dérmico. HE – 100X
117
Figura 73 Caso 12. Ausência das fibras do sistema elástico na derme papilar.
RFO – 100X
Figura 74 Caso 12. Fragmentação das fibras do sistema elástico na junção
dermo-hipodérmica. RFO – 100X
118
Figura 75 Caso 12. Derme papilar hialinizada. HE – 100X
Figura 76 Caso 12. Alterações esclerodermiformes. HE – 100X
119
Figura 77 Caso 12. Ausência das fibras do sistema elástico na derme papilar.
RFO – 100X
Figura 78 Caso 12. Diminuição do número das fibras do sistema elástico na
derme reticular. RFO – 100X
120
Caso 13: A.L.C, feminino, branca, 13 anos
Há cerca de um ano sua mãe percebeu manchas escuras nos tornozelos
e nos pés. Nega traumatismos nos locais afetados
Exame dermatológico:
Mácula hipocrômica, com aumento da consistência e superfície
apergaminhada no dorso do pé esquerdo.
Mácula acastanhada, com aumento da consistência e superfície áspera e
apergaminhada, acima do maléolo lateral direito.
Mácula de coloração discretamente acinzentada, de consistência
aumentada, apergaminhada, acima do maléolo medial esquerdo
Mácula hipocrômica sem alteração da consistência no dorso do pé
esquerdo Algumas lesões apresentavam o centro castanho-acinzentado, com
halo hipocrômico, além de máculas puntiformes mais claras de permeio
Exame da região anogenital: sem anormalidades
121 121
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado
Inflamatório
Porção papilar
Porção
reticular
Histológica
Clínica
Hiperceratose
Adelgaçamento e retificação
Sim (focal)
Perivascular superficial
HE: Estreita
faixa de densa hialinização
RFO: Ausência de fibras elásticas
HE:
Apagamento da derme reticular
periadventicial Escassez de
anexos RFO:
Fragmentação de fibras elásticas
LS+EL
LS
Mácula castanho-acinzentada, com aumento da consistência e superfície áspera e apergaminhada, sobre o maléolo lateral direito.
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 15 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 13
122
Figura 79 Caso 13. Mácula acastanhada, com aumento da consistência e
superfície áspera e apergaminhada, acima do maléolo lateral direito.
123
Figura 80 Caso 13. Hialinização da derme papilar, fibras colágenas
discretamente espessadas na derme reticular sem evidente esclerose. HE – 40X
Figura 81 Caso 13. Ausência das fibras do sistema elástico na derme papilar.
RFO – 100X
124
Figura 82 Caso 13. Diminuição do número e fragmentação das fibras do
sistema elástico na derme reticular. RFO – 100X
125
Caso 14: M.S.B, feminino,15 anos, indígena
Há cinco anos surgiu lesão acastanhada, com “brilho prateado“,
endurecida, na virilha direita. Evoluiu nos anos subseqüentes com lesões no
abdome, membros inferiores e dorso. Foi medicada com creme de colchicina a
0,005% sem resposta clínica.
Exame dermatológico:
Lesão acastanhada, em faixa, com áreas hipocrômico - rosadas de
permeio, endurecida, medindo aproximadamente 7 cm de largura, na região
inguinal direita, passando pela face medial da coxa, até a face medial da perna
direita.
Máculas acastanhadas no maléolo medial direito, de superfície lisa e sem
alteração da consistência.
Máculas acastanhadas no dorso do pé direito, de superfície lisa e sem
alteração da consistência.
Mácula acastanhada arredondada na região lateral esquerda do tórax,
próxima à axila, de superfície lisa e sem alteração da consistência.
Mácula acastanhada no dorso, próxima à região escapular esquerda, de
superfície lisa e sem alteração da consistência
Mácula acastanhada em faixa, na região inframamária direita, de
superfície lisa e sem alteração da consistência
Mácula acastanhada arredondada na região supraumbilical, de superfície
lisa e sem alteração da consistência.
Exame da região anogenital: sem anormalidades
126 126
Epiderme Estroma Conjuntivo Impressão Diagnóstica
Camada córnea
Espessura
Vacuolização da camada
basal
Infiltrado Inflamatório
Porção papilar
Porção
reticular
Histológica
Clínica
Hiperceratose
Acantose discreta
Sim (focal)
Mononuclear perivascular
discreto
HE: Ampla faixa de edema e hialinização
Ectasia vascular
RFO: Diminuição de fibras elásticas
HE:
Hialinização focal em suas porções mais
altas
RFO: sem alterações
LS
EL
Lesão endurecida na região proximal anterior da coxa direita
EL Esclerodermia localizada LS Líquen escleroso HE Hematoxilina eosina RFO Resorcina fucsina pré-oxidada
Quadro 16 Achados histopatológicos e impressão diagnóstica (clínica e histopatológica) do caso 14
127
Figura 83 Caso 14. Lesão acastanhada, em faixa, endurecida, na região
inguinal direita, passando pela face medial da coxa, até a face medial da perna
direita.
128
Figura 84 Caso 14. Detalhe da lesão na coxa.
129
Figura 85 Caso 14. Hiperceratose, Tampão córneo folicular. Ampla faixa de
edema e hialinização. HE- 100X
Figura 86 Caso 14. Diminuição do número e fragmentação das fibras do
sistema elástico na derme reticular. RFO – 200X
130
Figura 87 Caso 14. Aspecto normal das fibras do sistema elástico na derme
reticular. Anexos bem separados. RFO – 100X
131
6 DISCUSSÃO:
O Ambulatório de Dermatologia Genital do HUCFF, inaugurado em
novembro de 1985, conta com uma grande casuística de líquen escleroso nas
suas formas genitais e extragenitais e tornou-se referência para o diagnóstico e
tratamento de pacientes de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, que são
encaminhados por médicos de diferentes especialidades do HUCFF e de outros
serviços de saúde públicos e privados do Rio de Janeiro e de outros estados. O
acompanhamento destes casos tem permitido a realização de diversos estudos
sobre os aspectos epidemiológicos, clínicos, histopatológicos e etiopatogênicos
desta doença (Azevedo, 1988; Azevedo, 1992 ; Kede, 1996; Soares, 1998 ,
Corrêa, 2000; Aslanian , 2001).
Apesar da crescente experiência dos profissionais do Ambulatório de
Dermatologia Genital do HUCFF-UFRJ no diagnóstico e na abordagem
terapêutica dos pacientes, ocasionalmente surgem situações nas quais a
apresentação clínica ou as alterações histopatológicas fogem às habituais. Nestes
casos, os achados histológicos classicamente descritos nos livros de
Dermatopatologia dão lugar a quadros histopatológicos incompletos, de difícil
conclusão diagnóstica. Da mesma forma, nem sempre encontramos as máculas
ou pápulas nacaradas com ceratose folicular típicas do líquen escleroso. Dentre
aquelas de aspecto clínico incaracterístico, observamos ocasionalmente lesões
acastanhadas, sob a forma de máculas ou placas, sugestivas de esclerodermia
localizada, mas que, surpreendentemente, exibiam alterações histopatológicas de
132
líquen escleroso. Além disso, dentre as pacientes com líquen escleroso genital,
algumas apresentavam lesões de esclerodermia localizada em outros sítios. E
outras pacientes, ainda, exibiam características clínicas de líquen escleroso e de
esclerodermia localizada na mesma lesão.
A necessidade de uma avaliação clínica e histopatológica mais detalhada
destes casos, somada à precariedade de informações sobre a concomitância do
líquen escleroso e da esclerodermia localizada, motivaram esta dissertação.
A concomitância de líquen escleroso e esclerodermia localizada tem
suscitado discussões polêmicas e opiniões divergentes da comunidade científica
desde o início do século passado (Carteaud e J.Weil, 1930; Miller, 1957; Gross,
1958; Curth e Curth, 1961; Lewis, 1961; Brunsting et al., 1962; Witten e Gelfarb
,1962; Rabello et al., 1966; Usndek e Plotnik, 1967; Hadida e Sayag, 1971;
Gordon et al., 1972; Tafelkruyer e Claessens, 1978; Uitto et al., 1980; Patterson e
Ackerman, 1984; Connelly e Winkelman, 1985; Küchmeister e Klemm-Mayer,
1985; Melo et al., 1985; Mensing e Schmidt, 1985; Natarajan e Green, 1986;
Nicolas et al., 1988; Rahbari ,1989; Tremaine et al., 1990; Shono et al., 1991;
Farrel et al., 2000; Lampert et al., 1995; Sawamura et al., 1998).
Não encontramos estudos epidemiológicos bem fundamentados sobre a
frequência destas doenças na população mundial. Reconhece-se, entretanto, que
os dados epidemiológicos sobre o líquen escleroso são subestimados, visto que
seu reconhecimento por médicos de diferentes especialidades ainda esbarra no
desconhecimento sobre a doença e seu comportamento clínico. Além disso, o
exame da região genital é habitualmente excluído das consultas médicas de
rotina, impossibilitando o diagnóstico nos casos genitais oligo ou assintomáticos.
Em relação à esclerodermia localizada, faltam dados na literatura sobre sua
133
prevalência. Neste sentido, a concomitância das duas doenças pode ser
considerada como evento raro, considerando que até mesmo em centros de
referência para estas doenças, como é o caso do HUCFF, encontramos um
número bastante reduzido destes casos.
No Brasil os relatos sobre a concomitância do líquen escleroso e da
esclerodermia localizada restringem-se à publicação de dois casos nos Anais
Brasileiros de Dermatologia. O primeiro, publicado em 1966 por Rabello et al.,
relatava o caso de uma paciente de 12 anos de idade com “características de
líquen escleroso e atrófico e de atrofia nevóide em placas e com possibilidade de
uma forma incompleta de esclerodermia”. O segundo, de 1985, no qual Melo et al.
registraram a concomitância de esclerodermia localizada, líquen escleroso e
ceratodermia de Ramos e Silva, em uma paciente do HUCFF. Lamentavelmente,
por falta de material histopatológico adequado, não foi possível incluí-la no nosso
estudo.
Foram estudados quatorze casos, todos do sexo feminino, com idades
variando de 10 a 76 anos. A idade média dos pacientes foi 39 anos e o tempo
médio de duração das lesões foi 27 anos. Nenhuma paciente apresentava
esclerodermia sistêmica.
Em dois casos observamos características clínicas de líquen escleroso
extragenital e de esclerodermia localizada em uma mesma lesão. Em dois destes
casos (casos 11 e 12), percebemos que as lesões eram únicas e apresentavam
aspectos clínicos bastante semelhantes. Ambas eram ovaladas e apresentavam
áreas endurecidas e com coloração acastanhada, além de máculas ou pápulas
nacaradas contíguas. Lesões com distribuição em faixa, ocupando o membro
superior esquerdo, foram observadas em dois casos (casos 3 e 4). Em ambos
134
percebemos máculas acastanhadas entremeadas por máculas ou pápulas
hipocrômicas, ocupando o ombro, o braço e o antebraço esquerdos, com
endurecimento restrito ao primeiro quirodáctilo, no caso 4.
Em nove casos, observamos lesões com características de líquen
escleroso e de esclerodermia localizada em sítios diferentes. Nos casos 1 e 2,
observamos lesões clinicamente sugestivas de esclerodermia localizada e de
líquen escleroso extragenital, cujos diagnósticos foram histologicamente
confirmados. O caso 1 foi o único no qual observamos uma lesão com bordas
violáceas, com o anel lilás considerado característico da esclerodermia em
placas. No entanto, Wallace (1971) descreveu 380 casos de líquen escleroso,
dentre os quais alguns apresentavam halo eritematoso ou violáceo. Além disso,
destacou que as lesões do líquen escleroso apresentavam consistência “mais
firme” que a da pele normal. Estas observações podem sugerir que a presença de
endurecimento e do anel lilás, dois achados considerados típicos das lesões de
esclerodermia em placas também podem fazer parte do quadro clínico do líquen
escleroso. Podemos, entretanto, interpretar as observações de Wallace de outra
forma, considerando que ele tenha observado lesões de esclerodermia localizada,
às quais atribuiu o diagnóstico de líquen escleroso. Estas observações ilustram as
dificuldades encontradas no diagnóstico diferencial entre as duas doenças.
Para o diagnóstico histopatológico do líquen escleroso e da esclerodermia
localizada, optamos por utilizar os achados classicamente descritos por Lever,
universalmente aceitos (Elder et al., 1997). A vacuolização da camada basal, o
infiltrado inflamatório liquenóide e a hialinização da derme papilar foram as
alterações histológicas mais valorizadas no nosso estudo para o diagnóstico do
líquen escleroso. A presença de duas destas três alterações, associada à
135
ausência de alterações na derme reticular ou a alterações restritas às suas
porções mais altas, foram os critérios histopatológicos utilizados para o
diagnóstico desta doença. Ao considerarmos estes critérios, julgamos possível o
diagnóstico da doença sem a presença de hialinização na derme papilar. No
entanto, neste caso específico, não podemos desconsiderar o estudo de Hewitt,
no qual destaca que a hialinização pode ser restrita às papilas dérmicas (Hewitt,
1986), alteração que pode ocasionalmente não ser reconhecida até mesmo por
patologistas experientes.
Nos casos 7, 8, 9 e 10, as pacientes apresentavam clínica de líquen
escleroso genital e de esclerodermia localizada em outras localizações.
No caso 6, biopsiamos lesões na região interescapular e na região lombo-
sacra sugestivas clinicamente de líquen escleroso. Apesar da semelhança clínica
das lesões nas duas localizações, os diagnósticos histopatológicos foram
diferentes: na primeira, as alterações histológicas foram compatíveis com o
diagnóstico de líquen escleroso e, na segunda, com esclerodermia localizada.
No caso 14, a paciente apresentava lesão acastanhada em faixa,
endurecida, no membro inferior esquerdo, clinicamente sugestiva de
esclerodermia localizada. O exame histopatológico demonstrou ampla faixa de
edema e hialinização, contígua às porções mais altas da derme reticular, além de
vacuolização da camada basal. Além disso, havia diminuição das fibras do
sistema elástico na derme papilar, corroborando o diagnóstico histopatológico de
líquen escleroso.
Para o diagnóstico histopatológico da esclerodermia localizada,
consideramos a presença de espessamento das fibras colágenas da deme
reticular, além de enclausuramento de anexos. A ausência de vacuolização da
136
camada basal foi bastante relevante no diagnóstico diferencial com o líquen
escleroso, pois esta alteração não é descrita no quadro histológico clássico da
esclerodermia localizada (Elder et al., 1997).
Observamos, em sete casos, alterações combinadas de esclerodermia
localizada e de líquen escleroso em um mesmo fragmento de lesão. Uitto et al.
(1980) demonstraram que sete dentre seus onze casos estudados apresentavam
achados combinados das duas doenças na mesma lesão. Neste estudo,
realizaram biópsias nas mesmas localizações em épocas diferentes, o que
permitiu a observação de um caso no qual ocorreu transição de líquen escleroso
para esclerodermia em placas.
As opiniões controversas da comunidade científica sobre uma possível
associação entre o líquen escleroso e a esclerodermia localizada passam por
divergências conceituais entre os pesquisadores, referentes aos termos clínicos e
histopatológicos e ao modo como estes são utilizados na descrição destas
doenças.
Lever divide as alterações histopatológicas presentes na esclerodermia
localizada em dois estágios: inflamatório inicial e esclerótico tardio. Neste último
descreve os feixes colágenos como “feixes espessos, pálidos, escleróticos,
homogêneos ou hialinizados...” Os autores parecem utilizar indistintamente os
termos esclerose, homogeneização e hialinização na descrição histológica dos
feixes colágenos (Elder et al., 1997).
Ackerman (1997), assegura que uma lesão cutânea deve ser considerada
esclerótica quando se apresenta endurecida e que, histologicamente, o termo
esclerose significaria um tipo de fibrose, caracterizado pela obliteração quase total
do espaço entre as fibras colágenas (homogeneização) e por marcada diminuição
137
do número de fibrócitos. Como exemplos de esclerose, cita o líquen escleroso e a
radiodermite crônica. Para este autor, na esclerodermia localizada não existiria
esclerose, pois apesar da diminuição do número de fibrócitos e do espessamento
das fibras colágenas na derme reticular e nos septos do tecido subcutâneo, a
individualidade das fibras estaria preservada, ou seja, não haveria
homogeneização do colágeno. Esta homogeneização foi denominada de
“hialinização” por Wallace e Whimster e atualmente os dois termos são utilizados
como sinônimos pela maioria dos autores (Hewitt, 1986).
No entanto, Patterson e Ackerman publicaram, em 1984, um dos
principais artigos científicos sobre a concomitância do líquen escleroso e da
esclerodermia localizada, no qual o termo esclerose era utilizado diferentemente.
Estudando 24 pacientes com características clínicas das duas doenças em uma
mesma lesão ou em sítios diferentes, concluíram, com base nos achados
histológicos da derme reticular, que todos os casos deveriam ser considerados
como esclerodermia localizada. Os autores atribuíram as eventuais dificuldades
no diagnóstico histopatológico diferencial entre líquen escleroso e esclerodermia
localizada a similaridades na derme papilar em ambas as doenças, que
inicialmente se apresentaria edemaciada, com posterior esclerose (Patterson e
Ackerman, 1984) .
Observamos, então, que Ackerman alterou seu conceito histológico de
esclerose ao longo dos anos, já que neste estudo, considerou existir esclerose na
derme reticular de lesões de esclerodermia localizada. Atualmente, admite não
conseguir justificar por que esta seria observada no líquen escleroso e não na
esclerodermia localizada, já que considera o líquen escleroso uma forma de
esclerodermia confinada à derme papilar e às porções mais altas da derme
138
reticular, referindo-se à doença como “morféia superficial” ou “esclerodermia da
derme papilar”. Ao sustentar esta hipótese, surpreende-se com o comportamento
desigual das fibras elásticas nas duas doenças; habitualmente diminuídas ou
ausentes na primeira e preservadas na segunda. Seus argumentos fundamentam-
se em situações nas quais lesões de líquen escleroso e de esclerodermia
localizada coexistem em sítios diferentes; na presença, em uma mesma lesão, de
características clínicas de líquen escleroso e de esclerodermia localizada e, por
último, achados histopatológicos das duas doenças em um mesmo fragmento da
lesão. Considera, ainda, que o espessamento dos feixes colágenos nas porções
mais altas da derme reticular, presente em grande parte dos casos de líquen
escleroso, é mais um ponto favorável à hipótese de que o líquen escleroso seria
uma variante clínica da esclerodermia localizada (Ackerman, 1997).
Lever considera que as formas clássicas de líquen escleroso apresentam
hiperceratose com tampões córneos foliculares, atrofia da epiderme com
degeneração vacuolar da camada basal, edema e homogeneização do colágeno
na derme papilar, além de infiltrado inflamatório na derme média. Reconhece,
entretanto, que nem sempre estes achados estão presentes, tornando mais difícil
o diagnóstico, principalmente quando há alterações histopatológicas
concomitantes de esclerodermia (Elder et al., 1997).
No diagnóstico clínico diferencial entre esclerodermia localizada e líquen
escleroso extragenital, a presença de endurecimento na lesão remete ao primeiro
diagnóstico. No entanto, é importante considerar que ocasionalmente podemos
encontrar características das duas doenças na mesma lesão e que a percepção
da consistência de uma lesão é subjetiva.
139
Lever admite que, em casos extensos de esclerodermia localizada, pode
ocorrer superposição de lesões de líquen escleroso, sendo este último melhor
reconhecido clinicamente pela presença de ceratose folicular. Considera,
inclusive, que as lesões podem coexistir desde o início. Ressalta, porém, que o
endurecimento da pele em uma lesão de líquen escleroso não necessariamente
indicaria associação ou evolução para esclerodermia localizada, considerando
que lesões antigas de líquen escleroso podem apresentar espessamento e
hipercromasia de feixes colágenos na derme reticular, além de infiltrado
inflamatório escasso, lembrando histologicamente a esclerodermia(Elder et al.,
1997).
Além disso, Mc Niff et al.(1999) descreveram seis casos de esclerodermia
localizada nos quais as alterações do colágeno restringiam-se à derme reticular
superficial, sem que houvesse qualquer evidência histológica de líquen escleroso.
Estes achados eram clinicamente representados como endurecimento discreto
das lesões e podem ser interpretados como uma fase na evolução da
esclerodermia localizada. Desta forma, percebemos que o endurecimento da pele,
apesar de característico das lesões de esclerodermia localizada, não é suficiente
para afastar o diagnóstico de líquen escleroso, assim como a sua ausência não
inviabiliza o diagnóstico de esclerodermia localizada.
Nos livros-texto e periódicos médicos, as descrições histológicas do
líquen escleroso são praticamente idênticas às de Darier (apud Hewitt, 1986). As
alterações histopatológicas são classificadas por Lever e Ackerman em precoces
e tardias (Elder et al., 1997; Ackerman, 1997) Entretanto, apesar de não existirem
estudos sobre a história natural do líquen escleroso, este parece ter curso clínico
flutuante, não havendo necessariamente, correspondência entre a sua expressão
140
clínica e os achados histopatológicos, além de nem sempre ser possível
estabelecer uma relação entre o tempo de doença e estes achados. Temos
observado, no ambulatório de Dermatologia Genital, pacientes com mais de dez
anos de diagnóstico de líquen escleroso genital, sem sinais ou sintomas de
atividade da doença, apresentando, à histopatologia, intenso infiltrado inflamatório
liquenóide. Além disso, é difícil estimar o tempo de duração das lesões de líquen
escleroso, principalmente as genitais, pois a doença pode manifestar-se
clinicamente de forma bastante sutil, dificultando seu reconhecimento pelo
paciente.
Temos observado que, freqüentemente, não é possível diagnosticar o
líquen escleroso baseando-se nos achados histopatológicos clássicos de Lever e
Ackerman. Nos últimos anos, a hialinização superficial do colágeno ganhou
relevância para o diagnóstico. Hewitt foi o primeiro a realizar um estudo
histológico seqüencial de lesões de líquen escleroso. Apesar da amostra reduzida
– nove espécimes obtidos por vulvectomia radical para tratamento de carcinoma
epidermóide vulvar – seu estudo tem grande importância porque, além de ter
demonstrado que o aspecto histológico pode variar de acordo com o nível de
profundidade do corte, permitiu uma gradação histológica da doença,
estabelecendo critérios mínimos para o diagnóstico. As diferenças na espessura
epitelial e nas alterações dérmicas foram marcantes nos cortes seriados (Hewitt,
1986).
É importante ressaltar que nenhuma das alterações epiteliais observadas
no líquen escleroso pode ser considerada exclusiva desta doença. O epitélio pode
estar adelgaçado em outras doenças, como a radiodermite, o lúpus eritematoso e
a esclerodermia localizada. A vacuolização da camada basal pode ocorrer no
141
lúpus eritematoso e na radiodermite, (Hewitt, 1986) mas não está presente de
forma significativa nas lesões de esclerodermia localizada (Ackerman, 1997; Elder
et al., 1997).
Ao contrário, a hialinização da derme papilar é bem mais característica do
líquen escleroso. Em sua descrição da doença, Darier considerou como
patognomônica a ampla zona subepidérmica, a qual denominou “esclerose”
(Hewitt, 1986). Desde então, a hialinização superficial do colágeno vinha sendo
valorizada para o diagnóstico do líquen escleroso, ganhando ainda maior
relevância a partir da graduação histológica de Hewitt. A radiodermite é a única
condição, além do líquen escleroso, em que se pode observar a hialinização do
colágeno. No entanto, neste caso, esta se localiza mais profundamente e a derme
média e profunda apresentam esclerose. Apesar destas diferenças, recomenda-
se excluir dos estudos histológicos sobre o líquen escleroso, pacientes que
tenham sido submetidos à radioterapia (Hewitt, 1986).
Atualmente, estão em andamento diversas pesquisas sobre o líquen
escleroso no Ambulatório de Dermatologia Genital, de modo que é freqüente a
utilização simultânea do mesmo material histopatológico em vários projetos. Por
este motivo, optamos por não realizar cortes histológicos seriados em nossa
pesquisa, visando preservar o material arquivado. Porém, observamos,
acidentalmente, um caso no qual pudemos constatar diferenças histopatológicas
em dois cortes de profundidades diferentes, obtidos a partir de uma mesma lesão.
No caso 11, observamos espessamento de feixes colágenos na derme reticular
no corte mais profundo, enquanto no mais superficial, as fibras tinham aspecto
normal à coloração pela hematoxilina e eosina. Este exemplo, corroborado pelos
achados descritos por Hewitt, sugere que o diagnóstico histopatológico de
142
doenças cujas alterações preponderantes se encontram na derme, como o líquen
escleroso e a esclerodermia localizada, pode relacionar-se diretamente à
profundidade da amostra submetida à avaliação.
Um estudo sobre o sistema elástico superficial no líquen escleroso,
utilizando a técnica de coloração pela resorcina fucsina pré-oxidada, está sendo
concluído no Ambulatório de Dermatologia Genital do HUCF. Esta é uma das
colorações que melhor permitem a avaliação adequada das fibras oxitalânicas,
que estariam alteradas no líquen escleroso, mas não na esclerodermia localizada
(Rahbari, 1989). A observação de que as fibras do sistema elástico superficial
teriam seu número reduzido no líquen escleroso é compartilhada por diversos
autores, que observaram que nos “estágios iniciais” do líquen escleroso, o edema
proeminente da derme papilar deslocaria as fibras elásticas, e que estas seriam
destruídas com o avançar da doença. Farrel et al.(2001) evidenciaram
fragmentação e redução número das fibras do sistema elástico superficial na zona
de esclerose de quinze entre 16 pacientes com líquen escleroso, com utilização
de anticorpos monoclonais para elastina. Douglas et al. demonstraram maior
atividade da elastase em culturas de tecidos obtidos de lesões de líquen
escleroso, quando comparados às de pele normal (apud Farrel et al., 2001).
Godeau et al. (1982) demonstraram que os fibroblastos presentes em lesões
vulvares de líquen escleroso produzem esta enzima, o que poderia explicar a lise
maciça de fibras elásticas na doença.
Existem formas incompletas do líquen escleroso do ponto de vista dos
critérios histopatológicos para o diagnóstico da doença. Estes aspectos
correspondem, sobretudo, à ausência ou presença esparsa de células
inflamatórias que não constituem o típico infiltrado inflamatório em faixa e, ainda,
143
ao critério de “edema e hialinização”, nem sempre representados pelo amplo
alargamento da derme papilar. Neste sentido, a prática da correlação clínico-
patológica dos casos, rotina do nosso grupo de estudo, de certa forma valida a
gradação histológica proposta por Hewitt, em 1986, a qual permite o diagnóstico
histopatológico do líquen escleroso mesmo diante de alterações microscópicas
bastante sutis. Nesta circunstância, nossos resultados, demonstrando marcada
diminuição ou mesmo ausência das fibras do sistema elástico na derme papilar de
doze das treze lesões com diagnóstico histopatológico exclusivo de líquen
escleroso, previamente reportada por outros autores (Rahbari, 1989; Farrel et al.
2001) valorizam a apreciação específica destes elementos como aspecto
histológico adicional para sustentar o diagnóstico das formas histopatológicas
incompletas do líquen escleroso .
No caso 10, a lesão vulvar foi diagnosticada clinicamente como líquen
escleroso; porém, não exibia vacuolização da camada basal nem infiltrado
inflamatório em faixa na derme papilar. A hialinização da derme papilar foi a única
alteração histopatológica clássica de líquen escleroso observada à coloração pela
hematoxilina eosina. Entretanto, se considerarmos a marcada diminuição das
fibras do sistema elástico observada neste caso, torna-se possível o diagnóstico
de líquen escleroso, principalmente quando consideramos a correlação anátomo-
clínica. No caso 5, ocorreu situação semelhante em uma lesão no mamilo com
suspeita clínica de líquen escleroso. Nos dois casos, destacamos que a análise
das fibras do sistema elástico pela técnica da resorcina - fucsina pré-oxidada
consistiu em um elemento histopatológico consistente para o diagnóstico do
líquen escleroso.
144
Por outro lado, em todas as nove lesões diagnosticadas exclusivamente
como esclerodermia localizada, observamos comprometimento da derme papilar
à coloração pela técnica da hematoxilina-eosina, que, portanto, não deve ser
esperada como não comprometida nesta doença. Ao mesmo tempo, apenas duas
destas nove lesões cursaram com diminuição ou ausência das fibras do sistema
elástico na derme papilar.
Com relação ao comportamento das fibras do sistema elástico na
esclerodermia localizada, são escassos os dados na literatura. Porém, nenhum
dos estudos citados demonstrou diminuição destas fibras em lesões de
esclerodermia. (Ackerman, 1997; Rahbari, 1989) Acrescentamos, ainda, que em
seis das nove lesões diagnosticadas exclusivamente como esclerodermia
localizada, encontramos alterações na distribuição e integridade das fibras do
sistema elástico na derme reticular.
Considerando que o líquen escleroso e a esclerodermia localizada têm
posição nosológica ainda controversa, seria mais prudente considerar o
diagnóstico de superposição das duas doenças apenas quando presentes os
achados histopatológicos clássicos do líquen escleroso, aos quais somariam-se a
diminuição ou a ausência das fibras do sistema elástico na derme papilar, sem
entretanto considerar apenas estes últimos achados para a conclusão da
existência simultânea das duas doenças. Nas dez lesões com diagnóstico
simultâneo de líquen escleroso e esclerodermia localizada, as fibras do sistema
elástico na derme papilar e na derme reticular encontravam-se alteradas.
Demonstramos, em nossa pesquisa, que o líquen escleroso e a
esclerodermia localizada podem coexistir em um paciente, em localizações
distintas ou em uma mesma lesão. Além disso, discutimos aspectos clínicos e
145
histopatológicos destas doenças, cujas similaridades resultam em dúvidas quanto
ao diagnóstico e acompanhamento dos pacientes. A partir deste, outros estudos
devem ser elaborados, com a utilização de microscopia eletrônica e de métodos
imuno-histoquímicos, sobre a matriz extracelular no líquen escleroso e na
esclerodermia localizada, no sentido de melhor demonstrar as alterações
presentes a este nível e tentar minimizar as dúvidas sobre a posição nosológica
destas doenças e suas possíveis relações etiopatogênicas.
146
7 CONCLUSÕES:
1. Lesões maculosas acastanhadas, em faixa, com ou sem alteração da
consistência, devem levantar a suspeita clínica de líquen escleroso,
mesmo na ausência de aspectos clínicos típicos desta doença.
2. Lesões compostas por máculas ou pápulas hipocrômicas nacaradas, de
permeio a máculas acastanhadas com ou sem alteração da consistência,
devem levantar a suspeita de concomitância de líquen escleroso e
esclerodermia localizada.
3. A derme papilar, quando examinada à coloração pela técnica da
hematoxilina eosina, mostra-se freqüentemente alterada na esclerodermia
localizada.
4. A alteração das fibras do sistema elástico superficial na derme reticular é
achado freqüente nas lesões de esclerodermia localizada e pode
constituir aspecto histopatológico adicional para o diagnóstico desta
doença, especialmente nas lesões nas quais não estão nítidas as
alterações das fibras colágenas.
5. A diminuição ou a ausência das fibras do sistema elástico superficial na
derme papilar é achado histopatológico freqüente nas lesões de líquen
escleroso e eventual nas lesões de esclerodermia localizada, podendo
constituir critério histopatológico adicional para o diagnóstico do líquen
escleroso.
147
6. O reconhecimento do líquen escleroso em amostras com alterações
simultâneas de esclerodermia localizada, exige a presença dos aspectos
histopatológicos clássicos do líquen escleroso e não deve ser sustentado
exclusivamente pelos achados microscópicos da derme papilar que
podem estar simplesmente compondo o quadro da esclerodermia
localizada.
148
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155
9 ANEXOS
156
Anexo 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO SERVIÇO DE DERMATOLOGIA
Av. Brigadeiro Trompowsky, s/no, Ilha do Fundão – CEP 21941-590 – Rio de Janeiro
Telefones: (021) 2280-7211 e 2562-2580
PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO
Data da entrevista: Prontuário:
Nome:
Endereço: Tel:
Data de Nascimento: Idade atual:
Quando e como percebeu a doença:
Idade no diagnóstico:
Clínico: Histopatológico:
Raça: br( ) pd( ) neg( ) ind( )
Líquen escleroso:
Genital: Sim ( ) Não ( )
Extragenital: Sim ( ) Não ( ) Local(is) ______________________________________
Esclerodermia Localizada:
Gutata ( ) Placas ( ) Linear ( )
Subcutânea ( ) Generalizada ( ) Bolhosa( )
No de Lesões: Localização:
157
Tamanho: Cor: Relevo: Superfície: Textura: Presença de atrofia: Disposição: Aspecto clínico das lesões cutâneas:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
___________________________________________
História de Trauma: Sim ( ) Não ( )
Tratamentos pregressos e atuais para o líquen escleroso e/ou esclerodermia:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
158
Anexo 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO
SERVIÇO DE DERMATOLOGIA Av. Brigadeiro Trompowsky, s/no, Ilha do Fundão – CEP 21941-590 – Rio de Janeiro
Telefones: (021) 2280-7211 e 2562-2580
LÍQUEN ESCLEROSO E ESCLERODERMIA LOCALIZADA CONCOMITANTES - estudo clínico e histopatológico de dez casos no HUCFF-UFRJ
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1. Proposta e Situação-Problema:
No Ambulatórios de Dermatologia Genital do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF-UFRJ) acompanhamos um grande
número de pacientes com líquen escleroso, que é uma doença relativamente rara e isto tem
permitido a realização de alguns estudos, com o objetivo de conhecer melhor o comportamento
desta doença e suas causas e, assim, orientar adequadamente o tratamento e
acompanhamento dos pacientes. Existem relatos de casos de pacientes com líquen escleroso
que apresentam também um outra doença da pele – a esclerodermia cutânea. Não se sabe
ainda se esta associação se deve ao acaso ou se existe realmente uma relação entre estas
duas doenças. Líquen escleroso e esclerodermia localizada são doenças relativamente raras,
que podem acometer qualquer área da pele, em indivíduos de qualquer sexo ou idade,
inclusive crianças. Ambas têm causa desconhecida, mas diversos fatores – genéticos,
imunológicos e metabólicos – parecem estar envolvidos.
Você está sendo convidada(o) a participar de uma pesquisa sobre pacientes que
apresentam lesões de esclerodermia localizada e líquen escleroso.
159
2. Procedimentos:
Caso você concorde em participar deste estudo:
• Você responderá a um questionário padronizado contendo seu nome completo, endereço e
telefone, além de informações sobre a ocorrência de determinadas doenças em você ou em
membros da sua família e sobre uso de medicamentos ou exposição a algumas substância
químicas.
• Você será submetido a um exame dermatológico completo, incluindo a região genital e, se
necessário, poderão ser oportunamente realizados, com o seu consentimento, outros exames
complementares, inclusive biópsia cutânea. A biópsia é um procedimento realizado no
ambulatório sob anestesia local, consistindo na retirada de uma pequena amostra da lesão da
pele, com o objetivo de analisá-la através de um microscópio. As complicações são raras e
consistem principalmente em reações alérgicas ao anestésico. Dor e sangramento no local, de
pequena intensidade, podem ocorrer.
3. Local do Estudo:
Será agendado, de acordo com sua conveniência, o melhor horário para a entrevista, o exame
dermatológico, e exames complementares necessários no HUCFF-UFRJ.
4. Custos para os Entrevistados:
• Você não terá qualquer despesa com esta pesquisa.
5. Benefícios:
• Caso seja detectada alguma anormalidade no seu exame físico ou nos exames laboratoriais,
você receberá toda assistência médica necessária no HUCFF-UFRJ.
• Os resultados dessa pesquisa poderão trazer informações que ajudem a esclarecer a relação
entre líquen escleroso e esclerodermia localizada e sobre os mecanismos de formação desta
doenças.
• Ao final da pesquisa você será informado dos seus resultados.
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6. Confidencialidade dos Dados:
• As informações desta pesquisa serão codificadas e mantidas num local reservado, garantindo
a sua confidencialidade. Somente os pesquisadores terão acesso às informações e
questionários.
• Os dados deste estudo poderão ser discutidos com outros pesquisadores, mas nenhuma
identificação dos participantes será fornecida.
• Os resultados deste estudo serão publicados, mas nenhuma identificação dos participantes
será fornecida.
• Sempre que necessário, você poderá entrar em contato com a médica responsável pela
pesquisa (Dra. Rosa Garcia), através dos telefones 9323-7790 (cel) ou 2562-2580 (Secretaria
da Dermatologia).
7. Consentimento:
Tendo recebido todos os esclarecimentos necessários, CONSINTO em participar deste
estudo.
__________________________________________________________________
Assinatura do Voluntário Nome Completo
__________________________________________________________________
Assinatura do Entrevistador Nome Completo
Rio de Janeiro, ____ de _____________________ de ______
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